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Universidade Aberta Isced ( UnISCED)

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

Curso de Licenciatura em Administração Publica

Disciplina: Direito Internacional Publico

Título do Trabalho:

Tratado de Combate ao Terrorismo na região da SADC (procedimentos de Incorporação dos


Tratados Internacionais no Ordenamento Jurídico Moçambicano)

Nome do Aluno: Julião Marcos

Código de Estudante: 96160258

Lichinga, Março 2023


Introdução

O seguinte trabalho visa argumentar os procedimentos de incorporação dos tratados


internacionais no Ordenamento Jurídico moçambicano, especialmente para um tratado
concluído que versa sobre o combate ao terrorismo na região da SADC.
A validade deste tratado na ordem jurídica interna fala que, a aplicabilidade interna
de tratados e acordos internacionais depende, em primeiro lugar, da conformidade
constitucional do procedimento adoptado para a sua conclusão. É este o sentido que
deve ser atribuído à expressão “validamente aprovados e ratificados” incluída no art.
18.º, n.º 1, da CRM .
Finamente vai se tratar da posição hierárquica dos tratados internacionais na ordem
jurídica moçambicana em que ,Moçambique, aceita, observa e aplica os princípios da
Carta da ONU20 (cf. n.º 2 do artigo 17.º da Constituição da República de Moçambique),
e, sendo claro que desse instrumento internacional resultaram tratados multilaterais
consagrando princípios que se impõem aos sujeitos do DIP, dentre eles, a Convenção de
Viena sobre o Direito de Tratados, o PICP, a DU, Moçambique aceita, por
consequência, estes tratados multilaterais, aceitando, igualmente, os princípios
imperativos nele contidos, dos quais se integram os de acesso jurisdicional e da
proporcionalidade.
Procedimentos de incorporação dos tratados internacionais no Ordenamento
Jurídico moçambicano

De acordo com Francisco Pereira Coutinho, na sua Obra intitulado Direito Internacional
Publico nos Direitos de Língua Portuguesa, publicado a Março 2018, diz como se
processa a incorporação do direito internacional na ordem jurídica interna:
I. As fontes de direito internacional são incorporadas na ordem jurídica
moçambicana sem perderem a sua natureza jus internacional.

A Constituição da República de Moçambique (CRM) adoptou um sistema monista


que prevê a recessão condicionada dos tratados e acordos internacionais (art. 18.º,
n.º 1, da CRM) e a recessão automática das restantes fontes do direito internacional
(art. 18.º, n.º 2, da CRM).

II. A vigência de tratados e acordos internacionais na ordem jurídica


moçambicana depende do preenchimento cumulativo de três condições: i)
terem sido validamente aprovados e ratificados; ii) estarem publicados no
Boletim da República; iii) vincularem internacionalmente o Estado
moçambicano (art. 18.º, n.º 1, da CRM). i) A aplicabilidade interna de
tratados e acordos internacionais depende, em primeiro lugar, da
conformidade constitucional do procedimento adoptado para a sua
conclusão. É este o sentido que deve ser atribuído à expressão “validamente
aprovados e ratificados” incluída no art. 18.º, n.º 1, da CRM.

A constituição moçambicana prevê um regime diferenciado para a conclusão de tratados


e acordos. Estas são as duas espécies da fonte convencional, ou dos tratados em sentido
amplo, que se distinguem por os tratados (em sentido estrito ou solenes) exigirem um
ato interno posterior à sua assinatura, em regra um instrumento de ratificação, em que é
confirmada a vontade do Estado em se vincular aos mesmos. Nos acordos (em forma
simplificada), a vinculação internacional dos Estados ocorre imediatamente no
momento da assinatura.

A sequência procedimental prevista para a conclusão de tratados solenes exige a


intervenção dos três órgãos de soberania políticos previstos na constituição. A
negociação é dirigida pelo Governo, através do Conselho de Ministros, a quem é
atribuída a missão de “preparar a celebração de tratados internacionais ”. O texto do
tratado é depois assinado pelo Presidente da República. . A vinculação internacional do
Estado moçambicano depende de ratificação pela Assembleia da República. No
procedimento de conclusão dos acordos em forma simplificada intervém apenas o
Governo: ao Conselho de Ministros compete celebrar, ratificar e aderir a acordos
internacionais (artigos. 18.º, n.º 1, e art. 210.º, n.º 4, da CRM). Sendo o Conselho de
Ministros um órgão colegial, a assinatura (“celebração”) do acordo pode ser delegada
em qualquer um dos seus membros. Esta assinatura, salvo se feita de referendum (art.
10.º, al. b), da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados), marca o momento da
vinculação internacional do Estado moçambicano. Para vigorarem internamente os
acordos têm depois de ser aprovados através de resolução do Conselho de Ministros.

A decisão sobre a espécie de convenção internacional a adoptar é tomada pelos


Estados durante a fase negocial. A CRM vem, contudo, limitar a escolha da forma
de acordo em forma simplificada às convenções internacionais que tenham por
objecto “matérias (…) da competência governativa do Governo” (art. 204.º, n.º 1, al.
g), 2.ª parte). Este constitui um constrangimento de competência muito relevante,
pois a CRM atribui competência legislativa exclusiva primária à Assembleia da
República (art. 179.º, n.º 1). O Governo pode apenas legislar, sob a forma de
decreto-lei, com a autorização da Assembleia da República (art. 179.º, n.º 3, e art.
180.º, da CRM). Devem assim seguir a forma de tratado as convenções
internacionais que incluam matérias incluídas no âmbito da competência legislativa
da Assembleia da República e a forma de acordo as convenções internacionais que
versem exclusivamente sobre matérias compreendidas no âmbito da competência
administrativa do Governo . A CRM não prevê qualquer mecanismo pelo qual a
Assembleia da República possa autorizar o Governo a vincular-se a acordos
internacionais em domínios que relevem da sua competência legislativa.

Validade de trados na ordem jurídica interna

De acordo com o Manual de direito internacional publico diz o seguinte: Para


a validade do tratado internacional , é necessário atender às seguintes condições: haver
consentimento mútuo entre os signatários, haver capacidade das partes (são capazes no
âmbito internacional : os Estados, as Organizações Internacionais , a santa sé,
conhecida popularmente como Vaticano e a palestina, Os Beligerantes e Insurgentes, As
Outras Entidades Internacionais.

Quanto aos Estados Soberanos, o art. 6º da Convenção de Viena determina que


todos os Estados soberanos têm capacidade para concluir Tratados. Esta é a regra
geral e como tal, possui excepções. Assim, os Estados Dependentes ou os membros
de uma Federação também podem concluir Tratados Internacionais em certos casos
especiais. O Direito Interno (Constituição), pode dar aos Estados Federados o direito
de concluir Tratados.

A aplicabilidade interna de tratados e acordos internacionais depende, em primeiro


lugar, da conformidade constitucional do procedimento adoptado para a sua
conclusão. É este o sentido que deve ser atribuído à expressão “validamente
aprovados e ratificados” incluída no art. 18.º, n.º 1, da CRM

Posição hierárquica dos tratados internacionais na ordem jurídica moçambicana

Segundo Edson da Graça Francisco Macuácua na sua obra intitulado Julgar posição
hierárquica de Moçambique 2020/11/20, diz o seguinte:

A Constituição da República de Moçambique de 2004 enfrenta o problema do


posicionamento hierárquico do Direito Internacional na ordem jurídica interna em
termos particularmente impressivos. Na verdade, de uma forma muito pouco comum no
direito constitucional comparado, o n.º 2 do artigo 18.º prevê que as “normas de direito
internacional têm na ordem jurídica interna o mesmo valor que assumem os actos
normativos infraconstitucionais emanados da Assembleia da República e do Governo”.
Em face do disposto no n.º 4 do artigo 2.º da Constituição da República de Moçambique
e no n.º 2 do artigo 18.º da Constituição da República de Moçambique, é curial
compreender dois aspectos:

⎯ Primeiro, ao estabelecer no n.º 4 do artigo 2.º que as normas constitucionais


prevalecem sobre todas as restantes normas do ordenamento jurídico, pretende-se que as
normas de direito internacional tenham uma posição hierárquica infraconstitucional.

⎯ Segundo, ao se estabelecer no n.º 2 do artigo 18.º da Constituição da República de


Moçambique, que as normas de direito internacional têm na ordem jurídica interna o
mesmo valor que assumem os actos normativos infraconstitucionais emanados da
Assembleia da República e do Governo, consoante a sua respectiva forma de recepção.

" As normas de direito internacional público comum ou geral estão abrangidas, no


âmbito de " normas de direito internacionais" referidas no n.º 2 do artigo 18.º, ou são
apenas as normas do direito internacional público particular? Porém, para Justino
Felisberto Justino “a Constituição da República de Moçambique não aborda
expressamente a posição da hierárquica das normas do DIP no ordenamento interno,
pois não tem uma cláusula geral de recepção dessas normas e princípios”.

Moçambique, aceita, observa e aplica os princípios da Carta da ONU20 (cf. n.º 2 do


artigo 17.º da Constituição da República de Moçambique), e, sendo claro que desse
instrumento internacional resultaram tratados multilaterais consagrando princípios que
se impõem aos sujeitos do DIP, dentre eles, a Convenção de Viena sobre o Direito de
Tratados, o PICP, a DU, Moçambique aceita, por consequência, estes tratados
multilaterais, aceitando, igualmente, os princípios imperativos nele contidos, dos quais
se integram os de acesso jurisdicional e da proporcionalidade.

Referencias Bibliográficas:

JORGE, Edmar Gerúsio Barreto: Módulo do Direito Internacional Publico


GOUVEIRA, Jorge Barcelar: Direito Constitucional de Moçambique
Constituição da Republica de Moçambique: 1BR2004.mdi

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