Você está na página 1de 3

31.01.

2012

DIREITO DA PERSONALIDADE

Personalidade Jurídica
Conceito: é a aptidão para se titularizar direitos e contrair obrigações na órbita
jurídica, vale dizer é um atributo do sujeito de direito. Pessoa física ou natural é titular
de direitos e obrigações

Pessoa física ou natural


Segundo Teixeira de Freitas é ente de existência visível.
# Em que momento a pessoa física ou natural adquire personalidade jurídica?
Aparentemente a resposta é dada pela primeira parte do artigo 2° do CC: a
personalidade seria adquirida a partir do nascimento com vida, ou seja, a partir do
funcionamento do parelho cardiorrespiratório.

No que tange o direito do nascituro, a segunda parte do art. 2° do CC reconhece a


proteção dos seus direitos, desde a concepção o que nos faz indagar: teria também o
nascituro personalidade jurídica? Trata-se de uma das maiores polemicas da doutrina
civilista brasileira, saber se o nascituro pode ou não ser considerado pessoa.
O nascituro inicialmente vale lembrar, seguindo a doutrina de Limonge França, é ente
concebido mas ainda não nascido, é o ente de vida intra-uterina.
Obs. Vale admitir que o nascituro não se confunde com o concepturo e o natimorto.
Concepturo: também chamado de prole eventual, é aquele que nem concebido ainda
foi.
Natimorto: é aquele nascido, que deverá ser registrado em livro próprio do Cartório de
Pessoas Naturais (Ver enunciado, n. 1 da 1ª Jornada de Direito Civil).

1 – Art. 2º: a proteção que o Código defere ao nascituro


alcança o natimorto no que concerne aos direitos da
personalidade, tais como nome, imagem e sepultura.

O intrigante tema atinente a personalidade ou não do nascituro tenta ser solucionado à


luz de três teorias explicativas fundamentais:
1ª Teoria Natalista: (Silvio Rodrigues, Vicente Rao, Silvio de Salvo Venosa)
2ª Teoria Personalidade Condicional: (Serpa Lopes)
3ª Teoria Concepcionista: (Teixeira de Freitas, Silmara Chinelato)

1ª Teoria Natalista: tradicional em nosso Direito, sustenta que a personalidade


jurídica só seria adquirida a partir do nascimento com vida, de maneira que o nascituro
não seria considerado pessoa, gozando de mera expectativa de direito.
Obs. Mesmo que se siga a teoria natalista, não é razoavelmente, na perspectiva do
princípio da dignidade da pessoa humana, que, além do nascimento com vida, se exija
forma humana ou tempo mínimo de sobrevida, como exigia o artigo 30 do Código Civil
Espanhol antes da Lei n. 20 de 22 de junho de 2011.

2ª Teoria Personalidade Condicional: fica a meio caminho entre a teoria natalista e


a teoria concepcionista, o nascituro seria dotado de personalidade apenas para
direitos existenciais (como direito a vida), mas apenas consolidaria a personalidade
para aquisição de direitos econômicos ou materiais, sob a condição de nascer com
vida.
Obs: Esta segunda teoria não é incisiva para se afirmar se o nascituro é uma pessoa
com personalidade plena inclusive para efeitos patrimoniais (aproxima-se pela
classificação apresentada pela professora Maria Helena Diniz, segundo a qual o
nascituro teria uma personalidade formal, mas somente adquiriria direitos materiais
sob a condição de nascer com vida).

3ª Teoria Concepcionista: mais completa, afirma que o nascituro é dotado de


personalidade jurídica desde a concepção, inclusive para efeitos patrimoniais.
Percebemos que aos poucos, a teoria concepcionista vai ganhando mais espaço nos
Tribunais, inclusive na própria legislação brasileira, a exemplo da lei de alimentos
gravídicos (Lei 11.804/2008) e de recentes decisões do STJ que admitiram o dano
moral ao nascituro (Resp. 399.028/SP) e até mesmo de pagamento de DPVAT pela
morte do nascituro (noticiário de 15/05/2011)

# Qual das três teorias afinal teria sido adotada pelo CC Brasileiro?
Segundo Clovis Bevilaqua, em seus comentários ao Código Civil dos Estados Unidos
do Brasil, editora Rio, 1975, em posição ainda atual o CC aparentemente pretendeu
adotar a teoria natalista “por parecer mais prática” embora em diversos momentos
sofra influencia concepcionista, quando conhece ao nascituro o direito a vida, e a
alimentos gravídicos.
O julgamento da ADI 3510-0, referente à lei de biosegurança não pacificou a
controvérsia, pois não teve o objetivo de discutir especificamente qual a teria adotada.

CAPACIDADE
A capacidade se divide em capacidade de direito e de fato.
A capacidade de direito, é uma capacidade geral, genérica, que qualquer pessoa
tem. Segundo Horlando Gomes, a capacidade de direito é noção que se confunde com
o próprio conceito de personalidade.
A capacidade de fato ou de exercício nem toda pessoa tem, pois traduz uma aptidão
para pessoalmente praticar atos na vida civil. A junção da capacidade de direito com a
capacidade de fato é chamada de capacidade civil plena.
Obs. Vale lembrar que o conceito de capacidade não se confunde com a chamada
legitimidade, a qual, lembrando Calmoni Passos, consiste na pertinência subjetiva
para a prática de determinados atos jurídicos. Vale dizer, mesmo sendo capaz, a
pessoa pode estar impedida de praticar determinado ato jurídico por falta de
legitimidade (art. 1.521, inc. IV CC). Ex. irmãos não podem se casar, não porque não
possuem capacidade, mas por falta de legitimidade.

Incapacidade civil: ausência de capacidade de fato;


Incapacidade absoluta: art. 3° – representados.
Incapacidade relativa: art. 4° - assistidos;

ABSOLUTAMENTE INCAPAZES
Menores de 16 anos de idade (menores impúberes); os que por enfermidade ou
deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a pratica desses atos.
Obs. No que tange ao artigo 3° inc. II, vale lembrar que o reconhecimento da
incapacidade absoluta (ou até mesmo relativa) por enfermidade ou deficiência mental,
opera-se por meio do procedimento de interdição, regulado a partir do artigo 1.177
CPC. Proferida, pública e registrada a sentença de interdição, qualquer ato que o
incapaz pratique sem o seu curador, mesmo em período de lucidez, é invalido.
# É valido o ato praticado por incapaz antes da interdição?
Horlando Gomes, seguindo doutrina italiana, na mesma esteira da redação original do
artigo 503 do Código Civil Frances (antes da Lei 05/03/2007), observa o ato praticado
pelo incapaz ainda não interditado poderá ser invalidado se concorrerem três
requisitos:
1°: A incapacidade de entendimento;
2°: O prejuízo ao incapaz;
3°: A má-fé da parte contrária (por obvio pode ser circunstancialmente auferida);

III- As pessoas que mesmo por causa transitória não podem exprimir a sua vontade.
Ex. pessoa em estado de coma, intoxicação fortuita.
Obs. a teoria do actio libera in causa desenvolvida pelo direito penal (ler o texto de
Claus Roxin – ciências penales – net) também se aplica ao direito civil segundo
observa o grande Alvino Lima na obra “Da Culpa ao Risco” pois é justo que se
responsabilize aquele que voluntariamente se coloca em estado de incapacidade.
O surdo-mudo que não se comunica com o mundo é considerado absolutamente
incapaz por interpretação do artigo 3°, inc. III.

RELATIVAMENTE INCAPAZES
Artigo 4°
Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à
maneira de os exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por
deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental
completo;
IV - os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por
legislação especial.

A teoria do estatuto jurídico do patrimônio mínimo desenvolveu-se pelo professor Luiz


Edson Faquim afirma que à luz do princípio da dignidade da pessoa humana, todo
individuo deve ter preservado pela lei civil um mínimo de patrimônio para que tenha
vida digna.
Capacidade dos índios no artigo 8° da lei 6001/73.

Você também pode gostar