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Constituição Federal

UniCesumar
Direito Constitucional
2º Semestre – Direito (noturno)
Prof.ª Mariana Marques Gutierres
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Atividade

1. O que é soberania?
2. O que é cidadania?
3. O que é e qual a importância do pluralismo político?
4. O que é a Constituição da República Federativa do Brasil?

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Soberania
É o exercício da autoridade que reside em um povo e que se exerce por intermédio
dos seus órgãos constitucionais representativos.
- A soberania é uma autoridade superior que não pode ser restringida por nenhum
outro poder e, portanto, constitui-se como o poder absoluto de ação legítima no
âmbito político e jurídico de uma sociedade.

É o elemento democrático do poder.


- Soberania Popular: Artigo 1º, parágrafo único, da CF: “Todo o poder emana do
povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos
desta Constituição”.
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Soberania
O Princípio da Soberania se refere à capacidade do Estado de se organizar em
todos os aspectos (políticos, jurídicos e econômicos) sem se submeter a outra forma
de poder na ordem interna.
- Não será admitida qualquer força senão às dos Poderes juridicamente
constituídos por lei.

Deve ser representada pela autêntica, efetiva e legítima participação democrática


do povo nos mecanismos de produção e controle das decisões políticas, em todos
os aspectos, funções e variantes do poder estatal.

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Soberania

A unidade política soberana do Estado, está hoje relativamente em crise como


resultado dos fenômenos da globalização, da internacionalização e da integração
interestatal (Canotilho).

A soberania está em fase de transformação face os novos fenômenos que envolvem


o relacionamento entre os Estados ditos soberanos.

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Princípio democrático
“Governo do povo, pelo povo e para o povo” (Abraham Lincoln)
- Governo do povo: sujeito da democracia, o seu fundamento.
- Governo pelo povo: respeito ao exercício do poder democratizado, revelador do
seu correto funcionamento.
- Governo para o povo: será a finalidade do poder democrático, o atingimento do
bem comum.

O governo democrático tem por fundamento, portanto, o binômio liberdade


política e igualdade política.

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Democracia
É um regime político em que os cidadãos no aspecto dos direitos políticos
participam igualmente – diretamente ou através de representantes eleitos – na
proposta, no desenvolvimento e na criação de leis.
- É o regime político no qual a soberania é exercida pelo povo.

Regime político: é uma forma de organização das instituições políticas do Estado.

Regime democrático pleno (Robert Dahl):


- Participação pública.
- Contestação do governo: grupos de oposição devem ter liberdade.
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Cidadania

Ultrapassa as tradicionais ideias Aristotélicas de “um direito de administrar a


justiça e exercer suas funções públicas”, torna necessária presença da ideia de
solidariedade, participação política e efetivação dos direitos fundamentais.

Essa ideia corrobora o conceito de Hannah Arendt, para quem cidadania se trata,
simplesmente, do “direito a ter direitos”.

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Cidadania
Cidadania compreende os direitos civis, políticos, sociais, econômicos e difusos,
que incorporam, expressam e se vinculam aos valores de liberdade, justiça,
igualdade e solidariedade.
- Tem forte conexão com a ideia de direitos humanos.

O Princípio da Cidadania determina que todos os indivíduos têm a capacidade de


participar da organização política do país, seja de maneira direta, seja de maneira
indireta, compreendendo todos os seus direitos e deveres.

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Cidadania
A cidadania visa a capacidade de agir e de participar efetivamente da vida pública
e das decisões.

A presença dos grupos sociais vulneráveis, ou seja, das minorias, na construção das
deliberações garante uma condição fundamental e necessária à sociedade: a
pluralidade.

Além disso, a realização plena da cidadania apenas se dará a partir do exercício


efetivo e amplo dos direitos humanos, nacional e internacionalmente assegurados
(Flávia Piovesan).
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Pluralismo político
Não se traduz na ideia de vários partidos políticos.

Com base no Estado Democrático de Direito, reconhece a existência de uma


sociedade plural, composta por múltiplos centros de poder nos diferentes setores
sociais.
- É a garantia da existência de várias opiniões e ideias, com respeito a todas elas.

Busca assegurar a liberdade de expressão, manifestação e opinião, garantindo a


participação do povo na formação da democracia do país.

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Pluralismo político

É uma das mais importantes características da democracia moderna, na qual


pequenos partidos políticos também são ouvidos e têm direito a voto.

Para que a democracia seja saudável, é preciso que exista respeito e o


reconhecimento de que os diferentes grupos e suas ideias são legítimos, mesmo que
cada um acredite no que lhe desperta maior interesse.

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Fundamentos da República

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Separação de poderes
e
Objetivos da República

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Questão 1

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Questão 1 - Gabarito

Justificativa: artigo 3º da CF.


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Questão 2

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Questão 2 - Gabarito

Justificativa: artigo 1º da CF.


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Constituição
Cada doutrina conceitua a constituição de uma maneira.

A Constituição é a norma de maior hierarquia em um ordenamento jurídico, que


organiza o Estado e os seus Poderes, além de tratar dos direitos e garantias
individuais.

É a norma/ordem jurídica fundamental do Estado e estabelece as bases para que


ele se organize de modo político, social e jurídico.

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Constituição
“As Constituições têm por objeto estabelecer a estrutura do Estado, a organização
de seus órgãos, o modo e aquisição do poder e a forma de seu exercício, limites de
sua atuação, assegurar os direitos e garantias dos indivíduos, fixar o regime político
e disciplinar os fins socioeconômicos do Estado, bem como os fundamentos dos
direitos econômicos, sociais e culturais” (José Afonso da Silva).

Neoconstitucionalismo: pessoa humana como centro do sistema jurídico.

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Questão 3

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Questão 3 - Gabarito

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Constituição

Quais os sentidos de Constituição?


- No sentido político: é uma decisão política fundamental do país (Schmitt).
- No sentido sociológico: é a somatória de fatores reais de poder (Lassale).
- No sentido jurídico: é norma pura, sem interferência da filosofia, sociologia ou ciência
política (Kelsen).
- No sentido normativo: tem força normativa e vinculante (Hesse).
- No sentido cultural: é um produto de um fato cultural (Meirelles Teixeira).

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Sentido político da Constituição
É uma decisão política fundamental do país (Carl Schmitt).
A validade de uma Constituição não se apoia na justiça de suas normas, mas na
decisão política do titular do poder constituinte que lhe dá existência.
Constituição ≠ Leis constitucionais.
- A Constituição dispõe somente sobre as matérias de grande relevância jurídica,
sobre as decisões políticas fundamentais, tais como organização do Estado, princípio
democrático e os direitos fundamentais (aspecto material)
- As outras normas presentes na Constituição seriam somente leis constitucionais
(aspecto formal). São todos os outros dispositivos do texto constitucional.

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Sentido material e formal da Constituição
Se aproxima da classificação de Carl Schmitt.
Material: o que vai importar para definirmos se uma norma tem caráter
constitucional ou não será o seu conteúdo, pouco importando a forma pela qual foi
essa norma introduzida no ordenamento jurídico.
- Ex.: regras estruturais da sociedade, forma de Estado, de Governo.
- Equivale ao que Schmitt chamou de “Constituição”.
Formal: interessa a forma como a norma foi introduzida no ordenamento jurídico,
ou seja, se foi pelo poder soberano, por um processo legislativo dificultoso,
diferenciado e solene.
- Equivale ao que Schmitt chamou de “Lei Constitucional”.
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Sentido sociológico da Constituição
É a somatória dos fatores reais do poder dentro de uma sociedade.
Uma Constituição só seria legítima se representasse o efetivo poder social (vontade
popular), refletindo a somatória dos fatores reais de poder numa sociedade
(Ferdinand Lassale).
- Caso isso não ocorra, é ilegítima.
A sociedade tem que entender a legitimidade daqueles escritos como uma
Constituição, caso contrário não passaria de uma “folha de papel” como tantas
outras.

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Sentido jurídico da Constituição
A Constituição estaria no mundo do dever ser (como as coisas deveriam ser), e não
no mundo do ser (mundo real, como as coisas são) (Hans Kelsen).
- É caracterizada como fruto da vontade racional do homem, e não das leis
naturais.
Seria uma norma pura, sem qualquer consideração de cunho sociológico, político
ou filosófico.
- Teoria Pura do Direito.
Kelsen se contrapunha às ideias de Lassale, por entender que a Constituição, por si,
tem eficácia jurídica, não precisa encontrar ressonância nos fatores reais de poder
em uma sociedade.
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Sentido jurídico da Constituição
A Constituição tem dois sentidos:
- Sentido lógico-jurídico: Constituição é a norma fundamental hipotética,
pressuposto de validade da Constituição jurídico-positiva. Se situa em um nível do
hipotético.
Constituição busca seu fundamento no plano lógico, e não no jurídico.
- Sentido jurídico-positivo: equivale à norma positiva suprema, é o conjunto de
normas que regula a criação de outras normas, é a lei nacional no seu mais alto grau
e, portanto, fundamento de validade das demais normas. É corporificado pelas
normas positivadas, postas.
Traz a ideia de verticalidade hierárquica.
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Sentido jurídico da Constituição

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Sentido normativo da Constituição
Nem sempre os fatores reais de poder de uma sociedade prevaleceriam sobre a
Constituição normativa (Konrad Hesse).
- Igualmente a Kelsen, contraria a ideia de Constituição sociológica de Lassale.
Exatamente por conta de sua força normativa, a Constituição seria capaz de
imprimir ordem e conformação à realidade política e social.
- É a ordem jurídica fundamental de uma sociedade. E, por ter status de norma
jurídica, seria dotada de força normativa suficiente para vincular e impor os seus
comandos.
- É uma conquista do constitucionalismo contemporâneo: não basta estar
expresso, é necessário estar de acordo com fundamentos e anseios da sociedade.
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Sentido cultural da Constituição
A Constituição é produto de um fato cultural, produzido pela sociedade e que
sobre ela pode influir (J. H. Meirelles Teixeira).
- A ideia de cultura engloba não apenas fatores reais (natureza humana,
necessidades individuais e sociais concretas, costumes, tradições, economia), mas
também espirituais (sentimentos, moral política e religiosa), racionais (técnica
jurídica, forma política, instituições, conceitos jurídicos) e voluntaristas (da vontade
humana e política na adoção desta ou daquela forma de convivência e organização
do Estado).

A concepção culturalista levaria ao conceito de “Constituição Total”, por


apresentar na sua complexidade intrínseca, aspectos econômicos, sociológicos,
jurídicos e filosóficos, abrangendo em seu conceito uma perspectiva unitária. 31
Concepções da Constituição
Virgílio Afonso da Silva faz críticas às classificações e propõe uma análise do papel
da Constituição, de sua função no ordenamento jurídico e sua relação com a
atividade legislativa.
Constituição-lei: Constituição não estaria acima do poder legislativo, mas à
disposição dele, ou seja, não vincula o legislador. É uma lei como outra qualquer
(ordinária).
- Os dispositivos constitucionais, especialmente os direitos fundamentais, teriam
uma função meramente indicativa, pois apenas indicariam/recomendariam ao
legislador um possível caminho, que ele não precisaria necessariamente seguir.
- Não é mais viável na maioria das democracias constitucionais contemporâneas.

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Concepções da Constituição
Constituição-fundamento ou Constituição-total: Constituição é a lei fundamental,
não apenas da atividade estatal, mas de toda a vida social.
- A onipresença (ubiquidade, estar em vários lugares e disciplinar várias situações)
da Constituição é tamanha que a área reservada ao legislador, aos cidadãos e à
autonomia privada se torna muito pequena. Esses atos passam a ser encarados como
instrumentos da realização da Constituição.
- O legislador apenas garante a efetividade das normas.
- Obs.: Concepção de Peter Häberle se aproxima dessa ideia de Constituição-total:
todo aquele que vive o que é regulado pela norma constitucional é também um
intérprete dela. Praticamente todas as ações humanas seriam ao mesmo tempo
reguladas pela Constituição e uma manifestação de uma interpretação constitucional.
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Concepções da Constituição
Peter Häberle:
- Isso teria como consequência o fato de que nenhuma área da vida teria
independência das normas constitucionais.
- O legislador, nesse sentido, seria um mero intérprete da Constituição, e sua
tarefa consistiria sobretudo na efetivação dos direitos fundamentais.
- Críticos da teoria ironizam que tudo seria definido pela Constituição, até mesmo
a produção de termômetros para febre.

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Concepções da Constituição
Constituição-moldura ou Constituição-quatro (Canotilho): seria uma proposta
intermediária entre os dois conceitos trazidos supra:
- Evitar a politização excessiva da Constituição-lei (já que a sua concretização fica
destinada ao legislador, estando ao seu serviço), ou
- A judicialização excessiva, decorrente do sentido de Constituição-total (já que ao
legislador não sobraria qualquer espaço de atuação, sobrecarregando o Judiciário
para verificar se houve ou não abuso).
É a ideia de que a Constituição limite a atividade legislativa.
- À jurisdição constitucional cabe apenas a tarefa de controlar se o legislador age
dentro da moldura.
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Concepções da Constituição
Constituição dúctil, maleável ou suave: busca exprimir a necessidade de a
Constituição acompanhar a perda do centro ordenador do estado e refletir o
pluralismo social, político e econômico.
- A uma Constituição caberá a tarefa básica de assegurar apenas as condições
possibilitadoras de uma vida em comum, mas já não lhe pertence realizar diretamente
um projeto predeterminado dessa vida comunitária. É permitir a coexistência, a
espontaneidade da vida social e as condições para a vida em comum.
- As Constituições concebem-se, pois, como plataformas de partida para a
realização de políticas constitucionais diferenciadas.

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Classificações das Constituições
As constituições podem ser classificadas de várias maneiras, a depender do critério
utilizado.
Quanto à origem: (democraticamente ou não).
- Promulgada: decorre de uma Assembleia Nacional Constituinte, eleita
diretamente pelo povo, ou seja, da vontade popular, de maneira democrática. Ex.:
CF/1934, CF/1988.
- Outorgada: são as constituições impostas pelo governante, ou seja, formadas sem
participação popular, resultado de ato unilateral da pessoa ou classe dominante de
uma sociedade, que impõe uma constituição escrita. Também são chamadas de
constituições impostas, ditatoriais ou autocráticas.. Ex.: CF/1937 e CF/1967.

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Classificações das Constituições
Quanto à origem: (democraticamente ou não).
- Cesarista/Bonapartista: embora seja outorgada, o texto da constituição é criado
sem participação do povo, sendo fruto da vontade da pessoa/classe dominante.
Posteriormente, o texto é entregue à votação popular (referendo), que apenas aprova a
vontade do soberano; cabe ao povo outorgar o escrito. Ex.: Constituição chilena, feita
a partir da vontade do Ditador Alberto Pinochet.
- Pactuada/Dualista: surgem do embate entre monarquia e burguesia, de modo
que, em virtude da instabilidade política, é estabelecida uma limitação ao poder do
rei. O monarca é mantido no poder, mas surgem as monarquias constitucionais
(limitada). Ex.: Magna Carta de 1215.

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Classificações das Constituições
Quanto à forma:
- Escrita/instrumental: são constituições elaboradas por um órgão encarregado de
tal função, que as codifica em um ou vários documentos solenes. As constituições
escritas são divididas em:
Constituições codificadas/unitárias: são constituições redigidas num único texto,
composta por um conjunto de regras organizadas em um único documento. Ex.:
CF/1988.
Constituições variadas/legais/pluritextuais: são constituições que foram escritas em
documentos diversos, ou seja, cujos poderes estão descritos em fontes solenes
diversas.

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Classificações das Constituições

Quanto à forma:
- Não escrita/costumeira: são constituições dispersas em diversas normas, como
leis, costumes e jurisprudências, não havendo, assim, uma única fonte normativa, mas
várias. Essas constituições não foram elaboradas por um poder constituinte, mas por
fontes variadas. Ex.: Constituição inglesa (foco na soberania parlamentar);
Constituição de Israel e da Nova Zelândia.

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Classificações das Constituições

Quanto ao modo de elaboração:


- Dogmática/sistemática: sempre será escrita. É elaborada em um dado momento,
por um órgão criado com tal finalidade (constituinte), e consolidam os valores,
dogmas ou ideais da sociedade. Dividem-se em:
Ortodoxas: refletem uma única ideologia em sua codificação. Ex.: Constituição da
China.
Heterodoxas/ecléticas: refletem ideologias distintas quando são elaboradas. Ex.:
CF/1988.

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Classificações das Constituições

Quanto ao modo de elaboração:


- Histórica/Costumeira: são constituições não escritas, criadas lentamente no
decorrer da história de um povo, tradições sociais e sintetizam os valores
consolidados numa sociedade. Por tal razão, são consideradas mais estáveis quando
confrontadas com as constituições dogmáticas. Ex.: Constituição inglesa.

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Classificações das Constituições
Quanto ao conteúdo:
- Material/substancial: no seu texto só há matéria realmente constitucional; são
constituições que trazem dispositivos que tratam apenas de aspectos estatais, como
direitos e deveres dos cidadãos, direitos políticos, organização do estado, atribuições
dos poderes estatais e assuntos relacionados. Podem ser escritas ou não. Ex.:
Constituição dos EUA.
- Formal/procedimental: Toda regra contida no texto é considerada
constitucional. são constituições obrigatoriamente escritas e rígidas, independente do
conteúdo tratado. Logo, as normas materiais escritas numa constituição também são
normas formais.. Ex.: CF/1988.

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Classificações das Constituições

Quanto à extensão:
- Analítica/Dirigente: é extensa, prolixa ou longa, descendo às minúcias. São
constituições cujo conteúdo é extenso, que tratam de matérias que vão além da
organização básica do Estado. Normalmente, traz regras que deveriam estar na
legislação infraconstitucional. Esse tipo de constituição é tendência do
constitucionalismo contemporâneo, tendo em vista a proteção cada vez maior que se
busca em face de certos direitos. Ex.: CF/1988.
- Sintética/Negativa: traz apenas princípios essenciais, que se ajustam com o
tempo. Normalmente dura mais tempo. Ex.: Constituição dos EUA.

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Classificações das Constituições
Quanto à extensão:
- Sintética/Negativa: traz apenas princípios essenciais, que se ajustam com o
tempo. Buscam tratar, essencialmente,, dos elementos materialmente constitucionais.
Normalmente duram mais tempo. Ex.: Constituição dos EUA
O detalhamento dos direitos e deveres é deixado a cargo das leis infraconstitucionais.
Ou seja, nesse caso, temas que podem ser considerados materialmente constitucionais
foram deixados de fora da lei maior.
Obs.: São definidos como constituições negativas, pois atribuem a liberdade-
impedimento ao Estado, delimitando os arbítrios deste em face da população.

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Classificações das Constituições
Quanto à estabilidade/possibilidade de alteração/alterabilidade:
- Imutável/graníticas/intocáveis/permanentes: veda qualquer alteração. Essa
imutabilidade pode ser absoluta ou relativa (certo período). Ex.: CF/1824 só previa
possibilidade de modificação após quatro anos de sua existência.
- *Superrígida: são constituições que possuem uma parte imutável, normalmente
as cláusulas pétreas, e outra parte que pode ser alteradas por um processo legislativo
dificultoso em comparação com o da legislação. É uma posição minoritária,
defendida por Alexandre de Moraes. Para ele, a CF/1988 seria mais do que rígida,
por conta das cláusulas pétreas.

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Classificações das Constituições
Quanto à estabilidade/possibilidade de alteração/alterabilidade:
- Rígida: exige um processo legislativo mais complexo de alteração, se
comparadas às demais espécies normativas. Ex.: CF/1988 (artigo 60, § 2º, CF –
estabelece os requisitos para alterar a CF).
- Semirrígida/semiflexíveis: para algumas matérias se exige processo legislativo
mais complexo e dificultoso de alteração; para outras, permite a alteração pelo
procedimento comum das leis inferiores. Ex.: CF/1824 (passado o período de
imutabilidade, tornou-se semirrígida, pois possuía um procedimento dificultoso e
especial para as normas que tratavam de direitos políticos e individuais e limites e
atribuições dos Poderes).

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Classificações das Constituições

Quanto à estabilidade/possibilidade de alteração/alterabilidade:


- Flexível/plástica: não possui processo legislativo mais rigoroso em comparação
às normas infraconstitucionais. Podem ser alteradas pelo processo legislativo comum.
- Fixa/silenciosa: só pode ser modificada pelo mesmo poder que a criou. Não
preveem procedimentos para a modificação de seu texto. Ex.: Constituição espanhola
de 1876

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Classificações das Constituições

Quanto à correspondência com a realidade política (critério ontológico)**: analisa


as mudanças sofridas pela constituição em face da sociedade que a rege.
- Semântica: usada pelos detentores do poder como instrumento para seus
propósitos de dominação da sociedade. não têm por objetivo regular a política estatal.
Visam apenas a formalizar a situação existente do poder político, em benefício dos
seus detentores. É a “Constituição de Fachada” (Canotilho). Ex.: CF/1937 (Era
Vargas) e CF/1967 (ditadura militar).

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Classificações das Constituições

Quanto à correspondência com a realidade política (critério ontológico)**:


- Nominal/nominalista: a Constituição seria um documento político, sem força
normativa, pois os detentores do Poder não respeitariam seu texto e não atendem
plenamente à realidade social. São constituição prospectivas, pois visam um dia
serem concretizadas.
Bernardo Gonçalves Fernandes e Marcelo Novelino defendem que a CF/1988 é
nominal.

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Classificações das Constituições

Quanto à correspondência com a realidade política (critério ontológico)**:


- Normativa: há correspondência entre a teoria e prática, ou seja, há o respeito do
texto constitucional pelos detentores do poder. A regulação política corresponde
efetivamente à realidade social e política.
Seria o modelo “ideal” de Constituição.
Segundo Bernardo Gonçalves Fernandes, a Constituição dos EUA de 1787, a
Constituição alemã de 1949 e a Constituição francesa de 1958.

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Classificações das Constituições

Quanto ao conteúdo ideológico: (classificação de André Ramos Tavares)


- Liberal/negativa: preocupa-se em limitar a atuação do Estado, com vistas a
assegurar liberdades negativas em favor dos indivíduos, ou seja, veicula direitos
fundamentais de 1ª dimensão.
- Social/dirigente: são constituições que atribuem ao Estado a tarefa de oferecer
aos indivíduos as denominadas “prestações positivas”, buscando com isso a
efetivação da almejada igualdade material e dos direitos sociais, ou seja, incorpora
também direitos de 2ª dimensão e direciona as ações governamentais. Ex.: CF/1988.

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Classificações das Constituições

Quanto à finalidade:
- Constituição-garantia: tem por objetivo principal a proteção as liberdades dos
indivíduos em face da arbitrariedade do Estado; traz apenas a limitação dos poderes
do Estado. É uma Constituição negativa, já que limita os poderes estatais e o seu
surgimento coincide com o dos direitos humanos, no fim do Século XVIII, abarcando
os chamados direitos de 1ª geração. Ex.: Constituição dos EUA.

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Classificações das Constituições

Quanto à finalidade:
- Constituição-Dirigente: possui texto extenso e determinam diretrizes à ação
estatal, ou seja, estabelece nortes que devem ser cumpridos pelos governantes. Conta
com normas programáticas, direcionando a atuação dos órgãos estatais e elenca
direitos sociais (2ª dimensão), ou seja, exigem também uma atuação positiva do
Estado. Essas cartas são voltadas à garantia dos direitos existentes aliados a
programas voltados para o futuro, que devem ser executados. Ex.: CF/1988.

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Classificações das Constituições

Quanto à finalidade:
- Constituição-balanço: espelha certo período político, findo o qual é formulado
um novo texto constitucional para o período seguinte. É a que tem prazo de validade
e irá reger o Estado por esse tempo pré-estabelecido. Findo o prazo, é elaborada uma
nova constituição ou seu texto é alterado, adaptado para a nova realidade político-
social. É uma constituição típica de regimes socialistas, tais como as constituições da
União Soviética de 1924, 1936 e 1977.

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Classificações das Constituições

Quanto aos sistemas:


- Principiológica/aberta: tem como base fundamental os princípios
constitucionais, que são normas caracterizadas por elevado grau de abstração, que
demandam ampla regulamentação pela legislação para adquirirem concretude.
Podem existir regras, mas predominam os princípios. Ex.: CF/1988.
- Preceitual: tem como critério básico as regras constitucionais, que são normas
com baixo grau de abstração, sendo concretizadoras de princípios. Dão ênfase às
normas, embora também possua princípios. Ex.: Constituição mexicana de 1917.

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Classificações das Constituições

Quanto à unidade documental:


- Orgânica/codificada: é escrita e sistematizada em um único documento. Ex.:
brasileira. Ex.: CF/1988.

- Inorgância/legal: não se verifica a unidade textual; é formada por vários


documentos. Ex.: Constituição israelense.

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Classificações das Constituições
Quanto à origem de decretação: em regra, a Constituição é criada e aplicada no
mesmo país, mas há casos de Constituições criadas em um país, mas para ser
aplicada em outro.
- Homoconstituição/autoconstituição: é redigida e aplicada no mesmo país. É a
regra geral.
- Heteroconstituição: são Constituições que surgem por imposição de outros
Estados São elaboradas por outro país ou organismo internacional. Ex.: as Nações
Unidas impuseram as Constituições da Namíbia (1990) e do Camboja (1993).
Constituição Japonesa de 1946, foi feito pelos EUA no pós-guerra.

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Classificações das Constituições

Quanto à função:
- Provisória: também chamadas de Constituições revolucionárias ou pré-
constituição. Trazem normas estruturando o poder político no intervalo entre um e
outro regime, além de estabelecer normas de eliminação do regime anterior.

- Definitiva: são aquelas que pretendem ser o produto final do processo


constituinte. Ex.: CF/1988.

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Classificações das Constituições
Macete: a CF/1988 é PEDRA
Promulgada
Escrita
Dogmática
Rígida
Analítica

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