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AO SR. PRESIDENTE DA JUNTA ADMINISTRATIVA DE RECURSO DE


INFRAÇÃO DO ________ .

________ , brasileiro (a), RG nº ________ , CNH nº ________ ,


residente e domiciliado na Rua ________ , nº ________ , CEP:
________ , na cidade de ________ , ________ , tendo sido
autuado através do auto de infração em anexo, vem respeitosamente
através do presente, em conformidade com os arts. 280, 281 e 285 do
CTB, Lei Federal 9.784/99, e CF/88, para interpor o presente

RECURSO ADMINISTRATIVO

contra autuação, por legítimo direito de ampla defesa e do exercício


pleno do contraditório.

DA INFRAÇÃO

Infração: ________ Auto de Infração nº ________ Órgão Autuador:


________

DO VEÍCULO

MARCA ________ MODELO ________ , PLACA: ________ , RENAVAM:


________ .
DOS FATOS

O Auto de Infração indica que a ocorrência teria ocorrido às


________ , no ________ . Aplicando a penalidade de multa no valor de R$
________ e perda de ppontos na CNH.

O Autor recebeu a Notificação de Infração em ________ , com


data de expedição em ________ .

Ocorre que ________ , conforme passa a dispor.

DA AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO PRÉVIA

Conforme consta no processo administrativo que junta em anexo,


o Auto de Infração foi aplicado sem prévia notificação do condutor para
promover sua defesa.

Conforme consta na fl. ________ , a Notificação foi enviada para


o endereço ________ , sendo que o Impetrante comunicou a alteração de
endereço em ________ , conforme provas que junta ema nexo .

Todo procedimento assim como qualquer ato administrativo deve


ser conduzido com estrita observância aos princípios constitucionais, sob pena
de nulidade.

Ao instaurar um processo administrativo de penalidade, esta


Autoridade deveria de imediato garantir o direito ao contraditório e à ampla
defesa, conforme expressa previsão do CTB:

Art. 282. Aplicada a penalidade, será expedida notificação


ao proprietário do veículo ou ao infrator, por remessa
postal ou por qualquer outro meio tecnológico
hábil, que assegure a ciência da imposição da
penalidade.

Trata-se de regra sumulada pelo STJ:

Súmula 312: No processo administrativo para


imposição de multa de trânsito, são necessárias as
notificações da autuação e da aplicação da pena
decorrente da infração

A ausência de oportunidade prévia trata-se de manifesta quebra do


direito constitucional à ampla defesa, conforme análise dos tribunais:

MANDADO DE SEGURANÇA – Insurgência contra


cassação da CNH em procedimento
administrativo do qual não participou em virtude
de ausência de notificação. Vício no procedimento
administrativo que sequer foi negado pela autoridade
coatora. Legitimidade passiva do Detran configurada.
Segurança concedida na origem. R. Sentença mantida.
RECURSO DE APELAÇÃO E REEXAME NECESSÁRIO
DESPROVIDOS. (TJ-SP 10020735620168260360 SP
1002073-56.2016.8.26.0360, Relator: Flora Maria Nesi
Tossi Silva, Data de Julgamento: 04/10/2017, 13ª Câmara
de Direito Público, Data de Publicação: 09/10/2017)

RECURSO INOMINADO. AÇÃO ANULATÓRIA. AUTO


DE INFRAÇÃO. AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO.
ENDEREÇO ERRADO. NULIDADE. VIOLAÇÃO AO
QUE DISPÕE A RESOLUÇÃO Nº 149/03 DO CONTRAN
E SÚMULA Nº 312 DO STJ. (...) Assim, obrigatória e
imperiosa é a existência de uma primeira
notificação, referente à autuação, e de uma
segunda notificação acerca da imposição da
penalidade, a fim de possibilitar a ampla defesa do
suposto infrator, respeitando-se o devido processo
legal. No caso em apreço, o ato administrativo de
autuação padece de nulidade absoluta por
inexistência de notificação da parte autora, quanto
autuação, cujas... notificaçções foram enviadas à endereço
errado (...) O procedimento adotado pela autoridade de
trânsito violou os princípios da ampla defesa e do
contraditório, preconizados no art. 5º, LV da CF/88 e que
se erigem em vigas mestras do Estado de Direito. Uma vez
desrespeitado o prazo dado ao órgão autuador para
proceder à dupla notificação, incabível o reinício do
procedimento, haja vista a ocorrência da decadência do
direito de punir da Administração Pública. Ressalte-se
que, conforme a inteligência do art. 281, parágrafo único,
inc. II, do CTB, não é possível a reabertura do
procedimento administrativo anulado, no prazo de 30
dias, a contar do trânsito em julgado da decisão que anula
o procedimento administrativo, pois fere o princípio da
segurança jurídica assegurada ao... condutor pelo CTB.
Constatada a irregularidade dos atos administrativos, tem-
se como nulo de pleno direito os autos de infração de
trãnsito e seus efeitos. Sentença reformada. RECURSO
INOMINADO PROVIDO (TJ-RS - Recurso Cível:
71006619969 RS, Relator: Niwton Carpes da Silva, Data
de Julgamento: 29/06/2017, Turma Recursal da Fazenda
Pública, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia
14/07/2017)

A doutrina, no mesmo sentido segue este entendimento.

“É sabido que a ampla defesa e o contraditório não


alcançam apenas o processo penal, mas também o
administrativo, nos termos do art. 5º, LV da CF/88. É
que a Constituição estende essas garantias a todos os
processos, punitivos ou não, bastando haver litígios”.
(Harrison Leite, Manual de Direito Financeiro, Editora jus
podivum, 3ª edição, 2014, p. 349)

Portanto, a aplicação de multa sem a oportunização à prévia


defesa, configura nítida quebra do contraditório e da ampla defesa, razão pela
qual, requer a imediata suspensão da pena aplicada, por manifesta ilegalidade.

DA INOBSERVÂNCIA DO PRAZO LEGAL DE


NOTIFICAÇÃO

A Legislação aplicável à matéria, de forma muito objetiva,


estabelece que o lapso de tempo entre a lavratura do Auto de Infração e a
expedição da notificação via postal deve ser de trinta (30) dias, nos termos do
Art. 281, II do CTB:

Parágrafo único. O Auto de Infração será arquivado


e seu registro julgado insubsistente:
[...] II – se, no prazo máximo de trinta dias, não for
expedida a notificação da autuação.

Ocorre que, contrariando tais dispositivos legais, a notificação foi


expedida somente em ________ , ou seja, com mais de 30 dias do
cometimento da infração ( ________ ), conduzindo à sua nulidade, nos termos
da Resolução nº 604 do CONTRAN:

“Art. 4º À exceção do disposto no § 5º do artigo anterior,


após a verificação da regularidade e da consistência do
Auto de Infração de Trânsito, a autoridade de trânsito
expedirá, no prazo máximo de 30 (trinta) dias
contados da data do cometimento da infração, a
Notificação da Autuação dirigida ao proprietário do
veículo, na qual deverão constar os dados mínimos
definidos no art. 280 do CTB.

(...)

§ 3º A não expedição da notificação da autuação no prazo


previsto no caput deste artigo ensejará o arquivamento do
Auto de Infração de Trânsito."

Ocorre que, contrariando tais dispositivos legais, a notificação foi


expedida somente em ________ , ou seja, com mais de 30 dias do
cometimento da infração ( ________ ), conduzindo à sua nulidade,

Ou seja, completamente nulo o auto de infração de trânsito, pela


notória inobservância do prazo legal estabelecido, conforme precedentes sobre o
tema:

ADMINISTRATIVO. MULTA DE TRÂNSITO. AUTO DE


INFRAÇÃO. NOTIFICAÇÃO. PRAZO. ARTIGO 280 DO
CTB. OBSERVÂNCIA DO DEVIDO PROCESSO LEGAL.
Nos termos do inciso II do parágrafo único do art.
281 do Código de Trânsito Brasileiro, o auto de
infração será arquivado e seu registro julgado
insubsistente se, no prazo máximo de trinta dias,
não for expedida a notificação da autuação.
Hipótese em que expedida a notificação dentro do trintídio
legal. (TRF-4 - AC: 50041775520154047110 RS 5004177-
55.2015.404.7110, Relator: VIVIAN JOSETE PANTALEÃO
CAMINHA, Data de Julgamento: 07/06/2017, QUARTA
TURMA)

RECURSO INOMINADO. MUNICÍPIO DE SÃO


LEOPOLDO. DETRAN/RS. NULIDADE DE INFRAÇÃO.
AUTUAÇÃO POR PRESUNÇÃO. 1. (...) Se o CONTRAN
quisesse operacionalizar e padronizar esse "AIT" virtual,
que o fizesse, no mínimo em consonância com os citados
artigos de lei federal vigente. No entanto, decidiu ignorá-
los e descumpri-los. Como não procedeu assim, o
Detran/RS deixou transcorrer o prazo
decadencial de 30 dias do inc. II do art. 281 para
envio das NAITs, relativas às infrações dos
arts.162e163todosCTB, pois o termo inicial deve
corresponder necessariamente a data do fato infracional
de condução do veículo, praticado na mesma ocasião da
autuação original, e não naquela fictícia, criada
virtualmente em repartição pública. (...) Ora, sem
previsão legal, os §§ 2º e 3º dos arts. 4º e 5º,
respectivamente, das Resoluções 404/2012 e 619/2016 do
CONTRAN ofenderam frontalmente o princípio da
legalidade, o que os tornam inconstitucionais. (...) 2.
Sentença de procedência confirmada por seus próprios
fundamentos, nos moldes do artigo 46, última figura, da
Lei nº 9.099/95. RECURSO INOMINADO DESPROVIDO.
UNÂNIME. (TJRS. Recurso Cível Nº 71007012479, Turma
Recursal da Fazenda Pública, Turmas Recursais, Relator:
Volnei dos Santos Coelho, Julgado em 30/08/2017).

Trata-se da indispensável aplicação do princípio da Legalidade, o


qual a Administração Pública é estritamente vinculada.

Por ser patente a irregularidade que norteia o AIT em tela, em


grave afronta ao Art. 281 do CTB, deve ser arquivado e consequentemente, seu
registro julgado insubsistente, por manifesta quebra do princípio da legalidade.

DA AUSÊNCIA DE VERIFICAÇÃO PELO INMETRO DOS


RADARES ELETRÔNICOS

Como narrado, o AIT foi gerado por equipamento eletrônico.


Ocorre que o equipamento utilização para a detecção do avanço semafórico,
conforme AIT em anexo não possui a última aferição obrigatória pelo
INMETRO, conforme prova que junta em anexo.

A Resolução nº 396/11 do CONTRAN, estabelece claramente que:

Art. 3° O medidor de velocidade de veículos deve observar


os seguintes requisitos:
I - ter seu modelo aprovado pelo Instituto Nacional de
Metrologia, Qualidade e Tecnologia - INMETRO,
atendendo à legislação metrológica em vigor e aos
requisitos estabelecidos nesta Resolução;
II - ser aprovado na verificação metrológica pelo
INMETRO ou entidade por ele delegada;
III - ser verificado pelo INMETRO ou entidade por ele
delegada, obrigatoriamente com periodicidade máxima de
12 (doze) meses e, eventualmente, conforme determina a
legislação metrológica em vigência.

Ou seja, todo e qualquer radar eletrônico deve ser previamente


aprovado pelo INMETRO e passar por novas verificações periódicas a cada 12
meses.

No presente caso, conforme relatório de aferições periódicas


disponível no site do Inmetro, o referido equipamento – código ________
endereço ________ teve sua última aferição em ________ , ou seja, há mais
de 12 meses!

Tal fato, atrelado à ausência de outro laudo que demonstre


habilitação do aparelho para controle de trânsito, demonstram a irregularidade
na aplicação de penalidade.

Destaca-se que a fiscalização eletrônica de trânsito se divide em


aplicações metrológicas e não metrológicas; as primeiras destinadas à medição
(essencialmente voltadas para a fiscalização da velocidade imprimida); e, as
segundas, voltadas apenas para o registro de evento classificado como
infracional (avanço de sinal vermelho, invasão de faixa exclusiva de ônibus,
parada sobre faixa de pedestres, trânsito em local não permitido, entre outras).
No caso dos autos, tratando-se de equipamento que detecta
infração de trânsito não metrológico, avanço de sinal, conforme demonstrado
pelo laudo, não poderia tal aparelho proceder referida autuação sem aferição
periódica pelo Inmetro, refletindo em sua imediata nulidade, conforme
precedente dos tribunais:

EMENTA: RECURSO INOMINADO. ANULAÇÃO DE


AUTOS DE INFRAÇÃO. LIMITE DE VELOCIDADE.
RADAR INAPTO PARA CONTROLE DE VELOCIDADE.
(MOV. 19.14 E 19.15). NULIDADE DO AUTO DE
INFRAÇÃO E CONSEQUENTES PROCESSOS
ADMINISTRATIVOS GERADOS APÓS CONSTATAÇÃO
DE SUPOSTO EXCESSO DE VELOCIDADE POR RADAR
NÃO HABILITADO PARA TAL FUNÇÃO. ÔNUS DA
PROVA DA RÉ QUE NÃO SE DESINCUMBIU. DANO
MATERIAL. RESTITUIÇÃO DOS VALORES PAGOS A
TÍTULO DE MULTA. CORREÇÃO MONETÁRIA DESDE
A DATA DO PAGAMENTO. JUROS DE MORA DESDE A
CITAÇÃO, EXCLUÍDO O PERÍODO DE GRAÇA, ART. 1º-
F, LEI 9.494/97. SÚMULA VINCULANTE Nº 17.
RECURSO PROVIDO. 1. Satisfeitos os pressupostos
processuais de admissibilidade, o recurso comporta
conhecimento. Precedentes: RECURSO INOMINADO.
AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE AUTO DE
INFRAÇÃO E PROCESSOS ADMINISTRATIVOS, C/C
REPETIÇÃO DO INDÉBITO. AUSÊNCIA DE
COMPROVAÇÃO DA REALIZAÇÃO DE AFERIÇÃO
TÉCNICA PELO INMETRO DO RADAR DENTRO DO
PERÍODO EXIGIDO LEGALMENTE. RESOLUÇÃO
146/2006 QUE EXIGE APROVAÇÃO PELO INMETRO E
VERIFICAÇÃO A CADA 12 (DOZE) MESES. NULIDADE
DO AUTO DE INFRAÇÃO E CONSEQUENTES
PROCESSOS ADMINISTRATIVOS GERADOS APÓS
CONSTATAÇÃO DE SUPOSTO EXCESSO DE
VELOCIDADE POR RADAR NÃO VERIFICADO DENTRO
DO PERÍODO DE 12 (DOZE) MESES. DANO MATERIAL.
RESTITUIÇÃO DOS VALORES PAGOS A TÍTULO DE
MULTA DEVIDA. SENTENÇA MANTIDA. ARTIGO 46,
LEI 9.099/95 Recurso conhecido e desprovido. Resolve a
Primeira Turma Recursal, por Unanimidade de votos,
conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe provimento,
nos exatos termos do voto (TJPR - 1ª Turma Recursal -
0004054-81.2013.8.16.0147/0 - Rio Branco do Sul - Rel.:
LetÃcia Guimarães - - J. 29.01.2015). Diante do exposto,
resolve esta Turma Recursal, por unanimidade de votos,
CONHECER do recurso e, no mérito, DAR-LHE
PROVIMENTO, nos exatos termos do vot (TJPR - 3ª
Turma Recursal em Regime de Excesso - 0031144-
22.2014.8.16.0182/0 - Curitiba - Rel.: Daniel Tempski
Ferreira da Costa - - J. 22.03.2016)

Resta configurado, portanto, a nulidade do AIT aplicado, devendo


ser imediatamente arquivado.

DO ALTO RISCO DE PARAR NO SINAL VERMELHO


DURANTE A NOITE

Conforme consta no Auto de Infração, o condutor foi multado por


não parar no sinal vermelho às ________ , ou seja, durante período de alto
risco na região.

Cabe registrar que ________ se localiza em região de alto risco


de assaltos, inclusive com ocorrências de homicídios, conforme reportagens que
anexa ao presente recurso.
Dessa forma, o condutor é obrigado a adotar táticas de
sobrevivência, tais como, avançar o sinal, cautelosamente, para evitar a ação de
delinquentes em nítido risco previsível.

Portanto, é inexigível que o condutor pare seu veículo em local sem


a devida assistência de segurança pública, como já reconhecido em precedentes
sobre o tema:

ANULAÇÃO DE ATO ADMINISTRATIVO. AVANÇO DE


SEMÁFORO EM ÁREA DE RISCO. TAXATIVIDADE DAS
ÁREAS. OCORRÊNCIA. RECURSO INOMINADO
CONHECIDO E PROVIDO. (...) É fato notório que
aquela área onde o autor foi autuado é de risco
para violências e crimes durante a madrugada,
não sendo exigível que um motorista pare no sinal
vermelho no horário compreendido entre as 22h
da noite e as 6h da manhã. Assim, não há ilegalidade
do ato administrativo de instalar radar de avanço de sinal
naquele local, mas de inexigibilidade de conduta
diversa do autor nas circunstâncias em que
autuado, a excluir a ilegitimidade da sua conduta
e, por conseguinte, da penalidade. (...) (TJ-RJ - RI:
02459452820178190001 Relator: RAFAEL REZENDE
DAS CHAGAS, TURMA RECURSAL FAZENDARIA
EXTRAORDINARIA, Data de Publicação: 27/04/2018)

Em casos como este, impõe-se uma inversão da presunção de


legitimidade do ato administrativo, competindo ao Poder Público a
existência de segurança suficiente no local que garanta a integridade de
qualquer condutor que pare no sinal vermelho na referida região.
Trata-se de conduta que se enquadra na excludente de
culpabilidade, inexigibilidade de conduta diversa, pela qual deve culminar
com a excludente da penalidade.

DA INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA

Conforme relatado, era inexigível do condutor que adotasse


conduta diferente daquela tomada, pois as circunstâncias impediam que o
Recorrente pudesse buscar outra alternativa.

Ao lecionar sobre a aplicação de sanções a qualquer cidadão, a


doutrina destaca sobre a necessidade de se avaliar as circunstâncias do ilícito,
uma vez que podem existir requisitos negativos do delito:

"Interpretando as palavras de CARNELUTTI, requisitos


positivos do delito significam prova de que a conduta é
aparentemente típica, ilícita e culpável. Além disso, não
podem existir requisitos negativos do delito, ou seja, não
podem existir (no mesmo nível de aparência) causas de
exclusão da ilicitude (legítima defesa, estado de
necessidade etc) ou de exclusão da culpabilidade
(inexigibilidade de conduta diversa, erro de
proibição etc.)." (LOPES JR, Aury. Direito Processual
Penal. 15ª ed. Editora Saraiva jur, 2018. Versão Kindle,
p. 13502)

A inexigibilidade de conduta diversa se configura sempre que


não for possível exigir do agente outra conduta que aquela praticada em
determinada situação de risco ou nas hipóteses de coação moral irresistível,
como se evidencia no presente caso.
Desta forma, evidenciada a circunstância que configura
inexigibilidade de conduta diversa, tem-se por necessária a exclusão da
culpabilidade o Recorrente.

DO ESTADO JUSTIFICANTE

Como relatado, o condutor estava ________ , sendo obrigado a


infringir a norma de trânsito uma vez que ponderado a bem de maior valor, no
caso ________ , conforme provas que junta em a nexo.

Respeitar a norma de trânsito exigida no local seria colocar em


risco ________ , sendo inexigível do condutor, em especial pela forte pressão e
preocupação com a situação que precisava conduzir.

Por tais razões que o Código de Trânsito Brasileiro confere


prioridade e livre circulação aos veículos em estado de urgência:

Art. 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas à


circulação obedecerá às seguintes normas:
(...)
VII - os veículos destinados a socorro de incêndio e
salvamento, os de polícia, os de fiscalização e operação de
trânsito e as ambulâncias, além de prioridade de
trânsito, gozam de livre circulação,
estacionamento e parada, quando em serviço de
urgência (...).

Nestes casos, a ilicitude do fato deve ser afastada, conforme


precedentes sobre o tema:
APELAÇÃO – ANULATÓRIA – MULTA DE TRÂNSITO –
Ambulância do Município de Santa Lúcia que fora autuada
por transitar em velocidade superior à máxima permitida
para determinada via – Comprovada a prestação de
serviço de emergência no momento da infração –
Descaracterizada a ilicitude do ato, nos termos do
artigo 29, inciso VII, do Código de Trânsito
Brasileiro – Sentença de improcedência ratificada (art.
252, RITJSP) - Recurso não provido. (TJ-SP
00001997720158260040 SP 0000199-77.2015.8.26.0040,
Relator: Ponte Neto, Data de Julgamento: 25/10/2017, 8ª
Câmara de Direito Público, Data de Publicação:
25/10/2017)

A doutrina ao tratar sobre o tema, esclarece sobre a excludente de


culpabilidade no caso de estado de necessidade justificante:

a) Estado de necessidade justificante — configura-


se quando o bem ou interesse sacrificado for de
menor valor. Nessa hipótese, a ação de salvaguarda será
considerada lícita, justificada, portanto, afastando sua
criminalidade, desde que tenha sido indispensável para a
conservação do bem mais valioso. (BITENCOURT, Cezar
Roberto. Tratado de direito penal: parte geral 1. 24 ed.
Saraiva, 2018. Versão ebook p.p. 9731)

E no presente caso, enquadra-se perfeitamente o estado de


necessidade justificante, uma vez que ao infringir referida regra de trânsito
nenhuma vida foi colocada em risco, o que ocorreria no caso fosse obrigado a
________ .
DO VEÍCULO CLONADO

Pelas circunstâncias evidenciadas no Auto de Infração, bem como


pela reiterada notificação deste infração que não fora cometida, resta uma única
conclusão de que o carro fora clonado, o que, inclusive motivou o proprietário a
registrar Boletim de Ocorrência.

Fatos que por si, devem conduzir à nulidade dos autos de infração
registrados no veículo, conforme precedentes sobre o tema:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO –


DECLARAÇÃO DE NULIDADE E REPETIÇÃO DE
INDÉBITO - ATO ADMINISTRATIVO – MULTAS POR
INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO –
INEXIGIBILIDADE – VEÍCULO CLONADO. A fraude no
uso de placas de identificação de veículo, sem a
participação do proprietário, torna inexigíveis e nulas
as multas aplicadas por infração à legislação de
trânsito. Veículo clonado ou dublê. Demonstração.
Pedido procedente. Sentença mantida. Recurso
desprovido. (TJ-SP 10297622620168260053 SP 1029762-
26.2016.8.26.0053, Relator: Décio Notarangeli, Data de
Julgamento: 23/08/2017, 9ª Câmara de Direito Público,
Data de Publicação: 23/08/2017)

RECURSO INOMINADO. DETRAN/RS.


DESCONSTITUIÇÃO DE MULTAS DE TRÃNSITO
E PONTUAÇÕES APLICADAS A VEÍCULO
CLONADO. SUBSTITUIÇÃO DE PLACAS.
POSSIBILIDADE. 1. Trata-se de ação ordinária em que a
parte autora pretende a desconstituição das autuações,
desconstituição das pontuações geradas e, bem assim, pela
troca da placa do veículo, julgada procedente na origem. 2.
Dos documentos juntados aos autos, resta demonstrado
que efetivamente ocorreu a clonagem da placa
________ , do automóvel de propriedade do autor. A
imagem constante na infração de fl. 17 e fotografias
comparativas de fls. 61/64 comprovam que os veículos
possuem características distintas. 3. Outrossim, correto o
deferimento do pedido de alteração dos caracteres da
placa do veículo de propriedade do autor, sob pena de
permanecer a parte autora desprotegida. 4. Sentença de
procedência confirmada por seus próprios fundamentos,
nos moldes do artigo 46, última figura, da Lei nº 9.099
/95. RECURSO INOMINADO DESPROVIDO. UNÂNIME.
(Recurso Cível Nº 71006328652, Turma Recursal da
Fazenda Pública, Turmas Recursais, Relator: Volnei dos
Santos Coelho, Julgado em 29/06/2017).

Motivos pelos quais devem conduzir à imediata desconstituição da


multa aplicada e pontos registrados na carteira do proprietário.

DA DUPLA PENALIDADE PELA MESMA INFRAÇÃO

Conforme narrado, o Recorrente foi duplamente penalizado pelo


mesmo ato, como prova ambos Autos de Infração com mínima diferença de
tempo entre eles.

Tal fato acima configura bis in idem, amplamente conhecido como


“princípio da vedação da dupla punição pelo mesmo fato",
ocasionando desta forma uma condenação dupla pela mesma infração.
O que temos, nitidamente no presente caso, é a violação clara do
princípio do ne bis in idem, amplamente vedado pela jurisprudência:

APELAÇÃO CÍVEL. SISTEMA NACIONAL DE


TRÂNSITO. INFRAÇÃO DE TRÂNSITO. CONDUÇÃO DE
VEÍCULO NA CONTRAMÃO DE DIREÇÃO. ART. 186,
INC. II, DO CTB. LAVRATURA DE DOIS AUTOS DE
INFRAÇÃO EM LAPSO TEMPORAL INFERIOR A DOIS
MINUTOS. BIS IN IDEM CONFIGURADO.
ILEGITMIDADE PASSIVA DO DETRAN. AUTUAÇÃO DO
ÓRGÃO MUNICIPAL. - O DETRAN, embora o
responsável pela instauração de PSDD por excesso de
pontos, não detém gerência sobre as autuações efetuadas
por outros órgãos de trânsito. A retirada de pontos da
CNH do condutor é mera consequência da anulação da
autuação, cuja defesa cabe ao órgão autuador, no caso, o
Município de São Leopoldo. Acolhimento da prefacial da
ilegitimidade passiva suscitada pela autarquia estadual -
No mérito, assiste razão à parte autora/apelada
quanto à duplicidade de multas, pois conforme os
autos de infração, que dizem respeito ao dia 13/02/2012 e
local Avenida Presidente Roosevelt, São Leopoldo/RS, a
infração de dirigir pela contramão se deu nos horários
11h19min e 11h21min, ou seja, na sequência da direção
empreendida pelo autor, tendo sido este abordado após a
segunda constatação de direção irregular pela contramão.
Desse modo, considerando as condições de tempo
e local, caberia uma única autuação do infrator.
Diferente seria o caso de o autor ser autuado após o...
primeiro ato de direção na contramão e depois voltar a
realizar a infração, pois haveria, assim, uma diferença
razoável de tempo a configurar nova infração, além de que
restaria totalmente demonstrada a falta de respeito às
normas de trânsito, eis que o motorista teria sido
advertido de forma clara. Assim, a segunda
penalidade deve ser anulada pela autoridade de
responsável, qual seja, o Município, o que repercutirá na
contagem de pontos e perda da habilitação de
responsabilidade do Detran, conforme art. 256, § 3º, do
Código de Trânsito Brasileiro. Manutenção da sentença.
PROVIDO O APELO DO DETRAN E DESPROVIDO O
APELO DO MUNICÍPIO. (Apelação e Reexame Necessário
Nº 70075868653, Vigésima Segunda Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marilene Bonzanini,
Julgado em 25/01/2018) (TJ-RS - REEX: 70075868653
RS, Relator: Marilene Bonzanini, Data de Julgamento:
25/01/2018, Vigésima Segunda Câmara Cível, Data de
Publicação: Diário da Justiça do dia 01/02/2018)

ADMINISTRATIVO. LAVRATURA DE DOIS AUTOS DE


INFRAÇÃO DE TRÂNSITO POR ESTACIONAMENTO
PROIBIDO. MESMO LOCAL E DIA. DUPLICIDADE DE
PENALIDADE PELO MESMO FATO. BIS IN IDEM.
VEDAÇÃO. Os dois autos de infração foram lavrados no
mesmo dia por fiscais distintos com diferença de cerca de
6 horas entre ambos, levando a crer que se referem ao
mesmo fato, de modo que a imposição de ambos
configuraria bis in idem, o que é vedado no ordenamento
jurídico brasileiro. Sentença mantida para anular um dos
autos de infração. (TJ-RO - RI: 00051465920128220601
RO 0005146-59.2012.822.0601, Relator: Juiz Franklin
Vieira dos Santos, Data de Julgamento: 30/08/2013,
Turma Recursal - Porto Velho, Data de Publicação:
Processo publicado no Diário Oficial em 09/09/2013.)

Diante de todo o exposto é inequívoco que houve grave


inobservância aos princípios constitucionais, devendo ser arquivada uma das
infrações.

DAS IRREGULARIDADES DO AUTO DE INFRAÇÃO

Dispõe o Código de Trânsito Brasileiro expressamente sobre os


requisitos a serem observados no preenchimento do Auto de Infração de
Trânsito (AIT), quais sejam:

Art. 280. Ocorrendo infração prevista na legislação de


trânsito, lavrar-se-á auto de infração, do qual constará:

I - tipificação da infração;
II - local, data e hora do cometimento da infração;
III - caracteres da placa de identificação do veículo, sua
marca e espécie, e outros elementos julgados necessários à
sua identificação;
IV - o prontuário do condutor, sempre que possível;
V - identificação do órgão ou entidade e da autoridade ou
agente autuador ou equipamento que comprovar a
infração;
VI - assinatura do infrator, sempre que possível, valendo
esta como notificação do cometimento da infração.

Ocorre que, em manifesta inobservância à lei, o Auto de Infração


contém ________ que invalidam o AIT, pois ________ .

Ou seja, trata-se de auto de infração insubsistente que deve ser


arquivado nos termos do Art. 281, inc. I do CTB.
Tal irregularidade deve-se ao fato de que, provavelmente, houve
falha no preenchimento do Auto de Infração, com a identificação equivocada do
veículo, gerando uma infração a veículo distinto daquele que efetivamente tenha
realizado a infração.

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO –


PROCEDIMENTO COMUM – ANULAÇÃO DE ATO
ADMINISTRATIVO – INFRAÇÃO DE TRÂNSITO –
AUTO DE INFRAÇÃO – AUSÊNCIA DE REQUISITOS –
NULIDADE – ADMISSIBILIDADE. 1. Para a lavratura
de auto de infração de trânsito, é necessária a
observância dos requisitos previstos na legislação
correspondente. 2. Lavratura do auto de infração. Falta
de indicação do local e da tipificação da infração (art. 280,
I e II, CTB). Ausentes informações sobre o aparente estado
de embriaguez do infrator. Auto de infração que não
preenche os requisitos legais. Nulidade. Pedido
procedente. Sentença mantida. Recurso desprovido. (TJ-
SP 00042198420098260602 SP 0004219-
84.2009.8.26.0602, Relator: Décio Notarangeli, Data de
Julgamento: 18/04/2018, 9ª Câmara de Direito Público,
Data de Publicação: 18/04/2018)

Razões pelas quais devem conduzir à imediata nulidade do auto de


infração, ora impugnado.

DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

Diante de tais circunstâncias, fica perfeitamente caracterizada a


inobservância à lei. O princípio da legalidade é a base de todos os demais
princípios, uma vez que instrui, limita e vincula as atividades administrativas,
conforme refere Hely Lopes Meirelles:

"A legalidade, como princípio de administração (CF,


art.37, caput), significa que o administrador público está,
em toda a sua atividade funcional, sujeito aos
mandamentos da lei e às exigências do bem comum, e
deles não se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar
ato inválido e expor-se a responsabilidade disciplinar,
civil e criminal, conforme o caso.

A eficácia de toda atividade administrativa está


condicionada ao atendimento da Lei e do Direito. É o que
diz o inc. I do parágrafo único do art. 2º da lei9.784/99.
Com isso, fica evidente que, além da atuação conforme à
lei, a legalidade significa, igualmente, a observância dos
princípios administrativos.

Na Administração Pública não há liberdade nem vontade


pessoal. Enquanto na administração particular é lícito
fazer tudo que a lei não proíbe, na Administração Pública
só é permitido fazer o que a lei autoriza. A lei para o
particular significa ‘poder fazer assim’; para o
administrador público significa ‘deve fazer assim’."(in
Direito Administrativo Brasileiro, Editora Malheiros, 27ª
ed., p. 86),

No mesmo sentido, leciona Diógenes Gasparini:

“O Princípio da legalidade significa estar a


Administração Pública, em toda sua atividade, presa aos
mandamentos da lei, deles não se podendo afastar, sob
pena de invalidade do ato e responsabilidade do seu
autor. Qualquer ação estatal sem o correspondente calço
legal ou que exceda o âmbito demarcado pela lei, é
injurídica e expõe à anulação. Seu campo de ação, como
se vê, é bem menor que o do particular. De fato, este pode
fazer tudo que a lei permite e tudo o que a lei não proíbe;
aquela só pode fazer o que a lei autoriza e, ainda assim,
quando e como autoriza. Vale dizer, se a lei nada
dispuser, não pode a Administração Pública agir, salvo
em situação excepcional (grande perturbação da ordem,
guerra)” (in GASPARINI, Diógenes, Direito
Administrativo, Ed. Saraiva, SP, 1989, p.06)

Portanto, uma vez demonstrado o descumprimento ao devido


processo legal e ao princípio da legalidade, tem-se por inequívoco o direito à
nulidade do Auto de Infração.

DO PEDIDO

Diante de todo o exposto REQUER:

1- Seja recebido o presente Recurso, pois atende a todos os requisitos


de sua admissibilidade de acordo com a Res. 299/08 do CONTRAN;

2- Seja julgado PROCEDENTE o presente recurso, e por via de


consequência o cancelamento da multa imposta, conforme preceitua
o art. 281, inciso I do CTB, sendo anulada a pontuação;
3- Seja a decisão devidamente motivada, nos termos do Art. 37 da
Constituição Federal e Lei 9.784/00;

4- Caso o presente recurso não seja julgado em 30 dias, requer desde


já, o efeito suspensivo nos termos do Art. 285, §3º do CTB.

Nestes termos, pede e espera deferimento.

________

ANEXOS:

1.

2.

3.

4.
1. Cópia do processo administrativo

2. Cópia do comprovante de expedição da notificação

3. Fotos ou cópias do registro de aferição do INMETRO

4. Cópia Boletim de ocorrência

5. Cópia de outras infrações

6. Cópia do documento do veículo

7. Cópia do Auto de Infração

8. Infração

9. Cópia da CNH

10. Cópia do do documento do veículo - CRLV

11.Procuração, quando for o caso.

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