Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Assim, pugna pela exclusão da condenação por danos morais e, subsidiariamente, pela
minoração do quantum indenizatório.
Pois bem.
Não procede a alegação da parte recorrente de que inexistiu qualquer fato capaz de
ensejar indenização por dano moral à recorrida e em valores com patamares elevados.
Eventuais problemas mecânicos no veículo não são motivos para afastar o pleito
indenizatório, pois é obrigação da recorrente dar a devida manutenção em sua frota de
ônibus, a fim de evitar que as viagens previstas sofram atraso ou mesmo cancelamento.
O prejuízo que a recorrida sofreu em decorrência do atraso (dano e nexo causal) foi a
perda do concurso público promovido pelo Instituto Geral de Perícias do Estado do Rio
Grande do Sul, sendo que tal fato foi devidamente comprovado nos autos, tendo sido
juntado documentos relativos aos gastos com compra dos materiais do curso
preparatório, o comprovante de inscrição do concurso etc.
A perda de um concurso público, pelo qual a recorrida se preparou por meses, com
estudos e sacrifícios, obviamente enseja indenização por danos morais.
Há que se refutar a alegação da recorrente de que houve falta de precaução por parte da
recorrida quanto à chegada em Porto Alegre, deixando a mesma de viajar somente no
dia da realização do concurso, eis que não se pode exigir que o passageiro tenha de
arcar com despesas de hospedagem, por optar em viajar na véspera do compromisso ou
com maior antecedência.
Isso por que o valor arbitrado (R$ 10.000,00) está em consonância com as
circunstâncias do caso concreto, considerando-se a atitude da recorrente, as
consequências para a recorrida (que no caso, foram graves, em face da perda de um
concurso público), a capacidade econômico-financeira da recorrente, as funções
compensatória, sancionatória e pedagógica/preventiva do dano moral. Ainda, está
balizado pelos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, sendo que o quantum
não implica em onerosidade excessiva para o recorrente e nem em enriquecimento sem
causa da recorrida.
2.4.Em face da sucumbência, nos termos da parte final do caput do Art. 55 da Lei nº.
9.099/95, há que se condenar a recorrente ao pagamento de honorários de advogado da
parte contrária, que arbitro em 10% (dez por cento) do valor atualizado da condenação,
considerando-se o trabalho realizado, o tempo despendido, a natureza da demanda e o
grau de zelo do profissional (Art. 85, § 2º, do CPC). Custas devidas (Lei Estadual nº.
18.413/14, arts. 2º, inciso II, e 4º e instrução normativa - CSJEs, art. 18).
3. Isso posto, voto pelo não provimento do recurso inominado interposto pela
requerida, mantendo-se íntegra a sentença a quo, com o acréscimo das verbas de
sucumbência, nos termos da fundamentação supra.
Intimem-se.
Ante o exposto, esta 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais resolve,
por unanimidade dos votos, em relação ao recurso de VIACAO OURO E PRATA S/A, julgar pelo(a)
Com Resolução do Mérito - Não-Provimento nos exatos termos do voto.
O julgamento foi presidido pelo (a) Juiz(a) Marcel Luis Hoffmann, sem
voto, e dele participaram os Juízes Osvaldo Taque (relator), Fernanda Bernert Michielin e Helder Luis
Henrique Taguchi.
29 de novembro de 2019
Osvaldo Taque