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ILUSTRÍSSIMO (A) SENHOR (A) (A) GERENTE DA

COORDENADORIA REGIONAL DO INSTITUTO DO MEIO


AMBIENTE DE FLORIANÓPOLIS – SC

  

Auto de Infração Ambiental n…

Termo de Embargo n…

AUTUADO, brasileiro, solteiro, agricultor, inscrito no CPF n…., residente e


domiciliado na Linha…, S/N, Interior, Cidade… – SC, vem, à presença de
Vossa Senhoria, com fundamento nos art. 60 e seguintes da Portaria
FATMA/BPMA nº 170/2013 e art. 113 e seguintes do Dec. 6.514/2008,
apresentar

DEFESA PRÉVIA

em face de Auto de Infração Ambiental n…. e Termo de Embargo n.,,, lavrados


em 20 de junho de 2019 por Fiscal do Instituto do Meio Ambiente de Santa
Catarina – IMA, consoante as razões de fato e de direito a seguir expostas,
requerendo que após o seu processamento legal, sejam declarados nulos,
cancelando todos os seus efeitos.

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1. DA TEMPESTIVIDADE

Registra-se de início, que o Autuado tomou conhecimento do Auto de Infração


Ambiental n. 91721-W em 27 de junho de 2019, sendo que o prazo para
apresentação de defesa é de 20 (vinte) dias úteis a partir do recebimento da
notificação, consoante o disposto na própria Orientação para Defesa Prévia.
Portanto, flagrante sua tempestividade.

2. DOS FATOS

Consta no Relatório de Fiscalização que no dia 12.05.2019, durante vistoria


realizada na propriedade do Autuado para renovação da licença ambiental de
operação de atividade de suinocultura, o fiscal do Instituto do Meio Ambiente
de Santa Catarina – IMA, ao verificar imagens via satélite da região, se
deparou com suposta supressão de fragmento de vegetação nativa sem
autorização ambiental, em uma área do Bioma Mata Atlântica de 8,7 ha que
estaria em estágio médio de regeneração, utilizando-a para fins agrícolas.

Disso, autuou o Autuado com base no art. 50 da Lei 6.514/08, lavrando-se o


AIA n… Registre-se que o auto não possui qualquer conexão com o vistoria
para concessão do licenciamento ambiental. Na mesma data, foi lavrado o
Termo de Embargo n…, ficando proibida intervenção na área.

Entretanto, com o devido respeito, o fiscal cometeu um grave equívoco, como


será demonstrado a seguir, razão pela qual requer seja o auto de infração
ambiental declarado nulo, conforme será demonstrado aa seguir.

3. PRELIMINARMENTE – DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO


PUNITIVA

Incialmente, imperiosa a observância à determinação expressa do art. 21 do


Dec. n.º 6.514/2008, que estabelece:

Art. 21.  Prescreve em cinco anos a ação da administração objetivando


apurar a prática de infrações contra o meio ambiente, contada da data da
prática do ato, ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em
que esta tiver cessado. 

No caso em comento, o AIA se refere ao ato de destruir ou danificar florestas


ou qualquer tipo de vegetação nativa ou de espécies nativas plantadas, objeto
de especial preservação, sem autorização ou licença da autoridade ambiental
competente, a teor do art. 50 do Dec. 6.514/08.

Ocorre que, tanto o AIA como o Relatório de Fiscalização são totalmente


omissos quanto a data de ocorrência da suposta supressão de
vegetação. Registre-se que a área estava aberta muito antes do ano de 2003.

Nos autos, há, apenas, 02 (duas) imagens aéreas, sendo uma datada de
11.01.2019 em que supostamente havia vegetação, e outra de 22.01.2019 ─
com diferença de apenas 11 dias uma da outra ─ cuja vegetação teria sido
retirada, as quais não conferem nenhuma veracidade a alegação do fiscal.
Evidentemente, seria impossível ter ocorrido qualquer supressão de vegetação
em 11 dias, mesmo porque, a área está cultivada em ambas as imagens
anexadas pelo fiscal.

Frise-se que o fiscal sequer esteve no local da dita supressão, o qual fica muito
distante da atividade de suinocultura a ser licenciada e que originariamente o
trouxe in loco para vistoria. Portanto, fato incontroverso é que inexiste conduta
do Autuado passível de punição estatal em função da manifesta prescrição da
pretensão punitiva da Administração Pública, razão pela qual deve ser
cancelada a autuação, multa e embargo imputados.

4. FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA
Certo de que esta autoridade julgadora acolherá as informações prestadas e a
preliminar de prescrição, porém, ainda faz-se necessário adentrar no mérito da
questão.

A Constituição Federal de 1988 assegura em seu art. 5º, que todos são iguais


perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros
e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, e ainda:

LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em


geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e
recursos a ela inerentes;

Cumpre lembrar que o servidor público está vinculado diretamente ao preceito


Constitucional inserido no art. 37[1], orientando que o descumprimento dos
princípios ali inseridos, torna nulo os atos administrativos praticados.

5. DA NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO AMBIENTAL

Conforme consta no AIA, o Autuado teria em tese, infringido o art. 50 do Dec.


6.514/08, in verbis:

Art. 50.  Destruir ou danificar florestas ou qualquer tipo de vegetação nativa ou


de espécies nativas plantadas, objeto de especial preservação, sem
autorização ou licença da autoridade ambiental competente:

Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por hectare ou fração. 

Ocorre que a aplicação de infração ao Autuado é descabida e equivocada,


porque a área em questão já era objeto de exploração agropastoril mesmo
antes da sua aquisição junto ao antigo proprietário, em 2011. À propósito,
conforme imagem histórica de 15.01.2005[2], inexistia no local qualquer
vegetação nativa, e a partir daí, houve cultivos intermitentes que não
permitiram qualquer regeneração.

Em decorrência lógica dos fatos, a área rural estava consolidada quando do


suposto cometimento da infração, a teor do inc. IV do art. 3º da Lei 12.651/12,
não sendo o caso de ilícito administrativo conforme entendeu o fiscal.

Aliás, não havia no local qualquer vegetação ou espécie nativa plantada


em especial preservação, conforme determina o art. 50 para que se
caracterize eventual infração ambiental.

Outrossim, inexistem provas suficientes para a imputação da infração ao


Autuado por supostamente destruir ou danificar vegetação secundária do
Bioma Mata Atlântica se não há informação segura sobre o estágio de
regeneração da mata, tão pouco data de ocorrência da alegada supressão,
mesmo porque, conforme descreveu o fiscal no Relatório de Fiscalização n.
00/2019-CODAM Chapecó, a infração fundamentou-se apenas em imagens
históricas do local.
De mais a mais, a definição de vegetação secundária, ficou atribuída ao
CONAMA conforme determinação expressa do art. 4º da Lei n. 11.428/2006:

Art. 4º A definição de vegetação primária e de vegetação secundária nos


estágios avançado, médio e inicial de regeneração do Bioma Mata Atlântica,
nas hipóteses de vegetação nativa localizada, será de iniciativa do Conselho
Nacional do Meio Ambiente.

1º O Conselho Nacional do Meio Ambiente terá prazo de 180 (cento e oitenta)


dias para estabelecer o que dispõe o caput deste artigo, sendo que qualquer
intervenção na vegetação primária ou secundária nos estágios avançado e
médio de regeneração somente poderá ocorrer após atendido o disposto neste
artigo.

2º Na definição referida no caput deste artigo, serão observados os


seguintes parâmetros básicos: 

I – fisionomia; 

II – estratos predominantes; 

III – distribuição diamétrica e altura; 

IV – existência, diversidade e quantidade de epífitas; 

V – existência, diversidade e quantidade de trepadeiras; 

VI – presença, ausência e características da serapilheira; 

VII – sub-bosque; 

VIII – diversidade e dominância de espécies; 

IX – espécies vegetais indicadoras.

Cumprindo a determinação do legislador, o CONAMA editou a resolução n.


388/2007, que convalidou, entre outras, a Resolução n. 04/94, a qual
define vegetação primária e secundária nos estágios inicial, médio e
avançado de regeneração da Mata Atlântica, e estabelece, em seu art.
3º, características do estágio de regeneração, as quais devem ser analisadas
de forma conjunta (nunca isoladamente):

I – Estágio inicial de regeneração:

a) Nesse estágio a área basal média é de até 8 metros quadrados por hectare;
b) Fisionomia herbáceo/arbustiva de porte baixo; altura total média até 4
metros, com cobertura vegetal variando de fechada a aberta;
c) Espécies lenhosas com distribuição diamétrica de pequena amplitude: DAP
médio até 8 centímetros;
d) Epífitas, se existentes, são representadas principalmente por líquens,
briófitas e pteridófitas, com baixa diversidade;
e) Trepadeiras, se presentes, são geralmente herbáceas;
f) Serapilheira, quando existente, forma uma camada fina pouco decomposta,
contínua ou não;
g) Diversidade biológica variável com poucas espécies arbóreas ou
arborescentes, podendo apresentar plântulas de espécies características de
outros estágios;
h) Espécies pioneiras abundantes;
i) Ausência de subosque;
j) Espécies indicadoras:

j.1) Floresta Ombrófila Densa:Pteridium aquilium (Samambaia- das-Taperas), e


as hemicriptófitasMelinis minutiflora (Capim-gordura) e Andropogon
bicornis (capim-andaime ou capim-rabo-de-burro) cujas ervas são mais
expressivas e invasoras na primeira fase de cobertura dos solos degradados,
bem assim as tenófitas Biden pilosa (picão-preto) e Solidago
microglossa (vara-de-foguete), Baccharis elaeagnoides (vassoura)
e Baccharis dracunculifolia (Vassoura-braba),

j.2) Floresta Ombrófila Mista:Pteridium aquilium (Samambaia-das


Taperas),Melines minutiflora(Capim-gordura), Andropogon bicornis (Capim-
andaime ou Capim-rabo-de-burro), Biden pilosa(Picão-preto), Solidago
microglossa (Vara-de-foguete), Baccharis elaeagnoides (Vassoura),Baccharis
dracunculifolia (Vassoura-braba), Senecio brasiliensis (Flôr-das-
almas), Cortadelia sellowiana (Capim-navalha ou macegão), Solnum
erianthum (fumo-bravo).

j.3) Floresta Estacional Decidual :Pteridium aquilium (Samambaia-das-


Taperas), Melinis minutiflora (Capim-gordura), Andropogon bicornis (Capim-
andaime ou Capim-rabo-de-burro), Solidago microglossa (Vara-de-
foguete), Baccharis elaeagnoides (Vassoura) , Baccharis
dracunculifolia (Vassoura-braba), Senecio brasiliensis (Flôr-das-
almas), Cortadelia sellowiana(Capim-navalha ou macegão), Solanum
erianthum (Fumo-bravo).

II – Estágio médio de regeneração:

a) Nesse estágio a área basal média é de até 15,00 metros quadrados por
hectare;
b) Fisionomia arbórea e arbustiva predominando sobre a herbácea podendo
constituir estratos diferenciados; altura total média de até 12 metros;
c) Cobertura arbórea variando de aberta a fechada, com ocorrência eventual
de indivíduos emergentes;
d) Distribuição diamétrica apresentando amplitude moderada, com predomínio
dos pequenos diâmetros: DAP médio de até 15 centímetros;
e) Epífitas aparecendo com maior número de indivíduos e espécies em relação
ao estágio inicial, sendo mais abundantes na floresta ombrófila;
f) Trepadeiras, quando presentes, são predominantemente lenhosas;
g) Serapilheira presente, variando de espessura, de acordo com as estações
do ano e a localização;
h) Diversidade biológica significativa;
i) Subosque presente;
j) Espécies indicadoras:
1) Floresta Ombrófila Densa:Rapanea Ferruginea (Capororoca), árvore de 7,00
a 15,00 metros de altura, associada a Dodonea viscosa (Vassoura-vermelha).
j.2) Floresta Ombrófila Mista: Cupanea vernalis (Cambotá-vermelho), Schinus
therebenthifolius(Aroeira-vermelha), Casearia silvestris (Cafezinho-do-mato).
j.3) Floresta Estacional Decidual: Inga marginata (Inga feijão), Baunilha
candicans (Pata-de-vaca).

III – Estágio avançado de regeneração:

a) Nesse estágio a área basal média é de até 20,00 metros quadrados por
hectare;

b) Fisionomia arbórea dominante sobre as demais, formando um dossel


fechado e relativamente uniforme no porte, podendo apresentar árvores
emergentes; altura total média de até 20 metros;

c) Espécies emergentes ocorrendo com diferentes graus de intensidade;

d) Copas superiores horizontalmente amplas;

e) Epífitas presentes em grande número de espécies e com grande


abundância, principalmente na floresta ombrófila;

f) Distribuição diamétrica de grande amplitude: DAP médio de até 25


centímetros;

g) Trepadeiras geralmente lenhosas, sendo mais abundantes e ricas em


espécies na floresta estacional;

h) Serapilheira abundante;

i) Diversidade biológica muito grande devido à complexidade estrutural;

j) Estratos herbáceo, arbustivo e um notadamente arbóreo;

k) Florestas nesse estágio podem apresentar fisionomia semelhante à


vegetação primária;

l) Subosque normalmente menos expressivo do que no estágio médio;

m) Dependendo da formação florestal pode haver espécies dominantes;

n) Espécies indicadoras:
n.1) Floresta Ombrófila Densa:Miconia cinnamomifolia, (Jacatirão -açu), árvore
de 15,00 a 20,00 metros de altura, formando agrupamentos bastante densos,
com copas arredondadas e folhagem verde oliva, sendo seu limite austral a
região de Tubarão, Psychotria longipes (Caxeta), Cecropia
adenopus (Embaúba), que formarão os primeiros elementos da vegetação
secundária, começando a aparecer Euterpe edulis (palmiteiro), Schizolobium
parahiba (Guapuruvu), Bathiza meridionalis (Macuqueiro), Piptadenia
gonoacantha (pau-jacaré) e Hieronyma alchorneoides(licurana), Hieronyma
alchorneoides (licurana) começa a substituir a Miconia
cinnamomifolia(Jacutirão-açu), aparecendo també Alchornea
triplinervia (Tanheiro), Nectandra leucothyrsus(Canela-branca), Ocotea
catharinensis (Canela-preta), Euterpe-edulis (Palmiteiro), Talauma ovata
(Baguaçu), Chrysophylum viride (Aguai) e Aspidosperma olivaceum (peroba-
vermelha), entre outras. n.2) Floresta Ombrófila Mista: Ocotea
puberula (Canela guaica), Piptocarpa angustifolia(Vassourão-
branco), Vernonia discolor (Vassourão-preto), Mimosa scabrella (Bracatinga).
n.3) Floresta Estacional Decidual: Ocotea puberula (Canela-guacá), Alchornea
triplinervia (Tanheiro), Parapiptadenia rígida (Angico-vermelho), Patagonula
americana (Guajuvirá), Enterolobium contortisiliguum (Timbauva).

Há, portanto, uma série de elementos a serem constatados a respeito


da vegetação encontrada no local para que se afira o grau de regeneração da
floresta. No caso, não foi indicado um critério sequer que permitisse a
adequação típica em algum dos incisos do art. 3º da Resolução 4/94 do
CONAMA.

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 IBAMA pode ajuizar Ação Civil Pública por dano ambiental
 IBAMA não pode impor penalidade tipificado como crime ou
contravenção
 Fiscalização da FLORAM – Fundação Municipal do Meio Ambiente
de Florianópolis

Ora. Tratava-se de vegetação baixa e rala, tal como capim elefante, maria
mole, e algumas pequenas árvores como uva japonesa e eucalipto, que
autorizam sua supressão sem necessidade de autorização do órgão ambiental.

Verifica-se Nobre Julgador (a), que as informações constantes no AIA,


apenas são suposições, inexistindo qualquer prova robusta comprovando de
que no referido local, realmente tenha sido suprimida vegetação nativa em
estado de regeneração.
6. DA NULIDADE DO AIA POR VÍCIO – Art. 55 da Portaria
FATMA/BPMA nº 170/2013

Sem pretensão de esgotar o assunto, mas não menos importante, há de ser


considerado por esta autoridade julgadora, que o AIA lavrado em desfavor do
Autuado é eivado de vício o que caracteriza sua nulidade nos termos do art. 55
da Portaria FATMA/BPMA nº 170/2013, senão vejamos:

Art. 55. São nulos os autos nos casos de:

[…]

IV – inexistência dos motivos; e

[…]

Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade, observar-se-ão


as seguintes normas:

[…]

IV – a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de


direito, em que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou
juridicamente inadequada ao resultado obtido; e

[…]

In casu, da análise perfunctória do inciso IV, caput, do art. 55, resta


caracterizada a nulidade do AIA pela inexistência de motivos, visto que inexiste
data da suposta ocorrência dos fatos, tão pouco provas ou informações
seguras sobre o estágio de regeneração da mata que foi alvo da suposta
supressão. 

Exsurge cristalina e insofismável a nulidade do AIA n…, devendo ser declarado


nulo por esta autoridade julgadora, determinando o seu arquivamento nos
termos do art. 54, caput, da Portaria FATMA/BPMA nº 170/2013 e levantando o
embargo.

7. ATENUANTES

Determina o art. 4º do Dec. 6.514/08 que o órgão ambiental estabelecerá de


forma objetiva critérios complementares para o agravamento e atenuação das
sanções administrativas, in verbis:

Art. 4º  O agente autuante, ao lavrar o auto de infração, indicará as sanções


estabelecidas neste Decreto, observando:

I – gravidade dos fatos, tendo em vista os motivos da infração e suas


consequências para a saúde pública e para o meio ambiente;
II – antecedentes do infrator, quanto ao cumprimento da legislação de
interesse ambiental; e

III – situação econômica do infrator. 

No caso em tela, não há que se falar em gravidade ou consequências para a


saúde pública e meio ambiente, tão pouco consta no Sistema GAIA
informações acerca de infrações anteriores ou reincidência em nome do
Autuado.

Ademais, a multa imposta é desproporcional, ante a manifesta dificuldade


financeira atualmente enfrentada pelo Autuado, que não possui mais crédito
junto às instituições financeiras devido ao alto endividamento rural, e inclusive
pretende abandonar a atividade no campo e migrar para a cidade em busca de
condições dignas de sobrevivência, mesmo porque, não pode ficar à mercê de
autuações ambientais cuja sua aplicação baseia-se tão somente em
suposições, o que é vedado pelo ordenamento jurídico brasileiro.

Assim, subsidiariamente, se esta autoridade julgadora não entender pela


nulidade do AIA, o que não se espera, requer seja considerado para fins de
circunstâncias atenuantes e redução do valor da multa, a baixa renda e grau de
escolaridade do Autuado, que é pessoa íntegra, sem antecedentes criminais, e
que não possuirá condições de arcar com a sanção pecuniária aplicada, em
caso de não acolhida essas circunstâncias atenuadoras.

8. POSSIBILIDADE DE CONVERTER A MULTA EM


ADVERTÊNCIA

Caso esta autoridade julgadora entenda pela legalidade do AIA, o que não se
espera, ante o flagrante equívoco do fiscal que lavrou o auto, requer seja
aplicada a conversão de multa em advertência, conforme determinação
expressa do art. 62 da Lei Estadual 14.675/09, in verbis:

Art. 62 Sempre que de uma infração ambiental não tenha decorrido dano
ambiental relevante, serão as penas de multa convertidas em advertência,
salvo em caso de reincidência.

Parágrafo único. Dano ambiental relevante é aquele que causa desocupação


da área atingida pelo evento danoso, afeta a saúde pública das pessoas do
local, ou causa mortandade de fauna e flora.

No caso em tela, não houve dano ambiental relevante que afetou a saúde
pública ou causou mortandade de fauna e flora, o que por si só, autoriza a
conversão da pena de multa em advertência.

9. SUBSTITUIÇÃO OU REDUÇÃO DAS MULTAS

Ultrapassadas as razões acima, somente no caso desta autoridade julgadora


não entender pela declaração de nulidade do AIA ou conversão da multa em
advertência, requer seja a multa simples convertida em serviços de
preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio
ambiente, consoante autoriza o §7º do art. 4º, da Portaria FATMA/BPMA nº
170/2013 ou ainda, sua redução, nos termos do art. 76, I, da mesma portaria.
Portanto, não contando o autuado com antecedentes, é inegável a
possibilidade de se efetuar esta conversão legal.

10. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

Posto isto, REQUER:

a. Preliminarmente, reconhecer a prescrição da pretensão punitiva;


b. Que seja declarado nulo o Auto de Infração Ambiental n… e o
Termo de Embargo n…, a fim de excluir a imposição da multa de R$
183.500,00 e liberar a área embargada, consoante todo exposto,
determinando o seu arquivamento;
c. Subsidiariamente, caso não seja o AIA declarado nulo, requer sejam
acolhidas as atenuantes e razões apresentadas para converter a multa
em advertência conforme autoriza o art. 62 da Lei Estadual 14.675/09 ou
então, minorar o valor da multa;
d. No caso de nenhum dos requerimentos anteriores serem acolhidos por
esta autoridade julgadora, requer a redução da multa em 90% ou a sua
substituição por prestação de serviços de preservação melhoria e
recuperação da qualidade do meio ambiente com fundamento no §7º do
art. 4º da Portaria FATMA/BPMA nº 170/2013[3], suspendendo a
exigibilidade do valor da multa aplicada, diante da apresentação de um
projeto técnico de reparação de dano, mediante a formalização do
competente Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta;
e. Em qualquer dos casos, seja liberada a área objeto do embargo para
fins de cultivo.
f. Requer ainda, a intimação por carta com aviso de recebimento para
apresentação das alegações finais, sob pena de nulidade do processo.
g. Requer a produção de todos os meios de prova em direito admitidos.

Florianópolis – SC, 07 de julho de 2019.

Requer e espera deferimento.

ASSINATURA DO AUTUADO

CPF… 

[1] Art. 37- A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes


da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade
e eficiência e, também, ao seguinte (…)
[2] Coordenadas -17.0648299448,-93.43065554878, disponível em Google
Earth Pro.

[3] § 7º A multa simples pode ser convertida em serviços de preservação,


melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente.

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