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DIREITO CIVIL

Parte Geral

Professora Valquíria Soares Cavalcanti


Fevereiro de 2021
SITUAÇÃO-PROBLEMA:

Cristina perdeu o esposo em um trágico acidente


quando estava grávida de sete meses. Em razão da
grande comoção da situação vivenciada, passou a ter
algumas complicações no restante da gravidez,
culminando com o parto prematuro de Miguel, que
nasceu quando Cristina contava com apenas oito
meses de gravidez. Poucas horas após a realização do
parto, Miguel não resistiu e faleceu. A partir desta
situação, analise se houve aquisição de personalidade
por Miguel e as consequências disto.
PESSOAS NATURAIS E JURÍDICAS

PESSOA NATURAL
PERSONALIDADE E CAPACIDADE
DIREITOS DA PERSONALIDADE
NOME CIVIL
A PERSONALIDADE JURÍDICA OU CIVIL.
CONCEITO E AQUISIÇÃO

PESSOA:

O próprio homem, isto é, o ser humano individualmente


considerado como sujeito de direitos e obrigações.
Do latim persona, que significa indivíduo, personagem.
Pois a palavra deriva da atuação dos atores do teatro
grego da antiguidade, os quais emprestavam a voz para
dar vida a seus personagens fictícios.
As expressões “pessoa física” e
“pessoa natural” são sinônimas.
PESSOA

• É aquela que ocupa papel ou


papéis na sociedade.
• Na concepção jurídica: pessoa é
todo ente físico ou jurídico
suscetível de direitos e obrigações,
sinônimo de sujeito de direitos e
sujeito de relação jurídica.
PESSOA NATURAL: é o nome que o
direito civil atribui ao ser da espécie
humana, considerado como sujeito de
direito e obrigações.

Para ser pessoa natural, basta existir.


A PERSONALIDADE JURÍDICA OU CIVIL.

A personalidade civil ou jurídica é a


capacidade (aptidão genérica) que as
pessoas têm de serem titulares de
direitos e obrigações (deveres).
Não é um atributo natural, e sim um
atributo jurídico, sendo também conferido
às pessoas jurídicas.
PERSONALIDADE CIVIL
CONCEITO DE PERSONALIDADE
(MARIA HELENA DINIZ)
• A personalidade é, também, um valor ético
emanado do princípio da dignidade da
pessoa humana e da consideração pelo
direito civil do ser humano em sua
complexidade. É objeto de tutela
privilegiada pela ordem constitucional.
• O art. 1º, CC, porém, está relacionado à
personalidade como aptidão genérica para
adquirir direitos e contrair deveres na
ordem civil.
Art. 1º do Código Civil Brasileiro

P A R T E    G E R A L

LIVRO I
DAS PESSOAS
TÍTULO I
DAS PESSOAS NATURAIS
CAPÍTULO I
DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE

Art. 1o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.


SUJEITO DE DIREITO: é a pessoa que
possui personalidade; é o titular de
CAPACIDADE - ESPÉCIES
PROCURANDO NO
CC/2002

art. 1º, 3º e 4º do CC

CC/2002
TODA PESSOA TEM
CAPACIDADE DE DIREITO
OU DE GOZO, MAS NEM
TODA PESSOA TEM
CAPACIDADE DE FATO OU
DE EXERCÍCIO, isto é, de usá-
los pessoalmente e transmiti-los
a outrem por ato de vontade.
INÍCIO DA PERSONALIDADE JURÍDICA OU CIVIL

Art. 2 . A personalidade civil


º

da pessoa começa do
nascimento com vida;
mas a lei põe a salvo,
desde a concepção, os
direitos do nascituro.
TEORIA NATALISTA ou do nascimento: a personalidade inicia com o nascimento
com vida, independente do critério de viabilidade desta vida.

TEORIA CONCEPCIONISTA: a personalidade inicia desde a concepção.

TEORIA DA PERSONALIDADE CONDICIONAL: a personalidade civil do nascituro


é condicional, dependendo do evento do nascimento. Tal condição, para os adeptos
desta teoria, é suspensiva e enquanto não ocorrer o nascimento com vida existe
apenas expectativa de direito. Maria Helena Diniz defende que enquanto não nascer
com vida há apenas personalidade formal (relativa aos direitos de personalidade) e,
uma vez implementada a condição suspensiva ocorre a aquisição da personalidade
material.
INÍCIO DA
PERSONALIDADE

• Requisito: nascimento com vida = respiração


• Teste: Docimasia hidrostática de Galeno
• TEORIA NATALISTA (dominante):
Por esta teoria o nascimento com vida faz nascer a
personalidade. Logo, o nascituro (aquele concebido,
mas ainda não nascido) não teria personalidade.
“A lei põe a salvo, desde a concepção,
seus direitos (a expectativa)”.
• Direito à vida, à integridade física,
à imagem;
• Alimentos gravídicos
(lei 11.804/08);
• Adequada assistência pré-natal
(art. 8°, ECA);
• Ação de investigação de
paternidade (lei 5.478/68)
Etc.
EMBRIÕES células-tronco para fins de pesquisa
EXCENDENTÁRIOS

Art. 5º,  Lei 11.105/05.

É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias


obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no
respectivo procedimento, atendidas as seguintes condições:
I – sejam embriões inviáveis; ou
II – sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na data da publicação desta Lei,
ou que, já congelados na data da publicação desta Lei, depois de completarem 3 (três)
anos, contados a partir da data de congelamento.
§ 1o Em qualquer caso, é necessário o consentimento dos genitores.”

Obs.: JULGAMENTO PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF) – Adin n° 3.510


TEORIA
CONCEPCIONISTA
PROTEÇÃO AO
NASCITURO
A 10ª câmara de Direito Privado do TJ/SP negou
recurso de Rafinha Bastos e majorou para R$ 150
mil o valor da indenização que ele terá que pagar a
Wanessa Camargo, a seu marido, Marcus Buaiz, e
ao seu filho, por ter declarado durante o programa
"CQC" que "comeria ela e o bebê, não tô nem aí" ao
comentar a gravidez da cantora.
NASCITURO – Resp 931556
A relatora ressaltou ainda que não se
pode medir a dor moral para afirmar
se ela seria maior ou menor para o
nascituro. Se isso fosse possível, ela
Mesmo antes de nascer, um bebê garantiu o arriscaria um resultado: “Maior do
que a agonia de perder um pai, é a
direito de receber indenização por danos morais
angústia de jamais ter podido
em razão da morte do pai em acidente de conhecê-lo, de nunca ter recebido
trabalho. A Terceira Turma do Superior um gesto de carinho, enfim, de ser
Tribunal de Justiça (STJ), por unanimidade, privado de qualquer lembrança ou
manteve a indenização para o nascituro em R$ contato, por mais remoto que seja,
26 mil, mesmo montante arbitrado para os com aquele que lhe proporcionou a
demais filhos do trabalhador. vida”, afirmou a ministra Nancy
Andrighi no voto.
“DIREITO CIVIL. ACIDENTE
AUTOMOBILÍSTICO. ABORTO.
AÇÃO DE COBRANÇA. SEGURO
OBRIGATÓRIO. DPVAT.
PROCEDÊNCIA DO PEDIDO.
ENQUADRAMENTO JURÍDICO
DO NASCITURO. ART. 2º DO
CÓDIGO CIVIL DE 2002.
EXEGESE SISTEMÁTICA.
ORDENAMENTO JURÍDICO QUE
ACENTUA A CONDIÇÃO DE
PESSOA DO NASCITURO. VIDA
INTRAUTERINA.
PERECIMENTO. INDENIZAÇÃO
DE VIDA”.
FUNDAMENTOS
DO JULGAMENTO

“As teorias mais restritivas dos direitos do nascituro - natalista e da


personalidade condicional - fincam raízes na ordem jurídica superada
pela Constituição Federal de 1988 e pelo Código Civil de 2002. O
paradigma no qual foram edificadas transitava, essencialmente, dentro da
órbita dos direitos patrimoniais. Porém, atualmente isso não mais se
sustenta. Reconhecem-se, corriqueiramente, amplos catálogos de direitos
não patrimoniais ou de bens imateriais da pessoa - como a honra, o
nome, imagem, integridade moral e psíquica, entre outros.”
PROCEDÊNCIA DO PEDIDO INDENIZATÓRIO

“Ademais, hoje, mesmo que se adote qualquer das outras duas


teorias restritivas, há de se reconhecer a titularidade de direitos da
personalidade ao nascituro, dos quais o direito à vida é o mais
importante. Garantir ao nascituro expectativas de direitos, ou mesmo
direitos condicionados ao nascimento, só faz sentido se lhe for
garantido também o direito de nascer, o direito à vida, que é direito
pressuposto a todos os demais. 5. Portanto, é procedente o pedido de
indenização referente ao seguro DPVAT, com base no que dispõe o
art. 3º da Lei n.6.194/1974.”
TUTELA JURÍDICA
DO NASCITURO
Titularidade de direitos personalíssimos (vida, proteção
pré-natal etc.). Nesse aspecto, vale ressaltar os enunciados
1 e 2, da I Jornada de Direito Civil do CJF/STJ:
•Enunciado n. 1. A proteção que o Código defere ao
nascituro alcança o natimorto no que concerne aos
direitos da personalidade, tais como: nome, imagem e
sepultura.
•Enunciado n. 2: Sem prejuízo dos direitos da
personalidade nele assegurados, o art. 2º do Código Civil
não é sede adequada para questões emergentes da
reprogenética humana, que deve ser objeto de um estatuto
próprio.
É A RESTRIÇÃO LEGAL AO EXERCÍCIO DOS
ATOS DA VIDA CIVIL, PARA AQUELES QUE
AINDA NÃO POSSUEM DISCERNIMENTO,
JUÍZO, APTIDÃO PARA DISTINGUIR O
LÍCITO DO ILÍCITO, O CONVENIENTE
DO PREJUDICIAL.
INCAPACIDADE A CAPACIDADE É A REGRA
E A INCAPACIDADE A EXCEÇÃO!!!
CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO
LEI Nº 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002,
ALTERADO PELA LEI 13.146/2015

COMO ERA: COMO FICOU:


•I- Menores de 16 anos Art. 3°. São absolutamente incapazes de
•II - Os que, por enfermidade ou doença exercer pessoalmente os atos da vida civil os
mental não tiverem o discernimento menores de 16 (dezesseis) anos.
necessário para a prática dos atos da vida civil • Lei 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa
•II - Os que, mesmo por causa transitória, não com Deficiência)
puderem exprimir a sua vontade


INCAPACIDADE RELATIVA (ART. 4º, CC/02)

Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os


exercer: (Lei 13.146/15)
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III – aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem
exprimir sua vontade.
IV - os pródigos.
Parágrafo único.  A capacidade dos indígenas será regulada por
legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)  Lei
6.001/73 e arts. 231 a 232 da CF/88.
RELATIVAMENTE
INCAPAZES

Certos atos, porém, podem os maiores de 16 e menores de 18


anos praticarem sem a assistência de seu representante legal.
Exs.:
Fazer testamento (art. 1.860)
Ser testemunha (art. 228, I e § 1°)
Votar (CF, art. 14)

Obs.: O juiz determina os limites da curatela (art. 1.172)


ESTATUTO DA PESSOA COM
DEFICIÊNCIA
Art. 1o  É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa
com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência),
destinada a assegurar e a promover, em condições de
igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades
fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua
inclusão social e cidadania.
Art. 4o  Toda pessoa com deficiência tem direito à
igualdade de oportunidades com as demais pessoas e não
sofrerá nenhuma espécie de discriminação.
PROTEÇÃO AOS INCAPAZES
Do Exercício do Poder Familiar

Art. 1.634. Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores:
I - dirigir-lhes a criação e educação;
II - tê-los em sua companhia e guarda;
III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem;
IV - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não lhe
sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar;
V - representá-los, até aos dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa
idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento;
VI - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;
VII - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e
condição.
PROCESSO JUDICIAL DE INTERDIÇÃO

Art. 1.768. A interdição deve ser promovida:


I - pelos pais ou tutores;
II - pelo cônjuge, ou por qualquer parente;
III - pelo Ministério Público.
IV- pela própria pessoa (Lei 13.146/15)

Antes de pronunciar-se acerca da interdição, o juiz, assistido por especialistas,


examinará pessoalmente o arguido de incapacidade e fixará os limites da
curatela.
Havendo meio de recuperar o interdito, o curador promover-lhe-á o tratamento
em estabelecimento apropriado.
PRÓDIGO (vício da prodigalidade)
Art. 198. Também não corre a prescrição:
•I - contra os incapazes de que trata o art. 3o;

•Do Jogo e da Aposta


•Art. 814. As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a
pagamento; mas não se pode recobrar a quantia, que
voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o
perdente é menor ou interdito.
MAIORIDADE CIVIL

Art. 5º. A menoridade cessa aos


dezoito anos completos, quando
a pessoa fica habilitada à prática de
todos os atos da vida civil.
CAPACIDADE ESPECIAL – exigida para realizar
determinados atos fora da esfera do Direito Privado
Art. 14, CRFB/88

• § 1º - O alistamento eleitoral e o voto são:


• I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
• II - facultativos para:
• a) os analfabetos;
• b) os maiores de setenta anos;
• c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
CTB – Lei 9.503/97

“Art. 145. Para habilitar-se nas


categorias D e E ou para conduzir
veículo de transporte coletivo de
passageiros, de escolares, de
emergência ou de produto perigoso,
o candidato deverá preencher os
seguintes requisitos:
I - ser maior de vinte e um anos;”
EMANCIPAÇÃO

Parágrafo único. Cessará, para os menores, a


incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do
outro, mediante instrumento público,
independentemente de homologação judicial, ou por
sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver
dezesseis anos completos;
II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela
existência de relação de emprego, desde que, em
função deles, o menor com dezesseis anos completos
tenha economia própria.
ESPÉCIES DE
EMANCIPAÇÃO
Elementos individualizadores
da pessoa natural

NOME
ESTADO
CIVIL
DOMICÍLIO
NOME Base legal: arts. 16 a 19, CC

Sinal exterior pelo qual se designa a pessoa


no seio da família e da sociedade.
Sujeito a registro.

• PRENOME: simples ou composto

• SOBRENOME: indica a procedência familiar.


Art. 16, CC. Toda
pessoa tem direito ao
nome, nele
compreendidos o
prenome e o
sobrenome.
COMPLEMENTOS AO NOME

 AGNOME: complemento ao nome que indica grau de


parentesco ou de geração.

 HIPOCORÍSTICO: retira-se parte do nome original, de


modo a reduzi-lo, mantendo sílaba mais forte ou diminutivo.

 VOCATÓRIO OU PROFISSIONAL: abreviação do nome


completo da pessoa.
PSEUDÔNIMO

PSEUDÔNIMO: é o nome escolhido pelo próprio indivíduo


para o exercício de uma atividade específica, muito comum
no meio artístico e literário.

Art. 19, CC. O pseudônimo adotado para atividades lícitas


goza da proteção que se dá ao nome.
PROTEÇÃO LEGAL AO NOME

• Art. 17. O nome da pessoa não pode ser


empregado por outrem em publicações ou
representações que a exponham ao desprezo
público, ainda quando não haja intenção
difamatória.

• Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o


nome alheio em propaganda comercial.
Dos Direitos e Garantias Fundamentais: art. 5°, CRFB/88

X - são invioláveis a
V - é assegurado o intimidade, a vida privada,
direito de resposta,
proporcional ao a honra e a imagem das
agravo, além da pessoas, assegurado o
indenização por direito a indenização pelo
dano material, moral dano material ou moral
ou à imagem;
decorrente de sua violação;
ENUNCIADO 278 CJF
SÚMULAS DO STJ

• 221. São civilmente responsáveis pelo


ressarcimento de dano, decorrente de publicação
pela imprensa, tanto o autor do escrito quanto o
proprietário do veículo de divulgação.
• 403. Independe de prova do prejuízo a indenização
pela publicação não autorizada de imagem de
pessoa com fins econômicos ou comerciais.
Princípio da imutabilidade do nome
EXEMPLOS RECHAÇADOS
PELO TRIBUNAL

• 1 – Benvindo o Dia do Meu Nascimento Cardoso


• 2 – Um Dois Três de Oliveira Quatro
• 3 – Açafrão Fagundes
• 4 – Safira Azul Esverdeada
• 5 – Sandália de Oliveira Silva
• 6 – Oceano Atlântico Linhares
MODIFICAÇÃO ADMINISTRATIVA DO
NOME

 MAIORIDADE CIVIL – imotivada


 LRP – “Art. 56. O interessado, no primeiro
ano após ter atingido a maioridade civil,
poderá, pessoalmente ou por procurador
bastante, alterar o nome, desde que não
prejudique os apelidos de família,
averbando-se a alteração que será
publicada pela imprensa.”
RETIFICAÇÃO ADMINISTRATIVA DO NOME

• Art. 110.  O oficial retificará o registro, a averbação ou a


anotação, de ofício ou a requerimento do interessado,
mediante petição assinada pelo interessado, representante
legal ou procurador, independentemente de prévia
autorização judicial ou manifestação do Ministério Público,
nos casos de:        
(Redação dada pela Lei nº 13.484, de 2017)
• I - erros que não exijam qualquer indagação para a
constatação imediata de necessidade de sua correção;
(Incluído pela Lei nº 13.484/2017)
ALTERAÇÕES NO NOME

1) QUANDO EXPUSER SEU PORTADOR A RIDÍCULO, NOMES EXÓTICOS OU


VEXATÓRIOS
2) QUANDO HOUVER ERRO GRÁFICO
3) MUDANÇA DE SEXO (Resolução 1652 CFM)
4) QUANDO CAUSAR EMBARAÇO NO SETOR PROFISSIONAL
5) APELIDO PÚBLICO NOTÓRIO E USO PROLONGADO
(art. 58, Lei n° 6.015/73 – LRP)
6) PROTEÇÃO À VÍTIMAS E TESTEMUNHAS DE CRIMES (Lei n. 9.807/99)
Transexualidade – conceito

A transexualidade é o fenômeno
compreendido como a inadequação psíquica
do indivíduo ao seu gênero sexual Desde a RESOLUÇÃO
biológico. Sendo assim, o transexual sente 1.482/1997
pertencer ao sexo oposto ao que pertence
genética e anatomicamente. O Conselho Federal de
Medicina autoriza a
Ocorre uma desarmonização entre os realização de cirurgias de
aspectos psicossexual, psicossocial e o adequação de sexo.
aspecto biológico.
Lei 11.924/09 – acréscimo de
sobrenome do padrasto ou madrasta
pelo enteado(a).

Art. 57. 8o  O enteado ou a enteada,


havendo motivo ponderável e na forma
dos §§ 2o e 7o deste artigo, poderá
requerer ao juiz competente que, no
registro de nascimento, seja averbado
o nome de família de seu padrasto
ou de sua madrasta, desde que haja
expressa concordância destes, sem
prejuízo de seus apelidos de família. 
Proteção a vítimas e testemunhas de crime

Art. 9o Em casos excepcionais e considerando as características e


gravidade da coação ou ameaça, poderá o conselho deliberativo
encaminhar requerimento da pessoa protegida ao juiz competente
para registros públicos objetivando a alteração de nome completo.
§ 1o A alteração de nome completo poderá estender-se às pessoas
mencionadas no § 1o do art. 2o desta Lei, inclusive aos filhos
menores, e será precedida das providências necessárias ao
resguardo de direitos de terceiros.
§ 2o O requerimento será sempre fundamentado e o juiz ouvirá
previamente o Ministério Público, determinando, em seguida, que o
procedimento tenha rito sumaríssimo e corra em segredo de justiça.
Art. 2o A proteção concedida pelos programas e as medidas dela
decorrentes levarão em conta a gravidade da coação ou da
ameaça à integridade física ou psicológica, a dificuldade de
preveni-las ou reprimi-las pelos meios convencionais e a sua
importância para a produção da prova.
§ 1o A proteção poderá ser dirigida ou estendida ao cônjuge ou
companheiro, ascendentes, descendentes e dependentes que
tenham convivência habitual com a vítima ou testemunha,
conforme o especificamente necessário em cada caso.
• Art. 47, ECA. § 5o  A sentença conferirá
ao adotado o nome do adotante e, a pedido
Adoção de qualquer deles, poderá determinar a
(Lei n° 12.010/2009) modificação do prenome.  
Obs. Se tiver mais de • § 6o  Caso a modificação de prenome seja
12 anos, exige-se seu requerida pelo adotante, é obrigatória a
consentimento, se oitiva do adotando, observado o disposto
tiver menos, deve ser nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei.
ouvido. (Art. 47, ECA)
Estrangeiro (Lei 6.815/80, revogada pela
Lei 13.445/2017: Lei de Migração)
Paternidade socioafetiva (decisão do STF)

Paternidade socioafetiva não exime de responsabilidade o pai


biológico, decide STF
Em sessão nesta quarta-feira (21), o Plenário do Supremo Tribunal
Federal (STF) entendeu que a existência de paternidade socioafetiva
não exime de responsabilidade o pai biológico. Por maioria de votos,
os ministros negaram provimento ao Recurso Extraordinário (RE)
898060, com repercussão geral reconhecida, em que um pai
biológico recorria contra acórdão que estabeleceu sua
paternidade, com efeitos patrimoniais, independentemente do vínculo
com o pai socioafetivo.
O relator do RE 898060, ministro Luiz Fux, considerou que o
princípio da paternidade responsável impõe que, tanto vínculos de
filiação construídos pela relação afetiva entre os envolvidos,
quanto aqueles originados da ascendência biológica , devem ser
acolhidos pela legislação. Segundo ele, não há impedimento do
reconhecimento simultâneo de ambas as formas de paternidade –
socioafetiva ou biológica –, desde que este seja o interesse do
filho. Para o ministro, o reconhecimento pelo ordenamento jurídico
de modelos familiares diversos da concepção tradicional, não
autoriza decidir entre a filiação afetiva e a biológica quando o
melhor interesse do descendente for o reconhecimento jurídico de
ambos os vínculos.
Exceções à regra da imutabilidade do nome

 União Estável
Homoafetiva
 Homonímia depreciativa
Obs. 1. Nomes que exponham seu portador
ao ridículo (art. 55, Lei 6.015/73). Por vezes
não é só o prenome, mas sim a composição
do prenome e sobrenome que caracterizam
o nome vexatório.

Obs. 2. Nome de registro


não é o que a pessoa é
reconhecida na sociedade.
Inclusão de apelido público
e notório.
Cônjuges no casamento e
companheiros na união estável.

Art. 1.565, CC. § 1o Qualquer dos


nubentes, querendo, poderá acrescer
ao seu o sobrenome do outro.

Enunciado n. 99, I Jornada de Direito Civil: O


Art. 1.565, § 2º, do Código Civil não é norma
destinada apenas às pessoas casadas, mas
também aos casais que vivem em
companheirismo, nos termos do Art. 226,
caput e §§ 3º e 7º, e não revogou o disposto na
Lei nº 9.263/96.
COMPANHEIROS – LEI DE REGISTROS
PÚBLICOS

Art. 57, § 2º A mulher solteira, desquitada ou viúva, que viva


com homem solteiro, desquitado ou viúvo, excepcionalmente e
havendo motivo ponderável, poderá requerer ao juiz
competente que, no registro de nascimento, seja averbado o
patronímico (SOBRENOME) de seu companheiro, sem
prejuízo dos apelidos próprios, de família, desde que haja
impedimento legal para o casamento, decorrente do estado
civil de qualquer das partes ou de ambas.
DIVÓRCIO

Art. 1.571, § 2o Dissolvido o casamento pelo divórcio


direto ou por conversão, o cônjuge poderá manter o
nome de casado; salvo, no segundo caso, dispondo em
contrário a sentença de separação judicial.
ESTADO
CIVIL
CONCEITO:
É a qualificação jurídica da pessoa, segundo
suas condições pessoais e seus vínculos
fundamentais na sociedade.
OBS.) O vocábulo status é termo
latino que se traduz por ´estado`.
NO DIREITO ROMANO

• Defendia-se a existência de três TIPOS DE ESTADO:


• LIBERTATIS = ser livre
• STATUS CIVITATIS = ser cidadão romano
• FAMILIAE = ser pai de família

• A plenitude da personalidade, em Roma, só ocorria com a presença


dos três tipos de status.

Se faltasse um atributo: capitis deminutio (incapacidade).


CARACTERÍSTICAS BÁSICAS
DO ESTADO CIVIL

INDIVISIBILIDADE: é uno, não


comporta duplicidade
INDISPONIBILIDADE: não admite
transação ou renúncia (salvo, quanto aos
direitos patrimoniais).
IMPRESCRITIBILIDADE: não se
desfaz pelo decurso do tempo.
Estado civil – é a soma das qualificações da pessoa,
permitindo sua apresentação na sociedade

 INDIVIDUAL: diz respeito às características


físicas da pessoa (idade, sexo, cor, altura).
 FAMILIAR: indica a sua situação na família, em
relação ao matrimônio e ao parentesco.
 POLÍTICO: concerne à posição do indivíduo na
sociedade política (ex. capacidade especial de ser
eleitor ou eleito).
AÇÕES DE ESTADO

 CONCEITO:
 SÃO AÇÕES JUDICIAIS QUE TÊM POR
OBJETIVO CRIAR, MODIFICAR OU
EXTINGUIR UM ESTADO CIVIL.
 Exemplos práticos:
 Ação de investigação de paternidade; ação
de divórcio; separação judicial, adoção;
dentre outras.
DOMICÍLIO – é a sede
jurídica da pessoa. DOMICÍLIO
É o local onde ela
responde por suas
obrigações.
Art. 70. O domicílio da
pessoa natural é o
lugar onde ela
estabelece a sua
residência com ânimo
definitivo.
ELEMENTOS DO
DOMICÍLIO

ELEMENTO OBJETIVO:
Domicílio é o lugar onde a
Ato de fixação em pessoa estabelece residência
determinado local do território. com ânimo definitivo,
convertendo-a em centro
principal de sua existência, de
ELEMENTO SUBJETIVO: seus negócios jurídicos ou de
sua atividade profissional.
Ânimo definitivo de
permanência
• Art. 74, CC. Muda-se o domicílio,
transferindo a residência, com a intenção
MUDANÇA DE

manifesta de o mudar.
DOMICÍLIO

• Parágrafo único. A prova da intenção


resultará do que declarar a pessoa às
municipalidades dos lugares, que deixa, e
para onde vai, ou, se tais declarações não
fizer, da própria mudança, com as
circunstâncias que a acompanharem.
PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL
AO DOMICÍLIO (Art. 5º, CRFB/88)

XI - a casa é asilo inviolável do


indivíduo, ninguém nela podendo
penetrar sem consentimento do
morador, salvo em caso de flagrante
delito ou desastre, ou para prestar
socorro, ou, durante o dia, por
determinação judicial;
A) LINDB: Art. 7o  A lei do país em que
domiciliada a pessoa determina as regras sobre o
começo e o fim da personalidade, o nome, a
capacidade e os direitos de família.
B) OBRIGAÇÕES: “Art. 327. Efetuar-se-á o
pagamento no domicílio do devedor (...)”
C) SUCESSÕES: Art. 1.785. A sucessão abre-se
no lugar do último domicílio do falecido.
D) CDC: Art. 101. I - a ação pode ser proposta no
domicílio do autor;
Art. 50, CC - A ação em que o incapaz for réu será
proposta no foro de domicílio de seu representante ou
assistente.
Art. 53, V, CC - de domicílio do autor ou do local do fato,
para a ação de reparação de dano sofrido em razão de
delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves.

Violação de domicílio
Art. 150, CP - Entrar ou permanecer, clandestina
ou astuciosamente, ou contra a vontade
expressa ou tácita de quem de direito, em casa
alheia ou em suas dependências:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
• DOMICÍLIO VOLUNTÁRIO
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela
estabelece a sua residência com ânimo definitivo.
ESPÉCIES DE DOMICÍLIO

Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências,


onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu
qualquer delas.

• DOMICÍLIO PROFISSIONAL
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às
relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é
exercida.
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares
diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações
que lhe corresponderem.
• DOMICÍLIO OCASIONAL (OU DOMICÍLIO APARENTE)
Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha
residência habitual, o lugar onde for encontrada.
DOMICÍLIO DE ELEIÇÃO OU CONTRATUAL (VOLUNTÁRIO)
Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar
domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles
resultantes.

DOMICÍLIO NECESSÁRIO OU LEGAL: art. 76, CC


Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e
o preso.
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do
servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar,
onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se
encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver
matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença.
Art. 77. O agente diplomático do Brasil,
que, citado no estrangeiro, alegar
extraterritorialidade sem designar onde OBS.: DOMICÍLIO
tem, no país, o seu domicílio, poderá ser DO AGENTE DIPLOMÁTICO
demandado no Distrito Federal ou no
último ponto do território brasileiro onde
o teve.
PLURALIDADE DE DOMICÍLIOS:
Código de Processo Civil

Art. 46. § 1o Tendo mais de um


domicílio, o réu será demandado
no foro de qualquer deles.
§ 2o Sendo incerto ou
desconhecido o domicílio do
réu, ele poderá ser demandado
onde for encontrado ou no foro
de domicílio do autor.
Respondendo
ao problema inicial

A partir da situação apresentada,


analise se houve aquisição de
personalidade por Miguel e as
consequências disto.
Tiago, casado com Lídia há cinco anos, com quem teve dois filhos, era médico e, para exercer
sua profissão, deslocava-se regularmente ao interior do Estado do Rio Grande do Norte para
exercer sua profissão. Em uma destas viagens, Tiago perdeu o controle do carro, que capotou,
levando-o a óbito. Como o veículo era financiado e as parcelas deixaram de ser pagas, já que a
viúva não dispunha de condições financeiras e o veículo foi constatado como perda total.
Inobstante, o Banco mantém contatos frequentes com Lídia, ligando para a sua residência e
até para seu celular pessoal, para realizar a cobrança das parcelas do veículo. Lídia já
informou por diversas vezes que o veículo não mais existe e seu esposo faleceu em virtude do
acidente, mas o Banco insiste e continua originando ligações para a viúva. A partir desta
situação, analise a conduta do Banco identificando se gera ofensa aos direitos da
personalidade. Que providência poderá Lídia adotar para fazer cessar esta ofensa?
Leitura Específica

Sobre o direito ao esquecimento, leia o texto: FERREIRA, Sérgio da


Silva. Direito ao esquecimento: genuíno mecanismo de proteção à
dignidade humana ou escamoteado instrumento de violação às
liberdades comunicativas? Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862,
Teresina, ano 23, n. 5376, 21 mar. 2018. Disponível em:
https://jus.com.br/artigos/64284. Acesso em: 22 jul. 2020. Leia as
jurisprudências abaixo sobre a teoria concepcionista: STJ, AgRg no
AgRg no AREsp 150.297/DF, Rel. Min. Sidnei Beneti, Terceira
Turma, j. 19.02.2013, DJe 07.05.2013. STJ, REsp 1.487.089/SP, Rel.
Min. Marcos Buzzi. 4.ª Turma, j. 23.06.2015.
Aprenda +

STOLZE, Pablo. O Estatuto da Pessoa com Deficiência e o sistema


jurídico brasileiro de incapacidade civil (Editorial 41). Revista Jus
Navigandi, Teresina, ano 20, n. 4.411, 30 jul. 2015. Disponível em:
http://jus.com.br/artigos/41381. Acesso em: 1 jul. 2020.

Sobre a técnica da ponderação, leia o texto:


STRECK, Lênio Luiz. Ponderação de normas no novo CPC? É o
caos. Presidente Dilma, por favor, veta! Disponível em:
http://www.conjur.com.br/2015-jan-08/senso-incomumponderacao-
normas-cpc-caos-dilma-favor-veta. Acesso em: 22 de julho de 2020.
Assista ao vídeo:

Dano Existencial - Pablo Stolze.


Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v
=opWwlemueMg
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Sobre a defesa da reputação


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ESTÁ NO PLANO DE AULA!!!! NÃO DEIXE DE
VERIFICAR, POIS HÁ DUAS QUESTÕES A SEREM
RESOLVIDAS NO CAMPO “APRENDA +”
Bons estudos!
Até a próxima aula!

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