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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Autos nº. 0021328-67.2021.8.16.0021

Recurso Inominado Cível n° 0021328-67.2021.8.16.0021


1º Juizado Especial Cível de Cascavel
Recorrente(s): EXPEDIA DO BRASIL AGÊNCIA DE VIAGENS E TURISMO LTDA
Recorrido(s): AMERICAN AIRLINES INC, NAYARA DE SOUZA RADAELLI e Ricardo Parzianello
Relator: Irineu Stein Junior

RECURSO INOMINADO. TRANSPORTE AÉREO INTERNACIONAL.


AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM INDENIZAÇÃO
POR DANOS MORAIS. PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA.
AFASTADA. CANCELAMENTO DO VOO EM RAZÃO DA PANDEMIA
DA COVID-19. REMARCAÇÃO. COBRANÇA DE DIFERENÇA DE
TARIFA. CONTRARIEDADE DA INFORMAÇÃO PRESTADA DE
INEXISTÊNCIA DE COBRANÇA DE DIFERENÇA TARIFÁRIA.
VINCULAÇÃO DA OFERTA. OBSERVÂNCIA AO CONTIDO NO ART.
30 DO CDC. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.

1. Trata-se de ação de obrigação de fazer cumulada com indenização por


danos morais proposta em razão da cobrança de diferença tarifária para
remarcação de voo cancelado.

2. Legitimidade passiva da ré recorrente. No caso, embora o serviço prestado


pela ré recorrente tenha sido a venda de passagens aéreas, a ela foi atribuída
a falha na prestação do serviço. Dessa forma, considerando que a recorrente
compôs a cadeia de fornecimento do serviço, subsiste a responsabilidade
solidária das rés pelos danos causados aos Autores (art. 7º, parágrafo único,
CDC).

3. Falha na prestação do serviço. Vinculação da oferta. Depreende-se dos


autos que os voos foram cancelados em decorrência do fechamento da
fronteira dos EUA para estrangeiros de nacionalidade brasileira e que os
Autores ao tentarem remarcar o voo foram surpreendidos com a informação
da cobrança de uma taxa adicional do valor aproximado de R$ 3.000,00 (três
mil reais). Todavia, a exigência vai de encontro ao próprio anúncio emitido
por ocasião da compra das passagens (Sem taxa de alteração para esse voo –
Se os planos mudarem, você poderá alterar esses voos sem nenhuma taxa.
Porque é importante ser flexível). Sendo assim, a exigência de novos valores
complementares a título de diferença do valor das tarifas é manifestamente
indevida, aliada ao fato de que o cancelamento da viagem original não
decorreu de ato de vontade própria dos Autores, mas sim em razão de força
maior, o que retira qualquer obrigação de pagar eventuais diferenças
tarifárias.
Outrossim, a oferta de remarcação sem incidência de cobrança de valores
vincula a estipulante nos termos do art. 30 do CDC.

Assim, a obrigação de fazer determinada na sentença deve ser mantida em


todos os seus termos.

Precedentes desta Turma Recursal: RECURSO INOMINADO. VOO


INTERNACIONAL. NECESSIDADE DE REMARCAÇÃO DA
PASSAGEM. COBRANÇA DE MULTA PELA REMARCAÇÃO E DE
DIFERENÇA TARIFÁRIA. COMPROVAÇÃO DA NECESSIDADE DA
REMARCAÇÃO POR MOTIVO DE SAÚDE. DANOS MATERIAIS
DEVIDOS. DANOS MORAIS AFASTADOS. RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO. (TJPR - 2ª Turma Recursal - 0004758-
41.2017.8.16.0184 - Curitiba - Rel.: JUIZ DE DIREITO DA TURMA
RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS HELDER LUIS HENRIQUE
TAGUCHI - Rel.Desig. p/ o Acórdão: JUIZ DE DIREITO DA TURMA
RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS ALVARO RODRIGUES
JUNIOR - J. 13.11.2018).

4. Sentença mantida. Recurso desprovido.

Trata-se de recurso inominado apresentado pela ré EXPEDIA DO BRASIL AGÊNCIA


DE VIAGENS E TURISMO LTDA. em razão da sentença proferida nos autos de ação de obrigação de
fazer cumulada com indenização por danos morais, que julgou parcialmente procedente o pedido da
inicial para determinar às rés, solidariamente, a remarcar as passagens aéreas dos autores, identificadas
pelo código de reserva JEKYLZ sem custos extras de taxas de alteração ou de diferenças tarifárias,
observados (i) os mesmos itinerários (aeroportos), (ii) o prazo final de 18/09/2022 para utilização pelos
passageiros, e (iii) a não remarcação para períodos de feriados no Brasil ou nos Estados Unidos da
América.

Pretende a reforma do pronunciamento.

Contrarrazões (mov. 89 e 95).

Relatório dispensado (art. 46 da Lei nº 9.099/95 e Enunciado 92 do FONAJE).

Do princípio da dialeticidade recursal

Em que pese as alegações trazidas em contrarrazões (mov.95), não há que se falar em


violação do princípio da dialeticidade, considerando que a parte recorrente impugnou os fundamentos da
sentença, pelo que deve ser afastada a preliminar.

Presentes os pressupostos processuais de admissibilidade, o recurso merece ser conhecido.

Compulsando detidamente os autos, verifica-se que o recurso interposto não merece


provimento, devendo ser mantida a sentença por seus próprios fundamentos, nos termos do artigo 46 da
Lei 9.099/95.

Art. 46. O julgamento em segunda instância constará apenas da ata, com a indicação
suficiente do processo, fundamentação sucinta e parte dispositiva. Se a sentença for confirmada pelos
próprios fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão.

Isto posto, voto no sentido de CONHECER E NO MÉRITO NEGAR PROVIMENTO


ao recurso, mantendo-se a sentença por seus próprios fundamentos.
Ante o insucesso recursal, fica a parte recorrente condenada ao pagamento de honorários
advocatícios arbitrados em 20% (vinte por cento) sobre o valor corrigido da causa (art. 55 da Lei 9.099
/95).

Custas de lei, conforme Lei Estadual 18.413/14, arts. 2º, inc. II e 4º, e Instrução Normativa
- CSJEs, art. 18.

Ante o exposto, esta 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais resolve,


por unanimidade dos votos, em relação ao recurso de EXPEDIA DO BRASIL AGÊNCIA DE VIAGENS
E TURISMO LTDA, julgar pelo(a) Com Resolução do Mérito - Não-Provimento nos exatos termos do
voto.

O julgamento foi presidido pelo (a) Juiz(a) Irineu Stein Junior (relator),
com voto, e dele participaram os Juízes Fernanda Bernert Michielin e Marcel Luis Hoffmann.

15 de julho de 2022

Irineu Stein Junior

Juiz (a) relator (a)

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