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IREITOS DA PERSONALIDADE
1. PERSONALIDADE JURÍDICA
1.1. TEORIA TRADICIONAL
Historicamente conceituou-se a personalidade jurídica como a aptidão para titularizar relações jurídicas,
isto é, ser sujeito de direitos. Haveria uma relação implicacional: toda pessoa tem personalidade jurídica e
quem possui personalidade jurídica possui aptidão para ser sujeito de direitos (aptidão para titularizar
relações jurídicas)
Capacidade jurídica: é a medida da personalidade, vez que é a aptidão para praticar atos pessoalmente.
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1.2.4. Conclusão ( para a Teoria Moderna)
Quem dispõe de personalidade, dispõe também de capacidade, mas a recíproca não é verdadeira. Ex:
entes despersonalizados.
Toda pessoa tem capacidade, mas nem todo aquele que tenha capacidade é uma pessoa.
Personalidade: aptidão para titularizar relações existenciais
Capacidade: aptidão para titularizar relações patrimoniais
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Direitos humanos dizem respeito a relações jurídicas internacionais.
Direitos fundamentais são tanto para o direito público, quanto para o privado
STF RE 201.819/RJ: aplicação dos direitos fundamentais às relações privadas. (eficácia horizontal dos
direitos fundamentais)
3.2.2. Direito sucessório do embrião congelado cujo pai faleceu antes da implantação no útero (art. 1798)
Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão.
Alguns autores como Caio Mário negam direito sucessório ao embrião laboratorial, sob o argumento de
que o conceito de concepção é uterino. De outro lado, Maria Berenice Dias e Giselda Hironaka defendem
o direito sucessório do embrião congelado com base o princípio constitucional da igualdade entre os
filhos.
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4.1. SITUAÇÕES POLÊMICAS RELATIVAS À EXTINÇÃO DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE
4.1.1. Sucessão processual (art. 43, CPC)
CPC, Art. 43. Ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á a substituição pelo seu espólio ou pelos seus
sucessores, observado o disposto no art. 265.
Hipótese: o titular de direito da personalidade sofre um dano ainda vivo, promove a ação e falece no
curso do procedimento.
Resposta jurídica: com a morte do autor da ação, há suspensão do processo (art. 265, CPC) e os
sucessores se habilitam no processo e dão continuidade à demanda.
Não há transmissão dos direitos da personalidade, mas apenas uma sucessão dentro do processo.
Hipótese: titular de direito da personalidade sofreu lesão ainda vivo, e faleceu sem promover a ação
Legitimidade: deve-se observar a ordem de vocação hereditária.
Imposto: incide ITCMD
Resposta jurídica: transmite-se ao seu espólio o direito de requerer indenização no lugar do morto.
Não há transmissão do direito da personalidade, mas apenas o direito patrimonial de requerer a
indenização por violação de direito da personalidade. É a indenização devida ao falecido se vivo fosse.
Pressupõe a inocorrência de prescrição, visto que ninguém pode transmitir mais do que tem.
Hipótese: dano a direito da personalidade que ocorre depois do óbito do titular atingirá diretamente o
morto. Atingindo o morto não produzirá qualquer efeito jurídico, tendo em vista já extinta sua
possibilidade. Contudo, além de atingir diretamente o morto este dano atinge também indiretamente os
seus familiares vivos.
Resposta jurídica: os efeitos que decorrem são titularizados pelos lesados indiretos (familiares).
A situação jurídica encaixa-se nos chamados danos reflexos ou de ricochete.
Legitimação: trata-se de legitimação ordinária, vez que atua em nome próprio defendendo direito próprio
Imposto: não incide ITCMD
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Companhia aérea fez acordo com pais da vítima, mas não com irmã do falecido. O STJ concedeu-lhe, pois
o seu prejuízo ainda não havia sido indenizado. Não se trata de direito de sucessão, mas indenização por
lesão a direito da personalidade. (Provada, logicamente, a efetiva relação afetiva)
5.1. CORRENTES
5.1.1. Corrente majoritária
Maria Helena Diniz, Pablo
Os direitos da personalidade advêm do jusnaturalismo.
Os direitos da personalidade não são concedidos pelo ordenamento, mas por uma ordem natural
preconcebida, não possuindo, por dado fato, natureza jurídica.
Exemplo: o Tribunal de Nuremberg condenou os oficiais Nazistas com base na existência de um direito
maior que a lei alemã.
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7.2. PROTEÇÃO DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE À QUEM NÃO POSSUI DIREITOS DA PERSONALIDADE
Código Civil Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.
Aparente conflito: de qualquer sorte, a pessoa jurídica possui personalidade. Essa é uma realidade
incontroversa. Ora, como combinar tal entendimento com a premissa de que “toda pessoa tem
personalidade, e quem tem personalidade tem direito a proteção essencial”.
Resposta: os direitos da personalidade estão baseados na dignidade humana, por isso não podem ser
atribuídos à pessoa jurídica. O Código Civil, entretanto, buscando aumentar a proteção jurídica delas,
confere-lhes a proteção dos direitos da personalidade. O artigo evidencia que os direitos da
personalidade foram construídos pelo homem e para o homem, mas sua proteção é aplicável à pessoa
jurídica.
Atributo de elasticidade: é uma qualidade dos direitos da personalidade. É o que permite que os direitos
da personalidade, embora não alcancem de ordinário as pessoas jurídicas, a sua proteção seja aplicável às
pessoas jurídicas no que couber.
Considerando dano moral um dano a direito da personalidade, a princípio, não poderia a Pessoa Jurídica
sofrê-lo. Entretanto, dada a disposição do art. 52 do Código Civil de que “cabe a proteção aos direitos da
personalidade no que couber” há de se reconhecer que a violação a tal proteção é um dano moral. Por tal
motivo o STJ editou a súmula 227 que corrobora tal entendimento.
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Exemplo2: STJ vem admitindo o uso de prova ilícita em processo penal pelo réu para provar sua
liberdade, vez que a garantia de liberdade supera a proibição de provas ilícitas. (proporcionalidade em
sentido de ponderação de interesses)
8.2.1. Exemplo
Notícia1: “Ministro de Estado possui amante com cargo de confiança no Ministério.” Ora, a liberdade de
imprensa possui maior densidade valorativa.
Notícia2: “Dona Elza, presidente de associação de bairro possui amante de 20 anos.” Ora, a privacidade
possui, neste caso uma maior densidade valorativa
STJ criando solidariedade: sempre se disse que a solidariedade advém da Lei ou vontade das partes. A
súmula 221 estabelece solidariedade por vontade do STJ.
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9.1.1. Limites ao ato de restrição voluntária a direito da personalidade
Enunciado 4 da Jornada
O EXERCÍCIO DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE PODE SOFRER LIMITAÇÃO VOLUNTÁRIA, DESDE QUE NÃO
SEJA PERMANENTE NEM GERAL.
9.1.1.3. Ato de restrição não pode violar a dignidade do titular, mesmo com seu consentimento
Exemplo: arremesso de anão.
9.2. ABSOLUTOS
No sentido de oponíveis erga omnes
9.3. INATOS
Posição majoritária é que advêm do direito natural, ou seja, ordem preconcebida.
9.4. EXTRAPATRIMONIAIS
Dizer que eles são extrapatrimoniais é dizer que seu conteúdo não tem valor econômico.
Não impede, porém, que sua eventual violação gere reparação econômica.
9.6. IMPRESCRITÍVEIS
Não há prazo extintivo para o seu exercício, ou seja, não há prazo para que o titular exerça o seu direito
da personalidade.
Prazo para a indenização: haverá (3 anos).
RESP 816.209/RJ: imprescritível é a pretensão da indenização contra tortura. STJ entendeu que, se a
tortura é imprescritível, também o é a ação civil.
o Problema: tortura sofrida por negros na época da escravidão deverá ser indenizada?
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CDC e Reforma processual de 94: começou-se a discutir a idoneidade do binômio, ou seja, se ele se
mostrava suficiente para garantir os direitos. A vítima de uma violação a direito não estava interessada
somente na sanção do agente, mas também na efetiva proteção do seu direito. Ex: não basta a
indenização, faz-se necessária a retirada do nome do consumidor colocado indevidamente em cadastro
de inadimplentes.
Código Civil 2002: rompeu o binômio lesão/sanção, ampliando a proteção dos direitos da personalidade.
“Outras sanções”: seriam a tutela penal, administrativa e os casos de auto-tutela (ex: embargo
extrajudicial, chamado também “jato de pedra” em nunciação de obra nova)
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Autores modernos (Diddier e Marignoni): diferentemente dos autores clássicos, admite a prisão civil
como meio de tutela específica sob o argumento de que, nesse caso, o juiz não está determinando a
prisão por dívida, mas sim por descumprimento espontâneo de decisão judicial.
o Inconveniente: qual o prazo dessa prisão?
DANO MORAL
Dano Dano à Dano
moral imagem Estético
SÚMULA 387 STJ: É LÍCITA A CUMULAÇÃO DE INDENIZAÇÃO DE DANO ESTÉTICO E DANO MORAL
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10.2.2.4. Polêmicas relativas à tutela compensatória
a) Indenização por dano moral possui natureza punitiva?
Genericamente a resposta é não, pois sua natureza é essencialmente compensatória. Sequer pode se
dizer reparatória, pois o bem jurídico lesado não pode ser recomposto.
“Punitive damage”: tal instituto norte-americano não se aplica no Brasil, porém o STJ tem como critério
para a fixação da indenização a “teoria do desestímulo”, ou seja, fixação de valor com caráter pedagógico.
Conclusão: o dano moral não tem natureza punitiva, mas deve ser calculado também visando à punição.
Lei 7.347/85
Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade
por danos morais e patrimoniais causados: (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994)
III – a outros direitos difusos ou coletivos
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11. DIREITOS DA PERSONALIDADE DAS PESSOAS PÚBLICAS
Pessoas públicas: são as celebridades (artistas, jogadores de futebol, políticos)
A publicidade de suas carreiras não lhes subtrai os direitos da personalidade, todavia, dado seu
conhecimento notório, sofrem uma relativização no exercício deles, porque seu ofício ou profissão impõe
uma exposição de sua personalidade.
Direito de imagem: é o mais relativizado dentre os direitos da personalidade.
Privacidade e intimidade: merecem intensa proteção
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Art. 14: direito ao corpo morto
Art. 15: autonomia do paciente ou livre consentimento informado
Art. 16 a 19: direito ao nome civil
Art. 20: direito à imagem
Art. 21: direito à privacidade.
É a proteção do corpo humano como um todo, mas também das partes separadas.
3.2.1. Exemplos
Piercing e tatuagem: não contrariam os bons costumes ou geram diminuição permanente, logo são
permitidos pelo art.13.
“Wannabe”: é um grupo de pessoas que tem repulsa a determinado órgão humano e deseja amputá-los.
Gera diminuição permanente, portanto o art. 13 proíbe tal conduta.
Acidente que exija a amputação: por ser exigência médica, o art. 13 permite tal conduta.
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Necessária ação judicial
Novo entendimento do STJ (SE 1.058 ITA): o transexual operado tem direito de mudar tanto o nome,
quanto o sexo em seu registro civil, independentemente da demonstração do motivo.
Maria Berenice Dias: defende a tese de que o transexual tem direito de modificar o registro mesmo sem
a cirurgia, porque não se pode obrigar a realização da cirurgia para a modificação do direito.
Vara de família: considera-se que se trata de ação de estado e não ação registral.
3.3.1.4. Intersexual
Intersexual é o hermafrodita, aquele que nasceu com ambigüidade sexual. Assim, nasceu com
características morfológicas masculinas e femininas.
Seu caso não é de transgenitalização, mas de preponderância no tempo, porquanto num determinado
momento haverá prevalência de algum dos sexos. Podendo haver antecipação por meio de indução de
hormônios.
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3.3.3. Proteção às partes separadas do corpo
3.3.3.1. Caso Glória Trevez Reclamação 2.040/DF
Os policiais federais resolveram provar que não foram eles os que a engravidaram. Pegaram sua placenta
sem sua autorização e fizeram o exame.
Cristiano Chaves: houve lesão, porque a lei protege também as partes separadas do corpo humano.
STF: admitiu tal situação defendendo que não houve lesão à integridade física.
Corte Européia de Direitos Humanos: admite a realização de exame pericial com parte do corpo sem o
consentimento do cedente.
6.1. SENDO DIREITO DA PERSONALIDADE NÃO SERIA O TITULAR QUEM DEVERIA ESCOLHÊ-LO?
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Na verdade, é o titular quem escolhe seu próprio nome. Sua escolha, tendo em vista ser direito da
personalidade é pessoalíssima.
Mudança imotivada do nome: prazo decadencial de 1 ano contados a partir da maioridade civil desde
que não prejudique o nome da família. (artigo 56 da LRP)
A Lei de Registros Públicos, em seu artigo 55 e parágrafo único, permite a recusa do oficial de registro civil em
registrar prenomes suscetíveis de expor ao ridículo os portadores, e em caso de inconformismo do pai deverá o
caso ser encaminhado à decisão do juiz competente.
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a) Transexual
b) Inclusão de sobrenome de ascendente que não lhe foi concedido
c) Viuvez
d) Retirada de sobrenome em caso de abandono afetivo
e) Erro de grafia
f) Exposição do titular a ridículo
Em regra, o cônjuge culpado perde o direito de usar o sobrenome do outro, salvo se na hipótese dos
incisos do art. 1.578
6.5.2.1. Requisitos
a) Pedido expresso da parte
b) Culpa grave de cônjuge
c) Não prejuízo à identificação dos filhos
d) Não prejuízo à identificação do próprio titular
STJ: por mais grave que seja a culpa, o cônjuge tem direito de manutenção do nome se prejudica a
identificação (REsp 358.598/PR)
7. DIREITO À IMAGEM
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública,
(função social da imagem) a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a
utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que
couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o
cônjuge, os ascendentes ou os descendentes. (lembrar a diferença com os legitimados para a tutela da reparação
de direito da personalidade).
Escapando da evolução constitucional do direito à imagem, afirma que só haverá proteção quando
houver (a) exploração comercial ou (b) violação da honra.
Assim, pessoa pode utilizar a fotografia de outra pessoa no Orkut. Não tendo violado a honra nem havido
exploração comercial, a indenização somente pode se dar com base constitucional, vez que tal fato não é
ilícito segundo o regramento do Código Civil
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STJ 403: INDEPENDE DE PROVA DO PREJUÍZO A PUBLICAÇÃO NÃO AUTORIZADA DA IMAGEM DA PESSOA
COM FINS ECONÔMICOS OU COMERCIAIS
Dano in re ipsa: a Súmula 403 do STJ deixa claro que o simples uso para fins comerciais ou econômicos
configura dano, independendo da prova do prejuízo
8. DIREITO À PRIVACIDADE
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as
providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma.
Intimidade
Segredo
Privacidade
Toda informação íntima é privada, mas nem toda informação privada é íntima, pois pode ser secreta
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