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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DA 8ª VARA CIVIL

DA COMARCA DA CAPITAL/RJ DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO DE


JANEIRO.

Marcos, já qualificado nos autos da ação de condenatória por danos


materiais que lhe move Julia, vem, respeitosamente, perante Vossa
Excelência, por seus procuradores, apresentar sua CONSTESTAÇÃO COM
RECONVENÇÃO, o que faz com supedâneo no art. 335 e seguintes do Código
de Processo Civil e nos argumentos fáticos e jurídicos que a seguir,
articuladamente, passa a aduzir:

1 – RESUMO DA INICIAL 

Trata-se da ação civil, interposta por Julia, com o objetivo de reaver o


seu valor gasto com o conserto de seu automóvel, decorrido do acidente que
ocorreu entre os veículos da autora e do réu. A autora alega que o acidente foi
proveniente de erro do autor e que isso gerou a ela danos estimados em R$
40.000 (quarenta mil reais).

Cumpre ressaltar a autora se posicionou contra a audiência de


conciliação e que deu valor a causa em R$ 1.000 (um mil reais)

2 – DOS FATOS

No dia x do mês de ... de 20XX na cidade do Rio de Janeiro, Marcos


estava dirigindo na rua XX quando um carro ultrapassou o sinal vermelho e
colidiu com o seu carro gerando danos estruturais em seu veículo. Após a
chegada da polícia foi constato que a autora estava sob efeito de álcool o que
gerou a existência

3 - DA TEMPESTIVIDADE
Vide a juntada do recebimento da carta de citação nos autos em 04 de
fevereiro de 2019, tempestiva a contestação que vos segue, protocolada no
prazo estabelecido no art. 335, III c/c art. 231, I, ambos do CPC.

4 – PRELIMINARMENTE (CPC, art. 337)

4.1 – INCORREÇÃO DO VALOR DADO À CAUSA

Na ação proposta pela autora ela solicitou que fosse pago pelo réu o
valor de R$ 40.000,00, que seria proveniente do valor que a autora gastou com
os alegados prejuízos causados pela imprudência do réu. Todavia, foi dado o
valor da causa na petição inicial de R$ 1000,00 reais, o que não faz jus ao
dano gerado, estando desconexo do que aborda o inciso V do art. 292 do CPC

Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou


da reconvenção e será:

I - Na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente


corrigida do principal, dos juros de mora vencidos e de outras
penalidades, se houver, até a data de propositura da ação;

II - Na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o


cumprimento, a modificação, a resolução, a resilição ou a rescisão de
ato jurídico, o valor do ato ou o de sua parte controvertida;

III - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações


mensais pedidas pelo autor;

IV - Na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação,


o valor de avaliação da área ou do bem objeto do pedido;

V - Na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano


moral, o valor pretendido;

Assim, requer-se a retificação do valor da causa para o valor que a


autora realmente pretende pleitear, respeitando os art. 292 e seus incisos do
Novo CPC, devendo, por este juízo solicitar a alteração do valor da causa
como define o art. 293 do CPC, sob pena de gerar extinção do processo sem
resolução do mérito, vide o art. 485, incisos III e IV do Novo CPC.
5 - DO MÉRITO

As alegações da autora não merecem ser acolhidas. Em uma primeira


análise, cabe ressaltar que o réu, conforme apurado, estava trafegando 5%
acima do limite de velocidade permitido na via. No entanto, o Regulamento
Técnico Metrológico (RTM) que regula os equipamentos que medem a
velocidade dos veículos automotores pela Portaria Inmetro nº 544 de
12/12/2014, estabeleceu requisitos de tolerância para erros de medição que
são de ± 7 km para a velocidade de no máximo e 7% para a velocidade acima
de 100 km/h, isso para equipamentos fixos, sendo 10km/h e 10% para
medidores moveis

4.2.3 Os erros máximos admissíveis em serviço para


medidores de velocidade fixos, estáticos e portáteis são
de ± 7 km/h para velocidades até 100 km/h e ± 7 % para
velocidades maiores que 100 km/h.

4.2.4 Os erros máximos admissíveis em serviço para


medidores de velocidade móveis são de ± 10 km/h para
velocidades até 100 km/h e ± 10 % para velocidades
maiores que 100 km/h.

Deste modo, é visível que o réu não cometeu a infração de trânsito, uma
vez que a velocidade está dentro do erro permitido pelo equipamento, não
podendo ser imputado ao réu culpa, vide a possibilidade da própria portaria que
regula o departamento.

A prática de ato ilícito, nos termos do art. 186 do CC, gera para o agente


causador do dano o dever de indenizar, consoante disposto no art. 927 do CC.
Portanto, a responsabilização e a condenação da obrigação de reparação é
subjetiva, além da efetiva ocorrência do dano, a conduta culposa negligente e
imprudente, que tenha resultado no dano sofrido.

Sendo assim, como o réu não cometeu ato ilícito algum não há que se
falar em dever de reparar o dano, uma vez que a conduta imprudente foi
proveniente da parte autora
5 – RECOVENÇÃO (CPC, art. 343) – CULPA DA AUTORA PELO ACIDENTE

Considerando os fatos narrados na exordial e o evidente prejuízo do reconvinte


em razão de conduta lesiva reconvinda, apresenta, neste momento, a
reconvenção.

As partes, reconvinda e reconvinte, encontram-se devidamente qualificados


nos autos, bem como os fatos foram narradas na petição inicial da ação
principal e complementados na contestação.

5.1 - Dos fundamentos jurídicos da reconvenção

Como fora abordado anteriormente a colisão entre os veículos ocorreu


devido a imprudência da reconvinda, que diante da ingestão de bebidas
alcoólicas, como já sabidamente afeta os reflexos, a capacidade racional de
tomar decisões, entre outras coisas, atravessou o sinal vermelho e colidiu com
o carro do reconvinte. Diante disso, percebe-se que os atos da reconvinda
estão presentes nos artigos 165 e 208 do Código de Trânsito Brasileiro, como
duas infrações de natureza gravíssima.

O reconvinte, por sua vez, não praticou qualquer infração de trânsito,


vez que trafega 5% acima do limite de velocidade da via e, conforme explanado
no anterior, o RTM para medidores de velocidade de veículos automotores,
estabelece limites máximo de erro na aferição dos medidores fixos de
velocidade de veículos automotores de 7 km para mais ou para menos, se o
limite de velocidade foi inferior a 100 km/h e de 7% para mais ou para menos,
se o limite de velocidade for superior a 100 km/h.

Nesta análise, é evidente que a batida se deu por culpa exclusiva da


reconvinda, não tendo o reconvinte se quer concorrido para a ocorrência do
fato que lhe causou prejuízo material de R$ 30.000,00 com o conserto de seu
veículo. Assim deve ser ressarcido o valor gasto, uma vez que a causa que
gerou dano foi exclusivamente da reconvinda devendo, portanto, ser
integralmente ressarcido pelos danos suportados, nos termos dos
artigos 186 e 927 do CC.
No mais, por mais que seja interpretado que o reconvinte estava em
velocidade acima, mesmo estando abaixo da portaria que regula os famosos
radares, como são conhecidos no Brasil, o fato da autora furar o sinal vermelho
foi o que gerou o acidente, como prevê teoria dos danos diretos e imediatos,
que define que somente haverá o dever de indenizar caso ao dano provocado
seja efeito necessário da causa, posto ser imprescindível que haja um liame
lógico-jurídico para que estabeleça a relação entre a causa necessária e o
dano dela decorrente, direta ou indiretamente.

Assim, dê-se à reconvenção o valor de R$ 30.000,00.

Requer-se que a Vossa Excelência determine a intimação da


reconvinda, nos termos do art. 373, § 1º do CPC para, querendo, apresentar
resposta à presente reconvenção no prazo legal.

6 – PEDIDO

Ante o exposto, requer-se:

a) O acolhimento da preliminar de incorreção do valor da causa, para constar o


conteúdo econômico efetivamente desejado pela autora, com determinação de
complementação do pagamento das custas processuais, sob pena de extinção
do feito sem resolução de mérito;

b) A improcedência do pedido formulado pela parte autora, na ação principal,


diante da inexistência da culpa do réu;

c) A intimação da reconvinda, de acordo com art. 343, § 1º do CPC para,


querendo, apresentar respostar à reconvenção, no devido prazo proposto em
lei;

d) A procedência do pedido formulado na reconvenção, condenando a


reconvinda ao pagamento de indenização por danos materiais no valor de R$
30.000,00, correspondente ao valor gasto pelo reconvinte com o conserto de
seu veículo, acrescida de juros, correção monetária e honorários de advogado;

e) A produção de todas as provas admitidas em juízo para comprovação das


alegações aduzidas na contestação e na reconvenção;
f) A intimação do patrono que subscreve a petição acerca de todos os atos
processuais, sob pena de nulidade, nos termos do art. 272, § 2º do CPC.

Rio de Janeiro, 10 de fevereiro de 2019

João Victor Ramos Class- OAB xxxx-xx

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