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Profa.

Beatriz Barros Reinhardt Pereira


b.reinhardt@uni9.pro.br
Aula 4.

DA PESSOA NATURAL
INÍCIO DA PERSONALIDADE
Teorias do nascituro e início da personalidade da pessoa
natural.
Direito do nascituro
(Livro I – Das Pessoas. Título I – Das Pessoas Naturais - CC)
(Lei 11.804/08 – disciplina sobre alimentos gravídicos)
 Conceito da Pessoa Natural

 Início da personalidade natural:

• teoria natalista
• teoria da personalidade condicionada
• teoria concepcionista

 Individualização da pessoa natural: nome, estado,


esfera jurídica, domicílio.
"Nascituro" é o termo jurídico usado para descrever um ser humano que
ainda não nasceu, mas que já foi concebido no útero materno.
A discussão em torno da teoria do nascituro envolve questões como os direitos
legais que devem ser atribuídos ao feto, sua proteção legal, bem como questões
éticas e morais relacionadas ao aborto, adoção, herança e outros aspectos legais
que possam afetar o indivíduo antes mesmo de seu nascimento.
Essa teoria é frequentemente debatida em contextos legais, especialmente em
debates sobre legislação de aborto, responsabilidade civil e direitos sucessórios,
entre outros. As opiniões sobre a teoria do nascituro variam amplamente entre
diferentes sistemas legais, culturas e filosofias.
Pessoa x Personalidade

Art. 2º CC - “A personalidade civil da pessoa começa do


nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a
concepção, os direitos do nascituro.”

Pessoa Natural: É ser humano independentemente de


qualquer adjetivação. (Conceito: Biopsicológico)
O sistema biopsicológico é aquele que se baseia, para o fim de constatação da inimputabilidade,
em dois requisitos: um de natureza biológica, ligado à causa ou elemento provocador, e outro relacionado com o
efeito, ou a consequência psíquica provocada pela causa.
Pessoa – advém do latim persona.

Que foi emprestada á linguagem teatral na antiguidade


romana. Primitivamente, significava máscara.

Posto isto, o início da personalidade jurídica se dá conforme preceitua o


art. 2º CC, pelo nascimento com vida.
Assim temos:

•Nascimento: se dá com a separação do ventre da mãe.

•Vida: surge com a primeira respiração.

•Nascituro: direitos resguardados.

•Natimorto: não respirou (aborto espontâneo)

•Neomorto: respirou (primeiras semanas)


Nascituro x Natimorto

Nascituro: é o ser humano que está no ventre materno, ou seja, aquele


que irá nascer.
Natimorto: é o feto que morreu no útero da mãe ou durante o trabalho de
parto.
Dependendo da idade gestacional (20s), deverá ser feita a certidão de óbito fetal,
(médico é obrigado).
Passando o natimorto a titularizar os direitos de personalidade, como direito
a imagem e nome.
IMPORTANTE

a doutrina tradicional sustenta ter o direito positivo adotado, nessa


questão, a teoria natalista, que exige o nascimento com vida para ter
início a personalidade. Antes do nascimento não há personalidade.

Ressalvam-se, contudo, os direitos do nascituro, desde a concepção.


Nascendo com vida, a sua existência, no tocante aos seus interesses,
retroage ao momento de sua concepção.
Washington de Barros Monteiro filia-se à teoria da
personalidade condicional, como se pode ver: “Discute-se se o nascituro
é pessoa virtual, cidadão em germe, homem in spem. Seja qual for a
conceituação, há para o feto uma expectativa de vida humana, uma
pessoa em formação. A lei não pode ignorá-lo e por isso lhe salvaguarda
os eventuais direitos. Mas, para que estes se adquiram, preciso é que
ocorra o nascimento com vida.
PERSONALIDADE JURÍDICA

O conceito de personalidade está umbilicalmente ligado ao de pessoa.


Todo aquele que nasce com vida torna-se uma pessoa, ou seja, adquire
personalidade. Esta é, portanto, qualidade ou atributo do ser humano.
Pode ser definida como aptidão genérica para adquirir direitos e contrair
obrigações ou deveres na ordem civil.
É pressuposto para a inserção e atuação da pessoa na ordem jurídica.
A personalidade é, portanto, o conceito básico da ordem jurídica,
que a estende a todos os homens, consagrando-a na legislação civil e
nos direitos constitucionais de vida, liberdade e igualdade.
É qualidade jurídica que se revela como condição preliminar de
todos os direitos e deveres. Clóvis Beviláqua a define como “a aptidão,
reconhecida pela ordem jurídica a alguém, para exercer direitos e contrair
obrigações”.
Art. 1° CC
Personalidade e capacidade completam-se: de nada valeria a
personalidade sem a capacidade jurídica, que se ajusta assim ao conteúdo da
personalidade, na mesma e certa medida em que a utilização do direito integra a
ideia de ser alguém titular dele. Com este sentido genérico não há restrições à
capacidade, porque todo direito se materializa na efetivação ou está apto a
concretizar-se. A privação total de capacidade implicaria a frustração da
personalidade: se ao homem, como sujeito de direito, fosse negada a capacidade
genérica para adquiri-lo, a consequência seria o seu aniquilamento no mundo
jurídico. Só não há capacidade de aquisição de direitos onde falta personalidade,
como no caso do nascituro, por exemplo.
Sujeitos da Relação Jurídica
O sujeito da relação jurídica é sempre o ser humano.

A ordem jurídica reconhece duas espécies de pessoas:

Pessoa natural: o ser humano.


Pessoa jurídica: agrupamento de pessoas naturais, visando alcançar fins
de interesse comum.

Os animais não são considerados sujeitos de direitos, embora mereçam


proteção.
Sobre a situação jurídica do Nascituro

Como dito, a personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida, a lei põe
a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro (CC, art. 2º). Este é “o ser já
concebido, mas que ainda se encontra no ventre materno”, segundo a definição de
Silvio Rodrigues, que acrescenta: “A lei não lhe concede personalidade, a qual só lhe
será conferida se nascer com vida. Mas, como provavelmente nascerá com vida, o
ordenamento jurídico desde logo preserva seus interesses futuros, tomando medidas
para salvaguardar os direitos que, com muita probabilidade, em breve serão seus”.
Assim, o art. 130 do Código Civil permite ao titular de direito eventual, como o
nascituro, o exercício de alguns atos destinados a conservá-lo, como, por exemplo,
requerer, representado pela mãe, a suspensão do inventário, em caso de morte do
pai, estando a mulher grávida e não havendo outros descendentes, para se aguardar
o nascimento; ou, ainda, propor medidas acautelatórias, em caso de dilapidação por
terceiro dos bens que lhe foram doados ou deixados em testamento.
Deve-se distinguir a situação do nascituro da do indivíduo não concebido
(concepturo). Este, se nascer, poderá, somente na hipótese de pertencer à prole
eventual de pessoas designadas pelo testador e vivas ao abrir-se a sucessão (CC,
art. 1.799, I), adquirir um direito surgido anteriormente.*
Para pensar: Sobre o projeto de alteração no Novo CC

Dentre elas, as mais significativas propostas incluem:

•A definição de um feto como “potencialidade de vida humana pré-uterina ou uterina”,


introduzindo a ideia de que um bebê, antes de nascer, não teria vida humana.
• A previsão de que animais de estimação podem compor “o entorno sociofamiliar
da pessoa”, e que a relação afetiva entre humanos e animais “pode derivar
legitimidade para a tutela correspondente de interesses, bem como pretensão
reparatória por danos experimentados por aqueles que desfrutam de sua
companhia”. Isso elevaria o status jurídico da relação entre pessoas e animais,
abrindo espaço para o reconhecimento legal do que tem sido chamado de “família
multi-espécie”.

Fonte Jusbrasil
(https://www.jusbrasil.com.br/noticias/novo-codigo-civil-uma-revolucao-silenciosa-no-senado-
brasileiro/2211726227)
SOBRE CÉLULAS-TRONCO, é permitido? E o direito do nascituro?

ADI 3510
Órgão julgador: Tribunal Pleno
Relator(a): Min. AYRES BRITTO
Julgamento: 29/05/2008
Publicação: 28/05/2010
Ementa
CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI DE BIOSSEGURANÇA. IMPUGNAÇÃO EM BLOCO
DO ART. 5º DA LEI Nº 11.105, DE 24 DE MARÇO DE 2005 (LEI DE BIOSSEGURANÇA). PESQUISAS COM CÉLULAS-
TRONCO EMBRIONÁRIAS. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO DIREITO À VIDA. CONSITUCIONALIDADE DO USO DE
CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS EM PESQUISAS CIENTÍFICAS PARA FINS TERAPÊUTICOS. DESCARACTERIZAÇÃO
DO ABORTO. NORMAS CONSTITUCIONAIS CONFORMADORAS DO DIREITO FUNDAMENTAL A UMA VIDA DIGNA, QUE
PASSA PELO DIREITO À SAÚDE E AO PLANEJAMENTO FAMILIAR. DESCABIMENTO DE UTILIZAÇÃO DA TÉCNICA DE
INTERPRETAÇÃO CONFORME PARA ADITAR À LEI DE BIOSSEGURANÇA CONTROLES DESNECESSÁRIOS QUE
IMPLICAM RESTRIÇÕES ÀS PESQUISAS E TERAPIAS POR ELA VISADAS. IMPROCEDÊNCIA TOTAL DA AÇÃO. I - O
CONHECIMENTO CIENTÍFICO, A CONCEITUAÇÃO JURÍDICA DE CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS E SEUS
REFLEXOS NO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DA LEI DE BIOSSEGURANÇA.
E, por último temos a individualização da pessoa natural:

refere-se ao reconhecimento e distinção jurídica de cada pessoa


como um ser único e independente perante a lei.
Em termos simples, é o reconhecimento da identidade única de cada indivíduo
perante a sociedade e o sistema legal.
Esse conceito é fundamental em diversos campos do direito, como DC, DP e DH.
Envolve aspectos como o nome, estado civil, nacionalidade, identidade biológica,
capacidade jurídica, entre outros.
A individualização da pessoa natural é importante para garantir seus
direitos e responsabilidades legais, bem como para garantir a igualdade
perante a lei e o respeito à dignidade humana.

O nome (prenome + sobrenome), também conhecido por


nome completo ou nome de família, é a expressão utilizada para designar
uma pessoa natural, ou seja, trata-se de elemento de individualização da
pessoa.
 Nomes idênticos dentro do seio familiar são proibidos.

Lei de Registros Públicos dita em seu art.63 (6.015/73)

Art. 63. No caso de gêmeos, será declarada no assento especial de cada um a


ordem de nascimento. Os gêmeos que tiverem o prenome igual deverão ser inscritos
com duplo prenome ou nome completo diverso, de modo que possam distinguir-se.
(Renumerado do art. 64, pela Lei nº 6.216, de 1975).

Parágrafo único. Também serão obrigados a duplo prenome, ou a nome completo


diverso, os irmãos a que se pretender dar o mesmo prenome.
Outrossim, aplica-se o agnome (júnior, filho, neto, sobrinho, etc.) quando o nome do
registrando for igual ao nome de um de seus familiares.

vale destacar que a lei confere o direito da pessoa alterar seu nome, por ser direito
personalíssimo, no primeiro ano da maioridade (art. 56, LRP) ou ainda quando o
nome expô-lo ao ridículo.

Domicílio – art. 70CC


Estado político – Cuja, cidadania quer dizer o conjunto de direitos no âmbito
individual, político, social, econômico e cultural assegurado ao cidadão pelo Estado
por meio da prestação de serviços deste que satisfaça as necessidades básicas
daquele.

Ex: se uma pessoa nasce e não é registrada, é como se a pessoa não existisse aos
olhos do Estado. Nesse sentido, esse indivíduo não terá acesso à educação, à saúde,
não poderá trabalhar formalmente (com carteira assinada), não poderá se casar, não
poderá votar ou ser votado, enfim, não exercitará a cidadania, pois não é cidadão,
uma vez que o elo estabelecido entre o cidadão e o Estado se dá com o seu registro
de nascimento e a emissão de sua certidão de nascimento.
Naturalidade
A naturalidade quer dizer a cidade origem que se deu o nascimento daquela pessoa.

Nacionalidade
Nacionalidade quer dizer o país origem que se deu o nascimento daquela pessoa.
(art. 12 CF)

Individual – Idade - A idade é o elemento pelo qual se afere se uma pessoa é


criança, adolescente, adulta ou idosa (art. 2º do ECA; art. Art. 5º CC, art. 1º do
Estatuto do Idoso).
Sexo

O sexo é o elemento que determina se uma pessoa é homem ou mulher.


Essa distinção é importante na medida em que há diferenciados tratamentos para
cada gênero de modo a efetivar o princípio da igualdade da Constituição Federal (art.
5º) que dispõe tratamento desigual aos desiguais e tratamento igualitário aos iguais.
É o caso, por exemplo, da aposentadoria, onde as mulheres se aposentam com
menos idade do que os homens.
Capacidade civil

A capacidade civil é o elemento que determina se uma pessoa é capaz ou incapaz


para a pratica dos atos da vida civil.

Familiar – Parentesco

A legislação brasileira estabelece três tipos de parentescos: 1) parentes em linha


reta; 2) parentes em linha colateral e; 3) parentes por afinidade.
** A importância de identificar a relação de parentesco deflui do fato de que
determinados atos jurídicos não podem ser praticados entre parentes e outros atos
jurídicos devem ser praticados. Por exemplo, no instituto da adoção, é vedado a
adoção dos ascendentes e irmãos do adotando (art. 42, § 1º, ECA). Já no caso de
gestação por substituição (técnica de reprodução assistida) os doadores temporários
do útero devem pertencer à família de um dos parceiros num parentesco
consanguíneo até quarto grau (resolução 2013/2013 do Conselho Federal de Medicina), etc.

Situação conjugal
A situação conjugal quer dizer se a pessoa é solteira, casada, divorciada ou viúva.
https://ava.uninove.br/seu/AVA/bibl ioteca/biblioteca.php
GONÇALVES, C. R. Direito civil brasileiro 1: parte geral. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.

MEDINA, José Miguel Garcia. Código Civil Comentado. 5ª. Ed. São Paulo: RT, 2022.

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