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UNIVERCIDADE ABERTA ISCED

Curso: Administração Pública

Cadeira: Direito Internacional Público

3º Ano

Tema: Incorporação tratados internacionais ordenamento jurídico moçambicano

Nito Magaço

Beira ,Março de 2023

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UNIVERCIDADE ABERTA ISCED

Curso: Administração Pública

Cadeira: Direito Internacional Público

Tema: Incorporação tratados internacionais ordenamento jurídico moçambicano

Trabalho de Campo a ser submetido na


Coordenação do Curso de Licenciatura em
Administração Pública do ISCED. É e
inerente a cadeira Direito Internacional Público

Nito Magaço

Beira ,Março de 2023


Índice

Introdução.......................................................................................................................................4

Incorporação tratados internacionais ordenamento jurídico moçambicano.................................5

Validade dos tratados na ordem jurídica......................................................................................6

Posição hierárquica do Direito Internacional na ordem jurídica moçambicana..........................7

Conclusão.....................................................................................................................................9

Referências bibliográficas..........................................................................................................10

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Introdução

Moçambique não é uma ilha, pese embora, ser um Estado independente e soberano. No concerto
das Nações, Moçambique é parte integrante e membro de várias organizações internacionais.
Nestes termos, sendo parte integrante do concerto das Nações, fica obrigado ao direito
internacional, fazendo com que haja coabitação de normas, nomeadamente, internacionais e
internas no seu ordenamento jurídico.

Outro sim, é um facto que Moçambique enquanto parte integrante do concerto das Nações, é
subscritor de tratados e acordos internacionais. Com o presente trabalho, pretende-se analisar o
ponto de situação do direito internacional na Ordem Jurídica Moçambicana, de modo a perceber-
se o seu valor jurídico, o grau de cumprimento dos mesmos, bem como, os mecanismos de
recepção e vinculação.

No presente trabalho, abordamos a política externa e direito internacional à luz do Ordenamento


Jurídico Moçambicano, bem como, analisamos o direito internacional em vigor em Moçambique.

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Incorporação tratados internacionais ordenamento jurídico moçambicano

De acordo com o preceituado no artigo 17 da Constituição da República (CRM), Moçambique


estabelece relações de amizade e cooperação com outros Estados na base dos princípios de
respeito mútuo pela soberania e integridade territorial, igualdade, não interferência nos assuntos
internos e reciprocidade de benefícios, aceita, observa e aplica os princípios da Carta da
Organização das Nações Unidas e da Carta da União Africana. Como se pode depreender,
Moçambique tem noção da necessidade da coabitação entre estados, bem como, entre os povos
do mundo inteiro, da vida em sociedade, da globalização, dentre outros valores provenientes da
amizade entre estados e povos. O facto de Moçambique aceitar, observar e aplicar os princípios
da Carta da Organização das Nações Unidas e da União Africana, olhando para os objetivos
destas organizações, demostra que é promotora e defensora da paz e da segurança
internacionais., em relação a política de paz, a Constituição estabelece no seu artigo 22 que a
República de Moçambique prossegue uma política de paz, só recorrendo à força em caso de
legítima defesa; defende a primazia da solução negociada dos conflitos; e, defende o princípio do
desarmamento geral e universal de todos os Estados. Quanto ao apoio à liberdade dos povos e
asilo, nos termos do artigo 20 da CRM, Moçambique apoia e é solidaria com a luta dos povos
pela libertação nacional e pela democracia; concede asilo aos estrangeiros perseguidos em razão
da sua luta pela libertação nacional, pela democracia, pela paz e pela defesa dos direitos
humanos.

Em relação a solidariedade internacional, segundo o artigo 19, Moçambique solidariza-se com a


luta dos povos e Estados africanos, pela unidade, liberdade, dignidade e direito ao progresso
económico e social; busca o reforço das relações com países empenhados na consolidação da
independência nacional, da democracia e na recuperação do uso e controlo das riquezas naturais
a favor dos respectivos povos; e, associa-se a todos os Estados na luta pela instauração de uma
ordem económica justa e equitativa nas relações internacionais.

Portanto, o exercício do Direito Internacional é materializado em Moçambique através da


Constituição da República. Em relação as Convenções que incluíam os territórios Ultramarinos e
demais legislações da era colonial que passou a vincular também no Ordenamento Jurídico

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Moçambicano, este exercício jurídico foi feito com base na Constituição de 1975, ao prever no
seu artigo 71 que toda legislação anterior no que não for contrário à Constituição mantém-se em
vigor até que seja modificada ou revogada. De salientar que esta redação constitucional
acompanhou a reforma constitucional de 1990 e a revisão de 2004 e a mais recente de 2018.

Para melhor a compreensão da abordagem, julgamos conveniente apresentar o nosso


entendimento em relação aos instrumentos internacionais, objeto de ratificação, nomeadamente:

 Convenções que são documentos assinados em conferências internacionais que tratam de


assuntos de interesse geral. Por exemplo a Convenção sobre Direitos da Criança;
Convenção das Nações Unidas sobre Direitos do Homem e dos Povos; etc.
 Tratados que são acordos formais entre os sujeitos de Direito Internacional Público
Estados, organismos internacionais e outras coletividades, com finalidade de gerar efeitos
jurídicos com carácter internacional. Por exemplo o Protocolo de Quioto; Acordo de
Paris sobre o Mudanças Climáticas; etc. Por outra, toda Convenção é um tratado, mas
nem todo tratado é Convenção.
 Por sua vez o Protocolo é uma adenda a um Tratado, mantendo validas as ideias
principais do corpo do Tratado. Daí temos os chamados protocolo adicional, protocolo
opcional, protocolo facultativo ou simplesmente protocolo.
 Acordos que são entre dois ou mais países a respeito dos mais diversos temas: transporte,
comércio, trabalho, circulação de pessoas e bens, entre outro

Validade dos tratados na ordem jurídica

Segundo o preceituado no artigo 178 da CRM, compete à Assembleia da República legislar


sobre as questões básicas da política interna e externa do país. A Constituição estabelece ainda
que é da exclusiva competência da Assembleia da República, ratificar e denunciar os tratados
internacionais; ratificar os tratados de participação de Moçambique nas organizações
internacionais de defesa. Como se pode depreender, a ratificação em Moçambique constitui
matéria da esfera da Assembleia da República. Outro sim, ao Governo, reserva-lhe dentro de um
contexto mais técnico, celebrar, ratificar, aderir acordos internacionais em matéria da sua índole,
como por exemplo acordos de Donativos, Acordos de Crédito, Acordo Comercial, entre outros,
nos termos do artigo 203 da Constituição. Portanto, o legislador constituinte definiu áreas

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específicas de acordos de cooperação, onde a Assembleia da República atua em aspetos ligados a
questões básicas da política externa, e, o Governo trata de questões específicas com destaque
para acordos bilaterais, mormente os de natureza socioeconómica e financeira.

Nestes termos, a nossa abordagem tem como base, Convenções, Tratados, Protocolos e Acordos,
ratificados pela Assembleia da República. Importa referir que desde a criação da primeira
república em 1975, vários instrumentos internacionais foram ratificados e que vigoram no
Ordenamento jurídico. Em Moçambique os instrumentos internacionais assumem a força legal,
de acordo com a forma da sua ratificação. Contudo, tirando a Declaração Universal dos Direitos
do Homem da ONU e a Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos, cujos preceitos nos
termos do artigo 43 da Constituição são tidos na interpretação constitucional, com aplicação
direta, os demais instrumentos de Direito Internacional, a sua materialização obrigou que o
país/Estados-Parte a criarem mecanismos legislativos e políticas internas para a efetivação.

A CRM prevê o direito anterior, estabelecendo no seu artigo 312 que a legislação anterior, no
que não for contrária à Constituição, mantém-se em vigor até que seja modificada ou revogada.
Este dispositivo constitucional introduziu na Ordem Jurídica Moçambicana o direito
internacional ratificado no período colonial.

Posição hierárquica do Direito Internacional na ordem jurídica moçambicana

A questão da posição hierárquica das normas do Direito Internacional é controvertida,


alimentando acesos debates doutrinários. De acordo com Jorge Miranda, “o que deva entender-se
por hierarquia constitui dificuldade grave. Se a doutrina dominante admite, pelo menos, a
necessidade de hierarquizar os atos normativos, muito continua a discutir-se acerca do correto
significado que possui”. A Escola de Viena realça o conceito, aludido, como se sabe, a sua
estrutura escalonada da Ordem Jurídica ligada à criação do Direito por graus. Outras correntes
consideram o insuficiente para explicar a dinâmica jurídica e fazem apelo também a outros
conceitos

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A Constituição da República de Moçambique de 2004 enfrenta o problema do posicionamento
hierárquico do Direito Internacional na ordem jurídica interna em termos particularmente
impressivos.9 Na verdade, de uma forma muito pouco comum no direito constitucional
comparado, o n.º 2 do artigo 18.º prevê que as “normas de direito internacional têm na ordem
jurídica interna mesmo valor que assumem os atos normativos infraconstitucionais emanados da
Assembleia da República e do Governo

Em face do disposto no n.º 4 do artigo 2.º da Constituição da República de Moçambique e no n.º


2 do artigo 18.º da Constituição da República de Moçambique, é curial compreender dois
aspectos:

 Primeiro, ao estabelecer no n.º 4 do artigo 2.º que as normas constitucionais prevalecem


sobre todas as restantes normas do ordenamento jurídico, pretende-se que as normas de
direito internacional tenham uma posição hierárquica infraconstitucional.
 Segundo, ao se estabelecer no n.º 2 do artigo 18.º da Constituição da República de
Moçambique, que as normas de direito internacional têm na ordem jurídica interna o
mesmo valor que assumem os atos normativos infraconstitucionais emanados da
Assembleia da República e do Governo, consoante a sua respectiva forma de recepção,
qual é o alcance do conceito “normas de direito internacional?" As normas de direito
internacional

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Conclusão
No presente trabalho conclui Para a compreensão da configuração do Direito Internacional na
Ordem Jurídica moçambicana, é curial a conjugação do instituído nos artigos 2.º (n.º 3 e 4) e
18.º, ambos da Constituição da República. As normas de Direito Internacional recebidas na
ordem jurídica moçambicana são integradas no ordenamento jurídico moçambicano, assumem
uma posição infraconstitucional e estão vinculadas ao princípio da constitucionalidade e por isso
são objeto controlo da sua constitucionalidade. As normas do Direito Internacional são recebidas
no ordenamento

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Referências bibliográficas

CANAS, Vitalino, O processo de fiscalização da Constitucionalidade e da legalidade pelo TC,


Natureza e Princípios Estruturantes. Coimbra Editora, Coimbra, 1986.

CANOTILHO, J.J Gomes, Direito Constitucional e Teoria da Constituição, 7ª Edição,


Reimpressão, Edições. Almedina, Coimbra, 2003.

CISTAC, Gilles, “A questão do Direito Internacional no ordenamento jurídico da República de


Moçambique”, Revista Jurídica da Faculdade de Direito da Universidade Eduardo Mondam, vol.
VI, 2004.

COSTA, José Manuel M. Cardoso, A jurisdição Constitucional em Portugal, 2ª Edição, Coimbra,


1992

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