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AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS

MATERIAIS E MORAIS CONTRA


EMPRESA DE VIAGEM – Revisado em
17/10/2019
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA
COMARCA DE …

(nome), (nacionalidade), (estado civil), (profissão), inscrito no CPF sob o nº


(informar) e no RG nº (informar), residente e domiciliado à (endereço) na cidade
de Informar – UF, por seu procurador legalmente constituído, vem
respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor a presente

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS

contra EMPRESA DE TURISMO, (qualificação) e COMPANHIA AÉREA,


(qualificação), o que faz pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos:

I – DOS FATOS

O requerente adquiriu junto à companhia de viagem e turismo requerida um


pacote de viagem para cidade de …, em uma promoção conjunta oferecida com
a companhia aérea requerida.

Dessa forma, conforme documentos anexos, ficou acordada a partida na data


de …., no horário …., e o retorno na data de …, no horário …., a um custo de …

E assim se seguiu normalmente a viagem e a estadia do autor no hotel


determinado. Entretanto, dois dias antes da data prevista para o retorno, em ….,
às …. horas, representantes da companhia compareceram para levar o
requerente ao aeroporto com vistas à embarcar no voo de volta.

As explicações do requerente, de que a data seria incorreta, pois teria ajustado


o retorno apenas dois dias depois, no entanto, não surtiram efeito. E ao entrar
em contato telefônico com as requeridas foi informado de que realmente sua
volta havia sido antecipada e não seria possível encaixá-lo em outro voo na data
anteriormente ajustada.
Como o requerente não havia sequer arrumado suas bagagens, teve que fazer
tudo de modo muito apressado, não tendo tempo nem mesmo para tomar um
banho antes de partir, o que tornou sua viagem que, de outra forma serviria de
alento para a rotina de trabalho, em uma grande fonte de estresse e indignação.

O requerente não foi de qualquer forma reembolsado pelo transtorno


ocasionado, o que serviu para aumentar ainda mais os prejuízos ocasionados,
tanto na esfera moral como econômica, o que motiva a presente demanda.

II – DOS DANOS MATERIAIS E MORAIS

Não existem dúvidas quanto à aplicabilidade das regras do Código de Defesa


do Consumidor aos fatos, por envolverem, indiscutivelmente, relações de
consumo, conforme constam expressamente os art. 2º e 3º da legislação
consumerista.

Pelos fatos expostos, ambas as reclamadas são solidariamente responsáveis


pela má prestação de serviço, por força do disposto no Art. 18 do CDC, uma vez
que venderam o pacote turístico ao autor e não corresponderam com as
obrigações ofertadas naquele pacote.

Devido ao retorno antecipado por culpa única e exclusiva das reclamadas, logo,
denota-se que houve a quebra do contrato de prestação de serviço firmado
entre as partes, razão pela qual o autor perdeu um dia de estadia naquela
cidade, portanto, deixou de usufruir pelo menos um dia do pacote turístico
contratado.

Pela atitude única e exclusiva dos reclamados, o autor acumulou o prejuízo


material no valor de R$ … correspondente ao valor de dois dias cobrados pelo
pacote turístico, razão pela qual se faz necessário a devolução do montante
pago pelo autor atualizado e corrigido monetariamente.

Nesse sentido, a jurisprudência já tratou do caso em tela e aponta o norte a ser


seguido:

Consumidor. Pacote Turístico. Indenizaçao Material e Moral. Pacote Turístico.


Descumprimento do Contrato. Retorno de Viagem Um dia antes do aprazado.
Danos Materiais e Extrapatrimoniais devidos. Precedente Nº 71000998963.
Sentença reformada. Recurso Parcialmente Provido. (Recurso Cível Nº
71001054279, Terceira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Maria
José Schmitt Santanna, Julgado Em 27/02/2007)
Pelo transtorno proporcionado ao requerente que visava aproveitar a estadia
naquela cidade para descasar e renovar as energias, acabou experimentando o
desgosto do ato praticado pelas reclamadas, pois além de conseguirem retirar a
paz e o sossego planejado pelo autor, o mesmo ainda teve que cancelar
diversos passeios programados para os dois dias que ainda teria de férias.

Ademais, se não bastasse o cancelamento dos passeios que havia sido


planejado pelo autor para conhecer diversos lugares daquela região, com o
retorno antecipado, o mesmo deixou de realizar suas compras de presentes e
lembranças daquele local, bem como também deixou de degustar da culinária
de alguns premiados restaurantes, pois ainda havia tempo suficiente para
realizar o itinerário planejado, já que retornaria apenas no voo de dois dias
depois.

O transtorno e a frustração provocados pelos reclamados estão inequívocos no


caso em tela e a reparação pelos danos se faz necessário para compensar o ato
ilícito praticado, bem como pela inobservância da boa fé objetiva contratual que
deveria permear a relação de consumo mantido entre as partes.

Com efeito, o autor foi vítima do descaso e desorganização, bem como do


descumprimento contratual pelas reclamadas, que agindo em descompasso aos
princípios contratuais consumeristas, resolveram antecipar o retorno do autor
sem qualquer justificativa.

Oportuno ressaltar que o pacote de viagem foi escolhido pelo autor –


acreditando na propaganda alardeada nos meios de comunicação pela primeira
reclamada em parceria com a segunda – como sendo empresas digna e capazes
de cumprir suas obrigações contratuais, entretanto, ambas reclamadas não
corresponderam à altura de suas inserções veiculadas nos meios de
comunicação.

No presente caso fácil reconhecer que o fato envolve danos morais puros e,
portanto, danos que se esgotam na própria lesão à personalidade, na medida
em que estão ínsitos nela. Por isso, a prova destes danos restringir-se-á à
existência do ato ilícito, devido à impossibilidade e à dificuldade de realizar-se a
prova dos danos incorpóreos.

Trata-se de dano moral in re ipsa, que dispensa a comprovação da extensão dos


danos, sendo estes evidenciados pelas circunstâncias do fato.

Nesse sentido, destaca-se a lição de Sérgio Cavalieri Filho, Desembargador do


Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro:
“Entendemos, todavia, que por se tratar de algo imaterial ou ideal a prova do
dano moral não pode ser feita através dos mesmos meios utilizados para a
comprovação do dano material. Seria uma demasia, algo até impossível, exigir
que a vitima comprove a dor, a tristeza ou a humilhação através de
depoimentos, documentos ou perícia; não teria ela como demonstrar o
descrédito, o repúdio ou o desprestígio através dos meios probatórios
tradicionais, o que acabaria por ensejar o retorno à fase da irreparabilidade do
dano moral em razão de fatores instrumentais.
Neste ponto, a razão se coloca ao lado daqueles que entendem que o dano
moral está ínsito na própria ofensa, decorre da gravidade do ilícito em si. Se a
ofensa é grave e de repercussão, por si só justifica a concessão de uma
satisfação de ordem pecuniária ao lesado. Em outras palavras, o dano moral
existe in re ipsa; deriva inexoravelmente do próprio fato ofensivo, de tal modo
que, provada a ofensa, ipso facto está demonstrado o dano moral à guisa de
uma presunção natural, uma presunção hominis ou facti, que decorre das regras
de experiência comum.” (Programa de Responsabilidade Civil, 5ª ed., Malheiros,
2004, p. 100/101).
No entanto, não sendo possível a restitutio in integrum em razão da
impossibilidade material desta reposição, transforma-se a obrigação de reparar
em uma obrigação de compensar, haja vista que a finalidade da indenização
consiste, justamente, em ressarcir a parte lesada, devendo o nobre julgador
analisar as questões que envolvem os fatos, ao comportamento dos envolvidos,
as condições econômicas e sociais de ambas as partes e à repercussão dos fatos
para se chegar a um valor justo ao caso concreto.

Para corroborar com os argumentos alhures, impende destacar os arestos


abaixo colacionados do STJ sobre casos semelhantes:

Recurso Especial. Civil. “Pacote turístico”. Inexecução dos serviços contratados.


Danos materiais e morais. Indenização. Art. 26, I, do CDC. Direto à reclamação.
Decadência. – O prazo estatuído no art. 26, I, do CDC, é inaplicável à espécie,
porquanto a pretensão indenizatória não está fundada na responsabilidade por
vícios de qualidade do serviço prestado, mas na responsabilidade contratual
decorrente de inadimplemento absoluto, evidenciado pela não-prestação do
serviço que fora avençado no “pacote turístico”. REsp 278893 / DF – RECURSO
ESPECIAL 2000/0096440-9;
Relator(a) Ministra NANCY ANDRIGHI (1118); Órgão Julgador T3 – TERCEIRA
TURMA; Data do Julgamento 13/08/2002; Data da Publicação/Fonte DJ
04.11.2002 p. 197; LEXSTJ vol. 161 p. 88;RSTJ vol. 163 p. 273.
Nesse compasso, restaram demonstrado os elementos ensejadores da
reparação civil – ato ilícito, nexo causal e dano, pois com a antecipação do
retorno, o autor na qualidade de consumidor foi demasiadamente prejudicado,
pois, deixou de aproveitar as atrações daquela cidade mesmo com o pacote
devidamente pago, o que de certa forma, trouxe enorme transtorno naquela
ocasião destinado ao sossego e descanso.

O ato ilícito praticado pelas reclamadas ao antecipar o retorno do autor sem


qualquer justificativa, além de não respeitarem o contrato firmado entre as
partes, provocou prejuízos de ordem moral e material ao autor, o que por si só
caracteriza o dano moral experimentado, pois, mesmo pagando o valor cobrado
pelo pacote, deixou de aproveitar pelo menos 02 (dois) dias de viagem.

Ante ao exposto, requer:

a) A citação das requeridas para, querendo, apresentarem resposta, sob pena de


revelia nos termos da lei;

b) Seja julgada totalmente procedente a presente ação para condenar as


empresas reclamadas a pagarem ao autor o montante a título de danos
materiais no valor de R$ …, bem como danos morais no valor de R$ …, por agir
em descompasso com o princípio da boa fé objetiva e ter propiciado
transtornos, dissabores e constrangimentos ao autor pela antecipação
injustificável do pacote turístico;

c) A condenação das requeridas em honorários advocatícios no percentual de


20%;

d) A inversão do ônus da prova por se tratar de relação de consumo, nos


moldes do Art. 6º, VIII, do CDC;

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito e


cabíveis à espécie, em especial pelos documentos juntados.

Dá-se à presente o valor de R$ …

Termos em que.

Pede deferimento.

(localidade), (dias) de (mês) de (ano).

Advogado
OAB

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