Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
AULA 01
DAS PESSOAS NATURAIS
INÍCIO DA PERSONALIDADE
Há muita polêmica doutrinária envolvendo o início da personalidade civil.
São três as principais teorias sobre o tema:
a) Teoria Concepcionista: a personalidade tem início com a concepção;
ou seja, com a própria gravidez (momento em que o óvulo fecundado pelo
espermatozoide se junta à parede do útero).
b) Teoria Natalista: a personalidade se inicia a partir do nascimento da
criança com vida.
c) Teoria da Viabilidade: pressupõe a possibilidade de sobrevivência da
criança. Países que adotam esta teoria entendem que se uma criança nasceu
com uma doença que a levará a morte em poucos dias, não haverá a aquisição
da personalidade.
No Brasil a doutrina se manifesta de forma divergente, pois, se por um
lado a lei estabelece que a personalidade civil tem início com o nascimento
Curiosidade
Vejamos o que diz o art. 29 completo da Resolução n° 01/88 do CNS:
Art. 29 Além dos requisitos éticos genéricos para pesquisa em seres humanos, as
pesquisas em indivíduos abrangidos por este capítulo conforme as definições que se
seguem, devem obedecer as normas contidas no mesmo.
1. Mulheres em idade fértil: do início da puberdade ao inicio da menopausa;
2. Gravidez: período compreendido desde a fecundação do óvulo até a expulsão ou
extração do feto e seus anexos;
3. Embrião: produto da concepção desde a fecundação do óvulo até o final da 12a
semana de gestação;
4. Feto: produto da concepção desde o início da 13a semana de gestação até a
expulsão ou extração;
5. Óbito fetal: morte do feto no útero;
6. Nascimento vivo: é a expulsão ou extração completa do produto da concepção
quando, após a separação, respire e tenha batimentos cardíacos, tendo sido ou não
cortado o cordão, esteja ou não desprendida a placenta;
7. Nascimento morto: é a expulsão ou extração completa do produto da concepção
quando, após a separação, não respire nem tenha batimentos cardíacos, tendo sido
ou não cortado o cordão, esteja ou não desprendida a placenta;
8. Trabalho de parto: período compreendido entre o início das contrações e a
expulsão ou extração do feto e seus anexos;
9. Puerpério: período que se inicia com a expulsão ou extração do feto e seus
anexos até ocorrer a involução das alterações gestacionais (aproximadamente 42
dias);
10. Lactação: fenômeno fisiológico da ocorrência de secreção láctea a partir da
extração do feto e de seus anexos.
NASCITURO
O termo nascituro significa “aquele que há de nascer”. É o ente que já
foi gerado ou concebido, mas ainda não nasceu, embora tenha vida
intrauterina e natureza humana. Tecnicamente (teoria natalista), ele não tem
personalidade, pois ainda não é pessoa sob o ponto de vista jurídico. Mas
apesar de não ter personalidade jurídica, a lei põe a salvo os direitos do
nascituro desde a concepção. Trata-se da segunda parte do art. 2°, CC. Na
realidade o nascituro tem uma expectativa de direito. Ex.: o nascituro tem o
direito de nascer e de viver (o aborto é considerado como crime: arts. 124 a
127 do Código Penal, salvo raríssimas exceções previstas em lei).
Situações
1) Se Z (filho de X - descendente) nascer morto, o apartamento irá para
A e B, que são os pais (ascendentes) de X (observe o quadro da ordem de
vocação hereditária). Neste caso Y (que é o cônjuge sobrevivente) também
terá direitos sucessórios, pois atualmente é considerado herdeiro necessário e
concorre com os ascendentes do falecido.
2) Se Z (descendente) nascer vivo, herdará o imóvel, em concorrência
com sua a mãe Y, pois como vimos atualmente o cônjuge é considerado
herdeiro necessário e também concorre na herança com os descendentes do
falecido. Observem que neste caso os pais de X nada herdarão.
3) Se Z nascer vivo e logo depois morrer, os bens irão todos para sua
mãe. Isto porque inicialmente Z herdará parte dos bens de seu pai; no
instante em que nasceu vivo, ele foi um ‘sujeito de direito’. Morrendo a seguir,
Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 6
DIREITO CIVIL: AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL
PROFESSOR LAURO ESCOBAR
transmite tudo o que recebeu a seus herdeiros. Como não tinha descendentes
e nem cônjuge (até porque era recém-nascido) e seu pai já havia falecido, seu
único herdeiro será o ascendente remanescente, ou seja, sua mãe. Neste caso
A e B nada herdarão.
É necessário dizer ainda, que todo nascimento deve ser registrado,
mesmo que a criança tenha nascido morta ou morrido durante o parto. Se for
natimorta, o assento será feito no “Livro C Auxiliar". Neste livro irá constar
apenas: “o natimorto de Dona Fulana...”. Ou seja, pela nossa lei não se dá
nome ao natimorto. No entanto, parte da doutrina entende que o “natimorto
tem humanidade” e por isso teria direito a um nome. Sobre o tema, temos o
Enunciado 01 da I Jornada de Direito Civil do STJ: “A proteção que o Código
confere ao nascituro alcança o natimorto, no que concerne aos direito da
personalidade, tais como o nome, imagem e sepultura”.
Por outro lado, é inquestionável que se a criança nasceu viva e logo
depois morreu (chegou a respirar), serão feitos dois registros: o do
nascimento (constando o nome da criança, pois naqueles poucos segundos a
criança teve personalidade) e logo depois o de óbito.
Observações
01) Durante nosso curso, às vezes, vamos mencionar a expressão
“Jornadas do STJ”. Na realidade estas “jornadas” foram encontros de
pessoas ligadas ao Direito Civil, promovidas pelo Centro de Estudos Judiciários
do Conselho da Justiça Federal, sob os auspícios do Superior Tribunal de
Justiça em que foram aprovados alguns enunciados, que têm sido acolhidos
pelo mundo jurídico. Quando nos referirmos a elas, vamos mencionar que
jornada foi essa e o número do enunciado (como fizemos acima).
02) Segundo a doutrina, nascituro é uma expressão mais ampla do que
feto, pois este seria o nascituro somente depois que adquiriu a forma
humana.
03) É importante salientar que a expressão natimorto não é considerada
juridicamente técnica. O vocábulo é composto pelas palavras latinas natus
(nascido) e mortus (morto), não tendo previsão no Código Civil. Possui um
duplo sentido. Os dicionários jurídicos conceituam o natimorto como sendo
"aquele que nasceu sem vida (morreu dentro do útero) OU aquele que veio à
luz, com sinais de vida, mas, logo morreu (morreu durante o parto)". Portanto,
qualquer uma dessas situações está correta para conceituar natimorto.
OBSERVAÇÕES
01) Recomendamos o aluno uma atenção especial comparativa entre os
arts. 12 e 20, CC. Observem que o art. 12 é mais genérico (direitos da
personalidade em geral) e o art. 20 é específico em relação ao direito de
imagem, sendo que neste os colaterais foram excluídos. Além disso, embora o
B) ESTADO
O estado é definido como sendo o modo particular de existir, ou seja, a
soma de qualificações de uma pessoa na sociedade. Apresenta três aspectos:
Individual (ou físico) refere-se às características pessoais: idade,
sexo, saúde mental e física, altura, peso, etc.
Familiar indica a situação que a pessoa ocupa na família: a) quanto
ao matrimônio (solteiro, casado, viúvo, divorciado); b) quanto ao
parentesco consanguíneo (pai, mãe, filho, avô, irmão, primo, tio, etc.);
c) quanto à afinidade (sogro, sogra, genro, nora, cunhado, etc.).
Político identifica a pessoa a partir do local em que nasceu ou de
sua condição política dentro de um País: nacional (nato ou
naturalizado), estrangeiro, apátrida. Obs.: já vi cair em concurso a
expressão heimatlos (de origem alemã), que significa apátrida.
C) DOMICÍLIO
O conceito de domicílio (domus, em latim, significa casa) surge da
necessidade legal que se tem de fixar as pessoas em determinado ponto do
território nacional, onde possam ser encontradas para responder por suas
obrigações. Exemplo: vou ingressar com uma ação judicial! Onde essa ação
será proposta? Resposta: em regra no domicílio do réu. E se uma pessoa
morre, onde deve ser proposta a ação de inventário? Resposta: no último
domicílio do “de cujus” (falecido). E assim por diante... O conceito de domicílio
está sempre presente em nosso dia-a-dia, mesmo que não percebamos.
Inicialmente, devemos fazer a seguinte distinção:
a) Moradia ou habitação: é o local onde a pessoa se estabelece
provisoriamente, sem ânimo de permanecer; é uma relação bem frágil entre
uma pessoa e o local onde ela está (ex: alugar uma casa de praia por um mês,
aluno que ganha uma bolsa de estudos por três meses na França, etc.).
b) Residência: é o lugar em que o indivíduo se estabelece
habitualmente, com a intenção de permanecer, mesmo que dele se ausente
temporariamente; trata-se de uma situação de fato.
c) Domicílio: é a sede da pessoa, tanto física como jurídica, onde se
presume a sua presença para efeitos de direito e onde exerce ou pratica,
habitualmente, seus atos e negócios jurídicos. É o lugar onde a pessoa
estabelece sua residência com ânimo definitivo de permanecer (art. 70,
CC), convertendo-o, em regra, em centro principal de seus negócios jurídicos
ou de sua atividade pessoal; trata-se de um conceito jurídico. Por isso está
previsto em diversos dispositivos esparsos em nossa legislação. Vejamos
alguns:
art. 7°, LINDB: A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as
regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e
os direitos de família.
art. 327, CC: o pagamento, de uma forma geral, deve ser feito no
domicílio do devedor (se o contrário não estiver previsto no contrato).
art. 1.785, CC: a sucessão abre-se no lugar do último domicílio do
falecido.
Outras Regras
A) Uma pessoa pode residir em mais de um local, tomando apenas
um como sendo o centro principal de seus negócios; este local então será o
seu domicílio. Mas se a pessoa tiver várias residências, onde alternadamente
viva, sem que se possa considerar uma delas como sendo o seu centro
principal, o domicílio pode ser qualquer delas → o Brasil adotou o sistema da
pluralidade domiciliar (art. 71, CC).
B) Pode ocorrer que uma pessoa não tenha uma residência habitual; ela
não tem um ponto central de negócios. O exemplo clássico é o dos circenses e
ciganos que a cada momento estão em uma localidade diferente (a doutrina os
chama de adômidas). O domicílio destas pessoas então será o lugar onde elas
forem encontradas (art. 73, CC). É o chamado domicílio aparente ou
ocasional. Trata-se de uma ficção jurídica, uma hipótese de aplicação da
Teoria da Aparência, pois todo sujeito necessita de um local para ser
encontrado e ter um domicílio.
C) Domicílio profissional: o art. 72, CC considera como domicílio apenas
para efeitos profissionais o lugar onde a atividade é desenvolvida: “É também
domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o
lugar onde esta é exercida. Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão
em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que
lhe corresponderem”.
D) Mudança de domicílio: muda-se o domicílio, transferindo a residência,
com a intenção manifesta de o mudar (art. 74, CC).
Espécies de Domicílio
1) Domicílio Voluntário escolhido livremente pela própria vontade do
indivíduo e por ele pode ser modificado (geral: art. 70, CC) ou estabelecido
conforme interesses das partes em um contrato (especial: art. 78, CC).
Domicílio Necessário
Resumindo
a) Ausência (curadoria dos bens do ausente): 01 ou 03 anos,
dependendo da hipótese (com ou sem representante), arrecadando-se os
bens que serão administrados por um curador.
b) Sucessão Provisória: é feita a partilha de forma provisória,
aguardando-se 10 anos.
c) Sucessão Definitiva: na abertura já se concede a propriedade plena e
se declara a morte (presumida) do ausente. Seu cônjuge é reputado
A hipótese do art. 7°, CC, é bem mais fácil, pois permite a declaração
da morte presumida sem decretação de ausência. Isto é assim para
melhor viabilizar o registro do óbito, resolver problemas jurídicos e regular a
sucessão causa mortis. Vejamos as duas situações excepcionais:
For extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida.
Pessoa desapareceu em campanha ou feito prisioneiro e não foi
encontrado até dois anos após o término da guerra.
A declaração de ausência nestes casos somente poderá ser requerida
depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar
a data provável do falecimento. Com a declaração de ausência nas hipóteses
previstas, abre-se a sucessão definitiva. O patrimônio do “morto presumido” se
transforma em herança, sendo que os herdeiros já podem ter a posse dos
bens.
COMORIÊNCIA
Comoriência é o instituto pelo qual se considera que duas ou mais
pessoas morreram simultaneamente, sempre que não se puder averiguar qual
delas pré-morreu, ou seja, quem morreu em primeiro lugar. Art. 8°, CC: “Se
dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo
averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão
simultaneamente mortos”. Ex.: um avião caiu e todos os passageiros
faleceram no acidente; nesse caso vamos presumir que todos eles morreram
no mesmo momento. Comoriência também é chamada de morte simultânea.
Trata-se de uma presunção relativa (juris tantum), ou seja, que admite
prova em contrário.
Aplica-se o instituto da morte simultânea sempre que houver uma
relação de sucessão hereditária entre os mortos. Se não houver esta
relação também não haverá qualquer interesse jurídico na questão. A
consequência prática é que se os comorientes forem herdeiros uns dos
outros, não haverá transferência de bens e direitos entre eles; um não
sucederá o outro. Abrem-se cadeias sucessórias distintas e autônomas.
CAPACIDADE CIVIL
CAPACIDADE DE FATO
Capacidade é a regra; incapacidade é a exceção. Ou seja, toda
pessoa tem a capacidade de direito (basta estar vivo). E há uma presunção
(relativa) da capacidade de fato, sendo que como a incapacidade é a
exceção, deve ser comprovada. A incapacidade não restringe a personalidade
ou a capacidade de direito; ela apenas limita o exercício pessoal e direto
dos direitos. Sendo uma ressalva ao exercício dos atos da vida civil, a
incapacidade deve ser encarada e interpretada restritivamente, sendo
admitida apenas nas hipóteses previstas expressa e taxativamente na lei
(matéria de ordem pública).
TUTELA E CURATELA
A tutela é um instituto de caráter assistencial que tem por finalidade
substituir o poder familiar. Protege o menor (impúbere ou púbere) não
emancipado e seus bens, se seus pais falecerem ou forem suspensos ou
destituídos do poder familiar, dando-lhes representação ou assistência no
plano jurídico. Pode ser oriunda de provimento voluntário, de forma
testamentária, ou em decorrência da lei. Observem que o tutor pode
representar o incapaz (se este for menor de 16 anos) ou assisti-lo (se ele for
maior de 16, porém menor de 18 anos). O tutor pode realizar quase todos os
atos em nome do menor (não poderá emancipá-lo, pois isso depende de
sentença judicial). Observem que poder familiar e tutela são institutos que se
excluem. Somente se o menor não tiver pais é que será nomeado o tutor.
Já a curatela é um encargo público (também chamado de munus)
previsto em lei e que é dado para pessoas maiores, mas que não estão em
condições de realizar os atos da vida civil pessoalmente, geralmente em razão
de alguma enfermidade, deficiência mental ou prodigalidade. O curador além
de administrar os bens do incapaz, deve, também, reger e defender a pessoa.
Decorre de nomeação pelo Juiz em decisão prolatada em processo de
interdição.
Segundo o art. 1.634, V, CC, compete aos pais, quanto à pessoa dos
filhos menores representá-los, até aos dezesseis anos, nos atos da vida civil, e
assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o
consentimento. Segundo o art. 1.747, I, CC, compete ao tutor representar o
menor, até os dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-lo, após essa
idade, nos atos em que for parte. O curador também pode representar ou
assistir o curatelado, dependendo se ele é absoluta (ex.: deficiência mental) ou
relativamente incapaz (pródigo).
Resumindo
• Tutela: amparo a menores órfãos ou com pais suspensos ou
destituídos do poder familiar.
• Curatela: amparo a maiores sem condições de praticar atos da
vida civil.
C) CAPACIDADE PLENA
Cessa a incapacidade ao desaparecerem as causas que a determinaram.
Assim, nos casos de loucura, toxicomania, etc., cessando a enfermidade que a
determinou, pode-se levantar a interdição, cessando a incapacidade. Em
relação à menoridade, a incapacidade cessa no exato dia em que a pessoa
completa 18 anos (art. 5°, caput, CC). Neste momento, desde que possua
capacidade mental para tanto, o indivíduo passará a gerir sozinho todos os
atos da sua vida civil, bem como, poderá ser responsabilizado civilmente pelos
danos causados a terceiros. Finalmente o menor também pode adquirir a
capacidade civil plena pela emancipação, que veremos a seguir.
EMANCIPAÇÃO
Atenção
01) Em casos raros a emancipação pode ser anulada (ex.: foi baseada
em documentos falsos). Nestes casos, lembrem-se que anular (cancelar ato
inválido) é diferente de revogar (cancelar um ato válido).
02) Emancipar não significa “tornar-se maior”; a emancipação não é
causa de maioridade. Na realidade ela é causa de cessação de
incapacidade ou de antecipação da capacidade de fato (ou de exercício). Por
isso é que se justifica o fato de uma pessoa poder vender sua casa (tem
capacidade para tanto) e não pode tirar carteira de habilitação (o art. 140 do
Código de Trânsito Brasileiro exige que para a condução de veículos
automotores o condutor seja penalmente imputável). O menor, embora
emancipado, continua sendo menor, principalmente para fins penais,
permanecendo como inimputável. Portanto a emancipação não antecipa a
imputabilidade penal (que só ocorre aos 18 anos). No entanto o menor
emancipado pode ser preso civilmente (inadimplemento de pensão
alimentícia).
03) Reforçando: menoridade e incapacidade são conceitos
diferentes. Menoridade é o status da pessoa natural que não conta 18 anos
de vida. Portanto, ser maior ou menor decorre da idade. Já incapacidade é a
restrição legal ao exercício dos atos da vida civil. Geralmente o menor é
incapaz. Mas pode ocorrer que um menor seja emancipado (é um menor
capaz).
Observações
Como este tipo de emancipação é um ato próprio dos pais, desnecessária
a aquiescência do menor para o ato.
O fato de um dos pais deter a guarda judicial do filho não dispensa a
autorização do outro para a emancipação, pois este ainda mantém o
poder familiar sobre o filho, sendo necessário o ato conjunto.
A doutrina e a jurisprudência apontam no sentido de que, para evitar
situações de injustiça, a emancipação voluntária não exclui a
responsabilidade civil dos pais por ilícito cometido pelo menor emancipado
até que ele complete dezoito anos.
Reforço que a emancipação não autoriza que o menor de 18 anos possa
dirigir ou frequentar lugares para maiores de 18 anos.
Observações
O divórcio, a viuvez e mesmo a anulação do casamento não implicam no
retorno à incapacidade. O casamento nulo pode fazer com que se
retorne à situação de incapaz. Mas ainda assim, se o casamento for
contraído de boa-fé o ato produzirá efeitos de um casamento válido e a
pessoa será considerada emancipada.
somente em casos excepcionais admite-se o casamento de quem ainda
não alcançou a idade núbil (16 anos). Ex.: gravidez. Digamos que uma
REGISTRO e AVERBAÇÃO
O último tópico desta aula diz respeito ao registro. Ele é o meio técnico
de prova legal do estado da pessoa (registro das pessoas) ou da situação dos
bens (registro imobiliário). O registro civil é a instituição que tem por objetivo
imediato a publicidade dos fatos de interesse das pessoas e da sociedade. Sua
função é dar autenticidade, segurança e eficácia aos fatos jurídicos de maior
relevância para a vida e aos sujeitos de direito. Serve para preservar eventual
direito de terceiros; para que estes saibam com quem estão se relacionando
(se a pessoa é solteira ou casada; incapaz e interditada ou plenamente capaz,
etc.). Na realidade, o registro das pessoas naturais é um resumo de toda
nossa vida, espelhando os fatos jurídicos relativos à vida em sua dinâmica.
RESUMO DA AULA
PESSOA. Todo ente físico ou jurídico suscetível de direitos e obrigações. No Brasil
temos duas espécies: naturais e jurídicas. Ambas possuem aptidão para adquirir
direitos e contrair obrigações (sujeito de direitos).
BIBLIOGRAFIA-BASE
Para a elaboração desta aula foram consultadas as seguintes obras:
DINIZ, Maria Helena – Curso de Direito Civil Brasileiro. Ed. Saraiva. DIN-
IZ, Maria Helena – Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro
Interpretada. Ed. Saraiva.
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA, Rodolfo Filho – Novo Curso de Direito
Civil. Ed Saraiva.
GOMES, Orlando – Direito Civil. Ed Forense.
GONÇALVES, Carlos Roberto – Direito Civil Brasileiro. Ed. Saraiva. MON-
TEIRO, Washington de Barros – Curso de Direito Civil. Ed. Saraiva. NERY,
Nelson Jr. e Rosa Maria de Andrade – Código Civil Comentado. Ed.
Revista dos Tribunais.
PEREIRA, Caio Mário da Silva – Instituições de Direito Civil. Ed. Forense.
RODRIGUES, Silvio – Direito Civil. Ed. Saraiva.
SERPA LOPES, Miguel Maria de – Curso de Direito Civil. Ed. Freitas Bastos.
SILVA, De Plácido e – Vocabulário Jurídico. Ed. Forense.
VENOSA, Silvio de Salvo – Direito Civil. Ed Atlas.
A) PERSONALIDADE
A.01) (FCC – TRT/23ª Região/MT – Analista Judiciário – 2011) De
acordo com o Código Civil, os direitos inerentes à dignidade da pessoa
humana são:
a) absolutos, intransmissíveis, irrenunciáveis, ilimitados e imprescritíveis.
b) relativos, transmissíveis, renunciáveis, limitados.
c) absolutos, transmissíveis, imprescritíveis, ilimitados, renunciáveis,
impenhoráveis.
d) inatos, absolutos, intransmissíveis, renunciáveis em determinadas
situações, limitados e imprescritíveis.
e) absolutos, intransmissíveis, irrenunciáveis, ilimitados e penhoráveis.
COMENTÁRIOS. Nascendo uma pessoa com vida adquire ela a personalidade,
que é a aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações. Desta forma uma
pessoa, embora recém nascida, pode receber uma herança, uma doação, etc.
Adquirindo a personalidade, o ser humano adquire o direito de defender o que
lhe é próprio, como sua integridade física (vida, liberdade, identidade,
alimentos, etc.), intelectual (liberdade de pensamento, autoria científica,
artística e intelectual), moral (honra, segredo pessoal ou profissional,
privacidade, imagem, opção religiosa, sexual, etc.). Lembrem-se: a
dignidade é um direito fundamental, previsto em nossa Constituição,
que também prevê que são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e
B) CAPACIDADE
B.01) São consideradas absolutamente incapazes pela atual legislação
civil:
I. Os menores de 16 anos.
II. Os maiores de 80 anos.
III. Os silvícolas.
IV. Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiveram o
necessário discernimento para a prática desses atos.
V. Os que, por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
B.04) Uma pessoa com dezenove anos de idade, que sempre trabalhou
na roça, sendo que por esse motivo não teve o seu registro de
nascimento realizado:
a) por não ter sido registrada ainda, não existe juridicamente como pessoa
natural.
b) é pessoa plenamente capaz.
c) é pessoa relativamente incapaz.
d) é pessoa absolutamente incapaz.
e) não será considerada pessoa, nem mesmo se for registrada, pois não há
registro retroativo.
COMENTÁRIOS. O início da personalidade civil da pessoa natural ou física se
dá com o nascimento com vida (art. 2°, CC). E não com o efetivo registro do
nascimento. Para a pessoa física o registro é um ato declaratório, isto é, a
certidão de nascimento somente vai declarar uma situação que já ocorreu (o
próprio nascimento). Veremos na aula sobre pessoas jurídicas que o registro
delas é um ato constitutivo, ou seja, é o registro da pessoa jurídica que faz
com que ela “nasça”. No teste em análise, a pessoa tem 19 anos e não há
nada que limite a sua capacidade. Portanto ela é absolutamente capaz. No
entanto, apesar disso, na prática terá muitos problemas pela falta de registro
(ou certidão de nascimento). Gabarito: “B”.
C) DOMICÍLIO
C.01) (FCC – TRT/16a Região/MA – Analista Judiciário – 2009) Pessoa
que seja possuidora de duas residências regulares. O seu domicílio
poderá ser:
a) a localidade em que por último passou a residir.
b) o local de sua propriedade em que começou a residir em primeiro lugar.
c) qualquer das residências.
d) o local onde estiver residindo há mais tempo.
e) somente se o imóvel for de sua propriedade.
COMENTÁRIOS. Qualquer das residências, nos termos do art. 71, CC.
Gabarito: “C”.
D) EMANCIPAÇÃO
D.01) (ISAE – Procurador da Assembleia Legislativa do Estado do
Amazonas – 2012) Osdro, com dezesseis anos de idade, dirige-se ao Banco
OG S/A, com o intuito de efetuar contrato de conta-corrente, vez que pretende
estabelecer-se como empresário no ramo de vestuário. É surpreendido com a
informação do gerente do Banco de que somente poderia realizar o ato, caso
comparecessem ao local seus pais ou, na ausência deles, os seus
representantes legais. Aduziu Osdro ser órfão de pai e mãe, estando sob a
guarda de sua tia Elena, sua tutora. Diante de tal enunciado, analise as
afirmativas a seguir.
I. Pessoas com dezesseis anos de idade podem praticar atos bancários sem
a representação ou assistência dos seus representantes legais.
II. Havendo guarda judicial, o tutor deve assistir a pessoa protegida, em
atos negociais.
III. Caso fosse realizado o contrato de abertura de conta-corrente, haveria
emancipação do menor.
IV. Somente após caracterizados os atos como empresário é que ocorreria
a emancipação.
V. Aos menores são permitidos alguns atos civis autonomamente, como
aquisição de bens de pequeno valor.
Assinale:
a) se somente a afirmativa I for verdadeira.
b) se somente as afirmativas III e IV forem verdadeiras.
A) PERSONALIDADE
A.01) (FCC – TRT/23ª Região/MT – Analista Judiciário – 2011) De
acordo com o Código Civil, os direitos inerentes à dignidade da pessoa
humana são:
a) absolutos, intransmissíveis, irrenunciáveis, ilimitados e imprescritíveis.
b) relativos, transmissíveis, renunciáveis, limitados.
c) absolutos, transmissíveis, imprescritíveis, ilimitados, renunciáveis,
impenhoráveis.
d) inatos, absolutos, intransmissíveis, renunciáveis em determinadas
situações, limitados e imprescritíveis.
e) absolutos, intransmissíveis, irrenunciáveis, ilimitados e penhoráveis.
B) CAPACIDADE
B.01) São consideradas absolutamente incapazes pela atual legislação
civil:
I. Os menores de 16 anos.
II. Os maiores de 80 anos.
III. Os silvícolas.
IV. Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiveram o
necessário discernimento para a prática desses atos.
V. Os que, por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
ASSINALE:
a) os itens I, II e IV são considerados corretos.
b) somente o item I está correto.
c) os itens I, IV e V estão corretos.
d) somente o item V está incorreto.
e) todas as alternativas estão corretas.
B.04) Uma pessoa com dezenove anos de idade, que sempre trabalhou
na roça, sendo que por esse motivo não teve o seu registro de
nascimento realizado:
a) por não ter sido registrada ainda, não existe juridicamente como pessoa
natural.
b) é pessoa plenamente capaz.
c) é pessoa relativamente incapaz.
d) é pessoa absolutamente incapaz.
e) não será considerada pessoa, nem mesmo se for registrada, pois não há
registro retroativo.
C) DOMICÍLIO
a
C.01) (FCC – TRT/16 Região/MA – Analista Judiciário – 2009) Pessoa
que seja possuidora de duas residências regulares. O seu domicílio
poderá ser:
a) a localidade em que por último passou a residir.
b) o local de sua propriedade em que começou a residir em primeiro lugar.
c) qualquer das residências.
d) o local onde estiver residindo há mais tempo.
e) somente se o imóvel for de sua propriedade.
D) EMANCIPAÇÃO
D.01) (ISAE – Procurador da Assembleia Legislativa do Estado do
Amazonas – 2012) Osdro, com dezesseis anos de idade, dirige-se ao Banco
OG S/A, com o intuito de efetuar contrato de conta-corrente, vez que pretende
estabelecer-se como empresário no ramo de vestuário. É surpreendido com a
informação do gerente do Banco de que somente poderia realizar o ato, caso
comparecessem ao local seus pais ou, na ausência deles, os seus
representantes legais. Aduziu Osdro ser órfão de pai e mãe, estando sob a
guarda de sua tia Elena, sua tutora. Diante de tal enunciado, analise as
afirmativas a seguir.
I. Pessoas com dezesseis anos de idade podem praticar atos bancários sem
a representação ou assistência dos seus representantes legais.
II. Havendo guarda judicial, o tutor deve assistir a pessoa protegida, em
atos negociais.
III. Caso fosse realizado o contrato de abertura de conta-corrente, haveria
emancipação do menor.
IV. Somente após caracterizados os atos como empresário é que ocorreria
a emancipação.
V. Aos menores são permitidos alguns atos civis autonomamente, como
aquisição de bens de pequeno valor.
Assinale:
a) se somente a afirmativa I for verdadeira.
b) se somente as afirmativas III e IV forem verdadeiras.
c) se somente as afirmativas I, II e III forem verdadeiras.
d) se somente as afirmativas II, IV e V forem verdadeiras.
e) se todas as afirmativas forem verdadeiras.
GABARITO “SECO”
ESAF
ESAF.01) A ESAF.06) B
ESAF.02) D ESAF.07) C
ESAF.03) E ESAF.08) A
ESAF.04) D ESAF.09) B
ESAF.05) E
GABARITO “SECO”
(Variadas Mais Atuais)
GABARITO “SECO”
(Variadas Mais Antigas)