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ERSONALIDADE JURÍDICA
1. CONCEITO
Conceito técnico-jurídico clássico: personalidade jurídica é a aptidão genérica para se titularizar direitos e
contrair obrigações na órbita do Direito, ou seja, é a qualidade para ser sujeito de direitos.
Conceito moderno: ter personalidade jurídica é ter uma proteção fundamental, ou seja, possuir direitos
da personalidade.
Recomenda a convenção interamericana de direitos humanos que o direito à vida deve ser garantido
desde o momento da concepção.
Início da vida
Nenhum dos diplomas normativos ou das teorias sobre a aquisição da personalidade jurídica preza-se a
estabelecer um momento exato de início da vida. Todas elas tangenciam o assunto, mas acabam mesmo por focar
no estudo da aquisição da personalidade jurídica e da capacidade jurídica.
1. Convenção interamericana: consegue ainda incidentalmente dizer que o início da vida é com a concepção, vez
que a interpretação do art. 4º leva a crer que qualquer fenômeno biológico anterior à concepção não tem o
direito à vida protegido, portanto direito à vida somente a quem tem vida, que é com a concepção;
2. Código Civil: é totalmente omisso quanto ao início da vida. Pois fala sobre personalidade jurídica daquele que
nasceu com vida e direitos do nascituro. Levando em conta que na ordem jurídica nacional, até mesmo o meio
ambiente possui direitos, não é de se falar que necessariamente o art.1º estabeleceu que a vida começa com a
concepção. Exemplo: se o ordenamento nacional retirasse a personalidade de quem é incapaz, não seria o
mesmo que dizer que retirou sua vida. Personalidade é do mundo jurídico, vida é do mundo dos fatos.
APACIDADE JURÍDICA
1. CONCEITO
Quando se fala em capacidade, dois conceitos devem ser devidamente enfrentados, a capacidade de
direito e a capacidade de fato.
Capacidade de direito: é a aptidão genérica que qualquer pessoa possui
Capacidade de fato: traduz a aptidão para pessoalmente praticar atos da vida civil, o que nem toda
pessoa tem, diante das situações de incapacidade absoluta ou relativa.
Capacidade plena: é inerente a pessoa que possua das duas capacidades.
Orlando Gomes: a capacidade de direito é uma noção que, hoje, confunde-se com a noção de
personalidade (adquirir direitos e contrair obrigações).
1. Personalidade jurídica
a) Teoria moderna: é a aptidão de titularizar relações existenciais, que são os direitos da personalidade.
b) Teoria clássica: é a capacidade de ser sujeito de direito. Crítica: condomínio, e entes despersonalizados podem
titularizar direitos; mas jamais podem ser indenizados por uso indevido do nome.
2. Capacidade jurídica
É a aptidão para titularizar relações patrimoniais pessoalmente.
Assim, mesmo quem não possui personalidade pode ter capacidade jurídica
2. LEGITIMIDADE
Calmon de Passos: legitimidade é a pertinência subjetiva para a prática de determinado ato, ou seja, uma
pessoa pode ser plenamente capaz, mas faltar-lhe legitimidade para a prática de um ato específico.
Ex: outorga do cônjuge para alienar ou onerar bens imóveis
Ex2: autorização do juiz para o tutor dispor de bens do tutelado.
Ex3: dois irmãos, gozando de plena capacidade, não podem se casar entre eles.
1.2. INCISO II: OS QUE, POR ENFERMIDADE OU DEFICIÊNCIA MENTAL, NÃO TIVEREM O NECESSÁRIO
DISCERNIMENTO PARA A PRÁTICA DESSES ATOS;
Critério subjetivo: psicológico
Ainda que advenha de alcoolismo, ou toxicomania a pessoa se enquadrará neste inciso caso perca o
discernimento para praticar os atos.
Em processo civil, estuda-se o procedimento de interdição (art. 1177 a 1186, CPC), por meio do qual é
aferida a incapacidade, nomeando-se ao incapaz um curador.
Sentença de interdição: (a) constitutiva – processualistas; (b) declaratória – civilistas.
1.2.1. Validade dos atos praticados nos intervalos lúcidos do incapaz interditado
Uma vez interditado o incapaz, qualquer ato que venha a praticar sem seu representante, mesmo que em
momento de lucidez é inválido.
1.2.2. Validade dos atos praticados nos intervalos lúcidos do incapaz não interditado
A despeito da omissão legislativa (o que não havia na redação original do art. 503 do Código da França) a
nossa doutrina, por inspiração italiana (Orlando Gomes) afirma que o ato praticado pelo incapaz, ainda
que não interditado, poderá ser impugnado, em havendo a concorrência de 3 elementos:
a) Incapacidade
b) Prejuízo ao Incapaz
c) Má-fé da outra parte. (má-fé que pode ser circunstancialmente detectada)
1.3. INCISO III: OS QUE, MESMO POR CAUSA TRANSITÓRIA, NÃO PUDEREM EXPRIMIR SUA VONTADE
Critério subjetivo: psicológico
O que importa é a incapacidade de exprimir vontade, não a reversibilidade do estado
Ainda que advenha de alcoolismo, ou toxicomania a pessoa se enquadrará neste inciso caso não possa
exprimir sua vontade.
Exemplo: incluem-se nessas os surdos-mudos incapazes de se comunicarem com o exterior.
Exemplo2: determinada pessoa é induzida à embriaguez absoluta e assina contrato.
Dada a taxatividade, como classificar as seguintes pessoas: analfabeto, preso, falido, senil, deficiente, ausente?
1. Ausente, analfabeto, preso, falido, senil, deficiente não são por si só incapazes, nem absoluta, nem
relativamente, exceto se a condição (a) afetar o discernimento absoluta ou relativamente, ou (b) impedir a
expressão da vontade.
2. Ausência: é causa de morte presumida; não há que se analisar tal fato sob a égide da teoria das incapacidades.
4. SENILIDADE
Não é por si só causa de incapacidade.
A lei 12.344/09.12.10 aumentou para 70 anos a idade a partir da qual se torna obrigatório o regime de
separação de bens. (Antes era 65 anos).
O STJ firmou entendimento no sentido de que o alcance da maioridade civil não implica cancelamento
automático da pensão alimentícia (REsp 442.502/SP), que deverá ser paga, em regra, até a conclusão dos
estudos (em torno de 24 anos). Assim, para que haja o cancelamento da pensão exige-se a observância do
contraditório em favor do alimentando (súmula 358 STJ)
Ainda que o art. 171 do CC preveja a plena anulabilidade dos atos praticados pelo menor púbere
desassistido, o art. 180 do mesmo diploma legal impõe uma limitação visando tanto a proteger os
terceiros de boa-fé como repelir o dolo.
Nega o legislador proteção ao menor capaz de distinguir o bem do mal e escolher o mal agindo
dolosamente.
MANCIPAÇÃO
Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos
da vida civil. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I – pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de
homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o
menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.
1. EMANCIPAÇÃO VOLUNTÁRIA
1.1. CONCEITO
É aquela concedida por ato dos pais (ou por um deles na falta do outro), mediante instrumento público,
independentemente da homologação do juiz, em caráter irrevogável, e desde que o menor tenha pelo
menos 16 anos completos.
Guarda exclusiva de algum dos pais: ainda que a guarda seja atribuída exclusivamente a um dos pais, em
havendo o outro, o Poder Familiar somente será destituído por vontade de ambos. Guarda é distinta de
Poder Familiar, e a emancipação extingue exatamente este segundo.
Emancipação de má-fé: observa Sílvio Venosa, com base na Jurisprudência do próprio STF (RTJ 62/108, RT
494/92) que a responsabilidade civil dos pais, na emancipação voluntária, persiste até que o menor
complete 18 anos de idade.
Consentimento do menor: desnecessário seu consentimento, vez que o ato é potestativo dos pais.
Sempre aconselhável, entretanto, que ele seja comunicado e participe do ato.
2. EMANCIPAÇÃO JUDICIAL
2.1. CONCEITO
É aquela concedida por ato do juiz em face de menores sob tutela, ouvido o tutor, desde que o menor
tenha, pelo menos, 16 anos completos.
Papel do tutor: o tutor somente é ouvido. Tutor não emancipa ninguém. Competente para tanto é o juiz.
3. EMANCIPAÇÃO LEGAL
O Código Civil enumera um rol de atos da vida civil que em realizados pelo menor têm a força de
emancipá-lo.
3.1.4. Estabelecimento civil, comercial ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função de
qualquer deles, o menor, com 16 anos completos, tenha economia própria.
Requisitos obrigatórios: (a) 16 anos completos e (b) economia própria
Requisitos alternativos: (a) estabelecimento civil, (b) estabelecimento comercial, (c) existência de relação
de emprego.
“Estabelecimento civil”: exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística (ex:
professor de música em domicílio)
“Economia própria”: Podemos afirmar que o moderno direito civil adotou um sistema aberto de normas,
permeado por conceitos indeterminados e cláusulas gerais, os quais, à luz do princípio da operabilidade
(ver referência a texto de Miguel Reale no material de apoio), que deverão ser preenchidos pelo juiz à luz
do caso concreto.
Capacidade para emprego: 16 anos (14 a 16 somente aprendiz)
Para dirigir é necessário que o condutor seja penalmente imputável (art. 140, I, CTB), razão pela qual o
menor emancipado não pode ter Carteira Nacional de Habilitação.
2. MORTE PRESUMIDA
Existem na lei ainda hipóteses de morte presumida: [a] por ausência, quando aberta a sucessão definitiva
(art. 22 e segs. CC) ou [b] sem decretação de ausência, nas situações do art. 7º do CC. (para quem estava
em perigo de vida ou desaparecido em campanha ou prisioneiro, não encontrado até dois anos após o
término da guerra).
Volta do morto
O presumido morto deverá ingressar com ação de anulação da averbação em registro público de sua morte.
3. COMORIÊNCIA
Art. 8o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes
precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.
Traduz a situação em que duas ou mais pessoas falecem na mesma ocasião sem que se possa indicar a
ordem cronológica dos óbitos, razão pela qual, segundo o nosso sistema abrem-se cadeias sucessórias
autônomas e distintas. Em outras palavras, em caso de comoriência, um comoriente nada transmite para
o outro. (TJ/RS AI 598569952)
“Mesma ocasião”: 99% das vezes os comorientes estão na mesma localidade, porém não é necessário.
Premoriência: não é o mesmo que comoriência, que consiste na situação de pré-morte, com importantes
efeitos sucessórios.
Lembrete: fora o casamento, os atos de registro são da parte geral do CC; já os atos de averbação são
todos da parte especial.
Lembrete3: averbar é modificar.
USÊNCIA
Conceito: a ausência é um estado de fato em que uma pessoa desaparece de seu domicílio, sem deixar
qualquer notícia
1. FASES DA AUSÊNCIA
1.1. CURADORIA DOS BENS DO AUSENTE
Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou
procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério
Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador.
Nessa primeira fase da ausência, o juiz nomeará curador, que passará a gerir os negócios do ausente até
seu eventual retorno.
Quem será o curador? O CC estabelece uma regra sucessiva para a nomeação do curador: em regra será
o cônjuge, caso não estiver separado judicialmente ou de fato por mais de 2 anos; pais do ausente;
descendentes, preferindo os mais próximos aos mais remotos; qualquer pessoa a escolha do Magistrado
Além de requerer a anulação do registro, terá direito ainda sobre o patrimônio deixado.