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Curso de Extensão Professor Marcelo H.

de Andrade

DA PESSOA NATURAL, HUMANA OU FÍSICA.

Art. 1.º Toda pessoa (PF ou PJ) é capaz de direitos e deveres na ordem civil (CC/2002)

1 - PERSONALIDADE

Conceito - a soma de caracteres corpóreos e incorpóreos da pessoa natural ou


jurídica, ou seja, a soma de aptidões da pessoa. Assim, a personalidade pode ser
entendida como aquilo que a pessoa é, tanto no plano corpóreo quanto no social.
(TARTUCE, P. 120)

OBS:

a todo direito deve corresponder um sujeito, uma pessoa, que detém a sua titularidade.

o conceito de pessoa natural exclui os animais, os seres inanimados e as entidades


místicas e metafísicas, todos tidos, eventualmente, como objetos do direito.

Ref: TARTUCE, Flávio. Direito Civil - Vol. 1


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1.1 - Início da personalidade da Pessoa Natural

Art. 2.º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei
põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.

Teorias aplicáveis:

Natalista

Personalidade Condicionada

Concepcionista

Ref: TARTUCE, Flávio. Direito Civil - Vol. 1


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TEORIA NATALISTA

A teoria natalista prevalecia entre os autores modernos ou clássicos do Direito Civil


Brasileiro, para quem o nascituro não poderia ser considerado pessoa, pois o Código Civil
exigia e exige, para a personalidade civil, o nascimento com vida. Assim sendo, o nascituro
não teria direitos, mas mera expectativa de direitos.

Como adeptos dessa corrente, da doutrina tradicional, podem ser citados Sílvio
Rodrigues, Caio Mário da Silva Pereira e San Tiago Dantas. Na doutrina contemporânea,
filia-se a essa corrente Sílvio de Salvo Venosa

CRÍTICAS

1- se o nascituro não tem personalidade, não é pessoa; desse modo, o nascituro seria
uma coisa?
2- a teoria natalista nega ao nascituro seus direitos fundamentais, relacionados com a sua
personalidade, caso do direito à vida, à investigação de paternidade, aos alimentos, ao
nome e até à imagem. Essa negativa de direitos é mais um argumento forte para sustentar
a total superação dessa corrente doutrinária.

Ref: TARTUCE, Flávio. Direito Civil - Vol. 1


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TEORIA DA PERSONALIDADE CONDICIONADA

A teoria da personalidade condicional é aquela pela qual a personalidade civil começa


com o nascimento com vida, mas os direitos do nascituro estão sujeitos a uma condição
suspensiva, ou seja, são direitos eventuais.

Como entusiastas desse posicionamento cite-se Washington de Barros Monteiro,


Miguel Maria de Serpa Lopes e Clóvis Beviláqua. Na doutrina atual, Arnaldo Rizzardo

CRITICA

1- Os direitos da personalidade não podem estar sujeitos a condição, termo ou encargo,


como propugna a corrente. Além disso, essa linha de entendimento acaba reconhecendo
que o nascituro não tem direitos efetivos, mas apenas direitos eventuais sob condição
suspensiva, ou seja, também mera expectativa de direitos.

Ref: TARTUCE, Flávio. Direito Civil - Vol. 1


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TEORIA CONCEPCIONISTA

A teoria concepcionista é aquela que sustenta que o nascituro é pessoa humana, tendo
direitos resguardados pela lei.

Esse é o entendimento defendido por Silmara Juny Chinellato, Pontes de Miranda,


Rubens Limongi França, Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka, Pablo Stolze
Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho, Roberto Senise Lisboa, Cristiano Chaves de Farias e
Nelson Rosenvald, Francisco Amaral, Guilherme Calmon Nogueira da Gama, Antonio
Junqueira de Azevedo, Gustavo Rene Nicolau, Renan Lotufo e Maria Helena Diniz. Em
sua obra sobre a Parte Geral do Código Civil de 2002, lançada no ano de 2012, o Mestre
Álvaro Villaça Azevedo também expõe que o correto é sustentar que a personalidade é
adquirida desde a concepção (Teoria..., 2012, p. 10).

Ref: TARTUCE, Flávio. Direito Civil - Vol. 1


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JURISPRUDÊNCIA

“Direito civil. Danos morais. Morte. Atropelamento. Composição férrea. Ação ajuizada
23 anos após o evento. Prescrição inexistente. Influência na quantificação do quantum.
Precedentes da Turma. Nascituro. Direito aos danos morais. Doutrina. Atenuação. Fixação
nesta instância. Possibilidade. Recurso parcialmente provido. I – Nos termos da orientação
da Turma, o direito à indenização por dano moral não desaparece com o decurso de
tempo (desde que não transcorrido o lapso prescricional), mas é fato a ser considerado na
fixação do quantum. II – O nascituro também tem direito aos danos morais pela morte do
pai, mas a circunstância de não tê-lo conhecido em vida tem influência na fixação do
quantum. III – Recomenda-se que o valor do dano moral seja fixado desde logo, inclusive
nesta instância, buscando dar solução definitiva ao caso e evitando inconvenientes e
retardamento da solução jurisdicional” (STJ, REsp 399.028/SP, Rel. Ministro Sálvio de
Figueiredo Teixeira, Quarta Turma, julgado em 26.02.2002, DJ 15.04.2002 p. 232)

Ref: TARTUCE, Flávio. Direito Civil - Vol. 1


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Em 2015, reconheceu-se a presença de danos morais ao nascituro pela infeliz


afirmação feita pelo humorista Rafinha Bastos no programa CQC, em relação à cantora
Wanessa Camargo, então grávida, e seu filho (STJ, REsp 1.487.089/SP, Rel. Min. Marcos
Buzzi. 4.ª Turma, j. 23.06.2015).

“Recurso Especial. Direito securitário. Seguro DPVAT. Atropelamento de mulher


grávida. Morte do feto. Direito à indenização. Interpretação da Lei 6194/74. 1 –
Atropelamento de mulher grávida, quando trafegava de bicicleta por via pública,
acarretando a morte do feto quatro dias depois com trinta e cinco semanas de gestação. 2
– Reconhecimento do direito dos pais de receberem a indenização por danos pessoais,
prevista na legislação regulamentadora do seguro DPVAT, em face da morte do feto. 3 –
Proteção conferida pelo sistema jurídico à vida intrauterina, desde a concepção, com
fundamento no princípio da dignidade da pessoa humana. 4 – Interpretação sistemático-
teleológica do conceito de danos pessoais previsto na Lei 6.194/74 (arts. 3.º e 4.º). 5 –
Recurso especial provido, vencido o relator, julgando-se procedente o pedido” (STJ, REsp
1.120.676/SC, Rel. Min. Massami Uyeda, Rel. p/ Acórdão Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, Terceira Turma, j. 07.12.2010, DJe 04.02.2011).

Ref: TARTUCE, Flávio. Direito Civil - Vol. 1


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Questões OBJETIVAS

Centro de Treinamento e Desenvolvimento (CETREDE) - 2018 - Empresa de


Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará - CE (EMATERCE/CE) - Agente de ATER
A luz do Código Civil, analise as afirmativas a seguir.
I. Os animais e as coisas podem ser objeto de direito.
II. Apenas as coisas podem ser objeto de direito.
III. Apenas as pessoas podem ser sujeitos de direito.
IV. Pessoas e coisas podem ser sujeitos de direito.
V. Os animais não são sujeitos de direitos.
Marque a opção que apresenta as afirmativas CORRETAS.
A. I – V.
B. I – III – V.
C. I – II – III – IV.
D. II – IV.
E. I– II – IV – V.

Ref: TARTUCE, Flávio. Direito Civil - Vol. 1

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