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fazer?
Você pode apresentar Defesa Prévia, que é um direito que a pessoa possui de se
manifestar e se defender em um Processo Administrativo Ambiental quanto a um Auto
de Infração Ambiental lavrado por agente fiscal da SAMA, antiga FUNDEMA.
A Defesa Prévia contra o auto de infração ambiental ou multa ambiental deverá ser
protocolada na Prefeitura de Joinville, obrigatoriamente por meio eletrônico.
Para tanto, o infrator deverá possuir certificação digital junto ao sistema eletrônico da
Prefeitura de Joinville, anexando a defesa prévia e outros documentos.
INFRATOR, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ n..., com sede na
Rua..., nº..., Bairro..., Cidade.../SC, CEP..., na pessoa de seu representante legal Sr....,
brasileiro, inscrito no CPF n..., com igual endereço, vem, à presença de Vossa Senhoria,
por seu advogado, com fundamento nos art. 145 da Lei Municipal n. 29/1996,
apresentar
em razão do Auto de Infração Ambiental n..., lavrado em 18 de julho 2019, por Agente
de Fiscalização vinculado à Secretaria da Agricultura e do Meio Ambiente de Joinville,
consoante as razões de fato e de direito a seguir expostas.
1. DA TEMPESTIVIDADE
[...]
VIII - inobservar, o proprietário ou quem detenha a sua posse, as
exigências ambientais a ele relativas.
[...]
3. DA VERDADE FÁTICA
Em verdade, a casa ora demolida, com a devida autorização e licença, foi construída
pelo antigo proprietário na encosta do barranco, e ao ser retirada, ainda que com todas
as cautelas necessárias, inevitavelmente ocorreu um pequeno deslizamento de terra.
Frise-se, pequeno!
Ora. Não haveria nenhuma hipótese de realocar a terra ao status quo ante. Por isso, para
evitar outros deslizamentos, principalmente aqueles que colassem em risco o novo
empreendimento, foi requerida uma licença para construção de um muro de arrimo
autuada sob o n..., devidamente deferida.
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Por óbvio, a pequena parte de terra que desmoronou foi retirada para que fosse realizada
a construção do muro. Mas como dito, o Fiscal entendeu tratar-se de serviço de
terraplenagem, equivocadamente, lavrando o Auto de Infração Ambiental sem
presenciar os fatos, ou seja, por mera suposição.
Evidente que o fiscal baseou-se em denúncia anônima relatada no Despacho SEI n...,
desprovida de qualquer elemento probatório, e mesmo após prestadas todas as
informações necessárias in loco, entendeu tratar-se equivocadamente de serviços de
terraplenagem. Talvez, para eximir-se de eventual acusação por omissão, já que houve
uma denúncia e o art. 129 da Lei Municipal 29/1996 obriga-o a promover a apuração
imediata, sob pena de responsabilidade.
Importante salientar, que a casa estava tão próxima ao barranco, que poderia ser
soterrada a qualquer momento, devido à instabilidade do terreno, e causar, inclusive, a
morte daqueles munícipes que ali residiam, que aliás, se desfizeram do imóvel
justamente por saber dos riscos que corriam.
5. FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA
A Constituição Federal de 1988 assegura em seu art. 5º, que todos são iguais perante a
lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, e ainda:
[...]
[...]
Por outro lado, em nenhum momento a aplicação da multa foi fundamentada ou sequer
explicitado o embasamento para a fixação do exorbitante valor fixado, em clara
violação aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade.
Aliás, o agente apenas fez constar “área: aproximadamente 1.000m²”, sem contudo,
fundamentar como chegou ao montante.
Assim, nos casos como o ora tratado, como bem leciona Vladimir Passos de Freitas:
O que de fato a Defendente realizou, como já foi explicado, foi tão somente a demolição
de uma casa, não havendo qualquer serviço de terraplenagem, e muito menos corte de
barranco, que pelas imagens, notório perceber que estava apoiado no próprio imóvel.
Daí porque quando da retirada houve o desmoronamento. Contudo, não há que se falar
em dano ambiental ou inobservâncias as normas que ensejasse o Auto de Infração
Ambiental.
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Ora. O art. 74 c/c/ art. 138, I da referida norma são incisivos e determinam que somente
obras de terraplenagem necessitam de licença. Não há qualquer previsão legal que a
correção de desmoronamentos obriguem ao licenciamento. E no caso em tela, foi
ínfimo. Por tal razão, o Auto de Infração Ambiental.... fere o princípio da legalidade
instituído pela Constituição Federal de 1988.
É cediço que o princípio da legalidade constitui uma essencial garantia de respeito aos
direitos do administrado, tanto que a lei estabelece os limites da atuação administrativa
asseverando que a vontade da Administração Pública é a que decorre da lei, de modo
que, qualquer sanção que eventualmente venha a ser imposta ao administrado em
desrespeito aos normas legais atenta contra o princípio constitucional da legalidade,
sendo, a nulidade da decisão, a medida lídima para o caso.
Note que não se trata de faculdade do fiscal, e sim, dever, sob mais uma vez, ofensa aos
princípio constitucionais. Daí porque a ausência do horário também gera nulidade.
Nesse cenário, uma vez ausente o motivo de fato para a imposição da penalidade,
mostra-se clarividente a violação à teoria dos motivos determinantes, eis que a
ocorrência do fato indicado no ato administrativo é requisito essencial à validade do ato.
Assim, uma vez que a Defendente não praticou a conduta que lhe foi atribuída, tal fato
implica, igualmente, em vício insanável da autuação, razão pela qual deve ter a sua
nulidade declarada por esta Autoridade Julgadora.
Por isso houve equívoco do fiscal ao enquadrar a suposta infração como “grave” nos
termos do inciso II do art. 135 do mesmo diploma legal. Trata-se, obviamente, de
eventualidade que não provocou danos ambientais.
À propósito, como já dito, a Defendente buscou uma licença ambiental para construção
de muro de arrimo a fim de evitar que deslizamentos causassem não apenas prejuízos ao
novo empreendimento, como também possível óbito das pessoas que irão residir
naquele empreendimento. Aqui vale relembrar das cautelas necessárias para evitar o
acontecido com as chuvas catastróficas de 2008.
Por isso, acredita a Defendente que esta Autoridade Julgadora ao tomar ciência da
injustiça provocada, cancelará o Auto de Infração Ambiental... e determinará seu
arquivamento sem aplicação de nenhuma penalidade.
Isso porque, conforme exposto, não ocorreu nenhum dano ambiental, pelo contrário, a
construção do muro de arrimo devidamente autorizado pelo Poder Público, apenas
confere maior segurança as munícipes, além de evitar deslizamentos no futuro que
possam causar efetivos danos ao meio ambiente. Logo, caso esta Autoridade não
entenda pela nulidade do Auto de Infração Ambiental..., requer seja aplicada a pena de
advertência nos termos da Lei.
Na remotíssima hipótese desta Autoridade Julgadora entender que não seria possível a
anulação do Auto de Infração Ambiental ou aplicação de advertência, far-se-á
necessário reduzir o valor da multa, por força dos princípios da razoabilidade e
proporcionalidade.
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9. DOS REQUERIMENTOS
Ante o exposto, tomando ciência esta Autoridade Julgadora dos vícios insanáveis que o
Auto de Infração Ambiental... apresenta, REQUER se digne a:
ADVOGADO
OAB/SC n.
[1] Art. 37- A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios da
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte (...)
[2] Direito Administrativo Brasileiro. 14 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1989, p.
119.
[3] Direito Administrativo e Meio Ambiente. 3 ed. Curitiba: Juruá, 2001, p. 94/95.