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REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS – CF/88

 Competência geral da União (art. 21): manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações

internacionais; declarar guerra e celebrar paz; emitir moeda; executar os serviços de polícia marítima,

aeroportuária e de fronteiras etc. E são monopólio da União refinação do petróleo nacional ou estrangeiro (art. 177)

 Competência privativa de legislar da União (art. 22): assuntos mais relevantes à vida social no País, é

complementado pelo art. 48, CF. Entre esses assuntos estão elencados direito civil, processual, do trabalho,

desapropriação, águas, sistema monetário, trânsito, cidadania, normas gerais de licitação e contratos, diretrizes e

bases da educação.
Competência dos Estados (art. 25): tratar de assuntos residuais e poderes específicos

para a exploração do serviço de gás canalizado, a competência legislativa para criar as

regiões metropolitanas: São Paulo, Recife, Goiânia; a criação/fusão/desmembramento

de Municípios (respeito ao período fixado LC); matéria orçamentária, criação, extinção e

fixação de cargos públicos estaduais, autorização para alienação de imóveis, criação de

Secretarias de Estado, organização administrativa, judiciária, do Ministério Público, da

Defensoria Pública e da Procuradoria-Geral do Estado. No aspecto tributário, as

competências correlatas aos Estados estão elencadas no art. 155, da CF/88.


 Competência comum material da U-EM-DF-M (art. 23): todos devem zelar pela guarda da

CF/88, das instituições democráticas e conservação do patrimônio público. Podem legislar sobre
proteção meio ambiente, combate à poluição, melhoria das condições habitacionais e
saneamento básico, proteção obras de arte, sítios arqueológicos etc. É comum, por pertencer a
todos os entes da federação, levando-se em consideração a esfera de atuação.

 Competência legislativa concorrente (art. 24): a União editará normais gerais e Estados
exercem competência suplementar. Se não houver norma geral, Estado pode legislar de forma
ampla. Tratam-se do direito tributário, financeiro, previdenciário, urbanístico, conservação da
natureza e preservação do meio ambiente, educação, proteção e integração social da pessoa
com deficiência, proteção infância e juventude, do patrimônio histórico, artístico, turístico e
paisagístico, assistência jurídica, defensoria pública etc. 11
Competência dos Municípios (arts. 29 e 30):

São regulados pela Lei Orgânica e deve observar limites constitucionais. Tratam de

assunto de interesse local, tais como: criação/organização/supressão de distritos,

observada a lei estadual, a prestação de serviço de transporte coletivo municipal, com

a cooperação técnica e financeira da União, a execução de programas de educação

infantil e ensino fundamental e a prestação de serviços de saúde, a preservação do

patrimônio histórico-cultural local.


INTERVENÇÃO FEDERAL NOS ESTADOS OU DF – ART. 34, CF

 Restringe autonomia do ente para preservar integridade política, jurídica e física da


federação. É medida drástica/excepcional para proteger/manter o Estado Federal e entes.

Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: (rol taxativo)
I - manter a integridade nacional;
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que: a) suspender o pagamento da dívida
fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior; b) deixar de entregar aos
Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;

VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: a) forma

republicana, sistema representativo e regime democrático; b) direitos da pessoa

humana; c) autonomia municipal; d) prestação de contas da administração pública,

direta e indireta. e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos

estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e

desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.

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Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:
I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou impedido,
ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o Poder Judiciário;
II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de requisição do Supremo Tribunal Federal,
do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral;
III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador-Geral da República,
na hipótese do art. 34, VII, e no caso de recusa à execução de lei federal.
§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o prazo e as condições de execução e que,
se couber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação do Congresso Nacional ou da
Assembleia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro horas.
§ 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a Assembleia Legislativa, far-se-á convocação
extraordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas.
§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional ou
pela Assembleia Legislativa, o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa
medida bastar ao restabelecimento da normalidade.
§ 4º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo
impedimento legal.
INTERVENÇÃO FEDERAL NOS ESTADOS OU DF – ART. 34, CF

 Espécies:

a) espontânea ou ex officio: somente o Presidente da República poderá decretar a intervenção federal


nessa modalidade, mas deverá ouvir seus órgãos de consulta não deliberativos: Conselhos da
República (art. 89) e de Defesa Nacional (art. 91). Trata-se de ato discricionário do Presidente da
República. Previstas art. 34, inc. I, II, III e V.

b) provocada: b1) por solicitação: se houver coação ou impedimento ao livre exercício de qualquer
dos poderes (Legislativo ou Executivo) nas unidades da federação (art. 34, IV). O Presidente da
República dependerá da solicitação de um dos poderes coatos ou impedidos, mantendo, todavia, a
característica de ato discricionário, conforme art. 36, inc. I, CF/88.
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b2) por requisição: conforme art. 36, I, da CF/88, verifica-se no caso de a coação ou o

impedimento, que fira a garantia do livre exercício de qualquer dos poderes nas

unidades da federação, prevista no art. 34, IV, da CF/88, recair sobre o Poder Judiciário.

Nesse caso, o decreto interventivo do Presidente da República é ato vinculado e não

discricionário, como nos casos de intervenção espontânea e provocada por solicitação.

Já na hipótese de ordem ou decisão judicial ignorada, prevista no art. 34, VI, da CF/88,

o tribunal que tiver proferido a decisão, seja ele o STF, STJ) ou TSE (art. 36, II). Se

decisão de qualquer outro tribunal dependerá de requisição do STF, a ser provocado

por ofício.
b3) por representação: precisa de representação do Procurador-Geral da República (art. 36, III, CF) e provimento do STF em
ação direta de inconstitucionalidade interventiva, no caso de ofensa aos PRINCÍPIOS SENSÍVEIS (art. 34, VII).
A violação aos princípios sensíveis, nesse caso, deve decorrer de lei estadual ou lei distrital.
A intervenção provocada por representação do Procurador-Geral da República também ocorrerá para prover a execução de
lei federal, dependendo de provimento do STF, nos termos do art. 34, VI, CF. A intervenção, nesse caso, configura-se como
vinculada.
Por fim, o Congresso Nacional realiza o controle político do decreto presidencial de intervenção, conforme art. 36, §§ 1º e
2º, da CF/88, devendo fazê-lo no prazo de 24 horas e, no caso de recesso parlamentar, deverá ser feita convocação
extraordinária dentro do mesmo prazo.
Essa apreciação pelo Congresso será dispensada nos seguintes casos:
(i) quando o decreto interventivo se limitar a suspender a execução do ato impugnado, que ensejou a intervenção, nos
casos previstos no art. 34, VI e VI e no art. 35, IV, bastando essa medida para reaver a normalidade, nos termos do art. 36,
§3º, da CF/88;

(ii) quando objetivar o cumprimento de ordem ou decisão judicial (art. 34, IV,da CF/88); ou

(iii) em caso de violação de princípio sensível (art. 34, VII, da CF/88).


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INTERVENÇÃO ESTADUAL NOS MUNICÍPIOS – ART. 35, CF

 Serve para preservar integridade política, jurídica e física dos Estados. É medida drástica e
excepcional, somente usada nas hipóteses previstas no art. 35, CF/88.
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em
Território Federal, exceto quando:
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada;
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios
indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão
judicial.
 A intervenção ESTADUAL também pode ser classificada em: a) espontânea, nos casos
previstos nos incisos I, II e III, do art. 35, CF/88, ou seja, dependendo da conveniência e
oportunidade do Governador para decretá-la; e b) provocada, nas hipóteses trazidas no inciso
IV do art. 35, CF/88, quando dependerá de provimento de representação pelo Tribunal de
Justiça. 16
Bibliografia
BARROSO, Luís Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: os
conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. 9. ed. – São Paulo:
Saraiva Educação, 2020.
BRAZ, Jacqueline Mayer da Costa Ude. Teoria geral do direito constitucional.
Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2016.
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Aspectos do direito constitucional
contemporâneo. 3. ed. – São Paulo: Saraiva, 2011.
LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 23. ed. – São Paulo:
Saraiva Educação, 2019.
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 35. ed. – São Paulo: Atlas, 2019.
SARLET, Ingo Wolfgang ; MITIDIERO, Daniel ; MARINONI, Luiz Guilherme. Curso
de direito constitucional. 9. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
TAVARES, André Ramos. Curso de direito constitucional. 18. ed. – São Paulo:
Saraiva Educação, 2020. 17

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