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O direito Civil é ramo do direito privado e hoje a grande preocupação do Direito Civil é com a pessoa humana
dentro do ordenamento.
O Código Civil dispõe, do art. 1º ao art. 39, sobre regras a respeito da pessoa humana.
A pessoa humana é a pessoa natural, a pessoa física é uma definição do Direito Tributário.
Existe uma terminologia que é muito utilizada em qualquer ramo do Direito, que é a Expressão “sujeito de
direito”.
O sujeito de direito é um gênero, um gênero que comporta duas espécies que, por sua vez, comporta
algumas subespécies.
Sujeito de direito com personalidade jurídica que é o mesmo que personalidade civil. Trata-se de uma
aptidão genérica para titularizar direitos e deveres. A doutrina diverge quanto a alguns pontos; ter personalidade
jurídica é uma aptidão para ser sujeito de direito quando na verdade não é:
No direito civil, quando se faz referência a “obrigação”, é sempre algo que tem cunho patrimonial: obrigação
de dar, obrigação de fazer, obrigação de não fazer – as obrigações tem aspecto pecuniário, os “deveres” são algo
muito mais amplo. Os “deveres” comportam as obrigações e os deveres outros, aqueles que não tenham valoração
econômica, por exemplo, o dever de fidelidade no casamento previsto no Código Civil – é um dever, não é uma
obrigação, porque a obrigação tem valoração econômica.
A melhor expressão para ilustrar o conceito de personalidade jurídica é exatamente: aptidão genérica, para
os atos em geral, para titular direitos e deveres.
Sujeito de direito sem personalidade jurídica – o nascituro, o condomínio, massa falida, espólio (herança
quando vira parte no processo), sociedade irregular (também chamada de sociedade de fato), entre outros, não
possuem personalidade jurídica. O órgão público decorre da desconcentração administrativa, ele é dividido
internamente dentro de uma pessoa jurídica, não possuem personalidade jurídica.
No Direito Administrativo, é muito estudado o princípio da legalidade, que significa que o administrador só
pode atuar quando a lei permitir o administrador só pode praticar atos administrativos quando a lei autorizar.
Administrar significa aplicar a lei do ofício, porque existe uma lei o autorizando a isso.
Dentro desse Princípio, quem tem personalidade jurídica pode tudo que a lei não proibir.
Dentro desse mesmo princípio, quem tem personalidade jurídica só pode atuar quando a lei permitir;
nascituro (alimentos gravídicos, por exemplo), condomínio, massa falida, espólio, sociedade irregular, podem ser
autores ou réus em ação judiciais segundo estabelece o código do Processo Civil (CPC) por reconhecer que possuem
personalidade judiciária.
O art. 1551 do Código Civil inaugura o livro do código relacionado ao direito das famílias e inaugura a
temática sobre casamento. Na parte de celebração de casamento, a lei dispõe que casamento é quando o homem e
a mulher manifestam a sua vontade perante a autoridade celebrante
É possível elaborar um contrato que não tenha previsão no Código Civil? Sim, porque a lei não proíbe –
esses contratos são chamados de contratos atípicos.
É possível criar uma obrigação que não se encaixe no dar, fazer, não fazer? Pode, porque a lei não proíbe.
Pode ser criado um regime de bens no casamento que não tenha previsão no código? Sim, porque a lei não
proíbe.
Esse foi um dos fundamentos para o matrimônio e para a união estável homoafetiva. A pessoa natural e a
pessoa jurídica possuem personalidade jurídica.
Será estudada primeiramente toda a parte referente a pessoa natural: personalidade, capacidade, morte,
direitos da personalidade (artigos 1º ao 39).
Para o Direito Civil, nascer com vida significa respiração, significa o funcionamento do aparelho
cardiorrespiratório.
O nascituro está dentro do ventre materno, é aquele que tem vida intrauterina.
Alguém passa a existir a partir da certidão? Se alguém passa a existir a partir da certidão, essa certidão tem
natureza constitutiva.
Se a declarar, é para declarar que esse alguém nasceu, essa certidão tem natureza declaratória .
A pessoa natural não passa a existir a partir da certidão, ela passa a existir a partir da respiração.
As certidões têm natureza declaratória porque se limitam a declarar que a pessoa existe, não constitui a
pessoa dali para a frente, o efeito é ex tunc, vai retroagir para o que está sendo declarado.
Exemplo: Maria é casada com o João. Com seis meses de gestação, João morreu e o herdeiro é a criança que
está no ventre porque a lei determina que são herdeiros, na seguinte ordem, os descendentes (filho, neto, bisneto),
na falta de descendentes, a herança do morto vai para os ascendentes (pai, mãe, avô, avó, bisavô, bisavó), não
havendo, a herança vai, na íntegra, para o cônjuge ou companheiro. Na falta de todos os enumerados
anteriormente, a herança vai para os irmãos, na ausência de irmãos, para os sobrinhos, na ausência, para os tios,
primos.
Para ser herdeiro é preciso estar vivo na hora da morte da pessoa ou, pelo menos, concebido.
O filho do João que está no ventre materno, que está no sexto mês de gestação, é herdeiro porque ele está
concebido. Para titularizar direitos e deveres, ele deve nascer com vida. Na hipótese de sair do ventre materno e não
respirar, ele não adquire a herança do pai. Se não houver outros descendentes, a herança vai para os ascendentes
do morto, os pais do João.
Se o menino saiu do ventre materno, respirou, se entrou ar no pulmão e depois morreu, adquiriu
personalidade jurídica, recebeu a herança e, no momento em que ele morreu, transmite-se a herança ao seu
herdeiro: como não possui descendente, a herdeira será a sua mãe.
Isso é tão importante que existe até um exame, evidentemente um exame clássico que é mencionado muito
pelos professores de Direito Penal e também de Direito Civil. Possivelmente existem exames mais tecnológicos para
avaliar se entrou ar no pulmão ou não, mas o clássico é o de Docimasia Hidrostática de Galeno, que constitui na
colocação de fragmentos do pulmão em um líquido: se esses fragmentos flutuarem, terá havido entrada de ar no
pulmão (adquiriu personalidade jurídica).
Não se exige viabilidade, ou seja, não se exige que a formação interna dos órgãos seja uma formação
perfeita de forma a favorecer a vida extrauterina: pessoas que possuam má formação interna dos órgãos, desde que
saiam do ventre materno e respirem, adquirem personalidade jurídica, ainda que pela deformidade que acomete
essa pessoa, ela venha a falecer em brevíssimo tempo – discussão dos anencéfalos, dos fetos que não possuíam
formação cerebral ou das pessoas com microcefalia.
Também não se exige sobrevida que seria um lapso temporal mínimo fora do ventre materno a propiciar a
aquisição da personalidade jurídica, por exemplo, adquirir personalidade jurídica se a criança ficar 48 horas ou 72
horas viva fora do ventre materno. No Brasil, isso não existe, saiu do ventre materno, ainda que tenha dado um
breve suspiro, ainda que tenha entrado pouquíssimo ar no pulmão... – os profissionais da medicina afirmam que a
primeira entrada de ar no pulmão causa uma dor fortíssima.
Segundo a doutrina, no Código Civil Espanhol, esses institutos eram exigidos até 2011, mas deixaram de ser.
Segundo o art. 2º do Código Civil: “... a personalidade civil da pessoa natural começa do nascimento com
vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”.
Nascituro
Quem é o nascituro?
O código estabelece que a personalidade decorre do nascimento com vida com a respiração.
Há várias teorias do nascituro, mas três se revelam mais constantes nas cobranças em provas
Teoria Natalista – só é pessoa quando ocorre a respiração. O nascituro não é pessoa. No direito civil, o que
não é pessoa é coisa, o que não é coisa, é pessoa, ele é uma coisa;
Teoria da personalidade formal ou condicional – com relação a direitos existenciais, como o direito a vida, o
nascituro teria esse direito, mas para os aspectos materiais/patrimoniais ele teria de nascer com vida. O nascituro é
uma quase pessoa;
Enquanto a letra do Código Civil adota a Teoria Natalista, o ordenamento Jurídico (leis + jurisprudência =a
doutrina), como um todo, vem caminhando por uma Teoria Concepcionista, reconhecendo, cada vez mais, direitos
ao nascituro.
Tem direitos da personalidade (direito à vida, direito à proteção pré-natal, vida digna intrauterina) porque direitos
de personalidade não se confundem com a personalidade jurídica;
Direito a alimentos gravídicos (previstos no Lei n. 11.804/2008), alimentos fixados enquanto ocorre a gestão: o pai
ou o suposto pai pagará alimentos enquanto ocorre a estão. O exame de DNA intrauterino não é obrigatório porque
pode causar danos ao nascituro.
Os alimentos gravídicos são fixados em indícios da paternidade: a mulher ajuíza a ação em face do suposto pai.
Alimentos gravídicos pagos durante a gestão por aquele que nem sequer é pai são irrepetíveis, indevolvíveis, não
podem ser cobrados de volta, mas, havendo os requisitos da responsabilidade civil – o dano causado pela genitora –
desde que comprovados, o suposto pai pode ajuizar uma ação de dano moral ou de dano material face a essa
genitora, mas nunca em face daquele “quase filho”.
A Teoria concepcionista levaria em consideração a questão da concepção. Dentre os adeptos dessa teoria existem
muitos concepcionistas e os mais ou menos concepcionistas.
Há quem considere que a concepção se dá no momento do coito (da relação sexual) e outros que definem o 14º dia
após o coito, que seria o momento da nidação que é quando o embrião se fixa no ventre materno, na parede do
útero.
O embrião criogenizado (congelado, excedentário) está congelado no laboratório e surgiu com a fertilização in Vitro
(FIV). O nascituro está no ventre e possui direitos.
A FIV, hoje é um método muito utilizado: o médico retira o óvulo, retira o material do homem, coloca tudo em um
tubo de ensaio e faz a fecundação no tubo de ensaio. São feitos vários embriões, alguns são congelados e outros são
inseminados no ventre materno.
Essa questão da FIV veio à baila com as células-tronco. Houve um julgamento no STF, ADI 3510/DF, que discutia a
constitucionalidade ou não do art. 5º da Lei de Biossegurança, a Lei n. 11.105/2005: “é possível tratamento com
células-tronco embrionárias obtidas a partir de embriões congelados, desde que congelados há 3 anos ou mais ou
que sejam embriões inviáveis para a inseminação”.
O STF decidiu pela constitucionalidade dessa lei e considerou o embrião congelado apenas um objeto.
O que a lei resguarda é o nascituro, aquele que possui vida intrauterina, aquele que está dentro do ventre materno.
O código Civil é Natalista, o ordenamento jurídico vem reconhecendo cada vez mais, os direitos do nascituro. O
ordenamento se encaminha para a Teoria Concepcionista, mas o Código Civil ainda não mudou.
A criança saiu do ventre materno, nasceu, respirou, ganhou personalidade jurídica (art. 2º) e capacidade de direito
(art. 1º) – não é possível uma pessoa ter personalidade jurídica e não ter capacidade de direito.
A criança cresce e adquire capacidade de fato aos 18 anos (maioridades), quando pode exercer sozinha os direitos
adquiridos anteriormente.
Se esse menino for, sozinho, abrir uma conta no Banco do Brasil, o gerente abrirá essa conta?
Um menino de 10 anos pode ser proprietário de um apartamento, mas não pode, sozinho, comprar esse
apartamento.
Se uma pessoa tem capacidade jurídica, capacidade de direito e capacidade de fato, é PLENAMENTE CAPAZ.
Quem é incapaz?