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Julia dirigia seu veículo na Rua 001, na cidade do Rio de Janeiro, quando

sofreu uma batida, na qual também se envolveu o veículo de Marcos. O


acidente lhe gerou danos materiais estimados em R$ 40.000,00 (quarenta
mil reais), equivalentes ao conserto de seu automóvel. Marcos, por sua vez,
também teve parte de seu carro destruído, gastando R$ 30.000,00 (trinta mil
reais) para o conserto. Diante do ocorrido, Julia pagou as custas pertinentes
e ajuizou ação condenatória em face de Marcos, autuada sob o nº
11111111111 e distribuída para a 8ª Vara Cível da Comarca da Capital do
Estado do Rio de Janeiro, com o objetivo de obter indenização pelo valor
equivalente ao conserto de seu automóvel, alegando que Marcos teria sido
responsável pelo acidente, por dirigir acima da velocidade permitida. Julia
informou, em sua petição inicial, que não tinha interesse na designação de
audiência de conciliação, inclusive porque já havia feito contato
extrajudicial com Marcos, sem obter êxito nas negociações. Julia deu à
causa o valor de R$ 1.000,00 (hum mil reais). Marcos recebeu a carta de
citação do processo pelo correio, no qual fora dispensada a audiência inicial
de conciliação, e procurou um advogado para representar seus interesses,
dado que entende que a responsabilidade pelo acidente foi de Julia, que
estava dirigindo embriagada, como atestou o boletim de ocorrência, e que
ultrapassou o sinal vermelho. Entende que, no pior cenário, ambos
concorreram para o acidente, porque, apesar de estar 5% acima do limite de
velocidade, Julia teve maior responsabilidade, pelos motivos expostos.
Aproveitando a oportunidade, Marcos pretende obter de Julia indenização
em valor equivalente ao que dispendeu pelo conserto do veículo. Marcos
não tem interesse na realização de conciliação. Na qualidade de
advogado(a) de Marcos, elabore a peça processual cabível para defender
seus interesses, indicando seus requisitos e fundamentos, nos termos da
legislação vigente. Considere que o aviso de recebimento da carta de
citação de Marcos foi juntado aos autos no dia 04/02/2019 (segunda-feira),
e que não há feriados no mês de fevereiro. (Valor: 5,00)
AO JUIZO DA 8ª VARA CÍVEL DA COMARCA DA
CAPITAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

Proc. nº 11111111111

MARCOS, devidamente qualificado nos autos, por meio


do seu advogado constituído (procuração anexa), com endereço profissional em
... e endereço eletrônico ..., vem a presença de vossa excelência, com fulcro nos
arts. 335 e 336 e seguintes do Código de Processo Civil apresentar
CONTESTAÇÃO COM RECONVENÇÃO aos fatos e direitos opostos por
JÚLIA, também qualificada nos autos do presente processo.
I - DA TEMPESTIVIDADE

A presente peça processual é tempestiva. O prazo para


apresentação da contestação é o de 15 (quinze) dias a partir da juntada do AR
relativo à carta de citação, ou seja, o prazo final para a prática do ato seria o dia
25/02/2019, restando a peça tempestiva.

II – PRELIMINARMENTE

II.I DA INCORREÇÃO DO VALOR DA CAUSA

Aponta a parte autora o valor de R$ 1.000,00 (mil reais)


como valor da causa. Acontece que esse valor não respeita os ditames legais.
Conforme o art. 292 do CPC, as ações indenizatórias devem ter por valor da
causa o importe que se pretende.
Ora, o montante pleiteado pela parte autora é o de R$
40.000,00 (quarenta mil reais), valor este que, segundo aduz, foi utilizado no
conserto do veículo. Assim, o valor da causa indicado pela parte autora deveria
ser o de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais), devendo o juiz decidir a respeito,
impondo a complementação das custas, nos termos do art. 337, inciso III do
CPC.

III – DOS FATOS

Alega a parte autora que dirigia seu veículo na Rua 001,


na cidade do Rio de Janeiro, quando se envolveu em acidente de trânsito com o
veículo do réu. Em decorrência do acidente, sofreu danos materiais no valor de
R$ 40.000,00 (quarenta mil reais), valor que foi utilizado para consertar o
automóvel.
Segue aduzindo que o acidente foi provocado por culpa
do réu, pois estaria dirigindo acima da velocidade permitida. Pleiteando, no
mérito, a indenização pelos danos materiais sofridos.
Deu a causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais) e
informou não desejar audiência de conciliação, por ter tentado acordo
extrajudicial, sendo infrutífero.
Conforme se verá, inexiste qualquer direito a ser
reparado à autora. A mesma se encontrava embriagada no momento do
acidente, tendo, inclusive, avançado o sinal vermelho.

IV – DO DIREITO

Sem ato ilícito não há responsabilidade civil. O réu em


nenhum momento praticou ação voluntária com negligência ou imprudência
que causasse danos a parte autora e, consequentemente, gerasse o dever
indenizatório. Não houve afronta, portanto, aos arts. 186 c/c 925 do Código
Civil.
Ao contrário, toda responsabilidade cabe a parte autora
que, conforme documentos apresentados, estava completamente embriagada no
momento do acidente, pondo pedestres e outros motoristas em risco, avançando
sinais vermelhos.
Caso assim não se entenda, é necessário levantar a
responsabilidade concorrente entre as partes. A culpa é fator determinante no
momento de se determinar o valor indenizatório.
O CC permite ''reduzir, equitativamente, a indenização''
quando houver excessiva desproporção entre a culpa e o dano (art. 944,
parágrafo único, CC). Sendo estabelecido ainda que: ''se a vítima tiver
concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada
tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com o do autor do
dano'' (art. 945, CC).
Ora, apesar do réu exceder o limite de velocidade em 5%
, esse valor é ínfimo, não sendo o motivo preponderante para o acontecimento
do acidente. Pelos motivos aduzidos, improcedentes os pleitos autorais. Caso
reste configurado a responsabilidade civil, imperioso implicar que a mesma
seja concorrente.

V – DA RECONVENÇÃO

Ao réu é lícito propor reconvenção, manifestando


pretensão própria, se conexa com a ação principal ou com o fundamento da
defesa, nos termos do art. 343, CPC.
Decorrente do mesmo fato, pleiteia o réu, ora reconvinte,
indenização pelos danos materiais sofridos no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil
reais), importe utilizado para o conserto do veículo ocasionado pelo acidente
(doc. anexo).
Restando claro o dever indenizatório do reconvindo, ante
a prática de ato ilícito pela sua negligência ao dirigir embriagada, atravessando
sinais vermelhos, tudo nos termos do art. 944 do Código Civil.
Atribui-se ao valor da causa o importe de R$ 30.000,00
(trinta mil reais).

VI - DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer de Vossa Excelência:

a) Requer o acolhimento da preliminar arguida, intimando a parte autora


à complementar as custas;

b) No mérito, requer a total improcedência dos pleitos autorais;

c) Subsidiariamente, requer a procedência parcial em razão da


responsabilidade concorrente;
d) Quanto a reconvenção, requer a procedência do pedido
reconvencional, para condenação da autora-reconvinda ao pagamento da
indenização no valor de R$30.000,00;

e) No final, requer a condenação da parte autora em custas e honorários


advocatícios;

f) Pleiteia provar o alegado por todos os meios em direito admitido, em


especial com a juntada das notas fiscais e comprovantes de pagamento
dos R$30.000,00 e juntada do boletim de ocorrência.

Termos em que,
Pede deferimento.

Rio de Janeiro, 20 de fevereiro de 2019.

ADVOGADO/OAB

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