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Direito administrativo par advogado do Senado

Estado
Conceito: sociedade política e juridicamente organizada em determinado território. O Estado é
pessoa jurídica, por isso, trava relações com outros Estados, outros países, e seus
administrados. O administrado é o cidadão, o particular.

Formas de Estado
Federação (art. 18 da CF): Na federação há uma repartição do poder político do Estado. A
capacidade financeira (gerar e gerir impostos), administrativa (autoadministração) e política
(autogoverno) não fica concentrado em um único ente. Cada ente da federação recebe uma
parcela do poder. Os Entes da federação são: A união, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios. A constituição divide a competência de cada um dos entes.

A forma de federação no Brasil foi de dentro para fora. Antigamente a forma de estado era
unitária, isso mudou, criando a distribuição do poder político do Estado. Cada ente recebeu a
sua capacidade. A consequência foi a acumulação de um ente a maior competência financeira,
política e administrativa: A União.

O art. 21, da CF, dispõe sobre as atribuições administrativas da União. O que não for da União
e é de interesse regional, fica para os estados (atribuição residual). O que for de competência
comum fica para os municípios.

Ex.: cuidar serviços de transmissão de imagem e sonoras. A União deve prestar esse serviço
conforme art. 21, CF. O serviço é prestado diretamente ou mediante concessão, permissão ou
autorização para particulares.

O art. 21, inciso I, da CF, dispõe sobre os serviços de telecomunicações. A União deveria
prestar esses serviços através da sua estrutura ou através de empresas que a União detivesse
da maioria do capital social. Em 1998, Fernando Henrique Cardoso, deu continuidade ao
processo de desestatização e o Estado diminuiu a sua participação no segmento. Nesse
processo, essa atividade continuou sendo da União, mas podendo também ser prestada
mediante concessão, permissão ou autorização. Hoje, a União presta esses serviços por meio
de concessão.

Art. 21. Compete à União:


I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais;
II - declarar a guerra e celebrar a paz;
III - assegurar a defesa nacional;
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo
território nacional ou nele permaneçam temporariamente;
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal;
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico;
VII - emitir moeda;
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de natureza financeira,
especialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência
privada;
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de
desenvolvimento econômico e social;
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
XI - explorar, diretamente ou mediante concessão a empresas sob controle acionário estatal,
os serviços telefônicos, telegráficos, de transmissão de dados e demais serviços públicos de
telecomunicações, assegurada a prestação de serviços de informações por entidades de direito
privado através da rede pública de telecomunicações explorada pela União.
(Revogado)
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de
telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação
de um órgão regulador e outros aspectos institucionais; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 8, de 15/08/95:)
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens e demais serviços de
telecomunicações;
(Revogado)
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 8, de 15/08/95:)
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de
água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura aeroportuária;
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras
nacionais, ou que transponham os limites de Estado ou Território;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública do
Distrito Federal e dos Territórios;
(Revogado)
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público do Distrito Federal e dos
Territórios e a Defensoria Pública dos Territórios; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 69, de 2012) (Produção de efeito)
XIV - organizar e manter a polícia federal, a polícia rodoviária e a ferroviária federais, bem
como a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal e dos
Territórios;
(Revogado)
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do
Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução
de serviços públicos, por meio de fundo próprio; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
19, de 1998)
(Revogado)
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia penal, a polícia militar e o corpo de bombeiros
militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a
execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 104, de 2019)
XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e cartografia de
âmbito nacional;
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de programas de
rádio e televisão;
XVII - conceder anistia;
XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas,
especialmente as secas e as inundações;
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de
outorga de direitos de seu uso; ( Regulamento )
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento
básico e transportes urbanos;
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de viação;
XXII - executar os serviços de polícia marítima, aérea e de fronteira;
(Revogado)
XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio
estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o
comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e
condições:
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e
mediante aprovação do Congresso Nacional;
b) sob regime de concessão ou permissão, é autorizada a utilização de radioisótopos para a
pesquisa e usos medicinais, agrícolas, industriais e atividades análogas;
(Revogado)
b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de radioisótopos
para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 49, de 2006)
(Revogado)
b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de radioisótopos
para pesquisa e uso agrícolas e industriais; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 118,
de 2022)
c) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa;
(Revogado)
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização e utilização de
radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 49, de 2006)
(Revogado)
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, a comercialização e a utilização de
radioisótopos para pesquisa e uso médicos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 118,
de 2022)
d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa; (Incluída pela
Emenda Constitucional nº 49, de 2006)
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem, em
forma associativa.
XXVI - organizar e fiscalizar a proteção e o tratamento de dados pessoais, nos termos da lei.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 115, de 2022)

Os territórios, que hoje não existem no Brasil, não são entes de federação. Para a doutrina
administrativas, os territórios são de natureza de autarquia territorial ou geográfica. A função
do território é prestar atividades administrativas para quem está no território, por isso é quase
uma autarquia, que presta serviços públicos de maneira descentralizada. Os territórios são
mais comuns em Estados unitários, porque há apenas um único centro de poder. No entanto,
na federação já há uma distribuição de capacidade administrativa, sem haver sentido para ter
territórios.

Para a doutrina administrativista os territórios tem natureza de autarquia territorial ou


geográfica
Poderes (funções) do Estado
Cada poder vai ter funções típicas ou atípicas:

Poder Judiciário: exercer jurisdição e assegurar a supremacia da Constituição. É inevitável que


conflitos aconteçam. Se os cidadãos não conseguem resolver os seus conflitos, um agente do
Estado irá aplicar o direito e dizer quem tem o direito no caso concreto. Outra função típica do
Poder Judiciário é evitar que normas que ofendam a Constituição ingressem no mundo
jurídico.

As funções atípicas são: administrativa (concurso público, licitação etc.) legislativa (confecção
dos regimentos internos).

Somente o poder judiciário tem jurisdição.

Poder Legislativo: legislar e fiscalizar. Legislar significa inovar no direito, ou seja, fazer leis. As
leis nascem com as características de generalidade para abranger o maior número possível de
pessoas e a abstração para produzir efeitos em diversas situações. As leis de efeito concreto
são leis que só tem forma de lei e natureza de ato administrativo. Ela nasce como se fosse uma
lei, mas é feita para atingir uma pessoa ou um grupo de pessoas em especial. Ex.: lei que
concede aos jogadores da copa de 58 pensão previdenciária, lei que desapropria uma
propriedade, lei que transforma área particular em parque nacional. É admissível interposição
de mandado de segurança contra lei de efeito concreto, porque ela só tem forma de lei, sendo
um ato administrativo revestido de lei.

O legislativo também tem o poder de fazer fiscalização política administrativa, através de CPIs,
e fiscalização econômico-financeira, feita com o auxílio do Tribunal de Contas. O tribunal de
Contas não é subordinado, não é hierarquizado aos legislativos, há na verdade uma vinculação
ao legislativo.

O legislativo tem função atípica administrativa, quando faz licitação, licença, férias ao servidor.
Ainda, tem função jurisdicional quando julga o Presidente pelo crime de responsabilidade, por
exemplo. A câmara dos deputados faz um show pirotécnico, com juízo de admissibilidade,
admitindo o processo. O processo vai para o Senado com uma analise prévia menos
chamativa. O senado julga o crime de responsabilidade.

Poder Executivo: administrativa e política. A função administrativa é típica deste poder. Ele
tem a função atípica de legislar, quando o chefe do Poder Executivo, faz medida provisória que
tem força de lei. O executivo tem função jurisdicional com o CADE, autarquia vinculada ao
Ministério da Segurança Pública, que vai julgar as infrações contra a ordem econômica e vai
aplicar sanções. Também é possível citar o CAF, que tem competência de julgar em ultima
instancia questões tributária.

Para provas, entende-se que o PAD é uma função administrativa típica do Poder Executivo e
atípica dos demais poderes.

DIRETO DO CONCURSO 1. (2019/QUADRIX/CRO-GO/ASSISTENTE ADMINISTRATIVO) As funções


típicas dos Poderes do Estado não poderão ser convertidas em funções atípicas.

Estado
Sociedade política e juridicamente organizada em determinado território
Poderes do Estado

Poderes do Estado
 Os três poderes do Estado são independentes e
harmônicos entre si.
Poder Legislativo
 Jurisdição – É o poder que tem o Estado de substituir a
vontade das partes e dizer quem tem o direito diante
Poder Judiciário do caso em concreto
 Doutrinadores entendem que quando um tribunal faz
seu regimento interno ele está exercendo função e
Poder Executivo
legislar.

 A função administrativa para o judiciário é atípica assim como a função de legislar.

 Fiscalização – A fiscalização pelo legislativo também ocorre no âmbito financeiro com o auxilio
do tribunal de contas.

 O tribunal de contas é um órgão independente, não estando ele hierarquicamente submisso ao


legislativo.

 Também existe uma espécie de fiscalização político-administrativa que se materializa na figura das
comissões parlamentares de inquérito (CPI).

 O legislativo possui o poder atípico e julgar, um exemplo é quando o congresso nacional julga crimes
cometidos pelo chefe do executivo.

 O poder executivo possui função atípica de legislar, quando há a edição de medidas provisórias.

 Existe uma autarquia, o conselho administrativo de defesa econômica (CADE) que é vinculada ao
Ministério da Justiça que tem o poder de julgar as infrações contra a ordem econômica.

Governo
Conceito: é o núcleo decisório ocupado temporariamente por pessoas eleitas.

Forma de Governo

A forma de governo é a República.


Governo
Núcleo decisório do Estado ocupado por pessoas, que define seus objetivos, diretrizes, metas e políticas
públicas.

 O governo é ocupado não só pelo executivo, mas também pelo legislativo.

Administração Publica
É o aparelhamento do Estado que executa as políticas públicas definidas pelo governo.

 Cada membro do Estado, sejam eles os entes, estados, municípios e a União terão autonomia política,
financeira e administrativa.
Serviços de Gás canalizado é constitucionalmente expresso que se trata de atribuição do estado, não
cabendo nem à união nem ao município.

Características:
 Eletividade
 Temporalidade
 Representatividade Popular
 Responsabilidade (dever de prestar contas).

Sistema de Governo
No Brasil, o sistema de governo é o presidencialismo, onde o presidente é chefe de estado,
chefe de governo e da administração pública.

Regime de Governo
A democracia é o regime de governo.

Subjetivo/
orgânico/formal

órgão Público Entidade Pública Agentes Públicos

Material/funcional/objetivo

Fomento Poder de Polícia serviços Públicos Intervenção


Administração Publica

Subjetivo/organico/formal

Objetivo/material/funcional

 Tipo de função exercida fala de conceito objetivo/material/funcional


 Tipo estrutural (aquele que compõe) é o sentido subjetivo/formal/orgânico

Administração Federal
É composta pelo Presidente da República e seus ministérios.
Direito Administrativo
Origem
O direito administrativo surgiu a cerca de 200 anos na França devido ao caso Blanco, onde em
um atropelamento de uma menina por um veículo da companhia de fumo do Estado francês
questionou-se se deveria ser usado ou não o código napoleônico.

A Taxonomia do direito Administrativo é que ele é um direito que versa de relações entre o
Estado e os particulares.

Conceitos
Escola do serviço publico
Formou-se na França, inspirou-se na jurisprudência do conselho de Estado Frances, a partir do
caso Blanco. Para essa corrente, o direito administrativo é o ramo do direito que estuda a
estão dos serviços públicos. Segundo essa teoria, qualquer atividade prestada pelo Estado é
serviço público. No entanto, tal teoria perde força, em virtude de que nem todas as atividades
estatais se resumem a serviço público. Um exemplo, é o poder de polícia. Ademais, é possível,
com a ampliação das atividades estatais o exercício de atividade econômica, que, para muitos
não se confunde com serviço público.

Critério do poder executivo


Par essa teoria, o direito administrativo se esgota nos atos praticados pelo Poder Executivo.
Contudo, exclui os atos do Poder Legislativo e do Judiciário no exercício da atividade
administrativa, restringindo, soberania, o direito administrativo ao âmbito do poder executivo.
Essa teoria não considera a função política exercida pelo Poder Executivo, que não se confunde
com a função administrativa.

Critério teleológico (ou finalístico)


Conjunto de normas e princípios que norteiam o atendimento dos fins do Estado.]

Critério negativista ou residual


Por exclusão, encontra-se objeto do direito administrativo: aquilo que não for pertinente às
funções legislativos e jurisdicional será objeto do direito administrativo.

Critério das Atividades Jurídicas ou sociais do Estado


Direito Administrativo é o conjunto de princípios que regulam a atividade jurídica não
contenciosa do Estado e constituição dos órgãos e meios de sua atuação em gera.

Critério da Administração Pública


Conjunto de Princípios que envolvem a Administração Pública. Conceito apresentado por Hely
Lopes Meirelles: “conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, agentes e
atividades públicas, tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados
pelo Estado”
Escola a puissance publique ou potestade pública (distinção entre atividades
de autoridades e atividades de gestão)
Por essa escola há a distinção entre atividades de autoridade e atividades de gestão. No
primeiro caso, o Estado atua com autoridade sobre os particulares, com poder de império, por
um direito exorbitante de comum; por outro lado, nas atividades de gestão, o Estado atua em
posição de igualdade com os cidadãos, regendo-se pelo direito privado.

Definição dos autores


Hely Lopes Meirelles, com base no critério da administração pública, define o direito
administrativo como: “o conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os
agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins
desejados pelo Estado”.

Maria Di Pietro define o Direito Administrativo como “o ramo do direito público que tem por
objeto os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração
Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exerce e os bens e meios de que se utiliza
para a consecução de seus fins, de natureza pública.”

Segundo a autora: Costuma-se indicar, corno termo inicial do nascimento do Direito


Administrativo, a Lei de 28 pluvioso do Ano VIII (1800), que organizou juridicamente a
Administração Pública na França. Vários autores fazem referência a essa lei como o marco
inicial do direito administrativo, mas o que deu destaque e o fez ganhar notoriedade foi o caso
Blanco, em 1789.

Celso Antônio Bandeira de Mello conceitua o direito administrativo como:

“o ramo do Direito Público que disciplina a função administrativa e os órgãos que a exercem”.

Além desses autores citados acima também são importantes para o estudo do Direito
Administrativo: Diogo de Figueiredo, Moreira Neto, José dos Santos Carvalho Filho, entre
outros.

Fontes do Direito Administrativo


A fonte primordial, principal e máxima do direito administrativo é a lei, mas existem outras
fontes.

A Lei
Quando os autores referem que o Direito Administrativo nasce da lei, não é apenas da lei no
seu sentido estrito, mas da lei no seu sentido amplo porque há uma fonte de hierarquia de
normas e no topo da pirâmide está a Constituição Federal (CF); abaixo estão as leis, tanto
ordinárias quanto complementares, e as demais que tem como fonte primária a CF e, a seguir,
os atos normativos, como decretos, resoluções, portarias e instruções.

Quando se pensa em fonte do Direito Administrativo, como fonte de origem não é apenas no
sentido estrito (lei ordinária ou lei complementar, é lei no sentido amplo da expressão, o que
envolve desde a CF até os atos normativos inferiores.

O direito Administrativo nasce de todas essas fontes normativas: nasce da CF, das leis e até
dos atos administrativos.

A CF versa regras sobre servidores públicos, logo faz referencia ao direito administrativos, logo
a própria CF traz regras que dão origem ao Direito Administrativo.
No meio da pirâmide estão as leis ordinárias, as leis complementares e medidas provisórias,
que irão dispor sobre a Administração Pública, servidores, licitações, contratos e, na base da
pirâmide, os decretos, resoluções, portarias e instruções normativas que irão dispor sobre
regras de direito administrativo.

Antes mesmo de lei que traga vedação ao nepotismo no Poder Executivo, existe um decreto
federal de 2010, válido para a Administração Pública Federal que veda o nepotismo dentro da
Administração Pública Federal, veda o nepotismo nas licitações e contratos, nas nomeações
para cargos em comissão ou função de confiança: não há uma lei, a nível federal, para isso, há
jurisprudência. O decreto está na base da pirâmide e é uma fonte do Direito Administrativo.

A fonte principal é a lei, mas a lei no sentindo amplo, que envolve desde a CF até os atos
normativos inferiores.

Essa lei é a principal, porque é ela que prevalecerá diante de outra fonte, pois há outras fontes
com a doutrina, a jurisprudência e os costumes, sendo a lei a fonte primordial em seu sentido
amplo e que prevalece sobre as demais

Obs.: há um tratado internacional, assinado pelo Brasil, que combate a corrupção na


administração pública – esse tratado internacional, que não é uma regra, que não está na CF,
não é uma lei, nem um ato normativo, está influenciando o Direito Brasileiro.

Doutrina
A doutrina compreende as teses escritas pelos operadores de Direito, teses na forma de livros,
de artigos, de trabalhos científicos que os autores escrevem e influenciam, em muito, a
atividade administrativa, até porque a fonte principal é a lei, que vai carecer de explicação, vai
necessitar de explicação porque ela tem palavras imprecisas, possui textos que ela faz questão
de deixar para a doutrina explicar. A doutrina é portanto, uma fonte que visa influenciar a
atividade administrativa.

Atualmente, existe uma lei federal que determina que a administração tem 5 anos para anular
os atos que possam ter beneficiado um particular e depois desses 5 anos não pode fazer mais
nada, a não ser que o particular esteja de má-fé. Essa lei é de 1999, mas muito antes de 1999,
alguns órgãos, algumas autoridades, deixavam de anular atos que tinham beneficiado
particulares baseando essas decisões na doutrina, porque muitos autores já consideravam que
“não era possível a Administração ter a eternidade para anular seus atos, devendo existir um
prazo”, e já antecipava um prazo de 5 anos.

Isso já influenciava a atividade administrativa sem ser lei, hoje está na lei, ou seja, a doutrina
influenciou até a formação de lei.

Jurisprudência
São decisões reiteradas dos tribunais que vão na mesma direção. Hoje, há jurisprudência sobre
candidato que passa em concurso, dentro das vagas, ter direito à nomeação – isso foi derivado
de uma situação na qual o candidato prestou o concurso, passou nas vagas e não foi nomeado,
entrou judicialmente e o juiz concedeu.

O Estado recorreu e chegou até o Tribunal Superior, que confirmou. E foram surgindo novos
casos, vários outros e formou-se uma jurisprudência que chegou ao Supremo Tribunal Federal
que decidiu: “candidato que passa no concurso dentro das vagas tem direito à nomeação”.

Via de regra, é assim que se forma uma jurisprudência.


Hoje, há mecanismos que permitem a jurisprudência de um julgamento só – quando o STF
decide apreciar um caso em repercussão geral é porque está havendo divergência sobre
aquele caso nos tribunais.

Há formas de criar precedentes, não apenas no sentido de orientar os tribunais, mas também
toda a administração pública.

A jurisprudência envolve também as súmulas que são enunciados s da jurisprudência.

Depois de consolidada a jurisprudência, é feita uma súmula, que retrata o caso para tornar
mais fácil a aplicação e dar mais segurança jurídica a essa aplicação.

Se o STF quiser, pode fazer uma Súmula: “o candidato que passe em concurso dentro das
vagas, tem direito à sua nomeação”: em breves linhas está feito o enunciado de uma súmula
que influenciará os tribunais e também toda a Administração Pública.

Existem também as denominadas súmulas vinculantes. A súmula normal, qualquer tribunal


pode fazer, mas a súmula vinculante quem faz é o STF, conforme prevê o art. 103-A da CF.

A jurisprudência e as súmulas não vinculam a Administração, tanto que a Lei n. 9.784/1999


prevê que quando a Administração deixar de seguir uma jurisprudência ou súmula, deve
motivar, justificar.

A súmula de caráter vinculante vincula todo o Judiciário, toda a Administração Pública.

Obs.: há doutrina que entende que as súmulas vinculantes, pela sua força, seriam fonte
primária do Direito Administrativo, do mesmo nível da lei – quem assim considera é Vicente
Paulo e Marcelo Alexandrino, dois autores que já tiveram um livro muito utilizado em provas
de concurso.

A lei é a fonte primária, a fonte primordial, sendo todas as demais secundárias, acessórias ou
informais e essa doutrina coloca a súmula vinculante no mesmo nível da lei, como se também
fosse uma fonte primária.

Costumes
Os costumes são práticas administrativas reiteradas e realizadas com a consciência de
obrigatoriedade. A reiteração cria na pessoa que pratica a consciência de ter a força da
obrigação dos costumes.

Como é feita a publicação de um edital de concurso público federal? A União publica no Diário
Oficial da União, assim como é publicada a nomeação e os dados oficiais da União.

E o município com 15 mil habitantes, que não tem imprensa oficial, nem sequer um jornal de
grande circulação? como esse município divulga os seus atos oficiais? Ele terá que publicar
edital de concurso, nomeação de servidores, onde? Publica nos meios de costume, utilizará os
meios de costume da região para fazer essa publicação.

Por vezes, o local de costume é o mural da Prefeitura; outros poderão ter, como local de
costume para publicação, um carro de som, como o “carro da pamonha”, ou o “carro do ovo”.

O costume é tão forte que gera a obrigação de ser respeitado. Contrariar um costume pode
gerar para um particular o direito de invocar o costume a seu favor.
Os costumes servem para auxiliar na aplicação da lei: se existe uma lacuna em determinada
lei, os costumes podem auxiliar na aplicação da lei – não havendo lei, os costumes podem ser
uma fonte.

Os costumes não podem ser contra a lei, os costumes contra a lei são ilegais.

Se a CF estabelece que para acessar cargo público deve haver concurso, pode-se, em
determinado local, invocar que costumes locais são de nomear sem necessidade de concurso
público, sendo essa uma prática antiga?

Não, os costumes não podem ser contrários à lei

Administração Pública
Conceito: é o conjunto de órgãos, agentes e entidades públicas que implementam as decisões
do Governo. É chamada máquina do Estado, pois é a que faz o Estado se Desenvolver.

Obs.: no Brasil, o Presidente da República é o Chefe de Estado, do Governo Federal e da


Administração Pública Federal.

Sentido da palavra Administração pública.


No sentido subjetivo/orgânico/formal, são órgãos, as entidades e os agentes públicos. A
pergunta que se deve fazer para descobri é: quem é a administração pública?

Obs.: a palavra-chave é atividades.

Sendo assim, a partir desses dois conceitos entende-se que sempre terá alguém, um órgão,
entidade ou agentes desenvolvendo uma das funções de fomento, poder de polícia, serviços
públicos ou intervenção.

Exemplo de fomento:
 Quando o BNDS faz financiamento diferenciado para o pessoal da agricultura;
 Quando o Ministério da Economia incentiva um certo segmento social

Exemplos de Poder de Polícia


 Uma autarquia fiscalizando o trânsito;
 A polícia Federal fazendo suas funções que estão na Constituição

Exemplo de Serviço Publico


 As empresas de telefonia executando serviço público.
 Exemplo de Intervenção
 As agencias reguladoras que são criadas para fazer intervenção

A intervenção é na atividade econômica. Segundo o art. 174, pode ser direta ou indireta. Art.
174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma
da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o
setor público e indicativo para o setor privado. (Vide Lei n. 13.874, de 2019) .

O papel normativo e regulador trata-se do papel normalizador da atividade econômica.

A intervenção indireta ocorrer pelas agencias reguladoras criadas para regular, controlar e
fiscalizar certos seguimentos da atividade comercial.
Segundo o art. 173, em caso de segurança nacional ou relevante interesse coletivo, o Estado
pode criar empresas estatais para explorar atividade comercial juntamente com o particular.
Nesse sentido, ocorre a intervenção direta na atividade econômica.

Obs.: Alguns autores entendem que a intervenção direta não é atividade administrativa, pois
consideram que é atividade econômica que se confunde com atividade administrativa
tipicamente exercida pela administração pública.

DIRETO DO CONCURSO 1. (CESPE/PREFEITURA DE BELO HORIZONTE/MG/PROCURADOR


MUNICIPAL) Em sentido objetivo, a administração pública se identifica com as pessoas
jurídicas, os órgãos e os agentes públicos e, em sentido subjetivo, com a natureza da função
administrativa desempenhada.

Sentido subjetivo identifica-se com as pessoas jurídicas. Sentido objetivo identifica-se com a
natureza da função administrativa desempenhada.

Administração extroversa e introversa


No caso de as relações jurídicas administrativas serem constituídas em face dos administrados,
teremos a chamada Administração Extroversa, pois nela existem ações extroversas
(EXTERNAS), que incidem para fora do núcleo estatal atingindo os administrados, a exemplo de
ações de política administrativa, que frenam a atividade particular, em benefício do bem
comum.

Essas relações extroversas são fundamentais, portanto, nos princípios administrativos


implícitos da Supremacia do Interesse Público sobre o Privado e a Indisponibilidade, pela
Administração, dos interesses dos administrados.

Por outro lado, temos as relações introversas, que compõem a Administração Introversa,
materializando-se pelos atos administrativos realizados entre os Entes Políticos (União,
Estados, Municípios e DF), entre esses e os órgãos da Administração Direta e entre esses e
entre si.

Trata-se, assim das relações jurídicas administrativas realizadas internamente, no âmbito da


estrutura interna administrativa e, por isso, são considerados instrumentais em relação à
administração Extroversa, já que os órgãos e as pessoas jurídicas devem ser organizar
relacionando-se, a fim de efetivar as políticas publicas e atividades diversas de execução
material, em prol de um bem comum.

Desse modo, conforme diz Diogo Figueiredo Moreira Neto, enquanto a administração política
Extroversa é finalística, na medida em que é atribuída especificamente a cada ente político,
obedecendo a uma partilha constitucional de competências, a administração pública
introversa é instrumental, visto que é atribuída, genericamente a todos os entes, para que
possam atingir aqueles objetivos.

A administração pública introversa é a relação dos entes da federação entre si e entre os


diversos órgãos da sua administração direta e indireta. É um instrumento para satisfazer o
interesse da coletividade.

A administração pública extroversa é a administração e os administrados relacionando-se. É


finalística porque tem que tingir como fim o interesse da sociedade.
Sistemas Administrativos

Sistema do contencioso administrativo (francês)


Também denominado de “sistema dual”, é como se houvesse duas jurisdições: uma justiça
administrativa separada da comum.

Na justiça administrativa, e é assim na França, há um tribunal de conflitos administrativos, um


tribunal do contencioso administrativo. Havendo o envolvimento do Estado, órgãos e
entidades públicas, com particulares, quem julgará será o tribunal administrativo. Se a relação
for apenas entre particulares, quem julgará será o tribunal comum.

O que for julgado na justiça administrativa não pode ser depois levado para a justiça comum.

Na França, a justiça administrativa, o tribunal administrativo, julga as questões com solução


definitiva e faz coisa julgada administrativa, o que não acontece no Brasil.

Apesar do Direito Administrativo brasileiro buscar muitas fontes no direito francês, inclusive
em autores franceses, nesta parte não foi o sistema adotado pelo Brasil: no país foi adotado o
sistema judiciário ou sistema inglês.

Sistema Judiciário conhecido também como sistema inglês, sistema de


controle judicial, ou jurisdição única. (ADOTADO PELO BRASIL)
Também conhecido como “jurisdição única” tem base no art. 5º, XXXV da CF “não se excluirá
de apreciação do judiciário lesão a direito ou ameaça de lesão a direito”. Qualquer causa pode
ser levado ao judiciário.

Pode este sistema, adotado no Brasil, há uma justiça administrativa e uma justiça comum e,
independentemente de passar por uma via administrativa ou de todos os recursos disponíveis
serem ali esgotados, caberá ainda recursos ao judiciário, à justiça comum

È a jurisdição única, uma única jurisdição julgará os litígios de forma definitiva, é no judiciário
que se faz a coisa julgada.

Este sistema, contudo, tem suas exceções:

1. Justiça Desportiva – a justiça desportiva não é um sistema judicial. Na CF não estão


elencados, dentre os órgãos do Judiciário, a Justiça Desportiva: é uma justiça
administrativa.

CF Art. 217 (...) § 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições
desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei. § 2º A
justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias, contados da instauração do processo,
para proferir decisão final.

2. Súmula n. 2 do STJ - Não cabe habeas data (CF. art. 5º. LXXII, a”) se não houve recusa
de informações por parte da autoridade administrativa. O habeas data tanto serve
para conhecer como para corrigir informações acerca de uma pessoa, como também
´´e possível entrar com habeas data no judiciário e o juiz determinará se aquele órgão
público ou de caráter público dará acesso à informação que pertence a uma pessoa ou
que corrija as informações que constam no órgão e que estão erradas.
Trata-se de um remédio constitucional, mas para entrar com habeas data na via
judicial, primeiramente, segundo o STJ (a jurisprudência influenciando o direito
administrativo), deve existir uma negativa por parte da via administrativa para não
configurar falta de interesse do direito de agir: como bater à porta do judiciário, sendo
que nem a via administrativa foi acionada?

3. Reclamação para assegurar aplicação de súmula vinculante - a lei 11.417/2006, que


regulamento art. 103-A da CF, estabeleceu que contra omissão ou ato da
administração pública, ou uso da reclamação só será admitido após esgotamento das
vias administrativas.

4. Mandado de Segurança quando houver recurso administrativo com efeito suspensivo – a


Lei n. 12.016/2009 previu que não cabe o MS “cabe recurso administrativo com efeito
suspensivo, independente de caução (art. 5º, I).
O MS visa assegurar o direito líquido e certo que está sendo violado. Se
administrativamente alguém entrou com o recurso foi dado o efeito suspensivo, é porque
ainda não houve a violação do direito porque o efeito do ato está sustado.
Enquanto o recurso tiver efeito suspensivo, não é possível recorrer com MS para
questionar aquele ato.
Se, por exemplo, alguém está num concurso público e foi excluído por conta de uma
tatuagem, o que, via de regra, não pode ocorrer: a pessoa poderia entrar com um MS
contra o órgão, mas entra com recurso administrativo – o órgão, enquanto julga, concede
o efeito suspensivo à decisão, ou seja, a pessoa continua nas demais etapas do concurso.
Enquanto vigora esse efeito suspensivo, não cabe recurso com MS. Se, julgado o recurso, a
pessoa perder, poderá entrar com MS na via judicial, mas enquanto o recurso
administrativo estiver sob efeito suspensivo na decisão que violou um direito, ainda que
não é possível recorrer via MS.

5. O STF entendeu que a exigibilidade de prévio requerimento administrativo a


concessão de beneficio previdenciário, não ofende o art. 5 XXXV da CF.
Vários segurados, ao invés de irem para o INSS pedir o benefício, abarrotavam o
judiciário.
Obs.: porem ressalvou o Tribunal que nas hipóteses de pretensão de revisão,
restabelecimento ou manutenção de beneficio anteriormente concedido, o pedido
poderia ser formulado diretamente em juízo, nesses casos a conduta do instituto
Nacional do seguro Social – INSS já configuraria o não acolhimento da pretensão.

Constitucionalização do Direito Administrativo (reflexões e consequências)

Segundo Luís Roberto Barroso (2006) a ideia de constitucionalização do Direito “está associada
a um efeito expansivo das normas constitucionais, cujo conteúdo material e axiológico se
irradia, com força normativa, por todo o sistema jurídico. Os valores, os fins públicos e os
comportamentos contemplados nos princípios e regras da Constituição passam a condicionar a
validade e o sentido de todas as normas de direito infraconstitucional.”

Em termos mais claros o autor resume: “A constituição figura hoje no centro do sistema
jurídico, de onde irradia sua força normativa, dotada de supremacia formal e material.
Funciona, assim, não apenas como parâmetro de validade para a ordem infraconstitucional,
mas também, como vetor de interpretação de todas as normas do sistema.”
A CF é a norma fundamental e qualquer regra, qualquer interpretação de norma, deve estar
sempre em sintonia com a CF, porque é a constitucionalização do Direito que serve pra o
Direito Civil, para o Direito Administrativo e para o Direito Penal. A CF é a norma máxima que
protege a dignidade da pessoa humana: qualquer norma infraconstitucional só terá validade se
estiver em sintonia com a CF. É constitucionalizar o Direito como um todo e nele está incluído
o Direito Administrativo.

Palavras-chaves: proteção dos direitos fundamentais e da dignidade da pessoa humana.

Consequências

I. Limita-lhe a discricionariedade - Limita a discricionariedade do administrador porque o


ato que ele pratica, um ato discricionário, só terá validade se estiver em sintonia com a CF. Há
atos vinculados nos quais a lei determina ao administrador o que ele deve fazer e o ato
discricionário que lhe dá liberdade de atuar.

II. Impõe deveres de atuação – o administrador deve implementar as regras que estão na
Cf. Se a CF determina que se deve atuar com legalidade, moralidade, impessoalidade,
publicidade e eficácia, essas não podem ser palavras mortas, o administrador deve colocar isso
em prática e impor deveres de atuação em conformidade com a CF.

III. Fornece fundamentos de validade para a prática dos atos de aplicação direta e
imediata da Constituição, independentemente da interposição do legislador ordinário.
Vinculação do administrador à Constituição e não apenas à lei. Princípio de legalidade
transmuda-se em princípio da constitucionalidade. Também chamado de juridicidade. É dizer:
subordinação do administrador à lei e a à Constituição.
A lei é fonte principal do Direito Administrativo. Pela expressão “constitucionalização
do Direito Administrativo”, o gestor, o administrador, mesmo sem uma lei poderia praticar um
ato administrativo, buscando validá-lo na CF.
O CNJ, quando foi criado em 2004, num dos seus primeiros atos fez uma Resolução
(ato interno, de caráter administrativo no Judiciário), vedando o nepotismo no Judiciário. A
Associação dos Magistrados do Brasil entrou com uma ação no STF com a alegação de que o
CNJ estava editando uma Resolução proibindo a nomeação de parentes e que deveria ser por
meio de uma lei feita pelo Congresso.
O STF decidiu que aquilo que o CNJ fez não foi criar a proibição, a proibição já existia
na CF, desde 1988, segundo a qual a atuação deve ser pautada na legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência. O que a Resolução fez foi apenas efetivar princípios que
já estão na CF. Essa Resolução buscou validade direta na CF e não em uma lei. No concurso de
delegado de Polícia Civil do Estado de Alagoas (Cespe/2012), um dos temas da prova discursiva
solicitava dissertação sobre “Constitucionalização do Direito: consequências para a segurança
pública” e a banca exigia que fosse apresentado inicialmente o significado do termo
“constitucionalização do direito”

Princípios Básicos do Regime Jurídico


Administrativo L – LEGALIDADE

I – IMPESSOALIDADE
Não há hierarquia entre os princípios, nem entre os explícitos e os implícitos.
Havendo colisão entre princípios, deve ser resolvido dentro do próprio caso M – MORALIDADE

P – PUBLICIDADE

E – EFICIENCIA
concreto, analisando as particularidades da situação a fim de decidir qual princípio prevalecerá sobre os
demais no caso em especifico.

No art. 37 da CG existem cinco princípios básicos, quais sejam, legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência.

No art. 37, caput a CF versa fala sobre a aplicabilidade dos princípios, aplicando-se na administração
direta e indireta

Obs.: as entidades paraestatais (entidades que estão fora da estrutura administrativa do estado, SENAI e
afins) também devem observar os princípios constitucionais.

São de observância obrigatória.

Não são absolutos, todos irão comportar um certo grau uma certa relativização

DICA DE PROVA: Se colocar que é considera exceção a legalidade a edição de Medida Provisória, está
certo.

Não são monovalentes – não são exclusivos de um único ramo do direito.

São aplicação imediata (dispensa lei formal)

Princípio da Legalidade
A legalidade tem duas vertentes, a legalidade do cidadão comum e a legalidade para o agente público. A
legalidade do cidadão é versada no art. 5, II da CF

A legalidade referente ao agente público que é expressa no art. 37 da CF diz que o agente público só pode
fazer o que a lei autoriza, ou seja, em toda sua atividade ele terá que estar pautado na lei.

Reserva legal
Determinados Assuntos devem ser tratados por meio de lei em sentido formal.

Situações em que a Constituição exige, necessariamente, que a matéria resulte de lei (reserva legal):

1) Criar entidades (CF. art. 37, XIX) ou órgãos públicos (CF, art. 61, § 1, II, e);
2) Criação de cargos, empregos ou funções públicas (art. 61, § 1º, II, a);
3) Contratação temporária por prazo determinado (art. 37, IX, CF);
4) Requisitos para ocupação de cargos públicos (art. 37, I CF)
5) Situação em que estrangeiros podem ocupar cargo público (art. 37, I CF);
6) Reserva de vagas e critérios de admissão para pessoas portadoras de deficiência em concursos
públicos (art. 37, VIII, CF);
7) Exercício do Direito de greve pelo servidor público (art. 37, VII, CF);
8) Fixação e alteração de remuneração e subsidio (art. 37, X, CF);

Juridicidade
Evolução do princípio da legalidade. Quer dizer respeito à lei, mas não só a lei, mas também a
constituição, aos ordenamentos jurídicos, a tratados internacionais que o Brasil venha a aderir.

Exceções à Legalidade
 Medida Provisória
 Estado de Sitio
 Estado de Defesa

Princípio da Impessoalidade (princípio da finalidade)


Presente no art. 37, §1º diz que a administração pública deve evitar praticar atos visando fim diverso
daquele previsto em lei e que as condutas da administração devem ser impessoais, ou seja, devem atingir
a coletividade, e não para beneficiar um particular. E também não pode praticar ato com fim diverso
daquele que a lei determinou.
Obs.: não pode constar em ações administrativas o que está versado no art. 37º, § 1º e nem mesmo
slogans de campanha nas publicidades governamentais

Princípio da Moralidade
Exige que os ato administrativos sejam praticados de acordo com a ética administrativa, com boa-fé, e
acima de tudo praticados com honestidade.

O princípio da moralidade hoje em dia além de ter alcançado o status de princípio autônomo também
possui o status de condição de validade do ato administrativo.

A moral administrativa possui o mesmo conceito de moralidade comum? Não, o princípio da moralidade
versa de uma moral administrativa, uma moral jurídica e tem definição em conceitos de ética
estabelecidos pela própria administração.

A Súmula vinculante n. 13 veda o nepotismo e o nepotismo cruzado de parentes até segundo grau

A súmula vinculante n13 não se aplica a cargo político

Existe, entretanto, um julgado do supremo onde ele vem barrando nomeações a cargos políticos quando a
pessoa não é apta para assumir tal cargo.

Conselheiro do tribunal de contas não é cargo político, e sim técnico.

Princípio da Publicidade
É a divulgação oficial dos atos para a produção dos seus efeitos e demais atos que demonstrem
transparência da administração pública

Princípio da publicidade não é sinônimo de publicação.

A publicidade é condição de eficácia.

Tudo que a administração faz para a divulgação de seus atos é uma forma de publicidade.

Ex.: portal da transparência, publicação, propagandas em rádio/tv.

NEM TUDO TEM QUE SER NECESSARIAMENTE PUBLICADO. APENAS QUANDO A LEI
OBRIGUE.

Exceções
Todos têm direito receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas
cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; (art. 5º, XXXIII).

Lei de acesso a informação (lei nº 12527/11) que permite a restrição de alguns atos por algum período e
depois ganha publicidade automática (ex.: o bolosauro meteu sigilo de 100 anos no gasto dele).

Principio da Eficiência
Exige que os atos sejam executados com presteza, perfeição, com rendimento e com a melhor relação de
custo benefício.

O principio da eficiência antes era implícito na constituição até 1998 quando a Emenda Constitucional de
19/98 foi acrescentado expressamente junto dos demais.

Princípios Implícitos

Princípio da Motivação
É a indicação dos fatos e fundamentos jurídicos que autorizaram a conduta administrativa.

Motivação é diferente de motivo e de móvel do ato administrativo


Teoria dos direitos dos motivos determinantes

Significa que quando um ato é motivado ele só será valido se os motivos apresentados forem
verdadeiros.

O motivo é antecedente a prática do ato. Quando o ato é praticado ele apresenta os motivos,
quanto são apresentados os motivos acontece a motivação.

Momento de motivação
A motivação deve ser prévia ou concomitante à prática do ato

Via de regra não existe motivação posterior

A motivação deve ser explicita, clara e congruente.

Atos em que é sempre exigido a motivação

1. Neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;


2. Imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
3. Decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública
4. Dispensem ou declarem a inexigibilidade do processo licitatório;
5. Decidam recursos administrativos;
6. Decorram de reexame de oficio;
7. Deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareces,
laudos, propostas e relatórios oficiais;
8. Importem anulação, revogação ou suspensão ou convalidação do ato administrativo

Motivação aliunde ou per relationem é aquela que se faz com base em instrumento diverso
do ato. É aquela motivação feita com base em laudos, pareceres ou relatórios anteriormente
emitidos como forma de suprimento da motivação

Princípio da Razoabilidade
É o bom senso das decisões

Princípio da Proporcionalidade
É a adequação entre os meios e os fins

Aferição de proporcionalidade:

A) Adequada: o meio utilizado dever ser o correto, em vista de fim que se deseja
alcançar. O meio deve ser apto a atingir o fim que se destina;
B) Necessária/exigibilidade: a conduta deve ser menos gravosa em relação aos bens
envolvidos
C) Proporcionalidade em sentido estrito: vantagens devem superar as desvantagens;
deve haver compatibilidade e equilíbrio entre os danos e as vantagens.
Proporcionalidade entre o grau de restrição a um direito e o grau de realização do
direito contraposto

Princípio da Supremacia do Interesse Público


Hoje em dia se fala em interesse público PRIMÁRIO e SECUNDÁRIO

O interesse primário é o interesse da coletividade e o secundário é o interesse do estado. o


interesse público secundário só será valido quando coincidir com o interesse público primário.
O interesse público secundário é disponível, já o interesse publico secundário é indisponível,
ou seja, o Estado não pode abrir mão do interesse da coletividade.

O Estado só pode criar empresa pública ou economia mista para explorar atividade econômica
em razão de segurança nacional ou relevante interesse coletivo da sociedade.

Princípio da Autotutela ou da Sindicabilidade


É o autocontrole, a administração tem o poder de fazer o controle de seus atos, seja
revogando o ato legal, que deixa de ser conveniente e oportuno, ou então anulando os atos
ilegais.

Não se confunde com o controle de tutela. Tutela é da administração direta para


administração indireta.

Ex.: autarquias vinculadas a um ministério, quando o ministério faz uma supervisão ministerial
para que a entidade descentralizada não atue fora dos limites que resultaram a sua criação é
um exemplo de tutela.

O controle de autotutela é um controle interno.

Sindicabilidade significa que a administração está sujeita à controle, seja pela auto tutela ou o
controle do poder judiciário ou do legislativo.

Sumula 346: A administração pode declarar a nulidade de seus próprios atos

Sumula 473: a administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os
tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revoga-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todas as
casas, a apreciação judicial do STF.

Lei nº 9784/99 lei do processo administrativo federal: A administração deve anular seus
próprios atos, quando eivados de vicio de legalidade, e pode revoga-los por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. A lei também fixou o prazo
de 5 anos para a anulação dos atos ilegais, salvo comprovada má-fé

O STJ possui o entendimento que o termo inicial da contagem do prazo de 5 anos para se fazer
a anulação dos atos praticados anteriormente à lei nº 9784/99 ocorre a partir da publicação da
nova lei. Assim por exemplo, só tem inicio o prazo decadencial de cinco anos para um ato
praticado em 1994 a partir da publicação da lei (1999), consumando-se no ano de 2004 (MS
9112/DF).

Obs.: não há que se falar em prazo de cinco anos quando o ato afronta a constituição.

Súmula vinculante n 3: Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o


contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de
ato administrativo que beneficie o interessado, executada a apreciação da legalidade do atoo
de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.

Regra Geral

Exceção: nesses casos não há contraditório e ampla defesa.

RE 636.553: “Em atenção aos princípios da segurança jurídica e da confiança legítima. Os


Tribunais de Conta estão sujeitos ao prazo de 5 (cinco) anos para o julgamento da legalidade
do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, a contar da chegada do
processo à respectiva Corte de Contas.

O relator, Ministro Gilmar Mendes, propôs, por analogia, a aplicação do prazo prescricional de
cinco anos previsto no Decreto 20.910/1932 para que o administrado acione a Fazenda
Pública. “Se o administrado tem o prazo de cinco anos para buscar qualquer direito contra a
Fazenda Pública, também podemos considerar que o Poder Público, no exercício do controle
externo, teria o mesmo prazo para rever eventual ato administrativo favorável ao
administrado’, explicou. O Ministro Afastou a aplicação do art. 54, da Lei n 9784/99.

TESE: é prescritível a pretensão de ressarcimento ao erário fundada em decisão de Tribunal de


Contas (colocar em ordem direta).

Fundamento: não aplicação do tema nº 897 (imprescritibilidade referente a atos dolosos de


improbidade).

Não estão presentes em relação as decisões do Tribunal de Contas, que resultem imputação
de débito ou multa os requisitos do Tema 897, e, que, nos termos do § 3º, do art. 71 da CF,
tem eficácia de título executivo; sendo, portanto, prescritível a pretensão de ressarcimento ao
erário fundada nessas decisões. Uma vez que, (a) TCU não analisa a existência ou não do ato
doloso de improbidade administrativa; (B) não há decisão judicial caracterizando a existência
do ato ilícito doloso, inexistindo contraditório e ampla defesa plenos, pois não é possível ao
imputado defender-se no sentido da ausência de elemento subjetivo.

Após a conclusão da tomada de contas, com a apuração do débito imputado ao jurisdicionado,


a decisão do TCU formalizada em acórdão terá eficácia de título executivo e será executada
conforme o rito previsto na Lei de Execução Fiscal (lei. Nº 6.830/1980), por enquadrar-se no
conceito de divida ativa não tributária da União, conforme estatui o art. 39, §2º da lei nº
4.320/1964

Não há que se falar em imprescritibilidade, aplicando-se, integralmente, o disposto no art. 174


do Código Fiscal e fixa em cinco anos, respectivamente, o prazo para a cobrança do crédito
fiscal e para a declaração de prescrição intercorrente.

Havendo elementos consistentes da atuação dolosa, há a possibilidade de ajuizamento da ação


civil pública por ato de improbidade administrativa, na qual (a) os acusados terão plenas
oportunidades de defesa e (b) a condenação ao ressarcimento, comprovado o agir doloso, será
imprescritível, na forma da jurisprudência desta corte.

Princípio da Segurança Jurídica (proteção à confiança)


Quer dizer maior estabilidade das relações jurídicas.

O Princípio da proteção à confiança chamado de proteção à confiança legitima, corresponde


ao aspecto subjetivo da segurança jurídica, de forma a ser considerado desdobramento deste.
Conforme ensina Maria Sylvia Zanella Di Pietro, “Princípio da proteção à confiança leva em
conta a boa-fé do cidadão, que acredita e espera que os atos praticados pelo Poder Público
sejam lícitos e, nessa qualidade, serão mantidos e respeitados pela própria Administração e
por terceiros”.

Como decorrência, também, do princípio da segurança Jurídica, a Lei nº 9784/99 veda a


aplicação retroativa da nova interpretação da lei (art. 2º). Com essa regra, se ocorre nova
interpretação de dispositivo legal, o entendimento não pode atingir efeitos pretéritos.
Nesse sentido, a Súmula nº 249 do TC: “é dispensada a reposição de importâncias
indevidamente percebidas, de boa-fé, por servidores ativos e inativos e pensionistas em
virtude de erro escusável de interpretação de lei por parte do órgão/entidade, ou por parte de
autoridade legalmente investida em função de orientação e supervisão, à vista da presunção
de legalidade do ato administrativo e do caráter alimentar das parcelas salariais.

E se o erro for operacional?

Tema 1009: Os pagamentos indevidos aos servidores públicos decorrentes de erro


administrativo (operacional ou de cálculo), não embasado em interpretação errônea ou
equivocada da lei pela administração, estão sujeitos à devolução, ressalvadas as hipóteses em
que o servidor, diante do caso concreto, comprova sua boa-fé objetiva, sobretudo com
demonstração de que não lhe era possível constatar o pagamento indevido.

Teoria do Fato consumado


STF – NÃO APLICAÇÃO – STF. PLENÁRIO. RE 608482/RN, REL, Min. Teori Zavascki, julgado em
7/9

08/2014 (repercussão geral).

O fato consumado era utilizado quando uma pessoa, que entrou em um cargo público e depois
foi julgado e considerado inapto para o cargo que ocupa, tinha o seu cargo retirado pelo juiz. A
defesa alegava fato consumado, pois o servidor já havia estado por muitos anos trabalhando
no cargo e, assim, não haveria motivo para retirá-lo de seu cargo. • Hoje em dia, o STF não
admite mais a teoria do fato consumado como regra geral.

Em casos excepcionais admite:

Se o servidor entrar por liminar e se aposentou no cargo público e por tempo de exceção é
uma exceção que cabe o fato consumado.

Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa


Art. 5º, LV: “Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.

Súmula vinculante nº 5º, STF: “A falta de defesa técnica por advogado no processo
administrativo disciplinar não ofender a CF”

Súmula 373 – STJ – não se exige depósito prévio para interposição de recurso

Súmula vinculante nº 21: é inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de


dinheiro ou bens para a admissibilidade de um recurso administrativo.

Princípio da Continuidade dos Serviços Públicos


Art. 6º, § 3º, II da Lei n 8987/95. Permite suspender a prestação: em situação de emergência
ou após prévio aviso quando:

I. Motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e,


II. por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.

1) É legitimo o corte do fornecimento de serviços públicos essenciais quando


inadimplente o usuário, desde que precedido de notificação
2) É ilegítimo o corte de fornecimento de energia elétrica quando puder afetar o direito
à saúde e à integridade física do usuário.
3) É legitimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais por razões de
ordem técnica ou de segurança das instalações, desde que precedidos de notificação.
4) É legitimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando
inadimplente pessoa jurídica de direito público, desde que precedido de notificação e
a interrupção não atinja as unidades prestadoras de serviços indispensáveis à
população.
5) É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando
inadimplente unidade de saúde, uma vez que prevalece os interesses de proteção à
vida e à saúde.
6) É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando a
inadimplência do usuário decorrer de débitos pretéritos, uma vez que a interrupção
pressupõe inadimplemento de conta regular relativa ao mês de consumo.
7) É ilegítimo o corte de fornecimento de serviços públicos essenciais por débitos de
usuário anterior, em razão da natureza pessoal da dívida.
8) É ilegítimo o corte de energia em razão de débito irrisório, por configurar abuso de
direito e ofensa aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, sendo cabível a
indenização ao consumidor por danos morais.
9) É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando o débito
decorrer de irregularidade no hidrômetro ou no medidor de energia elétrica, apurada
a unilateralidade pela concessionária
10) O corte no fornecimento de energia elétrica somente pode recair sobre o imóvel que
originou o débito e não sobre a outra unidade de consumo do usuário inadimplente.

Direito de Greve
Tese fixada pelo STF: A administração pública deve proceder o desconto dos dias de
paralisação decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos em virtude
da suspensão do vinculo funcional que dela decorrer. É permitida a compensação em caso de
acordo. O desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi provocada
por conduta ilícita do Poder Público.

Carreira Policial pode Fazer Greve?


O STF acredita que o exercício do direito de greve, sobe qualquer forma ou modalidade, é
vedado aos policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de
segurança pública.

É obrigatória a participação do Poder Público em mediação instaurada pelos órgãos de classe


das carreiras de segurança pública, nos termos do art. 165 do CPC, por vocalização do
interesse da categoria.

Organização Administrativa
Administração Direta (centralizada)
Acontece quando uma pessoa política (União, DF, Estados, Municípios) desempenha funções
por seus próprios órgãos internos (acumulo de competências).

A administração desconcentrou, criou órgãos internos e eles prestam diretamente atividades


para a sociedade.

Ex.: União faz desconcentração, criando um órgão principal: Presidência da República. A P.R,
por sua vez, divide-se internamente, desconcentrando-se, a fim de criar o Ministério da
Educação, o Ministério da Economia etc. há desconcentração de atividade dentro da União
(prestação direta de atividade por meio de seus órgãos).

Órgão, nesse sentido, não é sujeito de direitos e obrigações, não tem capacidade para
responder sobre seus atos. Tudo que um órgão faz é imputado para o ente ao qual ele
pertence.

O órgão não tem personalidade jurídica própria.

Exemplo: João, agente da Polícia Federal, dispara contra um assaltante, mas atinge um
terceiro, que veio a falecer posteriormente. A família da pessoa que morreu entrará com ação
contra a União.

Administração Indireta (descentralizada)


Ocorre quando uma pessoa política desempenha função por meio de pessoas diversas,
havendo distribuição de competência externa.

A atividade é passada para outra pessoa, a fim de que ela possa prestar serviço em seu lugar.
Isso ocorre por vários motivos, dentre eles: eficiência, especialização, economia.

Descentralização cria entidade administrativa (possui personalidade jurídica própria e


capacidade para responder pelo seu ato).

BACEN (entidade autárquica) e Banco do Brasil (sociedade de economia mista) são exemplos
de entidades administrativas.

Imagine que um servidor do Banco Central, em serviço, tenha atropelado um cidadão. Este,
por sua vez, deverá entrar com ação contra o Banco Central, contra o Ministério ou contra a
União? Contra o BACEN, pois tem capacidade jurídica própria.

Em síntese, quando falamos de prestação de atividades administrativas, temos:

• Prestação centralizada, feita por meio de órgãos (administração direta).

• Prestação descentralizada, com atividade sendo passada para outra pessoa jurídica.

– Administração indireta: forma de descentralizar atividade.

– Concessão, permissão e autorização: repasse de atividades para particulares.


Por exemplo: empresas de telefonia (OI, VIVO, CLARO) são concessionárias de um
serviço que pertencem à União.

Pode haver o fenômeno contrário? Posso fazer concentração e centralização? Sim.

Exemplo de centralização: governo atual estabelece que não existe mais o INSS, e que suas
atividades serão atribuídas para um órgão interno, para que ele preste, diretamente, aquelas
funções.

Exemplo de concentração: redução, pelo governo, de 30 ministérios para 15. Atualmente, em


comparação com décadas passadas, a nossa administração é mais concentrada ou
desconcentrada? É mais centralizada ou descentralizada? Desconcentrada e descentralizada.

Entidades Paraestatais
São entidades que estão fora da administração pública que querem colaborar sem interesse
lucrativo com prestação de atividade à sociedade.
Sistema S (SESC, SENAI, SEBRAT)
Há uma particularidade: quem cria é o próprio Estado (União, Estados, DF ou Municípios).
Pode ser criado em nível federal, estadual ou municipal. Geralmente, quem cria é a União, pois
existe uma contribuição social que a empresa paga, destinada a manter a entidade. Por isso,
em regra se a contribuição é federal, quem cria é a União. Nada impede, porém, que outros
entes a criem.

Pra que a União crie, por estar submetida ao principio da legalidade, uma lei deve ser criada

Organizações sociais
São entidades privadas, criadas por um particular, qualificadas como organizações sociais, para
prestar atividades sociais (ensino, cultura, saúde, educação) em lugar de órgão do Estado

Ex.: HCB (Hospital da Criança de Brasília Jose Alencar), administrada por uma entidade privada
qualificada como organização social.

OS é um tema sensível, uma vez que todo o serviço é prestado sem a estão do Estado e a
receita pública é repassada àquela organização. Casos de corrupção foram investigados,
envolvendo OSs e OSCIPs. Por essas razões, não tiveram a expansão e utilização que tinham
sido planejadas em suas criações.

Quando se fala em OS, temos o conceito de publicização da atividade (expressão encontrada


dentro do Caderno MARE): substituição de órgão/entidade pública por entidade privada, para
prestar atividade em seu lugar.

Visam substituir entidades publicas

OSCIPs (organizações sociais Civis de Interesse Público.


Essas organizações tem atividades similares às OSs. Estas, visam substituir órgãos e entidades
públicas. Aquelas, por sua vez, visam atuar em regime de parceria com órgãos e entidades já
existentes. Não havendo intenção de substituí-los.

OSC (organizações da Sociedade Civil)

Ela regulamentou as formas de parcerias que as entidades podem firmar com o Estado – modo
de fazer transferência de verbas, termo de parcerias etc.

São entidades, associações e fundações privadas que prestam serviços de interesse coletivo,
sem intensão de que sejam classificadas com OSs e OSCIPs.

Formas de Descentralização.
Descentralização técnica/funcional/por outorgar/por serviços
Feita mediante lei, dando origem a uma entidade da administração indireta (autarquia,
fundação, empresa pública ou sociedade de economia mista).

É transferida para a entidade a titularidade + a execução

Descentralização por delegação/por colaboração


Feita mediante contrato de concessão ou de permissão. Ocorre, também, mediante ato de
autorização para particular.

Somente a execução é transferida.


Exemplo: quando é delegada a uma empresa de linhas aeres, mediante contrato de concessão,
ela somente receberá o poder para a execução do serviço. Desse modo, não terá total
autonomia para decidir eventuais detalhes de prestação de serviço. O ente central (união),
conserva consigo a titularidade, determinando, como a atividade deve ser prestada. Aso a
empresa não respeite as exigências feitas pode-se ter a caducidade da concessão.

Descentralização territorial/geográfica (modelo não comum no Brasil)

Acontece quando um território é criado. Somente a União pode cria-lo. Quando um território é
feito, ele presta serviços públicos à sua sociedade.

Em que pese seja possível, não há modelos de territórios na região Brasileira. Os últimos
existentes antes da Constituição Federal de 1988, foram transformados em Estados (com
autonomia financeira, politica e administrativa) ou foram incorporados àqueles entes.

Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, se um território for criado no Brasil ele será como se
uma autarquia territorial passasse a existir, em virtude de suas semelhanças.

Em síntese, a União cria territórios, o Estados cria regiões administrativas e os Municípios


criam distritos. Essas criações prestam serviços públicos, com relativa autonomia
administrativa, mas sem autonomia política e sem autonomia financeira. Dessa maneira, não
se enquadram como entes da federação.

Desconcentração: há relação de hierarquia/subordinação. Quando falamos de órgãos, fazemos


aquela associação.

Se há relação de hierarquia, o órgão superior pode revogar, anular e avocar atribuição de


órgão subordinado.

Quando se fala em órgãos, fala-se de autotutela (controle dos próprios atos).

Porém, quando falamos em descentralização, temos relação de vinculação. As entidades


descentralizadas estão vinculadas ao ente central, não estão subordinadas.

Desse modo, não há hierarquia e subordinação entre a administração direta e indireta. O que
há entre a administração direta para com a indireta é controle de tutela
administrativa/supervisão ministerial/controle administrativo/controle finalístico. O controle
tem a finalidade de evitar que a entidade descentralizada atue fora de sua área de atuação.
Exemplo: se o INSS atuar fora de sua área de atuação, a União (ente central) tem o poder de
exercer o controle de tutela administrativa.

Em síntese, a entidade tem autonomia, porém, está sujeita a uma supervisão ministerial (cada
entidade descentralizada é vinculada a um ministério)

Estudos dos Órgãos


Teoria dos Órgãos
As teorias dos órgãos procuram explicar a relação do Estado com os agentes que prestam
atividades atribuídas ao Estado.
Teoria do Mandato
Quando o agente age em nome do Estado, é como se estivesse com uma procuração para fazê-
lo. Baseado no Direito Civil.

Problemas: Quando uma procuração é feita, no âmbito do Direito Civil, uma pessoa somente
pode agir nos termos daquele documento. Caso ela agisse fora da competência dada na
autorização, o mandante não responderia. A teoria não conseguiu explicar, desse modo,
quando o agente publico agisse fora de suas competências, como seria atribuída a
responsabilidade ao Estado?

Teoria da Representação
Baseado no Direito Civil, dispõe que o Estado não é mandante do agente. Este, por sua vez, é
representante do Estado.

Problemas: quando se fala em representação, no Direito Civil, tem de ter um incapaz na outra
parte. O incapaz é representado por alguém. Na relação entre Estado e Agente, aquele que
tem pessoa jurídica (tem capacidade).

Teoria do Órgão/da imputação

Idealizada pelo alemão Otto Gierke, estabelece que entre a relação entre estado e agente, não
há mandato e representação, mas sim órgãos.

OS órgãos são o Estado de forma desconcentrada. Dentro deles, temos os agentes. Estes, por
sua vez, exercem atividades em nome do órgão. Tudo que eles fizerem é imputado ao órgão.
Como é o próprio Estado, tudo que os agentes fizerem, será imputado ao próprio Estado, em
síntese a teoria trata de imputar os atos do agente ao estado, para que este responda pelos
atos daquele.

Elas não têm em comum imputar a vontade do órgão à pessoa jurídica. Somente a teoria do
órgão que o faz.

A teoria do mandato não dispõe de imputação, mas de mandato/contrato, por meio do qual o
agente recebe uma procuração, a fim de agir em nome do estado. Pela teoria da
representação, o agente é representante direto do estado.

Criação e extinção de órgãos

Instrumento jurídico: lei ordinária (SOMENTE)

Pode ser por meio de medida provisória? Sim, pois tem força de lei ordinária.

Em síntese, a lei cria, extingue e transforma órgãos públicos. Excepcionalmente, porém, é


possível que decreto (autônomo ou independente) trate de organização administrativa, desde
que não provoque aumento de despesas e não provoque criação ou extinção de outros órgãos.

Características dos órgãos


Não possuem:

a) Personalidade jurídica própria;


b) Patrimônio próprio;
c) Capacidade processual. Não podem estar no polo nem passivo de uma relação
processual
Segundo Hely Lopes Meirelles, quanto à posição estatal, os órgãos têm 4 classificações:

Independente:

Tem fundamento na CF e exerce, com total independência, as suas funções. Não há relação de
subordinação com outros órgãos quem está dentro de órgão independente é chamado de
agente político

Ex.: todos os órgãos do Poder Judiciário. Presidência da República, governadorias, prefeitura,


defensoria pública etc.

Autônomo

Tem subordinação a órgão independente e dispõe de relativa autonomia (seguindo diretrizes


do órgão independente). Quem está dentro do órgão autônomo é chamado de agente político.

Ex.: ministérios do poder executivo, procuradorias judiciais etc.

Superior

Tem relação de subordinação com os demais órgãos elevados e tem poder decisão (com
menos autonomia que órgãos autônomos). Quem está dentro de órgão superior é chamado de
agente administrativo

Exemplo: departamento da PF

Subalterno

Tem relação de subordinação com todos os órgãos elevados e exerce atividade sem poder de
decisão (caráter executório). Quem está dentro de órgão subalterno é chamado de agente
administrativo.

Exemplo: delegacia de PF

Obs.: órgãos independentes e órgãos autônomos tem capacidade processual para defesa de
suas prerrogativas institucionais.

Súmula n. 525 do STF: “A Câmara de vereadores não possui personalidade jurídica, apenas
personalidade judiciária, somente podendo demandar em juízo para defender os seus
direitos institucionais.” (STJ. 1ª Seção. Aprovada em 22/04/2015, DJe 27/04/2015).

Obs.: personalidade jurídica nenhum órgão tem, mas personalidade judiciária (capacidade
processual) alguns órgãos podem ter.

Se a questão expuser que órgãos públicos NÃO TEM capacidade processual (personalidade
judiciária), marque como correto, pois é regra geral.

Se a questão, por sua vez, dispor que NENHUM órgão público tem capacidade processual,
marque como errado.

Se o examinador perguntar se é possível que órgãos independentes e autônomos tenham


capacidade processual, marque como correto, pois tem capacidade processual para defender
suas atribuições institucionais.

A teoria dos órgãos conseguiu justificar a relação e existente entre o estado, de modo que a
atividade daquele seja imputada à pessoa jurídica.
Em alguns casos, órgãos independentes e autônomos, para exercerem suas atribuições
institucionais, terão capacidade processual

Agencia reguladora é autarquia de regime especial. Ela tem autonomia decisória, porém,
quando edita atos, tem de fazer sua motivação.

As autarquias praticam atos administrativos de direito publico (não é ato privado).

Órgãos públicos não são entidades paraestatais.

Não possuem personalidade jurídica.

Lei ordinária. Além disso, não é lei específica. Esta, por sua vez, é usada para criar autarquias
ou autorizar criação das demais entidades (fundação, empresa pública, sociedade de economia
mista);

Órgão não é entidade.

Segundo o Art. 37, § 8º da CF: “A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e
entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser
firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de
metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: (Incluído pela
Emenda Constitucional n. 19, de 1998). (Regulamento). (Vigência)”. Além disso, esse mesmo
artigo permite que órgão firme contrato de gestão com órgão superior, a fim de aumentar a
sua autonomia, mas não terão denominação de agência executiva.

Detalhe: a qualificação de agência executiva é válida, somente, para autarquia ou fundação


que fez contrato de gestão.

Recurso hierárquico próprio e Recurso hierárquico impróprio

Recurso hierárquico próprio é aquele dentro da mesma pessoa jurídica, sendo o mais natural
dentro da administração, ocorrendo na situação em que a relação de hierarquia, pois, com
decorrência da relação hierarquizada, tem-se a possibilidade de coordenação e revisão dos
atos dos órgãos subordinados.

Dessa maneira, quando há relação hierarquizada, é natural que se possa recorrer de uma
decisão de um órgão para outro órgão superior, salvo quando houver limitações em lei.

Recurso hierárquico improprio ocorre entre entidades que não possuem hierarquia. Resulta de
recurso de um ente para outro. Não há relação de subordinação entre eles. O recurso é
interposto perante pessoa jurídica diversa não subordinada hierarquicamente.

Exige lei provendo a possibilidade de recurso

Em que pese se exija lei, vale citar o pronunciamento da Advocacia Geral da União, mediante o
Parecer n. AC051, de 2006, que admitiu a possibilidade de interposição de recurso hierárquico
improprio, dirigido ao ministro da pasta supervisora, contra decisões das agências que
inobservarem adequada compatibilização com as políticas públicas adotadas pelo governo.
Não se admite o mesmo recurso quando forem atividades administrativas comuns.

Administração Indireta
Quem faz parte da administração indireta são as autarquias, fundações públicas, empresas
públicas e sociedades de economia mista.

Para que possamos estudar essas entidades, temos que ter como base a Constituição Federal,
art. 37, XIX, CF.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada
pela Emenda Constitucional n. 19, de 1998).

XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de
empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei
complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação; (Redação dada pela Emenda
Constitucional n. 19, de 1998).

Esquematizando:

Lei ordinária especifica ou Medida Provisória:

Cria autarquia, ou seja, não precisa de registro em local algum. Autarquia “nasce” pelo simples
fato de a lei ser publicada.

Autoriza a criação de empresa pública, sociedade de economia mista e fundações. Depende de


registro nos órgãos competentes para que tenha sua existência.

Além disso, para a fundação, lei complementar te, de definir a sua área de atuação.

Nesse sentido, se a lei ou MP origina, ela também será necessária, caso tenha extinção.

Obs.: Lei especifica não pode ter matéria estranha em seu conteúdo, que não seja falar de
criação de autarquia ou da autorização para criar as demais entidades.

Obs.: agencia reguladora é autarquia em regime especial e agencia executiva é autarquia ou


fundação que se qualificou como tal.

Decreto (ato com nível menor que lei) não pode ser usado para dar origem e nem para
extinguir àquelas entidades.

Obs.: É errado dizer que as entidades de administração indireta são criadas/instruídas por lei,
uma vez que somente as autarquias são criadas por lei, as demais, no caso, são autorizadas
para tal.

Se fosse autarquia, seria criada, e não autorizada.

Fundação de direito privado, que integra a estrutura do estado.

Autarquia não é autorizada, mas sim criada.

Serviço Social Autônomo não faz parte da administração indireta, faz parte do 3º setor.

Julgado importante do STF sobre a extinção e a venda de estatais


Pode a União valer-se da dispensa de licitação para não licitar e vender as ações que
importarem perda de controle da empresa?
O STF concedeu parcialmente a medida cautelar para conferir ao art. 29, XVIII, da Lei n.
13.303/216, interpretação conforme a constituição Federal, assentando as seguintes
conclusões sobre esse dispositivo:

1. A alienação do controle acionário de empresas públicas e sociedades de economia


mista exige autorização legislativa e licitação.;
2. A exigência de autorização legislativa, todavia, não se aplica à alienação do controle de
suas subsidiárias e controladas. Nesse caso, a operação pode ser realizada sem a
necessidade de licitações, desde que siga procedimentos que observem os princípios
da administração pública, inscrito no art. 37 da CF de 1988, respeitada, sempre, a
exigência de necessária competitividade.

Autarquias
As autarquias são criadas mediante lei.

Prática atividade TÍPICA de Estado


As autarquias praticam atividades próprias (típicas) do Estado. vale lembrar que o Estado
presta uma serie de serviços públicos à sociedade, seja diretamente ou indiretamente. Quando
a prestação é direta, isso se dá por meio da criação de órgãos públicos. Todavia, por uma
questão de eficiência e especialização, o Estado pode descentralizar uma atividade para uma
entidade dotada de autonomia.

Cada uma dessas entidades que podem receber a descentralização de serviços públicos é
pensada para uma finalidade especifica. No caso das autarquias, seguindo o Decreto-lei n.
200/1967, elas prestarão atividades típicas do Estado, isto é, uma atividade própria do Estado,
para o qual ele foi idealizado. Dessa forma, a autarquia não pode exercer atividade comercial.

No Geral, as autarquias prestam serviços que envolvem o poder de polícia, como é o caso dos
conselhos que fiscalizam profissões. Os DETRANs também executam o poder de polícia e, por
isso, só podem ser criados na forma de autarquia.

As agências de desenvolvimento também prestam atividades próprias do Estado, logo,


também são criadas na forma de autarquias. Isso também acontece com quem exerce
atividades assistenciais, previdenciárias ou de reforma agrária, dentre outras.

Vale lembrar que a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) é um caso particular, pois, apesar de
fiscalizar uma profissão, ela possui um tratamento diferenciado, concedido pelo STF. Toda essa
discussão começou quando o Estatuto da OAB passou a prever que a instituição pode fazer
contratação de empregados pelo regime da CLT. Todavia, as autarquias devem contratar por
meio do regime estatutário (concurso público).

Ao julgar o caso, o STF entendeu que a OAB pode sim contratar fora do regime estatutário e,
além disso, concedeu outros privilégios. Assim, o STF entendeu que a OAB não seria uma
autarquia como as demais, mas sim uma autarquia sui generis, isto é, única em seu direito.

Por conta dessa decisão do STF, a OAB foi retirada de todas as amarras que envolvem o regime
público. Logo, a OAB não precisa fazer concurso público e licitações, por exemplo.

Todavia, é preciso ter cuidado, pois, apesar de o STF não considerar a OAB como uma
autarquia, as ações contra ela são encaminhadas para a Justiça Federal. Isso se deu em um
julgado mais recente, em que o Ministro Marco Aurélio, do STF, entendeu que as ações contra
a OAB seriam julgadas na Justiça Federal, embora a sua natureza de autarquia seja sui generis.
Hoje, vale lembrar que as autarquias não podem exercer atividade comercial em nem são
registradas na junta comercial.

Personalidade de direito público

As autarquias possuem natureza jurídica de pessoa de direito público. Por conta disso, todas as
prerrogativas, sujeições e obrigações das pessoas públicas se aplicam às autarquias.

Assim, as autarquias agem com supremacia frente ao particular, pagam mediante precatórios
no caso de condenação judicial e seus bens são considerados bens públicos.

No entanto, devem fazer concurso, licitação, contratos administrativos e prestar contas ao


Tribunal de Contas.

Pessoal

O pessoal das autarquias segue o regime estatutário (lei). Assim, a lei irá disciplinar os direitos
e obrigações desses servidores.

Todavia, vale destacar que o presidente (ou diretor principal) da autarquia ocupa um cargo de
natureza especial (CNE), que é de livre nomeação e de livre exoneração, tal como um cargo em
comissão. Os demais servidores ocupam cargos efetivos (concursados).

De 2000 a 2007 foi possível a contratação pelo regime da CLT nas autarquias (ADI 2135).

Isso se deu por conta da extinção obrigatoriedade do chamado Regime Jurídico Único, dado
pela Emenda Constitucional n. 19/1998.

Com isso, a intenção do legislador naquela época era permitir que existissem legislações
diferentes para cada carreira.

Assim, em 2000, o governo conseguiu aprovar uma lei que permitia a contratação de pessoal
pelo regime da CLT nas autarquias. Essa lei vigorou até 2007, pois a EC n. 19/1998 teve um
vício no processo legislativo. Dessa forma, foi proposta uma ADI que considerou
inconstitucional essa extinção do Regime Jurídico Único, o que aconteceu no ano de 2007.

Com isso, voltou o entendimento de que as autarquias só poderiam contratar pelo Regime
Jurídico Único, que é o estatutário. Tal decisão teve efeitos ex nunc (não retroage).

Já os empregados que foram contratados sob o regime da CLT nas autarquias continuaram a
ocupar seus cargos.

No caso específico dos conselhos que fiscalizam profissões há uma situação um pouco
diferente, pois a lei que regulamenta esses conselhos já trazia essa previsão da contração pelo
regime da CLT. Além disso, o STF validou a legalidade dessa lei.

Fundações
As fundações aqui versadas são aquelas criadas pelo Estado. Todas elas são entidades de
direito público

Natureza
A tese atualmente dominante defende a existência de dois tipos de fundações públicas; as
fundações de direito público e as de direito privado, aquelas sustentando a personalidade
jurídica de direito público e estas de direito privado.
Características
1. Pratica atividade de caráter SOCIAL (saúde, educação, cultural, pesquisa, etc.)

Obs.: alguns autores falam que as fundações prestam atividade atípicas nesse sentido é
que a atividade é não exclusiva do Estado.

2. Natureza/personalidade jurídica. (no caso da fundação de direito público a lei cria e no


caso da fundação de direito rivado a lei autoriza)
3. Possuem autonomia administrativa e financeira
4. Incidem as normas de contratação e licitação da lei n. 8666/93
5. Tanto as fundações públicas de direito público quanto as de direito privado fazem jus à
imunidade tributária do art. 150, §2º da CF
6. Regime de Pessoal (regime estatutário para as de direito público, já as fundações
publicas de direito privado, apesar de fazer concurso segue as normas da CLT)
7. Controle financeiro exercido pelo Tribunal de Contas

Não se aplica o disposto no art. 66 do Código civil, que exige fiscalização do Ministério público.
A exigência prevista na Lei Civil é útil para que o MP fiscalize se a fundação está atendendo á
destinação estipulada pelo instituidor

Se aparecer em prova a expressão “serviço público personalidade, ou personificado’ está se


referindo as autarquias.

Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista

Tanto Empresa pública quanto Sociedade de Economia Mista possuem personalidade jurídica
de direito privado com regime hibrido ou misto e possuem como finalidade serviço publico OU
atividade econômica.

O estado não pode criar uma empresa estatal ou sociedade de economia sem que ela tenha
relevância para a coletividade e para defender a soberania nacional.

Quando Estado criar empresa estatal para exploração de atividade econômica que nas
decisões do STF aparece como atividade econômica em sentido estrito, ela não terá imunidade
tributária. Se ela for criada para prestar serviço público ela poderá ter a imunidade tributária
caso preenchidas outras condições que o supremo vem fixando.

No caso dos Correios que prestam serviços públicos, mas também exercem atividade
econômica visando lucro, o Supremo entendeu quando uma empresa estatal for prestadora de
serviço público e explorar a atividade econômica e revertendo o lucro da atividade econômica
para o serviço publico terá imunidade nas DUAS atividades.

Regime de pessoal

Regime jurídico (se forem presidente da empresa ou os diretores se aplica o regime especial
que não tem definição legal, os demais empregados mesmo que entrem por concurso público
são regidos pela CLT).

Demissão sem justa causa: O STF entendeu que os empregados de estatais não são alcançados
pela estabilidade do art. 41 da CF/88. No entanto, toda demissão deve ser motivada,
justificada.
Inicialmente a tese sobre o dever de motivação de dispensa de empregado de empresa estatal
foi abrangente, criando a obrigação para todas as estatais independentemente da atividade
prestada. Posteriormente, o STF retificou a tese fixada no RE n. 589.998 para restringir o
alcance da decisão para as prestadoras de serviços públicos, com a fixação do seguinte
enunciado: A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) tem o dever jurídico do motivo

Teto remuneratório: se a estatal recebe recursos para pagamento de pessoal ou para custei
em geral, haverá teto remuneratório diretamente, se a estatal é independente, não está
sujeita ao teto remuneratório constitucional.

Estrutura

A estrutura das empresas estatais é formada por presidência, diretorias, Conselho Fiscal e o
CONSAD, que auxilia o presidente em seu exercício juntamente com seus diretores.

Caso um empregado seja promovido a diretor ou presidente, sua carreira deixará de ser
normatizada pela CLT

Sujeição ao controle do Tribunal de Contas

Todas as estatais, seja prestadoras de serviço público ou exploradora de atividade econômica,


devem prestar contas ao Tribunal de Contas.

Falência

Emprestas estatais não podem falir. A Lei de Falências (11.101/05) expressamente determina
que as regras do processo falimentar não se aplicam às estatais.

Licitações

As estatais tem de fazer licitação, conforme a lei das Estatais (13.303/16). Não fará licitação
uando se tratar de atividade-fim: e fará, quando for atividade meio (seguindo as disposições da
lei 13.303/16). Até 1998, todas as estatais tinham obrigação de seguir a 8.666/93; no entanto,
verificou-se que a submissão à 8.666/93 inviabilizaria a atividade comercial destas estatais. Em
98, com a alteração na CF/88, determinou-se que, quando a estatal for exploradora de
atividade econômica, ela terá regramento próprio de licitações. Exemplificando, temos o caso
do BB, cuja atividade-fim é atividade bancária. Portanto, todos os contratos bancários
(abertura de conta corrente, poupança, financiamento, seguros, etc.) não estão sujeitos a
licitação. Na atividade-meio, no entanto (compra de computador, ar-condicionado e outros),
deverá fazer licitação. A partir de 2016, com o Estatuto Jurídico da Empresa Pública e da SEM
(Lei 13.303), as licitações passaram a seguir as previsões específicas do referido estatuto.

Empresa Pública Sociedade de Economia Mista


Forma de organização Qualquer forma admitida Sociedade Anônima S.A.
em direito
Composição do Capital Totalmente publico Público e Privado
Mesmo que seja de mais Maioria do Capital Social com
de um ente federativo ou direito a voto tem que ser do
de entidade da Estado o de pessoa da
Administração Indireta Administração Indireta
Foro Processual EP’s Federais = justiça Justiça Estadual
Federal se autoras, rés,
assistentes ou oponentes.
Nos termos do art. 109 da
CF

A união tem competência de legislar sobre direito Civil e, portanto, também legisla sobre a
criação de pessoas jurídicas. Então a União pode criar uma empresa estatal, atribuindo-lhe
uma forma jurídica nova, ainda que não exista no Direito, mas somente para estatais federais.

Um exemplo de empresa estatal federal que não se encaixa nas demais formas existentes é a
Caixa Econômica Federal, pois trata-se de uma sociedade que possui todo o capital decorrente
da própria União.

Aos particulares, por outro lado, há uma necessidade de conformidade às formas jurídicas
existentes segundo o Direito Empresarial na criação de empresas: sociedades limitadas (Ltda.),
onde o capital é todo dividido em quotas dos sócios; sociedade anônima (S.A.) ou por
associações, em que cada sócio terá um conjunto de ações; e sociedades em comandita
simples, por ações etc.

Obs.: Se um ente de Federação cria uma empresta estatal na forma de sociedade anônima,
não significa que essa estatal é uma sociedade de economia mista. Não seria possível definir se
seria necessariamente uma S.A. ou se assumiria alguma outra forma, sendo preciso especificar
a composição do capital. Com relação a isso, todas as ações de uma empresa pública na forma
de S.A. serão pertencentes à União.

• Terracap = 60% do capital pertence ao GDF e 40% do capital pertence à União. A União, por
deter ações, poderá indicar pessoas para o conselho de administração e para o conselho fiscal.
• Dataprev = capital da União + INSS

• Exemplo hipotético: União + CEF (EP) + BB (SEM) = nova empresa pública.

A lei n.13.303/2016 admite expressamente essa possibilidade, assim como a lei n. 200/1967 já
admitia a participação indireta de entidades no capital de empresa pública. O que não é
possível é a participação de um particular sozinho.

Se uma empresa estiver em processo na condição de autor, réu, assistente das partes, ou
opoente, o local de resolução do litigio dependerá: se for uma empresa federal, o litigio será
direcionado à Justiça Federal, no caso da Caixa Econômica Federal, dos Correios etc.; se for
sociedade de economia mista, a ação será julgada pela justiça estadual.

Obs.: não vão para justiça federal ações trabalhistas, acidente do trabalho, falência e casos
referentes à Justiça Eleitoral. Ações trabalhistas serão julgadas pela justiça do trabalho,
acidentes do trabalho e falência são julgadas na justiça estadual, assim como casos referentes
à justiça eleitoral.

Exemplos de Empresa Pública: BNDES, Terracap-DF, CAESB – DF, EBCT – Empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos, SERPRO – Serviço Federal de Processamento de Dados, CEF – Caixa
Econômica Federal, INFRAERO – Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária, CASA DA
MOEDA DO BRASIL, RADIOBRAS, EMBRAPA, DATAPREV, TRENSURB – Empresa de Trens
Urbanos de Porto Alegre, VALEC – Engenharia, Construções e Ferrovias, CONAB, NOVACAP,
EMATER DF, Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (METRÔ DF), BRASÍLIATUR –
Empresa Pública denominada Empresa Brasiliense de Turismo – responsável pela gestão
pública do turismo no DF, Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia – HEMOBRAS,
vinculada ao Ministério da Saúde.

• Exemplos de Sociedades de Economia Mista: BB – Banco do Brasil, BASA – Banco da


Amazônia S/A, Petrobras, Companhia Energética de Brasília – CEB e Banco Regional de Brasília
– BRB.

Mediante autorização por lei, uma entidade pode mudar de forma, deixando de ser, por
exemplo, uma economia mista para se tornar uma empresa pública.

Obs.: o STF entendeu que a extinção de subsidiárias não requer lei prévia. Por exemplo, se o
Banco do Brasil quisesse extinguir alguma de suas entidades, poderia fazê-lo sem promulgação
prévia de lei.

Julgados importantes
STF fixou orientação de que é inconstitucional a exigência de que os dirigentes de entidades da
Administração Indireta forneçam à Assembleia Legislativa a declaração atualizada de seus bens
e participações acionárias em empresas privadas, inclusive nos dois anos seguintes à
exoneração da função, pois outorgaria ao Parlamento competências para fiscalizar, de modo
rotineiro e indiscriminado, a evolução patrimonial dos ocupantes de cargos de direção da
Administração Indireta e de seus ex-ocupantes, bem como as atividades por eles
desenvolvidas nos dois anos seguintes à exoneração.

É aplicável o regime dos precatórios às sociedades de economia mista prestadoras de serviço


público próprio do Estado e de natureza não concorrencial.

Compete à Justiça Federal processar e julgar ações em que a Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB), quer mediante o conselho federal, quer seccional, figure na relação processual.

Com base nessa orientação, o Plenário deu provimento a recurso extraordinário interposto em
face de acórdão que assentara a competência da Justiça Estadual para processar execuções
ajuizadas pela OAB contra inscritos inadimplentes quanto ao pagamento das anuidades.

Afirmou que a OAB, sob o ângulo do conselho federal ou das seccionais, não seria associação,
pessoa jurídica de direito privado, em relação à qual é vedada a interferência estatal no
funcionamento (CF, art. 5º, XVIII). Consubstanciaria órgão de classe, com disciplina legal – Lei
n. 8.906/1994 –, cabendo-lhe impor contribuição anual e exercer atividade fiscalizadora e
censória.

A OAB seria, portanto, autarquia corporativista, o que atrairia, a teor do art. 109, I, da CF, a
competência da Justiça Federal para o exame de ações — de qualquer natureza — nas quais
ela integrasse a relação processual. Assim, seria impróprio estabelecer distinção em relação
aos demais conselhos existentes.

O STF vem conferindo a empresas estatais (empresa pública ou sociedade de economia mista)
privilégios de fazenda pública, conforme o caso concreto, tendo como pressuposto dois
requisitos: (I) prestar serviço público em caráter de exclusividade; (II) não dividir eventuais
lucros com os acionistas.

Agencias
No Brasil, o chamado processo de agencificação ocorreu na década de 1990, sob o governo do
então Presidente da Republica FHC. Copiando o modelo norte-americano, o governo FHG
iniciou esse processo, visando a promover a criação de agencias reguladoras que administram
e regulam setores sensíveis na economia, na área de planos de saúde, na área de relações de
consumo.

As agencias executivas já são um modelo consolidado pela reforma da Emenda Constitucional


n19/1998, que vários pontos da parte administrativa da constituição Federal.

Agencias executivas
Agências Executivas É apenas o resultado de uma qualificação dada a uma autarquia ou
fundação que celebrarem o chamado contrato de gestão com poder público. Portanto, não se
trata de uma nova figura ou entidade, mas apenas um novo status atribuído a essa entidade.

A fim de obterem uma maior autonomia gerencial, orçamentária e financeira, essas entidades
precisariam entrar em um processo de reestruturação e fazer um contrato de gestão com o
Ministério supervisor, que definirá as metas a serem alcançadas, verificadas anualmente.
Assim a entidade tem a sua qualificação como agência executiva.

No Brasil, poucos foram os casos bem-sucedidos de formação de agências executivas, podendo


ser citado, quase excepcionalmente, o Inmetro. Isso se dá por decorrência de muitas críticas
doutrinárias referentes à atribuição de ainda mais autonomia para entidades já autônomas.

Autarquia/Fundação → Plano de reestruturação interna → Contrato de gestão G0F Art. 37, §


8º, CF (Metas/ano) → Decreto e qualificação → Ag. Executiva

• Ao não cumprir as metas, a agência executiva, após todos esses trâmites, voltaria ao status
de autarquia, perdendo a sua qualificação.

• Nesse caso, uma das vantagens ainda prevista em lei é uma maior liberdade para fazer
contratação direta em razão do valor. Na Lei de Licitações (Lei n. 8.666/1993), são previstas
certas formas de contratação direta em razão do valor, que a lei, por considerar um valor
pequeno, permite que seja alegada a dispensa de licitação. Quando uma autarquia é
qualificada como agência executiva, esses valores são aumentados.

• O art. 51 da Lei n. 9.649/1998 estabelece que serão chamadas de agência executiva apenas
autarquia e fundação. Todavia, no art. 37, determina-se que órgãos e entidades da
Administração indireta também podem fazer o contrato de gestão.

Agências Reguladoras
Instituições que tivera uma maior celebração no Brasil. No país, foram criadas na forma de
autarquias. Mas chamadas de autarquias em regime especial. Tudo que diz respeito a
autarquias se aplica às agências reguladoras: sua criação é feita mediante lei, só pode prestar
atividade típica de Estado, goza de todas as prerrogativas e obrigações de serem pessoas
públicas etc.

A expressão autarquia em regime especial se aplica a toda autarquia que tiver um regime
diferenciado das demais. Isso começou com as universidades que começaram como
autarquias, mas, por sua vez didática e pedagógica que é dada pela própria Constituição foram
consideradas autarquias em regime especial.

O mesmo ocorreu com o Banco Central, que tinha, a princípio, a função de órgão dentro do
Ministério da Fazenda. Então foi criada a entidade Banco Central, com regime diferenciado.
A partir da década de 90, começam a ser criadas as agências reguladoras, que nasceram com
regras diferentes relativas a dirigente, ocupação de mandato, entre outras. Foram portanto,
consideradas pelos autores com pertencentes ao rol de autarquias em regime especial.

Atividades

Típico poder de polícia: Anvisa, ANS

Regulação de atividades que foram objeto de privatização, sendo a atividade repassada ao


particular por meio de;

Concessão

Permissão

Autorização

O Estado, anteriormente, era detentor de suas empresas de linha telefônica, mas extinguiu e
delegou a atividade a particulares, como a Tim, Vivo e a Oi, que são empresas concessionárias
de um serviço que pertencia à União.

Nesse caso, o Estado delega a execução, mas continua sendo o titular, devendo fiscalizar essas
atividades, por meio do modelo de agências reguladoras.

Exemplos: ANEEL, ANATEL, ANTAC, ANAC, ANP, ANTT, entre outras.

Quais são as duas agências que têm previsão na Constituição?

ANP e ANATEL. Apesar de não terem sido mencionadas expressamente, a Constituição


prevê a existência dessas agências reguladoras ao permitir que as atividades relativas ao
petróleo e às telecomunicações sejam incumbidas a particulares, por concessão, permissão ou
autorização.

Casos específico

• Agências reguladoras de fomento = Ancine

Pontos importantes

• A indicação é feita pelo Poder Executivo.

• A investidura dos dirigentes depende de aprovação do Poder Legislativo.

• Os dirigentes não ocupam cargo em comissão, mas mandatos, com prazo determinado para
as funções de 5 anos.

• Regime de administração colegiada.

Lei n. 13.848/2019, art. 3º A natureza especial conferida à agência reguladora é caracterizada


pela ausência de tutela ou de subordinação hierárquica, pela autonomia funcional, decisória,
administrativa e financeira e pela investidura a termo de seus dirigentes e estabilidade durante
os mandatos, bem como pelas demais disposições constantes desta Lei ou de leis específicas
voltadas à sua implementação.

Art. 7º O processo de decisão da agência reguladora referente a regulação terá caráter


colegiado.
§ 1º O conselho diretor ou a diretoria colegiada da agência reguladora deliberará por maioria
absoluta dos votos de seus membros, entre eles o diretor-presidente, o diretor-geral ou o
presidente, conforme definido no regimento interno.

§ 2º É facultado à agência reguladora adotar processo de delegação interna de decisão, sendo


assegurado ao conselho diretor ou à diretoria colegiada o direito de reexame das decisões
delegadas

Alterações na lei n. 9986/2000

Lei n. 9.986/2000, art. 4º As agências terão como órgão máximo o Conselho Diretor ou a
Diretoria Colegiada, que será composto de até 4 (quatro) Conselheiros ou Diretores e 1 (um)
Presidente, Diretor-Presidente ou Diretor-Geral. § 1º Os mandatos dos membros do Conselho
Diretor ou da Diretoria Colegiada serão não coincidentes, de modo que, sempre que possível, a
cada ano, ocorra o término de um mandato e uma consequente nova indicação.

Art. 5º O Presidente, Diretor-Presidente ou Diretor-Geral (CD I) e os demais membros do


Conselho Diretor ou da Diretoria Colegiada (CD II) serão brasileiros, indicados pelo Presidente
da República e por ele nomeados, após aprovação pelo Senado Federal, nos termos da alínea
“f” do inciso III do art. 52 da Constituição Federal, entre cidadãos de reputação ilibada e de
notório conhecimento no campo de sua especialidade, devendo ser atendidos 1 (um) dos
requisitos das alíneas “a”, “b” e “c” do inciso I E, cumulativamente, o inciso II:

I – ter experiência profissional de, no mínimo: (UM DOS REQUISITOS)

a) 10 (dez) anos, no setor público ou privado, no campo de atividade da agência reguladora ou


em área a ela conexa, em função de direção superior; ou

b) 4 (quatro) anos ocupando pelo menos um dos seguintes cargos:

1. cargo de direção ou de chefia superior em empresa no campo de atividade da agência


reguladora, entendendo-se como cargo de chefia superior aquele situado nos 2 (dois) níveis
hierárquicos não estatutários mais altos da empresa;

2. cargo em comissão ou função de confiança equivalente a DAS-4 ou superior, no setor


público;

3. cargo de docente ou de pesquisador no campo de atividade da agência reguladora ou em


área conexa; ou

c) 10 (dez) anos de experiência como profissional liberal no campo de atividade da agência


reguladora ou em área conexa; e

II – ter formação acadêmica compatível com o cargo para o qual foi indicado.

§ 7º Ocorrendo vacância no cargo de Presidente, Diretor-Presidente, Diretor-Geral, Diretor ou


Conselheiro no curso do mandato, este será completado por sucessor investido na forma
prevista no caput e exercido pelo prazo remanescente, admitida a recondução se tal prazo for
igual ou inferior a 2 (dois) anos
Mais Importante!
Lei n. 9.986/2000, art. 6º O mandato dos membros do Conselho Diretor ou da Diretoria
Colegiada das agências reguladoras será de 5 (cinco) anos, vedada a recondução, ressalvada a
hipótese do § 7º do art. 5º

“Quarentena” (6 Meses)
Lei n. 9.986/2000, art. 8º Os membros do Conselho Diretor ou da Diretoria Colegiada ficam
impedidos de exercer atividade ou de prestar qualquer serviço no setor regulado pela
respectiva agência, por período de 6 (seis) meses, contados da exoneração ou do término de
seu mandato, assegurada a remuneração compensatória

Vedações de Indicação Art. 8º-A e B.

Perda do Mandato
Lei n. 9.986/2000, art. 9º O membro do Conselho Diretor ou da Diretoria Colegiada somente
perderá o mandato:

I – em caso de renúncia;

II – em caso de condenação judicial transitada em julgado ou de condenação em processo


administrativo disciplinar;

III – por infringência de quaisquer das vedações previstas no art. 8º-B desta Lei.

ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA – CONSÓRCIOS PÚBLICOS

Consórcios Públicos: é o resultado da criação de uma pessoa jurídica para prestar serviços
públicos de forma associada pelos entes da federação. Criados a partir do art. 241 da
Constituição Federal, que dispõe que os entes da federação podem se juntar por convênio ou
consórcio para prestar serviços públicos de forma associada. Também, dispõe sobre a criação
dos consórcios públicos a Lei n. 11.107/2005, que regulamento o art. 241 da Constituição
Federal.

• Consórcio é a reunião de entes da federação para a prestação de serviços de forma


associada. Ou seja, só podem participar a União, Estados, Distrito Federal ou municípios. Não
podem participar particulares, nem entidades da Administração indireta.

Exemplo: vários municípios (e o estado) que se unem para construir e administrar um hospital.

Exemplo de Consórcio: Autoridade Pública Olímpica, consórcio da União, o estado do Rio de


Janeiro e o Município do Rio de Janeiro que foi criado para fazer a administração e a gestão
das obras das Olimpíadas do Rio de Janeiro. Havia interesse e recurso dos três entes que se
juntaram para a criação do consórcio, ou seja, a pessoa jurídica para fazer, em conjunto, a
prestação do serviço para a sociedade.

A natureza Jurídica do consórcio pode ser de direito público ou de direito privado, uma vez
que a lei dos consórcios dispõe que é preciso criar uma entidade para fazer a administração.
Essa entidade pode ser feita a partir de uma associação pública (natureza de autarquia) ou
associação de direito privado.

A doutrina critica o fato de ter uma associação de direito privado que não se submete as regras
do direito público e administra o consórcio que é somente de entes da federação.
No processo de formação de um consórcio há um trâmite complexo: Primeiro, cada ente que
quer participar necessita aprovar, internamente, uma lei autorizando a participar do consórcio.
Então, há um contrato comprometendo-se a participar do consórcio. Depois, é feito um
contrato de programa, dividindo qual será a competência administrativa de cada ente que
participa, e um contrato de rateio, ou seja, divisão de dinheiro, estabelecendo quais as
obrigações financeiras de cada ente que participa do consórcio.

Terceiro Setor – Para Estatais


Paraestatais estão paralelas ao Estado e vão colaborar com ele em atividades que são de
interesse da coletividade.

1º Setor 2º Setor 3º Setor 4º Setor


Estado (direta e Mercado Entidades Estatais Mercado Informal
indireta)

Administração Pública - 3º Setor (constante evolução, pois ainda está em consolidação de sua
definição). São do terceiro setor: o Sistema “S”, as Organizações Sociais, Organizações Sociais
Civis de Interesse Público., Fundações de Apoio e as Organizações de Sociedade Civil.

Serviços Sociais Autônomos – Entidades do Sistema S


A ideia inicial do Sistema “S” era prestar apoio a categorias profissionais. Porem, hoje, vai
muito mais além de ideias inicial, prestando, inclusive, atividade típica da Administração
Pública de serviços públicos diretamente à sociedade. Quem faz a criação do Sistema “S” é a
união. As entidades do terceiro setor são pessoas de direito privado, sendo o sistema “S”
autorizado por lei, mas seguindo as regras do direito privado. Estados e municípios também
podem fazer a criação.

Licitação
Não precisa fazer licitação, mas observar os princípios licitatórios. Vão sobreviver com recursos
públicos. As empresas pegam um tributo que vai para a entidade.

A entidades devem ter regulamento interno, estabelecendo um processo de competição antes


de fazer seus contratos.

Competência
Sumula 516 do STF: O serviço Social da Industria – SESI – está sujeito à jurisdição da Justiça
Estadual. “Apesar da sumula antiga, falar do SESI, serve para todas as entidades do Sistema
“S”.

Concurso
O STF entendeu que, possuírem natureza jurídica de direito privado e não integrarem a
administração pública, não estão sujeito à observância da regra do concurso público (CF, 37,II)
para contratação de seu pessoal.

Organizações Sociais (OS’S)


Algumas entidades não governamentais vão querer se qualificar como tal, para se aproximar
mais do Estado. O Governo FHC tinha como princípio a ideia do Estado mínimo e o processo de
qualificação de entidades como OS e OSCIP decorreu desse processo. Várias organizações
desse tipo administram parques e hospitais públicos. Quando as organizações dessa natureza
tomam conta desses setores, elas não precisam fazer concurso, contratam pela CLT, pode
demitir quando quiser, não tem que licitar. Esses modelos podem até agilizar em relação aos
trabalhadores, mas existem muitas fraudes e desvios de dinheiro.

Area de Atuação: ensino à pesquisa cientifica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e


preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde.

Conselho de Administração composto por representantes do Poder Público – art. 3º.


Administra e precisa ser misto, pessoas que representem a sociedade e representem o
governo.

O procedimento de qualificação das entidades como organizações sociais deveria ser


conduzido de forma pública, objetiva e impessoal, com observância dos princípios do caput do
art. 37 da CF, e de acordo com parâmetros em abstrato segundo o disposto no art. 20 da lei n
96537/1998

A entidade qualificada como OS não precisa fazer licitação quando for contratar com terceiros.
Porém, o processo de contratação deve ser conduzido de forma pública, objetiva e impessoal,
com observância dos princípios do caput do art. 37 da CF

São válidas as outorgas de permissão de uso de bem público para as entidades qualificadas
como OS. Porém, o procedimento deve ser conduzido de forma pública, objetiva e impessoal,
com observância dos princípios do caput do art. 37 da CF

As entidades qualificadas como OS não precisam fazer concurso. Porém, a seleção de pessoal
pelas organizações sociais deve ser conduzida de forma pública, objetiva e impessoal, com
observância dos princípios do caput do art. 37 da CF, e nos termos do regulamento próprio a
ser editado por cada entidade

As entidades qualificadas como OS estão sujeitas à fiscalização do MP e do TCU. Para o STF


qualquer interpretação que restringisse o controle, pelo Ministério Público e pelo Tribunal de
Contas da União, da aplicação de verbas públicas deveria ser afastada.

ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO (OSCIP)

Área de atuação: muito mais amplo que as OS.

Art. 3º A qualificação instituída por esta Lei, observado em qualquer caso, o princípio da
universalização dos serviços, no respectivo âmbito de atuação das Organizações, somente será
conferida às

pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos objetivos sociais tenham pelo
menos

uma das seguintes finalidades:

I – promoção da assistência social;

II – promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;

III – promoção gratuita da educação, observando-se a forma complementar de participação


das

organizações de que trata esta Lei;


IV – promoção gratuita da saúde, observando-se a forma complementar de participação das
organizações de que trata esta Lei;

V – promoção da segurança alimentar e nutricional;

VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento


sustentável;

VII – promoção do voluntariado;

VIII – promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza;

IX – experimentação, não lucrativa, de novos modelos socioprodutivos e de sistemas


alternativos de

produção, comércio, emprego e crédito;

X – promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria jurídica


gratuita

de interesse suplementar;

XI – promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de outros

valores universais;

XII – estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção e divulgação


de informações e conhecimentos técnicos e científicos que digam respeito às atividades
mencionadas neste artigo

Não podem se qualificar como OSCIP

Não podem se qualificar como OSCIP o que tem finalidade lucrativa.

Art. 2º Não são passíveis de qualificação como Organizações da Sociedade Civil de Interesse
Público, ainda que se dediquem de qualquer forma às atividades descritas no art. 3º desta Lei:

I – as sociedades comerciais;

II – os sindicatos, as associações de classe ou de representação de categoria profissional;

III – as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos, práticas e


visões

devocionais e confessionais;

IV – as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas fundações;

V – as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens ou serviços a um círculo


restrito de associados ou sócios;

VI – as entidades e empresas que comercializam planos de saúde e assemelhados;

VII – as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas mantenedoras;

VIII – as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas mantenedoras;

IX – as organizações sociais;
X – as cooperativas;

XI – as fundações públicas;

XII – as fundações, sociedades civis ou associações de direito privado criadas por órgão público
ou

por fundações públicas;

XIII – as organizações creditícias que tenham quaisquer tipos de vinculação com o sistema
financeiro nacional a que se refere o art. 192 da Constituição Federal.

Principais Diferenças entre OSs e OSCIPs


OS OSCIP
Regida pela lei n. 9637/1998 Regida pela Lei n.9790/1999
A qualificação é ato discricionário A qualificação é ato vinculado
Celebra Contrato de Gestão Celebra Termo de Parceria
A lei não diz quem pode se qualificar A Lei diz quem não pode se qualificar
A área de atuação: pesquisa cientifica, Área de atuação é mais ampla
desenvolvimento tecnológico, proteção do
meio ambiente, cultura e saúde
Podem receber bens públicos e servidores Não lei não há essa previsão.

As OS vieram substituir órgãos e entidades públicas que foram extintas e as OSCIP tem caráter
de auxiliar nas atividades do Estado a prestar serviços públicos para a sociedade.

Para OS, a entidade participa do processo seletivo e o órgão vai fazer a análise se pode ou não
ser qualificada. Já para a OSCIP, a entidade só precisa preencher as condições.

As OS e as OSCIP têm contratos parecidos, porém, um contrato que antecede a qualificação,


no primeiro caso, é um contrato de gestão e o termo de parceria é o que antecede a
qualificação das OSCIP.

Existem as entidades ou fundações de apoio, que quase não aparecem em provas e que tem
como objetivo apoiar uma outra fundação ou entidade que já faz parte do Estado. Exemplos:
FUB x FINATEC.

As OSC são todas as entidades que estão ao lado do Estado, colaboram com ele, mas não têm
a qualificação como OS ou OSCIP, regulado pela Lei n. 13.019/2014.

Poderes Administrativos
Conceito
Os poderes tem caráter instrumental, porque são instrumentos colocados nas mãos do
administrador para atender os interesses de coletividade. São ferramentas para que o
administrador possa executar suas atividades. Uma autoridade publica precisa ter o poder
disciplinar, para punir seus servidores quando cometem infrações. O Estado, os seus agentes,
tem que ter o poder de polícia, de restringir, condicionar, limitar atividades que podem ser
nocivas aos particulares de forma geral. Então, o administrador precisa de instrumentos para
atender os interesses da coletividade.
Esses poderes, apesar de serem chamados de poderes administrativos, não representam
faculdade, ou seja, não são uma opção. Os autores vão falar que representam um poder-dever
(deve utilizar os poderes nas situações do dia a dia) ou dever-poder.

Abuso de Poder
É o uso incorreto do poder e pode acontecer pelo excesso de poder ou pelo desvio de poder. O
excesso de poder ocorre quando a autoridade vai além das suas atribuições. Nasce violado,
nesse ato, o elemento competência. Já o desvio de poder acontece quando a autoridade
pratica ato sem observar o seu fim diverso do previsto em lei ou pratica ato visando finalidade
pessoal. Nesse caso, nasce violado o elemento finalidade. Abuso de poder é um gênero que
tem duas espécies.

Como exemplo e abuso de poder, pode-se citar a demissão de um servidor feito por um
secretário da Fazenda Federal, onde nasce violado o elemento competência do ato
administrativo, já que por lei apenas o Presidente da Republica poderia fazer a demissão. Já o
desvio de poder, pode-se exemplificar a partir do caso de remoção da lei. 8112 como forma de
punição, já que a remoção não tem caráter punitivo segundo a referida lei. A remoção também
não pode atender fim pessoal do administrador, ela somente deve acontecer para interesse da
coletividade ou do próprio servidor.

A omissão também pode configurar o abuso de poder, tanto pelo excesso como pelo desvio.
No entanto, a omissão é mais vista em casos de desvio, uma vez que, é preciso praticar uma
conduta para incorrer no abuso de poder pelo excesso. Um exemplo de abuso de poder por
omissão é ignorar pedidos para atender a vontade pessoal do administrador.

Deveres dos Agentes Públicos


Todo poder corresponde a um dever, por isso os agentes públicos tem deveres de:

 Probidade;
 Eficiência;
 Prestar Contas;
 Agir.

Poder Disciplinar
É o poder de punir os servidores por suas infrações funcionais e também punir os particulares,
desde que tenham vinculo especial com a Administração Pública. Quando há uma infração do
servidor, abre-se um processo administrativo e aplica-se a sanção, que exercida pela
autoridade é categorizada como aplicação do poder disciplinar.

Em relação aos particulares, é preciso que tenham algum vínculo especial. Particular sem
vínculo especial decorre punição do poder de polícia. Uma empresa contratada pela
Administração Pública que não cumpre o contrato pode sofrer advertência, punição, multa,
etc. advindo do poder disciplinar a Administração Pública. Já uma pessoa que ultrapassa o sinal
vermelho, por exemplo, sofre punição do Poder e Polícia e, não, do poder disciplinar da
Administração Pública.

Um Aluno universitário sofrendo sanção da universidade em que estuda é poder disciplinar, já


que existe uma relação especial com a entidade da Administração pública. Um preso sofrendo
sanção do diretor do presidio também decorre do poder disciplinar.
O poder Disciplinar tem como característica ser discricionário, ou seja, é marcado pela
discricionariedade. Isso significa que há margem de liberdade para fazer juízo de conveniência
e oportunidade para poder escolher a melhor solução para o caso concreto. No entanto, não
há discricionariedade para decidir se vai punir ou não quem comprovadamente praticou uma
infração, a liberdade está na escolha da sanção a ser aplicada.

A legislação, através da Lei n. 9112, prevê uma espécie de dosimetria que deve ser feita antes
de aplicar a sanção, levando em consideração a conduta do servidor, a sua reprovabilidade,
seus antecedentes, os danos para a administração pública, devendo ser analisa todo o
contexto.

Também há liberdade em razão do principio a atipicidade que existe nas infrações


administrativas. Diferentemente do direito penal, em que os tipos de crimes já estão previstos
em lei, no direito administrativo, o principio da atividade significa que nem todas as infrações
administrativas estão previstas em lei, podendo o administrado público enquadrar a conduta
dentro e normas abertas previstas na lei administrativa. Nem toda conduta ilegal está prevista
na lei de forma fechada. O administrador tem a liberdade de usar conceitos abertos, ou
conceitos jurídicos indeterminados, para colocar a conduta praticada pelo servidor que é mais
plausível e aplicar a infração mais justa para o contexto.

Para o STF o poder disciplinar é vinculado.

Existem julgados do STF que aparecem a frase anterior na ementa, resumo da decisão. Em
alguns casos, o órgão julgou a punição como vinculado, ou seja, tem que acontecer
determinada sanção em determinados contextos.

Para a infração disciplinar é 5 anos do conhecimento do fato.

Obs.: a Súmula 591-STJ: é permitida a “prova emprestada” no processo administrativo


disciplinar, desde que devidamente autorizada pelo juízo competente e respeitados o
contraditório e a ampla defesa.

É comum nesse caso a interceptação telefônica autorizada judicialmente, utilizada como prova
no processo administrativo.

Obs.: Súmula 343 STJ e SV e 5 o STF: Não precisa e defesa técnica por advogado no PAD. Um
PAD pode transcorrer sem a defesa e um advogado. No final, ocorrendo a decisão o servidor
não pode alegar nulidade por falta de defesa e um advogado (a súmula 343 do STJ está sem
aplicação).

Obs.: Lei n. 8.112/1990, art. 126 = independência das instâncias.

Quando o servidor pratica uma conduta, ela pode ter várias repercussões, podendo gerar um
processo penal, administrativo e ou civil. No entanto, a regra é a independência das instancias,
podendo ser condenado e ou absolvido diferentemente em cada instancia.

Porém, a lei prevê que, se na esfera penal acontecer absolvição por negativa do fato ou
negativa de autoria. Essa absolvição penal vai repercutir, anulando o PAD, e arquivando o
processo civil. Essa é a única possibilidade de vinculação, pois é a prova que não ocorreu o fato
ou que o servidor não é o autor.

Absolvição por falta de provas na esfera penal não vincula a via administrativa.
Poder Hierárquico
Trata-se do poder de estabelecer hierarquia entre os órgãos públicos e os servidores públicos.

Consequências da hierarquia:

 Poder de comando, dar ordens: o superior dá ordens para o subordinado.


 Poder de fiscalização: revogação ou anulação de atos dos subordinados
 Poder de revisão: confirmar ou corrigir os atos dos subordinados.
 Poder de delegar e avocar: transferir atribuições para os subordinados e chamar uma
atribuição eu seria do subordinado (avocar)

Obs.: segundo a Lei n. 9.784/1999, delegação pode acontecer mesmo em relações não
hierarquizadas (delegação vertical: quando há hierarquia; delegação horizontal: quando não há
hierarquia):

Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi
atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos.

Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal,
delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam
hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de
índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.

Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à delegação de competência dos
órgãos colegiados aos respectivos presidentes.

Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:

I – a edição de atos de caráter normativo;

II – a decisão de recursos administrativos;

III – as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.

Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados no meio oficial.

§ 1º O ato de delegação especificará as matérias e poderes transferidos, os limites da atuação


do delegado, a duração e os objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter
ressalva de exercício da atribuição delegada.

§ 2º O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante.

§ 3º As decisões adotadas por delegação devem mencionar explicitamente esta qualidade e


considerar-se-ão editadas pelo delegado.

Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente
justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente
inferior.

Art. 16. Os órgãos e as entidades administrativas divulgarão publicamente os locais das


respectivas sedes e, quando conveniente, a unidade fundacional competente em matéria de
interesse especial.

Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o processo administrativo deverá ser iniciado
perante a autoridade de menor grau hierárquico para decidir
Obs.: a avocação deve ser temporária, excepcional, justificada e tem que haver hierarquia.

Poder de punir: o poder hierárquico não pune, mas o poder de punir decorre da hierarquia.

Situações que não possuem Hierarquia

 Entre as administrações publicas direta e indireta: relação de vinculação


 Entre os poderes do Estado
 Entre os entes federativos; e
 Nas funções típicas dos poderes legislativo e judiciário

Obs.: nas funções administrativas há hierarquia

Poder normativo ou regulamentar


Trata-se do poder da Administração Pública de editar atos normativos para complementação
das leis

A expressão mais usada é poder normativo, pois poder regulamentar era classificado como a
competência dos Chefes do Poder Executivo para fazerem decretos, visando a fiel execução
das leis, e essa competência não é mais somente fazer decretos

Em apenas uma conduta do administrador, pode haver vários poderes

O poder normativo se expressa por vários atos, mas o principal deles é o decreto.

Decreto
Espécies do decreto
Regulamentar/ da execução (CF, 84, IV): feito para a fiel execução de uma lei. Assim não pode
alterar uma lei, ampliar o que a lei dispõe nem restringir; e

Autônomo/independente (CF, 84, VI): não depende de uma lei anterior, pois busca a sua
fundamentação direto da CF. esse decreto é feito apenas para duas situações

Para fazer organização interna da Administração Pública, desde que não provoque aumento e
despesas nem criação ou extinção de órgãos;

Para extinção de cargos ou funções vagas.

Só quem faz decreto é o chefe do Poder Executivo.

Obs.: Hely Lopes Meirelles defende que o regulamento autônomo é possível em qualquer
caso. Trata-se de faculdade implícita no poder de chefia da Administração (teoria dos poderes
implícitos). Para Celso Antônio Bandeira de Mello não é possível, em nenhuma hipótese, a
edição e regulamentos autônomos no Brasil. Vale dizer que estas duas posições são
minoritárias.

Deslegalização/Deslegificação

É admitir que um assunto, que antes era tratado mediante lei, seja tratado mediante ato
administrativo.
Poder e polícia
Trata-se do poder do Estado de
restringir, condicionar ou limitar o
exercício e bens, direitos e
atividades em beneficio do Estado e
da coletividade

O poder e Polícia é muito mais


abrangente que o poder da polícia

Formas de Expressão
Poder de Polícia pode se expressar
por meio de leis e atos normativos
(exemplos: código florestal e
resoluções do IBAMA), atos de
consentimento (ex.: autorizações – ato discricionário – ou licenças – ato vinculado), atos de
fiscalização e atos de sanção (ex.: multa).

Poder de Polícia em sentindo amplo e estrito


Sentido Amplo: são todos os atos que expressão poder de polícia em todos os órgãos do Poder
Legislativo e do Poder Executivo.

Em sentido Estrito: são os atos que provêm somente do Poder Executivo.

Poder de polícia originário e derivado


Originário: exercido de forma direta pelo Estado, por meio de sua Administração direta.

Derivado: exercido por uma entidade da administração indireta (ex.: autarquia)

Atributos do Poder de polícia


Poder de Polícia é um poder estatal de restringir, condicionar e limitar atividades dos
particulares em beneficio de toda a coletividade.

O poder de polícia decorre do poder extroverso do Estado, o qual é o poder do Estado de


impor restrições, limitações e interferências na vida dos particulares

Características
Discricionário
Há uma certa margem de liberdade na aplicação

Tem liberdade para decidir as atividades que serão policiadas (potencial danoso), para decidir
o momento de atuação, para em alguns casos, decidir a sanção e para dar autorização.

Obs.: o Supremo decidiu que a profissão de musico não tem a danosidade necessária que
justifique o poder de policia sobre ela. Já algumas práticas, como o uso de drones e de
patinetes, começaram a sem nenhuma fiscalização, mas, após alguns acontecimentos, o
Estado precisou limita-las

Poder de polícia também pode ser vinculado quando o Estado exigir licença para a realização
de atividades (direito subjetivo do particular).

No entanto, a doutrina majoritária entende que o poder de polícia é discricionário.


Autoexecutório.
Permite a execução direta pela própria Administração Pública, dispensando de ordem judicial
prévia.

Exceção: cobrança de multas não tem autoexecutoriedade.

Coercitivo
Cabe imposição aos particulares, valendo-se o uso da força pública se necessário.

Delegação do Poder de Polícia e Espécie Tributária


Não se delega o poder de polícia a particulares.

Fundamentações legais: lei n. 11079/2005; Lei 13019/2014 e ADI 1717

A Lei 11079/2005 prevê que os contratos de parceria público-privada não poderão ter como
objeto a delegação do poder de polícia

A Lei 13019/2014 (OSC) dispõe que uma organização de sociedade civil organizações não
governamentais não podem ser criadas para exercer poder de polícia.

Não obstante, a ADI 1717 prevê que não pode o Conselho que fiscaliza a profissão ser
transformado em pessoa de direito privado, isso porque conselhos são autarquias e exercem o
poder de polícia, e, portanto, não podem ser pessoa de direito privado.

É possível que atos materiais preparatórios ou de execução possam ser atribuídos a pessoas de
direito privado.

Ex.: é possível licitar para a contratação de empresa privada para a instalação de radares de
velocidade, contratar empresa privada para realizar demolição e construção predial irregular,
cumprindo determinação de demolição.

O ciclo do poder de polícia compreende os atos de legislação, consentimento, fiscalização e


sanção.

Em BH foi criado a BHHTRANS, pessoa jurídica de direito privado na forma de sociedade de


economia mista, para conceder licença para dirigir, fiscalizar o trânsito e aplicar sanções
(multas).

De acordo com o STJ, somente atos de consentimento e fiscalização poderiam ser atribuídos
ao BHTRANS.

Por outro lado, o STF julgou a matéria em 2020, no RE 633782:

STF – RE 633782: "É constitucional a delegação do poder de polícia, inclusive para aplicar
sanção, por meio de lei, a pessoas jurídicas de direito privado integrantes da Administração
Pública indireta de capital social majoritariamente público que prestem exclusivamente serviço
público de atuação própria do Estado e em regime não concorrencial".

Dessa forma, para o STF pode haver tanto ato de consentimento, como de fiscalização e
sanção.

Espécie Tributária
A taxa é o tributo que o Estado pode instituir para exercer o poder de polícia.
Polícia Administrativa e Judiciária
Competência para praticar atos de Poder de Polícia (predominância do interesse)

A União exerce o Poder de Polícia em assuntos de interesse nacional.

OS estados exercem Poder de Polícia em assuntos de interesse regional.

Os Municípios exercem Poder de Polícia em assuntos de interesse local.

Diferenças entre a Polícia Administrativa e a Polícia Jurídica.

Polícia Administrativa Polícia Judiciária


Momento Preventivo (em regra) mas pode ser Repressivo (em regra) mas
repressivo pode ser preventivo
Quem? Órgão/entidade pública Corporações especializadas
Lei PC|PF| PM*
Finalidade Atividades antissociais Infrações penais
Destinatários Bens, direitos e atividades Pessoas
Normas Direito Administrativo Processual Penal
Obs.: A Polícia judiciária não pune

Quando ocorre um crime militar, a Polícia Militar será responsável por investigar.

Súmula n. 397, STF: O Poder de Polícia da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em
caso de crime cometido nas suas dependências, compreende, consoante o regimento, a prisão
em flagrante do acusado e a realização do inquérito.

• Jurisprudência – Guarda Municipal:


DIREITO ADMINISTRATIVO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PODER DE POLÍCIA.IMPOSIÇÃO DE
MULTA DE TRÂNSITO. GUARDA MUNICIPAL. CONSTITUCIONALIDADE. Poder de Polícia não se
confunde com segurança pública. O exercício do primeiro não é prerrogativa exclusiva das
entidades policiais, a quem a Constituição outorgou, com exclusividade, no art. 144, apenas as
funções de promoção da segurança pública. A fiscalização do trânsito, com aplicação das
sanções administrativas legalmente previstas, embora possa se dar ostensivamente, constitui
mero exercício de Poder de Polícia, não havendo, portanto, óbice ao seu exercício por
entidades não policiais. O Código de Trânsito Brasileiro, observando os parâmetros
constitucionais, estabeleceu a competência comum dos entes da federação para o exercício da
fiscalização de trânsito. Dentro de sua esfera de atuação, delimitada pelo CTB, os Municípios
podem determinar que o Poder de Polícia que lhe compete seja exercido pela Guarda
Municipal. O art. 144, § 8º, da CF, não impede que a Guarda Municipal exerça funções
adicionais à de proteção dos bens, serviços e instalações do Município. Até mesmo instituições
policiais podem cumular funções típicas de segurança pública com exercício de Poder de
Polícia. Entendimento que não foi alterado pelo advento da EC n. 82/2014. 6. Desprovimento
do recurso extraordinário e fixação, em repercussão geral, da seguinte tese: é constitucional a
atribuição às Guardas Municipais do exercício de Poder de Polícia de trânsito, inclusive para
imposição de sanções administrativas-legalmente previstas

Obs.: Súmula n 510-STJ: A liberação do veículo retido apenas por transporte irregular de
passageiros não está condicionada ao pagamento de multa e despesas.

• Penalidades: multa + retenção (não é apreensão).


• Penalidades: multa + retenção (não é apreensão).
CTB pode exigir a quitação do pagamento dos tributos, encargos e multas com a condição para
que o veículo possa circular. O CTB prevê que só pode ser expedido novo certificado de
registro de veículo e novo certificado de licenciamento anual se ficar comprovado o
pagamento dos débitos relativos a tributos, encargos e multas vinculadas ao veículo
independentemente da responsabilidade pelas infrações cometidas. Tais dispositivos são
constitucionais e não limitam o direito de propriedade. Além disso, não se constituem sanções
políticas.

Prescrição
Art. 1º Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e
indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em vigor,
contados da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia
em que tiver cessado.

§ 1º Incide a prescrição no procedimento administrativo paralisado por mais de três anos,


pendente de julgamento ou despacho, cujos autos serão arquivados de ofício ou mediante
requerimento da parte interessada, sem prejuízo da apuração da responsabilidade funcional
decorrente da paralisação, se for o caso.

§ 2º Quando o fato objeto da ação punitiva da Administração também constituir crime, a


prescrição reger-se-á pelo prazo previsto na lei penal.

Poder Discricionário
Obs.: há uma tendencia da doutrina mais atual de não colocar os poderes discricionário e
vinculado como poderes autônomos.

Segundo a doutrina de Hely Lopes Meirelles, o doutrinador exerce seu poder discricionário
quando ele tem liberdade de fazer juízo de conveniência e oportunidade e escolher a melhor
decisão para a situação.

Poder vinculado
Segundo Hely Lopes Meirelles, quando o administrador não tem liberdade para fazer escolhas,
ele exerce o poder vinculado.

A prática de um ato nunca manifestará apenas um poder.

Atos Administrativos
Conceito
Em linhas gerais, ato administrativo é a manifestação da vontade da administração pública, a
exemplo de multas, licença para dirigir, alvará de construção, autorização de porte de armas
entre outros.

O Estado, que é uma pessoa jurídica, manifesta sua vontade por meio de seus agentes,
utilizando-se de portarias, decretos, resoluções, circulares, avisos, ordens de serviço, ordens
de serviço, alvarás, licenças, que são atos administrativos.

Na administração pública, em regra, os atos administrativos são feitos de forma escrita.

Obs.: os atos administrativos são espécies de atos jurídicos. Atos jurídicos são todos os atos
que produzem efeitos no mundo jurídico.
Ato administrativo
Declaração unilateral de vontade do Estado ou de quem represente no exercício de função da
administração pública, de nível inferior à lei, e sujeita ao controle judicial.

Essa unilateralidade da vontade do Estado em direção ao particular, impondo a ele, por


exemplo, uma sanção, uma obrigação, o reconhecimento de direito. Eis uma diferenciação em
relação a um contrato, que é uma manifestação bilateral de vontades.

Uma empresa concessionária de serviço público exercer função administrativa, pois presta um
serviço público à sociedade. Caso uma empresa de serviço de metrô, por exemplo, faça uma
portaria especificando condições para se usar um vagão de metrô, esse ato tem natureza de
ato administrativo.

A função administrativa pode ser exercida pelos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário,
mas nem todos os atos desses poderes são considerados atos administrativos. Ex.: decreto do
presidente da República concedendo extradição a um estrangeiro tem caráter político e não é
um ato administrativo.

Os atos administrativos estão abaixo das leis e da Constituição Federal (CF). Eles tem natureza
secundária, pois o ato primário é a lei, que, por sua vez, decorre diretamente da CF.

Obs.: decreto legislativo é ato primário feito pela Câmara dos Deputados, Senado Federal ou
Congresso Nacional. O art. 59 da CF enquadra-os no mesmo nível das leis.

Os atos administrativos (discricionário e vinculado) estão sujeitos ao controle judicial quanto à


legalidade, mas nunca em relação a conveniência e oportunidade, sem analise de mérito.

Não são atos administrativos


Fato administrativo:
Ato material ou de execução, pratica por algum órgão da Administração, mas sem conteúdo de
ato administrativo. Ex.: demolição de um prédio.

Acontecimento que produz efeitos no mundo jurídico-administrativo. Ex.: falecimento de


servidor público, o que resulta, por exemplo, na declaração da vacância de seu cargo.

Fato Administrativo também se diferencia do fato da Administração. Este é um acontecimento


que não produz efeito. Ex.: um servidor cai e se levanta no recinto de uma repartição. O fato
aconteceu, mas não teve nenhuma repercussão administrativa.

Silencio Administrativo
Não é ato administrativo. Como regra, é um fato administrativo.

Mas o silencio poderá ser considerado ato administrativo quando a lei assim dispuser
expressamente.

Ex.: lei que não obrigue algum órgão a dar uma negativa expressamente em relação a
determinada solicitação, dentro de determinado prazo, pode-se considerar que há uma
autorização tácita. Logo, quando a lei der ao silencio o mesmo efeito de um ato praticado esse
silencio será considerado administrativo.
Qual a atuação do Poder judiciário diante do Silêncio
Administrativo.
Nos atos discricionários, ocorrendo o silêncio administrativo sem que a lei apresente a
consequência, não é possível ao Poder Judiciário determinar o ato a ser praticado; pois a
analise dos critérios de conveniência e oportunidade deve ser restrita à Administração – a
atuação do órgão jurisdicional será estabelecer um prazo para o administrador se pronunciar
sobre o pedido do particular. No caso de ato vinculado, pode-se conferir o que foi solicitado,
na medida em que a decisão do agente público e o exame feito pelo judiciário não poderiam
ter soluções diversas.

O Superior Tribunal de Justiça, em determinadas situações, mesmo no caso de ato


discricionário, já admitiu a possibilidade o Poder Judiciário conferir a autorização pretendida
pelo particular em razão da mora administrativa.

Competência
Elementos/ requisitos do ato administrativo
Apesar de não existe uma lei sobre os atos administrativos, a doutrina entendendo que na Lei
n4717/1965 estão os elementos ou requisitos da validade de um ato administrativo.

Elementos do ato Administrativo


 COmpetência (sujeito) – quem?
 FInalidade – para quê?
 FOrma – como?
 MOtivo – por quê?
 OBjeto – o que?

Mnemônico: COFIFOMOOB

Faltando um desses elementos, o ato é ilegal e poderá ser anulado pela Administração ou pelo
Poder Judiciário, se provocado.

Competência
Poder que a lei atribui ao agente público para a prática de seus atos.

Características
Irrenunciável = “não abrir mão”

Lei n. 9.784/1999, art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos


administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação
legalmente admitidos.

A Lei tem uma redação incorreta, mas por ser texto de lei, caso essa afirmativa apareça na
prova, deve ser marcada como correta.

Inderrogável = somente a lei pode atribuir, não se transfere pela simples vontade do agente.

Improrrogável

Imprescritível = não se perde pelo decurso do tempo.


Vícios
Excesso de poder = ir além das atribuições legais

Função de fato = investidura irregular na função, praticando atos próprios desta.

Agente putativo: aparência de legalidade

Obs.: a teoria da aparência mantém a validade dos atos praticados para terceiros de boa-fé

Usurpação de função = ocorre quando alguém se apropria de uma função pública, praticando
atos próprios desta.

Não se aplica a teoria da aparência nesse caso.

Obs.: os atos são considerados inexistentes

Há previsão no Código Penal para o crime de usurpação de função.

A convalidação pode ser aplicada quando há excesso de poder.

Convalidar é corrigir um vício de um ato, se ele é inexistente na usurpação, não se aplica a


convalidação.

Finalidade e Forma

Finalidade
O objetivo de interesse público buscando a prática do ato.

Toda conduta é voltada para satisfazer o interesse público

A finalidade seria o fim mediato do ato administrativo, ao passo que o objeto é o fim imediato.

Obs.: a finalidade é sempre indicada pela lei. Ex.: multa.

Não há convalidação na finalidade

Cabe frisar que a doutrina e a jurisprudência entendem que existe uma hipótese em que pode
ocorrer contrariedade à finalidade especifica do ato, sem que se declare sua invalidade, desde
que seja observado o interesse público primário (coletividade). Trata-se da desapropriação, em
que, depois de realizada a transferência de propriedade o domínio público, altera-se a
destinação inicial especifica do ato, denominada tredestinação licita.

Forma
Regra = manifestação por escrito

Gestos, sons, meios mecanismos/eletrônicos (semáforo e


placas são admitidos quando não for possível a forma escrita.

Formalização/formalidades
São os requisitos indispensáveis para a correta prática do ato
administrativo

Quando uma formalidade não é respeitada, a forma nasce viciada.


Obs.: a forma admite convalidação, desde que não tenha uma formalidade indispensável para
sua validade.

Ex.: fazer uma portaria quando seria necessário fazer um decreto.

Motivo
Situação de fato ou de direito que autoriza o ato a ser praticado

Motivo de fato é a situação fática que aconteceu

Motivo de direito é a que está presente na lei, tem fundamento legal.

Todo ato deve ter motivos, caso não tenha será um ato ilegal, é um vicio que não tem
convalidação.

Motivo é diferente de motivação

Motivação é a justificativa do ato, é apresentar as razões que levaram o ato a ser praticado

Na motivação deve-se apresentar os reais motivos

O motivo antecede o ato. Quando o ato é praticado, ele vem com uma motivação

Móvel é a intenção que estava na mente do agente quando ele resolveu praticar o ato
administrativo

Objeto
Os efeitos que o ato produz, seu resultado imediato

Objeto é diferente de finalidade

 Finalidade = para quê o ato foi praticado


 Objeto = resultado instantâneo que o ato produz

Exemplos:

Dissolução de Desapropriação de Desapropriação de


passeata propriedade com propriedade improdutiva
tumultuosa plantio de plantas com fins de interesse
psicotrópicas social para Reforma
Agrária
Competência Polícia Militar do Presidente da República Presidente da República
DF
Finalidade proteger os bens, punitiva em razão do interesse
segurança das social, justa distribuição de
pessoas terras
Forma gestos, sons, decreto de decreto
condutas razoáveis desapropriação
e proporcionais
Motivo tumulto plantar o que não improdutividade da terra
deveria
Objeto acabar com a perda da propriedade perda da propriedade
passeata
Discricionariedade e Vinculação

Vinculados

Competência

Finalidade

Forma

São elementos vinculados à lei, que sempre dirá quem pratica o ato, para quê serve como deve
ser praticado

Vinculados/discricionários

Motivo

Objeto

Depende da lei, que dirá quando é vinculado e quando é discricionário.

Exemplo

1. Aposentadoria compulsória aos 75 anos – Ato vinculado

Competência: fixada na lei

Finalidade: fixada na lei

Forma: ato/portaria por escrito

Motivo: idade

Objeto: passar para a inatividade remunerada

2. Prorrogação de concurso – Ato discricionário

A lei determina quem tem competência, o fim público e a forma.

A autoridade competente avaliará os motivos e decidir o efeito.

• É correto afirmar que em um ato vinculado todos os elementos são vinculados.

• É incorreto afirmar que em um ato discricionário todos os elementos são discricionários.

Competência finalidade e forma são sempre vinculados, a discricionariedade está na

análise dos motivos para decidir que objeto será produzido.

• Competência, finalidade e forma são vinculadas em todos atos administrativos.

Obs.: alguns autores entendem que o elemento forma pode ser discricionário. Esse
entendimento não prevalece, mas autores como Maria Sylvia Zanella Di Pietro têm essa
posição.

Atos Administrativos – Atributos

Atributos ou Características dos Atos Administrativos

Hely Lopes Meireles


Três atributos: presunção, imperatividade e autoexecutoriedade (PAI)

Presunção

Legitimidade: Presunção de que o ato nasceu e está de acordo com a lei.

Veracidade: Fatos verdadeiros.

Relativa: (juris tantum); transferência de ônus da prova – particular. Ex. se o particular, ao levar
uma multa de trânsito da administração pública, entender se irregular, ele que deverá provar
essa ilegalidade.

Imperatividade

Imposição do ato ao particular – sem concordância prévia

Atos que não possuem imperatividade: atos negociais e enunciativos

Negociação: licença, autorização

Enunciativos: certidão, atestado.

Autoexecutoriedade

O ato possui execução direta pela própria administração pública, sem a necessidade de
ordem/autorização prévia do judiciário.

A autoexecutoriedade retira o controle judicial do ato administrativo? Não, a


autoexecutoriedade apenas imediata a execução sem precisar de uma ordem judicial prévia.

Ex.: cobrança de multas, tributos, atos e desapropriação e servidão administrativa.

Celso Antônio Bandeira de Melo

São quatro atributos

 Presunção Legitimidade e veracidade: HLM


 Imperatividade: HLM
 Exigibilidade: Meios indiretos de coerção.
 Induzem o particular ao cumprimento, à obediência.
 Ex: instituição de multas por agentes de trânsito.
 Executoriedade: Meios diretos de coerção.
 Obrigação física/material particular (proibição)

• MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO (PATI)

São quatro atributos.

 Presunção legitimidade e veracidade: HLM


 Autoexecutoriedade: HLM
 Imperatividade: HLM
 Tipicidade: Necessidade de o ato atender apenas ao seu fim legal = proteção
particular.

A tipicidade é um atributo do ato administrativo que determina que o ato deva atender
apenas ao seu fim legal.

Obs.: na prova deve seguir os ensinamentos do HLM, CABM ou da MSZP? A tendência é


aparecer mais a teoria do Hely Lopes Meirelles, dependerá do que a questão pedir.

A doutrina entende, atualmente, que os atos administrativos só serão autoexecutórios nos


casos previstos em lei ou em situações emergenciais.

• Informativo n. 694 STF. Deferida a naturalização, seu desfazimento só pode ocorrer


mediante processo judicial. Por conseguinte, declarou-se a nulidade da Portaria n. 361/2008,
do Ministro de Estado da Justiça, de modo a restabelecer-se a situação do recorrente como
brasileiro naturalizado em todos os órgãos públicos, sem prejuízo de que a condição de
naturalizado fosse analisada judicialmente, nos termos do art. 12, § 4º, I, da CF. Assentou-se,
ainda, a não recepção do art. 112, §§ 2º e 3º, da Lei n. 6.815/1980 (Estatuto do Estrangeiro)
pela atual Constituição.

• Quebra de sigilo bancário em processo administrativo disciplinar.

Classificação dos atos administrativos


Quanto aos destinatários
Atos Gerais: São aqueles que não possuem destinatário determinado, mas alcança todos que
estão em idêntica situação. Prevalecem sobre os atos individuais anteriormente expedidos,
ainda que provindos da mesma autoridade. São os atos normativos praticados pela
administração.

Ex.:Estabelecimento da velocidade de uma via; decreto que disciplina a coleta de lixo


domiciliar; placa que fixa locais de estabelecimento; portaria que altera horário de
atendimento de um órgão público; edital de licitação ou concurso público.

O decreto pode se enquadrar na categoria dos atos normativos (gerais), mas também pode ter
caráter individual, quando for para especificar uma situação determinada, como ocorre com o
decreto expropriatório, ou seja, aquele que dá origem ao processo de desapropriação.

Atos individuais/especiais: são aqueles que possuem destinatários certos. Dirigem-se a


destinatários específicos, criando-lhes situação jurídica particular. O mesmo ato pode abranger
um ou vários sujeitos, desde que seja, individualizados.

Ex.: regularização de terreno irregular; nomeação de candidatos em concurso público

Quanto ao Alcance
Atos internos: são destinados a produzir efeitos. Como regra, dentro das repartições
administrativas, e que, por isso mesmo, incidem, normalmente, sobre os órgãos e agentes da
Administração que os expediram.

Ex: portaria que determina que os servidores devem usar o crachá de identificação ou que
determina a entrega de declaração do imposto de renda no setor de recursos humanos da
respectiva unidade em que é lotado o servidor.

Atos externos: destinados a produzir efeitos, como regra, foram da administração. São todos
aqueles que alcançam os administrados, os contratantes e, em certos casos, os próprios
servidores, provendo sobre seus direitos, obrigações, negócios ou conduta perante a
Administração Pública.
Ex: nomeação de candidatos a concurso público; alteração de horário de atendimento em
determinado órgão; portaria que fixa o recesso forense de um Tribunal.

Como visam a produzir seus efeitos fora a Administração, necessitam, em regra, de


publicidade, través de divulgação em meio oficial.

Quanto ao Objeto
Atos de Império: (por prerrogativas) são todos aqueles que a Administração pratica usando de
sua supremacia sobre o administrado ou o servidor e lhes impõe obrigatório atendimento.
Expressam a vontade soberana do Estado e seu poder de coerção.

Na prática de atos de império, a Administração utiliza toda a sua supremacia em relação ao


administrado, impondo medidas que geram o dever de pronto atendimento, como, por
exemplo, desapropriação, interdição de atividades, multa, apreensão de mercadorias.

Administrados: particulares

• Atos de Gestão: são os que a Administração pratica sem usar de sua supremacia sobre os
administrados. Tais atos, desde que praticados regularmente, geram direitos subjetivos e
permanecem imodificáveis pela Administração, salvo quando precários por

sua própria natureza. Ex: autorização e licença para dirigir, licença para construir.

Os atos de império e gestão tiveram importância sobretudo na época da irresponsabilidade


estatal vigente no período absolutista. Admitiu-se a responsabilidade pelos atos de gestão
praticados pelo Estado e continuava a irresponsabilidade perante atos de gestão. Atualmente
não há mais essa diferença para o tratamento da responsabilidade do Estado.

Atos de Expediente: são todos aqueles que se destinam a dar andamento aos processos e
papéis que tramitam pelas repartições públicas, preparando-os para a decisão de mérito final,
a ser proferida pela autoridade competente. Não possuem conteúdo decisório. Ex: juntada de
documentos e despacho

Quanto Ao Regramento Ou Vinculação Ou Grau De Liberdade


• Atos Vinculados: são aqueles para os quais a lei estabelece os requisitos e condições de sua
realização. Nessa categoria de atos, as imposições legais absorvem, quase que por completo, a
liberdade do administrador, uma vez que sua ação fica adstrita aos pressupostos estabelecidos
pela norma legal para a validade da atividade administrativa. Ex: aposentadoria compulsória
aos 75 anos.

• Atos Discricionários: São aqueles em que a lei permite ao agente público realizar um juízo
de conveniência e oportunidade (mérito) para decidir a solução mais adequada ao caso
concreto.

Quanto À Formação/Ao Número De Vontades


Essa é uma das mais confusas em razão de algumas divergências doutrinárias... O estudo dos
atos quanto à sua formação se refere ao número de vontades necessárias para a correta
formação do ato. Alguns atos administrativos dependem de apenas uma única manifestação
de vontade, de um órgão ou agente público, para a sua formação. Outros dependem de atos
secundários para aprovar um ato anterior principal. E outros resultam da conjugação de
diversas manifestações de vontade para formação de um único ato.
• Atos Simples: é o que resulta da manifestação de vontade de um único órgão, unipessoal ou
colegiado, ou de apenas um agente público. Não importa o número de pessoas que participam
da formação do ato. O ponto relevante é que a expressão da vontade devem provir apenas de
um único órgão ou agente.

Ex: portaria expedida por Presidente de tribunal; aplicação de multa; recurso apreciado por
junta de recursos de uma entidade que fiscaliza trânsito (órgão colegiado). Portanto, é
considerado ato simples um ato expedido por um único agente, como proveniente de um
órgão colegiado.

• Ato Composto: é o que resulta da vontade única de um órgão ou agente, mas depende da
aprovação, ratificação ou confirmação por parte de outro para produzir seus efeitos.

Há, na verdade, uma só vontade autônoma, ou seja, de conteúdo próprio. As demais são
meramente instrumentais, porque se limitam à verificação de legitimidade do ato de conteúdo
próprio.

No ato composto, existe um ato principal e outro(s) ato(s) acessório(s) que apenas confirma,
aprova, ratifica o ato principal. Constitui-se de uma vontade (ato) principal e outra
instrumental.

Na verdade, são dois atos: principal e secundário (acessório). Como, por exemplo, autorização
que depende de um visto ou um parecer que deve ser aprovado pela autoridade superior.

• Ato Complexo: é aquele que se forma pela conjugação de vontades de mais de um órgão
(dois ou mais órgãos) ou agentes. O ato complexo somente estará formado quando todas as
vontades exigidas forem declaradas.

Ex: portaria interministerial. Obs.: Exemplo do autor José Carvalho Santos Filho de ato
complexo: investidura de ministro do Supremo Tribunal Federal. Ele entende que são dois
atos: indicação do Presidente + aprovação do Senado Federal (mesmas vontades no mesmo
nível). Maria Sylvia entende que a nomeação do Procurador-Geral da República é ato
composto, pois, para a sua formação, concorrem dois atos, indicação do Presidente da
República e aprovação do Senado Federal, um principal e outro apenas de caráter
instrumental. A autora também entende que a homologação de licitação é espécie de ato
composto.

Se cair em prova, deverá se atentar no que a questão pede.

Registrar a aposentadoria no Tribunal de Contas é ato composto ou ato complexo?

Registro de aposentadoria em Tribunal de Contas é exemplo de ato complexo, porque esse


ato é uma vontade principal e a aposentadoria do servidor só está realmente finalizada
quando as duas vontades venham a se juntar para se tornar um ato só no final.

Uma nomeação para quem passou para o concurso de Advocacia-Geral da União e é feito uma
portaria. Essa portaria do AGU é ato simples, composto ou complexo?

É ato simples, porque uma autoridade sozinha produziu ato.

Agora se fosse uma Resolução do Conselho Superior da AGU, e essa Resolução depende, ainda,
de uma portaria ratificadora do Advogado-Geral da União, por exemplo, que trate sobre
promoções de membros da AGU. Desta forma, é um ato composto.
Se há uma nomeação para o cargo de Procurador da Fazenda Nacional, tem que ser feita uma
portaria pelo Ministro da Economia e tem que ser feita em conjunto com o Advogado-Geral da
União. Os dois se juntam para realizar um ato só (nomeação de membros da Procuradoria da
Fazenda Nacional). Esse ato que dependerá da vontade de dois órgãos distintos que se juntam
para fazer um ato só, trata-se de ato complexo.

• 1 vontade, 1 órgão, 1 só agente: ato simples.

• Ato principal, acessório que precisa ser ratificado, confirmado: ato composto.

• 2 órgãos, 2 vontades que se juntam para realizar um ato só no final: ato complexo.

Quanto à Eficácia
Valido: é ato que está em conformidade com a lei

Nulo: é o com vicio insanável (finalidade, motivo e objeto). Não admite a convalidação, pois
apresenta defeito tão grave que não é possível a correção.

Inexistente: é o que apenas tem aparência de manifestação regular da administração, mas não
chega a se aperfeiçoar como ato administrativo.

Ex: É o clássico ato praticado por usurpador da função pública que se apropria de uma função
pública sem ser de nenhuma forma nela investido, e também em relação a atos materialmente
impossíveis, como, por exemplo, a nomeação de pessoa morta.

Anulável: aquele que tem um vicio sanável. O vicio sanável (que se pode corrigir) pode ser de
competência e vicio de forma do ato administrativo (vícios que podem fazer a convalidação).

Quanto à Elaboração ou exequibilidade


Perfeito: é aquele que já completou o ciclo necessário de formação, já percorreu todas as fases
necessárias para sua formação. Na análise de perfeição, verifica-se apenas se seu ciclo (fases)
de produção foi concluído. A analise da legalidade do ato será aferida no plano da validade.

O cargo de ministro do STJ pode ser ocupado por advogado, nos termos definidos pelo art. 104
da CF. Essa investidura dependerá de lista sêxtupla elaborada pela OAB enviada pelo STJ que
elaborará lista tríplice entre os nomes escolhidos e, em seguida, encaminhando ao presidente
da república para escolha de um candidato que, ainda, será submetido à aprovação do Senado
Federal. O ato será perfeito quando passar todas essas etapas (fases) de produção. Entretanto,
se esse ato é ou não legal é uma questão que será analise no plano de validade.

Imperfeito: é o que se apresenta incompleto na sua formação. Ato que não completou o seu
ciclo ou as suas fases necessárias de formação (o ato será inexistente).

Na verdade, não há um "ato imperfeito". Ele não existe ainda como ato administrativo. Mas
essa classificação é feita para fazer uma contraposição ao ato perfeito.

Aproveitando o mesmo exemplo anterior, investidura de Ministro do STJ na vaga de


advogado, o ato será imperfeito se estiver pendente de conclusão de alguma de suas fases. Se
já houve elaboração de lista pela OAB e envio ao STJ e este já formulou a lista tríplice para
apreciação presidencial, mas que ainda depende de escolha de um dos nomes pelo Presidente
e aprovação do Senado Federal, o ato será imperfeito.

Pendente: é aquele que, embora perfeito, por reunir todos os elementos de sua formação,
não produz efeitos, por não ter sido verificado o termo ou condição que depende sua
produção de efeitos. O ato pendente pressupõe um ato perfeito, pois completou todas as suas
fases necessárias de formação, mas só irá produzir seus efeitos quando o termo ou a condição
for implementada.

Ex.: É o que ocorreria na expedição de uma multa de trânsito que obedeceu a todos os
procedimentos fixados em lei, mas que está sendo questionada judicial ou
administrativamente e, por isso, teve sua exigibilidade suspensa. Assim, o pagamento da
sanção dependerá do provimento ou não da decisão judicial ou administrativa.

Termo: é o evento futuro e certo.

Ex.: Férias marcadas para determinado mês será um ato pendente até que se verifique o
termo, qual seja, chegar o mês marcado para o gozo de férias. Com o advento do mês
marcado, o ato produzirá seus efeitos, e o servidor se ausentará do serviço durante o prazo
fixado.

Condição: é evento futuro e incerto.

Ex.: Uma multa de trânsito que está sendo questionada por recurso administrativo não está
produzindo o efeito de obrigar ao pagamento e a perda de pontos na licença para dirigir.
Entretanto, se o recurso for improvido, o condutor deve pagar multa e terá a subtração dos
pontos, ou seja, o ato produzirá seus efeitos em razão da condição ter se implementado.

Consumado ou Exaurido: é aquele que já produziu todos os seus efeitos esperados.

Ex: O gozo das férias pelo servidor representa a consumação do ato.

Ex: Uma autorização de uso de bem público para realização de festa de igreja estará
consumada com o encerramento do evento.

O ato consumado não admite a revogação, pois, com a consumação, ele se extingue
naturalmente, uma vez que produziu todos os seus efeitos

A única combinação que não se pode ter é o ato imperfeito com as demais.

Se o ato é imperfeito, ele ainda é inexistente.

Obs.: a publicação em ato na imprensa oficial é uma questão de eficácia. O ato só produzirá
efeitos quando acontecer essa publicação na imprensa oficial.

Quanto aos Efeitos


Ato Constitutivo: é aquele por meio do qual a Administração cria, modifica ou extingue um
direito ou situação do administrado. É ato que traz em si uma modificação no mundo jurídico.
Seja criando, extinguindo ou alterando uma situação jurídica.

Ex: autorização para utilizar calçada (a Administração estará criando um direito para se utilizar
a calçada)

Ato declaratório: é aquele que a administração apenas reconhece um direito preexistente.

Não é o ato administrativo declaratório que criou o direito. Apenas reconheceu. O direito o
particular já tinha antes do ato administrativo.

Ex.: licença para dirigir, licença para construir, licença para exercer profissão.
Ato Enunciativo: é aquele em que a Administração certifica, atesta uma situação ou profere
opinião quando for consultada como, por exemplo, o atestado, a certidão e o parecer.

Extinção dos Atos Administrativos


Caducidade
Em razão de uma nova lei ou nova norma jurídica que não permite mais tal situação.

Ex.: leis que permitiam os bingos. Surgiu uma nova lei dizendo ser proibido a utilização de
bingos no Brasil. Quem tinha autorização, perdeu (caducidade)

Cassação
Particular = descumpriu as condições em que deveria permanecer

Ex.: havia uma autorização para funcionar como hotel, mas foi transformado em motel.

Contraposição

Tem como uma pessoa ser nomeada e exonerada ao mesmo tempo? Não, a nomeação visa a
ocupação e cargo e a exoneração visa a desocupação do cargo.

Revogação Anulação/invalidação
Atos Legais Ilegais
Análise Conveniência e oportunidade (mérito). Legalidade/legitimidade
Competência Administração, em regra. Administração ou poder Judiciário
Prazo Não há prazo fixado em lei. 5 anos, salvo comprovada má-fé
(art. 54, Lei 9784/99).
Só irá marcar em prova que o Judiciário poderá fazer revogação quando for um ato do próprio
Poder Judiciário.

Somente a Administração pode fazer revogação? Sim.

A revogação pode ser feita pela Administração ou pelo Poder Judiciário, quanto aos seus
próprios atos administrativos? Sim.

Efeitos:

Revogação: ex nunc = para frente

Anulação/invalidação: ex tunc = para trás

Efeitos prospectivos da revogação: para frente/futuro

Atos que não admitem revogação


Atos vinculados: pois não há juízo de competência e oportunidade que permita revogação.

Licença para construir. Revogação. Obra não iniciada. Legislação estadual posterior. I.
Competência do estado federado para legislar sobre áreas e locais de interesse turístico,
visando a proteção do patrimônio paisagística (CF, art. 180). Inocorrência de ofensa ao art. 15
da Constituição Federal; II. Antes de iniciada a obra, a licença para construir pode ser revogada
por conveniência da Administração Pública, sem que valha o argumento do direito adquirido.
Precedentes do supremo tribunal. Recurso extraordinário não conhecido.

Atos exauridos ou consumados: não podem ser revogadas, pois já produziram seus efeitos.
Ex.: férias gozadas, porque não se revoga ato que concedeu férias se o servidor já usufruiu de
todo o período de gozo.

Atos que geram direitos adquiridos: a constituição não permite que a lei viole direito
adquirido. Dessa forma, o ato administrativo não poderá ser revogado a fim de prejudicar o
direito adquirido.

Ex: nomeação gera direito à posse em cargo público. Uma vez ocorrida a nomeação de
candidato, terá direito à posse no cargo público.

Ato integrativos de um Procedimento Administrativo: não são passiveis de revogação, pois se


opera a preclusão do ato anterior pela prática do sucessivo.

A preclusão é a perda de se realizar determinados atos em uma fase do procedimento.

No procedimento licitatório, existem vários atos encadeados entre si (edital, habilitação,


julgamento, classificação adjudicação). Após cada fase de licitação, não é possível a revogação
dos atos que integram essa fase. Se, por exemplo, a licitação já se encontra na fase de
homologação, não é possível revogar isoladamente qualquer ato anterior. Todo o
procedimento pode ser revogado, mas não ato isolado após a sua preclusão.

Meros atos administrativos ou atos enunciativos.


Ex.: Pareceres, certidões e atestados.

Esses atos não são passiveis de juízo de conveniência e oportunidade. No caso de uma certidão
de divida ativa que ela faz é meramente comprovar um fato (a dívida).

Não é possível analise de conveniência e oportunidade sobre esse ato.

Pode até ser feita a anulação e for ilegal, mas revogação não caberá.

Repristinação
Um ato A foi revogado pelo ato B (que extinguiu o ato A), depois veio o ato C que revogou o
ato B. Esse ato A voltará a existir? Há controvérsias.

Celso Antônio entende que haverá repristinação do primeiro ato (“A”), sendo esse efeito
automático e implícito. Assim, o ato “A” voltará a ter existência e a produzir seus efeitos.

Carvalho Filho entende que não há efeito repristinatório.

Convalidação e conversão de ato administrativo


Lei de Procedimento Administrativo – Lei n. 9.784 de 29 de janeiro de 1999

regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal.

Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem
prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados
pela própria Administração.

Convalidação ou sanatória ocorre quando se corrige um vício presente no ato com efeitos
retroativos.

Na convalidação, foi praticado um ato. Esse ato produziu efeitos e após. Descobriu-se que ele
possui uma ilegalidade.
Neste caso há duas opções: anular, já que o ato é ilegal; ou realizar a convalidação (corrigir
esses atos) para aproveitar os efeitos que ele já produziu.

Ex.: O Secretário da Receita Federal aplicou demissão a um servidor da Receita Federal, só que
ele não tem competência para aplicar a demissão (apenas advertências de até 30 dias). O
servidor recorreu e chegou às mãos do Presidente (a quem tem a competência). O Presidente
concordou em não ter delegado a competência ao Secretário, mas analisou que o ato
praticado pelo servidor era muito grave e merecia, sim, a demissão aplicada. Com isso, o
Presidente convalidou (ratificou) a competência.

Essa convalidação pode ser feita por quais poderes?

É realizada como regra geral, pela Administração Pública. Porém, o Legislativo pode fazer uma
lei convalidando o ato da Administração Pública.

Ex: O INSS forneceu diversos benefícios às pessoas, mas que não estava previsto em lei. Após,
poderá surgir uma lei feita pelo Parlamento e convalidar esses benefícios dados pelo INSS.

A convalidação é uma opção em relação à anulação, que fica entre os critérios de conveniência
e oportunidade da autoridade, porque a convalidação também restaura a legalidade.

Convalidação corrige um vício no ato, aproveitando seus efeitos (ex tunc: retroativo).

O efeito retroativo da anulação é para apagar o que o ato produziu. O efeito retroativo da
convalidação é para voltar, corrigir o vício e aproveitar os efeitos que esse ato produziu lá
atrás.

Requisitos da convalidação
Não causar prejuízo a terceiros; não causar lesão ao interesse público e apresentar um vício
sanável.

Vícios Sanáveis do ato administrativo.


Vício de competência, salvo se ela for exclusiva (privativa);

Vício de Forma, salvo se houver alguma formalidade indispensável para a validade desse ato
administrativo.

O STJ tem julgado de que, se violar a Constituição, é um ato nulo, ou seja, não poderá falar em
convalidação.

Competência exclusiva:

Está prevista em lei. Vício de forma pode convalidar, desde que não tenha uma formalidade
indispensável para a validade, como por exemplo, o decreto de desapropriação (a lei exige um
decreto para desapropriar uma propriedade).

Obs.: vício de finalidade, motivo e objeto geram ato nulo (não admitem a convalidação).

Admite, o autor Carvalho Filho, quando for objeto plúrimo, convalidação.

Objeto plúrimo é quando o ato tem mais de um efeito/objeto/resultado.

Ex: O servidor praticou uma infração passível de demissão e essa demissão deveria gerar
apenas a ruptura do vínculo para passar para a inatividade. Só que colocaram um segundo
efeito na demissão que ele não poderia retornar a nenhum cargo público. Então, a demissão
teve dois efeitos: extinguir o cargo e não poder retornar a cargo público federal. Desta forma,
como o objeto era plúrimo (mais de um efeito), foi feita uma nova portaria convalidando os
efeitos, para extinguir o segundo efeito de não retornar a cargo público federal e ficar apenas
com o primeiro (só marcar em prova se for perguntado sobre a exceção).

Obs.: conversão: quando é praticado um novo ato para aproveitar os efeitos produzidos no ato
anterior.

Ex: Foi dada uma permissão de uso que deveria ter havido a licitação. Com isso, é possível
editar um novo ato de autorização de uso para aproveitar os efeitos da permissão. Então a
permissão deixará de existir e houve uma autorização de uso, que não exigia a licitação.

Espécies: Normativos; Ordinatórios; Negociais; Enunciativos; Punitivos (NONEP)

Atos normativos
São aqueles que contêm um comando-geral, visando à correta aplicação da lei. O objeto
imediato de tais atos é explicitar a norma legal a ser observada pela Administração.

Decretos: são atos administrativos, gerais ou individuais, abstratamente previstas de modo


expresso, explícito ou implícito para a legislação.

O decreto pode se enquadrar na categoria dos atos normativos (gerais), mas também pode ter
caráter individual, quando for para especificar uma situação determinada, como ocorre com o
decreto expropriatório.

Instrução Normativa: são atos administrativos expedidos pelos Ministros de Estado para a
execução de leis, decretos e regulamentos, mas são também utilizados por outros órgãos
superiores para o mesmo fim.

Regimentos: são atos administrativos normativos de atuação interna. Destinam-se a reger o


funcionamento de órgãos colegiados e de corporações legislativas. Não obrigam os
particulares em geral, atingindo unicamente as pessoas vinculadas à atividade regimental.

Resoluções: são atos administrativos normativos expedidos pelas altas autoridades do


Executivo (mas não pelo Chefe do Poder Executivo, que expede decretos) ou pelos presidentes
de tribunais, órgãos legislativos e colegiados administrativos, para disciplinar matéria de sua
competência específica.

Não se deve confundir a resolução editada em sede administrativa com a resolução prevista no
art. 59, VII, da CF. Esta equivale, sob o aspecto formal, à lei, pois é compreendida no processo
de elaboração das leis, previsto no Texto Constitucional

Não se deve confundir a resolução editada em sede administrativa com a resolução prevista no
art. 59, VII, da CF. Esta equivale, sob o aspecto formal, à lei, pois é compreendida no processo
de elaboração das leis, previsto no Texto Constitucional.

Atos Ordinatórios
São atos que visam a disciplinar o funcionamento da Administração e a conduta funcional de
seus agentes. São provimentos, determinações ou esclarecimentos que se endereçam aos
servidores públicos, a fim de orientá-los no desempenho de suas funções.

Tais atos só atuam no âmbito interno das repartições e só alcançam os servidores


hierarquizados à chefia que os expediu. Não obrigam os particulares, nem os funcionários
submetidos a outras chefias. Não criam, normalmente, direitos ou obrigações para os
administrados, mas geram deveres e prerrogativas para os agentes administrativos a que se
dirigem.

Instruções: são ordens escritas e gerais a respeito do modo e da forma de execução de


determinado serviço público, expedidas pelo superior hierárquico, com a finalidade de orientar
os subalternos no desempenho das atribuições que lhes estão destinadas e assegurar a
unidade de ação no organismo administrativo.

Circulares: são ordens escritas, de caráter uniforme, expedidas a determinados funcionários


ou agentes administrativos, incumbidos de certo serviço ou do desempenho de certas
atribuições, em circunstâncias especiais.

Portarias: são atos internos pelos quais os chefes de órgãos, repartições ou serviços expedem
determinações gerais ou especiais a seus subordinados, ou designam servidores para funções
e cargos secundários. Também dão início a sindicâncias e a processos administrativos.

Avisos: são atos emanados dos Ministros de Estado a respeito de assuntos referentes aos
respectivos ministérios

Ordens de Serviço: são determinações especiais dirigidas aos responsáveis por obras ou
serviços públicos, autorizando seu início ou contendo imposições de caráter administrativo ou
especificações técnicas sobre o modo de sua realização.

Ofícios: são comunicações escritas que as autoridades fazem entre si, entre subalternos e
superiores e entre a Administração e particulares, em caráter oficial.

Despachos: são decisões que as autoridades executivas (ou legislativas e judiciárias, em função
administrativa) proferem em papéis, requerimentos e processos sujeitos à sua apreciação.

Despacho normativo é aquele que, embora proferido em caso individual, a autoridade


competente determina que se aplique aos casos idênticos, passando a vigorar como norma
interna da Administração para situações análogas subsequentes.

Atos Negociais
São atos praticados contendo uma declaração de vontade do Poder Público, coincidente com
a pretensão particular (não é dado de ofício).

Tais atos, embora unilaterais, encerram um conteúdo tipicamente negocial, de interesse


recíproco da Administração e do administrado, mas não adentram na esfera contratual. São e
continuam sendo atos administrativos (e não contratos administrativos), mas de uma categoria
diferenciada dos demais, porque geram direitos e obrigações para as partes e as sujeitam aos
pressupostos conceituais do ato, a que o particular se subordina incondicionalmente.

Os atos negociais são específicos, só ocasionando efeitos jurídicos entre as partes,


Administração e Administrado, impondo a ambos a observância das condições de execução,
sob pena de cassação do ato. Carvalho Filho faz importante estudo sobre esses atos de
consentimento estatal e apresenta três aspectos desses atos:

 Todos decorrem de anuência do Poder Público para que o interessado desempenhe


atividade;
 Nunca são conferidos ex officio: dependem sempre de pedido dos interessados;
 São sempre necessários para legitimar a atividade a ser executada pelo interessado.

Licença: é o ato administrativo vinculado e definitivo, por meio do qual o Poder Público,
verificando que o interessado atendeu a todas as exigências legais, possibilita o desempenho
de determinada atividade, que não poderia ser realizada sem consentimento prévio da
Administração, como, por exemplo, o exercício de uma profissão ou o direito de construir.

A licença resulta de um direito subjetivo do administrado, razão pela qual a Administração não
pode negá-la quando o requerente satisfaz a todos os requisitos legais para sua obtenção.

O direito do requerente é anterior à licença, mas o desempenho da atividade somente se


legitima se o Poder Público exprimir o seu consentimento favorável ao administrado. Por essa
razão, o ato é de natureza declaratória.

Quanto à licença para construir, doutrina e jurisprudência a têm considerado como mera
faculdade de agir e, por conseguinte, suscetível de revogação enquanto não iniciada a obra
licenciada, ressalvando-se ao prejudicado o direito à indenização pelos prejuízos causado.

Obs.: o alvará é o instrumento que materializa o deferimento da licença. Mas, em concurso


público, a sentença que afirma ser o alvará ato vinculado está correta.

Autorização: é o ato administrativo discricionário e precário pelo qual o Poder Público torna
possível ao pretendente a realização de certa atividade ou utilização de determinados bens
particulares ou públicos.

Na autorização, assim como ocorre com a licença, o particular necessita do consentimento


estatal para que possa realizar a atividade pretendida, na medida em que estará praticando
conduta ilícita se não possuir anuência prévia da Administração.

São exemplos: o uso especial de bem público, como ruas e praças, autorização para
estacionamento de veículos particulares em terreno público, autorização para porte de armas.

Apesar de amplamente aceito no meio doutrinário que a autorização é ato discricionário, a Lei
Geral de Telecomunicações (Lei n. 9.472/1997, art. 131) criou autorização de serviço de
telecomunicações como ato vinculado. A autorização é ato constitutivo, uma vez que estará
estabelecendo uma nova situação jurídica, sendo a licença ato declaratório, na média em que
o Estado apenas reconhece um direito do particular de realizar a atividade.

Alguns autores admitem autorização como forma de delegar serviços públicos a particulares,
em especial os serviços do art. 21, XI e XII, da CF. Também se entende como serviço autorizado
o serviço de táxi.

Permissão: é o ato administrativo discricionário e precário, pelo qual o Poder Público faculta
ao particular o uso especial de bens públicos, a título gratuito ou remunerado, visando ao
interesse da coletividade ou à prestação de serviços públicos.

Ocorre que o art. 40 da Lei n. 8.987/1995 conferiu à permissão natureza contratual, ao dispor
que a “a permissão de serviço público será formalizada mediante contrato de adesão, que
observará os termos desta Lei, das demais normas pertinentes e do edital de licitação,
inclusive quanto à precariedade e à revogabilidade unilateral do contrato pelo poder
concedente.”

Obs.: nas provas objetivas de concurso público, é preferível, como de costume, marcar a opção
que está prevista em lei, ou seja, a permissão para a prestação de serviços públicos possui
natureza contratual (art. 40, Lei n. 8.987/1995), caso a questão não exija a posição de
determinada corrente doutrinária.

A permissão e a autorização também podem se confundir, uma vez que os dois atos podem ter
por objeto a utilização de bens públicos.

Na autorização, a utilização do bem público ocorre para o interesse privado (predominante) do


particular, como, por exemplo, a autorização para colocação de mesas de bar na calçada. Por
outro lado, na permissão, faculta-se a utilização privativa de bem público com finalidade de
interesse público, a exemplo do que se dá com a utilização de praça para feira ou festa de uma
igreja que visa à arrecadação de alimentos e verbas para pessoas necessitadas.

Para resolver questões desse tipo, referentes a utilização de bens públicos, deve-se verificar se
a questão fala em utilização do bem público no “exclusivo interesse” do beneficiário; nesse
caso, será mediante autorização. No entanto, se houver referência à necessidade de licitação,
sempre que for possível, e o uso for para o interesse da coletividade, será mediante permissão.

Segundo a doutrina na permissão deve haver licitação e na autorização, em regra, não é


necessário.

Aprovação: é o ato administrativo pelo qual o Poder Público verifica a legalidade e o mérito de
outro ato ou de situações e realizações materiais de seus próprios órgãos, de outras entidades
ou de particulares, dependentes de seu controle, e consente na sua execução ou manutenção.

Pode ser prévia ou subsequente, discricionária consoante os termos em que é instituída, pois,
em certos casos, limita-se à confrontação de requisitos específicos na norma legal e, noutros,
estende-se à apreciação de oportunidade e conveniência.

Admissão: é ato administrativo vinculado, por meio do qual o Poder Público, verificando a
satisfação de todos os requisitos legais pelo particular, defere-lhe determinada situação
jurídica de seu exclusivo ou predominante interesse, como ocorre no ingresso aos
estabelecimentos de ensino mediante concurso de habilitação.

Visto: é ato administrativo pelo qual o Poder Público controla outro ato da própria
administração ou do administrado, aferindo sua legitimidade formal, para dar-lhe
exequibilidade. Incide sempre sobre um ato anterior e não alcança seu conteúdo. É ato
vinculado.

Homologação: é ato administrativo de controle, pelo qual a autoridade superior examina a


legalidade e a conveniência, ou somente aspectos de legalidade de ato anterior da própria
Administração, de outra entidade ou de particular, para dar-lhe eficácia. Não admite alteração
no ato controlado pela autoridade homologante, que apenas pode confirmá-lo ou rejeitá-lo,
para que a irregularidade seja corrigida por quem a praticou.

Dispensa: é o ato administrativo que exime o particular do cumprimento de determinada


obrigação até então exigida por lei, como, por exemplo, a dispensa do serviço militar. É ato
discricionário.

Renúncia: é ato pelo qual o Poder Público extingue unilateralmente um crédito ou um direito
próprio, liberando, definitivamente, a pessoa obrigada perante a Administração. A renúncia
não admite condição e é irreversível, uma vez consumada.
Tratando-se de renúncia por parte da Administração, há dependência, sempre, de lei
autorizadora.

Protocolo Administrativo: é o ato pelo qual o Poder Público acerta com o particular a
realização de determinado empreendimento ou atividade ou a abstenção de certa conduta, no
interesse recíproco da Administração e do administrado signatário do instrumento protocolar.
Esse ato é vinculante para todos que o subscrevem, pois gera alterações e direitos entre as
partes.

Atos Enunciativos

São todos aqueles em que a Administração se limita a certificar ou a atestar fato, ou emitir
uma opinião sobre determinado assunto, sem se vincular ao seu enunciado.

Certidões: são cópias ou fotocópias fiéis e autenticadas de atos ou fatos constantes de


processo, livro ou documento que se encontre em repartições públicas. Podem ser de inteiro
teor, ou resumidas, desde que expressem fielmente o que se contém no original de onde
foram extraídas. Em tais atos o Poder Público não manifesta sua vontade, limitando-se a
trasladar para o documento a ser fornecido ao interessado o que consta de seus arquivos.

Atestados: são atos pelos quais a Administração comprova um fato ou uma situação de que
tenha conhecimento por seus órgãos competentes. Difere da certidão porque o atestado
comprova um fato ou uma situação existente, mas não constante de livros, papéis ou
documentos em poder da Administração.

Pareceres: são manifestações de órgãos técnicos sobre assuntos submetidos à sua


consideração. Tem caráter meramente opinativo, salvo quando tiver caráter vinculante.

Segundo o STF, o advogado parecerista só responderá no caso de culpa em sentido amplo


(dolo ou culpa) ou quando o parecer for vinculante.

Para o STF o parecer do art. 38, da Lei n. 8.666/1993, que aprova minutas de licitação,
contratos e convênios tem natureza de parecer vinculante.

Apostilas: são atos enunciativos ou declaratórios de uma situação anterior criada por lei.
Equivale à averbação.

Obs.: atos negociais e enunciativos não possuem imperatividade.

Atos Punitivos Constituem uma sanção imposta pela Administração em relação àquele que
infringe as disposições legais. Visam a punir e reprimir as infrações administrativas ou a
conduta irregular de seus servidores ou dos particulares, perante a Administração.

Ex.: multa, interdição, demolição etc.

Controle Administrativo
A classificação dos tipos de controle feita pelos livros administrativos é:

Quanto ao Âmbito
Pode ser interno ou externo, deve ser observado a determinação que prevê, art. 70 ao 75 da
CF.
Interno
Art. 70. A fiscalização (COFOP) contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da
União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade,
economicidade (LELECO), aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo
Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada
Poder. Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada,
que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou
pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza
pecuniária. (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 19, de 1998)

O dispositivo constitucional dispõe que será exercido o controle pelo sistema interno e
externo. Assim, o controle interno deve ser feito por todos os Poderes.

Há provas que afirmam ser facultativo aos poderes criar o controle interno, porém é
obrigatório e a instituição por cada Poder.

Os tipos de controle interno e o externo a serem feitos são:

COFOP: fiscalização contábil, financeira, orçamentaria, operacional e patrimonial.

LELECO: sob os aspectos da legalidade (conformidade com a lei), legitimidade (conformidade


com a lei e os princípios), economicidade (análise de custo benefício).

Deste modo, temos a Controladoria-Geral da União que fez o controle interno de toda a
administração pública direta e indireta do Poder Executivo, a chamada ICGU. No judiciário, o
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) realiza o controle interno da atividade administrativa e
financeira. O Poder Legislativo faz o controle interno de suas atividades, porém não há um
órgão criado especificamente para essa finalidade.

O controle interno deve ser feito para toda a Administração Pública Direta, como por exemplo
para a Presidência da República, Ministérios, Governadorias etc., e para indireta, que são as
Autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista.

O controle interno é dentro do mesmo Poder, cada Poder deve fazer o controle de seus atos.

Externo
O controle externo é o controle de um Poder sobre atos de outro Poder.

Ex.: se o Executivo pratica atos que eram ilegais, pode ser proposta uma ação e o Judiciário
determinar a anulação.

O Tribunal de Contas da União – TCU é um órgão autônomo e independente e que não está
subordinado a nenhum poder.

O TCU é vinculado ao Legislativo e auxilia o Congresso Nacional no controle externo, mas sem
nenhuma relação de subordinação e hierarquia.

A Administração Direta faz o controle da indireta, controle finalístico, a fim de verificar se as


entidades estão cumprindo as funções para as quais foram criadas. Além disso, entre a
administração Direta e Indireta não há fato de subordinação, uma autarquia é subordinada a
nenhum Ministério, porém um controle da Direta para a Indireta sim.

O Controle da Administração Direta para a Indireta é um controle interno ou externo?


Prevalece nas bancas do concurso que é um tipo de controle interno porque está dentro do
mesmo poder. Entretanto, segundo Maria Sylvia Di Pietro, grande autora do Direito
Administrativo, trata-se de um controle externo da Direta sob a Indireta, pois é o controle
entre entidades diferentes.

A banca Cespe varia entre adotar como controle externo ou interno, porém, na dúvida,
marque que é controle interno porque está dentro do mesmo Poder. Nas demais bancas, não
há dúvida, geralmente é controle interno.

Competências do TCU
O controle externo dos demais poderes é feito pelo Congresso Nacional tendo auxílio do TCU,
que não integra o Legislativo. O TCU é um órgão autônomo, independente

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do
Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

I – apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer


prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;

II – julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores
públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e
mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio
ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;

O TCU aprecia, ou seja, analisa, fazendo um parecer, as contas do Presidente. O órgão que
julga essas contas é o Congresso Nacional.

Obs.: O TCU julga as contas dos demais administradores e caso encontre irregularidades pode
aplicar sanções.

III – apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer
título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo
Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a
das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores
que não alterem o fundamento legal do ato concessório;

Obs.: a admissão de pessoal através de qualquer titulo por ser mediante concurso público,
nomeação contratação etc. não entram na apreciação do TCU as nomeações para cargo em
comissão.

O TCU também analisa concessão de aposentadoria, reforma e pensão, exceto as melhorias


que não alterem o fundamento legal.

Súmula Vinculante n3
Ex.: uma pessoa que se aposentou em 2000. Em 2004 o TCU realizou uma analise e entendeu
que ela não deveria estar aposentada (a analise ocorreu dentro de 5 anos). A pessoa não tem
direito ao contraditório e ampla defesa.

Obs.: atualmente, o STF entende que, se o Tribunal de Contas deixa passar mais que cinco
anos, não poderá fazer mais nada.

Isso representa uma mudança, pois até janeiro de 2000, o STF entendia que após cinco anos o
TCU poderia realizar o controle, com direito ao contraditório e à ampla defesa, para só depois
se manifestar em caráter definitivo.
Nos processos perante o Tribunal de Contas da União, asseguram-se o contraditório e a ampla
defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que
beneficie o interessado, executada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de
aposentadoria, reforma e pensão.

Até fevereiro de 2020, o STF entendia que não era preciso observar o prazo de 5 anos para
fazer o registro da aposentadoria. Entretanto, exigia a observância do contraditório e ampla
defesa quando o TCU não analise o registro inicial no tempo razoável de 5 anos.

A tese fixada no julgamento do RE n. 636.553 e foi a seguinte: “Em atenção aos princípios de
segurança jurídica e da confiança legitima, os tribunais de Contas estão sujeitos ao prazo de 5
(cinco) anos para o julgamento da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria,
reforma ou pensão, a contar da chegada do processo à respectiva Corte de Contas”.

Decorrido o prazo de 5 (cinco) anos para o julgamento da legalidade do ato de concessão


inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, pelo Tribunal de Contas, a contar da chegada do
processo, haverá uma espécie de homologação tácita.

O relator, Ministro Gilmar Mendes, propôs, por analogia, a aplicação do prazo prescricional de
cinco anos previsto no Decreto n. 20.910/1932 para que o administrado acione a Fazenda
Pública. “Se o administrado tem o prazo de cinco anos para buscar qualquer direito contra a
Fazenda Pública, também podemos considerar que o Poder Público, no exercício do controle
externo, teria o mesmo prazo para rever eventual ato administrativo favorável ao
administrado”, explicou. O Ministro afastou a aplicação do art. 54, da Lei n. 9.784/1999.

Súmula Vinculante n. 03 do STF Nos processos perante o Tribunal de Contas da União,


asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando
da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato
administrativo que beneficie o interessado, excetuada a
apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de
aposentadoria, reforma e pensão.
Regra 1 O TCU deve assegurar contraditório e ampla defesa
diante de seus atos.
Observação 1 Dispensa contraditório e ampla defesa prévios no registro
inicial de aposentadoria, reforma e pensão. Para o STF,
registro de aposentadoria é ato complexo.
Regra 2 Os Tribunais de Contas estão sujeitos ao prazo de 5
(cinco) anos para o julgamento da legalidade do ato de
concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão.
Observação 2 O prazo para os TC fazer a análise do ato é contado da
chegada do processo à respectiva Corte de Contas
Observação 3 Se o TC não fizer a análise em até 5 anos, ocorre uma
homologação tácita. O ato está perfeito e acabado

Súmula n. 2249 do TCU


É dispensada a reposição de importâncias indevidamente percebidas, de boa-fé, por servidores
ativos e inativos e pensionistas em virtude de erro escusável de interpretação da lei por parte
do órgão/entidade, ou por parte de autoridade legalmente investida em função de orientação
e supervisão, à vista de presunção da legalidade do ato administrativo e do caráter alimentar
das parcelas salariais.
Obs.: considerando que a Administração faz a interpretação de uma lei, entendendo que o
servidor (ativo, inativo ou pensionista) tinha direito a receber uma verba. Se, após um tempo,
realiza uma nova interpretação da lei, entendendo que ele não tem mais direito àquela verba,
ele não irá recebe-la daquele momento em diante, porém ele não precisa fazer devolução do
valor que recebeu no passado.

Prescrição Das Decisões Dos Tribunais De Contas Que Imputam Débito Aos
Agentes Públicos
Tese: é prescritível a pretensão de ressarcimento ao erário fundada em decisão de tribunal de
Contas.

Obs.: o tribunal de contas fiscaliza contas, aplica multas, inscreve o titulo (multa) em dívida
ativa e realiza a cobrança pela via judicial mediante a lei de Execução Fiscal. Nesse caso, o STF
entendeu que essa condenação do TCU está sujeita à prescrição, se a cobrança não for
realizada no prazo de cinco anos.

Após a conclusão da tomada de contas, com a apuração do débito imputado ao jurisdicionado,


a decisão do TCU formalizada em acórdão terá eficácia do título executivo e será executada
conforme o rito previsto Na Lei De Execuções Fiscais (Lei n 6830/1980), por enquadrar-se no
conceito de dívida ativa não tributária da União, conforme estatui o art. 39, §2º da lei n.
4320/1964

Não há que se falar em imprescritibilidade, aplicando-se integralmente, o disposto no art. 174


do Código Tributário Nacional c/c art. 40 da Lei n. 6830/1980, que se rege a Execução Fiscal e
Fixa em cinco anos, respectivamente, o prazo para cobrança do crédito fiscal e para a
declaração da prescrição intercorrente.

CF/88:
Art. 71. (...)

IV – realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão
técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;

V – Fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União
participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;

VI – Fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio,


acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a
Município;

VII – prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas,
ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções
realizadas;

VIII – aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas,


as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, MULTA proporcional
ao dano causado ao erário;

As multas aplicadas pelo TCU têm natureza de título executivo (cabível a execução direta).
IX – Assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato
cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;

X – Sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara


dos Deputados e ao Senado Federal;

Art. 49, V, CF: cabe ao CN SUSTAR os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do
poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa.

Art. 71, X, CF: cabe ao TCU SUSTAR, se não atendido, a execução do ato impugnado,
comunicando a decisão à CD e ao SF;

Art. 71, X § 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo CN, que
solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis.

§ 2º – Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as


medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.

XI – representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.

§ 1º – No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso


Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis.

§ 2º – Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as


medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.

§ 3º – As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de


título executivo.

RESUMINDO:

Competência fiscalizadora (art. 71, III, IV, V, VI, XI, CF): envolve auditorias e inspeções,
devendo o tribunal representar ao poder competente, caso encontre irregularidades. Até
mesmo entidades de direito privado podem ser fiscalizadas, desde que recebam recursos
estatais.

Competência judicante (art. 71, II, CF): envolve o julgamento das contas anuais dos
administradores, o que viabiliza a imposição de sanções. Existe a possibilidade de controle
jurisdicional.

Competência sancionatória (art. 71, VIII, CF): envolve aplicação de sanções legalmente
previstas. Pode envolver recolhimento de débito, multas, afastamento, indisponibilidade de
bens, inabilitação para o exercício de funções públicas, declaração de idoneidade, arresto de
bens (que deve ser providenciada judicialmente pela AGU).

Competência consultiva (art. 71, I, CF): envolve parecer prévio sobre as contas prestadas
anualmente pelo presidente, para dar subsídios de julgamento ao congresso. O TCU apenas
opina pela aprovação ou não.

Competência informativa (art. 71, VII, CF): envolve informar o congresso sobre suas
atividades.

Quanto ao Momento
O controle pode ser prévio, concomitante ou posterior. Prévio é o controle que acontece antes
da prática do ato. Concomitante é o controle que acontece durante a prática do ato. Já o
controle posterior é aquele que acontece após a pratica do ato.

Quanto ao aspecto

Quanto ao aspecto, o controle pode ser:

De mérito/político: analisa-se a conveniência e a oportunidade; e

De legalidade é a analise da conformidade do ato em relação à lei.

Controle dos atos administrativos pelo Poder judiciário:

No caso dos atos vinculados, o controle do Judiciário é amplo, pois pode controlar os seus
cinco elementos: conveniência, oportunidade, forma, motivo e objeto, pois está tudo previsto
em lei.

Já no caso dos atos discricionários é um pouco diferente, pois, apesar de o Judiciário ter
competência para fazer controle desses atos quando provocado, esse controle é do ponto de
vista da legalidade e não do mérito (conveniência e oportunidade).

Vale lembrar que, quando houver uma falta de proporcionalidade na conduta a ser praticada,
por uma questão de legalidade, o ato discricionário pode ser anulado.

É importante lembrar que, para a Administração Pública, o silêncio não representa


manifestação de vontade. Entretanto, diante do silêncio administrativo, o particular pode
procurar o Judiciário.

Caso o ato seja vinculado, o Poder Judiciário pode deferir a pretensão imediata solicitada pelo
particular. Em se tratando de ato discricionário, o Poder Judiciário poderá fixar um prazo para
que a Administração Pública se manifeste, pois o juiz não pode analisar o mérito nesses casos.

JURISPRUDÊNCIA

PRINCÍPIO DA INSTRANSCENDÊNCIA: Súmula n. 615-STJ: Não pode ocorrer ou permanecer a


inscrição do município em cadastros restritivos fundada em irregularidades na gestão anterior
quando, na gestão sucessora, são tomadas as providências cabíveis à reparação dos danos
eventualmente cometidos. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 09/05/2018, DJe 14/05/2018.

MP JUNTO AO TC: O membro do Ministério Público que atua perante o Tribunal de Contas
possui legitimidade e capacidade postulatória para impetrar mandado de segurança, em
defesa de suas prerrogativas institucionais, contra acórdão prolatado pela respectiva Corte de
Contas. STJ. 2ª Turma. RMS 52.741-GO, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 8/8/2017 (Info
611).

PROVAS E REQUISIÇÃO DO MP: Não são nulas as provas obtidas por meio de requisição do
Ministério Público de informações bancárias de titularidade de prefeitura municipal para fins
de apurar supostos crimes praticados por agentes públicos contra a Administração Pública. HC
308.493-CE, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 20/10/2015, DJe 26/10/2015.

CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA E TERCEIROS: Em auditoria realizada pelo TCU para apurar
a gestão administrativa do órgão, os terceiros indiretamente afetados pelas determinações do
Tribunal (ex: pensionistas) não possuem direito de serem ouvidos no processo fiscalizatório.
STF. 1ª Turma. MS 34224/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 15/08/2017 (Info 873).

MULTA E PRESCRIÇÃO: O prazo prescricional para que o TCU aplique multas é de 5 anos,
aplicando-se a previsão do art. 1º da Lei n. 9.873/99. STF. 1ª Turma. MS 32201/DF, rel. Min.
Roberto Barroso, julgado em 21/03/2017 (Info 858).

TC ESTADUAIS E CRIAÇÃO DE ÓRGÃOS JURÍDICOS: É constitucional a criação de órgãos


jurídicos na estrutura de Tribunais de Contas estaduais, vedada a atribuição de cobrança
judicial de multas aplicadas pelo próprio tribunal. É inconstitucional norma estadual que
preveja que compete à Procuradoria do Tribunal de Contas cobrar judicialmente as multas
aplicadas pela Corte de Contas. A Constituição Federal não outorgou aos Tribunais de Contas
competência para executar suas próprias decisões. As decisões dos Tribunais de Contas que
acarretem débito ou multa têm eficácia de título executivo, mas não podem ser executadas
por iniciativa do próprio Tribunal. O único legitimado ativo para executar acórdãos que
determinam o ressarcimento ao erário é somente o Ente Público cujo erário será beneficiado
STF. Plenário. ADI 4070/RO, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 19/12/2016 (Info 851)

PRESCRIÇÃO E TOMADAS DE CONTAS ESPECIAL: É de cinco anos o prazo para o TCU, por meio
de tomada de contas especial (Lei n. 8.443/92), exigir do exgestor público municipal a
comprovação da regular aplicação de verbas federais repassadas ao respectivo Município. STJ.
1ª Turma. REsp 1.480.350- RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 05/04/2016 (Info
581).

PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA E CONSÓRCIO PÚBLICO: Princípio da intranscendência das


sanções e entidade integrante de consórcio público com pendência no CAUC. O fato de ente
integrante de consórcio público possuir pendência no Serviço Auxiliar de Informações para
Transferências Voluntárias (CAUC) não impede que o consórcio faça jus, após a celebração de
convênio, à transferência voluntária a que se refere o art. 25 da LC n. 101/2000. REsp
1.463.921-PR, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 10/11/2015, DJe 15/2/2016

É inconstitucional norma da Constituição Estadual que preveja regra sobre a organização ou


funcionamento do TCE de forma diferente do modelo federal. O art. 75 da CF/1988
estabelece que deverá haver um “espelhamento obrigatório” do modelo de controle externo
do TCU previsto na CF/1988 para os Tribunais de Contas dos Estados/DF e para os Tribunais e
Conselhos de Contas dos Municípios. Isso significa que é materialmente inconstitucional
norma da Constituição Estadual que trate sobre a organização ou funcionamento do TCE de
forma diferente do modelo federal. Caso isso ocorra, haverá uma violação ao art. 75 da Carta
Maior. Diante disso, é inconstitucional dispositivo da CE que preveja que, se o TCE reconhecer
a boa-fé do infrator e se este fizer a liquidação tempestiva do débito ou da multa, a Corte
deverá considerar saneado o processo. Esta regra é inconstitucional porque não há previsão
semelhante na CF/1988. STF. Plenário. ADI 5323/RN, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em
11/04/2019 (Info 937).

É inconstitucional lei estadual ou emenda à Constituição do Estado, de iniciativa parlamentar,


que trate sobre organização ou funcionamento do TCE. É inconstitucional lei estadual, de
origem (iniciativa) parlamentar, que discipline a organização e o funcionamento do Tribunal de
Contas estadual (TCE). Isso porque os Tribunais de Contas possuem reserva de iniciativa
(competência privativa) para apresentar os projetos de lei que tenham por objetivo tratar
sobre a sua organização ou o seu funcionamento (art. 96, II c/c arts. 73 e 75 da CF/1988). Os
Tribunais de Contas, conforme reconhecido pela CF/1988 e pelo STF, gozam das prerrogativas
da autonomia e do autogoverno, o que inclui, essencialmente, a iniciativa privativa para
instaurar processo legislativo que pretenda alterar sua organização e funcionamento. STF.
Plenário. ADI 4643/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 15/05/2019 (Info 940).

Em caso de irregularidades do Estado-membro em convênio federal, a União somente poderá


inscrever o ente no SIAFI, no CADIN e no CAUC após o término do processo de prestação de
contas especial, observados os princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório. O
cadastro restritivo não deve ser feito de forma unilateral e sem acesso à ampla defesa e ao
contraditório. Isso porque, muitas vezes, a inscrição pode ter, além de motivação meramente
financeira, razões políticas. Assim, ao poder central (União) é possível suspender
imediatamente o repasse de verbas ou a execução de convênios, mas o cadastro deve ser feito
nos termos da lei, ou seja, mediante a verificação da veracidade das irregularidades apontadas.
Isso porque o cadastro tem consequências, como a impossibilidade da repartição
constitucional de verbas das receitas voluntárias. A tomada de contas especial, procedimento
por meio do qual se alcança o reconhecimento definitivo das irregularidades, com a devida
observância do contraditório e da ampla defesa, tem suas regras definidas em lei. Ao final, é
possível tornar o dano ao erário dívida líquida e certa, e a decisão tem eficácia de título
executivo extrajudicial. STF. Plenário. ACO 2892 AgR/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o
ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/09/2019 (Info 951).

Quanto à Hierarquia
O controle, dentro da Administração Pública Direta, é o chamado “controle hierárquico”, pois
há relação de hierarquia entre um órgão e o órgão superior.

Nesse tipo de controle, o órgão superior tem amplos poderes sobre o órgão subordinado e
pode, inclusive, revogar e anular os seus atos.

O controle que existe entre a Administração Pública Direta e a Indireta não estabelece uma
relação de hierarquia. Trata-se do chamado controle finalístico (ou de tutela administrativa),
ou seja, quanto à finalidade.

O controle finalístico não é amplo como o hierárquico, pois não permite a um ministério, por
exemplo, rever os atos praticados por uma autarquia.

Responsabilidade Civil do Estado

Responsabilidade Extracontratual/civil do estado.

A responsabilidade civil contempla a indenização do Estado por danos materiais e morais.


Quando o Agente pratica uma conduta em nome do Estado, este terá que responde se essa
conduta em nome do Estado, este terá que responder se essa conduta ocasionar um dano a
um particular.

O estado não é um garantidor universal, ele não vai resolver todas as situações em que estiver
envolvido. Há situações em que poderá alegar a sua excludente afastando, assim, a sua
responsabilidade.

Quando um agente pratica uma conduta, pode gerar uma responsabilização administrativa,
uma responsabilização pena e uma responsabilização civil.

Na responsabilização civil, a ação é contra o Estado. O Estado, uma vez condenado, entra com
uma ação de regresso contra o agente.
A responsabilização penal compete ao direito penal e a responsabilização administrativa
pertence a outra parte do Direito Administrativo.

A responsabilidade é extracontratual porque está fora de um contrato.

Entre o Estado e os particulares não existe um contrato, mas uma responsabilidade


extracontratual, fora de uma relação contratual, uma responsabilidade nos termos da Lei, nos
termos da CF: o Estado agiu, e terá de pagar.

Responsabilidade Subjetiva DEPENDE dolo ou culpa do agente


Responsabilidade Objetiva NÃO DEPENDE de provar dolo ou culpa
Responsabilização Decorre da PRÁTICA de uma conduta. Objetiva.
comissiva/ação
Responsabilidade omissiva Ocorre quando o agente deixar de impedir um dano.
Regra subjetiva
A responsabilidade subjetiva dependerá da demonstração do dolo ou culpa daquele agente
que causou resultado danoso. Na responsabilidade subjetiva, deve-se analisar o que se
passava na cabeça da pessoa que praticou a conduta.

O dolo é a vontade livre e consciente de praticar a conduta, se teve mesmo intenção de fazer o
que fez ou se teve culpa, que é a falta de cuidado. Essa culpa é caracterizada pela negligencia,
imprudência ou imperícia.

A responsabilidade objetiva não depende de provar dolo ou culpa. É um tipo de


responsabilidade mais avançada. Na responsabilidade objetiva, se a pessoa que praticou a
conduta, teve dolo ou culpa, é indiferente, não tem relevância.

O que importa é demonstrar que houve a conduta e houve o dano.

Há alguns casos de responsabilidade objetiva, por exemplo, no Direito do Consumidor: aquele


que coloca um produto para o consumidor, responde objetivamente pelos danos causados. O
fornecedor responde objetivamente pelos danos causados ao consumidor.

No Direito Civil há a responsabilidade civil dos pais pelos atos praticados pelos filhos menores.

No Direito Ambiental, quem causa dano ambiental, independemente de dolo ou culpa, tem
que reparar esse dano.

São situações nas quais a legislação brasileira, a muitas vezes a CF, traz responsabilidade
objetiva. Na relação de consumo, por exemplo, é um beneficio para a outra parte que nem
precisa discutir culpa.

Alguma doutrina discute, em casso excepcionais, a existência da responsabilidade objetiva tem


no Direito Penal, mas não é conclusiva.

O Estado responde OBJETIVAMENTE pelos danos causados aos particulares.

A responsabilidade por ação ou por comissão é o que decorre da prática de uma conduta.
Quando o agente pratica uma conduta, ele age por ação. A responsabilidade por ação ou por
comissão (ação/comissiva) é objetiva.

A responsabilidade omissiva decorre da falta de uma ação, quando o agente deixa de impedir
um dano, deixa de praticar uma conduta que leva a um resultado danoso. Essa
responsabilidade do Estado é subjetiva, dependerá da demonstração de culpa, de falta de
ação, da falta de cuidado.

ESTADO: CF, ART. 37, § 6º – RESP OBJETIVA com base na TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO

A teoria do risco administrativo é um tipo de responsabilidade e, por essa teoria, o Estado


pode alegar um fator de exclusão – não é um garantidor universal, não é um segurador
universal.

Não é porque o Estado estava na relação que sempre será obrigado a pagar a conta – pode
alegar fatores de exclusão da sua responsabilidade.

Existe a responsabilidade pelo risco integral e a responsabilidade pela teoria do risco


administrativo, que é a regra geral da CF

Teorias – Evolução

Irresponsabilidade

No Estado absolutista a teoria vigente era de irresponsabilidade do Estado. Nos Estados


absolutistas a figura do Estado se confundia com a figura do próprio rei – o rei era o Estado, o
Estado era o rei, os dois se confundiam. O Estado nunca errava porque o rei nunca erra.

O Estado absolutista é a primeira forma de Estado (povo + governo soberano) – as civilizações


anteriores não eram entediadas como um Estado.

Hely Lopes Meirelles: “A doutrina da irresponsabilidade está inteiramente superada, visto que
as duas ultimas nações que sustentavam, a Inglaterra e os Estados Unidos da América do
Norte, abandonaram-na, respectivamente, pelo Crown Proceeding.

Civilistas

À medida em que o Estado absolutista entra em decadência no Final do Século XVIII, surgem
novos modelos de Estado, o Estado de Direito, um Estado Baseado em outras premissas, um
Estado baseado na lei. Cria-se o Poder Legislativo com a função de Legislar, de fiscalizar e
avança-se da teoria da irresponsabilidade para a da responsabilidade porque as teorias do
Direito Civil começaram a influenciar.

Iniciou Fazendo a diferenciação entre atos de império e gestão – responsabilidade SUBJETIVA


para atos de gestão.

O agente teria de ser identificado e a culpa do agente devia ser demonstrada para que o
Estado tivesse responsabilização.

Atualmente não é assim.

Quando fosse ato de império, que é um ato de supremacia do Estado frente ao particular,
mesmo na teoria civilista não haveria responsabilidade.

Quando fosse ato de gestão, quando o Estado está no mesmo nível do particular, se o Estado
causasse dano e esse particular teria responsabilidade.

Culpa do Agente

Código Civil 1916.


O Código Civil brasileiro de 1916 já trazia uma responsabilidade subjetiva do Estado.

Publicistas

Culpa Administrativa/do Serviço/Anônima

Era, ainda, uma teoria baseada na culpa, não de agente, mas uma culpa administrativa.

Alguns chamavam de culpa anônima porque já não era necessária a identificação do agente: a
culpa é da Administração, a culpa é do serviço, mas uma culpa presumida.

Culpa do serviço: faute du servisse

Era necessário provar que o Estado:

Não Funcionou

Funcionou mal

Funcionou atrasado

Para assim caracterizar a responsabilidade

Nos livros Brasileiros o sinônimo de faute du servisse, é falta de serviço. Faute, em francês, não
é falta, é culpa. A expressão falta de serviço não é a mais adequada.

Responsabilidade objetiva/Teoria do Risco

Fundamento – teoria do RISCO – REPARTIÇÃO – benefícios e encargos.

Quando há uma atividade do Estado, por exemplo, ao capturar um criminoso, muitas pessoas
estão são sendo beneficiadas. Quando o agente no encalço de um criminoso dá um tiro que
atine um particular antes de prender o criminoso: a sociedade foi beneficiada com a prisão do
criminoso, mas quanto ao particular o Estado terá responsabilidade.

Substituição da culpa pelo nexo de causalidade.

Hoje, a teoria não é mais baseada na culpa do agente, não é mais baseada na culpa do serviço,
evoluiu: é a teoria da responsabilidade objetiva, não discute culpa. A culpa para a
responsabilização do Estado é um fato que já não tem mais relevância – outros requisitos
devem ser apresentados, mas a culpa não é requisito para a responsabilidade objetiva que é a
pregada pela Teoria do Risco.

A Teoria da Responsabilidade Objetiva substitui a antiga ideia de culpa pela demonstração do


nexo de causalidade.

Os elementos da Responsabilidade objetiva: são conduta, dano e o nexo causal. É necessário


provar que entre a conduta do Estado e o dano ao particular houve uma relação de
causa/efeito – o resultado foi resultado da conduta do Estado.

TEORIAS DO RISCO (OBJETIVA QUE NÃO DEPENDE DE DOLO NEM DE CULPA)

Administrativo

A teoria do RISCO ADMINISTRATIVO vem sendo adotada pela Constituição de 1946. Antes
disso, o código Civil regulava a responsabilidade do Estado, o Diploma Civil anterior consagrava
a responsabilidade subjetiva do Poder Público, sendo posteriormente modificado, ficando em
sintonia com a Constituição.

Na teoria do Risco Administrativo existem fatores de exclusão da responsabilidade. O Estado


pode alegrar alguns fatores da sua exclusão da responsabilidade.

O Estado pode alegar culpa exclusiva da vítima.

Risco integral

Essa teoria não admite fator de exclusão

A teoria adotada pela CF em seu art. 37, §6º foi a Teoria do Risco Administrativo como regra
geral: O Estado tem responsabilidade, mas poderá alegar fatores de exclusão.

Na teoria do Risco integral basta demonstrar o resultado, o dano pelo qual o Estado tem de
responder, é um garantidor universal, é responsável mesmo que não tenha praticado com dolo
ou culpa.

O sistema jurídico brasileiro tem situações de aplicação da teoria do risco integral, para o
direito administrativo existem três situações conforme defendem alguns autores

Danos Nucleares (art. 21, XXIII, d, da CF): Somente a União explora a atividade nuclear e
causando danos ao patrimônio particular responde objetivamente;

Atos terroristas (em decorrência do ataque as Torres Gêmeas nos EUA);

Atos de guerra contra aeronaves brasileiras

Há um caso no Direito Ambiental que alguns autores defendem como responsabilidade


objetiva pelo risco integral para quem causar dano ao meio ambiente e terá de fazer a
reparação, independentemente de dolo ou de culpa, podendo alegar fator de exclusão.

A CF de 1988 consagrou a teoria do Risco Integral? Não, consagrou a teoria do Risco


Administrativo como regra geral.

Responsabilidade Subjetiva

Conduta: necessária a presença de dolo e/ou culpa;

Dano

Nexo Causal

Responsabilidade objetiva

Conduta poderá ser lícita ou ilícita;

Dano

 Moral: o dano moral diz respeito à violação do direito de personalidade, ou seja,


refere-se à violação da honra, dignidade ou identidade.
 Material: corresponde a um dano financeiro.

Obs.: tanto o dano moral quanto o dano material são passiveis de indenização.

Nexo causal: necessária correspondência entre a conduta e o dano causado.


A mera expectativa de um dano, sem que ele tenha de fato ocorrido, não gera indenização.

Dano Moral In re Ipsa

Dano moral in re ipsa trata-se de um dano moral presumido, que dispensa comprovação de
prejuízo extrapatrimonial, sendo suficiente a prova da ocorrência de ato ilegal.

Abaixo, são reproduzidos alguns julgados referentes à responsabilidade civil do Estado:

TJ: a Administração Pública pode ser condenada ao pagamento de indenização pelos danos
cíveis causados por uma ação de seus agentes, mesmo que consequentes de causa excludente
de ilicitude penal (ex.: legitima defesa putativa).

Nexo Causal – Preso Foragido


Responsabilidade civil do Estado. Art. 37, § 6º, da Constituição do Brasil. Latrocínio cometido
por foragido. Nexo de causalidade configurado. Precedente. A negligencia estatal na vigilância
do criminoso, a inércia das autoridades policiais diante da terceira fuga e o curto espaço de
tempo que se seguiu antes do crime são suficientes para caracterizar o nexo de causalidade.
Ato omissivo do Estado que enseja a responsabilidade objetiva, nos termos do disposto do art,
37, §6º.

Responsabilidade civil do Estado. Art. 37, § 6º, da Constituição Federal. Faute du service public
caracterizada. Estupro cometido por presidiário, fugitivo contumaz, não submetido à
regressão de regime prisional, como manda a lei. Configuração do nexo de causalidade.
Recurso extraordinário desprovido. Impõe-se a responsabilização do Estado quando um
condenado submetido a regime prisional aberto pratica, em sete ocasiões, falta grave de
evasão, sem que as autoridades responsáveis pela execução da pena lhe apliquem a medida de
regressão do regime prisional aplicável à espécie. Tal omissão do Estado constituiu, na espécie,
o fator determinante que propiciou ao infrator a oportunidade para praticar o crime de
estupro contra menor de 12 anos de idade, justamente no período em que deveria estar
recolhido à prisão. Está configurado o nexo de causalidade, uma vez que se a Lei de Execução
Penal tivesse sido corretamente aplicada, o condenado dificilmente teria continuado a cumprir
a pena nas mesmas condições (regime aberto), e, por conseguinte, não teria tido a
oportunidade de evadir-se, pela oitava vez, e cometer o bárbaro crime de estupro.

Latrocínio praticado por quadrilha da qual participava um apenado que fugira da prisão
tempos antes: neste caso, não há que se falar em nexo de causalidade entre a fuga do
apenado e o latrocínio

Excludentes
A Responsabilidade do Estado é objetiva, conforme determinado pela teoria do risco
administrativo. Desse modo há, portanto, fatores de exclusão.

As excludentes de responsabilidade civil do Estado são:

Culpa exclusiva da vítima: quando verificada a culpa exclusiva da vítima, será afastada a
responsabilidade do Estado, de maneira que não caberá a ele fazer nenhum tipo de
indenização: ex.: suicídio de alguém em via pública

Obs.: a culpa concorrente, configurada pelo fato de tanto a vítima quanto o Estado serem
culpados, não afasta a responsabilidade do Estado, mas a atenua. Ex.: acidente decorrente de
um semáforo desligado em cruzamento perigoso.
Caso fortuito/força maior: o caso fortuito e a força maior dizem respeito a situações do campo
da imprevisibilidade, fatos imprevistos ou inevitáveis, que decorrem da ação da natureza ou da
ação humana (ato de terceiro), afastando a responsabilidade do Estado. Ex.: fato de ação
humana: pode-se exemplificar o fato de ação humana com os denominados atos de multidões,
como ocorre, por exemplo, nos casos dos arrastões, em que diversas pessoas saem cometendo
delitos pela cidade. Fato de ação da natureza: terremoto.

Obs.: é possível que, diante de atos de multidões, o Estado possa ter responsabilidade
subjetiva, desde que comprovada sua omissão. A mesma teoria será aplicada em relação ao
caso fortuito, de ação da natureza, quando comprovada a omissão do Estado como ocorrido,
por exemplo, em caso de enchentes decorrentes da falta de limpeza dos bueiros ou da não
realização de obras necessárias.

Analise do art. 37, §6º: º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo
ou culpa.

Dispõe sobre a responsabilidade objetiva das pessoas jurídicas de direito público e das pessoas
jurídicas de direito privado que prestam serviços públicos;

 Possuem responsabilidade objetiva as pessoas jurídicas de direito público:


 A União
 Os Estados
 O Distrito Federal;
 Os Municípios;
 Autarquias
 Fundações autárquicas

Possuem responsabilidade objetiva as pessoas jurídicas de direito privado que prestam serviço
público:

 Empresas públicas
 Sociedade de Economia Mista
 Concessionários e permissionários de serviço público

É necessário lembrar que as empresas de concessão e permissão são empresas de direito


privado que receberam por delegação a execução de um serviço público., com
responsabilidade objetiva dada pela CF. Nessa situação, a responsabilidade é primária da
pessoa de direito privado prestador de serviço público, mas é subsidiária do estado, ou seja,
o estado possui uma responsabilidade secundária.

O STF entendeu que a responsabilidade das concessionárias e permissionárias é objetiva para


usuário e para terceiros não usuários do serviço público.

Art. 37, § 6º, da Constituição Federal:

Possuem responsabilidade subjetiva as Empresas Públicas e as Sociedades de Economia Mista


que exploram atividade econômica, por exemplo:

 Banco do Brasil;
 Caixa Econômica Federal;
 Petrobras

Para ter direito à indenização, é necessário demonstrar dolo ou culpa de quem explora a
atividade econômica.

A responsabilidade subjetiva ocorre, também, quando houver omissão do Estado em um


momento em que ele deveria agir.

Omissão genérica e específica [=

Para o autor Sérgio Cavalieri, havendo omissão genérica do Estado, que é aquela em que o
dano não decorre diretamente da omissão, aplica-se a tese da responsabilidade subjetiva,
devendo o particular provar a culpa (omissão) para ter direito à indenização. Trata-se aqui da
típica teoria da faute du service (culpa/“falta” do serviço).

Por outro lado, havendo omissão específica, em que o dano decorre diretamente da omissão,
haverá responsabilidade objetiva, dispensado a discussão acerca da omissão (culpa). Nesse
ponto, reside a inovação do autor, por atribuir hipótese de responsabilidade objetiva no caso
de omissão. Assim, para o autor, a omissão genérica se relaciona à omissão subjetiva, e a
omissão específica está ligada à omissão objetiva.

O Estado responde pelos danos que seus agentes, agindo nessa qualidade, causarem a
terceiros. São considerados agentes públicos qualquer pessoa que exerça função pública.

Considere-se um policial militar que, ao chegar em casa, flagrou sua esposa com o amante. Ao
visualizar a cena, o policial desfere golpes de machado em ambos. Nessa situação, o Estado
não responderá, pois não foi na qualidade de policial que o agente público matou sua esposa e
o amante, mas sim na qualidade de marido ofendido. Nessa situação hipotética, não haverá
responsabilidade do Estado. Cabe lembrar que o importante, para as provas de concurso, é a
ação na qualidade de agente público.

Resumo
As pessoas jurídicas de direito público e as As pessoas jurídicas de direito público e as
de direito privado prestadoras de serviços de direito privado prestadoras de serviços
públicos responderão União, Estados, DF, públicos responderão União, Estados, DF,
Municípios, concessionários, Municípios, concessionários,
permissionários. Obs.: José dos Santos permissionários.
Carvalho Filho (2009, p. 529) compreende Obs.: José dos Santos Carvalho Filho (2009,
que os Serviços Sociais Autônomos estão p. 529) compreende que os Serviços Sociais
incluídos na regra da responsabilidade Autônomos estão incluídos na regra da
objetiva do Estado. Obs.: Empresa pública e responsabilidade objetiva do Estado.
sociedade de economia mista que exploram Obs.: Empresa pública e sociedade de
atividade econômica – responsabilidade economia mista que exploram atividade
subjetiva. econômica – responsabilidade subjetiva.
pelos danos que seus agentes, agindo nessa pelos danos que seus agentes, agindo nessa
qualidade Agentes: qualquer um que exerça qualidade Agentes: qualquer um que exerça
função pública. Basta que seja nessa função pública. Basta que seja nessa
qualidade. qualidade.
causarem a terceiros Na omissão, a causarem a terceiros Na omissão, a
responsabilidade será subjetiva; na ação, responsabilidade será subjetiva; na ação,
responsabilidade objetiva. responsabilidade objetiva.
assegurado o direito de regresso contra o assegurado o direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo ou culpa. responsável nos casos de dolo ou culpa.
Estado responde na forma objetiva. Agente Estado responde na forma objetiva. Agente
responde em ação regressiva. Depende de responde em ação regressiva. Depende de
demonstração de dolo ou culpa (subjetiva). demonstração de dolo ou culpa (subjetiva).

Danos causados por notários (tabeliães) e oficiais de registro

O STF entendeu que o Estado responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães e
registradores oficiais que, no exercício de suas funções, causem dano a terceiros, devendo
haver o dever de regresso contra o responsável (ação regressiva), nos casos de dolo ou culpa,
sob pena de improbidade administrativa. Fixou também a corte que o Estado possui
responsabilidade civil direta, primária e objetiva pelos danos que notários e oficiais de registro,
no exercício de serviço público por delegação, causem a terceiros.

Na ação regressiva, a responsabilidade civil dos notários e registradores é subjetiva.

Casos Especiais

Estado “garante”/Situação propiciatória de dano ou risco/Risco suscitado: quando há a


situação de Estado garantidor, ou seja, quando o Estado está na tutela de pessoas ou coisas,
este responderá objetivamente, conforme a teoria do risco administrativo, pelos danos que
decorrerem de seu dever de guarda.

Ex.: no que se refere às pessoas, o Estado será responsável, por exemplo, pelos alunos
presentes na escola, pelos presos em presídios e pelas pessoas nos hospitais.

Em relação às coisas, o Estado será responsável, por exemplo, por acidente decorrente do
manuseio de materiais químicos em uma universidade, por possuir a tutela de coisas
perigosas.

Obs.: cabe lembrar que a teoria do risco administrativo comporta o fator de exclusão, de modo
que, diante de situações determinadas de culpa exclusiva da vítima, por exemplo, será
afastada a responsabilidade do Estado.

Cuidado: a princípio, o suicídio é tratado como matéria de culpa exclusiva da vítima,


afastando a responsabilidade do Estado, no entanto, o STJ entende que o Estado tem
responsabilidade objetiva em relação ao suicídio de preso dentro do presídio

Danos de obras públicas:

“Fato” da obra: não há a presença de irregularidades ou ilegalidades, constituindo-se a obra


em si em danosa. Nesse caso, haverá a responsabilidade objetiva do Estado.

Obs.: para haver o direito de indenização deverá existir dano concreto e específico.

Execução da obra: – Direta: na execução direta o próprio Estado executa a obra, nesse caso,
haverá a responsabilidade objetiva do Estado;

Indireta: na execução indireta, a execução da obra será realizada por uma empresa/
empreiteira contratada pelo Estado. Nesse caso, haverá responsabilidade subjetiva do
contratado.
Atos (típicos) do Poder Judiciário:

CF, art. 5º: LXXV – o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar
preso além do tempo fixado na sentença;

Obs.: prisão preventiva não gera

Caso Especiais

Atos (típicos) do Poder Judiciário: o ato típico do Poder Judiciário diz respeito às decisões
judiciais. Nesse caso, quando o Judiciário estiver funcionando como órgão jurisdicional. Nesse
caso, quando o Judiciário estiver funcionando como órgão jurisdicional e proferir uma
sentença/acórdão para solução de um ato concreto, será aplicada a regra de
irresponsabilidade do Estado – mesmo perante o prejuízo a alguém -, não cabendo, desse
modo, pedindo de indenização.

Como exceção, o art. 5º Constituição Federal dispõe que:

LXXV – o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além
do tempo fixado na sentença;

Obs.: diante de ato atípico do Poder Judiciário, ou seja, diante de ato administrativo, será
aplicada a responsabilidade civil objetiva.

Obs.: prisão preventiva não gera direito a indenização – RE 429518 (STJ tem julgados que
concedem sim!) X RE 385943 AgR, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado
em 15/12/2009, DJe-030 DIVULG 18-02-2010 PUBLIC 19-02-2010.

É importante destacar a existência de um acordão do STF que gera direito a indenização


quando o preso cumpre sentença em presídios que não possuem as condições mínimas
estabelecidas relativas à dignidade da pessoa humana.

Atos típicos do Poder Legislativo: esses atos dizem respeito à criação de leis. Desse modo, leis
aplicadas à toda extensão da sociedade e que causam prejuízo a determinadas pessoas não
geram direito a indenização, pois, assim como ocorre no campo do Poder Judiciário, em
relação aos atos típicos do Poder Legislativo também é aplicada a regra da irresponsabilidade
do Estado

Existem duas exceções no que concerne à aplicação da regra no cenário do Poder Legislativo:

• Lei de efeito concreto: possui forma de lei, mas natureza de ato administrativo. Essa espécie
de lei não atinge toda a sociedade, mas apenas pessoa ou grupo de pessoas determinado,
podendo beneficiar ou causar prejuízos.

• Lei declarada inconstitucional pelo STF: aqueles que tiveram prejuízo decorrente de lei
declarada inconstitucional terão direito a indenização.

Obs.: diante de ato atípico do Poder Legislativo, ou seja, diante de ato administrativo, será
aplicada a responsabilidade civil objetiva

Ação Regressiva

Consiste na ação de regresso contra o agente, de modo que a ação se dará pela vitima contra o
Estado, ou seja, contra a pessoa que tem responsabilidade objetiva, que mediante a
condenação, postulará ação regressiva contra o agente.
Cabe destacar um importante julgado do STF em relação a essa temática:

A vitima somente poderá ajuizar a ação de indenização contra o Estado; se este for
condenado, poderá acionar o servidor que causou o dano em caso de dolo ou culpa; o
ofendido não poderá propor a demanda diretamente contra o agente público.

A teor do disposto no art. 37, § 6º, da Constituição Federal, a ação por danos causados por
agente público deve ser ajuizada contra o Estado ou a pessoa jurídica de direito privado
prestadora de serviço público, sendo parte ilegítima para a ação o autor do ato, assegurado o
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa

A teor do disposto no art. 37, § 6º, da Constituição Federal, a ação por danos causados por
agente público deve ser ajuizada contra o Estado ou a pessoa jurídica de direito privado
prestadora de serviço
público, sendo parte
ilegítima para a ação o autor
do ato, assegurado o direito
de regresso contra o
responsável nos casos de
Vitima Estado Agente dolo ou culpa.

Assim, de acordo com a teoria da dupla garantia, a vítima não poderá ingressar diretamente
contra o agente e tampouco contra o Estado e contra o agente ao mesmo tempo através do
chamado litisconsórcio, situação configurada pela existência de mais de uma pessoa no polo
passivo da ação.

Cabe ressaltar que o Estado não poderá denunciar à lide para chamar o agente ao processo
para que seja efetuada a resolução das duas relações através de uma única sentença “dividida”
em dois capítulos no mesmo processo.

É importante destacar que, na esfera da vigência do antigo Código de Processo Civil (CPC), o
STJ possui julgados que dispõem que a denunciação à lide não é obrigatória, visto que
anteriormente todos que pretendiam exercer o direito de regresso deveriam efetuar a
denunciação à lide, de modo que caso não o fizessem, seria perdido o direito de regresso.
Nesse sentido, o STJ fundamentava que, ao se tratar de ação de responsabilidade civil do
Estado, a denunciação à lide não seria obrigatória, de modo que não sendo efetuada a
denunciação pelo Estado, este poderia perfeitamente entrar com uma ação autônoma de
regresso contra o agente posteriormente.

O novo CPC de 2015, no entanto, não traz nenhum caso de denunciação à lide obrigatória, de
maneira que essa jurisprudência do STJ perderá sua força. Entretanto, caso alguma banca
disponha em sua prova que para o STJ a denunciação à lide não é obrigatória, o candidato
deverá considerar a assertiva correta, pois o examinador estará referindo-se ao acórdão do STJ
que, apesar de não estar atualizado, ainda existe.
Perceba, ainda que a ação da vitima contra o Estado, como regra será objetiva; e a ação do
Estado contra o agente – a partir da condenação – será sempre subjetiva, de maneira que o
agente só responderá perante o Estado caso tenha agido com dolo ou culpa.

Obs.: os juízes somente responderão em caso de dolo, fraude ou retardamento justificado do


processo. Assim, os juízes não responderão por culpa.

Conforme o Decreto n. 20.910/1932, a vítima terá um prazo de 5 (cinco) anos para entrar com
ações que visam cobrança de danos em razão de condutas do Estado ou, conforme dispõe a
Lei n. 9494/1997, das pessoas de direito privado prestadoras de serviço público.

No que concerne à ação do Estado contra o agente, é importante destacar que até 2018 o STF
entendia que as ações de regresso eram imprescritíveis, com base no parágrafo 5º, artigo 37
da Constituição Federal, mas o entendimento mudou e, atualmente, o STF entende que a
imprescritibilidade das ações de regresso somente dizem respeito às ações decorrentes de
atos de improbidade dispostas no parágrafo 4º, artigo 37, da CF, de modo que a Fazenda
Pública está sujeita a prazo previsto em lei para a ação de regresso. Desse modo, há a
prescrição em razão de ilícito civil e de ilícito civil em razão de ato culposo de improbidade,
mas não há a prescrição em razão de ilícito civil em razão de ato doloso de improbidade.

Obs.: o STJ entende que é imprescritível a pretensão de recebimento de indenização por dano
moral decorrente de atos de tortura ocorridos durante o regime militar (Informativo n. 523).

Obs.: é prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil,
salvo se decorrente de ato de improbidade.

Abaixo, seguem alguns julgados referentes ao tema:

O STF entendeu que a União, na qualidade de contratante, possui responsabilidade civil por
prejuízos suportados por companhia aérea em decorrência de planos econômicos que
impossibilitaram a empresa de reajustar suas tarifas. Com a decisão, foi garantida indenização
em virtude da suposta diminuição do seu patrimônio decorrente da política de congelamento
tarifário referente ao período de outubro de 1985 a janeiro de 1992. A empresa,
concessionária de serviço aéreo, argumentou que o congelamento das tarifas violou o direito
ao equilíbrio econômico-financeiro contratual.

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. ALTERAÇÃO DE


ALÍQUOTAS. INDÚSTRIA NACIONAL. IMPACTO ECONÔMICO-FINANCEIRO. RISCO DA
ATIVIDADE. Não se verifica o dever do Estado de indenizar eventuais prejuízos financeiros do
setor privado decorrentes da alteração de política econômico-tributária, no caso de o ente
público não ter se comprometido, formal e previamente, por meio de determinado
planejamento específico.

POSSE TARDIA EM CARGO PÚBLICO. Na hipótese de posse em cargo público determinada por
decisão judicial, o servidor não faz jus à indenização, sob fundamento de que deveria ter sido
investido em momento anterior, salvo situação de arbitrariedade flagrante.

POSSE TARDIA E PROGRESSÃO FUNCIONAL RETROATIVA. A nomeação tardia de candidatos


aprovados em concurso público, por meio de ato judicial, à qual atribuída eficácia retroativa,
não gera direito às promoções ou progressões funcionais que alcançariam se houvesse
ocorrido, a tempo e modo, a nomeação. STF. Plenário

Agentes Públicos
Classificações dos Cargos

A constituição Federal de 1988 classifica só cargos públicos como vitalícios, efetivos e em


comissão. Vale lembrar que “cargo” é o mesmo que “função pública”. Existem pessoas que
exercem funções, mas que não têm cargos, por exemplo.

O que é um cargo público?

Lei n. 8.112/1990, art. 3º Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades


previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor.

Nesse sentido, todo cargo possui uma função (atribuições), entretanto é possível função
publica sem cargo. Alguns exemplos são: mesário da Justiça Eleitoral, Jurado do Tribunal do
Júri, o temporário etc.

Hoje, em nível federal, quem ocupa cargo público é chamado de servidor público. Vale lembrar
que a expressão “funcionário público” foi abandonada, mesmo que muitas legislações ainda a
utilizem.

Cargo isolado e de carreira:

Cargo isolado é aquele que não é dotado de nenhum sistema de progressão, ou seja, o
servidor entra no cargo e nele permanece até sua aposentadoria. Os cargos isolados não são
comuns atualmente.

Já o cargo de carreira é aquele em que o servidor é “cresce” na carreira, seja por meio do
sistema de promoção ou de progressão.

É lei de cada cargo que irá definir se ele é isolado ou de carreira.

Quadro de servidores

É o conjunto de servidores que pertencem a um determinado ente da federação. Ex.: os


servidores da União pertencem ao quadro da União.

Lotação:

É o local em que o servidor exerce as suas funções, ou seja, é o lugar em que esse servidor está
em exercício.

Cargos Efetivos

É o chamado cargo do “concursado” que conta com uma garantia de permanência em sua
função (estabilidade), mas não dá tanta garantia quanto o cargo vitalício.

A vitaliciedade de um cargo é d ada pela Constituição Federal de 1988. Ex.: magistrado (juiz),
promotor de justiça etc.

A pessoa que ocupa um cargo vitalício só perde o cargo em função de sentença judicial
transitada em julgado.

O cargo efetivo, por sua vez, conta a estabilidade, ou seja, o servidor estável somente poderá o
cargo em que função de algumas situações excepcionais previstas na CF/1988.

Até que seja considerado estável, o servidor precisará superar algumas etapas:

 Prestar o concurso público (de provas ou provas e títulos);


 Ser homologado
 Ser promovido, por meio da nomeação;
 Tomar posse (dentro do prazo previsto na legislação) e ser investido na função;
 Entrar no exercício (começo do desempenho das funções do cargo e do início do
estágio probatório) e;
 Por fim, ser aprovado no estágio probatório.

O que é a estabilização extraordinária?

Trata-se de um tipo de estabilidade, prevista pelo Ato das Disposições Constitucionais


Transitórias (ADCT). Quando foi promulgada a CF/1988, esse dispositivo concedeu a
estabilização extraordinária para quem já estava no serviço público há pelo menos cinco anos
(vide art. 19 do ADCT).

Obs.: Desde 1998, a estabilidade do servidor público é conquistada após três anos de efetivo
serviço e aprovação por comissão especial. Antes, esse prazo era de dois anos. Assim, entende
o STF que o prazo do estágio probatório deve acompanhar o de aquisição da estabilidade.

ADI 2135

Antes da CF 1988, as regras n que tane aos concursos públicos eram bem confusas. Pois a CF
trazia a necessidade de concursos para alguns cargos, mas para ouros não. Além disso, tais
regras não eram muito claras.

A CF/1988 organizou tudo isso e passou a exigir o concurso público para todos os cargos, além
de um regime jurídico único para os servidores. Também foi com a CF/1988 que surgiu a
questão da estabilidade extraordinária para quem já estava há pelo menos cinco anos
ocupando um cargo público.

Vale lembrar que as empresas públicas e sociedades de economia mista estão em um patamar
diferente, pois, mesmo que elas também sejam obrigadas a realizar concursos públicos, o
regime jurídico de seus funcionários é o da CLT.

Em 1998, por meio da Emenda Constitucional n. 19/1998, houve uma verdadeira reforma
administrativa no Brasil. Um dos pontos alterados por essa emenda foi a extinção desse
regime jurídico único, isso por meio da mudança da redação do art. 39 da CF/1988.

A EC n. 19/1998 sofreu uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) perante o Supremo


Tribunal Federal. Essa ADI foi julgada somente em 2007 e nesse julgamento, o Supremo
entendeu que a extinção do regime jurídico único foi inconstitucional. Dessa forma, desse
julgamento em diante, volta a obrigação de contratar pelo regime jurídico único escolhido em
1998.

Em nível federal, a União fez a Lei n. 8.112/1990 e, por ela, escolheu o regime estatutário para
os seus servidores. O governo de Fernando Henrique Cardoso, Presidente em exercício na
época da EC n. 19/1998, conseguiu criar a Lei n. 9.986/2000, que permitia a contratação de
servidores públicos pelo regime da CLT em nível federal. Dessa forma, várias pessoas foram
contratadas por meio desse regime jurídico.

Apesar de o Supremo ter declarado como inconstitucional a retirada do regime jurídico único,
essa declaração tem efeitos ex nunc, ou seja, não retroage. Assim, todos os servidores que
foram contratados entre 2000 e 2007 continuam em seus cargos, mas sob o regime da CLT.
Depois de 2007, continua a obrigação de se realizar concursos públicos e de se adotar o regime
jurídico único.

Vale lembrar que a lei que rege os conselhos fiscalizadores de profissões continua prevendo a
possibilidade de contratação de servidores públicos para o regime da CLT. O Supremo ainda
não se manifestou nesse sentido.

Perda do cargo do servidor estável – Art. 41 da CF/1988 (art. 21, Lei n. 8.112/90):

I. em virtude de sentença judicial transitada em julgado;


II. Mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa;
III. Mediante procedimento de avalição periódica de desempenho, na forma de lei
complementar, assegurada ampla defesa.

Obs.: Vale lembrar que essa lei complementar ainda não foi criada. Outro detalhe importante
de prova é que a Lei n. 8.112/1990 prevê apenas as situações dos incisos I e II (acima) como
causa de perda do cargo pelo servidor estável. O disposto no inciso III está previsto apenas na
CF/1988.

Conforme o disposto no art. 169, § 3º, da CF/1988, o servidor estável também pode perder o
cargo quando o Ente Federativo gastar mais que o estabelecido de sua Receita Corrente
Líquida com pessoal ativo e inativo (este limite foi fixado pela LC n. 101/2001: 50% para a
União e 60% para os outros Entes).

Entretanto, antes da tomada dessa medida, a Administração Pública deve tomar algumas
medidas:

 Redução pelo menos em 20% dos cargos em comissão e funções de confiança; e


 Exoneração de não estáveis.

Caso isso não seja suficiente para equilibrar as contas do Estado, então é possível que os
servidores estáveis possam perder o seu cargo. Entretanto, caso isso aconteça, os
servidores receberão uma indenização equivalente a um mês de remuneração por ano de
serviço.

Além disso, fica vedada a criação de cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou
semelhantes por um período de quatro anos.

Demissão é diferente de exoneração

A demissão representa uma punição aplicável ao servidor público, já a exoneração tem


não caráter de punição. No caso de cargo em comissão, o ato que representação punição
se chama “destituição do cargo em comissão”.

A exoneração pode se dar:

• A pedido (tanto para o cargo efetivo quanto para o cargo em comissão); ou


• De ofício.
 A exoneração de ofício pode se dar:
• Cargo efetivo: inabilitação no estágio probatório;
• Cargo em comissão: a critério da autoridade competente; ou
• Tomar posse sem entrar em exercício.
Cargos em comissão

São de livre nomeação e livre exoneração, ou seja, não contam com nenhuma garantia de
permanência no serviço público.

O CNE (Cargo de Natureza Especial) é uma espécie de cargo em comissão.

Nos Termos da CF/1988, tanto o cargo em comissão quanto a função de confiança são apenas
para cargos de direção, chefia ou assessoramento.

Cargos vitalícios

Cargos Efetivos

Cargos em Comissão

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