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I - DAS PRELIMINARES
Inicialmente, o demandante encontra-se desempregado nã o possuindo condiçõ es
financeiras para arcar com as custas processuais e honorá rios advocatícios, sem
prejuízo do seu sustento e de sua família. Nesse sentido, junta-se declaraçã o de
hipossuficiência e có pia da Carteira de Trabalho do requerente, informando que
reside nas casas dos seus pais e faz "bico" quando aparece.
Por tais razõ es, pleiteia-se os benefícios da Justiça Gratuita, assegurados pela
Constituiçã o Federal, artigo 5º, LXXIV e pela Lei 13.105/2015 ( CPC), artigo 98 e
seguintes.
II - DOS FATOS
O requerente é proprietá rio do veículo VW/PARATI CL 1.6, ano: 1998, placa
ABC0000, cor PRATA, chassi 0AB.CD00E0.0F.000000, Có digo Renavam
00000000000, conforme documento anexo.
Ocorre que o autor ao tentar pagar a relicenciamento do veículo referente ao ano
de 2018, tomou conhecimento de que havia uma multa no valor de R$ 00.000,00,
pendente de pagamento.
Ao procurar saber do que se tratava, teve conhecimento de que na data de
06/08/2017, à s 02:23 horas, na EndereçoSP, houve uma atuaçã o com a placa do
seu veículo, segundo o A.I.T. por "Usar qualquer veículo para, deliberadamente,
interromper, restringir ou perturbar a circulaçã o na via sem autorizaçã o do ó rgã o
ou entidade de trâ nsito com circunscriçã o sobre ela", o que configuraria, portanto,
a infraçã o prevista no art. Art. 253-A, do Có digo de Trâ nsito Brasileiro.
No entanto, os fatos constantes da autuaçã o improcedem, pois o requerente reside
em Goiâ nia/GO, no retro mencionado endereço, e jamais esteve no Estado ou na
cidade de Sã o Paulo e muito menos no local da infraçã o, logo, nã o tem como o
requerente ter cometido a infraçã o em questã o.
Ressalta-se ainda, que em 05/08/2017, o veículo do autor foi deixado na oficina
"Lotus Centro Automotivo" conforme anexo, para que fosse realizado alguns
serviços no carro, sendo este entregue ao autor em 07/08/2017 apó s a finalizaçã o
do serviço que foi acompanhado pelo autor, ou seja, nã o havia possibilidade
alguma do autor estar com o seu veículo na cidade, no local e na hora
determinados na autuaçã o, pois o automó vel sempre esteve na cidade onde o autor
reside, ou seja, Goiâ nia.
Ademais, surpreso com a informaçã o acerca da infraçã o imposta a seu veiculo, o
autor imediatamente suspeitou que o mesmo pode ter tido a placa clonada e in
continente, no dia 31/07/2018, registrou boletim de ocorrência na Delegacia
Estadual de Repressã o a furtos Roubos de Veículo, sediado em Goiâ nia, informando
o fato.
Ainda, visando comprovar que seu veiculo é o original, o requerente o submeteu a
Vistoria junto a Delegacia (doc. anexo), aonde restou certificado que o seu veiculo
apresenta sinais de identificaçõ es de acordo com os padrõ es exigidos,
demonstrando se tratar de veículo original, sem quaisquer sinais de adulteraçã o.
Destarte, resta claro e evidente que a infraçã o acima descrita nã o foi cometida pelo
veículo do autor, o que se leva a crer que no presente caso, a placa do seu veículo
foi "clonada", ou houve alguma irregularidade na anotaçã o da placa ou ainda,
engano de digitaçã o na triagem do auto de infraçã o para imposiçã o de penalidade.
Ressalta-se ainda que o autor, embora nã o tendo sido notificado acerca da aludida
multa de trâ nsito, no entanto interpô s defesa junto ao JARI, no Departamento do
Sistema Viá rio, fora do prazo, tendo sido gerado o processo administrativo nº 01-
0253159/2017-3, no qual observa-se que houve indeferimento da impugnaçã o ao
auto de infraçã o, sob argumento de que nã o houve provas suficientes de que a
infraçã o tenha sido cometida por outro veículo que nã o o do recorrente.
É importante salientar que o autor, desconhecendo a técnica de defesa, nã o juntou
naquela oportunidade o documento que comprovava estar o veículo alocado na
cidade de Goiâ nia, no dia da infraçã o.
Destarte, como só agora o autor teve conhecimento da multa, e tendo em vista que
jamais esteve na cidade onde ocorreu a infraçã o, nã o lhe resta alternativa senã o
buscar a tutela jurisdicional para afim de, diante da ilegalidade apontada, elucidar
o fatos, para que esse juízo declare insubsistente os efeitos do auto de infraçã o
anulando a multa aplicada ao autor, que lhe permita o desbloqueio do documento e
o mesmo pague o licenciamento do seu carro.
Eis as razõ es para se intentar a presente açã o.
II - DO DIREITO
a) Da ausência de notificaçã o
No presente caso, o Auto de Infraçã o foi aplicado sem prévia notificaçã o do
condutor para promover sua defesa, estando essa questã o bem clara no auto de
infraçã o, bem como na notificaçã o de autuaçã o de infraçã o de trâ nsito, nos quais o
nome do autor está em branco, desconhecido, por esta razã o sequer o ó rgã o de
trâ nsito pode afirmar que o autor estivesse efetivamente na cidade de Sã o Paulo.
Embora conste que houve a notificaçã o datada no dia .... o autor contesta, pois
nunca deu ciência da mesma e nunca recebeu em sua residência, ressaltando ainda
que os seus dados estã o atualizados no sistema do DETRAN.
Ressalta-se ainda, que todo procedimento assim como qualquer ato administrativo
deve ser conduzido com estrita observâ ncia aos princípios constitucionais, sob
pena de nulidade.
Ao instaurar um processo administrativo de penalidade, esta Autoridade deveria
de imediato garantir o direito ao contraditó rio e à ampla defesa, conforme
expressa precisã o do CTB:
Art. 282. Aplicada a penalidade, será expedida notificação ao proprietário do veículo ou ao infrator, por
remessa postal ou por qualquer outro meio tecnológico hábil, que assegure a ciência da imposição da
penalidade.
Desta forma, tem como responsabiliza o autor com o seu veiculo por uma infraçã o
que nã o cometeu e nã o teria como cometer.
c) Da anulaçã o
Diante de tais concretudes, há que entender o nobre Julgador, que, faltou o
Princípio da Motivaçã o dos Atos Administrativos, onde trata-se, evidentemente de
um ato administrativo VINCULADO, que segundo a melhor doutrina, de Nome, "sã o
aqueles para os quais a lei estabelece os requisitos e condiçõ es de sua realizaçã o.
Nessa categoria de atos, as imposiçõ es legais absorvem, quase por completo, a
liberdade do administrador, uma vez que a sua açã o fica adstrita aos pressupostos
estabelecidos pela norma legal para a validade da atividade administrativa"
(LOPES MEIRELLES, Hely, Direito Administrativo Brasileiro, p. 170).
Mesmo ante o contrassenso apresentado, a JARI se omitiu em julgar de forma
coerente, embasando com fundamentos quase vazios e com a devida vênia, está à
baila um modelo padrã o utilizado para todos os recursos que ali estã o sub
examine. Os julgadores fundamentaram de forma genérica, nã o tendo assim zelo
em apreciar o caso concreto, que é salutar do Ordenamento Jurídico.
Sendo assim, absolutamente descabida é a aplicaçã o de pena à suposta infraçã o.
Portanto, ante os fundamentos apresentados, tanto pela ilegalidade do auto de
infraçã o aplicado ao autor, quanto pelo fato da Requerente jamais ter passado com
seu veículo no lugar apontado, a penalidade nã o deve sustentar, conforme o art.
281 do CTB:
Art. 281. A autoridade de trânsito, na esfera da competência estabelecida neste Código e dentro de sua
circunscrição, julgará a consistência do auto de infração e aplicará a penalidade cabível.
Pará grafo ú nico. O auto de infraçã o será arquivado e seu registro julgado
insubsistente:
I - se considerado inconsistente ou irregular;
Desta feita, é indubitá vel que a situaçã o em exame se subsome ao disposto no
inciso I do artigo supramencionado, devendo o auto de infraçã o ser arquivado e
seu registro julgado insubsistente, dada a ilegalidade demonstrada.
d) A insubsistência da penalidade
Conforme se extrai da documentaçã o encartada, o proprietá rio do veículo foi
penalizado com aplicaçã o de pontuaçã o 7 para ser registrada na sua carteira.
Contudo, conforme mencionado, essa penalidade nã o pode ser lançada nos
apontamentos do autor, porquanto tal pontuaçã o é exclusiva de responsabilidade
do condutor do veículo, no momento da infraçã o, e como é sabido, o mesmo nã o se
encontrava no local, e comprovadamente, o proprietá rio e autor, nã o estava no
local da infraçã o.
Recorrente: MARCELA DE LEONI Recorrido: DETRAN/RJ Relator: Juíza
NomeSentenciante: NomeA C Ó Endereçoe açã o movida entre as partes acima, na
qual postula a parte autora a anulaçã o do auto de infraçã o lavrado por autoridade
de trâ nsito. Sustenta a autora que foi abordada em 28.02.2011 por agente pú blico
que solicitou a utilizaçã o de bafô metro para verificar seu grau de alcoolemia.
Recusando-se a autora a realizar o bafô metro, recusou-se o agente a conduzir à
delegacia ou IML para realizaçã o do exame competente, lavrando no ato o auto de
infraçã o. Posteriormente, em 2012, recebeu notificaçã o acerca da imputaçã o da
penalidade de suspensã o da habilitaçã o para conduçã o de veículo. Aduz que jamais
fora intimada da decisã o que rejeitou sua defesa referente à impugnaçã o do auto
de infraçã o, o que torna nulo o procedimento adotado na aplicaçã o da penalidade.
A sentença julgou improcedente os pedidos, por entender que a parte autora nã o
conseguiu afastar a presunçã o de legitimidade e legalidade do ato administrativo.
Recorre a parte autora, sustentando que à época dos fato, em 2011,o art. 276 do
CTB contava com redaçã o diversa da atual, ignorando sua presunçã o de inocência.
Sustenta a recorrente que os testes de bafô metros devem ser utilizados em casos
de suspeita de embriaguez, e nã o aleatoriamente, devendo o agente pú blico
justificar circunstanciadamente os motivos da lavratura do auto em caso negativa
de realizaçã o do teste. O recorrente oferta contrarrazõ es, na qual reitera a alegaçã o
de legalidade do ato administrativo. Aduz que a notificaçã o de autuaçã o e
penalidade de multa é primeiramente endereçada ao proprietá rio do veículo, no
presente caso, terceira pessoa, sendo que no processo de suspensã o da habilitaçã o
a parte afetada é pessoalmente notificada. Sustenta, no mais a constitucionalidade
da Lei 11705/2008. É o relató rio. Passo ao a proferir voto. Presentes os requisitos
recursais, conheço do recurso interposto. No mérito, tenho que o recurso merece
prosperar. Como se sabe, o princípio do contraditó rio e da ampla defesa sã o
asseguradas constitucionalmente em â mbito judicial e administrativo,
configurando verdadeira garantia fundamental. Assim, em qualquer processo, seja
judicial ou administrativo, a parte tem o direito de conhecer os andamentos
processuais e de ser cientificada das decisõ es proferidas para que seja possível a
interposiçã o do recurso cabível. Dessa forma, nã o se revela condizendo com tais
princípios a mera intimaçã o do proprietá rio do veículo conduzido, uma vez que a
penalidade é imposta pessoalmente ao condutor e nã o ao proprietá rio do veículo .
Uma vez qualificada a parte no processo administrativo de seu interesse, é dever
da Administraçã o dar ciência ao interessado das
decisõ es proferidas, e nã o meramente ao proprietá rio do veículo. A intimaçã o do
proprietá rio torna-se, em tais casos, mera formalidade, sem qualquer valor
jurídico, uma vez que este nã o possui qualquer interesse na decisã o, de forma que
há prejuízo notó rio para a defesa do real autuado, que é penalizado sem qualquer
direito de posterior defesa. Assim, patente a violaçã o ao direito da parte de ser
devidamente intimada das decisõ es proferidas em sede administrativa, de forma
que merece ser anulado o processo administrativo a partir da aplicaçã o da
penalidade. Pelo exposto, VOTO no sentido de CONHECER DO RECURSO e, no
mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, para reconhecer a nulidade dos atos praticados
apó s a prolaçã o da decisã o que aplicou a penalidade ao recorrente nos autos do PA
nº E-12/674277/2012, devendo o réu proceder com nova intimaçã o pessoal do
interessado, no endereço informado no referido processo administrativo. Condeno
o réu à devoluçã o das custas pagas pelo recorrente e em honorá rios advocatícios
os quais fixo em R$ 00.000,00, na forma do art. 20, § 4º do CPC. Rio de Janeiro, 03
de dezembro de 2014. NomeJuíza de Direito Poder Judiciá rio do Estado do Rio de
Janeiro 1a Turma Recursal Fazendá ria Recurso Inominado nº 0298139-
44.2013.8.19.0001 FLS. 1 Secretaria das Turmas Recursais Cíveis e Criminal
EndereçoCEP 00000-000Tel.: + (00)00000-0000- E-
mail: email@email.com
(TJ-RJ - RI: 02981394420138190001 RJ 0298139-
44.2013.8.19.0001, Relator: Nome,
Primeira Turma Recursal Fazendá ria, Data de Publicaçã o:
03/02/2015 00:00)