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EXCELENTISSÍMO SENHOR JUIZ DE DIREITO VARA CÍVEL DA

COMARCA DE CORRENTE - PIAUÍ.

Processo nº XXXX

MARCELLA PEREIRA, nacionalidade, estado civil,


profissão, inscrito na cédula de identidade RG nº xxx e CPF sob
o nº xxx, endereço eletrônico, residente e domiciliado no
endereço completo, por seu advogado devidamente constituído
consoante procuração anexa (Doc.X), que recebe intimação em
seu escritório sediado no endereço completo, vem à presença de
Vossa Excelência com fundamento nos artigos 335 e 343 do
Código de Processo Civil, apresentar a presente

CONTESTAÇÃO c/c RECONVENÇÃO

em face de INGRID DA SILVA, nacionalidade, estado civil,


profissão, inscrito na cédula de identidade RG nºxxx e CPF sob
o nºxxx, endereço eletrônico, residente e domiciliado no
endereço completo, passando a expor e requerer o que segue:

I – DA TEMPESTIVIDADE

A presente contestação é tempestiva, visto que à luz do art. 231, I, do


CPC, fora apresentada no prazo de 15 dias a partir da juntada do AR relativo à carta de
citação em 07 de novembro de 2022, tendo como prazo até 28 de novembro de 2022.
II – PRELIMINAR

A – IMPUGNAÇÃO AO VALOR DA CAUSA

Existe uma incorreção quanto ao valor da causa arguido na exordial, no


qual a Autora aponta o valor de R$ 1.000,00 (mil reais), à luz do art. 337, III, do CPC.
Dessa forma, o valor não está consoante aos ditames legais, sendo que o artigo 292, V
do Código de Processo Civil aduz que ações indenizatórias devem atribuir valor da
causa no montando pleiteado, no qual corresponde neste caso concreto a R$ 40.000,00
(quarenta mil reais), e nas razões de intimar a Autora para recolhimento das custas
complementares, conforme § 3º do art. 292 do CPC.

III – DOS FATOS

A Requerida dirigia na época dos fatos na Rua da Tristeza, no município


de Corrente, quando veio a colidir com o veículo da Requerente, ao qual alega que o
acidente gerou danos materiais estimados em R$ 40.000,00 (quarenta mil reais), que
foram gastos no reparo de seu veículo, na medida em que a Ré também teve parte de seu
carro destruído, gastando R$ 30.000,00 (trinta mil reais) para o conserto.

Diante disso, a Requerida ajuizou ação condenatória a título de danos


materiais em face da Requerente, alegando que o mesmo teria culpabilidade pelo
acidente, por dirigir acima da velocidade permitida em 5%. Nesse liame, deu a causa o
valor de R$ 1.000,00 (mil reais) e não desejou audiência de conciliação, por ter sido
anteriormente infrutífero acordo extrajudicial.

No decurso processual, a Requerente recebeu a carta de citação por


correio, e procurou advogado para representar seus interesses, visto que a Requerida
estava dirigindo embriagada, atestado em boletim de ocorrência, e que ultrapassou o
sinal vermelho. Dessa forma, pretende obter da Requerida indenização equivalente ao
que dispendeu no conserto veicular, embora ambos concorrerem para o acidente, a
mesma possui maior responsabilidade.

IV - DOS DIREITOS
Em face dos fatos relatados, é imperativo ressaltar que inexiste
responsabilidade civil pela Requerente, conforme preconiza o art. 186 do Código Civil,
visto que em nenhum momento praticou ato ilícito que ocasionasse danos a Requerida e,
consequentemente, gerasse o dever de indenizar, a luz do art. 927 do mesmo Diploma
Legal.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Ao contrário, a Requerida possui responsabilidade exclusiva pelo


acidente, visto que estava dirigindo embriagada, comprovado mediante boletim de
ocorrência, e em face de estar ausente de condições psicomotoras, ultrapassou o sinal
vermelho, incorrendo em infração e crime perante o Código de Trânsito Brasileiro, in
verbis:

Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade


psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de
outra substância psicoativa que determine dependência:

Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão


ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir
veículo automotor.

Art. 208 Avançar o sinal vermelho do semáforo ou o de parada


obrigatória:

Infração - gravíssima;

Penalidade - multa.

Ademais, em eventual não existência de responsabilidade civil, há a


presença de responsabilidade concorrente da Requerida, visto que a culpa é fator
determinante no quantum indenizatório, e no caso em tela, a mesma possui
preponderância em face do Requerente, no que tange a embriaguez e ultrapassagem em
sinal vermelho, nos ditames do art. 945 do CC.

Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o


evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta
a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.
Neste liame, a Requerente visa a improcedência das alegações da
exordial.

V- DA RECONVENÇÃO

A responsabilidade da Requerida é patente, reiterando que houveram


danos materiais sofridos no sumpto de R$ 30.000,00 (trinta mil reais) contra a
Requerente, no qual o montante fora usado para o conserto do veículo. Portanto, não
restam dúvidas acerca do dever indenizatório da reconvinda, em face do ato ilícito por
dirigir embriagada, bem como atravessar sinal vermelho, nos termos do caput do artigo
944 do Código Civil.

Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.

Portanto, é oportuno a Requerente manifestar pretensão própria em


caráter indenizatório conexo com a fundamentação da defesa, conforme artigo 343,
caput, do CPC.

VI – DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, requer a Vossa Excelência:

a) O acolhimento da preliminar arguida, intimando a parte


Requerida para complementar as custas e a improcedência dos
pedidos formulados pela Requerida;

b) Subsidiariamente, a procedência parcial em razão da


responsabilidade concorrente da Requerida, reduzindo-se o valor
da indenização;

c) A condenação da Autora nos artigos 208 e 306 do Código de


Trânsito Brasileiro em face de responsabilidade exclusiva;
d) A procedência do pedido reconvencional, para condenação da
Requerida ao pagamento da indenização no quantum de R$
30.000,00 (trinta mil reais);

e) Ao final, a condenação da parte Requerida em custas e


honorários advocatícios;

VII – DAS PROVAS

Pleiteia provar o alegado por todos os meios em direito admitido, em


especial com a juntada das notas fiscais e comprovantes de pagamento dos R$
30.000,00 (trinta mil reais), bem como a juntada do boletim de ocorrência.

Dá-se o valor da causa em R$ 30.000,00 (trinta mil reais).

Corrente, 24 de novembro de 2022

ADVOGADO

OAB XXXXXX

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