1. O documento é uma defesa prévia contra uma autuação por estacionamento irregular em zona azul.
2. A defesa alega que a multa não pode ser considerada infração de trânsito porque a lei municipal que autoriza o estacionamento rotativo é inconstitucional, uma vez que a competência para legislar sobre trânsito é privativa da União.
3. Pretende-se a anulação da autuação com base no entendimento pacífico do Supremo Tribunal Federal de que matérias relativas a trânsito só podem ser reguladas pela União.
Descrição original:
Título original
Modelo de Defesa Para Questionar Multa Oriunda de Zona Azul Tipificada No Art 181 Do Codigo de Transito Brasileiro Ctb
1. O documento é uma defesa prévia contra uma autuação por estacionamento irregular em zona azul.
2. A defesa alega que a multa não pode ser considerada infração de trânsito porque a lei municipal que autoriza o estacionamento rotativo é inconstitucional, uma vez que a competência para legislar sobre trânsito é privativa da União.
3. Pretende-se a anulação da autuação com base no entendimento pacífico do Supremo Tribunal Federal de que matérias relativas a trânsito só podem ser reguladas pela União.
1. O documento é uma defesa prévia contra uma autuação por estacionamento irregular em zona azul.
2. A defesa alega que a multa não pode ser considerada infração de trânsito porque a lei municipal que autoriza o estacionamento rotativo é inconstitucional, uma vez que a competência para legislar sobre trânsito é privativa da União.
3. Pretende-se a anulação da autuação com base no entendimento pacífico do Supremo Tribunal Federal de que matérias relativas a trânsito só podem ser reguladas pela União.
DEMUTRAN (OU AUTARQUIA EQUIVALENTE) - CIDADE/UF Auto de Infração de nº ________ DEFESA PRÉVIA NOME COMPLETO, brasileiro (a), estado civil, profissã o, residente e domiciliado na (nome rua/avenida), nº _______, bairro _______, cidade ________, CEP: ________, fone (DDD) __________, inscrito no CPF sob o nº _______________, RG sob o nº _______________ e CNH nº __________ (juntar có pia – doc. 01), INCONFORMADO (A), data vênia, com a autuaçã o do veículo _____________, placa __________, de sua propriedade (juntar có pia CRLV, doc. 02), materializada pelo o Auto de Infraçã o de Trâ nsito (AIT) de nº __________ (juntar có pia - doc. 03), lavrado no dia ____/ _____ / _______, à s ________ hora, na Rua/Av. ________________________, altura do nº ______, bairro ________________, desta cidade, vem, respeitosamente, perante Vossa Senhoria, no prazo legal, apresentar a vertente DEFESA: I – DOS FATOS 1. O (A) requerente estacionou seu carro no local e data constantes da autuaçã o, à s ________ horas. Efetuou previamente o pagamento do ticket/cartã o de estacionamento Zona Azul para _______ hora (s) (juntar có pia do ticket - doc. 04). Em seguida dirigiu-se até _______________, para (tipo de atividade), achando que esse tempo seria suficiente (juntar có pia comprovante - doc. 05). 2. Acontece que alguns imprevistos tornaram-no insuficiente, de forma que foi extrapolado em ______ hora (s). 3. De volta ao seu veículo, deparou-se com a 2ª via do citado AIT no para-brisas de seu carro, fazendo constar a infraçã o de “estacionamento em desacordo com a regulamentaçã o, tipificada no art. 181, inciso XVII, do Có digo de Trâ nsito Brasileiro (doc. 03). II – DO DIREITO 1. Desde o advento do Có digo Civil de 1917[1], os entes federados – Uniã o, Estados e Municípios - estã o autorizados a exigir remuneraçã o pelo uso privado de bens pú blicos, razã o pela qual aos municípios é permitido cobrar pelo estacionamento de veículos automotores privados nas ruas das cidades previamente delimitadas, porque elas sã o bens pú blicos municipais. Também nã o deixa de ser mais uma fonte de receita pú blica local. 2. Com o aumento substancial da quantidade de veículos automotores de propriedade privada circulando pelas vias pú blicas das cidades, principalmente naquelas com mais de 50 mil habitantes, encontrar vagas para estacioná -los tornou-se um problema sério para seus proprietá rios, principalmente para aqueles que chegam mais tarde e precisam estacionar por pouco tempo nas proximidades dos centros comerciais. Vã o ter dificuldade para encontrar vagas, porque os que chegaram mais cedo e nã o precisam sair logo, a exemplo dos lojistas que nã o dispõ e de estacionamento pró prio, vã o mantê-las ocupadas. 3. Para administrar esse problema, os municípios têm criado estacionamentos rotativos, também chamados de zona azul. Sua base legal está art. 24 do Có digo de Trâ nsito Brasileiro, in verbis: Art. 24. Compete aos órgãos e entidades executivos de trânsito dos Municípios, no âmbito de sua circunscrição: I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de trânsito, no âmbito de suas atribuições; II - planejar, projetar, regulamentar e operar o trânsito de veículos, de pedestres e de animais, e promover o desenvolvimento da circulação e da segurança de ciclistas; III - implantar, manter e operar o sistema de sinalização, os dispositivos e os equipamentos de controle viário; IV - coletar dados estatísticos e elaborar estudos sobre os acidentes de trânsito e suas causas; V - estabelecer, em conjunto com os órgãos de polícia ostensiva de trânsito, as diretrizes para o policiamento ostensivo de trânsito; VI - executar a fiscalização de trânsito, autuar e aplicar as medidas administrativas cabíveis, por infrações de circulação, estacionamento e parada previstas neste Código, no exercício regular do Poder de Polícia de Trânsito; VI - executar a fiscalização de trânsito em vias terrestres, edificações de uso público e edificações privadas de uso coletivo, autuar e aplicar as medidas administrativas cabíveis e as penalidades de advertência por escrito e multa, por infrações de circulação, estacionamento e parada previstas neste Código, no exercício regular do poder de polícia de trânsito, notificando os infratores e arrecadando as multas que aplicar, exercendo iguais atribuições no âmbito de edificações privadas de uso coletivo, somente para infrações de uso de vagas reservadas em estacionamentos; (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) VII - aplicar as penalidades de advertência por escrito e multa, por infrações de circulação, estacionamento e parada previstas neste Código, notificando os infratores e arrecadando as multas que aplicar; VIII - fiscalizar, autuar e aplicar as penalidades e medidas administrativas cabíveis relativas a infrações por excesso de peso, dimensões e lotação dos veículos, bem como notificar e arrecadar as multas que aplicar; IX - fiscalizar o cumprimento da norma contida no art. 95, aplicando as penalidades e arrecadando as multas nele previstas; X - implantar, manter e operar sistema de estacionamento rotativo pago nas vias; XI - arrecadar valores provenientes de estada e remoção de veículos e objetos, e escolta de veículos de cargas superdimensionadas ou perigosas; XII - credenciar os serviços de escolta, fiscalizar e adotar medidas de segurança relativas aos serviços de remoção de veículos, escolta e transporte de carga indivisível; XIII - integrar-se a outros órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito para fins de arrecadação e compensação de multas impostas na área de sua competência, com vistas à unificação do licenciamento, à simplificação e à celeridade das transferências de veículos e de prontuários dos condutores de uma para outra unidade da Federação; XIV - implantar as medidas da Política Nacional de Trânsito e do Programa Nacional de Trânsito; XV - promover e participar de projetos e programas de educação e segurança de trânsito de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo CONTRAN; XVI - planejar e implantar medidas para redução da circulação de veículos e reorientação do tráfego, com o objetivo de diminuir a emissão global de poluentes; XVII - registrar e licenciar, na forma da legislação, ciclomotores, veículos de tração e propulsão humana e de tração animal, fiscalizando, autuando, aplicando penalidades e arrecadando multas decorrentes de infrações; XVII - registrar e licenciar, na forma da legislação, veículos de tração e propulsão humana e de tração animal, fiscalizando, autuando, aplicando penalidades e arrecadando multas decorrentes de infrações; (Redação dada pela Lei nº 13.154, de 2015) XVIII - conceder autorização para conduzir veículos de propulsão humana e de tração animal; XIX - articular-se com os demais órgãos do Sistema Nacional de Trânsito no Estado, sob coordenação do respectivo CETRAN; XX - fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruído produzidos pelos veículos automotores ou pela sua carga, de acordo com o estabelecido no art. 66, além de dar apoio às ações específicas de órgão ambiental local, quando solicitado; XXI - vistoriar veículos que necessitem de autorização especial para transitar e estabelecer os requisitos técnicos a serem observados para a circulação desses veículos. § 1º As competências relativas a órgão ou entidade municipal serão exercidas no Distrito Federal por seu órgão ou entidade executivos de trânsito. § 2º Para exercer as competências estabelecidas neste artigo, os Municípios deverão integrar- se ao Sistema Nacional de Trânsito, conforme previsto no art. 333 deste Código. (Grifei) 4. Com base nessa norma, este município editou Lei Municipal criando o DEMUTRAN (ou autarquia municipal, se for o caso) e dando outras providências. Dentre as atribuiçõ es deste ó rgã o, está a de cumprir e fazer cumprir a legislação e normas de trânsito, de acordo com o Código de Trânsito no âmbito das respectivas atribuições. 5. No caso, a infraçã o atribuída ao (à ) requerente foi aquela tipificado no art. 181, XIII, do Có digo de Trâ nsito Brasileiro (CTB), in verbis: Art. 181. Estacionar o veículo: (...) XVII - em desacordo com as condições regulamentadas especificamente pela sinalização (placa - Estacionamento Regulamentado): (Vide Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) Infração - grave; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) Penalidade - multa; Medida administrativa - remoção do veículo; 7. Assim sendo, a multa aplicada passou a ter natureza de infraçã o de trâ nsito, inclusive com pontuaçã o na CNH, definida em lei municipal; o (a) autuado (a), infrator de trâ nsito. 8. Acontece que somente a Uniã o tem competência para legislar sobre trâ nsito (competência privativa), nos termos do art. 22, XI, da Constituiçã o Federal. No má ximo pode haver delegaçã o para os Estados, mediante Lei complementar (pará grafo ú nico), jamais para os Municípios, in verbis: Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: (...) XI - trânsito e transporte; (...) Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. 9. Portanto, a multa proveniente de estacionamento rotativo ou zona azul irregular nã o pode ser considerada infraçã o de trâ nsito, porque a lei que a autoriza padece de inconstitucionalidade. Esse é o entendimento pacífico do Supremo Tribunal Federal, confirmado no seguinte julgado: É pacífico nesta Corte o entendimento de que o trânsito é matéria cuja competência legislativa é atribuída, privativamente, à União, conforme reza o art. 22, XI, da CF. Precedentes: ADI 2.064, Rel. Maurício Correia e ADI 2.37-MC, Rel. Min. Sepúlveda Pertence. A instituição da forma parcelada de pagamento da multa aplicada pela prática de infração de trânsito integra o conjunto de temas enfeixados pelo art. 22, XI, da CF. Precedentes: ADI 2.432 (medida cautelar, Rel. Min. Nelson Jobim, Dj de 21-9-01; Mérito, Rel. Min. Eros Graus, julgamento em 9—3-05. Informativo 379) e ADI 3.196, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJ de 22-4- 05[2]. 10. Nada impede que os Municípios editem lei que institua e autorize aplicaçã o e cobrança de multa pelo estacionamento em zona azul “em desacordo com as condiçõ es regulamentadas especificamente pela sinalizaçã o”. No entanto, essa penalidade terá natureza puramente administrativa. Logo, ela deve ser regida pelos princípios do direito administrativo, e nã o pelo Có digo de Trâ nsito. 11. Em sendo as vias pú blicas bens de uso comum do povo, significa que elas devem estar à disposiçã o de todos. Por isso, no momento em que uma pessoa estaciona seu carro na via pú blica, está privando as demais de estacionarem naquele mesmo local, justificando a cobrança da taxa pelo uso regular, ou da multa pelo uso irregular. Esse é o princípio bá sico que justifica a cobrança[3]. 12. Dessa forma, a multa em testilha é inconstitucional, e como tal, nula de pleno direito. III. PEDIDO Isto posto, é a presente para requerer a Vossa Senhoria que seja declarada nula a multa lavrada através do Auto de Infraçã o de Trâ nsito de nº _________, datado do dia _____ / _____ / _______, em face do veículo __________, placa ________, por estar em desconformidade com a Constituiçã o Federal. N. Termos, P. Deferimento. Cidade, _____ de _________ de 20_____. _______________________________ Assinatura [1] Art. 68. O uso comum dos bens pú blicos pode ser gratuito, ou retribuído, conforme as leis da Uniã o, dos Estados, ou dos Municípios, a cuja administraçã o pertencerem. ” No atual Có digo Civil (Lei 10.406/2002), essa autorizaçã o está no art. 103. [2] BRASIL. Supremo Tribunal Federal. A Constituiçã o e o Supremo. 2 ed. Brasília: Supremo Tribunal Federal, 2009, p. 409. [3] GRISA JÚ NIOR, Cesar Jackson. A inconstitucionalidade da aplicaçã o de multa de trâ nsito a infrator de lei municipal que regulamenta estacionamento rotativo. Disponível em: www.agu.gov.br/page/download/index/id/680284. Acesso em: 23.09.2018.