Você está na página 1de 32

+

Direito Constitucional
Defesa do Estado e das Instituições
Democráticas
+ Introdução - Sistema
Constitucional das Crises

 Alguns fatos podem abalar a normalidade da vida em


sociedade e as estruturas do Estado.
 Para a defesa do Estado e das instituições democráticas, a
CF/88 estabeleceu dois grupos:
Estado de Estado de
defesa sítio Forças Segurança
Armadas Pública
Sist.
Const. Defesa do
País ou da
Crises Sociedade
+ Introdução - Sistema
Constitucional das Crises

 A defesa do Estado se dá:


 a) proteção do território nacional contra invasões
estrangeiras (arts. 34. II, e 137, II, CF).
 b) proteção da soberania nacional (art. 91, CF). Soberania

 c) defesa da Pátria (art. 142).


Território

Pátria
 A defesa das instituições democráticas se dá na situação
de equilíbrio entre os grupos de poder. Embate entre os
grupos de poder que excede as limitações constitucionais:
situação de crise.
+ Introdução - Sistema
Constitucional das Crises

 Portanto, se ocorrer uma violação à situação de


normalidade constitucional, é “ativado” o sistema
constitucional das crises, sistema este norteado pelas
seguintes características:
• Se faltar: Exemplos:
Necessidade • Abuso, arbítrio, golpe de - Golpe “Estado
estado. Novo” (1937);
- Ditadura militar
(1964); AI-5,
• Se faltar: decretação de
estados de sítio,
Temporariedade • Ditadura. de guerra...
+ Introdução - Sistema
Constitucional das Crises

Segundo José Afonso da Silva, neste sistema constitucional


das crises“a legalidade normal é substituída por uma
legalidade extraordinária, que define e rege o estado de
exceção”.

(Apud LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.)
+
Estado de Defesa

 Hipóteses de decretação do estado de defesa (art. 136,


caput, CF/88):
 Tem por escopo: “preservar ou prontamente
restabelecer, em locais restritos e determinados, a
ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e
iminente instabilidade institucional ou atingidas por
calamidades de grandes proporções na natureza”.
+
Intervenção Federal

 Introdução:
 Federação: união de vários Estados, com suas respectivas
parcelas de autonomia;
 Intervenção federal (art. 34, CF/88) x intervenção estadual
(art. 35, CF/88);
+
Intervenção Federal

 Cabimento:
 Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito
Federal, exceto para:
 I - manter a integridade nacional;
 II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da
Federação em outra;
 III - pôr termo a grave comprometimento da ordem
pública;
 IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas
unidades da Federação;
+
Intervenção Federal

 Cabimento:
 V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
 a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de
dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior;
 b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias
fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos
em lei;
 VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão
judicial;
+
Intervenção Federal
 Cabimento:
 VII - assegurar a observância dos seguintes princípios
constitucionais:
 a) forma republicana, sistema representativo e regime
democrático;
 b) direitos da pessoa humana;
 c) autonomia municipal;
 d) prestação de contas da administração pública, direta e
indireta.
 e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de
impostos estaduais, compreendida a proveniente de
transferências, na manutenção e desenvolvimento do
ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.
+
Intervenção Federal
 Cabimento:
 VII - assegurar a observância dos seguintes princípios
constitucionais:
 a) forma republicana, sistema representativo e regime
democrático;
 b) direitos da pessoa humana;
 c) autonomia municipal;
 d) prestação de contas da administração pública, direta e
indireta.
 e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de
impostos estaduais, compreendida a proveniente de
transferências, na manutenção e desenvolvimento do
ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.
+
Estado de Defesa

 Procedimento de decretação do estado de defesa:


 Titularidade: Presidente da República (art. 84, IX, c/c
art. 136), por decreto. Deve ouvir o Conselho da
República (arts. 89 e 90, CF) e o Conselho de Defesa
Nacional (art. 91, CF).
 Conselho da Repúlbica e Defesa Nacional: são
órgãos consultivos. Serão previamente consultados,
mas sua opinião não vincula a decisão do Presidente
da República (discricionariedade deste).
+
Estado de Defesa

Procedimento de decretação do estado de defesa:


O decreto do estado de defesa deve especificar:
a) prazo de duração da medida;
Prazo
----------- b) área (territorial) da medida - locais restritos e
Área determinados;
----------- c) medidas coercitivas utilizadas na vigência do
Medidas
estado de defesa.
Tempo de duração: máximo de 30 dias, prorrogável
uma única vez por mais 30 dias.
+
Estado de Defesa

 Procedimento de decretação do estado de defesa:


 São medidas coercitivas que podem ser adotadas:
 a) restrição (não supressão!) ao direito de reunião, do
sigilo de correspondência, do sigilo de comunicação
telegráfica e telefônica, bem como restrição à garantia
de prisão somente nos casos do art. 5.º, LXI, CF
(flagrante delito ou ordem escrita e fundamentada da
autoridade judicial competente).
 b) ocupação e uso temporário de bens e serviços
públicos, em casos de calamidade pública,
respondendo a União pelos danos e custos decorrentes.
+
Estado de Defesa

Procedimento de decretação do estado de defesa:


Prisão por crime contra o Estado: poderá a pessoa ser presa
por pessoa que não autoridade judicial competente
(“executor da medida”). Presa a pessoa, o juiz competente
deverá ser imediatamente comunicado, caso em que este
poderá relaxar a prisão. Interessante: a comunicação ao juiz
deverá descrever o estado físico e mental do detido no
momento da autuação. Esta prisão não poderá ser superior a
10 dias, podendo o preso requerer o exame de corpo de delito à
autoridade policial.
O preso poderá ficar incomunicável? Art. 136, § 3.º, IV.
+
Estado de Defesa

 Controles exercidos sobre a decretação do estado de defesa ou


sobre sua prorrogação:
 Controle político imediato (art. 136, §§ 4.º-7.º): Decretado o
Estado de Defesa (24h), o Congresso Nacional deverá
aprovar o decreto por maioria absoluta. Se em recesso,
deverá ser convocado no prazo de 5 dias pelo Presidente do
SF (art. 57, § 6.º, I) e apreciar o decreto no prazo de 10 dias
contados do seu recebimento. O CN deverá continuar
funcionando enquanto perdurar o estado de defesa. Se o CN
rejeitar o decreto, o estado de defesa cessará imediatamente
(efeitos ex nunc).
+
Estado de Defesa

 Controle político concomitante (art. 140): a Mesa do


CN, ouvidos os líderes partidários, designará comissão
composta de 5 de seus membros para acompanhar e
fiscalizar a execução das medidas referentes ao
estado de defesa.
+
Estado de Defesa

 Controle político sucessivo (ou a posteriori) (art. 141, par.


ún.): cessado o estado de defesa, o Presidente da República
relatará ao CN as medidas aplicadas, especificando e
justificando, com relação nominal dos atingidos e indicação
das restrições aplicadas. Se o CN não aceitar o relatório do
Presidente da República, José Afonso da Silva entende que
fica “... caracterizado algum crime de responsabilidade do
presidente, especialmente o atentado a direitos individuais -
pelo que pode ser ele submetido ao respectivo processo,
previsto no art. 86 e regulado na Lei 1.079/50”.
+
Estado de Defesa

 Controle jurisdicional concomitante (art. 136, § 3.º):


controle da prisão, sendo que esta não excederá 10 dias,
exceto se autorizada pelo Poder Judiciário. Qualquer lesão ou
ameaça a direito não poderá deixar de ser apreciada pelo
Poder Judiciário (mandado de segurança, habeas corpus...),
observados os limites do art. 136, § 1.º. Pedro Lenza,
Alexandre de Moraes e Manoel Gonçalves Ferreira Filho: é
impossível ao Poder Judiciário a análise do mérito
discricionário (conveniência e oportunidade) do Poder
Executivo para a decretação do estado de defesa.
+
Estado de Defesa

 Controle jurisdicional sucessivo (ou a posteriori): (art.


141, caput): cessado o estado de defesa, os seus efeitos
cessarão, mas não cessará a responsabilidade dos atos
ilícitos cometidos por executores e agentes. Tal
responsabilidade (civil, penal e administrativa) deverá ser
apreciada judicialmente.
+
Estado de Sítio

 Hipóteses de decretação do estado de sítio (art. 137, caput,


CF/88):
 Comoção grave de repercussão nacional (e se fosse
restrita?).
 Ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia da medida
tomada durante o estado de defesa (portanto, uma situação
mais grave).
 Declaração de estado de guerra ou resposta a agressão
armada estrangeira.
+
Estado de Sítio
 Procedimento de decretação do estado de sítio:
 Titularidade: Presidente da República (art. 84, IX, c/c art.
137), por decreto. Deve ouvir o Conselho da República
(arts. 89 e 90, CF) e o Conselho de Defesa Nacional (art. 91,
CF).
 Conselho da Repúlbica e Defesa Nacional: são órgãos
consultivos. Serão previamente consultados, mas sua
opinião não vincula a decisão do Presidente da República
(discricionariedade deste).
 Diferentemente do estado de defesa, para decretação do
estado de sítio o Presidente da República deve solicitar
autorização ao CN, que aprovará por maioria absoluta.
+
Estado de Sítio

 Procedimento de decretação do estado de sítio:


 O decreto do estado de defesa deve especificar:
 a) prazo de duração da medida;
 b) normas necessárias a sua execução;
 c) garantias constitucionais que ficarão suspensas.
 d) depois de publicado, o Presidente da República indicará
o executor das medidas específicas e as áreas
abrangidas (art. 138, caput).
+
Estado de Sítio

 Tempo de duração:
 No caso de comoção grave de repercussão nacional ou
no caso de ineficácia das medidas adotadas durante o
estado de defesa (art. 137, I), não poderá ser superior a 30
dias, podendo ser prorrogado, sucessivamente, por prazo
não superior a 30 dias, enquanto durar a situação de
anormalidade.
 No caso de declaração de estado de guerra ou resposta
a agressão armada estrangeira (art. 137, II), enquanto
perdurar esta situação.
+
Estado de Sítio

 Procedimento de decretação do estado de sítio:


 São medidas coercitivas que só podem ser adotadas no caso de comoção
[...] ou ineficácia das medidas [...]:
 obrigação de permanência em localidade determinada;
 detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por
crimes comuns;
 restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das
comunicações, à prestação de informações e à liberdade de imprensa,
radiodifusão e televisão, na forma da lei (desde que liberada pela
respectiva Mesa, não se inclui a difusão de pronunciamentos de
parlamentares);
+
Estado de Sítio

 Procedimento de decretação do estado de sítio:


 São medidas coercitivas que só podem ser adotadas no caso
de comoção [...] ou ineficácia das medidas [...]:
 suspensão da liberdade de reunião;
 busca e apreensão em domicílio;
 intervenção nas empresas de serviços públicos;
 requisição de bens.
+
Estado de Sítio

 Procedimento de decretação do estado de sítio:


 No caso de declaração de estado de guerra ou resposta a
agressão armada estrangeira, em tese, qualquer garantia
constitucional poderá ser suspensa, desde que:
 a) haja necessidade e temporariedade;
 b) haja prévia autorização do Congresso Nacional;
 c) haja no decreto do estado de sítio sua duração, as normas
para sua execução e as garantias constitucionais que
ficarão suspensas.
+
Estado de Sítio

 Controle exercido sobre a decretação do estado de sítio:


 Controle político prévio: dada a sua gravidade, o controle
exercido pelo CN é prévio, ou seja, o Presidente da
República deve ter autorização da maioria absoluta do CN
para decretação. Se decretar sem autorização, cometerá
crime de responsabilidade. Se o CN estiver em recesso,
haverá convocação extraordinária e deverá o CN
permanecer em funcionamento até o término das medidas
coercitivas (art. 138, § 3.º).
+
Estado de Sítio

 Controle exercido sobre a decretação do estado de sítio:


 Controle político concomitante (art. 140): a Mesa do CN,
ouvidos os líderes partidários, designará comissão composta
de 5 de seus membros para acompanhar e fiscalizar a
execução das medidas referentes ao estado de sítio.
+
Estado de Sítio
 Controle exercido sobre a decretação do estado de sítio:
 Controle político sucessivo (ou a posteriori) (art. 141, par.
ún.): cessado o estado de sítio, o Presidente da República
relatará ao CN as medidas aplicadas, especificando e
justificando, com relação nominal dos atingidos e indicação
das restrições aplicadas. Se o CN não aceitar o relatório do
Presidente da República, José Afonso da Silva entende que
fica “... caracterizado algum crime de responsabilidade do
presidente, especialmente o atentado a direitos individuais -
pelo que pode ser ele submetido ao respectivo processo,
previsto no art. 86 e regulado na Lei 1.079/50”.
+
Estado de Sítio
 Controle exercido sobre a decretação do estado de sítio:
 Controle jurisdicional concomitante: Qualquer lesão ou
ameaça a direito não poderá deixar de ser apreciada pelo
Poder Judiciário (mandado de segurança, habeas corpus...),
observados os limites da “legalidade extraordinária”, seja por
via do mandado de segurança, do habeas corpus, ou
qualquer outro remédio constitucional. Pedro Lenza,
Alexandre de Moraes e Manoel Gonçalves Ferreira Filho: é
impossível ao Poder Judiciário a análise do mérito
discricionário (conveniência e oportunidade) do Poder
Executivo para a decretação do estado de sítio.
+
Estado de Sítio

 Controle exercido sobre a decretação do estado de sítio:


 Controle jurisdicional sucessivo (ou a posteriori): (art.
141, caput): cessado o estado de sítio, os seus efeitos
cessarão, mas não cessará a responsabilidade dos atos
ilícitos cometidos por executores e agentes. Tal
responsabilidade (civil, penal e administrativa) deverá ser
apreciada judicialmente.

Você também pode gostar