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INTERVENÇÃO

INTERVENÇÃO

1)CONCEITO

Intervenção é uma medida através da qual


quebra-se excepcional e temporariamente a
autonomia de determinado ente federativo, nas
hipóteses taxativamente previstas na
Constituição Federal.
2) OBJETIVO

Proteger a federação brasileira, resguardando-a


especialmente contra a desagregação. Trata-se de
mecanismo utilizado para assegurar a permanência
do pacto federativo, ou seja, para impedir a
tentativa de secessão (princípio da
indissociabilidade do pacto federativo).
3) EXCEPCIONALIDADE

A INTERVENÇÃO É UMA EXCEÇÃO, pois em regra


todos os entes federativos são dotados de
autonomia. Trata-se, pois, de medida excepcional e
drástica. “A organização político-administrativa do
Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios, todos autônomos, nos
termos da Constituição” (art. 18 da CF).
4) ESPÉCIES DE INTERVENÇÕES

A.INTERVENÇÃO FEDERAL: realizada pela União nos


Estados, no Distrito Federal e nos Municípios
localizados em território federal.

B.INTERVENÇÃO ESTADUAL: realizada pelos Estados


nos Municípios localizados nos seus territórios.
A)INTERVENÇÃO FEDERAL
A.1) HIPÓTESES (art. 34/CF)
I - Manter a integridade nacional;
II - Repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da
Federação em outra; no caso da invasão estrangeira, é
dispensada a concordância do Estado, tendo em vista
que visa à reconstrução da integridade nacional. Em se
tratando da invasão de uma unidade da federação em
outra, a União poderá se utilizar da intervenção para
impedir o ganho territorial em detrimento de outra
unidade da federação ou imposição de vontade sobre ela;
A)INTERVENÇÃO FEDERAL

A.1) HIPÓTESES (art. 34/CF)

III - pôr termo a grave comprometimento da ordem


pública; em toda desordem ensejará a intervenção, mas
somente aquela considerada não usual e intensa, que
evidencie transtorno na vida social, violento e de grandes
proporções, não sendo necessário que se configure uma
guerra civil para tanto;
A)INTERVENÇÃO FEDERAL

A.1) HIPÓTESES (art. 34/CF)

IV - Garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas


unidades da Federação; a hipótese ocorre no caso de o
Poder estar impedido ou dificultado de funcionar. Por
exemplo: quando os membros do Poder Legislativo
estiverem impossibilitados de exercer o poder, por
decisão judicial, de se reunirem para deliberarem sobre
determinado projeto de lei;
V - Reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
a) suspender o pagamento da dívida fundada* por mais de
dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior;
*DÍVIDA FUNDADA são compromissos de exigibilidade
superior a 12 meses, contraídos em função de desequilíbrio
orçamentário ou financeiro de obras e serviços públicos. A
dívida fundada é baseada em contratos de empréstimo ou
financiamentos com organismo multilaterais, agências
governamentais ou credores privados, que geram
compromissos de exigibilidade superior a doze meses,
contraídos para atender a desequilíbrios orçamentários ou a
financiamento de obras e serviços públicos.
V - Reorganizar as finanças da unidade da Federação que:

b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias


fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos
estabelecidos em lei;
VI - Prover a execução de lei federal, ordem ou decisão
judicial; nem todo desrespeito à lei enseja a
intervenção, mas somente nos casos em que sua
inobservância gera prejuízo generalizado e que não
seja solucionado por meio de decisão judicial.
Exemplo: O STF decidiu, todavia, que não constitui
hipótese de intervenção federal, o não pagamento de
precatórios, quando não há recursos suficientes para
tanto e tendo o Estado que arcar com obrigações de
igual hierarquia;
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios
constitucionais:

a) forma republicana, sistema representativo e regime


democrático;
b) direitos da pessoa humana: em decorrência do princípio
da dignidade humana;
c) autonomia municipal; que impõe aos Estados o respeito
ao poder de autogoverno, auto-organização e
autoadministração dos Municípios;
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios
constitucionais:

d) prestação de contas da administração pública, direta e


indireta, nos termos do art. 75, da CF/88;
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de
impostos estaduais, compreendida a proveniente de
transferências, na manutenção e desenvolvimento do
ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.
A.2) AMPLITUDE, O PRAZO E AS CONDIÇÕES

Art. 36, § 1º O decreto de intervenção, que


especificará a amplitude, o prazo e as condições
de execução e que, se couber, nomeará o
interventor, será submetido à apreciação do
Congresso Nacional ou da Assembleia Legislativa
do Estado, no prazo de vinte e quatro horas.
A.3) CLASSIFICAÇÃO DA INTERVENÇÃO FEDERAL

I) ESPONTÂNEA OU EX OFFICIO:

II) PROVOCADA:
II.a) Por solicitação
II.b) Por requisição
III.c) Por representação
A.3) CLASSIFICAÇÃO DA INTERVENÇÃO FEDERAL
I) ESPONTÂNEA OU EX OFFICIO:
Somente o Presidente da República poderá decretar a
intervenção federal ex officio, ou seja, independente de
provocação, nas hipóteses previstas nos incisos I, II, III e
V, do art. 34, da CF/88. Faz-se necessário, nesse caso,
apenas que o Presidente ouça aos seus órgãos de
consulta não deliberativos: Conselhos da República,
previsto no art. 89, da CF/88, e de Defesa Nacional,
conforme art. 91, da CF/88. A criação do decreto
interventivo trata-se, portanto, de ATO DISCRICIONÁRIO
DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA (art. 84, X/CF).
II) PROVOCADA:

II.a) Por solicitação: ocorre quando a coação ou impedimento,


que fira a garantia do livre exercício de qualquer dos poderes
nas unidades da federação, prevista no art. 34, IV, da CF/88,
recaia sobre os Poderes Executivo e Legislativo. Nesse caso,
para decretar a intervenção federal, o Presidente da República
dependerá da solicitação de um dos poderes coatos ou
impedidos, MANTENDO, TODAVIA, A CARACTERÍSTICA DE
ATO DISCRICIONÁRIO, conforme art. 36, I, primeira parte, da
CF/88.
II.b) Por requisição: conforme art. 36, I, segunda parte
da CF/88, verifica-se no caso de a coação ou o
impedimento, que fira a garantia do livre exercício de
qualquer dos poderes nas unidades da federação,
prevista no art. 34, IV, da CF/88, recair sobre o Poder
Judiciário. Nesse caso, o decreto interventivo do
Presidente da República É ATO VINCULADO E NÃO
DISCRICIONÁRIO, como nos casos de intervenção
espontânea e provocada por solicitação.
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE!

Já na hipótese de ordem ou decisão judicial ignorada, prevista no


art. 34, VI, da CF/88, o tribunal superior que tiver proferido a
decisão, seja ele o STF, Superior Tribunal de Justiça (STJ) ou
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), possuirá legitimidade para
requisitar a intervenção diretamente ao Presidente da República,
conforme art. 36, II, da CF/88.
Decisão proferida por qualquer outro tribunal (Tribunais Regionais
Federais, juízes federais, juízes eleitorais, tribunais e juízes do
trabalho, tribunais e juízes militares, tribunais e juízes estaduais,
distritais ou dos territórios que a União venha a criar), dependerá
de requisição ao STF, por meio de ofício, para que ele venha
requerer a expedição do decreto interventivo ao Presidente.
III.c) Por representação: nos termos do art. 36, III, da CF/88,
verifica-se a necessidade de representação do Procurador-Geral
da República e provimento do STF em ação direta de
inconstitucionalidade interventiva, no caso de ofensa aos
princípios sensíveis, previstos no art. 34, VII, da CF/88. A
violação aos princípios sensíveis, nesse caso, deve decorrer de
lei estadual ou lei distrital, não existindo hipótese prevista na
CF/88 de violação desses princípios por lei dos Municípios
localizados em território federal. A intervenção provocada por
representação do Procurador-Geral da República também
ocorrerá para prover a execução de lei federal, dependendo de
provimento do STF, nos termos do art. 34, VI, da CF/88. A
intervenção, nesse caso, configura-se como ATO VINCULADO.
A.4) CONTROLE POLÍTICO DO DECRETO DE
INTERVENÇÃO (art. 36, §§ 1º, 2º e 3º/CF)

O Congresso Nacional realiza o controle político do


decreto presidencial de intervenção, conforme art. 36, §§
1º e 2º/CF, devendo fazê-lo no prazo de 24 horas e, no
caso de recesso parlamentar, deverá ser feita convocação
extraordinária dentro do mesmo prazo.
A.4) CONTROLE POLÍTICO DO DECRETO DE
INTERVENÇÃO (art. 36, §§ 1º, 2º e 3º/CF)
No entanto, essa apreciação pelo Congresso será
dispensada nos seguintes casos:
(I) quando o decreto interventivo se limitar a suspender
a execução do ato impugnado, que ensejou a
intervenção, nos casos previstos no art. 34, VI e VII e
no art. 35, IV, bastando essa medida para reaver a
normalidade, nos termos do art. 36, §3º/CF;
(II) quando objetivar o cumprimento de ordem ou
decisão judicial (art. 34, IV, da CF/88); ou
(III) em caso de violação de princípio sensível (art. 34,
VII/CF).
B) INTERVENÇÃO ESTADUAL - HIPÓTESES (art. 35/CF)
O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União
nos Municípios localizados em Território Federal, exceto
quando:
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois
anos consecutivos, a dívida fundada;
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita
municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e
nas ações e serviços públicos de saúde;
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação
para assegurar a observância de princípios indicados na
Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de
ordem ou de decisão judicial.
B.2) CLASSIFICAÇÃO DA INTERVENÇÃO ESTADUAL

I) Espontânea, nos casos previstos nos incisos I, II e III,


do art. 35, da CF/88, ou seja, dependendo da
conveniência e oportunidade do Governador para
decretá-la (ATO DISCRICIONÁRIO);
II) Provocada, nas hipóteses trazidas no inciso IV do art.
35, da CF/88, quando dependerá de provimento de
representação pelo Tribunal de Justiça (ATO
VINCULADO).

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