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ILUSTRÍSSIMA SENHORA GERENTE DE DESENVOLVIMENTO AMBIENTAL

DO INSTITUTO DO MEIO AMBIENTE DE CHAPECÓ

Auto de Infração Ambiental n...


Termo de Embargo n...
Fatma/IMA n.../SGPe

AUTUADO, previamente qualificado, vem, à presença de Vossa


Senhoria, por sua advogada1, com fundamento nos art. 1072 da
Portaria Conjunta CPMA/IMA n. 143/2019 e art. 122 3 do Dec.
6.514/2008, apresentar

ALEGAÇÕES FINAIS

em face de Auto de Infração Ambiental n... e Termo de Embargo


n..., lavrados em 10 de setembro de 2018 por Fiscal da Fundação
do Meio Ambiente - Fatma, extinta4 pela Lei 17.354/2017 que
criou o Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina – IMA,
consoante as razões de fato e de direito a seguir expostas.

1
Procuração
2
Art. 107. O autuado será intimado sobre a apresentação de Alegações Finais através de ofício, por via postal registrada,
com aviso de recebimento - AR ou mediante intimação pessoal.
3
Art. 122.  Encerrada a instrução, o autuado terá o direito de manifestar-se em alegações finais, no prazo máximo de dez
dias. 
4
Art. 6º Fica extinta a Fundação do Meio Ambiente (FATMA). § 1º Em decorrência da extinção da FATMA, a estrutura
funcional, o quadro de pessoal, o patrimônio, as receitas, o acervo técnico, os direitos e as obrigações dessa Fundação
serão absorvidos pelo IMA.

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1. DA TEMPESTIVIDADE

Registra-se de início, que o Autuado foi cientificado para apresentar


alegações finais através do Ofício n.../2020 encaminhado por carta, o qual foi recebido em 01
de junho de 2020, cujo prazo para apresentação de alegações finais é de 10 (dez) dias úteis
contados a partir do recebimento da notificação, consoante os artigos 28 e 108 da Portaria
Conjunta CPMA/IMA n. 143/2019. Os prazos ficaram suspensos em razão da COVID-19.
Portanto, indiscutível a tempestividade das presentes alegações.

2. DOS FATOS

No dia 10 de setembro de 2018, um Agente Fiscal da extinta Fatma realizou


fiscalização na propriedade rural do Autuado, localizada no interior do Município..., para
averiguar suposta irregularidade relacionada a supressão de vegetação nativa do Bioma Mata
Atlântica, que resultou na lavratura do Auto de Infração Ambiental n... e Termo de Embargo n...
com enquadramento nos artigos, 48, 49, caput, e parágrafo único do Decreto 6.514/08, in
verbis:

Art. 48.  Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas ou demais formas


de vegetação nativa em unidades de conservação ou outras áreas especialmente
protegidas, quando couber, área de preservação permanente, reserva legal ou
demais locais cuja regeneração tenha sido indicada pela autoridade ambiental
competente:Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por hectare ou
fração.                   
Parágrafo único.  O disposto no caput não se aplica para o uso permitido das áreas
de preservação permanente.                

Como medida sancionadora, foi aplicada multa simples no valor de R$


48.000,00, bem como lavrado termo de embargo.

Notificado, o Autuado apresentou Defesa Prévia em 01 de novembro de


2018, alegando, em síntese, a área embargada (3,20 ha) não está situada em área de
preservação permanente, tão pouco constitui reserva legal, e que os eucaliptos foram
plantados a 09 (nove) anos, ou seja, no início de 2008, sem que houvesse supressão de
vegetação do Bioma Mata Atlântica. Por isso, dado o baixo grau de lesividade, a colaboração
com a fiscalização e a ausência de antecedentes ou reincidência, incidiriam as atenuantes
previstas no art. 5º da Portaria 170/2013, revogada pela Portaria Conjunta CPMA/IMA n.
143/2019.

Instado, o agente fiscal impugnou todos os esclarecimentos do Autuado por


meio de Manifestação acerca da Defesa Prévia n.../2019 emitida em 11 de janeiro de 2019,

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mas não negou que a plantação de eucaliptos teria ocorrido antes da vigência do Decreto
6.514/2008. Em suma, o fiscal concluiu pela manutenção do auto de infração e rejeição do
PRAD, e na mesma data de sua manifestação, por meio da Comunicação Interna n.../2019,
encaminhou o procedimento AIA.. para o Gerente de Desenvolvimento Ambiental.

Entretanto, com a devida vênia, os autos deveriam ter sido arquivados ex


officio, pois evidente a prescrição quinquenal ocorrida, conforme será demonstrado a seguir.

2. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL – AUTO DE INFRAÇÃO AMBIENTAL


LAVRADO MAIS DE 09 ANOS DA DATA DO FATO

Compulsando os autos, verifica-se que o auto de infração ambiental lavrado


em 10 de setembro de 2018, com enquadramento nos artigos, 48, do Decreto 6.514/08,
ocorreu, segundo o agente fiscal, porque o Autuado teria impedido ou dificultado “a
regeneração natural de vegetação nativa secundária em estágio médio a avançado do bioma
Mata Atlântica, em remanescente florestal de aproximadamente 3,20 há, através do plantio de
espécies exóticas – Eucalyptos spp, bem como promoção de danos diretos a vegetação
através da limpeza / roçada da vegetação de sub-bosque e supressão de exemplares arbóres.”

As fotos colacionadas comprovam que os eucaliptos, à época dos fatos, já


eram indivíduos adultos e de grande porte, plantados no início de 2008, ou seja, 09 (nove) anos
antes da lavratura do auto de infração, conforme depreende-se do PRAD elaborado por expert
que corrobora as alegações do Autuado, as quais, frise-se, não foram impugnadas pelo fiscal
quando de sua manifestação, que se limitou a dizer tratar-se de aplicação da Lei da Mata
Atlântica, vigente à época da plantação.

Nesse sentir, tendo se passado mais de 05 (cinco) anos entre a data da


consumação da suposta infração e a fiscalização, incide a prescrição quinquenal, não sendo
mais possível aplicar nenhuma infração ou sanção ao administrado, conforme expressa
determinação do art. 21 do Decreto 6.514/2008, in verbis:

Art. 21.  Prescreve em cinco anos a ação da administração objetivando apurar a


prática de infrações contra o meio ambiente, contada da data da prática do ato, ou,
no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que esta tiver cessado. 

Como se vê, tanto o auto de infração como o relatório de fiscalização são


totalmente omissos quanto a data de ocorrência da suposta supressão de vegetação e plantio
de eucaliptos. Por outro lado, o fiscal em sua manifestação, não nega, como dito, que a
plantação teria ocorrido em 2008, o que de fato ocorreu, dada a altura e a DAP indiscutível dos
indivíduos, que salta aos olhos até mesmo para leigos.

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Portanto, fato incontroverso é que inexiste conduta do Autuado passível de
punição estatal em função da manifesta prescrição da pretensão punitiva da Administração
Pública em relação ao art. 48 aplicado, razão pela qual devem os autos ser arquivados.

3. ATENUANTES

Por força do princípio da eventualidade, requer, no caso inacreditável de


manutenção do auto de infração, ante as teses aventadas, que sejam aplicadas as causas
atenuantes do art. 14, I, II, III e IV, do Decreto 6.514/08, que determinam ao órgão ambiental
estabelecer de forma objetiva, critérios complementares para a atenuação das sanções
administrativas.

4. DOS REQUERIMENTOS

Posto isto, REQUER:

a) Preliminarmente, reconhecer a prescrição da pretensão punitiva da infração do art. 48 do


Decreto 6.514/08, visto que entre a data do alegado dano e a lavratura do auto de infração
ambiental se passaram mais de 05 anos;

b) No caso de rejeição da preliminar, reitera o pedido em sede de Defesa Prévia, no sentido de


que sejam acolhidas as atenuantes apresentadas para converter a multa em advertência
conforme autoriza o art. 62 da Lei Estadual 14.675/09, ou então, minorar o valor da multa
realizando-se o recalculo da área supostamente atingida, ou, subsidiariamente, converter a
multa em serviços de preservação melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente
com fundamento no art. 123 da Portaria Conjunta CPMA/IMA n. 143/2019, suspendendo a
exigibilidade do valor da multa aplicada, diante do PRAD já apresentado;

c) Por fim, julgado o processo, requer a intimação por carta com aviso de recebimento do
inteiro teor da decisão, para em caso de manutenção do auto de infração, ser interposto o
competente recurso administrativo.

d) Reitera a produção de todos os meios de prova em direito admitidos.

Florianópolis/SC, 05 de junho de 2020.

Requer e espera deferimento.

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ADVOGADO
OAB/SC

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