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Estagiária: Nathália Soares de Jesus.

Matrícula: 201501044087
Estágio Obrigatório IV: Plantão 16h/18h.
Atividade: Pesquisar 2 jurisprudências por tema e depois
responder com as próprias palavras os temas abordados.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL


1. Pesquisa – A possibilidade de incidência do CDC nos
contratos bancários:

ARE 1073923
Relator (a): Min. DIAS TOFFOLI
Julgamento: 13/09/2017
Publicação: 21/09/2017

Decisão: Vistos. Trata-se de agravo


contra a decisão que não admitiu recurso
extraordinário interposto contra acórdão
da 1ª Turma Cível do Tribunal de Justiça
do Estado do Mato Grosso do Sul, assim
ementado: “APELAÇÃO CÍVEL – REVISIONAL DE
CONTRATO – APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA
DO CONSUMIDOR AOS CONTRATOS BANCÁRIOS –
NULIDADE DAS CLÁUSULAS ABUSIVAS DO
CONTRATO – INAPLICABILIDADE DO PRINCÍPIO
PACTA SUNT SERVANDA – JUROS
REMUNERATÓRIOS ABUSIVOS – OFENSA A
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS E ABUSO DE
DIREITO – ART. 591 E 406, CC –
CAPITALIZAÇÃO MENSAL DE JUROS – VEDADA –
COMISSÃO DE PERMANÊNCIA – NÃO PERMITIDA –
PREQUESTIONAMENTO – DESNECESSÁRIO –
RECURSO NÃO PROVIDO. São aplicáveis as
disposições do Código de Defesa do
Consumidor às atividades bancárias,
porque essas se enquadram como relação de
consumo, razão pela qual não pode
prevalecer a força vinculante do contrato
ante o necessário equilíbrio a ser
mantido entre os contratantes, que se
encontram em posições díspares. Não é
aplicável o princípio pacta sunt servanda
se as cláusulas contratuais mostram-se
exorbitantes, tornando desequilibrado o
contrato, e a relação contratual está
amparada pela Lei Consumerista.

AI 745853 AgR/ PI - PIAUÍ


AG.REG. NO AGRAVO DE INSTRUMENTO
Relator (a): Min. LUIZ FUX
Julgamento: 20/03/2012
Publicação: 17/04/2012
Órgão julgador: Primeira Turma

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE


INSTRUMENTO. CIVIL. CONTRATO BANCÁRIO.
DESISTÊNCIA DO RECURSO EM RELAÇÃO À
LIMITAÇÃO DA TAXA DE JUROS DADA A DECISÃO
DESTA CORTE SUPREMA QUE REJEITOU A
REPERCUSSÃO GERAL DA MATÉRIA. DIMINUIÇÃO
DE MULTA CONTRATUAL. ALEGAÇÃO DE NEGATIVA
DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. AUSÊNCIA DE
FUNDAMENTAÇÃO. INOCORRÊNCIA. REJEIÇÃO DA
REPERCUSSÃO GERAL TAMBÉM NESSA PARTE.
APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR ÀS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS.
POSSIBILIDADE. 1. O artigo 93, IX, da
Constituição Federal não resta violado
nas hipóteses em que a decisão mercê de
fundamentada não se apoia na tese da
recorrente. Precedente com repercussão
geral: AI-QO-RG 791.292, Rel. Min. Gilmar
Mendes, Tribunal Pleno, Dje de
13.08.2010. 2. As instituições
financeiras se submetem às normas
encartadas no Código de Defesa do
Consumidor. Precedente: ADI 2.591,
Plenário, Rel. Min. Eros Grau, DJ de
04.05.2007. 3. In casu, o acórdão
recorrido assentou: “APELAÇÃO CÍVEL –
AÇÃO MONITÓRIA – CÉDULA DE CRÉDITO RURAL
– PRELIMINARES DE ILEGITIMIDADE E FALTA
DE INTERESSE PROCESSUAL – REJEITADAS –
PRESCRIÇÃO – AFASTADA – CORREÇÃO
MONETÁRIA – TAXA REFERENCIAL (TR) – JUROS
REMUNERATÓRIOS – LIMITAÇÃO – JUROS DE
MORA – INADMISSÍVEL CUMULAÇÃO COM
COMISSÃO DE PERMANÊNCIA – CAPITALIZAÇÃO
ANUAL DE JUROS – MULTA CONTRATUAL –
REDUÇÃO DE 10% PARA 2%. APELAÇÃO
PARCIALMENTE PROVIDA. ” 4. Agravo
regimental a que se nega provimento.

Em relação a incidência do CDC nos contratos bancários,


verifica-se que as instituições financeiras se enquadram
como fornecedoras de serviços ou produtos, e que há
hipossuficiência na relação entre o contratante e a
instituição financeira, resultando nas cláusulas abusivas
propostas de maneira unilateral.
A superioridade técnica e econômica em relação ao
consumidor é uma das características operacionais dos
bancos na celebração de contratos, o que pode gerar
desequilíbrio na relação jurídica.
Atualmente, nota-se que a jurisprudência é pacífica no
entendimento de que são aplicáveis as normas do CDC aos
litígios que envolvam as instituições bancárias.

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA


1. Pesquisa - Obrigatoriedade de cobertura de
transplantes de órgãos nos contratos de planos de
saúde:

Processo: AREsp 1932692


Relator (a): Ministra NANCY ANDRIGHI
Data do julgamento:16/09/2021
Data da Publicação: 20/09/2021

AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1932692 -


RJ (2021/0228761-8)
DECISÃO
Cuida-se de agravo em recurso especial
interposto por AMIL ASSISTÊNCIA MÉDICA
INTERNACIONAL S/A, contra decisão que
inadmitiu recurso especial, fundamentado
na alínea "a" do permissivo
constitucional.
Agravo em recurso especial interposto em:
19/10/2020.
Concluso ao gabinete em: 23/09/2021.
Ação: de obrigação de fazer cumulada com
reparação por danos morais com pedido de
tutela provisória de urgência, ajuizada
por MIRIAN RODRIGUES DE OLIVEIRA, que foi
substituída após o seu falecimento por
RODRIGO CALDEIRA DE SOUZA e RICARDO
CALDEIRA DE SOUZA, em desfavor de AMIL
ASSISTÊNCIA MÉDICA INTERNACIONAL S/A,
alegando a recusa indevida de cobertura
de cirurgia para transplante de fígado,
em razão da ausência de credenciamento do
nosocômio.
Sentença: o Juízo de primeiro grau julgou
procedentes os pedidos para determinar
que a AMIL autorize e custeie o
transplante de fígado da beneficiária no
Hospital São Lucas, tão logo surja um
doador, a ser liderada pelo chefe de
equipe de transplantes do referido
hospital, arcando com todas as despesas
pertinentes até a alta, a critério do
médico responsável, assumindo o pagamento
dos honorários de toda a equipe médica,
bem como de quaisquer procedimentos
médicos que se façam necessários. No
mais, condenou a AMIL no pagamento de R$
3.256,80 por perdas e danos e R$
10.000,00 a título de compensação por
danos morais.
Acórdão: o TJ/RJ negou provimento ao
apelo interposto por AMIL, nos termos da
seguinte ementa:
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR.
OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM REPARAÇÃO
POR DANO MORAL, COM PEDIDO DE DEFERIMENTO
DE TUTELA DE URGÊNCIA. ALEGAÇÃO DO AUTOR
DE QUE NECESSITA DE FORMA URGENTE SE
SUBMETER A CIRURGIA DE TRANSPLANTE DE
FÍGADO. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA
CONFIRMANDO A TUTELA PROVISÓRIA,
LIQUIDANDO AS PERDAS E DANOS PELO SEU
DESCUMPRIMENTO INTEGRAL PELO VALOR DE R$
3.256,00, CORRIGIDOS E COM JUROS DESDE O
DESEMBOLSO EM 29/05/2018 (R$ 1.000, 00) E
04/06/2018 (R$ 2.256,80) E CONDENAR A RÉ
A PAGAR O VALOR DE R$ 10.000,00, A TÍTULO
DE DANOS MORAIS, CORRIGIDOS DA DATA DA
SENTENÇA E COM JUROS DESDE A CITAÇÃO.
IRRESIGNAÇÃO DA RÉ QUE NÃO MERECE
PROSPERAR, POIS A CLÁUSULA QUE VEDA O
TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS É ABUSIVA, NOS
TERMOS DO ART. 51, IV DO CDC. DANO MORAL
QUE NO CASO EM TESTILHA DECORRE DE FORMA
INRE IPSA. VALOR FIXADO QUE ATENDE AOS
CRITÉRIOS DA RAZOABILIDADE. RECURSO
CONHECIDO E DESPROVIDO.
MAJORAÇÃO DOS HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA,
NOS TERMOS DO ART. 85, § 11, DO CPC,
ANTERIORMENTE FIXADOS EM 15% SOBRE O
VALOR DA CONDENAÇÃO DO DANO MORAL,
PASSANDO-O PARA 18%.
Embargos de declaração: opostos por AMIL,
foram rejeitados.
Recurso especial: interposto por AMIL,
alega violação dos arts. 51, §1º e IV, e
54, §§ 3º e 4º, do CDC; 10, § 4º, da Lei
9.656/98; 300 e 1.022, II, do CPC/15.
Além da negativa de prestação
jurisdicional, sustenta a possibilidade e
a legalidade das limitações e restrições
nos contratos privados de assistência à
saúde.Aduz que não está, contratualmente,
obrigada a cobrir procedimentos que não
constem do rol de procedimentos e eventos
em saúde da ANS, o qual alega ser
taxativo, não havendo que se falar,
portanto, em abusividade.
Defende, ainda, que a cláusula que prevê
cobertura para transplante apenas de rim
e de córnea não é abusiva.
RELATADO O PROCESSO. DECIDE-SE.
Julgamento: aplicação do CPC/15.
- Da violação do art. 1.022 do CPC/15 É
firme a jurisprudência do STJ no sentido
de que não há ofensa ao art. 1.022 do
CPC/15 quando o Tribunal de origem,
aplicando o direito que entende cabível à
hipótese soluciona integralmente a
controvérsia submetida à sua apreciação,
ainda que de forma diversa daquela
pretendida pela parte. A propósito,
confira-se: AgInt nos EDcl no AREsp
1.094.857/SC, 3ª Turma, DJe de 02/02/2018
e AgInt no AREsp 1.089.677/AM, 4ª Turma,
DJe de 16/02/2018.
No particular, verifica-se que o acórdão
assim decidiu quanto ao suposto ponto
omisso e contraditório, no tocante à
necessidade de custeio do procedimento
cirúrgico requerido pela beneficiária,
entendendo pela abusividade da negativa
de cobertura, de maneira que os embargos
de declaração opostos pela parte
agravante, de fato, não comportavam
acolhimento. Assim, observado o
entendimento dominante desta Corte acerca
do tema, não há que se falar em violação
do art. 1.022 do CPC/15, incidindo,
quanto ao ponto a Súmula 568/STJ.
- Da obrigação de a operadora de saúde
custear procedimentos para o tratamento
de doença coberta pelo contrato de plano
de saúde. Alega a agravante, em síntese,
que não está obrigada a cobrir os custos
do procedimento excluído do contrato e
não listado no rol de procedimentos da
ANS, bem como defende a possibilidade e
legalidade das cláusulas contratuais
limitativas e restritivas, de modo que
não há que falar em abusividade.
Segundo o TJ/RJ, é abusiva a negativa da
operadora de plano de saúde em custear o
tratamento da doença que acomete o
beneficiário, coberta pelo contrato
firmado.Com efeito, não se desconhece que
há, no âmbito da Quarta Turma, recente
julgado no sentido de que o rol de
procedimentos e eventos em saúde tem
natureza taxativa, o que autoriza as
operadoras a negarem a cobertura quando o
tratamento prescrito está fora das
hipóteses nele previstas (REsp
1.733.013/PR, julgado em 10/12/2019, DJe
20/2/2020); no entanto, a Terceira Turma
mantém a orientação firmada há muito
nesta Corte no sentido de que a natureza
do referido rol é meramente
exemplificativa e, por isso, reputa
abusiva a recusa de custeio do tratamento
de doença coberta pelo contrato.
Citam-se, por oportuno: AgInt no REsp
1.682.692/RO, Quarta Turma, julgado em
21/11/2019, DJe 06/12/2019; AgInt no
AREsp 919.368/SP, Quarta Turma, julgado
em 25/10/2016, DJe de 07/11/2016; AgRg no
AREsp 708.082/DF, Terceira Turma, julgado
em 16/02/2016, DJe de 26/02/2016.
Por sinal, na sessão de 03/02/2021, esse
entendimento foi reafirmado, à
unanimidade, pela Terceira Turma, estando
o acórdão ementado nos seguintes termos:
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE
FAZER E DE PAGAR. CONTRATO DE PLANO DE
SAÚDE. AMPLITUDE DE COBERTURA. ROL DE
PROCEDIMENTOS E EVENTOS EM SAÚDE DA ANS.
NATUREZA EXEMPLIFICATIVA. LIMITAÇÃO DO
NÚMERO DE SESSÕES DE TERAPIA OCUPACIONAL.
ABUSIVIDADE. JULGAMENTO:
CPC/15.
1. Ação de obrigação de fazer e de pagar
ajuizada em 16/05/2017, da qual foi
extraído o presente recurso especial,
interposto em 27/09/2018 e atribuído ao
gabinete em 18/09/2019.
2. O propósito recursal é dizer sobre a
obrigação de a operadora de plano de
saúde custear integralmente o tratamento
de terapia ocupacional, sem limitar o
número e a periodicidade das sessões
indicadas na prescrição médica.
3. Nos termos do § 4º do art. 10 da Lei
9.656/1998, a amplitude da cobertura
assistencial médico-hospitalar e
ambulatorial, inclusive de transplantes e
de procedimentos de alta complexidade, é
regulamentada pela ANS, a quem compete a
elaboração do rol de procedimentos e
eventos para a promoção à saúde, a
prevenção, o diagnóstico, o tratamento, a
recuperação e a reabilitação de todas as
enfermidades que compõem a Classificação
Estatística Internacional de Doenças e
Problemas Relacionados com a Saúde – CID,
da Organização Mundial de Saúde – OMS,
respeitadas as segmentações assistenciais
contratadas.
4. O Plenário do STF reafirmou, no
julgamento da ADI 2.095/RS (julgado em
11/10/2019, DJe de 26/11/2019), que "o
poder normativo atribuído às agências
reguladoras deve ser exercitado em
conformidade com a ordem constitucional e
legal de regência", razão pela qual os
atos normativos exarados pela ANS, além
de compatíveis com a Lei 9.656/1998 e a
Lei 9.961/2000, dentre outras leis
especiais, devem ter conformidade com a
CF/1988 e o CDC, não lhe cabendo inovar a
ordem jurídica.
5. Conquanto o art. 35-G da Lei
9.656/1998 imponha a aplicação
subsidiária da lei consumerista aos
contratos celebrados entre usuários e
operadoras de plano de saúde, a doutrina
especializada defende a sua aplicação
complementar àquela lei especial, em
diálogo das fontes, considerando que o
CDC é norma principiológica e com raiz
constitucional, orientação essa que se
justifica ainda mais diante da natureza
de adesão do contrato de plano de saúde e
que se confirma, no âmbito jurisdicional,
com a edição da súmula 608 pelo STJ.
6. Quando o legislador transfere para a
ANS a função de definir a amplitude das
coberturas assistenciais (art. 10, § 4º,
da Lei 9.656/1998), não cabe ao órgão
regulador, a pretexto de fazê-lo, criar
limites à cobertura determinada pela lei,
de modo a restringir o direito à saúde
assegurado ao consumidor, frustrando,
assim, a própria finalidade do contrato.
7. O que se infere da leitura da Lei
9.656/1998 é que o plano-referência impõe
a cobertura de tratamento de todas as
doenças listadas na CID, observada a
amplitude prevista para o segmento
contratado pelo consumidor e
excepcionadas apenas as hipóteses
previstas nos incisos do art. 10, de modo
que qualquer norma infralegal que a
restrinja mostra-se abusiva e, portanto,
ilegal, por colocar o consumidor em
desvantagem exagerada.
8. O rol de procedimentos e eventos em
saúde (atualmente incluído na Resolução
ANS 428/2017) é, de fato, importante
instrumento de orientação para o
consumidor em relação ao mínimo que lhe
deve ser oferecido pelas operadoras de
plano de saúde, mas não pode representar
a delimitação taxativa da cobertura
assistencial mínima, na medida em que o
contrato não se esgota em si próprio ou
naquele ato normativo, mas é regido pela
legislação especial e, sobretudo, pela
legislação consumerista, com a ressalva
feita aos contratos de autogestão.
9. Sob o prisma do CDC, não há como
exigir do consumidor, no momento em que
decide aderir ao plano de saúde, o
conhecimento acerca de todos os
procedimentos que estão – e dos que não
estão – incluídos no contrato firmado com
a operadora do plano de saúde, inclusive
porque o rol elaborado pela ANS apresenta
linguagem técnico-científica,
absolutamente ininteligível para o leigo.
Igualmente, não se pode admitir que mero
regulamento estipule, em desfavor do
consumidor, a renúncia antecipada do seu
direito a eventual tratamento prescrito
para doença listada na CID, por se tratar
de direito que resulta da natureza do
contrato de assistência à saúde.
10. No atendimento ao dever de
informação, deve o consumidor ser clara,
suficiente e expressamente esclarecido
sobre os eventos e procedimentos não
cobertos em cada segmentação assistencial
(ambulatorial, hospitalar – com ou sem
obstetrícia – e odontológico), como
também sobre as opções de rede
credenciada de atendimento, segundo as
diversas categorias de plano de saúde
oferecidas pela operadora; sobre os
diferentes tipos de contratação
(individual/familiar, coletivo por adesão
ou coletivo empresarial), de área de
abrangência (municipal, grupo de
municípios, estadual, grupo de estados e
nacional) e de acomodação (quarto
particular ou enfermaria), bem como sobre
as possibilidades de coparticipação ou
franquia e de pré ou pós-pagamento,
porque são essas as informações que o
consumidor tem condições de avaliar para
eleger o contrato a que pretende aderir.
11. Não é razoável impor ao consumidor
que, no ato da contratação, avalie os
quase 3.000 procedimentos elencados no
Anexo I da Resolução ANS 428/2017, a fim
de decidir, no momento de eleger e aderir
ao contrato, sobre as possíveis
alternativas de tratamento para as
eventuais enfermidades que possam vir a
acometê-lo.
12. Para defender a natureza taxativa do
rol de procedimentos e eventos em saúde,
a ANS considera a incerteza sobre os
riscos assumidos pela operadora de plano
de saúde, mas desconsidera que tal
solução implica a transferência dessa
mesma incerteza para o consumidor, sobre
o qual passam a recair os riscos que ele,
diferentemente do fornecedor, não tem
condições de antever e contra os quais
acredita, legitimamente, estar protegido,
porque relacionados ao interesse legítimo
assegurado pelo contrato.
13. A qualificação do rol de
procedimentos e eventos em saúde como de
natureza taxativa demanda do consumidor
um conhecimento que ele, por sua condição
de vulnerabilidade, não possui nem pode
ser obrigado a possuir; cria um
impedimento inaceitável de acesso do
consumidor às diversas modalidades de
tratamento das enfermidades cobertas pelo
plano de saúde e às novas tecnologias que
venham a surgir; e ainda lhe impõe o ônus
de suportar as consequências de sua
escolha desinformada ou mal informada,
dentre as quais, eventualmente, pode
estar a de assumir o risco à sua saúde ou
à própria vida.
14. É forçoso concluir que o rol de
procedimentos e eventos em saúde da ANS
tem natureza meramente exemplificativa,
porque só dessa forma se concretiza, a
partir das desigualdades havidas entre as
partes contratantes, a harmonia das
relações de consumo e o equilíbrio nas
relações entre consumidores e
fornecedores, de modo a satisfazer,
substancialmente, o objetivo da Política
Nacional das Relações de Consumo.
15. Hipótese em que a circunstância de o
rol de procedimentos e eventos em saúde
estabelecer um número mínimo de sessões
de terapia ocupacional de cobertura
obrigatória, ao arrepio da lei, não é
apta a autorizar a operadora a recusar o
custeio das sessões que ultrapassam o
limite previsto. Precedente do STF e do
STJ.
16. Recurso especial conhecido e
desprovido, com majoração de honorários.
(REsp 1.846.108/SP, julgado em
02/02/2021, DJe 05/02/2021) Destacam-se,
ainda, diversas decisões monocráticas
exaradas pelos Ministros da Terceira
Turma nessa mesma linha, confirmadas pelo
colegiado em julgamento de agravo
interno: AgInt no REsp 1.885.275/SP,
julgado em 30/11/2020, DJe de 04/12/2020;
AgInt no REsp 1.888.199/SP, julgado em
11/11/2020, DJe de 16/11/2020; AgInt no
REsp 1.876.976/SP, julgado em 26/10/2020,
DJe de 29/10/2020;
AgInt no REsp 1.874.078/PE, julgado em
26/10/2020, DJe de 29/10/2020; AgInt no
REsp 1.876.786/SP, julgado em 19/10/2020,
DJe de 22/10/2020; AgInt no REsp
1.883.066/SP, julgado em 19/10/2020, DJe
de 26/10/2020; AgInt no REsp
1.829.583/SP, julgado em 22/6/2020, DJe
de 26/6/2020.
Desse modo, verifica-se que o acórdão
recorrido está em harmonia com a
orientação da Terceira Turma no sentido
de que "é o médico ou o profissional
habilitado - e não o plano de saúde -
quem estabelece, na busca da cura, a
orientação terapêutica a ser dada ao
usuário acometido de doença coberta"
(REsp 1.679.190/SP, julgado em 26/9/2017,
DJe de 02/10/2017) e que "ainda que
admitida a possibilidade de o contrato de
plano de saúde conter cláusulas
limitativas dos direitos do consumidor,
revela-se abusivo o preceito excludente
do custeio dos meios e materiais
necessários ao melhor desempenho do
tratamento clínico, indicado pelo médico
que acompanha o paciente, voltado à cura
de doença coberta" (AgInt no AREsp
1391716/SP, julgado em 27/05/2019, DJe
03/06/2019). Na mesma linha:
AgInt no AREsp 1.296.865/SP, julgado em
03/12/2018, DJe 07/12/2018.
Forte nessas razões, CONHEÇO do agravo e,
com fundamento no art. 932, IV, "a", do
CPC/2015, bem como na Súmula 568/STJ,
CONHEÇO e NEGO PROVIMENTO ao recurso
especial.
Nos termos do art. 85, § 11, do CPC/15,
considerando o trabalho adicional imposto
ao advogado da parte agravada em virtude
da interposição deste recurso, majoro os
honorários fixados anteriormente em 18%
sobre o valor da condenação do dano moral
(fls. 319, e-STJ) para 20%.
Previno as partes que a interposição de
recurso contra esta decisão, se declarado
manifestamente inadmissível, protelatório
ou improcedente, poderá acarretar a
condenação às penalidades fixadas nos
arts. 1.021, § 4º, e 1.026, § 2º, do
CPC/15.
Publique-se. Intimem-se.
Brasília, 16 de setembro de 2021.
MINISTRA NANCY ANDRIGHI Relatora

RECURSO ESPECIAL Nº 1.901.890 - RJ


(2020/0170950-6)
Relator (a): MINISTRA NANCY ANDRIGHI
Órgão Julgador: T3 – TERCEIRA TURMA
Data do julgamento: 06/04/2021
Data da publicação: 15/04/2021

EMENTA
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO INDENIZATÓRIA.
FUNDAMENTO NÃO IMPUGNADO. SÚMULA 283/STF.
PLANO DE SAÚDE. CUSTEIO DE TRANSPLANTE
DE FÍGADO. RECUSA INDEVIDA.
DESCUMPRIMENTO DE ORDEM JUDICIAL PELA
OPERADORA. PROCEDIMENTO CUSTEADO PELO
BENEFICIÁRIO. INDENIZAÇÃO
PELO DANO MATERIAL. DIREITO DO
BENEFICIÁRIO AO REEMBOLSO INTEGRAL.
JULGAMENTO: CPC/2015.
1. Ação indenizatória ajuizada em
30/08/2016, da qual foi
Extraído o presente recurso especial,
interposto em 27/06/2019 e atribuído ao
Gabinete em 06/10/2020.
2. O propósito recursal é decidir sobre:
(i) a obrigação de a operadora de plano
de saúde reembolsar o usuário pelos
valores despendidos com a realização de
cirurgia de transplante de fígado; (ii) o
valor a ser reembolsado.
3.A existência de fundamento não
impugnado – quando suficiente para a
manutenção das conclusões do acórdão
recorrido - impede a
Apreciação do recurso especial (sum.
283/STF).
4. A Segunda Seção decidiu que o
reembolso das despesas médico-
hospitalares efetuadas pelo beneficiário
com tratamento/atendimento de saúde fora
da rede credenciada pode ser admitido
somente em hipóteses excepcionais, tais
como a inexistência ou insuficiência de
estabelecimento ou profissional
credenciado no local e urgência ou
emergência do procedimento
(EAREsp1.459.849/PR, julgado em
14/10/2020).
5. Se o requerimento para a realização de
procedimento cirúrgico é indevidamente
negado, como reconhecido por sentença,
não há outra opção para o beneficiário do
plano de saúde que necessita do
transplante de fígado senão a de buscar
realizá-lo por conta própria, custeando o
tratamento, se
possível, ou buscando o SUS, se
necessário.
6. O reembolso previsto no art. 12, VI,
da Lei 9.656/1998 é
obrigação cuja fonte é o próprio
contrato, cabível nos casos de
atendimento de
urgência ou emergência, quando não for
possível a utilização dos serviços
próprios, contratados, credenciados ou
referenciados pelas operadoras; o
reembolso integral, como pleiteado pelo
beneficiário e determinado pelo
Tribunal de origem, constitui obrigação
diversa, de natureza indenizatória, cuja
fonte é o descumprimento da obrigação, e
visa, na realidade, a reparação do
consequente dano material suportado.
7. Hipótese em que, tendo sido o
beneficiário obrigado a pagar
Documento: 2039237 - Inteiro Teor do
Acórdão - Site certificado - DJe:
15/04/2021 Página 1 de 5
Superior Tribunal de Justiça todos os
custos da cirurgia de transplante de
fígado, após a recusa indevida de
cobertura pela operadora de plano de
saúde e ao flagrante desrespeito à ordem
judicial que a condenou a custeá-lo, faz
jus ao reembolso integral, a título de
indenização pelo dano material.
8. Recurso especial parcialmente
conhecido e, nessa extensão, desprovido.

Verifica-se que a maioria das negativas de cobertura de


transplante de órgãos por parte dos planos de saúde são
indevidas.
Em que pese os planos de saúde neguem a cobertura do
procedimento, alegando que o contrato não prevê o direito
de cobertura ou que não há previsão no rol da ANS, a
negativa é considerada abusiva. Ademais, o entendimento
jurisprudencial predominante é o de que o rol da ANS é
meramente exemplificativo.
São aplicadas as normas de proteção do Código de Defesa do
Consumidor, tornando sem efeito as cláusulas que restrinjam
ou limitem o acesso ao tratamento que se faz necessário.
Nesse sentido, o plano de saúde é obrigado a cobrir os
transplantes de órgãos.

2. Pesquisa – Possibilidade de corte de energia de pessoa


física por inadimplemento:

Processo: AgInt nos EDcl no AgInt no


AREsp 1032324 / RJ
AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
NO AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL
2016/0328400-7
Relator (a): Ministro FRANCISCO FALCÃO
(1116)
Órgão Julgador: T2 - SEGUNDA TURMA
Data do Julgamento:07/05/2019
Data da Publicação/Fonte: DJe 13/05/2019

Ementa
PROCESSUAL CIVIL. CONSUMIDOR. ALEGAÇÃO DE
VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO
CPC/1973.INEXISTÊNCIA DE FUNDAMENTO LEGAL
PARA A SUSPENSÃO IMEDIATA
DOS SERVIÇOS, NO CASO DE INDÍCIOS DE
IRREGULARIDADE. ARTS. 113, 267, VI, E 462
DO CPC/73, ARTS. 9º, § 4º, 29, I, E 31, I
E IV, DA LEI N. 8.987/95 C/C ARTS. 2º E
3º, XIX, DA LEI N. 9.427/96. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. TEMA N. 699. DECISÃO
DO TRIBUNAL DE ORIGEM EM CONFORMIDADE COM
O ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL DO STJ. I-
Na origem, trata-se de ação civil pública
em desfavor da Light - Serviços de
Eletricidade S.A. objetivando indenização
por dano moral e material decorrente da
interrupção do fornecimento de energia
elétrica. Na sentença, julgou-se
parcialmente procedente o pedido.
No Tribunal de Justiça do Estado do Rio
de Janeiro, a sentença foi parcialmente
reformada para julgar improcedente o
pedido de condenação da ré a se abster de
cobrar débito unilateral realizado por
estimativa de consumo. II - Em relação à
indicada violação do art. 535 do CPC/1973
pelo Tribunal a quo, não se vislumbra a
alegada omissão das questões jurídicas
apresentadas pelo recorrente, tendo o
julgador se manifestado de modo expresso
e fundamentado, consignando que a
manifestação da ANEEL no feito não foi
objeto da apelação (fl. 934); que
inexiste fundamento legal para a
suspensão imediata dos serviços, no caso
de indícios de irregularidade; que a
"recuperação de consumo se refere a
débitos pretéritos e deve ser satisfeita
pelos meios ordinários de cobrança, sob
pena de caracterizar infringência ao
disposto no artigo 42 do CDC" (fl. 888);
e que a Resolução n. 414/2010 da ANEEL,
em seu art. 172, § 2º, veda a adoção da
medida de suspensão do serviço após o
decurso do prazo de 90 dias do vencimento
da fatura vencida e não paga (fl. 886).
III - oposição dos embargos declaratório
caracterizou, tão somente, a irresignação
do embargante diante de decisão contrária
a seus interesses, o que não viabiliza o
referido recurso. IV - Descaracterizada a
alegada omissão, tem-se de rigor o
afastamento da suposta violação do art.
535 do CPC/1973, conforme pacífica
jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça: V - Quanto à matéria constante
nos arts. 113, 267, VI, e 462 do CPC/73,
arts. 9º, § 4º,29, I e 31, I e IV, da Lei
n. 8.987/95 c/c arts. 2º e 3º, XIX, da
Lei n. 9.427/96, verifica-se que o
Tribunal a quo, em nenhum momento,
abordou as questões referidas nos
dispositivos legais, mesmo após a
oposição de embargos de declaração
apontando a suposta omissão. Nesse
contexto, incide, na hipótese, a Súmula
n. 211/STJ, que dispõe ser "inadmissível
recurso especial quanto à questão que, a
despeito da oposição de embargos
declaratórios, não foi apreciada pelo
Tribunal a quo". VI - Falta de exame de
questão constante de normativo legal
apontado pelo recorrente nos embargos de
declaração não caracteriza, por si só,
omissão. Mesmo quando a questão afastada
de maneira fundamentada pelo Tribunal a
quo, ou ainda não é abordada pelo
Sodalício e o recorrente, em ambas as
situações, não demonstra, de forma
analítica e detalhada, a relevância do
exame da questão apresentada par o
deslinde final da causa. Sobre o assunto
destacam-se os seguintes precedentes:
AgInt no REsp n. 1.035.738/RS, Rel.
Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma,
julgado em 14/2/2017, DJe 23/2/2017;
AgRgno REsp n. 1.581.104/RS, Rel.
Ministro Mauro
Campbell Marques, Segunda Turma, julgado
em 7/4/2016, DJe 15/4/2016).
VII - A Primeira Seção do STJ no
julgamento do REsp n. 1.412.433/RS, sob o
rito de recursos repetitivos, Tema n.
699, firmou a tese de que "Na hipótese de
débito estrito de recuperação de consumo
efetivo por fraude no aparelho medidor
atribuída ao consumidor, desde que
apurado em observância aos princípios do
contraditório e da ampla defesa, é
possível o corte administrativo do
fornecimento do serviço de energia
elétrica, mediante prévio aviso ao
consumidor, pelo inadimplemento do
consumo recuperado correspondente ao
período de 90 dias anterior à constatação
da fraude, contanto que executado o corte
em até 90 (noventa) dias após o
vencimento do débito, sem prejuízo do
direito de a concessionária utilizar os
meios judiciais ordinários de cobrança da
dívida, inclusive antecedente aos
mencionados 90 dias de retroação".
VIII - Verifica-se que o Tribunal de
origem decidiu em conformidade com o
entendimento jurisprudencial do STJ,
limitando a possibilidade de suspensão do
serviço de energia elétrica à existência
de aviso prévio ao consumidor e com base
em débito recente, há menos de 90 dias,
in verbis (fl. 890). ''Nestes termos, dá-
se parcial provimento ao apelo, para
julgar improcedente o pedido de
condenação da ré a se abster de cobrar
débito unilateral realizado por
estimativa de consumo e retroativo,
referente à recuperação de consumo. À ré
é permitida a imediata suspensão do
serviço somente quando envolver situação
emergencial ou de risco, ou quando
constatada a existência de ligações
clandestinas, ou seja, quando não houver
sequer vínculo contratual com a
concessionária. Fora desses casos, a
suspensão do serviço somente poderá
ocorrer após prévio aviso, com base em
débito recente, ou seja, vencido há menos
de 90 dias.'' IX - Agravo interno
improvido.

Processo: REsp 1342608 / SP


RECURSO ESPECIAL
2012/0165129-9
Relator (a): Ministro OG FERNANDES (1139)
Órgão Julgador: T2 - SEGUNDA TURMA
Data do Julgamento: 21/09/2017
Data da Publicação/Fonte: DJe 27/09/2017

Ementa
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO.
RECURSO ESPECIAL. ENERGIA ELÉTRICA.
DÉBITO ATUAL. CORTE. POSSIBILIDADE.
NECESSIDADE DE COMUNICAÇÃO PRÉVIA.
OCORRÊNCIA. SÚMULA 7/STJ.
1. É possível a suspensão do fornecimento
do serviço de energia elétrica em razão
do inadimplemento atual do consumidor,
desde que a medida seja antecedida por
aviso prévio.
2. No caso, porém, o aresto impugnado
nega a existência de comunicação
anterior. Impossível afirmar o contrário
sem o reexame dos fatos e provas
constantes dos autos. Incidência da
Súmula 7/STJ.
3. Recurso especial não conhecido.
Acórdão Vistos, relatados e discutidos os
autos em que são partes as acima
indicadas, acordam os Ministros da
Segunda Turma do Superior Tribunal de
Justiça, por unanimidade, não conhecer do
recurso, nos termos do voto do Sr.
Ministro Relator. Os Srs. Ministros Mauro
Campbell Marques, Assusete Magalhães
(Presidente), Francisco Falcão e Herman
Benjamin votaram com o Sr. Ministro
Relator.

Observa-se que o STJ entende ser legítima a possibilidade


de interrupção no fornecimento de energia de pessoa física
em razão do inadimplemento, no entanto, deve ocorrer o
devido aviso prévio pela concessionária sobre o possível
corte de energia.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO DE JANEIRO

1) Possibilidade de Inversão do Ônus da Prova para


consumidor pessoa jurídica:

0021368-31.2021.8.19.0000 - AGRAVO DE
INSTRUMENTO
Des (a). ROGÉRIO DE OLIVEIRA SOUZA -
Julgamento: 03/09/2021 - SEXTA CÂMARA
CÍVEL

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO DO


CONSUMIDOR. AQUISIÇÃO DE VEÍCULO
AUTOMOTOR. ALEGAÇÃO ACERCA DA EXISTÊNCIA
DE VÍCIOS DE FABRICAÇÃO. CABIMENTO DO
RECURSO CONTRA A DECISÃO QUE DEFERE OU
INDEFERE A INVERSÃO DO ONUS DA PROVA.
INTEPRETAÇÃO SISTEMÁTICA DO DIREITO À
PROVA. FUNDAMENTAÇÃO SUCINTA.
INOCORRÊNCIA DE NULIDADE. SITUAÇÃO DE
HIPOSSUFICIÊNCIA TÉCNICA DA PESSOA
JURÍDICA DEVIDAMENTE DEMONSTRADA.
CABIMENTO DA INVERSÃO DO ÔNUS À HIPÓTESE.
O Código de Processo Civil inovou quando
possibilitou ao magistrado alterar a
regra ordinária do ônus da prova,
distribuindo tal esforço de forma diversa
entre as partes. A inversão do ônus da
prova (CDC, 6º, VIII) é espécie de
distribuição do ônus da prova (CPC, 373,
§ 1º). Cabimento de agravo em caso de
modificação e quando a parte em tese
teria direito à inversão e o juiz não
reconhece ou o reconhece parcialmente,
para controle da decisão judicial pela
via recursal. Veículo automotor. Alegação
de defeito de fábrica. Hipossuficiência
técnica do consumidor, ainda que pessoa
jurídica. Inversão do ônus da prova
corretamente deferida. Conhecimento e
desprovimento do recurso.

0041499-27.2021.8.19.0000 - AGRAVO DE
INSTRUMENTO
Des (a). RICARDO COUTO DE CASTRO -
Julgamento: 03/08/2021 - SÉTIMA CÂMARA
CÍVEL

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RELAÇÃO DE


CONSUMO. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA.
INDEFERIMENTO. 1. Demanda em que se
pretende a invalidade de TOI e da
cobrança de débito decorrente de sua
lavratura. Ausência de presunção de
legitimidade. Súmula 256 do TJRJ. 2.
Hipossuficiência técnica da autora que
não se relaciona com o fato de ser pessoa
jurídica. Ré que detém conhecimento
técnico acerca do tema, pois fornecedora
do serviço sobre o qual afirma haver
irregularidade no meio de fornecimento
(medidor). 3. Incidência da súmula 229
deste TJRJ. Deferimento que se impõe. 4.
Provimento do recurso.

Percebe-se que quanto a possibilidade de Inversão do Ônus


da Prova para consumidor pessoa jurídica, o entendimento é
que pode ocorrer a inversão quando demonstrada a
vulnerabilidade técnica, jurídica e fática da PJ,
caracterizando a relação de consumo, ou seja, há uma
relativização.
2) Dano moral por negativação em cadastro restritivo
de consumidor contumaz:

0008696-17.2019.8.19.0208 - APELAÇÃO
Des (a). MARIA HELENA PINTO MACHADO -
Julgamento: 14/07/2021 - QUARTA CÂMARA
CÍVEL

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO CIVIL. RELAÇÃO DE


CONSUMO. OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C
INDENIZATÓRIA. CONCESSIONÁRIA DE ENERGIA
ELÉTRICA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA (ART.
37, §6º, DA CRFB/88). RECUPERAÇÃO DE
CONSUMO (TOI). NULIDADE. AUSÊNCIA DE
NOTIFICAÇÃO PRÉVIA À VISTORIA (ART. 1º DA
LEI 4.724/06). FRAUDE DO MEDIDOR NÃO
DEMONSTRADA (ART. 373, II, DO CPC C/C
ART. 14 DO CDC). DANO MORAL NÃO
COMPROVADO. INADIMPLÊNCIA CONTUMAZ DO
AUTOR. COBRANÇA DO TOI PROMOVIDA EM
NOVEMBRO /2018. AÇÃO AJUIZADA APENAS EM
ABRIL/2019. CORTE DO SERVIÇO E
NEGATIVAÇÃO PROMOVIDAS ANTES DA CONCESSÃO
DA TUTELA DE URGÊNCIA. EXERCÍCIO REGULAR
DO DIREITO. DANO MORAL NÃO CONFIGURADO.
VERBETES SUMULARES Nºs 83, 90, 254 E 330
DO TJRJ. REFORMA PARCIAL DA SENTENÇA. -
Insurgência da ré em face da sentença,
sob o argumento de que o TOI foi
regularmente lavrado e que inexistem
danos morais indenizáveis, invocando a
aplicação do verbete sumular nº 75
(revogado pelo TJRJ), uma vez que foi
apurada fraude grosseira no medidor,
configurando hipótese de crime de furto
de energia. Pugna pela improcedência in
totum do pedido. - Aplicável à hipótese o
verbete sumular nº 254 do TJRJ, que
dispõe: "Aplica-se o Código de Defesa do
Consumidor à relação jurídica contraída
entre usuário e concessionária." -
Responsabilidade objetiva da
concessionária de serviço público,
segundo a Teoria do Risco Administrativo
(Art. 37, § 6º, da CRFB/88). - Direito da
concessionária ré em realizar a inspeção
dos medidores de consumo de energia
elétrica, a fim de constatar eventual
violação do equipamento, bem como de
emitir o respectivo Termo de Ocorrência
de Irregularidade (TOI), desde que
proceda à solicitação de perícia técnica
vinculada à segurança pública e/ou do
órgão metrológico oficial, tal como
previsto e regulado na Resolução nº
414/2010 da ANEEL. - Ré-apelante que não
se desincumbiu do ônus de comprovar a
alegação de fraude no medidor e os
critérios utilizados para a apuração da
irregularidade, sob o crivo do
contraditório, sendo vedada a cobrança de
recuperação de consumo com base em prova
unilateral, consoante verbete nº 256, da
Súmula do TJRJ. - A ré sequer comprovou
ter realizado a devida notificação prévia
do autor quanto à vistoria (arts 1º e 2º
da Lei 4.724/06), razão pela qual se
afigura ilegal a cobrança dos valores
calculados a título de recuperação de
consumo. - Lado outro, o apelado não
logrou demonstrar a ocorrência de dano
moral, visto que a ré agiu no exercício
regular de seu direito, ao negativar seu
nome e suspender o fornecimento do
serviço, após prévio aviso, haja vista a
inadimplência do autor, ao qual não
socorre a alegação de desconhecimento da
obrigação legal quanto ao pagamento pela
contraprestação do serviço. - Autor que
se revela um verdadeiro devedor contumaz,
haja vista os documentos adunados à
inicial, indicando atraso e inadimplência
de inúmeras faturas de energia elétrica.
Ademais, o apelado teve ciência do TOI em
novembro/2018, porém ajuizou a presente
ação apenas em abril/2019, após a
inscrição de seu nome em cadastros
restritivos de crédito e do corte de
energia elétrica, hipótese que atrai a
incidência dos verbetes sumulares n°s 83,
90, deste TJRJ, e do art. 6º, §3º, II, da
Lei 8.987/95. - Consumidor que não se
exime de fazer prova mínima do alegado,
por força do disposto no verbete n° 330,
da Súmula do TJRJ. Dano moral não
configurado. Precedentes deste TJRJ.
PROVIMENTO PARCIAL DO RECURSO.

0005231-93.2017.8.19.0038 - APELAÇÃO
Des (a). TERESA DE ANDRADE CASTRO NEVES -
Julgamento: 26/05/2021 - SEXTA CÂMARA
CÍVEL

APELAÇÃO. OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C


INDENIZATÓRIA. COMPANHIA ESTADUAL DE
ÁGUAS E ESGOTOS - CEDAE. DIREITO DO
CONSUMIDOR. COBRANÇA EXCESSIVA. REVISÃO
DAS FATURAS DE CONSUMO. NEGATIVAÇÃO
INDEVIDA. CONSUMIDOR IDOSO. DANOS MORAIS
CARACTERIZADOS. 1- Relação de consumo
incidem as regras do CDC. 2-
Responsabilidade objetiva da
concessionária, conforme estabelece o
artigo 14 do Código de Defesa do
Consumidor. 3- Falha na prestação do
serviço pela concessionária corretamente
reconhecida pelo juízo sentenciante. 4-
Concessionária que espontaneamente
refaturou as contas e deu baixa na
inscrição indevida, antes mesmo da
determinação do juízo. 5- Sentença que
homologou o reconhecimento parcial dos
pedidos pela Ré, bem como a condenou ao
pagamento de compensação por danos
morais. 6- Recurso da Ré que visa a
reforma da sentença. Destaca a existência
de diversas outras anotações em nome do
Autor nos cadastros restritivos de
crédito. 7- Devedor contumaz. Inscrição
que, em razão de inúmeros inscrições
anteriores, não tem o condão de gerar
dano moral. 8- Autor que possuía mais de
quinze inscrições quando a Apelante o
negativou. Ausência de prejuízo a sua
imagem, já danificada. 9- Reforma da
sentença para julgar improcedente o
pedido de indenização a título de dano
moral. 9- Súmula 385 do STJ. Precedentes
desta Corte. 10- PROVIMENTO PARCIAL DO
RECURSO.

No que tange ao dano moral por negativação em cadastro


restritivo de consumidor contumaz, o entendimento é de que
não cabe o dano moral, uma vez que quando há inscrição ou
inscrições preexistentes, estas já seriam responsáveis por
prejudicar a conduta do consumidor, não ocorrendo então a
caracterização do dano moral.

3) Recusa no atendimento de procedimentos de


emergência/urgência por carência:

0051554-37.2021.8.19.0000 - AGRAVO DE
INSTRUMENTO
Des (a). LUIZ FERNANDO DE ANDRADE PINTO -
Julgamento: 22/09/2021 - VIGÉSIMA QUINTA
CÂMARA CÍVEL

ACÓRDÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE


OBRIGAÇÃO DE FAZER. PLANO DE SAÚDE.
PLEITO AUTORAL DE AUTORIZAÇÃO DE
INTERNAÇÃO E CUSTEIO DO PREFERENCIALMENTE
NO HOSPITAL PRONTOBABY, DEVENDO SER
FORNECIDOS O TRATAMENTO CLÍNICO E
ANTIBIOTICOTERAPIA VENOSA E CLÍNICA.
RECUSA DE AUTORIZAÇÃO PELA OPERADORA DO
PLANO DE SAÚDE. ALEGAÇÃO DE CARÊNCIA
CONTRATUAL. SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA. RISCO
DE MORTE DA PACIENTE. PRESENÇA DOS
REQUISITOS AUTORIZADORES PARA A CONCESSÃO
DA TUTELA DE URGÊNCIA. INCIDÊNCIA DOS
ARTIGOS 12, V, C E 35-C, DA LEI Nº
9.656/98. GARANTIA CONSTITUCIONAL DO
ACESSO À SAÚDE. PRAZO DE CUMPRIMENTO DE
ACORDO COM SUA FUNÇÃO, VISANDO O ESTRITO
CUMPRIMENTO DA DETERMINAÇÃO
JUDICIAL.MULTA APLICADA QUE SE DESTINA A
COMPELIR A AGRAVANTE A SATISFAZER A
DETERMINAÇÃO JUDICIAL. VALOR DA ASTREINTE
QUE SE MOSTRA ADEQUADO, LEVANDO-SE EM
CONSIDERAÇÃO O BEM JURÍDICO TUTELADO E O
ESTADO DE SAÚDE EM QUE SE ENCONTRAVA A
PACIENTE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA NO 59 DO
E.TJ. MANUTENÇÃO DO DECISUM. 1."Somente
se reforma a decisão concessiva ou não da
antecipação de tutela, se teratológica,
contrária à lei ou à evidente prova dos
autos." (Enunciado sumular nº 59 do
TJRJ); 2. A tutela de urgência, prevista
no artigo 300 do CPC/15, estabelece os
requisitos para sua concessão, quais
sejam, a probabilidade do direito, o
perigo de dano ou risco de inutilidade do
resultado do processo e não ser ela
irreversível; 3. Em sede de cognição
sumária, cabe ao Juiz dirigente do
processo aferir a relevância do direito
alegado (fumus boni iuris), o que tanto
pode conduzir ao deferimento ou
indeferimento do pleito; 4. A internação
hospitalar em período de carência é
possível em caso de urgência. Art. 35-C,
I, da Lei 9.656/98 e art. 3º da Resolução
do Conselho de Saúde Suplementar (CONSU)
nº 13/1998; 5. Além disto, na Resolução
nº 259/2011 da ANS, em seu artigo 3º,
inciso XIV, consta que a operadora deverá
garantir o atendimento integral imediato
das coberturas em caso de urgência e
emergência; 6. Assim, negar internação e
o tratamento clínico e antibioticoterapia
venosa, para paciente com 11 meses de
idade, com quadro de infecção bacteriana
em ouvido, fornecendo todos os
medicamentos, exames e procedimentos
apontados pelo médico assistente como
necessário, preferencialmente no hospital
Pronto Baby, por ocasionar o chamado
periculum in mora inverso, pondo em
grande risco a vida da paciente; 7. Por
fim, o prazo de cumprimento imediato
fixado de acordo com sua função, visando
o estrito cumprimento da determinação
judicial proferida em tutela de urgência,
bem como entendo que a multa horária
arbitrada não é excessiva considerando a
gravidade do caso, razão pela qual a
mantenho; 8. Recurso desprovido.
0342976-77.2019.8.19.0001 - APELAÇÃO

Des (a). CHERUBIN HELCIAS SCHWARTZ JÚNIOR


- Julgamento: 16/09/2021 - DÉCIMA SEGUNDA
CÂMARA CÍVEL

APELAÇÃO CÍVEL. PLANO DE SAÚDE. RECUSA EM


AUTORIZAR A REALIZAÇÃO DE QUIMIOTERAPIA,
SOB A ALEGAÇÃO DE NÃO CUMPRIMENTO DE
PRAZO CONTRATUAL DE CARÊNCIA.
PROCEDIMENTO REPUTADO COMO URGENTE,
DIANTE DO QUADRO CLÍNICO ATESTADO PELO
MÉDICO ASSISTENTE DA AUTORA. RECUSA
ILEGÍTIMA. CIRCUNSTÂNCIA QUE,
INDISCUTIVELMENTE, CONFIGURA DANO
EXTRAPATRIMONIAL. SENTENÇA DE
PROCEDÊNCIA, COM ARBITRAMENTO DE
INDENIZAÇÃO NO VALOR DE R$ 3.000,00. A
autora foi diagnosticada com câncer de
colo uterino com metástases pulmonares e
Linfonodais sendo prescrita a
quimioterapia (PACLITAXEL 175MG/M2 -
CABOPLATINA AUC 6 - AVASTIN - 15mg/Kg), a
cada 21 dias, em caráter de urgência, sob
risco de progressão da enfermidade.
Reputa-se abusiva a recusa da ré a
autorizar o procedimento de emergência,
consistente no tratamento de
quimioterapia, conduta hábil a gerar dano
moral indenizável, consoante o teor do
verbete de súmula nº 339 deste Eg. TJ/RJ.
Dano moral que exsurge da própria
negativa da operadora de plano de saúde
em autorizar o tratamento necessário à
manutenção da saúde do segurado.
Razoabilidade da verba indenizatória
fixada em R$ 3.000,00 (três mil reais).
Manutenção da R. Sentença. Negado
provimento ao apelo, nos termos do voto
do Desembargador Relator.

Em relação à recusa no atendimento de procedimento de


emergência por carência, entende-se que é uma prática
abusiva das operadoras de planos de saúde que acarreta,
inclusive, em danos morais, tendo em vista o bem jurídico
tutelado e as previsões constitucionais de garantia ao
acesso a saúde. Além disso, há resolução da ANS no sentido
de que a operadora deverá garantir o atendimento integral
imediato das coberturas em caso de urgência e emergência.

4) Dano moral por demora em filas de bancos:

0027463-54.2014.8.19.0087 - APELAÇÃO

Des(a). JOSÉ CARLOS PAES - Julgamento:


07/07/2021 - DÉCIMA QUARTA CÂMARA CÍVEL

APELAÇÃO CÍVEL. CONSUMIDOR. FILA DE


BANCO. DEMORA NO ATENDIMENTO. DANO MORAL.
OCORRÊNCIA. REFORMA DA SENTENÇA. 1.
Inicialmente, registre-se que o caso em
tela versa sobre relação de consumo, pois
a parte autora é a destinatária final dos
serviços prestados pela instituição
financeira, enquadrando-se no conceito de
consumidor descrito no art. 2º do Código
de Proteção e Defesa do Consumidor, e a
empresa ré no de fornecedor, nos termos
do art. 3º do mesmo diploma legal. 2.
Outrossim, pela teoria do risco do
empreendimento, aquele que se dispõe a
fornecer bens e serviços tem o dever de
responder pelos fatos e vícios
resultantes dos seus negócios,
independentemente de sua culpa, pois a
responsabilidade decorre do simples fato
de alguém se dispor a realizar atividade
de produzir, distribuir e comercializar
ou executar determinados serviços. 3.
Segundo entendimento firmado pelo
Superior Tribunal de Justiça, a simples
invocação de legislação, municipal ou
estadual, que estabeleça tempo máximo
para espera em fila de instituição
financeira, não se mostra suficiente a
ensejar direito à indenização pleiteada,
destacando-se que tal fato demanda
sanções administrativas a serem
provocadas pelos usuários. Ressalvada,
porém, a possibilidade de a Corte
originária reconhecer as circunstâncias
fáticas do padecimento moral. 4. No caso
em comento, os autores afirmaram que
chegaram à agência bancária às 11h39m, o
que está demonstrado pela senha recebida,
sendo que o atendimento foi concluído
apenas às 12h50m, conforme o recibo
acostado. Portanto, ficou comprovado,
pelas provas produzidas nos autos, que a
parte autora precisou esperar por período
superior a uma hora pelo atendimento na
agência do banco réu. 5. No caso
vertente, a espera por tal tempo em fila
de agência bancária ultrapassa o campo do
mero aborrecimento tolerável,
configurando o abalo moral. 6. Havendo
dano moral, a sua reparação deve atender
aos parâmetros de razoabilidade e
proporcionalidade, por representar uma
compensação e não um ressarcimento dos
prejuízos sofridos, impondo ao ofensor a
obrigação de pagamento de certa quantia
de dinheiro em favor do ofendido, pois ao
mesmo tempo em que agrava o patrimônio
daquele, proporciona a este uma reparação
satisfativa. 7. Na espécie, a verba deve
ser arbitrada em R$ 1.000,00 (mil reais),
para cada autor, valor que atende aos
princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade, sem distanciar-se da
técnica do desestímulo, tampouco ensejar
enriquecimento sem causa da parte autora.
8. Por fim, o art. 85, §11, do atual
Código de Processo Civil dispõe que o
Tribunal, ao julgar o recurso interposto,
majorará os honorários fixados
anteriormente. 9. Contudo, de acordo com
o entendimento do Superior Tribunal de
Justiça, a majoração da verba honorária
sucumbencial pressupõe que o recurso
interposto seja integralmente não
conhecido ou não provido, não sendo este
o caso do apelo sub examine. Portanto,
deixa-se de proceder à majoração. 10.
Apelo provido.
0004442-42.2017.8.19.0023 - APELAÇÃO

Des(a). ALVARO HENRIQUE TEIXEIRA DE


ALMEIDA - Julgamento: 23/09/2020 -
VIGÉSIMA QUARTA CÂMARA CÍVEL

APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL.


DIREITO DO CONSUMIDOR. BANCO. DEMORA EM
FILA DE ESPERA PARA ATENDIMENTO.
PRETENSÃO INDENIZATÓRIA A TÍTULO DE DANO
MORAL. SENTENÇA DE PROCEDENCIA QUE
CONDENOU A INSTITUIÇÃO FINANCEIRA A PAGAR
R$ 5.000,00 (CINCO MIL REAIS) PARA CADA
AUTORA. INCONFORMISMO DA PARTE RÉ QUE
PRETENDE A REFORMA INTEGRAL DO JULGADO.
AUTORA QUE COMPARACEU À AGÊNCIA BANCÁRIA
ACOMPANHADA DE SUA FILHA MENOR PARA
LEVANTAR VALOR REFERENTE A MANDADO DE
PAGAMENTO. SAQUE EFETUADO ÀS 19:30 HORAS.
DEMORA DEMASIADA PARA O ATENDIMENTO. DANO
MORAL CONFIGURADO IN RE IPSA NA VERTENTE
HIPÓTESE. O DESGASTE DECORRENTE DO TEMPO
EXCESSIVO NA FILA DA AGÊNCIA BANCÁRIA
ULTRAPASSOU A LINHA DO MERO
ABORRECIMENTO. VALOR DA VERBA
COMPENSATÓRIA REDUZIDA PARA R$ 3.000,00
(TRÊS MIL REAIS), POR MELHOR SE ADEQUAR
AOS CRITÉRIOS DA RAZOABILIDADE E DA
PROPORCIONALIDADE, ALINHANDO-SE AOS
PRECEDENTES DESTA CORTE DE JUSTIÇA EM
CASOS SIMILARES. RECURSO PARCIALMENTE
PROVIDO.

Entende-se que a demora em filas de banco pode configurar


dano moral, quando fica demonstrada uma demora excessiva,
intolerável, que vai além do mero aborrecimento.

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