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Universidade Católica de Santos

Elizabeth Ramos Ribeir


RA-9093859

DIREITO CONSTITUCIONAL: Intervenções Federais,


voluntária, provocada e intervenção estadual - Estado
de defesa e das instituições democráticas.

Santos (2022)
Intervenção Federal

A intervenção federal é uma medida excepcional que afasta temporariamente a


autonomia de um ente federativo.

Princípios

EXCEPCIONALIDADE

A intervenção é uma exceção. Os artigos 34 e 35 da Constituição estabelecem


que a União não intervirá nos Estados, DF e municípios, exceto para algumas
circunstâncias específicas. Sendo assim, o que a Constituição estabelece é
um princípio de não intervenção, sendo as intervenções medidas extremas
para casos excepcionais.

TEMPORARIEDADE

A intervenção está presa a um período de tempo. Quando a intervenção é


decretada, ela deve ter um prazo determinado para seu término.

PROPORCIONALIDADE

A intervenção é uma medida muito grave. Portanto, ela só pode ser


decretada em situações excepcionais de igual gravidade.

Consequências

 Afastamento da autonomia dos entes federativos: interrupção das


capacidades de auto-organização, autogoverno, auto legislação e
autoadministração;

 A Constituição não pode ser emendada durante a intervenção (limite


circunstancial ao poder de emenda): enquanto houver uma intervenção
em qualquer local do país, a Constituição Federal não pode ser alterada

ou emendada.
Decreto

A intervenção federal só pode ocorrer por meio de um Decreto Presidencial. Ou


seja, decretar a intervenção federal é um ato privativo do Presidente da
República. Este ato pode ser espontâneo ou provocado, definindo a espécie da
intervenção.

O Decreto deve conter:

 Prazo (temporariedade), amplitude (campo de atuação, limitada a um


setor governamental) e condições da intervenção;

 Nomeação de um interventor (se for o caso): a intervenção pode ocorrer


para anular um ato, tendo plena eficácia desde sua declaração. Porém,
a intervenção pode implicar em uma medida mais duradoura e
complexa, dependendo de um interventor para afastar alguma
autoridade do poder executivo.

Art. 36, CF. (...) § 4º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades


afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal.

Hipóteses de cabimento

A intervenção só é aplicável a situações críticas. A doutrina majoritária aponta:

 Manutenção da segurança do Estado

 Manutenção do equilíbrio federativo

 Regularização de finanças estaduais

 Manutenção da estabilidade da ordem constitucional.

Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto
para:

I - manter a integridade nacional;

II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;

III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;


IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da
Federação;

V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:

a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos


consecutivos, salvo motivo de força maior;

b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta


Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;

VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;

VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:

a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;

b) direitos da pessoa humana;

c) autonomia municipal;

d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.

e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais,


compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.

Intervenção Voluntaria

A intervenção é voluntaria quando o terceiro intervém no processo, caso lhe


convenha, ele não é obrigado a participar de uma lide processual, muito menos
pode ser ingressado contra sua vontade.

São os casos de intervenção voluntária, dos quais o exemplo por excelência


é a assistência.  Mas há hipóteses em que a iniciativa não vem do terceiro, mas
de uma das partes, que pede ao juiz que convoque o terceiro. Nesses casos, a
intervenção é provocada.  Os exemplos são: a denunciação da lide, o
chamamento ao processo e o incidente de desconsideração da personalidade
jurídica.  A intervenção do amicus curiae, dadas as suas peculiaridades, pode
ser determinada de ofício pelo juiz, a requerimento das partes ou ocorrer por
iniciativa do próprio terceiro.
Intervenção Provocada

O procedimento da intervenção federal provocada sempre começa com a


provocação, seja ela uma solicitação ou uma requisição. Após a provocação, o
presidente expede o Decreto Presidencial (no caso da solicitação, apenas se
considerar procedente). Uma vez decretada a intervenção, ocorre o controle do
Congresso Nacional de 24h da expedição do Decreto.

Ao contrário da intervenção federal espontânea, a intervenção federal


provocada é aquela que só pode ser decretada pelo Presidente depois da
“provocação” de outro órgão ou Poder Púbico. Ou seja, nestas hipóteses, o
presidente dó pode decretar a intervenção depois de um pedido formal de
outros órgãos e poderes, sem poder agir de ofício.

A provocação pode se dar por solicitação ou por requisição. Na solicitação, o


presidente pode decidir se é necessário ou não decretar a intervenção. Na
requisição, o presidente deve decretar a intervenção.

Hipóteses

Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto
para:

(...)

IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da


Federação;

(...)

VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;

VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:

a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;

b) direitos da pessoa humana;

c) autonomia municipal;

d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.


e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais,
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.

PODERES EXECUTIVO, LEGISLATIVO E JUDICIÁRIO LOCAIS

Quando os três Poderes do Estado ou do Distrito Federal forem coagidos por


algum agente externo, poderão pedir ao Presidente da República uma
intervenção federal.

Os Poderes Executivo e Legislativo locais devem solicitar a intervenção ao


presidente, que decide se é ou não necessário realizá-la. Já no caso do Poder
Judiciário, o Tribunal de Justiça local deve expedir um ofício para o STF. Caso
o Supremo entenda como necessária a intervenção e como presentes os seus
motivos, ele requisita a intervenção ao presidente. Por ser uma requisição, o
presidente é obrigado a decretar a intervenção.

ORDEM JUDICIAL (STF STJ TSE)

São os casos em que o estado ou o Distrito Federal não cumpre uma ordem
judicial. O tribunal responsável deve emitir uma requisição (sendo o Presidente
obrigado a acatar):

STF (Supremo Tribunal Federal): requisita intervenção em casos que


envolvam descumprimento de ordem de matéria constitucional;

STJ (Superior Tribunal de Justiça): requisita intervenção em casos que


envolvam descumprimento de ordem de matéria federal;

TSE (Tribunal Superior Eleitoral): requisita intervenção em casos que


envolvam descumprimento de ordem de matéria eleitoral.

LEI FEDERAL (PGR)

Quando o Procurado Geral da República (PGR) notar descumprimento de


alguma lei federal em certo Estado ou no Distrito Federal, ele deverá entrar
com uma ação direta interventiva no Supremo Tribunal Federal. O PGR deve
representar a União, pedindo para que o STF emita a requisição. Se o STF
concordar com o pedido, ele deve requisitar ao Presidente a intervenção.
PRINCÍPIOS SENSÍVEIS (PGR)

Esta hipótese corresponde a quando o Procurado Geral da República (PGR)


notar descumprimento de princípios sensíveis da república por certo Estado ou
no Distrito Federal. São eles os princípios descritos no art. 34, VI, da CF:

Forma republicana, sistema representativo e regime democrático;

Direitos da pessoa humana;

Autonomia municipal;

Prestação de contas da administração pública, direta e indireta;

Aplicação do mínimo exigido da receita (resultante de impostos estaduais e


incluindo a proveniente de transferências) no ensino e na saúde.

Mais uma vez, o Procurado Geral da República (PGR) deverá entrar com uma
ação direta interventiva no Supremo Tribunal Federal. O STF, por sua vez, se
julgar procedente o pedido, deverá requisitar ao presidente a decretação da
intervenção.

Procedimento

O procedimento da intervenção federal provocada sempre começa com a


provocação, seja ela uma solicitação ou uma requisição. Após a provocação,
o presidente expede o Decreto Presidencial (no caso da solicitação, apenas se
considerar procedente). Uma vez decretada a intervenção, ocorre o controle do
Congresso Nacional de 24h da expedição do Decreto.

Porém, no caso da intervenção federal provocada, há uma exceção para o


controle do Congresso. Esta etapa não ocorre nos casos de requisição do
Judiciário. Os únicos casos em que, ainda com requisição do Judiciário, é
necessária a etapa de controle do Congresso Nacional é quando o Poder
Judiciário local expressamente pedir.
Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:

I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder


Executivo coacto ou impedido, ou de requisição do Supremo Tribunal Federal,
se a coação for exercida contra o Poder Judiciário;

II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de requisição do


Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal
Superior Eleitoral;

III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do


Procurador-Geral da República, na hipótese do art. 34, VII, e no caso de recusa
à execução de lei federal.

§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o prazo e as


condições de execução e que, se couber, nomeará o interventor, será
submetido à apreciação do Congresso Nacional ou da Assembleia Legislativa
do Estado, no prazo de vinte e quatro horas.

§ 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a Assembleia


Legislativa, far-se-á convocação extraordinária, no mesmo prazo de vinte e
quatro horas.

§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a apreciação
pelo Congresso Nacional ou pela Assembleia Legislativa, o decreto limitar-se-á
a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao
restabelecimento da normalidade.

Intervenção Estadual

intervenção estadual é aquela realizada em municípios (não mais em Estados


ou no Distrito Federal). Cada Estado pode intervir apenas nos seus Municípios.

A lei prevê uma exceção para os Municípios em território nacional (não


contidos em um Estado), sendo a União responsável pela intervenção. Porém,
na prática, não há mais estes municípios no Brasil. Então esta previsão tem
fins meramente teóricos.
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos
Municípios localizados em Território Federal, exceto quando:

I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos,
a dívida fundada;

II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;

III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na


manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de
saúde;

IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a


observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a
execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.

Decreto

A intervenção estadual é realizada pelo Estado. Então, em vez de ser


decretada pelo Presidente da República, ela deverá ser decretada pelo
Governador do Estado.

Assim como na intervenção federal, o Decreto da Intervenção Estadual deve


conter:

Prazo e limites (amplitude e condições da intervenção);

Nomeação de um interventor (se for o caso): a intervenção pode ocorrer para


anular um ato, tendo plena eficácia desde sua declaração. Porém, a
intervenção pode implicar em uma medida mais duradoura e complexa,
dependendo de um interventor para afastar alguma autoridade do poder
executivo.

Art. 36, CF. (...) § 4º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades


afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal.

Espécies

A intervenção estadual também pode ser espontânea (de ofício pelo


governador) e provocada (dependente de provocação).
INTERVENÇÃO ESTADUAL ESPONTÂNEA

A intervenção estadual espontânea é aquela declarada de ofício pelo


governador. Suas hipóteses estão previstas nos incisos I, II e III do art. 35:

Município que não paga dívida fundada por 2 anos consecutivos;

Município que não presta contas devidas;

Município que não aplica receita em saúde e educação.

O procedimento é paralelo à intervenção federal espontânea. Começa com o


Decreto do Governador, passando pelo controle da Assembleia Legislativa em
24h.

INTERVENÇÃO ESTADUAL PROVOCADA

A intervenção estadual provocada é aquela declarada pelo governador a partir


de uma provocação. Suas hipóteses estão previstas no inciso IV do art. 35:

Descumprimento da lei estadual;

Descumprimento de ordem judicial;

Descumprimento de princípios da Constituição Estadual.

O procedimento, por sua vez segue uma série de etapas. Primeiro, o


Procurador Geral de Justiça do respectivo estado deve entrar com uma ação
no Tribunal de Justiça local, denunciando o descumprimento. Se o TJ
concordar com o pedido, ele deverá expedir uma requisição ao Governador,
que é obrigado a decretar a intervenção. Porém, nunca haverá um controle da
Assembleia Legislativa, uma vez que o procedimento sempre envolve uma
requisição do judiciário.

Hipóteses de Intervenção

INTERVENÇÃO FEDERAL

Intervenção Federal Espontânea Intervenção Federal Provocada

Integridade nacional
Invasão estrangeira ou de um Estado em outro

Ordem pública

Reorganização de finanças

Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário locais em coação

Descumprimento de ordem judicial (STF, STJ ou TSE)

Descumprimento de lei federal (PGR)

Descumprimento de princípios sensíveis (PGR)

INTERVENÇÃO ESTADUAL

Não pagar dívida fundada por 2 anos consecutivos;

Não prestar as contas devidas;

Não aplicar receita em saúde e educação;

Descumprir lei estadual, ordem judicial ou princípios da Constituição Estadual.

Estado de Defesa

Definição

Assim como o Estado de Sítio, o Estado de Defesa é uma legalidade


extraordinária temporária. Extraordinária pois as regras que vigoram no Estado
de Defesa não se aplicam regularmente, mas se destinam especialmente à
situação de anormalidade. Temporária pois as leis excepcionais devem ser
aplicadas apenas no momento de crise para restaurar a paz, depois do que a
legalidade ordinária deve voltar a vigorar normalmente, caso contrário, há a
perda do sistema constitucional.

Defesa do Estado

A defesa do Estado pode ser considerada sob três aspectos:

Defesa do território: contra eventuais invasões

Defesa da soberania nacional: contra a intervenção de outros Estados em


nosso governo
Defesa da pátria: contra perturbações que possam afligir a pátria como um
todo. Para evitar movimentos separatistas, por exemplo.

Hipóteses

O objetivo do Estado de Defesa é proteger ou restaurar a ordem pública e a


paz social quando estiver ameaçado por grave ou iminente instabilidade
institucional ou quando a estabilidade for abalada por calamidades de grandes
proporções da natureza. Tais hipóteses são consideradas pela doutrina como
pressupostos materiais para a decretação de Estado de Defesa.

Estado de Defesa Preventivo e Repressivo

O Estado de Defesa pode existir na modalidade repressiva ou preventiva. A


modalidade repressiva ocorre quando a crise já foi instaurada e o objetivo é
restabelecer a normalidade do sistema. O Estado de Defesa preventivo, por
sua vez, atua quando há apenas a ameaça de instabilidade.

Diferentemente do Estado de Sítio, o Estado de Defesa, seja repressivo ou


preventivo, é restrito a locais determinados. É aplicado apenas na localidade
em que a crise acontecer.

Limitações a Direitos

No Estado de Defesa, admite-se a restrição de alguns direitos, a fim de


reinstaurar a ordem. Esse recurso só pode, no entanto, ser empregado quando
o decreto que instituir o Estado de Defesa assim especificar.

Durante o Estado de Defesa, não podem ser editadas emendas constitucionais


(art. 60, §1º, CF).

Direito fundamentais não podem ser suprimidos, mas podem ser restringidos,
isto é, o momento de anormalidade permite que eles se tornem menos
abrangentes temporariamente. Vejamos:

Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e


o Conselho de Defesa Nacional, decretar Estado de Defesa para preservar ou
prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública
ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou
atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.

§ 1º O decreto que instituir o Estado de Defesa determinará o tempo de sua


duração, especificará as áreas a serem abrangidas e indicará, nos termos e
limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes:

I - Restrições aos direitos de:

a) reunião, ainda que exercida no seio das associações;

b) sigilo de correspondência;

c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;

II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de


calamidade pública, respondendo a União pelos danos e custos decorrentes.

Prisão no Estado de Defesa

Na hipótese de haver prisão no Estado de Defesa, esta poderá ser


determinada sem ordem judicial, mas deverá ser comunicada imediatamente
ao juiz, o qual poderá relaxá-la, se ilegal.

A comunicação ao juiz deverá ser acompanhada de relatório do estado físico e


mental do detido no momento da autuação. Inclusive, o preso pode pedir um
exame de corpo de delito. A ordem de prisão não poderá ser superior a 10
dias, salvo se houver determinação judicial e, em todo caso, é vedada a
incomunicabilidade do preso.

Procedimento

O procedimento é considerado pela doutrina uma forma necessária para a


decretação do Estado de Defesa, enquanto as hipóteses que o ensejam
constituem os pressupostos formais.

O Estado de Defesa se dá a partir de um decreto presidencial. Para tanto, o


Presidente da República deve ouvir o Conselho da República e o Conselho de
Defesa Nacional previamente. Estes órgãos têm função meramente consultiva,
o que significa dizer que o Presidente não está vinculado à decisão dos
conselhos. Caso ele entenda pela necessidade da instituição do Estado de
Defesa, poderá fazê-lo ainda que em desacordo com os conselhos.

DECRETO PRESIDENCIAL

O decreto deverá determinar:

Tempo de duração do Estado de Defesa: o qual, em decorrência do princípio


da temporariedade, terá duração máxima de 30 dias, prorrogável uma única
vez por igual período. Ou seja, o máximo que o Estado de Defesa pode ter de
duração é 60 dias.

Áreas que serão abrangidas pelo Estado de Defesa: Diferentemente do que


ocorre no Estado de Sítio o qual é bem mais grave, o Estado de Defesa não é
nacional, mas se restringe à localidade determinada pelo decreto presidencial.

Medidas coercitivas que irão vigorar durante o Estado de Defesa: É neste


momento que se estabelece quais serão os direitos a serem flexibilizados em
razão do momento de anormalidade.

SEQUÊNCIA DE ATOS

1. Ouvir os conselhos (consultivos, não vinculativos)

2. Decretar (especificando-se o tempo, local e medidas)

3. Em 24 horas, o presidente submete, com justificação, o decreto ao


Congresso Nacional, que votará, por maioria absoluta, se o Estado de Defesa
será mantido ou não.

4. Congresso aprecia o decreto no prazo de 10 dias do recebimento. Caso


esteja em recesso, o Presidente do Senado convocará o Congresso Nacional
extraordinariamente para proferir a decisão em 5 dias.
Caso o Congresso aprove o decreto, o Estado de Defesa continuará vigorando
e, ao final, o Presidente prestará contas a este órgão, relatando as medidas
aplicadas e as justificando juntamente com a entrega da relação nominal de
quem sofreu medidas coercitivas, apontando, igualmente, quais as medidas
sofridas. É possível que, com isto, o Congresso desaprove as medidas
tomadas, caso no qual o Estado de Defesa cessará imediatamente.

Instituições Democráticas

As instituições democráticas nasceram na Grécia Antiga juntamente com a


democracia, dessa forma é impossível desassociar democracia das instituições
e vice-versa. Pode-se dizer, portanto, que as instituições são os pilares para o
bom funcionamento de uma democracia. 

Conceito

As instituições democráticas são mecanismos que limitam ou estimulam os


costumes e as condutas sociais. Elas são representadas pelas leis, normas
jurídicas ou morais, regras eleitorais, políticas públicas, partidos políticos, pelos
Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, entre outros.

Exemplos

 Um primeiro exemplo é o sistema eleitoral que transforma a vontade


popular (o voto) em mandato, dando origem a democracia
representativa;
 Outro exemplo são os partidos políticos, entidades organizadas por
participantes voluntários, que tem como objetivo competir pelo poder
político;
 Por fim, o Supremo Tribunal Federal também é considerado uma
instituição democrática. Ele é conhecido como guardião da Constituição
Federal, sendo a máxima instância do Judiciário, garantindo que as
ações do Legislativo e do Executivo respeitem as normas
constitucionais.
As instituições existem para evitar ou minimizar os efeitos de atitudes
antidemocráticas. A sua função é de filtrar e mediar as interações e os
interesse dentro da democracia. 

Segundo Douglass North, instituições são “determinações criadas pelo homem


que estruturam as interações políticas, econômicas e sociais.” 

Podem consistir em duas espécies de normas: determinações informais,


basicamente elementos culturais, como costumes, tradições, códigos sociais
de conduta; e regras formais, como constituições, leis e direitos de propriedade
(cf. NORTH, 1991, p. 97).

Seriam as instituições, em suma, as “regras do jogo” (NORTH, 1991, p. 98), ou


seja, o conjunto de normas – culturais ou legais – que efetivamente regulam o
conjunto de interações humanas.

Caracterização das instituições

As instituições democráticas possuem características de representação,


confiança, estabilidade, equilíbrio e harmonia, de modo que devem
estar diretamente relacionadas com a Constituição, o Estado e os interesses da
sociedade. Assim, elas são consideradas estruturas de apoio para a
democracia.

De acordo com Profº Paulo Albuquerque, em seu curso Direito e Instituições


Sociais, caracteriza as instituições democráticas em três eixos: sociais,
políticas e econômicas. Ele argumenta que são as instituições quem, a partir
da diferenciação entre os indivíduos, disciplinam os impulsos desagregadores
da sociedade, sendo ao mesmo tempo responsáveis por sua estabilidade e sua
mudança. As instituições são, portanto, as regras normativas, políticas,
econômicas e sociais que regem uma sociedade. Elas abrangem uma
característica normativa, na medida em que moldam a interação entre o
individual e o coletivo e, ao mesmo tempo, são moldadas pela evolução
sociocultural e político-normativa.

Por que as instituições democráticas devem ser defendidas?   

Segundo a pesquisa realizada pelo Instituto Sivis em parceria com o Instituto


de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), 61,5% dos
brasileiros concordam, totalmente ou em parte, que o governo possa ignorar
leis, o Congresso e outras instituições em um cenário de crise como a
ocasionada pela pandemia do novo coronavírus, se o objetivo for resolver os
problemas e melhorar a vida da população. Os resultados indicam, ainda, que
76,8% das pessoas aceitariam relativizar a democracia em alguma medida
caso o cenário de crise se agrave. Apesar disso, 79,7% acreditam totalmente ou
em parte que a democracia é a melhor forma de governo para o Brasil.

Como explicado pelo Núcleo de Pesquisa de Políticas Públicas da Universidade


de São Paulo,

A desconfiança em excesso sobre as instituições, sobretudo, com continuidade


no tempo, pode significar que, tendo em conta as suas orientações normativas,
expectativas e experiências, os cidadãos percebem as instituições como algo
diferente, senão oposto, àquilo para o qual existem: neste caso, a indiferença
ou a ineficiência institucional diante de demandas sociais, corrupção, fraude ou
desrespeito de direitos de cidadania geram suspeição, descrédito e
desesperança, comprometendo a aquiescência, a obediência e a submissão
dos cidadãos à lei e às estruturas que regulam a vida social (LEVI, 1998;
MILLER e LISTHAUG, 1999; DALTON, 1999; TYLER, 1998).

Neste sentido, a instabilidade e a desconfiança nas instituições podem ser


considerada uma ameaça para a existência da democracia e das
liberdades, afinal sem confiança não existe cooperação e solidariedade. 
Dessa forma, por fim, é preciso lembrar que a democracia não é natural, mas
sim uma criação cultural, por isso não se pode esquecer que sua defesa deve
ser permanente e contínua. Assim, como expõem Levitsky e Ziblatt no livro
Como as Democracias Morrem:

As instituições isoladamente não são o bastante para conter autocratas eleitos.


Constituições têm que ser defendidas – por partidos políticos e cidadãos
organizados, mas também por normas democráticas. Sem normas robustas,
os freios e contrapesos constitucionais não servem como os bastiões da
democracia que nós imaginamos que eles sejam. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

BARROS, Sergio Resende <http://www.srbarros.com.br/pt/nocoes-sobre-


estado-democratico-de-direito.cont>

DALLARI, Dalmo de Abreu – Resumo da Teoria Geral do Estado

FILHO, Manoel Gonçalves - Comentários a Constituição Federal, São Paulo, 3º


ed. 1983

FOLHA <http://direito.folha.uol.com.br/blog/para-entenderoque-estado-de-stio-
de-defesa-de-calamidade-pblicaesituao-de-emergncia>

FÓRUM DE SEGURANÇA PÚBLICA BRASILEIRO


< http://www.forumseguranca.org.br/>

JR. Sebastião Ventura da Paixão
<http://www.institutomillenium.org.br/artigos/instituies-democrticas/>

MEIRELLES, Professor de Direito Administrativo Hely Lopes (Poder de Polícia


e Segurança Nacional, artigo de 1972.
MINISTÉRIO DA DEFESA <http://www.defesa.gov.br/>

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E DA CIDADANIA < http://www.justiça.gov.br/sua-


segurança/segurança-pública>

SILVA, Professor José Afonso – Curso de Direito Constitucional Positivo, São


Paulo, Revista dos Tribunais, 5º ed. 1989

RAUL <http://www.raul.pro.br/didatic/def-estado.htm>

Paulo Antonio de Menezes Albuquerque. Direito e instituições sociais. In Lier


Pires Ferreira et al. 

BBC NEWS BRASIL. Brasil é 4º país que mais se afastou da democracia em


2020, diz relatório

GAZETA DO POVO. 80% dos brasileiros confiam na democracia, mas cenário


de crise ameaça estabilidade.

GAZETA DO POVO. O que são instituições e qual sua relevância?

GEN JURÍDICO. Instituições desalinhadas e ameaça à democracia

Marilde Loiola Menezes. Democracia de Assembleia e Democracia de


Parlamento: uma breve história das instituições democráticas

Douglass North. Instituições, Mudança Institucional e Desempenho Econômico.

Fábio Hoffman Maciel Silva. Declínio da confiança nas instituições políticas: o


desafio da democracia brasileira (1995 – 2017)

Steven Levitsky e Daniel Ziblatt. Como as democracias morrem.

USP. A desconfiança nas Instituições Democráticas


Das Defesas do Estado e das Instituições Democráticas

Instrumentos e Forças Armadas e Segurança Pública


O Título V da Constituição Federal trata dos instrumentos para a manutenção
da ordem e da defesa do país e da sociedade através das Forças Armadas e
da Segurança Pública.

Os instrumentos integram o sistema constitucional de crises. Estes consistem


em medidas excepcionais para manter ou restabelecer a ordem em situações
de gravidade excepcional. Sem esta previsão, os momentos de instabilidade
social poderiam causar a ruptura da ordem constitucional, logo, para evitar que
isso aconteça, a Constituição positiva a regulamentação de regras especiais
que atuarão nesses momentos delicados atípicos.
Os instrumentos para a defesa do Estado são a declaração de Estado de
Defesa e Estado de Sítio, medidas excepcionais que implicam a possibilidade
de determinadas ações normalmente reprováveis.

As Forças Armadas e a Segurança Pública são órgãos que atuam


regularmente, isto é, também quando a sociedade está em sistema de
normalidade a fim de assegurar a ordem e a paz social.

As Forças Armadas são constituídas pela Marinha, Exército e Aeronáutica, e


são instituições nacionais, permanentes e regulares destinadas à defesa da
nação, garantidoras dos poderes constitucionais, da lei e da ordem.

A segurança pública, por sua vez, nos termos do art. 144 da Constituição
Federal, é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, e deve ser
exercida para a preservação da ordem pública e integridade das pessoas e do
patrimônio por meio da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia
Ferroviária Federal, Polícias Civis, Polícias Militares e Corpos de Bombeiros
Militares.

Defesa do Estado

A defesa do Estado pode ser considerada sob três aspectos:

Defesa do território: contra eventuais invasões


Defesa da soberania nacional: contra a intervenção de outros Estados em
nosso governo
Defesa da pátria: contra perturbações que possam afligir a pátria como um
todo. Para evitar movimentos separatistas, por exemplo.
Instituições Democráticas

As instituições democráticas devem ser defendidas para:


Manter-se o equilíbrio da ordem constitucional, isto é, a manutenção do
ordenamento e seu cumprimento;
Manter-se o equilíbrio dos grupos de poder e evitar que um se sobressaia ao
outro;
Em situações de crise, promover o equilíbrio tanto da ordem constitucional
quanto dos grupos de poder.

As defesas do Estado, nada mais é que implantação do Estado de defesa e


Estado de Sítio, que são algumas medidas de emergência para restabelecer a
ordem em meio ao caos instalado, além de citar as Forças armadas para
melhor compreensão da Segurança Pública e sua organização. Além das
Instituições Democráticas, que seriam nossos Direitos Fundamentais, nossos
direitos e deveres, em que compreendemos que um nada mais é que
consequência do outro.
A necessidade de se preservar a Constituição para preservar nossos Direitos,
criando o poder de fogo, para se ter respeito, como diria Maquiavel “É melhor
ser temido que amado”, essa frase ainda é muito utilizada até hoje, e explica
muito bem a necessidade de buscar o respeito através do poder, ocasionando
o medo e o temor.
Mas com nossos Direitos adquiridos, a forma de manter o respeito à
Constituição, nada mais é que através da punição, a represália para aqueles
que a desobedece.

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