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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

5ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS - PROJUDI


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Recurso Inominado Cível n° 0003071-10.2021.8.16.0048 RecIno


Juizado Especial Cível de Assis Chateaubriand
Recorrente(s): GOL LINHAS AÉREAS S.A.
Recorrido(s): MARIA FERNANDES DE OLIVEIRA
Relator: Fernanda de Quadros Jorgensen Geronasso

RECURSO INOMINADO. AÇÃO INDENIZATÓRIA. TRANSPORTE


AÉREO. CANCELAMENTO DE VOO DE RETORNO. REMARCAÇÃO
PARA O DIA SEGUINTE. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE
INFORMAÇÃO PRÉVIA E GASTOS NÃO PREVISTOS DIANTE DA
PRORROGAÇÃO DE ESTADIA. PRÁTICA DE OVERBOOKING NÃO
COMPROVADA. E-MAIL- ENVIADO PELA RECLAMADA COM MAIS
DE 01 MÊS DE ANTECEDÊNCIA QUE INFORMAVA SOBRE O
CANCELAMENTO E A POSSIBILIDADE DE REMARCAÇÃO.
INEXISTÊNCIA DE PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS
MATERIAIS EM RAZÃO DOS SUPOSTOS PREJUÍZOS SOFRIDOS.
PEDIDO EXCLUSIVO DE DANOS MORAIS. MERA ALTERAÇÃO DO
VOO QUE NÃO É CAPAZ DE ATINGIR A ESFERA PERSONALÍSSIMA
DA PARTE. SENTENÇA REFORMADA. Recurso conhecido e provido.

Trata-se de ação de indenização por danos morais, em que alega a parte autora ter adquirido
passagens aéreas da reclamada para o trecho Cascavel/PR – Montes Claros/MG, com data de saída em 16
/07/2021 e retorno em 19/07/2021. Que próximo do dia do embarque, foi comunicado sobre o
cancelamento do voo de retorno, o que inviabilizaria a viagem. Que não recebeu qualquer opção para
remarcar a passagem, sendo informado que teria disponibilidade apenas para o mês de agosto/2021. Que
via telefone conseguiu alterar a data de retorno para 20/07/2021, obrigando-o a permanecer um dia a
mais em Montes Claros, arcando com gastos inesperados.

Sobreveio sentença julgando procedente o pedido inicial, condenando a requerida ao pagamento


de R$ 7.000,00 a título de indenização por danos morais.

Inconformada, a reclamada interpôs recurso inominado, pugnando pela reforma da sentença e a


improcedência dos pedidos iniciais. Alternativamente, pela redução do quantum indenizatório.

O recurso foi recebido e as contrarrazões apresentadas.

É breve o relatório.
Passo ao voto.

Satisfeitos os pressupostos viabilizadores da admissibilidade do recurso, razão pela qual merece


conhecimento.

No mérito, sustenta a reclamante que teve seu voo de retorno, agendado para 19/07/2021,
unilateralmente cancelado pela reclamada, o que obrigou a consumidora a buscar alternativas para
remarcação e, assim, poder realizar a viagem, que tinha como objetivo prestigiar o casamento de seu
familiar. Aduz que houve prática de overbooking.

Em detida análise do feito, verifico que não houve ato ilícito praticado pela reclamada, capaz de
ensejar a reparação pretendida.

Conforme se observa do documento de mov. 1.16, ainda que se trate de informativo de


cancelamento do voo, tenho que a notícia foi enviada à consumidora com mais de 01 mês de
antecedência, tempo suficiente para que pudesse reprogramar a viagem e tentar a reacomodação em voo
que melhor lhe convinha.

Inclusive, há opção de escolha de outros voos, conforme parte final do e-mail enviado:
Importante observar que ainda que o e-mail tenha sido direcionado à pessoa de Sidney Bertucci,
responsável pela compra dos bilhetes, o localizador das passagens é o mesmo da autora (SILJWY),
conforme se vê do bilhete juntado ao mov. 1.6.

Assim, tenho que a reclamada comunicou os passageiros com a antecedência necessária, não
havendo prova de que tenha falhado no dever de informação, nem tampouco negado reacomodação no
voo desejado pelos consumidores.

Ademais, verifiquei que a autora regressou no dia seguinte ao originariamente agendado, não
havendo prova de que tal fato tenha lhe causado prejuízos para além do mero aborrecimento, até porque,
inexiste nos autos pedido de indenização material, buscando a reclamante apenas indenização por danos
morais, o que, in casu, não restou demonstrado, pois não se trata de dano in re ipsa.

Por fim, quanto a alegação de overbooking, deve-se lembrar que no período em que ocorreu o
voo, ainda incidiam regras sanitárias para evitar a propagação do vírus COVID-19, não podendo se
afastar a hipótese de redução da quantidade de passageiros por aeronave.

Ante o exposto, portanto, voto pelo provimento do recurso interposto pela reclamada, a fim de
reformar a sentença e julgar IMPROCEDENTE o pedido inicial.

Considerando o resultado do julgamento e, com base no art. 55 da Lei nº 9.099/95, deixo de


condenar a recorrente ao pagamento de honorários advocatícios. Custas pelo recorrente, na forma da Lei.

Ante o exposto, esta 5ª Turma Recursal dos Juizados Especiais resolve, por unanimidade dos votos, em relação
ao recurso de GOL LINHAS AÉREAS S.A., julgar pelo(a) Com Resolução do Mérito - Provimento nos exatos
termos do voto.

O julgamento foi presidido pelo (a) Juiz(a) Maria Roseli Guiessmann, sem voto, e dele participaram os Juízes
Fernanda De Quadros Jorgensen Geronasso (relator), Manuela Tallão Benke e Camila Henning Salmoria.

Curitiba, 28 de julho de 2023

Fernanda de Quadros Jörgensen Geronasso

Juíza Relatora

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