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EXCELENTÍSSIMO (A) SR (A) DR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA _____ VARA DO

JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚ BLICA MUNICIPAL DA COMARCA DE SÃ O


PAULO/SP
Nome, brasileiro, solteiro, desempregado, portador do RG nº 00000-00e do CPF nº
000.000.000-00, endereço eletrô nico nã o possui, residente e domiciliado na
EndereçoCEP: 00000-000, por meio da advogada infra-assinada, com escritó rio
profissional situado na EndereçoCEP: 00000-000, telefone: (00)00000-0000, local
indicado para receber as devidas comunicaçõ es legais, vem à digna presença de
Vossa Excelência propor:
AÇÃ O DE ANULAÇÃ O DE MULTA CUMULADA COM DANOS
MORAIS E PEDIDO LIMINAR
em face da Nome, pessoa jurídica de direito pú blico da Administraçã o Direta,
representada pelos seus procuradores, nos termos a seguir aduzidos:

I - DAS PRELIMINARES
Inicialmente, o demandante encontra-se desempregado nã o possuindo condiçõ es
financeiras para arcar com as custas processuais e honorá rios advocatícios, sem
prejuízo do seu sustento e de sua família. Nesse sentido, junta-se declaraçã o de
hipossuficiência e có pia da Carteira de Trabalho do requerente, informando que
reside nas casas dos seus pais e faz "bico" quando aparece.
Por tais razõ es, pleiteia-se os benefícios da Justiça Gratuita, assegurados pela
Constituiçã o Federal, artigo 5º, LXXIV e pela Lei 13.105/2015 ( CPC), artigo 98 e
seguintes.

II - DOS FATOS
O requerente é proprietá rio do veículo VW/PARATI CL 1.6, ano: 1998, placa
ABC0000, cor PRATA, chassi 0AB.CD00E0.0F.000000, Có digo Renavam
00000000000, conforme documento anexo.
Ocorre que o autor ao tentar pagar a relicenciamento do veículo referente ao ano
de 2018, tomou conhecimento de que havia uma multa no valor de R$ 00.000,00,
pendente de pagamento.
Ao procurar saber do que se tratava, teve conhecimento de que na data de
06/08/2017, à s 02:23 horas, na EndereçoSP, houve uma atuaçã o com a placa do
seu veículo, segundo o A.I.T. por "Usar qualquer veículo para, deliberadamente,
interromper, restringir ou perturbar a circulaçã o na via sem autorizaçã o do ó rgã o
ou entidade de trâ nsito com circunscriçã o sobre ela", o que configuraria, portanto,
a infraçã o prevista no art. Art. 253-A, do Có digo de Trâ nsito Brasileiro.
No entanto, os fatos constantes da autuaçã o improcedem, pois o requerente reside
em Goiâ nia/GO, no retro mencionado endereço, e jamais esteve no Estado ou na
cidade de Sã o Paulo e muito menos no local da infraçã o, logo, nã o tem como o
requerente ter cometido a infraçã o em questã o.
Ressalta-se ainda, que em 05/08/2017, o veículo do autor foi deixado na oficina
"Lotus Centro Automotivo" conforme anexo, para que fosse realizado alguns
serviços no carro, sendo este entregue ao autor em 07/08/2017 apó s a finalizaçã o
do serviço que foi acompanhado pelo autor, ou seja, nã o havia possibilidade
alguma do autor estar com o seu veículo na cidade, no local e na hora
determinados na autuaçã o, pois o automó vel sempre esteve na cidade onde o autor
reside, ou seja, Goiâ nia.
Ademais, surpreso com a informaçã o acerca da infraçã o imposta a seu veiculo, o
autor imediatamente suspeitou que o mesmo pode ter tido a placa clonada e in
continente, no dia 31/07/2018, registrou boletim de ocorrência na Delegacia
Estadual de Repressã o a furtos Roubos de Veículo, sediado em Goiâ nia, informando
o fato.
Ainda, visando comprovar que seu veiculo é o original, o requerente o submeteu a
Vistoria junto a Delegacia (doc. anexo), aonde restou certificado que o seu veiculo
apresenta sinais de identificaçõ es de acordo com os padrõ es exigidos,
demonstrando se tratar de veículo original, sem quaisquer sinais de adulteraçã o.
Destarte, resta claro e evidente que a infraçã o acima descrita nã o foi cometida pelo
veículo do autor, o que se leva a crer que no presente caso, a placa do seu veículo
foi "clonada", ou houve alguma irregularidade na anotaçã o da placa ou ainda,
engano de digitaçã o na triagem do auto de infraçã o para imposiçã o de penalidade.
Ressalta-se ainda que o autor, embora nã o tendo sido notificado acerca da aludida
multa de trâ nsito, no entanto interpô s defesa junto ao JARI, no Departamento do
Sistema Viá rio, fora do prazo, tendo sido gerado o processo administrativo nº 01-
0253159/2017-3, no qual observa-se que houve indeferimento da impugnaçã o ao
auto de infraçã o, sob argumento de que nã o houve provas suficientes de que a
infraçã o tenha sido cometida por outro veículo que nã o o do recorrente.
É importante salientar que o autor, desconhecendo a técnica de defesa, nã o juntou
naquela oportunidade o documento que comprovava estar o veículo alocado na
cidade de Goiâ nia, no dia da infraçã o.
Destarte, como só agora o autor teve conhecimento da multa, e tendo em vista que
jamais esteve na cidade onde ocorreu a infraçã o, nã o lhe resta alternativa senã o
buscar a tutela jurisdicional para afim de, diante da ilegalidade apontada, elucidar
o fatos, para que esse juízo declare insubsistente os efeitos do auto de infraçã o
anulando a multa aplicada ao autor, que lhe permita o desbloqueio do documento e
o mesmo pague o licenciamento do seu carro.
Eis as razõ es para se intentar a presente açã o.

II - DO DIREITO
a) Da ausência de notificaçã o
No presente caso, o Auto de Infraçã o foi aplicado sem prévia notificaçã o do
condutor para promover sua defesa, estando essa questã o bem clara no auto de
infraçã o, bem como na notificaçã o de autuaçã o de infraçã o de trâ nsito, nos quais o
nome do autor está em branco, desconhecido, por esta razã o sequer o ó rgã o de
trâ nsito pode afirmar que o autor estivesse efetivamente na cidade de Sã o Paulo.
Embora conste que houve a notificaçã o datada no dia .... o autor contesta, pois
nunca deu ciência da mesma e nunca recebeu em sua residência, ressaltando ainda
que os seus dados estã o atualizados no sistema do DETRAN.
Ressalta-se ainda, que todo procedimento assim como qualquer ato administrativo
deve ser conduzido com estrita observâ ncia aos princípios constitucionais, sob
pena de nulidade.
Ao instaurar um processo administrativo de penalidade, esta Autoridade deveria
de imediato garantir o direito ao contraditó rio e à ampla defesa, conforme
expressa precisã o do CTB:
Art. 282. Aplicada a penalidade, será expedida notificação ao proprietário do veículo ou ao infrator, por
remessa postal ou por qualquer outro meio tecnológico hábil, que assegure a ciência da imposição da
penalidade.

Trata-se de regra sumulada pelo STJ:


Sumula 312: No processo administrativo para imposição de multa de trânsito, são necessárias as
notificações da autuação e da aplicação da pena decorrente da infração.

A ausência de oportunidade de se defender trata- se de manifesta quebra do


direito constitucional à ampla defesa, conforme aná lise dos tribunais:
DIREITO ADMINISTRATIVO - AÇÃO ORDINÁRIA - MULTA DE TRÂNSITO - AUTUAÇÃO - AUSÊNCIA DE
DUPLA NOTIFICAÇÃO - NULIDADE - EXISTÊNCIA - A autuação é nula, uma vez que não houve a dupla
notificação (Súmula 312 do STJ)- Sentença mantida - Nega-se provimento ao recurso.
(TJ-SP - APL: 00000-00, Relator: Xavier de Aquino, Data de Julgamento: 18/10/2010, 5a Câmara de
Direito Público, Data de Publicação: 04/11/2010)
RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL - MANDADO DE SEGURANÇA - MULTAS POR INFRAÇÃO DE TRÂNSITO -
VINCULAÇÃO AO PRÉVIO PAGAMENTO - AUSÊNCIA DE PROVA DE NOTIFICAÇÃO REGULAR - NULIDADE
DAS MULTAS APLICADAS - RECURSO IMPROVIDO. Nos moldes da Súmula nº 127 do STJ, é ilegal a
vinculação do licenciamento anual de veículo ao prévio pagamento de infrações de trânsito. É
indispensável a notificação pessoal do infrator no prazo legal, com vistas a oportunizar a ampla defesa e
o contraditório. (Ap 16030/2006, DES. A. BITAR FILHO, SEGUNDA CÂMARA CÍVEL, Julgado em
18/10/2006, Publicado no DJE 07/11/2006)
(TJ-MT - APL: 00160302620068110000 16030/2006, Relator: DES. A. BITAR FILHO, Data de Julgamento:
18/10/2006, SEGUNDA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 07/11/2006)

Portanto, a aplicaçã o de multa sem a oportunizarã o à prévia defesa, configura


nítida quebra do contraditó rio e da ampla defesa, razã o pela qual, requer a
imediata suspensã o da pena aplicada, por manifesta ilegalidade.
Ainda, deve se observar que além da aplicaçã o ilegal da multa ao autor, bem como
a falta de notificaçã o, tem impedido o autor de realizar o pagamento do
licenciamento do seu veículo, pois exigisse que a multa seja paga para que se possa
pagar a documentaçã o do veículo, o que é contestá vel no presente caso, pois ora, o
autor nã o pode ser obrigado a pagar por algo que nã o cometeu e nem mesmo ser
compelido de andar com seu veiculo de forma irregular, ou impedido
completamente de exercer atividade laboral, para a pró pria subsistência, que
requer o seu veículo para tanto.
Nesse sentido, é o que se pode concluir do disposto na Sú mula 127 do Superior
Tribunal de Justiça:
Súmula 127 -É ilegal condicionar a renovação da licença de veículo ao pagamento de multa, da qual o
infrator não foi notificado.

Ora Excelência, é notó rio o entendimento de que a falta de notificaçã o da autuaçã o


é causa de anulaçã o e arquivamento do auto de infraçã o de trâ nsito. É pacífico o
entendimento de que a administraçã o deverá anular seus pró prios atos quando
eivados de ilegalidade, como se mostra o presente caso. No entanto, para os casos
em que o ato ilegal nã o é espontaneamente anulado pelo ó rgã o que o praticou, é o
judiciá rio competente para apreciar a validade material e formal do referido ato,
declarando-o nulo se necessá rio.
b) Da responsabilidade
Consoante provas e os fatos narrados, resta demonstrado a impossibilidade do
requerente estar no referido local, no momento da infraçã o, nã o podendo ser
responsabilizado por nã o ser o condutor, nos termos do § 3º do art. 257 do Có digo
de Trâ nsito Brasileiro, que ora se transcreve:
"§ 3º Ao condutor caberá a responsabilidade pelas infrações decorrentes de atos praticados na direção
do veículo."

Desta forma, tem como responsabiliza o autor com o seu veiculo por uma infraçã o
que nã o cometeu e nã o teria como cometer.
c) Da anulaçã o
Diante de tais concretudes, há que entender o nobre Julgador, que, faltou o
Princípio da Motivaçã o dos Atos Administrativos, onde trata-se, evidentemente de
um ato administrativo VINCULADO, que segundo a melhor doutrina, de Nome, "sã o
aqueles para os quais a lei estabelece os requisitos e condiçõ es de sua realizaçã o.
Nessa categoria de atos, as imposiçõ es legais absorvem, quase por completo, a
liberdade do administrador, uma vez que a sua açã o fica adstrita aos pressupostos
estabelecidos pela norma legal para a validade da atividade administrativa"
(LOPES MEIRELLES, Hely, Direito Administrativo Brasileiro, p. 170).
Mesmo ante o contrassenso apresentado, a JARI se omitiu em julgar de forma
coerente, embasando com fundamentos quase vazios e com a devida vênia, está à
baila um modelo padrã o utilizado para todos os recursos que ali estã o sub
examine. Os julgadores fundamentaram de forma genérica, nã o tendo assim zelo
em apreciar o caso concreto, que é salutar do Ordenamento Jurídico.
Sendo assim, absolutamente descabida é a aplicaçã o de pena à suposta infraçã o.
Portanto, ante os fundamentos apresentados, tanto pela ilegalidade do auto de
infraçã o aplicado ao autor, quanto pelo fato da Requerente jamais ter passado com
seu veículo no lugar apontado, a penalidade nã o deve sustentar, conforme o art.
281 do CTB:
Art. 281. A autoridade de trânsito, na esfera da competência estabelecida neste Código e dentro de sua
circunscrição, julgará a consistência do auto de infração e aplicará a penalidade cabível.
Pará grafo ú nico. O auto de infraçã o será arquivado e seu registro julgado
insubsistente:
I - se considerado inconsistente ou irregular;
Desta feita, é indubitá vel que a situaçã o em exame se subsome ao disposto no
inciso I do artigo supramencionado, devendo o auto de infraçã o ser arquivado e
seu registro julgado insubsistente, dada a ilegalidade demonstrada.
d) A insubsistência da penalidade
Conforme se extrai da documentaçã o encartada, o proprietá rio do veículo foi
penalizado com aplicaçã o de pontuaçã o 7 para ser registrada na sua carteira.
Contudo, conforme mencionado, essa penalidade nã o pode ser lançada nos
apontamentos do autor, porquanto tal pontuaçã o é exclusiva de responsabilidade
do condutor do veículo, no momento da infraçã o, e como é sabido, o mesmo nã o se
encontrava no local, e comprovadamente, o proprietá rio e autor, nã o estava no
local da infraçã o.
Recorrente: MARCELA DE LEONI Recorrido: DETRAN/RJ Relator: Juíza
NomeSentenciante: NomeA C Ó Endereçoe açã o movida entre as partes acima, na
qual postula a parte autora a anulaçã o do auto de infraçã o lavrado por autoridade
de trâ nsito. Sustenta a autora que foi abordada em 28.02.2011 por agente pú blico
que solicitou a utilizaçã o de bafô metro para verificar seu grau de alcoolemia.
Recusando-se a autora a realizar o bafô metro, recusou-se o agente a conduzir à
delegacia ou IML para realizaçã o do exame competente, lavrando no ato o auto de
infraçã o. Posteriormente, em 2012, recebeu notificaçã o acerca da imputaçã o da
penalidade de suspensã o da habilitaçã o para conduçã o de veículo. Aduz que jamais
fora intimada da decisã o que rejeitou sua defesa referente à impugnaçã o do auto
de infraçã o, o que torna nulo o procedimento adotado na aplicaçã o da penalidade.
A sentença julgou improcedente os pedidos, por entender que a parte autora nã o
conseguiu afastar a presunçã o de legitimidade e legalidade do ato administrativo.
Recorre a parte autora, sustentando que à época dos fato, em 2011,o art. 276 do
CTB contava com redaçã o diversa da atual, ignorando sua presunçã o de inocência.
Sustenta a recorrente que os testes de bafô metros devem ser utilizados em casos
de suspeita de embriaguez, e nã o aleatoriamente, devendo o agente pú blico
justificar circunstanciadamente os motivos da lavratura do auto em caso negativa
de realizaçã o do teste. O recorrente oferta contrarrazõ es, na qual reitera a alegaçã o
de legalidade do ato administrativo. Aduz que a notificaçã o de autuaçã o e
penalidade de multa é primeiramente endereçada ao proprietá rio do veículo, no
presente caso, terceira pessoa, sendo que no processo de suspensã o da habilitaçã o
a parte afetada é pessoalmente notificada. Sustenta, no mais a constitucionalidade
da Lei 11705/2008. É o relató rio. Passo ao a proferir voto. Presentes os requisitos
recursais, conheço do recurso interposto. No mérito, tenho que o recurso merece
prosperar. Como se sabe, o princípio do contraditó rio e da ampla defesa sã o
asseguradas constitucionalmente em â mbito judicial e administrativo,
configurando verdadeira garantia fundamental. Assim, em qualquer processo, seja
judicial ou administrativo, a parte tem o direito de conhecer os andamentos
processuais e de ser cientificada das decisõ es proferidas para que seja possível a
interposiçã o do recurso cabível. Dessa forma, nã o se revela condizendo com tais
princípios a mera intimaçã o do proprietá rio do veículo conduzido, uma vez que a
penalidade é imposta pessoalmente ao condutor e nã o ao proprietá rio do veículo .
Uma vez qualificada a parte no processo administrativo de seu interesse, é dever
da Administraçã o dar ciência ao interessado das
decisõ es proferidas, e nã o meramente ao proprietá rio do veículo. A intimaçã o do
proprietá rio torna-se, em tais casos, mera formalidade, sem qualquer valor
jurídico, uma vez que este nã o possui qualquer interesse na decisã o, de forma que
há prejuízo notó rio para a defesa do real autuado, que é penalizado sem qualquer
direito de posterior defesa. Assim, patente a violaçã o ao direito da parte de ser
devidamente intimada das decisõ es proferidas em sede administrativa, de forma
que merece ser anulado o processo administrativo a partir da aplicaçã o da
penalidade. Pelo exposto, VOTO no sentido de CONHECER DO RECURSO e, no
mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, para reconhecer a nulidade dos atos praticados
apó s a prolaçã o da decisã o que aplicou a penalidade ao recorrente nos autos do PA
nº E-12/674277/2012, devendo o réu proceder com nova intimaçã o pessoal do
interessado, no endereço informado no referido processo administrativo. Condeno
o réu à devoluçã o das custas pagas pelo recorrente e em honorá rios advocatícios
os quais fixo em R$ 00.000,00, na forma do art. 20, § 4º do CPC. Rio de Janeiro, 03
de dezembro de 2014. NomeJuíza de Direito Poder Judiciá rio do Estado do Rio de
Janeiro 1a Turma Recursal Fazendá ria Recurso Inominado nº 0298139-
44.2013.8.19.0001 FLS. 1 Secretaria das Turmas Recursais Cíveis e Criminal
EndereçoCEP 00000-000Tel.: + (00)00000-0000- E-
mail: email@email.com
(TJ-RJ - RI: 02981394420138190001 RJ 0298139-
44.2013.8.19.0001, Relator: Nome,
Primeira Turma Recursal Fazendá ria, Data de Publicaçã o:
03/02/2015 00:00)

III - DA TUTELA DE URGÊNCIA


O art. 300 do CPC/2015 estabelece como requisitos para concessã o da antecipaçã o
dos efeitos da tutela de urgência a probabilidade do direito e o perigo de dano.
A probabilidade do direito repousa-se no fato de que o ato impugnado encontra-se
em desrespeito ao devido processo legal e contraditó rio e ampla defesa, vez em
que nã o deu oportunidade ao autor de recorrer da multa aplicada, suprimindo
assim direito do autor.
O perigo de dano está demonstrado pelo fato de que o autor perderá pontos em
seu prontuá rio ao sofrer uma sançã o dessa natureza, o que de modo acumulativo
leva à suspensã o do direito de dirigir, e assim terá inú meros prejuízos de ordem
material e moral, aliado a impossibilidade de pagar o licenciamento do seu veiculo
devido a multa imposta que nã o cometeu, o que poderá surgir prejuízos enormes
ao autor, no que diz respeito à pró pria subsistência, já que necessita de seu veículo
para trabalhar.
Excelência, nã o é razoá vel querer que a Autor aguarde o deslinde processual para
pagar o documento do seu carro, uma vez que, estar-se-ia privando-o de um direito
seu, o cerceamento do seu direito de privaçã o de sua propriedade e de ir e vir.
Assim, é indiscutível a existência do perigo da demora.
Logo, se faz necessá rio a suspensã o da decisã o proferida pela JARI, bem como a
suspensã o da multa para que o autor possa pagar o licenciamento do seu veiculo e
volte a circular com o mesmo de forma regular.

IV- DO DANO MORAL


O simples fato de a parte autora ser penalizada administrativamente sem processo,
por si só , já gera o direito ao ressarcimento pelo dano moral sofrido, além de que o
autor tentou resolver a questã o de forma eminentemente administrativa e foi
tratado de qualquer jeito com informaçõ es erradas e direcionamento para vá rios
setores do DETRAN e Nome, sem êxito.
Diante de todo o exposto, evidencia-se uma verdadeira desordem no procedimento
da Nomepara aplicaçã o e notificaçã o de multa, o que tem ocasionado ao autor
vá rios transtornos, perceba Vossa Excelência que isso vai muito além de um mero
aborrecimento, posto que a conduta praticada pelos réu é flagrantemente abusiva,
ilegal e tolher o direito do autor de pagar o licenciamento do seu veiculo, bem
como sua circulaçã o regular com o seu veiculo. Aqui é flagrante a configuraçã o do
dano moral.
Nessa linha de raciocínio o jurista Flá vio Tartuce, ensina:
"A melhor corrente categoria é aquela que conceitua os danos morais como lesão a direitos de
personalidade, sendo essa a visão que prevalece na doutrina brasileira. Alerte-se que para a sua
reparação não se quer a determinação de um preço para a dor ou o sofrimento, mas sim um meio para
atenuar, em parte, as consequências do prejuízo imaterial, o que traz o conceito de lenitivo, derivativo
ou sucedâneo". (Tartuce, Flávio. Manual de Direito Civil: Volume Único. Rio de Janeiro: Forense. P. 453)

A parte autora se viu desesperado, muito angustiado diante da situaçã o já exposta,


ou seja, o autor ficou e continua sem poder circular com seu veiculo, ter pontos na
carteira sem ter cometido nenhuma infraçã o, sem falar no fato de que teve de
parar a exercer atividade laborativa, que lhe trazia o sustento, é angustiante, ainda
mais com uma cobrança de um valor expressivo que o autor nã o tem condiçõ es de
suportar, dado que encontra-se desempregado, portanto, tolher o direito do autor
ao devido processo é uma verdadeira ilegalidade, abusividade, como a pessoa em
pleno século XXI é condenada, sancionada sem o devido processo legal? Será que
estamos voltando a idade média? Será que estamos voltando a época em que
prevalecia o julgamento inquisitivo em que numa mesma figura se concentravam
as vertentes de acusar, defender e julgar a pessoa?
Infelizmente este tipo de conduta já é recorrente, nos ú ltimos anos ocorreu um
aumento avassalador nas multas de trâ nsito municipais e estaduais e muitas
dessas sem sequer foi formalizado o processo, sã o genéricas. No caso em tela,
sequer a parte autora teve oportunidade de defesa, é absurdo que para a anulaçã o
desta multa ilegal se tenha que socorrer- se ao poder judiciá rio, é evidente que o
autor está muito bravo, angustiado e triste com tamanho descaso.
No que tange ao dano moral, Flá vio Tartuce leciona:
"A indenização por dano moral está revestida de um caráter principal reparatório e de um caráter
pedagógico ou disciplinar acessório, visando a coibir novas condutas. Mas esse caráter acessório
somente existirá acompanhado do principal. Essa tese tem prevalecido na jurisprudência nacional.

O que se busca no pedido de dano moral nã o é uma indenizaçã o propriamente dita


é tã o somente uma reparaçã o, ressarcimento pelo dano, porque a dor, a tristeza, a
angú stia alheia nã o pode ser mensurada monetariamente. Noutras palavras, se
visa tã o somente uma reparaçã o com cará ter pedagó gico, disciplinar que consiga
coibir à continuaçã o dessas prá ticas ilegais pelo requerido, portanto, além de
reparar o dano moral, tal ressarcimento visa também coibir essa cultura de
desrespeito e de violaçõ es aos direitos das pessoas, cultura esta altamente
disseminada no Brasil.
DOS PEDIDOS
Pelo exposto, requer:
a) Sejam julgados TOTALMENTE PROCEDENTES os pedidos formulados pelo
autor;
b) Requer, ainda, nos moldes do Art. 98 do CPC/15, a concessã o dos benefícios da
Assistência Judiciá ria Gratuita, em sua totalidade, por tratar-se de pessoa pobre na
acepçã o jurídica do termo, cuja situaçã o econô mica nã o permite arcar com as
custas e despesas processuais, sem prejuízo alimentar pró prio, como estabelece o
pará grafo ú nico, do artigo 2º, da Lei 1060/50.
c) A citaçã o do requerido na pessoa dos seus representantes para que, querendo,
venha apresentar resposta à presente, sob as penas de revelia e confissã o à
matéria de fato;
d) A antecipaçã o dos efeitos da tutela de urgência, determinando a anulaçã o dos
autos de infraçã o e, ainda, a expediçã o de ofício ao Detran/SP, para que este baixe
os referidos registros de multa, para que o autor possa licenciar o seu carro (do
veículo VW/PARATI CL 1.6, placa ABC0000, cor PRATA, chassi
0AB.CD00E0.0F.000000, Có digo Renavam 00000000000), independentemente do
pagamento da multa supra mencionada.
e) Seja, ao final, confirmada a antecipaçã o da tutela e julgada PROCEDENTE a açã o
para determinar a ANULAÇÃ O da multa aplicada pela Nomee retirados os pontos
da CNH do Autor;
f) CONDENAR o requerido a pagar ao requerente indenizaçã o por danos morais
(art. 5º. CF/88 c/c arts. 6º, inciso VI, e 14 do CDC), em montante a ser arbitrado por
esse juízo, sugerindo-se, com base na capacidade financeira da parte e no grau e
extensã o do dano, o valor de R$ 00.000,00, como parâ metro mínimo.
g) Condenar o requerido a indenizar ao requerente as despesas de deslocamento
até essa Comarca, no caso de ser vencido nesta demanda, cujos comprovantes
requer sejam os mesmos juntados quando os mesmos forem gerados.
h) Requer, também a condenaçã o do réu ao pagamento dos honorá rios e custas de
sucumbência, em conformidade com o artigo 85 do Novo Có digo de Processo Civil.
i) Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos e
cabíveis à espécie, especialmente pelos documentos acostados e prova
testemunhal.
Atribui-se à presente causa o valor de R$ 00.000,00.
Termos em que, pede deferimento.
Goiâ nia/GO, 17 de agosto de 2018.
Nome
00.000 OAB/UF

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