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INTENSIVO I

Disciplina: Direito Civil


Prof.: Pablo Stolze
Aula nº 01

MATERIAL DE APOIO – PROFESSOR

MATERIAL DE APOIO
DIREITO CIVIL
PARTE GERAL

Apostila 01
Prof. Pablo Stolze Gagliano

Temas: Personalidade Jurídica. Nascituro. Pessoa Física ou Natural

1. A Personalidade Jurídica.

1.1. Conceito.

Personalidade Jurídica, para a Teoria Geral do Direito Civil, é a aptidão genérica para se titularizar
direitos e contrair obrigações, ou, em outras palavras, é o atributo necessário para ser sujeito de direito.
Neste ponto, vale transcrever a sábia preleção de RIPERT e BOULANGER, na monumental obra
“Tratado de Derecho Civil” segun el Tratado de Planiol (Tomo I – Parte General, Buenos Aires: La Rey,
1988, pág. 310):

“La personalidad jurídica está vinculada a la existencia del individuo, y no a su conciencia o a su


voluntad. Um niño muy pequeno, o um loco, es una persona. Entre las personas físicas no se hace dife-
rencia alguna para la atribuición de derechos civiles; por muy débil o incapacitado que esté, todo ser hu-
mano es, y sigue siendo, una persona del derecho”.

1.2. Aquisição da personalidade jurídica (Pessoa Física ou Natural)

O seu surgimento ocorre a partir do nascimento com vida (art. 2°, CC-02 e art. 4º, CC-16).
No instante em que principia o funcionamento do aparelho cárdio-respiratório, clinicamente aferível
pelo exame de docimasia hidrostática de Galeno, o recém-nascido adquire personalidade jurídica, tornan-
do-se sujeito de direito, mesmo que venha a falecer minutos depois.
Na mesma linha, a Res. nº 1/88 do Conselho Nacional de Saúde1 dispõe que o nascimento com vi-
da é a:
“expulsão ou extração completa do produto da concepção quando, após a separação, respire e te-
nha batimentos cardíacos, tendo sido ou não cortado o cordão, esteja ou não desprendida a placenta”.
Em uma perspectiva constitucional de respeito à dignidade da pessoa, não importa que o feto te-
nha forma humana ou tempo mínimo de sobrevida (como se dá no Código Civil Espanhol – art. 30).
Assim, se o recém-nascido – cujo pai já tenha morrido - falece minutos após o parto, terá adquiri-
do, por exemplo, todos os direitos sucessórios do seu genitor, transferindo-os para a sua mãe, uma vez
que se tornou, ainda que por breves instantes, sujeito de direito.

1.3. O Nascituro.

1
Cit. por DINIZ, Maria Helena, in Curso de Direito Civil Brasileiro, 25ª ed. São Paulo: Saraiva, 2008, pág.
198.

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LIMONGI FRANÇA, citado por FRANCISCO AMARAL, define o nascituro como sendo “o que está por
nascer, mas já concebido no ventre materno”.2
Cuida-se do ente concebido, embora ainda não nascido, dotado de vida intra-uterina, daí porque a
doutrina diferencia-o (o nascituro) do embrião mantido em laboratório3.
A Lei Civil trata do nascituro quando, posto não o considere pessoa, coloca a salvo os seus direitos
desde a concepção (art. 2º, CC-02, art. 4º, CC-16).
Ora, se for admitida a teoria natalista, segundo a qual a aquisição da personalidade opera-se a
partir do nascimento com vida, é razoável o entendimento no sentido de que, não sendo pessoa, o nasci-
turo possui mera expectativa de direito (VICENTE RÁO, SILVIO RODRIGUES, EDUARDO ESPÍNOLA, SIL-
VIO VENOSA).
Mas a questão não é pacífica na doutrina.
Os adeptos da teoria da personalidade condicional sufragam entendimento no sentido de que o
nascituro possui direitos sob condição suspensiva. Vale dizer, ao ser concebido, já pode titularizar alguns
direitos (extrapatrimoniais), como o direito à vida, mas só adquire completa personalidade, quando im-
plementada a condição do seu nascimento com vida.
A teoria concepcionista, por sua vez, influenciada pelo Direito Francês, é mais direta e ousada:
entende que o nascituro é pessoa desde a concepção (TEIXEIRA DE FREITAS, CLÓVIS BEVILÁQUA, SIL-
MARA CHINELATO).
CLÓVIS BEVIÁQUA, em seus “Comentários ao Código Civil dos Estados Unidos do Brasil”, Rio de
Janeiro: Ed. Rio, 1975, pág. 178, após elogiar abertamente a teoria concepcionista, ressaltando os seus
excelentes argumentos, conclui ter adotado a natalista, “por parecer mais prática” (sic). No entanto, o
próprio autor, nesta mesma obra, não resiste ao apelo concepcionista, ao destacar situações em que o
nascituro “se apresenta como pessôa” (sic).
A despeito de toda essa profunda controvérsia doutrinária, o fato é que, nos termos da legislação
em vigor, inclusive do Novo Código Civil, o nascituro tem a proteção legal dos seus direitos desde a con-
cepção4.
Nesse sentido, pode-se apresentar o seguinte quadro esquemático, não exaustivo:

a) o nascituro é titular de direitos personalíssimos (como o direito à vida, o direito à prote-


ção pré-natal etc.)5;
b) pode receber doação, sem prejuízo do recolhimento do imposto de transmissão inter vi-
vos;
c) pode ser beneficiado por legado e herança;
d) pode ser-lhe nomeado curador para a defesa dos seus interesses (arts. 877 e 878, CPC);
e) o Código Penal tipifica o crime de aborto;
f) como decorrência da proteção conferida pelos direitos da personalidade, concluímos que
o nascituro tem direito à realização do exame de DNA, para efeito de aferição de paterni-
dade6.

2
AMARAL, Francisco, Introdução ao Direito Civil, Renovar, pág. 217.
3
A título de curiosidade, ver a dicção do art. 9° § 1°, PL 90/99: “Não se aplicam aos embriões originados
in vitro, antes de sua introdução no aparelho reprodutor da mulher receptora, os direitos assegurados ao
nascituro na forma da lei. Já o Projeto de Reforma do CC, em sua redação original, aponta em sentido
contrário: “Art. 2°. A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a
salvo, desde a concepção, os direitos do embrião e do nascituro” (grifos nossos).
4
A leitura da ementa referente a ADI 3510-0 (em que se questionaram dispositivos da Lei de
Biossegurança) aparentemente reforça a teoria natalista
(http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADIN&s1=3510&processo=3510).
Mas, em nosso sentir, o embate entre as teorias, na interpretação que se faz do art. 2 do CC, ainda
persistirá por muito tempo. Uma pesquisa na doutrina demonstrá tal assertiva.
5
O art. 7. do Estatuto da Criança e do Adolescente dispõe que: “a criança e o adolescente têm direito à
proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas públicas que permitam o nascimento e o
desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência”.
6
Confira-se, neste ponto, o julgado do Supremo Tribunal Federal no caso “Glória Trevis” (Rcl 2040
QUESTÃO DE ORDEM NA RECLAMAÇÃO, Relator(a): Min. NÉRI DA SILVEIRA, Julgamento: 21/02/2002 ,
Órgão Julgador: Tribunal Pleno, Publicação: DJ DATA-27-06-2003 PP-00031 EMENT VOL-02116-01 PP-
00129), em que podemos observar a aplicação da teoria da “ponderação de interesses”, visando a dirimir

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Existe, ainda, a possibilidade de se reconhecer ao nascituro direito aos alimentos.
Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do TJRS:

“INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE. ALIMENTOS PROVISÓRIOS EM FAVOR DO NASCITURO.


POSSIBILIDADE. ADEQUAÇÃO DO QUANTUM. 1. Não pairando dúvida acerca do envolvimento sexual en-
tretido pela gestante com o investigado, nem sobre exclusividade desse relacionamento, e havendo ne-
cessidade da gestante, justifica-se a concessão de alimentos em favor do nascituro. 2. Sendo o investiga-
do casado e estando também sua esposa grávida, a pensão alimentícia deve ser fixada tendo em vista as
necessidades do alimentando, mas dentro da capacidade econômica do alimentante, isto é, focalizando
tanto os seus ganhos como também os encargos que possui. Recurso provido em parte. (AGRAVO DE
INSTRUMENTO Nº 70006429096, SÉTIMA CÂMARA CÍVEL, TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS, RELATOR:
SÉRGIO FERNANDO DE VASCONCELLOS CHAVES, JULGADO EM 13/08/2003)”.
Na doutrina, preleciona o Prof. Teixeira Giorgis:

“Como a regra constitucional declara a vida inviolável e o estatuto menorista assegura à gestante
o atendimento pré-natal e perinatal, não há mais controvérsia sobre o direito do nascituro a alimentos.
Então se aceita que a pesquisa da filiação seja cumulada com um pedido de alimentos provisórios para
que a mãe possa enfrentar as despesas anteriores ao parto, como os custos da pediatria, a assistência
cirúrgica, transfusões, ultra-sonografia, intervenções fetais e outras (AGI 596067629); é que a gravidez
diminui a capacidade laborativa da pessoa (AGI nº 70016977936), situação que também se aceita em
caso de união estável (AGI nºs 70017520479 e 70016977936).Para a concessão dos alimentos é necessá-
rio haver indícios convincentes sobre a paternidade invocada (AGI nº 70018406652), não sendo atendida
a postulação quando não ocorram elementos seguros sobre a genitura ou sobre o início da prenhez (AGI

eventuais conflitos entre direitos constitucionais. Embora se buscasse, em verdade, a apuração de um


crime, o fato é que o nascituro mereceria, em nosso sentir, no caso em tela, o beneficio da produção da
prova pericial, para que, após seu nascimento, não houvesse que carregar o peso das circunstâncias
duvidosas da sua concepção: “EMENTA: - Reclamação. Reclamante submetida ao processo de
Extradição n.º 783, à disposição do STF. 2. Coleta de material biológico da placenta, com
propósito de se fazer exame de DNA, para averigüação de paternidade do nascituro, embora a
oposição da extraditanda. 3. Invocação dos incisos X e XLIX do art. 5º, da CF/88. 4. Ofício do
Secretário de Saúde do DF sobre comunicação do Juiz Federal da 10ª Vara da Seção Judiciária
do DF ao Diretor do Hospital Regional da Asa Norte - HRAN, autorizando a coleta e entrega de
placenta para fins de exame de DNA e fornecimento de cópia do prontuário médico da
parturiente. 5. Extraditanda à disposição desta Corte, nos termos da Lei n.º 6.815/80.
Competência do STF, para processar e julgar eventual pedido de autorização de coleta e exame
de material genético, para os fins pretendidos pela Polícia Federal. 6. Decisão do Juiz Federal
da 10ª Vara do Distrito Federal, no ponto em que autoriza a entrega da placenta, para fins de
realização de exame de DNA, suspensa, em parte, na liminar concedida na Reclamação.
Mantida a determinação ao Diretor do Hospital Regional da Asa Norte, quanto à realização da
coleta da placenta do filho da extraditanda. Suspenso também o despacho do Juiz Federal da
10ª Vara, na parte relativa ao fornecimento de cópia integral do prontuário médico da
parturiente. 7. Bens jurídicos constitucionais como "moralidade administrativa", "persecução
penal pública" e "segurança pública" que se acrescem, - como bens da comunidade, na
expressão de Canotilho, - ao direito fundamental à honra (CF, art. 5°, X), bem assim direito à
honra e à imagem de policiais federais acusados de estupro da extraditanda, nas dependências
da Polícia Federal, e direito à imagem da própria instituição, em confronto com o alegado
direito da reclamante à intimidade e a preservar a identidade do pai de seu filho. 8. Pedido
conhecido como reclamação e julgado procedente para avocar o julgamento do pleito do
Ministério Público Federal, feito perante o Juízo Federal da 10ª Vara do Distrito Federal. 9.
Mérito do pedido do Ministério Público Federal julgado, desde logo, e deferido, em parte, para
autorizar a realização do exame de DNA do filho da reclamante, com a utilização da placenta
recolhida, sendo, entretanto, indeferida a súplica de entrega à Polícia Federal do "prontuário
médico" da reclamante”.

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nº70009811027). Assim também acontece quando os cônjuges estão separados de fato por mais de qua-
tro meses (APC nº 587002155)”.7
E, finalmente, em 2008, fora aprovada a lei dos “alimentos gravídicos”, que reconhece, em favor
do nascituro, direito aos alimentos.
Vale a pena conferir:

LEI Nº 11.804, DE 5 DE NOVEMBRO DE 2008.


Disciplina o direito a alimentos gravídicos e a forma
como ele será exercido e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a se-
guinte Lei:
Art. 1o Esta Lei disciplina o direito de alimentos da mulher gestante e a forma como será exercido.
Art. 2o Os alimentos de que trata esta Lei compreenderão os valores suficientes para cobrir as despe-
sas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive as
referentes a alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames complementares, interna-
ções, parto, medicamentos e demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do
médico, além de outras que o juiz considere pertinentes.
Parágrafo único. Os alimentos de que trata este artigo referem-se à parte das despesas que deverá
ser custeada pelo futuro pai, considerando-se a contribuição que também deverá ser dada pela mulher
grávida, na proporção dos recursos de ambos.
Art. 3º (VETADO)
Art. 4º (VETADO)
Art. 5º (VETADO)
Art. 6o Convencido da existência de indícios da paternidade, o juiz fixará alimentos gravídicos que per-
durarão até o nascimento da criança, sopesando as necessidades da parte autora e as possibilidades da
parte ré.
Parágrafo único. Após o nascimento com vida, os alimentos gravídicos ficam convertidos em pensão
alimentícia em favor do menor até que uma das partes solicite a sua revisão.
Art. 7o O réu será citado para apresentar resposta em 5 (cinco) dias.
Art. 8º (VETADO)
Art. 9º (VETADO)
Art. 10º (VETADO)
Art. 11. Aplicam-se supletivamente nos processos regulados por esta Lei as disposições das Leis nos
5.478, de 25 de julho de 1968, e 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.
Art. 12. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 5 de novembro de 2008; 187o da Independência e 120o da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Tarso Genro
José Antonio Dias Toffoli
Dilma Rousseff

É interessante ler também a mensagem de veto8:


MENSAGEM Nº 853, DE 5 DE NOVEMBRO DE 2008.
Senhor Presidente do Senado Federal,
Comunico a Vossa Excelência que, nos termos do § 1o do art. 66 da Constituição, decidi vetar parci-
almente, por contrariedade ao interesse público e inconstitucionalidade, o Projeto de Lei no 7.376, de
2006 (no 62/04 no Senado Federal), que “Disciplina o direito a alimentos gravídicos e a forma como ele
será exercido e dá outras providências”.
Ouvidos, o Ministério da Justiça, a Advocacia-Geral da União e a Secretaria Especial de Políticas para
as Mulheres manifestaram-se pelo veto aos seguintes dispositivos:
Art. 3o

7
GIORGIS, José Carlos Teixeira, in “Alimentos para o Nascituro”
http://www.espacovital.com.br/noticia_ler.php?idnoticia=8070, acessado em 20 de julho de 2008.
8
Disponível no: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Msg/VEP-853-08.htm,
acessado em 20 de Janeiro de 2009.

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“Art. 3o Aplica-se, para a aferição do foro competente para o processamento e julgamento das a-
ções de que trata esta Lei, o art. 94 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Ci-
vil.”
Razões do veto
“O dispositivo está dissociado da sistemática prevista no Código de Processo Civil, que estabelece
como foro competente para a propositura da ação de alimentos o do domicílio do alimentando. O artigo
em questão desconsiderou a especial condição da gestante e atribuiu a ela o ônus de ajuizar a ação de
alimentos gravídicos na sede do domicílio do réu, que nenhuma condição especial vivencia, o que con-
traria diversos diplomas normativos que dispõem sobre a fixação da competência.”
Art. 5o
“Art. 5o Recebida a petição inicial, o juiz designará audiência de justificação onde ouvirá a parte au-
tora e apreciará as provas da paternidade em cognição sumária, podendo tomar depoimento da parte
ré e de testemunhas e requisitar documentos.”
Razões do veto
“O art. 5o ao estabelecer o procedimento a ser adotado, determina que será obrigatória a designa-
ção de audiência de justificação, procedimento que não é obrigatório para nenhuma outra ação de ali-
mentos e que causará retardamento, por vezes, desnecessário para o processo.”
Ouvidos, o Ministério da Justiça e a Advocacia-Geral da União manifestaram-se ainda pelo veto aos
seguintes dispositivos:
Art. 8o
“Art. 8o Havendo oposição à paternidade, a procedência do pedido do autor dependerá da realização
de exame pericial pertinente.”
Razões do veto
“O dispositivo condiciona a sentença de procedência à realização de exame pericial, medida que des-
toa da sistemática processual atualmente existente, onde a perícia não é colocada como condição para
a procedência da demanda, mas sim como elemento prova necessário sempre que ausente outros ele-
mentos comprobatórios da situação jurídica objeto da controvérsia.”
Art. 10
“Art. 10. Em caso de resultado negativo do exame pericial de paternidade, o autor responderá, ob-
jetivamente, pelos danos materiais e morais causados ao réu.
Parágrafo único. A indenização será liquidada nos próprios autos.”
Razões do veto
“Trata-se de norma intimidadora, pois cria hipótese de responsabilidade objetiva pelo simples fato
de se ingressar em juízo e não obter êxito. O dispositivo pressupõe que o simples exercício do direito
de ação pode causar dano a terceiros, impondo ao autor o dever de indenizar, independentemente da
existência de culpa, medida que atenta contra o livre exercício do direito de ação.”
Ouvidos, o Ministério da Justiça e a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres manifestaram-
se ainda pelo veto ao seguinte dispositivo:
Art. 9o
“Art. 9o Os alimentos serão devidos desde a data da citação do réu.”
Razões do veto
“O art. 9o prevê que os alimentos serão devidos desde a data da citação do réu. Ocorre que a práti-
ca judiciária revela que o ato citatório nem sempre pode ser realizado com a velocidade que se espera
e nem mesmo com a urgência que o pedido de alimentos requer. Determinar que os alimentos gravídi-
cos sejam devidos a partir da citação do réu é condená-lo, desde já, à não-existência, uma vez que a
demora pode ser causada pelo próprio réu, por meio de manobras que visam impedir o ato citatório.
Dessa forma, o auxílio financeiro devido à gestante teria início no final da gravidez, ou até mesmo após
o nascimento da criança, o que tornaria o dispositivo carente de efetividade.”
Por fim, o Ministério da Justiça manifestou-se pelo veto ao seguinte dispositivo:
Art. 4o
“Art. 4o Na petição inicial, necessariamente instruída com laudo médico que ateste a gravidez e sua
viabilidade, a parte autora indicará as circunstâncias em que a concepção ocorreu e as provas de que
dispõe para provar o alegado, apontando, ainda, o suposto pai, sua qualificação e quanto ganha apro-
ximadamente ou os recursos de que dispõe, e exporá suas necessidades.”
Razões do veto
“O dispositivo determina que a autora terá, obrigatoriamente, que juntar à petição inicial laudo so-
bre a viabilidade da gravidez. No entanto, a gestante, independentemente da sua gravidez ser viável
ou não, necessita de cuidados especiais, o que enseja dispêndio financeiro. O próprio art. 2o

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do Projeto de Lei dispõe sobre o que compreende os alimentos gravídicos: ‘valores suficientes para co-
brir as despesas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao par-
to, inclusive referente à alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames complementa-
res, internações, parto e demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis (...)’. Esses gas-
tos ocorrerão de qualquer forma, não sendo adequado que a gestante arque com sua totalidade, moti-
vo pelo qual é medida justa que haja compartilhamento dessas despesas com aquele que viria a ser o
pai da criança.”
Essas, Senhor Presidente, as razões que me levaram a vetar os dispositivos acima mencionados do
projeto em causa, as quais ora submeto à elevada apreciação dos Senhores Membros do Congresso Na-
cional.
Este texto não substitui o publicado no DOU de 6.11.2008

Posto isso, observamos ainda que até mesmo direito à reparação por dano moral em favor do
nascituro já foi admitido pelo Superior Tribunal de Justiça:

RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DO TRABALHO. MORTE. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. FILHO
NASCITURO. FIXAÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO. DIES A QUO. CORREÇÃO MONETÁRIA. DATA DA
FIXAÇÃO PELO JUIZ. JUROS DE MORA.
DATA DO EVENTO DANOSO.
PROCESSO CIVIL. JUNTADA DE DOCUMENTO NA FASE RECURSAL.
POSSIBILIDADE, DESDE QUE NÃO CONFIGURDA A MÁ-FÉ DA PARTE E OPORTUNIZADO O CONTRADITÓ-
RIO. ANULAÇÃO DO PROCESSO. INEXISTÊNCIA DE DANO. DESNECESSIDADE.
- Impossível admitir-se a redução do valor fixado a título de compensação por danos morais em relação
ao nascituro, em comparação com outros filhos do de cujus, já nascidos na ocasião do evento morte, por-
quanto o fundamento da compensação é a existência de um sofrimento impossível de ser quantificado
com precisão.
- Embora sejam muitos os fatores a considerar para a fixação da satisfação compensatória por danos mo-
rais, é principalmente com base na gravidade da lesão que o juiz fixa o valor da reparação.
- É devida correção monetária sobre o valor da indenização por dano moral fixado a partir da data do ar-
bitramento. Precedentes.
- Os juros moratórios, em se tratando de acidente de trabalho, estão sujeitos ao regime da responsabili-
dade extracontratual, aplicando-se, portanto, a Súmula nº 54 da Corte, contabilizando-os a partir da data
do evento danoso. Precedentes - É possível a apresentação de provas documentais na apelação, desde
que não fique configurada a má-fé da parte e seja observado o contraditório. Precedentes.
- A sistemática do processo civil é regida pelo princípio da instrumentalidade das formas, devendo ser
reputados válidos os atos que cumpram a sua finalidade essencial, sem que acarretem prejuízos aos liti-
gantes.
Recurso especial dos autores parcialmente conhecido e, nesta parte, provido. Recurso especial da ré não
conhecido.
(REsp 931556/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 17/06/2008, DJe
05/08/2008)

Em posição anterior, decidiu a Corte:

“DIREITO CIVIL. DANOS MORAIS. MORTE. ATROPELAMENTO. COMPOSIÇÃO FÉRREA. AÇÃO AJUIZADA 23
ANOS APÓS O EVENTO. PRESCRIÇÃO INEXISTENTE. INFLUÊNCIA NA QUANTIFICAÇÃO DO QUANTUM.
PRECEDENTES DA TURMA. NASCITURO. DIREITO AOS DANOS MORAIS. DOUTRINA. ATENUAÇÃO. FIXA-
ÇÃO NESTA INSTÂNCIA. POSSIBILIDADE. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. I - Nos termos da orienta-
ção da Turma, o direito à indenização por dano moral não desaparece com o decurso de tempo (desde
que não transcorrido o lapso prescricional), mas é fato a ser considerado na fixação do quantum. II - O
nascituro também tem direito aos danos morais pela morte do pai, mas a circunstância de não tê-lo co-
nhecido em vida tem influência na fixação do quantum.
III - Recomenda-se que o valor do dano moral seja fixado desde logo, inclusive nesta instância, buscando
dar solução definitiva ao caso e evitando inconvenientes e retardamento da solução jurisdicional.” (STJ,
QUARTA TURMA, RESP 399028 / SP ; RECURSO ESPECIAL 2001/0147319-0, Ministro SÁLVIO DE FIGUEI-
REDO TEIXEIRA, Julg. 26/02/2002, DJ 15.04.2002 p.00232)

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Questões de concurso: Existe proteção jurídica ao natimorto?

Segundo a doutrina, existe, sim.


Em respeito ao princípio da dignidade da pessoa humana, deve-se proteger o nome, a imagem
e a memória daquele que nasceu morto9.
O que é “concepturo”?
Trata-se daquele ente que ainda não foi nem concebido (ex.: o futuro filho de fulano...). Fala-
se, aqui, em “prole eventual” (no Direito Sucessório, ver o art. 1799, I).

2. Capacidade de Direito e de Fato e Legitimidade.

Adquirida a personalidade jurídica, toda pessoa passa a ser capaz de direitos e obrigações.
Possui, portanto, capacidade de direito ou de gozo.
Todo ser humano tem, assim, capacidade de direito, pelo fato de que a personalidade jurídica é um
atributo inerente à sua condição.
Se puder atuar pessoalmente, possui, também, capacidade de fato ou de exercício.
Reunidos os dois atributos, fala-se em capacidade civil plena:

CAP. DE DIREITO + CAP. DE FATO  CAPACIDADE CIVIL PLENA

A falta de capacidade de fato ou de exercício, conduz-nos ao problema da incapacidade.

Questão de Concurso: O que é a “restitutio in integrum”, em Teoria Geral (no âmbito dos atos pra-
ticados por menores)?

Segundo Clóvis Beviláqua, em sua obra “Theoria Geral do Direito Civil” (RED, 1999, págs. 120-
123), este instituto tem origem romana, consistindo “no benefício concedido aos menores e às pessoas
que se lhes equiparam, a fim de poderem anular quaisquer atos válidos sob outros pontos de vista, nos
quais tenham sido lesadas” (pág. 121).
Concedida a restituição, as partes retornam ao estado anterior de coisas.
O Código de 1916, em seu art. 8º acabava com este benefício.
O novo Código Civil, na mesma linha, não tem dispositivo algum beneficiando especificamente me-
nores ou incapazes, razão por que entendemos continuar extinto o instituto.
Afastada esta hipótese, previu o novo estatuto, outrossim, especial situação de invalidade do ne-
gócio jurídico, para salvaguardar interesse do incapaz, quando o seu representante praticar ato atentató-
rio ao seu interesse:

Art. 119. É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de interesses com o representado,
se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou.
Parágrafo único. É de cento e oitenta dias, a contar da conclusão do negócio ou da cessação da incapaci-
dade, o prazo de decadência para pleitear-se a anulação prevista neste artigo.

Questão de Concurso: O que se entende por “estado das pessoas”?

9
Enunciado 01 (Jornadas de Direito Civil – CJF): “Art. 2º. A proteção que o Código defere ao nascituro
alcança o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais como nome, imagem e
sepultura.” As Jornadas de Direito Civil são importantes postulados de doutrina, fruto de encontros de
juristas, realizados em Brasília. Você pode encontrar os enunciados das I, III e IV Jornadas (eis que na II
não houve apresentação dessa ordem) no site www.pablostolze.com.br (fonte: Conselho da Justiça
Federal).

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Segundo Orlando Gomes (in Introdução ao Direito Civil, 10. ed, 2. tiragem, Rio de Janeiro: Foren-
se, 1993, pág. 172), “A noção de status coliga-se à de capacidade. O status é uma qualidade jurídica de-
corrente da inserção de um sujeito numa categoria social, da qual derivam, para este, direitos e deveres”.
Nessa linha de pensamento, é possível se identificar estados político (nacionais e estrangeiros),
familiar (cônjuge, por exemplo), individual (idade, sexo, saúde).

2.1. Incapacidade absoluta.

O Código Civil de 1916, em seu art. 5O, reputava absolutamente incapazes de exercer pessoalmen-
te os atos da vida civil:

a) os menores de 16 (dezesseis) anos;


b) os loucos de todo o gênero;
c) os surdos-mudos, que não puderem exprimir a sua vontade;
d) os ausentes, declarados tais por ato do juiz.

Seguindo a diretriz mais moderna e adequada do Novo Código Civil, as seguintes pessoas são con-
sideradas absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:

2.1.1. Os menores de dezesseis anos.

Trata-se dos menores impúberes.


Abaixo deste limite etário, o legislador considera que a pessoa é inteiramente imatura para atuar
na órbita do direito.
Vale lembrar que, no Estatuto da Criança e do Adolescente, a distinção é peculiar:

“Art. 2º, ECA - Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade in-
completos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas
entre dezoito e vinte e um anos de idade”.

Observe-se, todavia, que tanto a criança quanto o adolescente são considerados incapazes (abso-
luta ou relativamente incapazes, conforme veremos no item 2.2.1.).

2.1.2. Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prá-
tica desses atos.

As pessoas que padeçam de doença ou deficiência mental, que as torne incapazes de prati-
car atos no comércio jurídico, são consideradas absolutamente incapazes.
O Novo Código Civil afastou a expressão “loucos de todo o gênero”, duramente criticada por
Nina Rodrigues na época da elaboração do Código Civil de 1916.
A incapacidade deve ser oficialmente reconhecida por meio do procedimento de interdição,
previsto nos arts. 1177 a 1186 do CPC.
A doutrina admite, ainda, uma incapacidade natural, quando a enfermidade ou deficiência
não se encontra judicialmente declarada. Nesse caso, admite-se a invalidação do ato prati-
cado pelo incapaz não oficialmente interditado, se ficarem demonstrados: o prejuízo ao incapaz e a má-fé
da outra parte.
É bom lembrar ainda que, declarada judicialmente a incapacidade, não devem ser considerados váli-
dos os atos praticados pelo incapaz mesmo nos intervalos de perfeita lucidez.

2.1.3. Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir a sua vontade.

São considerados absolutamente incapazes aqueles que, em razão de uma causa temporária (ou
permanente, claro) estejam impedidas de manifestar vontade.
É o caso da pessoa vítima de uma intoxicação fortuita, ou em estado de coma, em virtude de aci-
dente de veículo.

INTENSIVO I – Direito Civil – Pablo Stolze – Aula n. 01


Questão de concurso: E como fica a situação do surdo-mudo incapaz de manifestar vontade?

Não estando previsto em inciso autônomo, como ocorria no Código revogado, ainda assim, ele poderá
ser considerado absolutamente incapaz, caso se enquadre em qualquer das hipóteses do art. 3°, especi-
almente a do inc. III.

Questão de concurso: a senilidade é causa de incapacidade?

Não.
A senilidade, entendida nesse contexto como a idade muito avançada, não gera incapacidade civil.
Diferentemente, outrossim, é a situação da pessoa de idade avançada que também apresente pro-
blema de saúde mental apto a justificar a sua interdição.

2.2. Incapacidade relativa.

O Código de 1916, em seu art. 6O, considerava incapazes, relativamente a certos atos ou à manei-
ra de os exercer:

a) os maiores de 16 (dezesseis) e menores de 21 (vinte e um) anos;


b) os pródigos;
c) os silvícolas.

Consoante a diretriz do Novo Código Civil, são incapazes, relativamente a certos atos, ou à manei-
ra de os exercer :

2.2.1. Os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.

Trata-se dos menores púberes.

2.2.2. Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o
discernimento reduzido.

Muito cuidado com este dispositivo.


A embriaguez, o vício de tóxico e a deficiência, consideradas como causas de incapacidade relativa,
neste caso, REDUZEM, mas não ANIQUILAM a capacidade de discernimento.
Se privarem totalmente o agente de capacidade de consciência e orientação, como na embriaguez
patológica ou toxicomania grave (dependência química total) configurar-se-á incapacidade absoluta, na
forma do art. 3°, II.

2.2.3. Os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo.

São consideradas relativamente incapazes as pessoas dotadas de desenvolvimento mental in-


completo, como os portadores da síndrome de Down (pessoas especiais que, com muito amor e carinho
em sua educação, merecem todo o nosso respeito, e podem perfeitamente atuar social e profissionalmen-
te).

2.2.4. Os pródigos.

A prodigalidade é um desvio comportamental por meio do qual o indivíduo desordenadamente di-


lapida o seu patrimônio, podendo reduzir-se à miséria.
Para a sua própria proteção (e para evitar que bata às portas de um parente ou do Estado), o pró-
digo poderá ser interditado.
Segundo a legislação em vigor, a curatela do pródigo somente o privará de, sem curador, empres-
tar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, atos
que não sejam de mera administração (art. 1782, CC-02).

Questão de Concurso: Para casar, o curador do pródigo deve ser ouvido?

INTENSIVO I – Direito Civil – Pablo Stolze – Aula n. 01


Como o casamento deflagra também efeitos patrimoniais, o seu curador deve manifestar-se, não
para interferir na escolha afetiva, mas para opinar acerca do regime de bens escolhido.

2.2.5. Algumas palavras sobre a capacidade jurídica dos silvícolas.

A disciplina normativa do índio (evite falar silvícola), que no Código de 1916 mereceu assento en-
tre os relativamente incapazes, passou a ser remetida à legislação especial (art. 4º, parágrafo único, CC-
02), que disciplina autonomamente a matéria (cf. especialmente a Lei n. 5371 de 05 de dezembro de
1967, e a Lei n. 6001 de 19 de dezembro de 1973 - Estatuto do Índio).
Confira o que dispõe o art. 8º do Estatuto do Índio10:
Art. 8º São nulos os atos praticados entre o índio não integrado e qualquer pessoa estranha à co-
munidade indígena quando não tenha havido assistência do órgão tutelar competente.
Parágrafo único. Não se aplica a regra deste artigo no caso em que o índio revele consciência e conhe-
cimento do ato praticado, desde que não lhe seja prejudicial, e da extensão dos seus efeitos.

2.3. Suprimento da Incapacidade (Representação e Assistência).

O suprimento da incapacidade absoluta dá-se através da representação, e o da incapacidade rela-


tiva, por meio da assistência.
Cuida-se de institutos protetivos dos incapazes.

3. Emancipação

A menoridade, à luz do Novo Código Civil, cessa aos 18 (dezoito) anos completos, quando a pessoa fica
habilitada à prática de todos os atos da vida civil (art.5º)11.
Vale lembrar que esta redução aos 18 anos reverberou (não necessariamente para impor modifica-
ção na legislação especial) nos âmbitos penal, processual, previdenciário, e, especialmente, no direito de
família, no que tange ao pagamento de pensão alimentícia.
O STJ, aliás, já firmou entendimento no sentido de que a redução da maioridade civil não implica
cancelamento automático da pensão alimentícia:
PENSÃO ALIMENTÍCIA. MAIORIDADE. FILHO.
Trata-se de remessa pela Terceira Turma de recurso em ação revisional de alimentos em que a controvér-
sia cinge-se em saber se, atingida a maioridade, cessa automaticamente ou não o dever de alimentar do
pai em relação ao filho. Prosseguindo o julgamento, a Seção, por maioria, proveu o recurso, entendendo
que, com a maioridade do filho, a pensão alimentícia não pode cessar automaticamente. O pai terá de
fazer o procedimento judicial para exonerar-se ou não da obrigação de dar pensão ao filho. Explicitou-se
que completar a maioridade de 18 anos não significa que o filho não irá depender do pai. Precedentes
citados: REsp 347.010-SP, DJ 10/2/2003, e REsp 306.791-SP, DJ 26/8/2002. REsp 442.502-SP, Rel. ori-
ginário Min. Castro Filho, Rel. para acórdão Min. Antônio de Pádua Ribeiro, julgado em 6/12/2004.
E mais:
ALIMENTOS. MAIORIDADE DO ALIMENTANDO. EXONERAÇÃO AUTOMÁTICA DA PENSÃO. INADMIS-
SIBILIDADE.
– Com a maioridade, extingue-se o poder familiar, mas não cessa, desde logo, o dever de prestar a-
limentos, fundado a partir de então no parentesco.
– É vedada a exoneração automática do alimentante, sem possibilitar ao alimentando a oportunida-
de de manifestar-se e comprovar, se for o caso, a impossibilidade de prover a própria subsistência.
Precedentes do STJ.
Recurso especial não conhecido.
(REsp 739.004/DF, Rel. Ministro BARROS MONTEIRO, QUARTA TURMA, julgado em 15.09.2005, DJ
24.10.2005 p. 346)

10
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6001.htm, acessado em 20 de julho de 2008.
11
No CC-16, art. 9.: “Aos vinte e um anos completos acaba a menoridade, ficando habilitado o
indivíduo para todos os atos da vida civil”.

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Na mesma vereda:

HABEAS CORPUS. PRISÃO CIVIL. ALIMENTOS. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça consoli-
dou-se no sentido de que a maioridade dos filhos não acarreta a exoneração automática da obrigação de
prestar alimentos. Ordem denegada.
(HC 55.065/SP, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, TERCEIRA TURMA, julgado em 10.10.2006, DJ
27.11.2006 p. 271)

Habeas corpus. Prisão civil. Execução de alimentos. Precedentes da Corte.


1. O habeas corpus, na linha da jurisprudência da Corte, não constitui via adequada para o exame apro-
fundado de provas indispensáveis à verificação da capacidade financeira do paciente para pagar os ali-
mentos no montante fixado.
2. A maioridade do credor dos alimentos não exonera, por si só, a obrigação do devedor.
3. A propositura de ação revisional de alimentos não impede a prisão civil do devedor de alimentos.
4. "O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as três prestações
anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo" (Súmula nº 309/STJ
- atual redação aprovada em 22/3/06 pela Segunda Seção).
5. Ordem concedida em parte.
(HC 55.606/SP, Rel. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, TERCEIRA TURMA, julgado em
05.09.2006, DJ 13.11.2006 p. 240)

Firmado o entendimento de que o cancelamento da pensão não é automático, o próprio STJ, em


2005, passou a admitir que a exoneração pudesse se dar no bojo de outros processos de família, não exi-
gindo necessariamente propositura de ação exoneratória:

STJ – Quarta Feira, 13 de Abril de 2005


09:37 – Pai não precisa entrar com novo processo para deixar de pagar pensão a filha maior

Mais recentemente, frise-se, a Súmula 358 afastou quaisquer dúvidas quanto à necessidade de se
demonstrar a ausência de fundamento para a prestação alimentar que, como visto, não desaparece pelo
simples fato de se atingir a maioridade:

Súmula: 358
O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a
maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante contraditório,
ainda que nos próprios autos.

E especialmente para os alunos que almejam a carreira do Ministério Público, confiram estes julga-
dos:

RECURSO ESPECIAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. ALIMENTOS. MAIORIDADE DO ALIMENTANDO.


MINISTÉRIO PÚBLICO. ILEGITIMIDADE PARA RECORRER.
O Ministério Público não detém legitimidade para recorrer contra decisão em que se discute ali-
mentos quando o alimentando houver alcançado a maioridade.
Recurso especial não conhecido.
(REsp 712.175/DF, Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA, QUARTA TURMA, julgado em 18.10.2005,
DJ 08.05.2006 p. 222)

RECURSO ESPECIAL. EXONERAÇÃO AUTOMÁTICA. ALIMENTOS. MAIORIDADE DO ALIMENTANDO.


ILEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA RECORRER.
1. Carece ao Ministério Público legitimidade para recorrer contra decisão que extingue o dever de
prestar alimentos em razão do alimentando ter alcançado a maioridade, mormente se este tem advogado
constituído nos autos.
2. Recurso especial não conhecido.

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(REsp 982.410/DF, Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES, QUARTA TURMA, julgado em
06.12.2007, DJ 17.12.2007 p. 217)

CIVIL E PROCESSUAL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE ALIMENTOS. AUTORIA. MINISTÉRIO PÚBLI-


CO. MENOR. PÁTRIO PODER DA GENITORA CONFIGURADO. ILEGITIMIDADE ATIVA. LEI N. 8.069/1990,
ART. 201, III. I. Resguardado o pátrio poder da genitora, não se reconhece legitimidade ativa ao Ministé-
rio Público para a propositura de ação de alimentos. Precedentes. II. Recurso especial conhecido, mas
desprovido. (REsp 1072381/MG, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado em
24/03/2009, DJe 11/05/2009)

Direito civil e processual civil. Família. Recurso especial. Ação revisional de alimentos. Homologa-
ção de acordo em sentença sem manifestação prévia do Ministério Público. Prejuízo da criança evidencia-
do. Anulação dos atos processuais. - Legitimado que é, o Ministério Público, para velar pelo interesse do
incapaz, e considerado o notório prejuízo à alimentada com a redução dos alimentos, no acordo homolo-
gado em Juízo, sem a presença e tampouco a manifestação prévia do fiscal da lei, deve ser anulado o
processo, a partir da audiência em que prolatada a sentença homologatória de acordo, prosseguindo-se
nos moldes do devido processo legal. - Para além da circunstância provocada pelo desemprego na vida
propriamente dita daquele que presta os alimentos, propagam-se os reflexos incidentes diretamente so-
bre aquele que os recebe, ante a utilização em larga escala do emprego informal no mercado de trabalho;
a denominada relação sem vínculo empregatício repercute diretamente na forma de comprovação da ren-
da do alimentante, que poderá, de diversas maneiras, esgueirar-se pelas beiradas da informalidade para
eximir-se da obrigação alimentar, sob alegação de desemprego. Recurso especial provido, para anulação
do processo, a partir da audiência em que homologado o acordo por sentença que reduziu os alimentos,
considerado o princípio do melhor interesse da criança. (REsp 1058689/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRI-
GHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 12/05/2009, DJe 25/05/2009)

A título de complementação, na seara do Direito da Criança e do Adolescente, há também decisão


do E. STJ no sentido de que a redução da maioridade não interferiu no ECA, no que tange à medida de
internação imposta ao adolescente infrator:

HABEAS CORPUS. ECA. INTERNAÇÃO. LIBERAÇÃO COMPULSÓRIA. IDADE LIMITE, 21 ANOS. NOVO CÓ-
DIGO CIVIL. REDUÇÃO DA IDADE DA CAPACIDADE CIVIL.
DESINFLUÊNCIA NA MEDIDA SÓCIO-EDUCATIVA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL.
RESTRIÇÃO. ATIVIDADES EXTERNAS. INOCORRÊNCIA.
1. O Novo Código Civil, ao reduzir a idade da capacidade civil, não revogou o artigo 121, parágrafo 5º, do
Estatuto da Criança e do Adolescente, que fixa a idade de 21 anos para a liberação compulsória do infra-
tor.
2. Ajustada a execução da medida sócio-educativa de internação ao artigo 121, parágrafo 5º, da Lei n°
8.069/90, não há falar em constrangimento ilegal (Precedentes da Corte).
3. Conquanto o artigo 120 da Lei 8.069/90 dispense autorização do juiz para a realização de atividades
externas pelo menor sujeito à medida sócio-educativa de semiliberdade, tal não implica a exoneração do
magistrado do seu dever legal de presidir o bom cumprimento do comando da sentença, adequando a
medida sócio-educativa às peculiaridades do menor e ao próprio ato infracional por ele perpetrado (Prece-
dentes da Corte).
4. Writ denegado.
(HC 28.332/RJ, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO, SEXTA TURMA, julgado em 28.09.2004, DJ
01.02.2005 p. 613)

No âmbito da Previdência Social, a redução da maioridade civil não implicou a negação do direito
de percepção assegurado pela lei previdenciária, por ser norma especial.

Nessa linha, o Prof. HARILSON ARAÚJO:

“Assim, pela análise dos dispositivos em questão, em matéria de regime geral de benefícios de
previdência do sistema do INSS, os filhos e os irmãos de qualquer condição que estejam sob a dependên-

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cia econômica do segurado, salvo se emancipados, somente perdem a qualidade de beneficiários ao com-
pletarem 21 anos de idade”.12

E também o enunciado 3 da I Jornada de Direito Civil:

3 – Art. 5º: a redução do limite etário para a definição da capacidade civil aos 18 anos não altera o dis-
posto no art. 16, I, da Lei n. 8.213/91, que regula específica situação de dependência econômica para fins
previdenciários e outras situações similares de proteção, previstas em legislação especial.

Finalmente, neste ponto, uma pergunta não quer calar.

Seria possível antecipar-se a aquisição da capacidade plena?

A resposta é positiva: é possível, por meio da emancipação.

Vale lembrar que a emancipação repercute no âmbito do poder familiar, e, conseqüentemente, po-
de interferir também na obrigação de prestar alimentos, como, inclusive, já decidiu o STJ:

Prisão civil. Débito alimentar. Emancipação do alimentando.


I. - A emancipação do alimentando e a declaração deste dando quitação das verbas alimentares vencidas
constitui prova de não haver motivo para manter-se a prisão civil do paciente.
II. - Ordem de habeas corpus concedida.

(HC 30.384/RS, Rel. Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 18.11.2003,
DJ 15.12.2003 p. 301

A emancipação poderá ser:

a) voluntária;
b) judicial;
c) legal.

A emancipação voluntária ocorre pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, medi-
ante instrumento público, independentemente de homologação judicial, desde que o menor haja comple-
tado dezesseis anos (art. 5º., parágrafo único, I, primeira parte, CC-02).
A emancipação é ato irrevogável, mas os pais podem ser responsabilizados solidariamente pelos
danos causados pelo filho que emanciparam. Esse é o entendimento mais razoável, em nossa opinião,
para que a vítima não fique sem qualquer ressarcimento.
A emancipação judicial é aquela concedida pelo juiz, ouvido o tutor, se o menor contar com dezes-
seis anos completos (art. 5º, parágrafo único, I, segunda parte, CC-02).
Posto isso, passaremos a analisar as hipóteses de emancipação legal.
A primeira hipótese é o casamento (art. 5º, parágrafo único, II, CC-02 e art. 9º, § 1º, II, CC-16).
Recebendo-se em matrimônio, portanto, antecipam a plena capacidade jurídica, mesmo que venham a se
separar ou a se divorciar depois.
Um dado relevante a ser destacado é que, segundo o Código Civil, excepcionalmente, será permi-
tida a convolação de núpcias por aquele que ainda não alcançou a idade mínima legal (art. 1520, CC-02),
em caso de gravidez ou para evitar a imposição ou o cumprimento de pena criminal.

OBS.: Confronte a Lei n. 11.106 de 2005, que revogou o dispositivo do CP autorizador da extinção da pu-
nibilidade pelo casamento, e o art. 1520 do CC. Em sala de aula, em momento oportuno, faremos esta
importante análise, inclusive em face das suas implicações com o Direito de Família.

Em seguida, prevê a lei como causa de emancipação legal o exercício de emprego público efetivo
(art. 5º, parágrafo único, III, CC-02 e art. 9º, § 1º, III, CC-16), embora dificilmente a lei admita o provi-
mento efetivo em cargo ou emprego público antes dos 18 anos.

12
http://www.portalbrasil.net/2004/colunas/direito/abril_01.htm, acessado em 20 de julho de 2008.

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Também a colação de grau em curso de ensino superior é causa legal de emancipação (art. 5º, pa-
rágrafo único, IV, CC-02 e art. 9º, § 1º, IV, CC-16). Situação também de difícil ocorrência, para os meno-
res de 18 anos. Você já imaginou colar grau, em seu curso de Direito, antes dos dezoito anos?
Finalmente, justifica a emancipação o estabelecimento civil ou comercial, ou a existência de rela-
ção de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia
própria (art. 5º, parágrafo único, V, CC-02 e art. 9º, § 1º, V, CC-16).
Interessante é a questão do menor com dezesseis anos completos emancipado por força de uma
relação de emprego. Trata-se de previsão legal inovadora. Nesse caso, entendemos que, ainda que venha
a ser demitido, não retorna à situação de incapacidade, em respeito ao princípio da segurança jurídica.

4. Extinção da Pessoa Natural.

4.1. Noções Gerais

Termina a existência da pessoa natural com a morte (art. 6º, CC-02, art. 10, CC-16).
A parada do sistema cardiorrespiratório com a cessação das funções vitais indica o falecimento do
indivíduo. Tal aferição, permeada de dificuldades técnicas, deverá ser feita por médico, com base em seus
conhecimentos clínicos e de tanatologia.
A irreversibilidade da morte encefálica a torna um critério de determinação do óbito cientificamen-
te mais preciso13.
Mas a matéria reveste-se de alta complexidade.

4.2. Morte Presumida.

O Novo Código Civil admite a morte presumida, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei auto-
riza a abertura da sucessão definitiva (art. 6., CC-02).
Mas a declaração de morte presumida não ocorre apenas em caso de ausência.
A lei enumera outras hipóteses, em seu art. 7°, I e II:

“Art. 7° - Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:


I – se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
II – se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos
após o término da guerra.
Parágrafo único – A declaração de morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida
depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento”.

Tais hipóteses também deverão ser formuladas em procedimento específico de justificação, apli-
cando-se a Lei de Registros Públicos, no que couber.

4.3. Morte Simultânea (Comoriência).

A situação jurídica da comoriência vem prevista no art. 8º do CC-02 (art. 11, CC-16), nos seguin-
tes termos:

“Art. 8. – Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averi-
guar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos”.

Fique atento: esta regra somente é aplicável, se não se puder precisar os instantes das mortes.

13
MARIA HELENA DINIZ observa que “a noção comum de morte tem sido a ocorrência de parada cardíaca
prolongada e a ausência de respiração, ou seja, a cessação total e permanente da funções vitais, mas,
para efeito de transplante, tem a lei considerado a morte encefálica, mesmo que os demais órgãos
estejam em pleno funcionamento, ainda que ativados por drogas” (“O Estado Atual do Biodireito”, São
Paulo: Saraiva, 2001, págs. 266-267)..

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No caso de não se poder precisar a ordem cronológica das mortes dos comorientes, a lei firmará a
presunção de haverem falecido no mesmo instante, o que acarreta importantes conseqüências práticas:
abrem-se cadeias sucessórias autônomas e distintas, de maneira que um comoriente não herda
do outro.
Como diz BEVILÁQUA (in Comentários...cit. acima, pág. 207):

“Na falta de qualquer elemento de prova, o que a razão diz é que não se pode afirmar qual das
pessoas faleceu primeiro, e, conseqüentemente, nenhum direito fundado na procedência da morte pode
ser transferido de uma para a outra”.

Finalmente, vale lembrar que as mortes, em tese, podem ocorrer em locais distintos.
A título meramente ilustrativo (pois ocorrido em outro País), veja este caso noticiado pelo Portal
do Terra:

Casal morre na mesma hora em acidentes diferentes

Dois jovens namorados do noroeste da Itália morreram neste fim de semana em dois acidentes de trânsi-
to diferentes ocorridos na mesma hora, de acordo com os meios de comunicação locais.
Mauro Monucci, 29 anos, morreu por volta da meia-noite de sábado quando sua moto, de alta cilindrada,
chocou-se contra um poste em um cruzamento nos arredores do Palácio dos Esportes de Forli. O jovem
morreu quando era levado numa ambulância ao hospital, segundo a edição digital do jornal La Repubblica.
Praticamente ao mesmo tempo, o carro de sua namorada, Simona Acciai, 27 anos, saiu da estrada em
uma área periférica da cidade e caiu em um fosso. Simona morreu na hora.
Os telefonemas para os serviços de emergência para alertar sobre os dois acidentes foram feitos com
poucos minutos de diferença, mas as autoridades só perceberam que as vítimas eram um casal ao verifi-
car em seus documentos que os dois tinham o mesmo endereço.
Frente ao caso inusitado, a magistratura local ordenou a realização de autópsias nos dois corpos.
EFE
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Agência Efe S/A.

http://noticias.terra.com.br/mundo/interna/0,,OI984767-EI294,00.html

Imaginem a confusão jurídica que poderia ocorrer se fossem casados, e se o evento ocorresse no Brasil...

Bibliografia utilizada: Novo Curso de Direito Civil – Parte Geral – vol. 1. Pablo Stolze Gaglia-
no e Rodolfo Pamplona Filho, Ed. Saraiva (www.saraivajur.com.br ou
www.editorajuspodivm.com.br).

Plantão de Dúvidas: www.lfg.com.br

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5. Programa de Direito Civil do Intensivo I

1. Parte Geral
1.1. Personalidade Jurídica
1.2. Nascituro
1.3. Pessoa Física (Natural)
1.4. Direitos da Personalidade
1.5. Domicílio
1.6. Pessoa Jurídica
1.7. Teoria do Fato Juridico
1.8. Negócio Jurídico (Planos de Existência, Validade e Eficácia)

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1.9. Defeitos do Negócio Jurídico
1.10. Prescrição e Decadência

2. Obrigações
2.1. A Relação Obrigacional na perspectiva do Direito Civil Constitucional
2.2. Classificação Básica e Classificação Especial das Obrigações (principais tipos)
2.3. Teoria do Pagamento
2.4. Principais Formas Especiais de Pagamento
2.5. Transmissibilidade da Obrigação (Cessão de Débito, de Crédito e de Contrato)
2.6. Mora
2.7. Cláusula Penal e Arras
2.8. Teoria do Inadimplemento

3. Responsabilidade Civil (Teoria Geral e principais aspectos no Código Civil Brasileiro à luz
da jurisprudência do STJ e do STF)

4. Direito de Família – Parte 01 (Casamento e União Estável)

6. Textos Complementares

TEXTO COMPLEMENTAR 01 – AUSÊNCIA

A ausência é, antes de tudo, um estado de fato, em que uma pessoa desaparece de seu domicílio,
sem deixar qualquer notícia.
Visando a não permitir que este patrimônio fique sem titular, o legislador traçou o procedimento de
transmissão desses bens (em virtude da ausência) nos arts.463 a 484 do CC-16 (correspondente aos arts.
22 a 39 do novo CC), previsto ainda pelos arts. 1159 a 1169 do vigente Código de Processo Civil brasilei-
ro.
E por se tratar de matéria minuciosamente positivada, sugerimos ao nosso estimado aluno a leitura
atenta das próprias normas legais.
O CC-02 reconhece a ausência como uma morte presumida, em seu art.6º, a partir do momento
em que a lei autorizar a abertura de sucessão definitiva, consoante vimos em sala de aula.
Para se chegar a este momento, porém, um longo caminho deve ser cumprido, como a seguir ve-
remos.

a) Curadoria dos Bens do Ausente.

A requerimento de qualquer interessado direto ou mesmo do Ministério Público, será nomeado cu-
rador, que passará a gerir os negócios do ausente até o seu eventual retorno.
Na mesma situação se enquadrará aquele que, tendo deixado mandatário, este último se encontre
impossibilitado, física ou juridicamente (quando seus poderes outorgados forem insuficientes), ou sim-
plesmente não tenha interesse em exercer o múnus.
Observe-se que esta nomeação não é discricionária, estabelecendo a lei uma ordem legal estrita e
sucessiva, no caso de impossibilidade do anterior, a saber:
1) o cônjuge do ausente, se não estiver separado judicialmente, ou de fato por mais de
dois anos antes da declaração da ausência;
2) pais do ausente (destaque-se que a referência é somente aos genitores, e não aos
ascendentes em geral);
3) descendentes do ausente, preferindo os mais próximos aos mais remotos
4) qualquer pessoa à escolha do magistrado.

b) Sucessão Provisória.

Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procu-

INTENSIVO I – Direito Civil – Pablo Stolze – Aula n. 01


rador, em se passando três anos14, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra
provisoriamente a sucessão.
Por cautela, cerca-se o legislador da exigência de garantia da restituição dos bens, nos quais os
herdeiros se imitiram provisoriamente na posse, mediante a apresentação de penhores ou hipotecas equi-
valentes aos quinhões respectivos, valendo-se destacar, inclusive, que o § 1º do art. 30 estabelece que
aquele “que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia exigida neste artigo, será
excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a administração do curador, ou de outro herdei-
ro designado pelo juiz, e que preste essa garantia”15.
Esta razoável cautela de exigência de garantia é excepcionada, porém, em relação aos ascenden-
tes, descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua condição de herdeiros (§ 2º do art.30), o que po-
de ser explicado pela particularidade de seu direito, em função dos outros sujeitos legitimados para re-
querer a abertura da sucessão provisória16, ao qual se acrescenta o Ministério Público, por força do § 1º
do art.28 do CC-02.
Em todo caso, a provisoriedade da sucessão é evidente na tutela legal, haja vista que é expressa-
mente determinado, por exemplo, que os “imóveis do ausente só se poderão alienar não sendo por desa-
propriação, ou hipotecar, quando o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína” (art.31), bem como que “antes
da partilha, o juiz, quando julgar conveniente, ordenará a conversão dos bens móveis, sujeitos a deterio-
ração ou a extravio, em imóveis ou em títulos garantidos pela União” (art.29).
Um aspecto de natureza processual da mais alta significação, na idéia de preservação, ao máximo,
do patrimônio do ausente, é a estipulação, pelo art.28, do prazo de 180 dias para produção de efeitos da
sentença que determinar a abertura da sucessão provisória, após o que, transitando em julgado, proce-
der-se-á à abertura do testamento, caso existente, ou ao inventário e partilha dos bens, como se o au-
sente tivesse falecido.
Com a posse nos bens do ausente, passam os sucessores provisórios a representar ativa e passi-
vamente o ausente, o que lhes faz dirigir contra si todas as ações pendentes e as que de futuro àquele
foram movidas.
Na forma do art. 33, os herdeiros empossados, se descendentes, ascendentes ou cônjuges terão
direito subjetivo a todos os furtos e rendimentos dos bens que lhe couberem, o que não acontecerá com
os demais sucessores, que deverão, necessariamente, capitalizar metade destes bens acessórios, com
prestação anual de contas ao juiz competente.
Se, durante esta posse provisória, porém, se prova o efetivo falecimento do ausente, converter-se-
á a sucessão em definitiva, considerando-se a mesma aberta, na data comprovada, em favor dos herdei-
ros que o eram àquele tempo. Isto, inclusive, pode gerar algumas modificações na situação dos herdeiros
provisórios, uma vez que não se pode descartar a hipótese de haver herdeiros sobreviventes na época
efetiva do falecimento do desaparecido, mas que não mais estavam vivos quando do processo de suces-
são provisória.

c) Sucessão Definitiva.

Por mais que se queira preservar o patrimônio do ausente, o certo é que a existência de um longo
lapso temporal, sem qualquer sinal de vida, reforça as fundadas suspeitas de seu falecimento.
Por isto, presumindo efetivamente o seu falecimento, estabelece a lei o momento próprio e os efei-
tos da sucessão definitiva.
De fato, dez anos após o trânsito em julgado da sentença de abertura de sucessão provisória, con-
verter-se-á a mesma em definitiva – o que, obviamente, dependerá de provocação da manifestação judi-

14
Esta segunda hipótese se limita à previsão do art. 23 do CC-02: “Também se declarará a ausência, e se
nomeará curador, quando o ausente deixar mandatário que não queira, ou não possa exercer ou
continuar o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes”
15
Ressalve-se, todavia, que o art. 34 do CC-02 admite que o “excluído, segundo o art. 30, da posse
provisória poderá, justificando falta de meios, requerer lhe seja entregue metade dos rendimentos do
quinhão que lhe tocaria”.
16
“Art. 27. Para o efeito previsto no artigo antecedente, somente se consideram interessados:
I – o cônjuge não separado judicialmente;
II – os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários;
III – os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte;
IV – os credores de obrigações vencidas e não pagas.”

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cial para a retirada dos gravames impostos – podendo os interessados requerer o levantamento das cau-
ções prestadas.
Esta plausibilidade maior do falecimento presumido é reforçado, em função da expectativa média
de vida do homem, admitindo o art. 38 a possibilidade de requerimento da sucessão definitiva, “provan-
do-se que o ausente conta oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele”.

d) Retorno do Ausente

Admite a lei a possibilidade de ausente retornar.


Se este aparece na fase de arrecadação de bens, não há qualquer prejuízo ao seu patrimônio, con-
tinuando ele a gozar plenamente de todos os seus bens.
Se já tiver sido aberta a sucessão provisória, a prova de que a ausência foi voluntária e injustifica-
da, faz com que o ausente perca, em favor do sucessor provisório, sua parte nos frutos e rendimento
(art.33, parágrafo único). Em função, porém, da provisoriedade da sucessão, o seu reaparecimento, faz
cessar imediatamente todas as vantagens dos sucessores imitidos na posse, que ficam obrigados a tomar
medidas assecuratórias precisas, até a entrega dos bens a seu titular (art.36)
Se a sucessão, todavia, já for definitiva, terá o ausente o direito aos seus bens, se ainda incólu-
mes, não respondendo os sucessores havidos pela sua integridade, conforme se verifica no art. 39, nos
seguintes termos:

“Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou algum de
seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes no estado em que se
acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem
recebido pelos bens alienados depois daquele tempo.
Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o ausente não regressar, e nenhum interes-
sado promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distri-
to Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União, quando
situados em território federal.”

OBS. Olhe que interessante:

Situação interessante diz respeito ao efeito dissolutório do casamento, decorrente da ausência,


admitido pelo novo Código Civil, em seu art. 1571 § 1o :
§ 1o O casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio, aplicando-se
a presunção estabelecida neste Código quanto ao ausente.

Fonte: Novo Curso de Direito Civil, Parte Geral, vol. I– Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Folho
(Ed. Saraiva).

TEXTO COMPLEMENTAR 02 – VISÃO DO CÓDIGO CIVIL

Outro texto que recomendamos é o do Prof. Miguel Reale, disponível no site do Jus Navigandi
(http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2718), intitulado “Visão do Código Civil”, em que se estu-
dam os princípios básicos do Código Civil de 2002: eticidade, operabilidade, socialidade.

Vale a pena conferir!

TEXTO COMPLEMENTAR 03 – MORTE PRESUMIDA

Finalmente, segue texto gentilmente cedido pelo brilhante jurista e querido amigo Prof. Inácio de Car-
valho Neto:

A MORTE PRESUMIDA COMO CAUSA DE DISSOLUÇÃO DO CASAMENTO17

17
Texto que nos foi gentilmente cedido por este grande amigo e brilhante professor de Direito Civil.

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Inácio de Carvalho Neto*

O novo Código Civil, no art. 1.571, § 1º., passou a admitir a presunção de morte como
causa de dissolução do casamento18. Contraria, assim, o que dispunha o art. 315, parágrafo único, do
Código de 1916, que expressamente excluía a morte presumida como causa de dissolução do matrimônio.
Ou seja, por mais duradoura que fosse a ausência, não tinha ela o condão de dissolver o casamento19.
Com a revogação deste dispositivo pelo art. 54 da Lei do Divórcio, e não tratando esta expressamente do
tema, entenderam alguns autores ser possível a dissolução do matrimônio pela morte presumida20.
Não obstante, entendemos que a morte presumida não tinha este condão. Posto que não
repetida expressamente a proibição do dispositivo revogado do Código Civil, não se podia requerer a de-
claração de dissolução do vínculo matrimonial por morte presumida de um dos cônjuges, já que o instituto
da morte presumida se referia exclusivamente à sucessão dos bens deixados pelo ausente21. Necessário

*
Especialista em Direito Penal e Processual Penal pela Unipar. Mestre em Direito Civil pela Universidade
Estadual de Maringá – UEM. Doutorando em Direito Civil pela Universidade de São Paulo – USP. Professor
de Direito Civil da Unifil, da Faccar, da Escola do Ministério Público e da Escola da Magistratura do Paraná.
Promotor de Justiça no Paraná. Autor dos livros Separação e divórcio: teoria e prática, ed. Juruá, 5ª.
edição; Aplicação da pena, ed. Forense, 2ª. edição; Responsabilidade do Estado por atos de seus
agentes, ed. Atlas; Ação declaratória de constitucionalidade, ed. Juruá, 2ª. edição; Abuso do
direito, ed. Juruá, 3ª. edição; Extinção indireta das obrigações, ed. Juruá, 2ª. edição; Novo Código
Civil comparado e comentado, ed. Juruá, em 7 volumes (alguns em 2ª. edição); Responsabilidade
civil no direito de família, ed. Juruá; e de diversos artigos publicados em diversas revistas jurídicas. E-
mail do autor: inaciocarvalho@onda.com.br.
18
“§ 1º. O casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio, aplicando-se
a presunção estabelecida neste Código quanto ao ausente”. Igualmente dispõe o Código Civil argentino,
com a redação da Lei nº. 23.515/87, com a diferença de que a dissolução só ocorre com o novo
casamento: “Art. 213 - El vínculo matrimonial se disuelve: 1) por la muerte de uno de los esposos; 2) por
el matrimonio que contrajere el cónyuge del declarado ausente com presunción de fallecimiento; 3) por
sentencia de divorcio vincular”). Da mesma forma o Código Civil italiano: “65. Nuovo matrimonio del
coniuge. – Divenuta eseguibile la sentenza che dichiara la morte presunta, il coniuge può contrarre nuovo
matrimonio”. Igualmente dispunha o art. 59 do Projeto de Orlando Gomes.
19
Observe-se o quanto perniciosa era a regra: imagine-se a hipótese de pessoa recém-casada, ainda
nova, desaparecendo em seguida seu cônjuge. Ficaria essa pessoa para o resto da vida impossibilitada de
se casar novamente, tendo em vista a impossibilidade do divórcio à época.
20
“Ainda que se efetuasse a sucessão definitiva, com a presunção de morte, não se considerava
dissolvido o casamento, de sorte que o cônjuge presente não podia contrair novo casamento. Agora,
porém, não há mais óbice” (PACHECO, José da Silva. Inventários e partilhas. 10. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 1996, p. 67) (grifo nosso). “Se a lei admitiu, para efeitos patrimoniais, uma presunção de morte
do ausente há mais de vinte anos ou que completou 95 anos de idade, não se vê razão para não admitir a
mesma presunção em matéria de casamento. Se houve para um caso uma forte razão de fato a justificar
a presunção, também haverá no outro caso” (CRUZ, Guilherme Braga da. Direitos de família. 2. ed.
Coimbra: Coimbra, 1942, v. 1, p. 123).
21
Neste sentido a lição da doutrina majoritária: “Quanto à primeira hipótese de dissolução da sociedade
conjugal, no art. 2º., inciso I, prevista (morte de um dos cônjuges), que, consoante esclarece o parágrafo
único do mesmo artigo, também é caso de dissolução do vínculo matrimonial - oportuno é observar -, a
despeito do silêncio da lei, que não ressalva a vigência do parágrafo único do art. 315 do CC, pelo art. 54
da Lei 6.515/77 revogado - que continua excluída a hipótese de morte presumida (art. 10, 2ª.
parte, do CC) - quer como fundamento para a dissolução da sociedade conjugal, quer para extinção do
vínculo matrimonial” (PEREIRA, Áurea Pimentel. Divórcio e separação judicial. 3. ed. Rio de Janeiro:
Renovar, 1989, p. 22) (grifo nosso). “Assim, para o efeito da dissolução da sociedade conjugal, não se
aproveita a presunção de morte do ausente, estabelecida no art. 10, segunda parte, do CC. ...Todavia,
embora omitida a limitação da eficácia da presunção de morte, não se deduz daí terem os novos
legisladores se afastado da sistemática anterior, de modo a permitir que, com a declaração judicial da
ausência, induzindo a presunção de morte do cônjuge, decorra ipso jure a liberação do outro para novo

INTENSIVO I – Direito Civil – Pablo Stolze – Aula n. 01


se fazia, portanto, que o cônjuge promovesse o divórcio, o que lhe seria, inclusive, mais fácil, já que o
divórcio direto depende apenas de dois anos de separação de fato, ao passo que, para a configuração da
morte presumida, ordinariamente, se faz necessária a ausência por dez anos (art. 1.167, inciso II, do Có-
digo de Processo Civil). Talvez por esta razão não tenha o legislador repetido a norma do revogado art.
315 do Código Civil. Naquele, como não se aceitava o divórcio a vínculo, era necessário deixar expresso
que também não se aplicaria a presunção de morte. A partir da Lei nº. 6.515/77, instituído o divórcio,
dificilmente alguém se utilizaria desta presunção para dissolver o vínculo conjugal. Ademais, como lem-
brava Yussef Said CAHALI, “ausente qualquer provisão legal que o autorize, continua inexistindo qualquer
ação direta para a declaração da ruptura do vínculo matrimonial devido à ausência declarada ou presumi-
da do cônjuge; nem esta ausência, ainda que declarada judicialmente, tem o condão de produzir ipso jure
a dissolução do matrimônio”22.
Mas o novo Código Civil altera esta situação, decretando, no art. 1.571, § 1º., a dissolu-
ção do casamento pela ausência do outro cônjuge em decisão judicial transitada em julgado. Pode agora,
o cônjuge do ausente, optar entre pedir o divórcio para se casar novamente ou esperar pela presunção de
morte, que se dá com a conversão da sucessão provisória em definitiva. O divórcio, embora mais rápido,
tem a desvantagem de fazer o cônjuge perder o direito à sucessão. Com efeito, sendo o cônjuge herdeiro
ainda que haja descendentes ou ascendentes do de cujus (ou, no caso, do ausente), nos termos do art.
1.829 do novo Código, precisará, não obstante, conservar a posição de cônjuge até a conversão da suces-
são provisória em definitiva, quando, só então, haverá realmente a vocação hereditária. Se se divorciar
antes, embora tendo a vantagem de poder se casar novamente desde logo, terá a desvantagem de perder
a capacidade sucessória do ausente.
Mas a lei não resolve algumas questões que a nova norma suscita: em primeiro lugar,
em que momento se considera presumida a morte do ausente, para o fim da dissolução do seu casamen-
to? Interpretando isoladamente os arts. 22 e 23 do novo Código23, poder-se-ia chegar à singela conclusão
de que tal dissolução se daria tão logo se desse o desaparecimento do ausente. Mas tal interpretação con-
traria a sistemática do instituto, bem como a letra do art. 6º., que dispõe: “A existência da pessoa natural
termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura
de sucessão definitiva”. Assim, é somente com a conversão da sucessão provisória em definitiva que se
presume a morte do ausente, pelo que somente essa conversão é que dissolve o casamento do ausente.
Há quem defenda a idéia de que o cônjuge do ausente, para casar-se novamente, deve
promover o divórcio. Mas tal entendimento não pode ser aceito. Que o divórcio dissolve o vínculo conjugal
não se duvida. Entretanto, não se pode exigir o divórcio no caso em tela, pois a nova lei erigiu a morte
presumida como causa independente de dissolução do vínculo. Vale dizer: a morte é, ao lado do divórcio,
causa de dissolução do casamento; a conversão da sucessão provisória em definitiva, fazendo presumir a
morte, dissolve também o vínculo, e por si só, pelo que nada mais se pode requerer para dissolvê-lo, pois
já estará o casamento dissolvido com a sentença de conversão. Quisesse a lei que o cônjuge do ausente
promovesse o divórcio, nada precisaria ter dito, pois assim já era no sistema da Lei do Divórcio sem qual-
quer texto legal.
A sentença declaratória de ausência, nos termos do art. 9º., inciso IV, do Código Civil e
do art. 94 da Lei de Registros Públicos, deve ser registrada no Registro Civil. Daí resultaria para o cônjuge
do ausente a condição de viúvo? A lei não o diz, mas é de se supor que sim, pois seria esta a conseqüên-
cia principal do registro da sentença de conversão da sucessão provisória em definitiva. Mas: viúvo de
cônjuge vivo? Sim, porque não se pode negar que o presumido morto é um possível vivo. E mais: uma
viuvez “revogável”? Admitindo a lei o retorno do ausente até 10 anos depois da conversão da sucessão

matrimônio, no pressuposto legal de estar dissolvido o vínculo anterior” (CAHALI, Yussef Said. Divórcio e
separação. 10. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002, p. 69-70) (grifo no original). “O efeito
dissolutivo do vínculo se produz apenas com a morte real, provada mediante certidão de assento de óbito
do cônjuge. A presunção de morte do ausente não aproveita para o efeito de terminação do vínculo
conjugal, de modo que o caminho atual é o de que a ausência é causa de separação judicial ou de
divórcio” (FREITAS, Geralda Pedroso. A terminação do vínculo conjugal. In: O direito de família e a
Constituição de 1988. Coord. Carlos Alberto BITTAR. São Paulo: Saraiva, 1989, p. 220).
22
CAHALI, Yussef Said. Op. cit., p. 71.
23
“Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado
representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer
interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador. Art. 23. Também se
declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o ausente deixar mandatário que não queira ou não
possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes”.

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provisória em definitiva, podendo ele reassumir seus bens (art. 39), ou, mesmo depois dos 10 anos (em-
bora sem reassumir seus bens), naturalmente poderá o ausente reabilitar-se civilmente, deixando de ser
presumido morto, com o que estará revogado o estado de viúvo do seu cônjuge.
Pode o ex-cônjuge do ausente, pretendendo casar, habilitar-se matrimonialmente? Que
documentos deve apresentar? Vejamos o que diz o art. 1.525: “O requerimento de habilitação para o ca-
samento será firmado por ambos os nubentes, de próprio punho, ou, a seu pedido, por procurador, e de-
ve ser instruído com os seguintes documentos: ...IV - declaração do estado civil, do domicílio e da resi-
dência atual dos contraentes e de seus pais, se forem conhecidos; V - certidão de óbito do cônjuge faleci-
do, de sentença declaratória de nulidade ou de anulação de casamento, transitada em julgado, ou do re-
gistro da sentença de divórcio”.
De princípio, já se vê que o ex-cônjuge terá que declarar seu estado civil para casar no-
vamente. Declarará o estado de viúvo, com as implicações antes ditas? Ou, declarando o estado de casa-
do, aceitará o Oficial do Registro Civil a sua habilitação? Como ficaria, neste caso, o impedimento do art.
1.521, inciso VI24? Mas o maior problema é que a lei não previu a juntada da certidão do registro da sen-
tença de conversão para fins de habilitação matrimonial. No citado inciso V só se fala em certidão de óbi-
to, de anulação ou de divórcio; esqueceu-se o legislador de que o nubente que foi casado pode não ter
nenhum desses documentos, mas apenas a certidão de registro da sentença de conversão, documento
que, nos termos do art. 1.571, § 1º., deve-lhe ser suficiente.
Outra conseqüência não prevista pelo legislador é o fato do eventual retorno do ausente
após o casamento de seu ex-cônjuge. Imagine-se que, após a sentença de conversão, o ex-cônjuge do
ausente se case, aproveitando-se da disposição do art. 1.571, § 1º., vindo, depois do casamento, a rea-
parecer o ausente. Como fica o primeiro e o segundo casamento do cônjuge do ausente? Dir-se-á ser
simples a solução, pois o citado parágrafo diz que o primeiro casamento se dissolve pela presunção de
morte, equivalendo, portanto, ao divórcio, ou à morte real. Daí seguiria a conseqüência de que, estando
dissolvido o primeiro casamento, válido ficaria o segundo25. Mas deve-se discutir: a presunção de morte é
uma presunção absoluta (juris et de jure)? Não seria antes uma presunção relativa (juris tantum)? Não se
pode negar o seu caráter de presunção relativa, já que o ausente pode retornar e, em conseqüência, pro-
var que não está morto realmente. Sendo presunção relativa, desfaz-se com a prova de que não houve
morte real, ou seja, com o reaparecimento do ausente. Então, desfeita a presunção, seria lógico se en-
tender desfeita também a dissolução do casamento. E a conseqüência disto seria desastrosa: o segundo
casamento do cônjuge do ausente foi feito em bigamia, sendo, portanto, nulo26. Esta a solução adotada
pelo direito italiano27. Seria razoável anular o casamento do ex-cônjuge do ausente pelo reaparecimento
deste depois de tanto tempo? Melhor seria se a lei tivesse disposição semelhante ao § 1.348 do BGB (Có-
digo Civil alemão), que dizia expressamente ficar válido o segundo casamento nesse caso28.
Por fim, ainda um questionamento: pode o próprio ausente se beneficiar da dissolução do
casamento pela ausência? Ou em outros termos: pode o ausente, estando vivo em algum lugar, contrair
validamente um novo matrimônio? A lei não o diz, mas, partindo-se do pressuposto que a dissolução se
dá pela morte presumida, não estando o ausente morto realmente, não há dissolução do casamento, pelo
que não poderá ele validamente casar novamente. Mas aí teremos outro problema: enquanto para o côn-
juge do ausente o casamento estará dissolvido, para o ausente não, permanecendo ele casado. Mas, ca-
sado com quem? Casado com alguém que é viúvo ou que já se casou com outra pessoa?

24
“Art. 1.521. Não podem casar: ...VI – as pessoas casadas”.
25
Neste sentido, escreve GONÇALVES, Carlos Roberto (Direito civil brasileiro: parte geral. São Paulo:
Saraiva, 2003, v. 1, p. 118) que se o ausente “estiver vivo e aparecer, depois de presumida a sua morte
e aberta a sucessão definitiva, com a dissolução da sociedade conjugal, e seu cônjuge houver contraído
novo matrimônio, prevalecerá o último”.
26
Afasta-se, contudo, as conseqüências criminais da bigamia (art. 235 do Código Penal), tendo em vista
que não houve dolo das partes.
27
“68. Nullità del nuovo matrimonio. – Il matrimonio contratto a norma dell’articolo 65 è nullo, qualora la
persona della quale fu dichiarata la morte presunta ritorni o ne sia accertata l’esistenza. Sono salvi gli
effetti civili del matrimonio dichiarato nullo. La nullità non può essere pronunziata nel caso in cui è
accertata la morte, anche se avvenuta in uma data posteriore a quella del matrimonio”. No mesmo
sentido dispunha o Projeto de Orlando Gomes (art. 59).
28
“§ 1348. Se um cônjuge contrai um novo matrimônio depois de que o outro cônjuge foi declarado
falecido, o novo matrimônio não é nulo pela circunstância de que o cônjuge declarado falecido ainda viva,
a não ser que ambos cônjuges soubessem no momento da conclusão do matrimônio que o cônjuge
declarado falecido sobreviveu à declaração de falecimento”. Este dispositivo, contudo, está revogado.

INTENSIVO I – Direito Civil – Pablo Stolze – Aula n. 01


De todo o exposto, concluímos que seria melhor que o legislador tivesse evitado a dispo-
sição em comento, mantendo a não dissolução do casamento pela presunção de morte, de modo que fos-
se necessário ao cônjuge do ausente promover o divórcio, evitando, assim, todas as complicações antes
enunciadas.

Referências:
CAHALI, Yussef Said. Divórcio e separação. 10. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.
CRUZ, Guilherme Braga da. Direitos de família. 2. ed. Coimbra: Coimbra, 1942, v. 1.
FREITAS, Geralda Pedroso. A terminação do vínculo conjugal. In: O direito de família e a Constituição de
1988. Coord. Carlos Alberto BITTAR. São Paulo: Saraiva, 1989.
GONÇALVES, Carlos Roberto (Direito civil brasileiro: parte geral. São Paulo: Saraiva, 2003, v. 1.
PACHECO, José da Silva. Inventários e partilhas. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1996.
PEREIRA, Áurea Pimentel. Divórcio e separação judicial. 3. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 1989.

7. Enunciados das Jornadas de Direito Civil (Parte Geral)

I JORNADA

1 – Art. 2º: a proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direitos
da personalidade, tais como nome, imagem e sepultura.
2 – Art. 2º: sem prejuízo dos direitos da personalidade nele assegurados, o art. 2º do Código Civil não é
sede adequada para questões emergentes da reprogenética humana, que deve ser objeto de um estatuto
próprio.
3 – Art. 5º: a redução do limite etário para a definição da capacidade civil aos 18 anos não altera o dis-
posto no art. 16, I, da Lei n. 8.213/91, que regula específica situação de dependência econômica para fins
previdenciários e outras situações similares de proteção, previstas em legislação especial.
4 – Art.11: o exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que não seja
permanente nem geral.
5 – Arts. 12 e 20: 1) as disposições do art. 12 têm caráter geral e aplicam-se, inclusive, às situações pre-
vistas no art. 20, excepcionados os casos expressos de legitimidade para requerer as medidas nele esta-
belecidas; 2) as disposições do art. 20 do novo Código Civil têm a finalidade específica de regrar a proje-
ção dos bens personalíssimos nas situações nele enumeradas. Com exceção dos casos expressos de legi-
timação que se conformem com a tipificação preconizada nessa norma, a ela podem ser aplicadas subsi-
diariamente as regras instituídas no art. 12.
6 – Art. 13: a expressão “exigência médica” contida no art. 13 refere-se tanto ao bem-estar físico quanto
ao bem-estar psíquico do disponente.
7 – Art. 50: só se aplica a desconsideração da personalidade jurídica quando houver a prática de ato irre-
gular e, limitadamente, aos administradores ou sócios que nela hajam incorrido.
8 – Art. 62, parágrafo único: a constituição de fundação para fins científicos, educacionais ou de promo-
ção do meio ambiente está compreendida no CC, art. 62, parágrafo único.
9 – Art. 62, parágrafo único: o art. 62, parágrafo único, deve ser interpretado de modo a excluir apenas
as fundações com fins lucrativos.
10 – Art. 66, § 1º: em face do princípio da especialidade, o art. 66, § 1º, deve ser interpretado em sinto-
nia com os arts. 70 e 178 da LC n. 75/93.
11– Art. 79: não persiste no novo sistema legislativo a categoria dos bens imóveis por acessão intelectu-
al, não obstante a expressão “tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente”, constante da par-
te final do art. 79 do CC.
12 – Art. 138: na sistemática do art. 138, é irrelevante ser ou não escusável o erro, porque o dispositivo
adota o princípio da confiança.
13 – Art. 170: o aspecto objetivo da convenção requer a existência do suporte fático no negócio a conver-
ter-se.
14 – Art. 189: 1) o início do prazo prescricional ocorre com o surgimento da pretensão, que decorre da
exigibilidade do direito subjetivo; 2) o art. 189 diz respeito a casos em que a pretensão nasce imediata-
mente após a violação do direito absoluto ou da obrigação de não fazer.

INTENSIVO I – Direito Civil – Pablo Stolze – Aula n. 01


III JORNADA29

138 – Art. 3º: A vontade dos absolutamente incapazes, na hipótese do inc. I do art. 3o, é juridicamente
relevante na concretização de situações existenciais a eles concernentes, desde que demonstrem discer-
nimento bastante para tanto.
139 – Art. 11: Os direitos da personalidade podem sofrer limitações, ainda que não especificamente pre-
vistas em lei, não podendo ser exercidos com abuso de direito de seu titular, contrariamente à boa-fé
objetiva e aos bons costumes.
140 – Art. 12: A primeira parte do art. 12 do Código Civil refere-se às técnicas de tutela específica, apli-
cáveis de ofício, enunciadas no art. 461 do Código de Processo Civil, devendo ser interpretada com resul-
tado extensivo.
141 – Art. 41: A remissão do art. 41, parágrafo único, do CC às “pessoas jurídicas de direito público, a
que se tenha dado estrutura de direito privado”, diz respeito às fundações públicas e aos entes de fiscali-
zação do exercício profissional.
142 – Art. 44: Os partidos políticos, os sindicatos e as associações religiosas possuem natureza associati-
va, aplicando-se-lhes o Código Civil.
143 – Art. 44: A liberdade de funcionamento das organizações religiosas não afasta o controle de legali-
dade e legitimidade constitucional de seu registro, nem a possibilidade de reexame pelo Judiciário da
compatibilidade de seus atos com a lei e com seus estatutos.
144 – Art. 44: A relação das pessoas jurídicas de Direito Privado, constante do art. 44, incs. I a V, do
Código Civil, não é exaustiva.
145 – Art. 47: O art. 47 não afasta a aplicação da teoria da aparência.
146 – Art. 50: Nas relações civis, interpretam-se restritivamente os parâmetros de desconsideração da
personalidade jurídica previstos no art. 50 (desvio de finalidade social ou confusão patrimonial). (Este
Enunciado não prejudica o Enunciado n. 7)
147 – Art. 66: A expressão “por mais de um Estado”, contida no § 2o do art. 66, não exclui o Distrito
Federal e os Territórios. A atribuição de velar pelas fundações, prevista no art. 66 e seus parágrafos, ao
MP local – isto é, dos Estados, DF e Territórios onde situadas – não exclui a necessidade de fiscalização de
tais pessoas jurídicas pelo MPF, quando se tratar de fundações instituídas ou mantidas pela União, autar-
quia ou empresa pública federal, ou que destas recebam verbas, nos termos da Constituição, da LC n.
75/93 e da Lei de Improbidade.
148 – Art. 156: Ao “estado de perigo” (art. 156) aplica-se, por analogia, o disposto no § 2º do art. 157.
149 – Art. 157: Em atenção ao princípio da conservação dos contratos, a verificação da lesão deverá
conduzir, sempre que possível, à revisão judicial do negócio jurídico e não à sua anulação, sendo dever do
magistrado incitar os contratantes a seguir as regras do art. 157, § 2º, do Código Civil de 2002.
150 – Art. 157: A lesão de que trata o art. 157 do Código Civil não exige dolo de aproveitamento.
151 – Art. 158: O ajuizamento da ação pauliana pelo credor com garantia real (art. 158, § 1o) prescinde
de prévio reconhecimento judicial da insuficiência da garantia.
152 – Art. 167: Toda simulação, inclusive a inocente, é invalidante.
153 – Art. 167: Na simulação relativa, o negócio simulado (aparente) é nulo, mas o dissimulado será vá-
lido se não ofender a lei nem causar prejuízos a terceiros.
154 – Art. 194: O juiz deve suprir de ofício a alegação de prescrição em favor do absolutamente incapaz.
155 – Art. 194: O art. 194 do Código Civil de 2002, ao permitir a declaração ex officio da prescrição de
direitos patrimoniais em favor do absolutamente incapaz, derrogou o disposto no § 5º do art. 219 do CPC.
156 – Art. 198: Desde o termo inicial do desaparecimento, declarado em sentença, não corre a prescrição
contra o ausente.
157 – Art. 212: O termo “confissão” deve abarcar o conceito lato de depoimento pessoal, tendo em vista
que este consiste em meio de prova de maior abrangência, plenamente admissível no ordenamento jurídi-
co brasileiro.
158 – Art. 215: A amplitude da noção de “prova plena” (isto é, “completa”) importa presunção relativa
acerca dos elementos indicados nos incisos do §1o, devendo ser conjugada com o disposto no parágrafo
único do art. 219.

IV JORNADA

29
A II Jornada não elaborou enunciados.

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272 – Art. 10. Não é admitida em nosso ordenamento jurídico a adoção por ato extrajudicial, sendo indis-
pensável a atuação jurisdicional, inclusive para a adoção de maiores de dezoito anos.
273 – Art. 10. Tanto na adoção bilateral quanto na unilateral, quando não se preserva o vínculo com
qualquer dos genitores originários, deverá ser averbado o cancelamento do registro originário de nasci-
mento do adotado, lavrando-se novo registro. Sendo unilateral a adoção, e sempre que se preserve o vín-
culo originário com um dos genitores, deverá ser averbada a substituição do nome do pai ou da mãe na-
tural pelo nome do pai ou da mãe adotivos.
274 – Art. 11. Os direitos da personalidade, regulados de maneira não-exaustiva pelo Código Civil, são
expressões da cláusula geral de tutela da pessoa humana, contida no art. 1º, III, da Constituição (princí-
pio da dignidade da pessoa humana).
Em caso de colisão entre eles, como nenhum pode sobrelevar os demais, deve-se aplicar a técnica da
ponderação.
275 – Arts. 12 e 20. O rol dos legitimados de que tratam os arts. 12, parágrafo único, e 20, parágrafo
único, do Código Civil também compreende o companheiro.
276 – Art.13. O art. 13 do Código Civil, ao permitir a disposição do próprio corpo por exigência médica,
autoriza as cirurgias de transgenitalização, em conformidade com os procedimentos estabelecidos pelo
Conselho Federal de Medicina, e a conseqüente alteração do prenome e do sexo no Registro Civil.
277 – Art.14. O art. 14 do Código Civil, ao afirmar a validade da disposição gratuita do próprio corpo, com
objetivo científico ou altruístico, para depois da morte,
determinou que a manifestação expressa do doador de órgãos em vida prevalece sobre a vontade dos
familiares, portanto, a aplicação do art. 4º da Lei n. 9.434/97 ficou restrita à hipótese de silêncio do po-
tencial doador.
278 – Art.18. A publicidade que venha a divulgar, sem autorização, qualidades inerentes a determinada
pessoa, ainda que sem mencionar seu nome, mas sendo capaz de identificá-la, constitui violação a direito
da personalidade.
279 – Art.20. A proteção à imagem deve ser ponderada com outros interesses constitucionalmente tute-
lados, especialmente em face do direito de amplo acesso à informação e da liberdade de imprensa. Em
caso de colisão, levar-se-á em conta a notoriedade do retratado e dos fatos abordados, bem como a vera-
cidade destes e, ainda, as características de sua utilização (comercial, informativa, biográfica), privilegi-
ando-se medidas que não restrinjam a divulgação de informações.
280 – Arts.44, 57 e 60. Por força do art. 44, § 2º, consideram-se aplicáveis às sociedades reguladas pelo
Livro II da Parte Especial, exceto às limitadas, os arts. 57 e 60, nos seguintes termos:
a) Em havendo previsão contratual, é possível aos sócios deliberar a exclusão de sócio por justa causa,
pela via extrajudicial, cabendo ao contrato disciplinar o procedimento de exclusão, assegurado o direito de
defesa, por aplicação analógica do art. 1085;
b) As deliberações sociais poderão ser convocadas pela iniciativa de sócios que representem 1/5 (um
quinto) do capital social, na omissão do contrato. A mesma regra aplica-se na hipótese de criação, pelo
contrato, de outros órgãos de deliberação colegiada.
281 – Art. 50. A aplicação da teoria da desconsideração, descrita no art. 50 do Código Civil, prescinde da
demonstração de insolvência da pessoa jurídica.
282 – Art. 50. O encerramento irregular das atividades da pessoa jurídica, por si só, não basta para ca-
racterizar abuso de personalidade jurídica.
283 – Art. 50. É cabível a desconsideração da personalidade jurídica denominada “inversa” para alcançar
bens de sócio que se valeu da pessoa jurídica para ocultar ou desviar bens pessoais, com prejuízo a ter-
ceiros.
284 – Art. 50. As pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos ou de fins não-econômicos estão
abrangidas no conceito de abuso da personalidade jurídica.
285 – Art. 50. A teoria da desconsideração, prevista no art. 50 do Código Civil, pode ser invocada pela
pessoa jurídica em seu favor.
286 – Art. 52. Os direitos da personalidade são direitos inerentes e essenciais à pessoa humana, decor-
rentes de sua dignidade, não sendo as pessoas jurídicas titulares de tais direitos.
287 – Art. 98. O critério da classificação de bens indicado no art. 98 do Código Civil não exaure a enume-
ração dos bens públicos, podendo ainda ser classificado como tal o bem pertencente a pessoa jurídica de
direito privado que esteja afetado à prestação de serviços públicos.
288 – Arts. 90 e 91. A pertinência subjetiva não constitui requisito imprescindível para a configuração das
universalidades de fato e de direito.
289 – Art. 108. O valor de 30 salários mínimos constante no art. 108 do Código Civil brasileiro, em refe-
rência à forma pública ou particular dos negócios jurídicos que envolvam bens imóveis, é o

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atribuído pelas partes contratantes e não qualquer outro valor arbitrado pela Administração Pública com
finalidade tributária.
290 – Art. 157. A lesão acarretará a anulação do negócio jurídico quando verificada, na formação deste, a
desproporção manifesta entre as prestações assumidas pelas partes, não se presumindo a premente ne-
cessidade ou a inexperiência do lesado.
291 – Art. 157. Nas hipóteses de lesão previstas no art. 157 do Código Civil, pode o lesionado optar por
não pleitear a anulação do negócio jurídico, deduzindo, desde logo, pretensão com vista à revisão judicial
do negócio por meio da redução do proveito do lesionador ou do complemento do preço.
292 – Art. 158. Para os efeitos do art. 158, § 2º, a anterioridade do crédito é determinada pela causa que
lhe dá origem, independentemente de seu reconhecimento por decisão judicial.
293 – Art. 167. Na simulação relativa, o aproveitamento do negócio jurídico dissimulado não decorre tão-
somente do afastamento do negócio jurídico simulado, mas do necessário preenchimento de todos os re-
quisitos substanciais e formais de validade daquele.
294 – Arts. 167 e 168. Sendo a simulação uma causa de nulidade do negócio jurídico, pode ser alegada
por uma das partes contra a outra.
295 – Art. 191. A revogação do art. 194 do Código Civil pela Lei n. 11.280/2006, que determina ao juiz o
reconhecimento de ofício da prescrição, não retira do devedor a possibilidade de renúncia admitida no art.
191 do texto codificado.
296 – Art. 197. Não corre a prescrição entre os companheiros, na constância da união estável.
297 – Art. 212. O documento eletrônico tem valor probante, desde que seja apto a conservar a integrida-
de de seu conteúdo e idôneo a apontar sua autoria, independentemente da tecnologia empregada.
298 – Arts. 212 e 225. Os arquivos eletrônicos incluem-se no conceito de “reproduções eletrônicas de
fatos ou de coisas”, do art. 225 do Código Civil, aos quais deve ser aplicado o regime jurídico da prova
documental.
299 – Art. 2.028. Iniciada a contagem de determinado prazo sob a égide do Código Civil de 1916, e vindo
a lei nova a reduzi-lo, prevalecerá o prazo antigo, desde que transcorrido mais de metade deste na data
da entrada em vigor do novo Código. O novo prazo será contado a partir de 11 de janeiro de 2003, des-
prezando-se o tempo anteriormente decorrido, salvo quando o não-aproveitamento do prazo já decorrido
implicar aumento do prazo prescricional previsto na lei revogada, hipótese em que deve ser aproveitado o
prazo já decorrido durante o domínio da lei antiga, estabelecendo-se uma continuidade temporal.
300 – Art. 2.035. A lei aplicável aos efeitos atuais dos contratos celebrados antes do novo Código Civil
será a vigente na época da celebração; todavia, havendo alteração legislativa que evidencie anacronismo
da lei revogada, o juiz equilibrará as obrigações das partes contratantes, ponderando os interesses tradu-
zidos pelas regras revogada e revogadora, bem como a natureza e a finalidade do negócio.

8. Fique por Dentro

No decorrer do curso, sempre cuidaremos de trazer importantes e atuais notícias, fundamentais em sua
preparação para concurso.
Confiram algumas delas, disponíveis no site do STJ (www.stj.gov.br – ver “sala de notícias”):

MP pode ajuizar ação civil pública em matéria previdenciária


04/01/2011

A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reconheceu a legitimidade do Ministério Público para
propor ação civil pública em matéria previdenciária. O entendimento, baseado em voto da ministra Laurita
Vaz, se alinha à posição que vem sendo adotada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no sentido de valo-
rizar a presença do relevante interesse social envolvido no assunto, que diz respeito, em grande parte, a
pessoas desvalidas social e economicamente.

Em seu voto, a ministra Laurita ressaltou que a jurisprudência recente do STJ tem sido pela tese desfavo-
rável à legitimidade do MP. Entretanto, a ministra resgatou vasta doutrina e jurisprudência recente do STF
que autorizam o órgão a ajuizar ação civil pública para tutela de direitos individuais homogêneos sem re-
lação de consumo.

No STJ, o recurso é do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O Tribunal Regional Federal da 4ª Re-

INTENSIVO I – Direito Civil – Pablo Stolze – Aula n. 01


gião (TRF4) considerou legítima a atuação do Ministério Público Federal em demanda que diz respeito à
revisão de benefícios previdenciários. A autarquia recorreu, mas não teve êxito.

A ministra Laurita explicou que os interesses individuais homogêneos classificam-se em subespécies dos
interesses coletivos, e que o MP tem legitimidade para propositura de ação na defesa de interesses indivi-
duais homogêneos, sociais e coletivos. “A ação civil pública presta-se à tutela não apenas de direitos indi-
viduais homogêneos concernentes às relações consumeristas, podendo o seu objeto abranger quaisquer
outras espécies de interesses transindividuais”, afirmou.

Sendo assim, o STF já admitiu a atuação do MP para ajuizar ação para discutir não só a revisão de benefí-
cio previdenciário (RE 549.419 e RE 607.200), como a equiparação de menores sob guarda judicial a fi-
lhos de segurados, para fins previdenciários (RE 491.762) e o critério de concessão do benefício assisten-
cial a portadores de deficiência e idosos (RE 444.357). No mesmo sentido é a posição do STF quanto à
proteção de direitos sociais, como a moradia e a educação.

Considerando que a Constituição Federal, tal como fez à moradia e educação, elevou a previdência social
à categoria de garantia fundamental do homem, inserindo-a no rol dos direitos sociais, para a ministra do
STJ é indiscutível a presença do relevante interesse social no âmbito do direito previdenciário, o que viabi-
liza a atuação do MP na demanda.

“O reconhecimento da legitimidade (...) mostra-se patente tanto em face do inquestionável interesse so-
cial envolvido no assunto, como, também, em razão da inegável economia processual, evitando-se a pro-
liferação de demandas individuais idênticas com resultados divergentes, com o consequente acúmulo de
feitos nas instâncias do Judiciário, o que, certamente, não contribui para uma prestação jurisdicional efici-
ente, célere e uniforme”, disse.
Processos: Resp 1142630

Cadastro indevido no SPC não constitui dano moral se já existe inscrição legítima
22/07/2010
Não cabe indenização por dano moral em caso de anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito
quando já existe inscrição legítima feita anteriormente. Com essa observação, o presidente do Superior
Tribunal de Justiça (STJ), ministro Cesar Asfor Rocha, suspendeu decisão da Justiça maranhense que ha-
via condenado um supermercado ao pagamento de indenização por danos morais.

Na reclamação dirigida ao STJ, o advogado da empresa protestou contra a decisão da Terceira Turma Re-
cursal e Criminal do Juizado Especial Cível do Estado do Maranhão, a qual, se for executada, pode causar
à empresa enormes prejuízos, de difícil reparação.

Segundo alegou a defesa, o supermercado foi condenado ao pagamento de R$ 6 mil por danos morais,
por ter inscrito indevidamente o nome de cliente no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), mesmo com a
existência de outras inscrições do nome do autor da ação em cadastro de inadimplente.

Para o advogado, a decisão da Justiça estadual está em desacordo com entendimento já firmado pelo STJ,
constante da Súmula n. 385, que dispõe: “Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não
cabe indenização por dano moral quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancela-
mento”.

Cesar Rocha concedeu a liminar, reconhecendo presentes os requisitos da medida urgente. “Com efeito,
ao que parece nesta análise perfunctória, o aresto impugnado destoa do entendimento desta Corte e a
sua execução imediata pode ensejar dano de difícil reparação à reclamante”, considerou.

Ainda segundo o presidente do STJ, estão demonstrados suficientemente a plausibilidade das alegações e
o perigo na demora. “Defiro o pedido de liminar para suspender a eficácia do acórdão prolatado pela Ter-
ceira Turma Recursal Cível e Criminal do Juizado Especial Cível do Estado do Maranhão, até ulterior deli-
beração do relator da reclamação”, concluiu Cesar Rocha.

Após o envio das informações solicitadas pelo presidente ao juízo reclamado, o processo segue para o
Ministério Público Federal, que dará parecer sobre o caso.

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Processos: RCL 4310

Ministro Aldir Passarinho Junior seleciona decisões mais importantes de 2009


22/01/2010
Integrante da Quarta Turma e da Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça, o ministro Aldir Passari-
nho Junior, sexto ministro mais antigo da Corte, selecionou os processos mais relevantes que relatou em
2009, destacando os de interesse dos consumidores. Por exemplo a fixação de responsabilidade objetiva
de concessionária de estrada de rodagem em indenizar por morte devido à presença de animais na pista
ou a denúncia de cláusulas abusivas em plano de saúde que pretendia limitar o tempo de internação hos-
pitalar de cliente.

Animais na estrada

A responsabilidade por acidente de trânsito provocado pela presença de animais na estrada é da conces-
sionária da rodovia. A jurisprudência do STJ estabelece que as concessionárias de serviços rodoviários,
nas suas relações com os usuários, estão subordinadas ao Código de Defesa do Consumidor. Portanto,
respondem, objetivamente, por qualquer defeito na prestação do serviço, pela manutenção da rodovia em
todos os aspectos, respondendo, inclusive, pelos acidentes provocados pela presença de animais na pista.

Condenada a pagar indenização à família de motociclista que morreu ao se chocar com um animal, a Co-
viplan Concessionária Rodoviária do Planalto apresentou recurso especial argumentado que a responsabi-
lidade era do Departamento Nacional de Estradas e Rodagem (DNER), órgão que tem poder de polícia nas
estradas.

Segundo o Aldir Passarinho Junior, o juiz de primeira instância considerou que em nenhum momento a
concessionária demonstrou que o DNER estaria obrigado por lei ou contrato a ressarci-la no caso de con-
denação na ação principal. Além disso, a empresa sempre negou a responsabilidade pelo evento, o que
nega o pressuposto lógico da pretendida “denunciação da lide”, instrumento processual em que se busca
a responsabilização sucessiva ou solidária de terceiros. Seguindo o relator, a Quarta Turma não conheceu
do recurso.

Erro na doação de sangue

O ato generoso de doar sangue causou tamanho transtorno a uma voluntária que ela teve que recorrer à
Justiça. Um erro de diagnóstico levou o Serviço de Hemoterapia Dom Bosco a comunicar a todos os ban-
cos de sangue do país que a voluntária era portadora de hepatite C. Ela ficou impedida de doar sangue.
Por entender que houve lesão de ordem moral, a doadora buscou ressarcimento, com amparo no Código
de Defesa do Consumidor.

Nas instâncias ordinárias, entendeu-se que não se tratava de relação de consumo, sendo aplicável no ca-
so as disposições do Código de Processo Civil. Passou-se a discutir o foro competente para julgar a ação
indenizatória.

O relator, ministro Aldir Passarinho Junior, analisou a cadeia do setor. Ocorre a captação de sangue, uma
atividade contínua e permanente que tem o sangue como matéria prima. O material é comercializado in
natura ou na forma de derivados, gerando uma remuneração pelo sangue coletado do doador, ainda que
indiretamente. Assim, o relator entendeu que se tratae de um relação de consumo, embora seja um caso
atípico. Desta forma, o foro competente para julgar a ação é o de domicílio da doadora.

Valor de tratamento médico

A Súmula n. 230 do STJ foi decisiva para o fim das cláusulas abusivas nos contratos de plano de saúde que
limitavam o tempo de internação do paciente. Este ano o ministro Aldir Passarinho Junior deparou-se com
uma nova forma de limitação: a restrição do valor do tratamento. “Ora, em essência, a hipótese dos au-

30
A súmula referida na notícia do STJ deve ser a “302”: É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde
que limita no tempo a internação hospitalar do segurado.

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tos, de restrição de valor, não é igual à da súmula citada, mas comporta o mesmo tratamento. A meu
ver, até tratamento mais severo, pois a cláusula é mais abusiva ainda, é pior”, afirmou o ministro no vo-
to.

Os demais ministros acompanharam o voto do relator e acolheram o recurso para reformar a decisão do
Tribunal de Justiça de São Paulo que limitou o ressarcimento do tratamento médico. Foi restabelecida a
decisão de primeira instância, que determinou o pagamento integral pela seguradora.

Indenização de honorários

Um trabalhador contratou um advogado particular para mover uma ação reclamatória trabalhista com o
objetivo de receber verba rescisória. Afirmou ter pago R$ 6,2 mil ao advogado e R$ 560 pelo trabalho
pericial. Depois ele ajuizou ação de indenização por danos morais e matérias contra a empresa, com o
objetivo de ser ressarcido pelos gastos com sua defesa. O pedido foi negado em primeiro grau.

O trabalhador apelou sustentando que só teve seu direito reconhecido graças à atuação do advogado par-
ticular, e conseguiu o ressarcimento. Ao julgar o recurso especial da empresa, o ministro Aldir Passarinho
Junior entendeu que a reparação era incabível, pois nenhum ato ilícito havia sido praticado e as verbas
discutidas eram controvertidas. Assim a Turma decidiu que não cabe ao empregador arcar com os custos
da contratação de advogado pelo empregado.

Alerta errado

O Banco do Brasil foi responsabilizado por uma atitude exagerada de um funcionário. O gerente de uma
agência em Tangará da Serra (MT) comunicou à polícia que um cliente estava armado e que poderia ocor-
rer um assalto. O policial agiu com excessiva agressividade para prender o suspeito.

Para o ministro Aldir Passarinho Junior, houve culpa do gerente. Segundo ele, foi dada informação equivo-
cada à polícia sobre o porte de arma, o que poderia ter levado até a um desfecho mais trágico. O ministro
entendeu também que o funcionário foi muito além de uma mera comunicação à autoridade, chegando a
participar, fora do banco, da diligência que resultou na prisão do correntista.

Acompanhando as considerações do relator, a Quarta Turma manteve a decisão que reconheceu a legiti-
midade passiva do Banco do Brasil para responder à ação de indenização proposta pelo cliente preso de-
vido ao registro de notícia-crime feita pelo funcionário.
Processos: Resp 573260; Resp 540922; Resp 326147; Resp 1088998; Resp 537111

Adoção à brasileira não pode ser desconstituída após vínculo de socioafetividade


14/07/2009

Em se tratando de adoção à brasileira (em que se assume paternidade sem o devido processo legal), a
melhor solução consiste em só permitir que o pai adotante busque a nulidade do registro de nascimento
quando ainda não tiver sido constituído o vínculo de socioafetividade com o adotado. A decisão é da Ter-
ceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que, seguindo o voto do relator, ministro Massami U-
yeda, rejeitou o recurso de uma mulher que pedia a declaração de nulidade do registro civil de sua ex-
enteada.

A mulher ajuizou ação declaratória de nulidade de registro civil argumentando que seu ex-marido decla-
rou falsamente a paternidade da ex-enteada, sendo, portanto, de rigor o reconhecimento da nulidade do
ato.

Em primeira instância, o pedido foi julgado improcedente. O Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB) mante-
ve a sentença ao fundamento de inexistência de provas acerca da vontade do ex-marido em proceder à
desconstituição da adoção. Para o TJ, o reconhecimento espontâneo da paternidade daquele que, mesmo
sabendo não ser o pai biológico, registra como seu filho de outrem tipifica verdadeira adoção, irrevogável,
descabendo, portanto, posteriormente, a pretensão de anular o registro de nascimento.

INTENSIVO I – Direito Civil – Pablo Stolze – Aula n. 01


Inconformada, a mulher recorreu ao STJ, sustentando que o registro civil de nascimento de sua ex-
enteada é nulo, pois foi levado a efeito mediante declaração falsa de paternidade, fato este que o impede
de ser convalidado pelo transcurso de tempo. Argumentou, ainda, que seu ex-marido manifestou, ainda
em vida, a vontade de desconstituir a adoção, em tese, ilegalmente efetuada.

Em sua decisão, o ministro Massami Uyeda destacou que quem adota à moda brasileira não labora em
equívoco, ao contrário, tem pleno conhecimento das circunstâncias que gravitam em torno de seu gesto
e, ainda assim, ultima o ato. Para ele, nessas circunstâncias, nem mesmo o pai, por arrependimento pos-
terior, pode valer-se de eventual ação anulatória postulando descobrir o registro, afinal a ninguém é dado
alegar a própria torpeza em seu proveito.

“De um lado, há de considerar que a adoção à brasileira é reputada pelo ordenamento jurídico como ilegal
e, eventualmente, até mesmo criminosa. Por outro lado, não se pode ignorar o fato de que este ato gera
efeitos decisivos na vida da criança adotada, como a futura formação da paternidade socioafetiva”, acres-
centou.

Por fim, o ministro Massami Uyeda ressaltou que, após firmado o vínculo socioafetivo, não poderá o pai
adotante desconstituir a posse do estado de filho que já foi confirmada pelo véu da paternidade socioafe-
tiva.

Compete ao juízo do inventário julgar ação de sobrepartilha


08/07/2009
Em decisão unânime, a Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) definiu que compete ao juízo
que processou e julgou inventário processar e julgar ação de sobrepartilha (nova partilha de bens ou de
coisas, que não se partilharam antes). Assim, a Seção declarou competente o juízo de Direito da Vara de
Família Órfãos e Sucessões Infância e Juventude e Primeiro Cível de Planaltina (GO) para julgar o pedido
de sobrepartilha nos autos do inventário de C.F. e S.S.

No caso, R.G. requereu, em outubro de 1993, perante o juízo de Planaltina, a sobrepartilha de bens nos
autos dos inventários de C.F. e S.S., cujas partilhas foram julgadas em 1930 e 1952 respectivamente.
Alegou que, nos inventários, não foram descritas nem partilhadas as áreas denominadas “Larga dos Olhos
D’Água”, situadas em Sobradinho (DF).

Em 2000, o representante de todos os herdeiros, com exceção de um, requereu a remessa dos autos dos
inventários à Justiça de Brasília (DF), por entender ser este o foro competente para apreciar o pedido de
sobrepartilha, uma vez que a área questionada fora objeto de ação de desapropriação proposta pela Uni-
ão.

O juízo de Planaltina remeteu, então, os autos ao juízo da 4ª Vara de Família da Circunscrição Especial
Judiciária de Brasília (DF). Este determinou a remessa ao juízo da Vara de Órfãos e Sucessões de Brasília,
que, por sua vez, determinou a devolução ao juízo de Planaltina (GO). Inconformados, os herdeiros susci-
taram o conflito de competência.

Em seu voto, o relator, ministro Sidnei Beneti, citou que, de acordo com o disposto no parágrafo único do
artigo 1.041 do Código de Processo Civil, a sobrepartilha deve correr nos autos do inventário do autor da
herança. Assim, compete ao juízo que processou e julgou o inventário processar e julgar ação de sobre-
partilha.
Processos: CC 54801

STJ decide o que é essencial ou supérfluo em penhora de bens do devedor


18/01/2009
As decisões do Superior Tribunal de Justiça mostram que a penhora (apreensão judicial de bens, valores,
dinheiro, direitos, pertencentes ao devedor executado) não pode ser feita sobre qualquer propriedade do
devedor.

INTENSIVO I – Direito Civil – Pablo Stolze – Aula n. 01


A Lei n. 8.009, de 1990, garante a impenhorabilidade do chamado bem de família. Isso significa que o
imóvel residencial próprio do casal ou da entidade familiar é impenhorável e não serve para pagar qual-
quer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, feita pelos donos, pais ou
filhos que sejam seus proprietários.

Resta, então, promover a penhora sobre outros bens que fazem parte do imóvel de família, mas que não
estejam resguardados pela lei. E quais seriam esses bens? A questão é frequentemente analisada em pro-
cessos que chegam ao Superior Tribunal de Justiça, e as decisões costumam ser mais complexas do que
parecem à primeira vista.

A Lei n. 8.009 também protege móveis e utensílios que fazem parte essencial da vida familiar, ou seja: os
equipamentos imprescindíveis ao bem-estar da família, inclusive os de uso profissional, desde que quita-
dos, estão a salvo de ser usados para saldar dívidas do proprietário.

De acordo com a lei, apenas os veículos de transporte (se não forem utilizados para fins profissionais), as
obras de arte e os objetos suntuosos podem ser penhorados. Assim, os ministros do STJ têm, em cada
processo sobre o tema, dois elementos de valor cultural e subjetivo para debater: o que é supérfluo ou
suntuoso nos dias de hoje?

Dignidade

Os ministros das Segunda, Terceira e Quinta Turmas discutiram a tese em três processos que abrangiam
a possibilidade de penhora do aparelho de ar-condicionado. Para os magistrados da Terceira Turma, são
impenhoráveis os equipamentos que mantêm uma residência e não somente aqueles indispensáveis para
fazer a casa funcionar. Desse modo, a Turma, por unanimidade, atendeu ao pedido do devedor e deter-
minou que fosse suspensa a penhora sobre o ar-condicionado, o microondas e a tevê da família.

A conclusão da Quinta Turma do Tribunal também foi no mesmo sentido, considerando que todos os obje-
tos que usualmente fazem parte da residência estão protegidos pela lei da impenhorabilidade. A ação jul-
gada no STJ cobrava dívidas de aluguel de um publicitário do Rio Grande do Sul. O devedor teve seu ar-
condicionado, a linha telefônica, videocassete e micro-ondas colocados na lista de bens para ser penhora-
dos.

Aqui no Tribunal, ficou decidido que esses equipamentos são impenhoráveis porque o devedor não deve
ser colocado em uma situação que manche a sua dignidade e a estrutura necessária à vida regular da
família no atual contexto da classe média. Entretanto essa tese é complicada. É difícil estabelecer com
objetividade um consenso, a unanimidade na definição do que seja supérfluo ou não nas casas dos brasi-
leiros.

Tema complexo

A prova disso está numa decisão da Segunda Turma do STJ que, ao contrário dos magistrados das Tercei-
ra e Quinta Turmas, concluiu que o aparelho de ar-condicionado não é indispensável à sobrevivência e
pode ser penhorado. Para os ministros, o equipamento não deve ser considerado bem suntuoso, mas
também não é imprescindível à sobrevivência familiar. A Turma ressaltou que o ar-condicionado não re-
presenta uma demonstração exterior de riqueza, mas não seria justo a família continuar usufruindo desse
conforto e utilidade se tinha dívidas a quitar.

E a falta de consenso não acontece apenas a respeito dos móveis e utensílios domésticos. Vaga de gara-
gem também já gerou decisões diferentes no STJ. Na Quarta Turma, os ministros decidiram que a vaga
de garagem, se tiver matrícula individualizada, com inscrição no Registro de Imóveis, pode sim ser pe-
nhorada, uma vez que não está caracterizada como bem de família. A jurisprudência firmada pela Segun-
da Seção, formada pelas Terceira e Quarta Turmas e responsável pelos julgamentos de Direito Privado,
estabelece que a vaga individualizada tem autonomia em relação ao imóvel residencial, tornando o bem
passível de penhora e execução.

Porém a Segunda Turma, que julga casos de Direito Público, concluiu que a vaga de garagem faz parte
indissociável do apartamento e está garantida pela lei da impenhorabilidade. A Turma ressaltou

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que o proprietário do imóvel não poderia ficar em posição de inferioridade em relação aos demais donos
de apartamentos no prédio. A penhora da vaga foi suspensa porque o uso do espaço por terceiros era
vedado pela convenção de condomínio.

E uma arca-oratório e um bufê de madeira entram na lista de bens penhoráveis? De acordo com a Segun-
da Turma, sim. Para os ministros, esses móveis não são indispensáveis ao funcionamento da casa e ape-
nas embelezam o ambiente doméstico. O mesmo vale para o piano. Se o devedor tem em casa um ins-
trumento musical que não é utilizado para fins profissionais ou de aprendizagem, este pode ser penhorado
para saldar dívidas.

Os ministros da Segunda Turma consideraram que aparelhos de televisão e de som, microondas e video-
cassete, assim como o computador e a impressora são protegidos da penhora. Mas o piano, no caso anali-
sado, foi considerado adorno suntuoso e entrou na lista de bens penhoráveis.

A complexidade dessas causas é tão grande que os ministros sempre levam em conta o contexto social de
cada família. O que é indispensável para a sobrevivência digna de uma casa pode não ser para outra. A
situação do devedor não pode ser desprezada.

Foi por isso que a Quarta Turma manteve a penhora da área de lazer com piscina, quadra de tênis, sauna
e jardins de um arquiteto de Anápolis, em Goiás. Os ministros confirmaram que o terreno de 480 metros
vinculado à residência principal podia ser penhorado por se tratar de benfeitorias consideradas suntuosas.
Processos: Resp 658841; Resp 251360; Resp 299392; Resp 582044; Resp 182451; Resp 222012; Resp
300411; Resp 150021

STJ analisa caso a caso o que é fortuito ou força maior


11/01/2009
Qual é a ligação entre um buraco no meio da via pública, um assalto à mão armada dentro de um banco e
um urubu sugado pela turbina do avião que atrasou o vôo de centenas de pessoas? Todas essas situações
geraram pedidos de indenização e foram julgados no Superior Tribunal de Justiça (STJ) com base num
tema muito comum no Direito: o caso fortuito ou de força maior.

O Código Civil diz que o caso fortuito ou de força maior existe quando uma determinada ação gera conse-
quências, efeitos imprevisíveis, impossíveis de evitar ou impedir:

Caso fortuito + Força maior = Fato/Ocorrência imprevisível ou difícil de prever que gera um ou mais efei-
tos/consequências inevitáveis.

Portanto pedidos de indenização devido a acidentes ou fatalidades causadas por fenômenos da natureza
podem ser enquadrados na tese de caso fortuito ou de força maior.

Exemplo: um motorista está dirigindo em condições normais de segurança. De repente, um raio atinge o
automóvel no meio da rodovia e ele bate em outro carro. O raio é um fato natural. Se provar que a batida
aconteceu devido ao raio, que é um acontecimento imprevisível e inevitável, o condutor não pode ser pu-
nido judicialmente, ou seja: não vai ser obrigado a pagar indenização ao outro envolvido no acidente.

Ao demonstrar que a causa da batida não está relacionada com o veículo, como problemas de manuten-
ção, por exemplo, fica caracterizada a existência de caso fortuito ou força maior.

Nem todas as ações julgadas no STJ são simples de analisar assim. Ao contrário, a maior parte das dispu-
tas judiciais sobre indenização envolve situações bem mais complicadas. Como o processo de uma menina
do Rio de Janeiro. A garota se acidentou com um bambolê no pátio da escola e perdeu a visão do olho
direito.

A instituição de ensino deveria ser responsabilizada pelo acidente? Os pais da menina diziam que sim e
exigiram indenização por danos morais e materiais. Por sua vez, o colégio afirmava que não podia ser
responsabilizado porque tudo não passou de uma fatalidade. O fato de o bambolê se partir e atingir o olho
da menina não podia ser previsto: a chamada tese do caso fortuito. Com essa alegação, a escola espera-
va ficar livre da obrigação de indenizar a aluna.

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Ao analisar o pedido, o STJ entendeu que a escola devia indenizar a família. Afinal, o acidente aconteceu
por causa de uma falha na prestação dos serviços prestados pela própria instituição de ensino. Assim co-
mo esse, outras centenas de processos envolvendo caso fortuito e indenizações chegam ao STJ todos os
dias.

Assalto à mão armada no interior de ônibus, trens, metrôs? Para o STJ é caso fortuito. A jurisprudência do
Tribunal afirma que a empresa de transporte não deve ser punida por um fato inesperado e inevitável que
não faz parte da atividade fim do serviço de condução de passageiros.

Entretanto em situações de assalto à mão armada dentro de agências bancárias, o STJ entende que o
banco deve ser responsabilizado, já que zelar pela segurança dos clientes é inerente à atividade fim de
uma instituição financeira.

E o buraco causado pela chuva numa via pública que acabou matando uma criança? Caso fortuito? Não. O
STJ decidiu que houve omissão do Poder Público, uma vez que o município não teria tomado as medidas
de segurança necessárias para isolar a área afetada ou mesmo para consertar a erosão fluvial a tempo de
evitar uma tragédia.
E onde entra o urubu? Numa ação de indenização por atraso de vôo contra uma companhia aérea. A em-
presa alegou caso fortuito porque um urubu foi tragado pela turbina do avião durante o vôo. Mas o STJ
considerou que acidentes entre aeronaves e urubus já se tornaram fatos corriqueiros no Brasil, derruban-
do a tese do fato imprevisível. Resultado: a companhia aérea foi obrigada a indenizar o passageiro.
Moral da história: Imprevistos acontecem, mas saber se o caso fortuito ou de força maior está na raiz de
um acidente é uma questão para ser analisada processo a processo, através das circunstâncias em que o
incidente ocorreu.
Processos: Ag 626417; Ag 555165; Resp 329931; Resp 246758

Desemprego não justifica falta de pagamento de pensão alimentar


30/06/2008
Em decisão unânime, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) indeferiu recurso em habeas-
corpus de um pai que atrasou o pagamento da pensão alimentícia sob a alegação de que estava desem-
pregado. O ministro relator Massami Uyeda afirmou que a alegação de desemprego não pode ser aprecia-
da no STJ, pois depende do exame de provas.
Ao relatar o caso, o ministro ressaltou não observar qualquer ilegalidade na ordem de prisão decorrente
do inadimplemento de verbas alimentares. “Assinala-se que, no tocante aos débitos alimentares referen-
tes às prestações vencidas no curso do processo, incluídas as decorrentes de acordo judicial, é certo que
o executado encontra-se em inadimplemento, o que denota clara afronta aos princípios norteadores da
solidariedade e da dignidade humana”, assinalou o ministro.
A defesa de J.L.S.D. interpôs o recurso no STJ contra a decisão da 11ª Câmara Cível do Tribunal de Justi-
ça do Rio de Janeiro (TJ/RJ) que manteve a decisão do juiz de primeiro grau. O acusado alegou que have-
ria ilegalidade do decreto de prisão, que os bens apreendidos garantiriam a ação de execução de alimen-
tos e, ainda, que os valores cobrados, no total de R$ 7.200, seriam exorbitantes.
O relator, ministro Massami Uyeda, seguindo precedentes no Tribunal, ressalta que o débito alimentar que
autoriza a prisão civil do acusado compreende as três prestações anteriores ao ajuizamento da execução
e as que vencerem no curso do processo. Segundo o ministro, pelo fato de o acusado não ter demonstra-
do qualquer intenção de pagar, a prisão não é considerada ilegal. Ressaltou que não se examinam as ale-
gações de desemprego e da exorbitante cobrança de valores alimentícios por serem fatos complexos e
controvertidos que dependem de prova.
E, por último, considerando a resistência do executado da ação em honrar seus compromissos de ordem
moral, não se observa qualquer ilegalidade na prisão. Seguindo o voto do relator, a Turma negou o pro-
vimento ao recurso ordinário.
Processos: RHC 23552
Coordenadoria de Editoria e Imprensa

9. Mensagem

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“Prepara-se o cavalo para o dia da Batalha, mas apenas o Senhor dá a vitória” (Sagrada Escritura)
Força e Fé, amigos!
A vitória é uma certeza que virá no tempo certo.
Façamos a nossa parte!
Se pudermos despertar em vocês o amor pelo Direito Civil, já estaremos realizados! Contem conosco!
Um grande abraço!
O amigo,
Pablo
www.pablostolze.com.br
C.D.S. 2011.1.ok.

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