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ISADORA DE MELO – ES102426 – DIR365 – UNIDADE VIII

DA DEFESA DOS ESTADOS E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS

→ SISTEMA CONSTITUCIONAL DAS CRISES:


• O equilíbrio é o elemento base para a ordem constitucional, com uma distribuição de
poder, mitigando a competição entre os grupos, e mantendo-as abaixo da Constituição.
• Ademais, há o risco de uma crise constitucional caso esses fatores não sejam mantidos.
• Os instrumentos excepcionais buscam o reestabelecimento da ordem pelo, por exemplo,
estado de sítio e de defesa, que buscam defender o mantimento da democracia.
• A Defesa do Estado ocorre para evitar invasões estrangeiras e defender a soberania
nacional, através das forças armadas do país e da segurança pública.
• O equilíbrio supracitado – constitucional - é o equilíbrio entre o poder dos grupos. A
quebra desse equilíbrio está ligada a substituição da legalidade constitucional ordinária
por uma legalidade constitucional extraordinária, conforme citado.
• Ao ocorrer a crise, tem-se o sistema constitucional das crises, baseando-se na
necessidade e temporariedade e buscando o restabelecimento da ordem constitucional,
evitando processos de mudança e perturbação da ordem, além de defender o Estado em
casos de guerra.
• No estado de exceção, há a substituição da legalidade normal pela extraordinária.
• Os princípios norteadores, segundo Bernardo Fernandes, são:
-Excepcionalidade (situações de exceção);
-Necessidade (meios menos gravosos e plausíveis);
-Temporariedade (temporal, determinado);
-Obediência à CRFB;
-Controle político e judicial.

→ ESTADO DE DEFESA:
• É uma situação em que medidas são organizadas a fim de evitar e repulsar ameaças à
ordem pública, à paz social e à ordem constitucional.
• Segundo o artigo 136 da CRFB, o estado de defesa deve ter tempo e local delimitados,
além de ocorrer somente sob decreto do presidente, a fim de prevenir as ameaças à
ordem pública ou em caso de calamidades naturais (como, por exemplo, um terremoto
de grande proporção).
• Ademais, pelo art. 136, nota-se que, dentro da temporariedade, há a prorrogação do
período pré-estabelecido, após os 30 dias, apenas uma vez e de no máximo 30 dias, logo,
contabiliza-se um período máximo de duração de 60 dias. Posteriormente, se tornaria
um Estado de Sítio.
• Devem ser ouvidos e consultados o Conselho da República e de Defesa Nacional.
• O parágrafo 3º do art. 136 trata do controle judicial concomitante (medidas tomadas
pelo executor devem ser submetidas ao juiz competente para análise de legalidade), o
4º, do fato de o presidente dever justificar a prorrogação em 24 horas, além da
necessidade de um quórum de aprovação com maioria absoluta para a aprovação.
• Ainda dentro do artigo 136, mas tratando dos parágrafos 5º e 6º, admite-se que o CN,
se estiver em recesso, deve ter convocação extraordinária, baseando-se no controle
político concomitante.
• O parágrafo 7º afirma que, caso rejeitado o decreto, deve-se cessar imediatamente o
estado de defesa.
• Ademais, pelo parágrafo 1º, pode haver a possibilidade de uso temporário de vens
públicos, afinal, o objetivo do estado de defesa é restabelecer a ordem pública.

→ ESTADO DE SÍTIO:
• O estado de defesa pode ser convertido em estado de sítio, se necessário, devendo ser
solicitado pelo presidente ao CN. Os casos que admitem tal requisição são: “comoção
grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de
medida tomada durante o estado de defesa; declaração de estado de guerra ou resposta
a agressão armada estrangeira”, assim, o CN somente autorizará com a aprovação da
maioria absoluta.
• Pelo artigo 138 da CF, o estado de sítio, assim como o de defesa, deverá ter duração
estabelecida e pode ser prorrogado, enquanto permanecerem as justificativas para a sua
decretação. Entretanto, cada prorrogação deve ser devidamente autorizada pelo CN e de
períodos de 30 dias.
• Somente nos casos de agressão estrangeira é que o presidente poderia decretar o estado
de sítio sem autorização do CN, conforme afirma o artigo 34 da CRFB/88.
• Pelo artigo 139, as únicas medidas que podem ser tomadas contra pessoas são:
“obrigação de permanência em determinado local; detenção em edifício não destinado
a acusados ou condenados por crimes comuns; restrições relativas à inviolabilidade da
correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade
de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei (necessidade de elaboração de
uma lei específica); suspensão da liberdade de reunião; busca e apreensão em domicílio;
intervenção nas empresas de serviços públicos; requisição de bens”, ademais, essas
restrições citadas podem ser ampliadas nos casos de guerra.
• Ressalta-se, ainda, nos artigos 140 e 141 da CRFB, a presença do controle político
concomitante, através de cinco membros do CN que fiscalizarão a execução do estado
de sítio; o controle judicial sucessivo e posterior, pelo cessar dos efeitos do estado de
sítio e pelo relato do presidente ao CN das medidas aplicadas anteriormente, com as
devidas justificativas.
• Segundo José Afonso da Silva, o “controle jurisdicional (no estado de sítio e no estado
de defesa) é amplo em relação aos limites de aplicação das restrições autorizadas. Se
houver abuso ou excesso de poder, existe a possibilidade de correção via mandado de
segurança, habeas corpus ou qualquer outra medida judicial cabível. E este controle
pode ocorrer durante a vigência do estado de exceção ou depois de sua cessação. Tanto
o estado de sítio como o estado de defesa estão subordinados a normas legais. Ambos
geram uma legalidade extraordinária, mas não uma arbitrariedade. Qualquer pessoa
lesada pode recorrer, portanto, ao Judiciário para responsabilizar o Poder Público pelos
abusos cometidos e solicitar reparação dos danos causados”, a não previsão do habeas
corpus pela CRFB é algo que vem sendo rebatido por parte da doutrina.

→ AS FORÇAS ARMADAS - MARINHA, AERONÁUTICA E EXÉRCITO:


• O conceito das forças armadas é tratado no artigo 142 da CRFB, ademais, José Afonso
da Silva admite que “hierarquia é o vínculo de subordinação escalonada e graduada de
inferior a superior. Disciplina é o poder que têm os superiores hierárquicos de impor
condutas e dar ordens aos inferiores; é o dever de obediência dos inferiores em relação
aos superiores. São termos que não se confundem, mas que guardam uma correlação,
pois a disciplina pressupõe uma relação hierárquica”, ressaltando que o executivo
unipessoal do Brasil – sistema presidencialista – pode causar confusões relacionadas a
isso.
• Ademais, o parágrafo 1º do mesmo artigo, complementados pelas leis 69/1991 e
97/1999, tratam sobre a organização, preparo e emprego de tais forças, além da criação
do Ministério da Defesa e do trato das Forças Armadas brasileiras.
• O parágrafo 2º admite que não cabe habeas corpus nas punições disciplinares militares,
porém, tal regra não pode ser absoluta, já que, na realidade, ocorrem diversos abusos de
poder.
• Para Luiz Flávio Gomes, “embora o texto constitucional disponha que não caberá
habeas corpus em relação a punições disciplinares militares, a doutrina e jurisprudência
entendem que, não cabe habeas corpus no tocante ao mérito das punições disciplinares.
Todas as garantias do Direito Penal devem valer para as infrações administrativas, e os
princípios como os da legalidade, tipicidade, proibição da retroatividade, da analogia,
da proporcionalidade, da culpabilidade, etc, valem integralmente inclusive no âmbito
administrativo. Por tal motivo, entende-se que, nada impede que o Poder Judiciário
examine os pressupostos de legalidade da punição, cabendo neste caso, a interposição
de Habeas Corpus, mas não para a análise do mérito. Neste sentido, STF - RE 338840”,
sendo de extrema importância a interpretação do STF, devido aos abusos.
• Tal questão, relacionada ao habeas corpus traz divergências na doutrina, devido aos
motivos supracitados.
• Ademais, nos cargos ou empregos públicos civil militar, segundo o parágrafo 3º, admite
a proibição de sindicalização e grave, da perda do posto e patente e proibição da filiação
partidária.
• Ainda nesse assunto, o artigo 143 admite a existência do serviço militar obrigatório,
contudo, deixa isenta as mulheres e eclesiásticos da obrigatoriedade.
• A lei 8239 regulamenta a prestação do serviço alternativo ao militar obrigatório,
prevendo que o serviço militar alternativo ocorre com as atividades administrativas,
assistenciais, filantrópicas ou produtivas, além de dever ser prestado em órgãos
militares, devendo haver interesse recíproco. Ademais, o serviço alternativo deve incluir
treinamento para situações de desastre, calamidade e emergência.
→ SEGURANÇA PÚBLICA:
• O artigo 144 prevê a conceituação e os órgãos pertencentes à segurança pública,
devendo preservar a ordem pública, pessoas e patrimônios.
• Fazem parte os órgãos:
-Polícia federal;
-Polícia rodoviária federal;
-Polícia ferroviária federal (que está em decadência devido ao desuso das malhas
ferroviárias no país);
- Polícias civis;
- Polícias militares e corpos de bombeiros militares;
-Polícias penais federal, estaduais e distrital.
• O mesmo artigo traz as atribuições da Polícia Federal (apurar infrações penais contra a
ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de
suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja
prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme,
segundo se dispuser em lei; prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos
públicos nas respectivas áreas de competência; exercer as funções de polícia marítima,
aeroportuária e de fronteiras; exercer, com exclusividade, as funções de polícia
judiciária da União), Rodoviária Federal (patrulhamento ostensivo das rodovias
federais), Ferroviária Federal (patrulhamento ostensivo das ferrovias federais), Civil
(polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares), Militar (polícia
ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além
das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil), além
das polícias militares penais (segurança dos estabelecimentos penais) e as Guardas
Municipais que, pela Lei 13022, de 08/08/20214, também conhecido como Estatuto
Geral das Guardas Municipais, cabe a função de proteção preventiva dos municípios.

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