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ESTADO DO RIO DE JANEIRO


PODER JUDICIÁRIO
Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro
Vigésima Quarta Câmara Cível

APELAÇÃO CÍVEL Nº 0150898-22.2020.8.19.0001


APELANTE : AMERICAN AIRLINES INC
APELADO 1 : MARGARETH TAVARES LOPES
APELADO 2 : CENTRAL DE INTERCAMBIO VIAGENS LTDA
JUIZ SENTENCIANTE: JOSE MAURICIO HELAYEL ISMAEL
RELATOR : DES. JOÃO BATISTA DAMASCENO

APELAÇÃO CÍVEL. RELAÇÃO DE CONSUMO. AÇÃO


INDENIZATÓRIA POR DANO MATERIAL E MORAL.
CANCELAMENTO DE PASSAGEM AÉREA PELO
CONSUMIDOR EM RAZÃO DA OCORRÊNCIA DE
FORÇA MAIOR. COMPROVAÇÃO DE
ACOMETIMENTO DA PARTE AUTORA POR
DOENÇA. NEGATIVA DA COMPANHIA AÉREA NA
DEVOLUÇÃO DO VALOR DAS PASSAGENS. DANOS
MATERIAIS E MORAIS. SENTENÇA DE
PROCEDÊNCIA PARCIAL. IRRESIGNAÇÃO DA
COMPANHIA AÉREA.
1- A controvérsia cinge-se à legalidade da retenção do valor
das passagens e se de tal conduta originou danos
extrapatrimoniais.
2- Negativa da ré quanto a devolução integral dos valores
que restou incontroversa, justificando a companhia aérea
que as passagens foram adquiridas em valor promocional
que não permite reembolso.
3- Atestado médico juntado que comprova o acometimento
de doença severa, necessitando de acompanhando
médico assíduo e uso de medicação controlada,
justificando o cancelamento da viagem pela requerente.
4- Abusividade da conduta da ré, uma vez que configura
renúncia ao direito do consumidor e torna ineficaz a sua

Assinado em 15/03/2022 19:22:16


JOAO BATISTA DAMASCENO:16691 Local: GAB. DES. JOÃO BATISTA DAMASCENO
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opção pelo reembolso dos valores pagos. Aplicação do


artigo 51, incisos I e II do CDC.
5- Demostrado nos autos motivo de força maior, fazem jus
os autores à restituição integral dos valores pagos.
6- Dano moral configurado.
7- Negativa indevida da ré na devolução dos valores que
configura violação a direitos da personalidade. Verba no
valor de R$ 4.000,00 que se mostra adequada às
circunstâncias do caso concreto e dentro dos parâmetros
da razoabilidade e proporcionalidade.
8- Majoração dos honorários advocatícios em grau recursal.
RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos da


Apelação nº 0150898-22.2020.8.19.0001, em que figuram as partes acima
nomeadas,

ACORDAM os Desembargadores que compõem a


Vigésima Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de
Janeiro, por unanimidade, em conhecer e negar provimento ao recurso, nos
termos do voto do Desembargador Relator.

RELATÓRIO

Trata-se de ação indenizatória movida por MARGARETH


TAVARES LOPES em face de CI - CENTRAL DE INTERCÂMBIO
VIAGENS LTDA.; LATAM AIRLINES BRASIL e AMERICAN
AIRLINES INC., alegando, em suma, que, em 14 de junho de 2019, firmou
contrato com a primeira ré, CI - CENTRAL DE INTERCÂMBIO
VIAGENS LTDA., em nome de sua filha, Maria Felícia, cujo objeto seria
um "programa de curso no exterior" em instituição de ensino estrangeira
(ELS San Diego) a se iniciar em 16/12/2019 e encerrar em 07/02/2020,
com direito a passagem aérea. Narra que o valor das passagens foi
acordado em de R$ 5.194,00 reais, composto por R$ 736,37 de taxa de
embarque, e o valor restante, ou seja, R$ 4.457,76, a ser pago de forma
parcelada, em quatro parcelas de R$ 1.114,44, a serem pagas com cartão de
crédito. Assevera que sua filha, Maria Felícia, foi acometida por depressão
severa, necessitando de acompanhando médico assíduo e uso de medicação
controlada, que iniciou em junho de 2019. Ressalta que sua filha

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apresentou piora a partir de setembro de 2019 em seu quadro clínico com


redução ainda maior da capacidade produtiva e educacional, sendo
recomendado pelo médico assistente o afastamento das atividades
educacionais. Argumenta que a matrícula de Felícia foi trancada na
PUC Rio, ocasião em que o médico atestou que a viagem
internacional seria um impeditivo, já que o quadro mental e emocional da
paciente era instável. Pontua que solicitou o cancelamento do intercâmbio
da filha e a primeira ré a orientou a solicitar o estorno dos valores das
passagens junto à companhia aérea. Afirma que manteve contato com a
segunda ré (LATAM) e foi informada pela atendente que cabia a agência
de turismo o reembolso da passagem (terceira ré) e que obteve apenas o
reembolso do valor da taxa de embarque (R$ 736,37), restando
pendente de devolução o valor dos bilhetes aéreos, na ordem de R$
4.457,76. Diante disso, pleiteou a devolução integral da passagem e
indenização por danos morais.

Deferimento de gratuidade de justiça à autora no IE 111.

Contestação de TAM LINHAS AÉREAS S/A no IE


157/164, em que arguiu preliminar de ilegitimidade passiva, ao fundamento
de que a parte autora adquiriu passagens através da CI - CENTRAL
DE INTERCÂMBIO sendo a mesma responsável por todos os
infortúnios ocorrido com as passagens adquiridas. No mérito, sustentou que
houve culpa exclusiva de terceiros, pois a parte autora adquiriu passagens
através da CI – CENTRAL DE INTERCÂMBIO sendo a mesma
responsável por todos os infortúnios ocorrido com as passagens adquiridas.
Pugnou pelo acolhimento da sua preliminar ou a improcedência dos
pedidos.

Contestação de AMERICAN AIRLINES, INC no IE


168/188, através da qual é sustentado que não cometeu nenhuma
ilegalidade, porque conforme confessado pela Autora, por motivos pessoais
alheios a vontade da empresa Ré, (condição médica prévia de sua filha), a
autora procedeu ao pedido de cancelamento dos bilhetes adquiridos, sendo
estes, por sua vez, de natureza não reembolsáveis. Pugnou pela
improcedência dos pedidos.

Contestação de CENTRAL DE INTERCÂMIBIO


VIAGENS no IE 272/294, por meio da qual suscitou preliminar de
ilegitimidade passiva, sob fundamento de que o reembolso integral foi
negado pela LATAM. No mérito, aduziu ausência de nexo causal a ensejar
a sua responsabilização e que jamais se furtou à sua obrigação de
intermediar a solicitação de cancelamento e de reembolso junto à Corré

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Latam, tanto é assim que logrou êxito no reembolso da taxa de


embarque (R$ 736,37), porém, é imperioso relembrar que a CI
também cumpriu com o dever de informar a Autora que as
passagens aéreas adquiridas consubstanciam tarifa não reembolsável
(folhas 70) de acordo com a política comercial determinada pela Corré
Latam. Pleiteou a improcedência dos pedidos.

Réplica no IE 321/326.

As partes manifestaram o desinteresse na produção de


outras provas, em conformidade com as petições dos indexadores 339; 343;
345 e 350.

Sobreveio sentença no index 354 nos seguintes termos:

Rejeito a preliminar de ilegitimidade passiva arguida pelas


demandadas.

Isso porque a responsabilidade entre os fornecedores, assim


considerados aqueles que antecedem o destinatário final em uma
relação de consumo, é solidária, nos termos dos artigos 7º, parágrafo
único, e 25, § 1º, do Código de Defesa do Consumidor. Assim, em
caso de dano causado ao consumidor, este pode acionar
qualquer integrante da cadeia de
consumo.

Destarte, os danos possivelmente causados ao consumidor originaram-


se da conduta perpetrada pelas empresas, razão pela qual devem
responder pela reparação.

Presentes as condições da ação e os pressupostos de existência e


validade do processo, ingresso no mérito, na forma do art. 355, I CPC.

A relação jurídica entre as partes é de consumo, já que estão presentes


seus requisitos subjetivos, consumidor e fornecedor (artigos 2º e 3º da
Lei 8078/90) e objetivos, produto e serviço (§§ 1º e 2º do artigo 3º da
mesma lei).

De acordo o artigo 14, § 3º, II da lei consumerista, a responsabilidade


civil do fornecedor é de natureza objetiva, salvo se comprovar que o
defeito inexistiu ou que decorre de culpa exclusiva do consumidor ou
de fato de terceiro.

Em que pese ser objetiva a responsabilidade da ré, necessário se faz o


concurso de dois pressupostos, quais sejam, o dano e a relação de
causalidade com o defeito do serviço.

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A controvérsia cinge-se à legalidade da retenção do valor das


passagens e se de tal conduta originou danos extrapatrimoniais.

Por outro lado, o ponto inequívoco é que a filha da autora deixou


de participar do intercâmbio planejado por ter sido acometida por
depressão - CID 10 F32.2.

Verifica-se, pelo exame dos autos, que a autora adquiriu passagens


aéreas, a fim de promover o intercâmbio de sua filha, tendo que
cancelar a viagem em razão de seu estado de saúde.

Após a confirmação do cancelamento da viagem, somente foi


restituída a consumidora a taxa de embarque, na ordem de R$
736,37, sendo negada a devolução do valor dos bilhetes aéreos, na
importância de R$ 4.457,76.

Em que pese as alegações apresentadas, não é influente para o


deslinde da lide a existência de informação da companhia aérea
acerca de multa e tarifas, já que tal circunstância não afasta a
abusividade praticada pela parte demandada na retenção de mais de
50% do valor despendido pela autora na compra dos bilhetes aéreos,
sendo vedado pelo CDC a imposição de desvantagem exagerada na
relação de consumo, nos
termos do art. 51, §1º, I, II, e III do mencionado diploma legal.

Como visto, a desistência manifestada pela autora foi apresentada


antes do horário do voo e se deu por motivo justificado: a saúde de
sua filha, como demonstrado pelo atestado médico do IE 81/89,
justificando o cancelamento da viagem pela requerente.

Em contrapartida, deve-se frisar que as rés não tiveram prejuízo


algum, vez que decerto colocou à venda a passagem não usada pela
autora, com a liberação dos respectivos assentos. Note-se que a ré não
comprovou nos autos que a aeronave decolou com o assento vazio,
prova que lhe incumbia.

Logo, o que se tem é que de forma ilícita, a companhia aérea lucrou


com mais de 50% na retenção do valor das passagens
adquiridas pela autora.

Neste ínterim, o pedido de indenização por dano material a fim de ser


a autora ressarcida da cobrança exorbitante da ré pelo cancelamento
das passagens, deve ser acolhido.

Assim, considerando que o valor total das passagens foi de R$


4.457,76, este é o valor correto a ser reembolsado.

À propósito:

(...)

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Outrossim, evidente o dano moral nos autos considerando que ocorreu


retenção indevida do valor, causando angústia desnecessária ao
consumidor, além do sofrimento já causado pela situação da sua
filha.

No que concerne ao "quantum" a ser fixado a título de indenização


por dano moral, incumbe ressaltar que a doutrina e a jurisprudência se
encontram pacificadas no sentido de conferir dupla finalidade à
reparação, devendo a ser punitiva para o agente causador do dano e
compensatória para o lesado, considerando o potencial econômico do
ofensor e as peculiaridades do caso.

De acordo com os critérios mencionados, fixo-o em R$ 4.000,00


(quatro mil reais).

Do exposto, JULGO PROCEDENTE EM PARTE O PEDIDO, com


fulcro no art. 487, I, do CPC para condenar a parte ré, solidariamente:

a) a pagar indenização por dano material no valor de R$


4.457,76 (quatro mil, quatrocentos e cinquenta e sete reais e setenta
e seis centavos), acrescida de juros de 1% ao mês desde a citação e
correção monetária pelos índices da CGJ/RJ a contar do pedido de
cancelamento da viagem;
b) a pagar indenização por dano moral no valor de R$ 4.000,00
(quatro mil reais), corrigidos pelos índices da CGJ/RJ a contar da
publicação da sentença e acrescidos de juros moratórios de 1% ao
mês, incidentes desde a citação.

Condeno a parte ré ao pagamento de custas, taxa judiciária e


honorários advocatícios que fixo em 10% (dez por cento) do valor da
condenação.

Advirto, desde já, que embargos declaratórios não se prestam à


revisão de fatos e provas, nem à impugnação da justiça da decisão,
cabendo sua interposição nos estreitos limites previstos no artigo
1.022 do CPC. A interposição de embargos declaratórios
meramente protelatórios ensejará a aplicação de multa, nos termos do
artigo 1.026, § 2.º, do CPC.

Na forma do inciso I do art. 229-A da Consolidação Normativa da


Corregedoria-Geral de Justiça, acrescentado pelo Provimento 20/2013,
ficam as partes cientes de que os autos serão remetidos à Central de
Arquivamento.

Em suas razões recursais (indexador 387), a parte ré


AMERICAN AIRLINES afirma que, conforme comprovado nos autos, a
Apelada tinha plena ciência no ato da aquisição de que estava adquirindo

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bilhetes promocionais não reembolsáveis, vez que constou expressamente


no contrato. Com isto, de plano já deve ser considerado que houve
pleno cumprimento do dever de informação, e de que a Apelada
possuía plena ciência das limitações relativas aos bilhetes promocionais
que adquiriu. Acrescenta que a Apelada já sabia da doença pré-
existente, sendo o início do tratamento da doença no mesmo mês da
aquisição dos bilhetes aéreos, de forma que, se a filha da Apelada estava
instável e iniciando um tratamento médico, certamente seria mais prudente
a aquisição de um bilhete tarifa cheia, sem restrições para o reembolso, no
entanto, não foi esta a conduta da Apelada. Afirma que cabe ao passageiro
a escolha quanto à classe e tipo de tarifa, cabendo ao transportador a
obrigação de restar a devida informação e dar a devida publicidade às
normas e restrições aplicáveis, conforme prevê a legislação consumerista
e as normas especiais vigentes. Logo, ao negar o reembolso de bilhete não
reembolsável, a Apelada agiu em conformidade com o direito e as normas
que regulam sua atividade, o que, por si só, afasta a incidência do ato ilícito
na forma do artigo 188, inciso I, do Código Civil. Defende a inexistência
de danos morais. Requer a improcedência dos pedidos ou a redução do
valor da indenização. Por fim, requer que os juros sobre eventual valor de
indenização por dano moral incidam a partir da data de seu arbitramento.

Foram apresentadas contrarrazões nos index 458 e 465.

É o relatório.

VOTO

O recurso é tempestivo e reúne os demais requisitos de


admissibilidade, daí porque dele se conhece.

A controvérsia cinge-se à legalidade da retenção do valor


das passagens e se de tal conduta originou danos extrapatrimoniais.

De acordo com o art. 740 do CC, o passageiro tem o direito


de rescindir o contrato de transporte antes de iniciada a viagem, sendo-lhe
devida a restituição do valor da passagem, desde que feita à comunicação
ao transportador em tempo de ser renegociada.

Frise-se que a referida norma não estabelece qual seria o


prazo hábil para o bilhete ser renegociado.

Na presente hipótese, a desistência da autora se deu


aproximadamente um mês antes da viagem, o que a toda prova, é tempo

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mais que suficiente para a ré, empresa área de grande porte, renegocie as
referidas passagens.

Acresce-se, ainda, que a viagem seria realizada no mês de


dezembro, sabidamente de alta demanda, sendo considerada “alta
temporada”, o que inclusive eleva os valores das passagens.

Cumpre ainda esclarecer, que a ANAC aprovou a Resolução


n° 400/2016, que o consumidor tem direito a restituição de 100% do que
gastou com a passagem área se comunicar sua desistência, no prazo de 24
horas, a contar do recebimento do bilhete e, desde que exista um período
igual ou superior a 7 dias até a data da viagem, o que se enquadra
perfeitamente no caso em questão.

Por outro lado, a parte ré assevera em seu recurso que os


bilhetes adquiridos eram promocionais e não reembolsáveis, razão pela
qual não faz jus a parte autora a qualquer tipo de reembolso, tendo sido
informada no contrato.

No entanto, restou comprovada nos autos a ocorrência de


força maior, qual seja, o acometimento da passageira por doença que a
impediu de efetuar a viagem conforme planejado.

O atestado médico do IE 81/89 comprova que a passageira


estava acometida por depressão severa, necessitando de acompanhando
médico assíduo e uso de medicação controlada, cujo quadro apresentou
piora a partir de setembro de 2019 com redução ainda maior da capacidade
produtiva e educacional, sendo recomendado pelo médico assistente o
afastamento das atividades educacionais.

Conclui-se, portanto, que a desistência manifestada pela


autora foi apresentada antes do horário do voo e se deu por motivo
justificado.

Em contrapartida, deve-se frisar que a ré não teve prejuízo


algum vez que decerto colocou à venda a passagem não usada, com a
liberação do respectivo assento. Note-se que a ré não comprovou nos autos
que a aeronave decolou com o assento da autora vazio, prova que lhe
incumbia.

Assim, o pedido de indenização por dano material a fim de


ser a autora ressarcida do valor integral das passagens acolhido na
sentença deve ser mantido.

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No que tange ao dano moral, é bem verdade que o mero


descumprimento do dever contratual não o configura (Súmula n° 75 do
TJERJ).

Contudo, no caso em tela, os transtornos causados ao


demandante não podem ser considerados de pouca monta, principalmente
por não ter a parte ré dado solução adequada à sua reclamação, compelindo
a parte autora a contratar advogado para buscar judicialmente a solução de
algo que poderia ter sido facilmente resolvido na esfera administrativa, sem
que houvesse necessidade de reconhecimento judicial prévio de clara falha
do fornecedor, tudo a extrapolar o limite das vicissitudes ínsitas à vida de
relação.

Também não se pode olvidar do sentimento de apreensão e


impotência do consumidor, que teve a um alto valor retido pela empresa ré.

Já o quantum indenizatório deve representar compensação


razoável pelo sofrimento experimentado, cuja intensidade deve ser
considerada para fixação do valor, aliada a outras circunstâncias peculiares
de cada conflito de interesses, sem jamais constituir-se em fonte de
enriquecimento sem causa para o ofendido, nem, tampouco, em valor
ínfimo que o faça perder o caráter pedagógico-punitivo ao ofensor.

Nesta esteira, verifica-se que o valor arbitrado, R$4.000,00


(quatro mil reais), atende os parâmetros anteriormente expostos, estando de
acordo com os princípios da razoabilidade e proporcionalidade.

Outrossim, não sendo manifestamente desarrazoado o valor


arbitrado e não demonstrado objetivamente o seu exagero ou sua
exiguidade, deve a decisão do juízo a quo ser prestigiada, conforme
entendimento jurisprudencial dominante nesta Corte, sintetizado no
enunciado sumular 343 deste E.TJ, com a seguinte redação: “

A verba indenizatória do dano moral somente será


modificada se não atendidos pela sentença os princípios da
proporcionalidade e da razoabilidade na fixação do valor da condenação.”

Quanto ao termo inicial para a contagem de juros, também


merece ser mantida a sentença, uma vez que a presente hipótese se origina
de relação contratual, devendo a verba indenizatória por danos morais ser
corrigida a contar da citação (art.405 do CC).

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Por fim, devem ser majorados os honorários advocatícios


diante da imposição do art. 85, §11 do CPC/2015, fixando-se os honorários
recursais em 2% (dois por cento) sobre o valor da condenação.

Pelo exposto, voto no sentido de conhecer e negar


provimento ao recurso, majorando-se os honorários advocatícios em 2%
sobre o valor da condenação.

Rio de Janeiro, 09 de março de 2022

JOÃO BATISTA DAMASCENO


DESEMBARGADOR RELATOR

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