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Instituto Superior de Ciência e Educação a Distância

Departamento de Ciências Sociais e Humanas


Licenciatura em Ciências Políticas Relações Internacionais

xxxxx

Empresas Mineiras e os Direitos Humanos em Moçambique

Lichinga
2022
ÍNDICE
Introdução..................................................................................................................................3

Conclusão...................................................................................................................................4

Bibliografia................................................................................................................................6

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Introdução

O presente trabalho, tem como escopo as Empresas Mineiras e os Direitos Humanos


em Moçambique. Assim, os direitos humanos são um conjunto de liberdades, garantias
ou valores, consagrados tanto na CRM como em outros instrumentos internacionais,
que todos os seres humanos têm só pelo facto de existirem.

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A legislação mineira é concebida por forma a reflectir a estratégia defensiva do Estado
em relação à indústria mineralífera em particular, mas, em geral, esta tem sido a postura
do Estado, no seu posicionamento face aos interesses da aliança do capital nacional e
internacional. Com o crescente interesse empresarial sobre a terra e o sector da indústria
extractiva o Estado vai‐se colocando mais à defensiva por forma a acomodar os desafios
de desenvolvimento que impõem ao Estado articular os interesses das populações
relativamente à terra com os das firmas, que parecem estar em conflito e tensão. A
legislação de minas contém dispositivos que responsabilizam os titulares mineiros sobre
o desenvolvimento das zonas de localização dos projectos mineiros, através
percentagens geradas das receitas fiscais pagas ao Estado, realizações incluidas no
âmbito das responsabilidades sociais a que ficam vinculadas, pagamento de algumas
externalidades negativas, possibilidade de emprego às populações. Estas
responsabilidades, todavia, são aferidas sem que haja muita transparência para os
destinatários, particularmente sobre o quantum das receitas para os seus programas de
desenvolvimento local e o que representam as realizações levadas a cabo no âmbito da
responsabilidade social que lhes estão adstritas. Os mecanismos criados para que se
possa determinar o potencial geológico, a capacidade de produção da receita global e
daquela retida pelo Estado não permitem que os destinatários dominem. Os titulares
mineiros gozam de direito de preferência sobre o título de uso e aproveitamento da
terra, num conflito que os oponha aos titulares anteriores. Este facto tem sido muitas
vezes motivo de conflito entre as comunidades e os titulares mineiros, no processo de
implementação do projecto nas zonas onde as comunidades se encontram.   Tem sido
também objecto de conflito, o montante das indeminizações, a pagar aos titulares dos
direitos anteriores. A Lei nº 14/2002, no seu artigo 43, defende que o montante deve
ser  justo e razoável. Muitas vezes, além do desacordo em relação ao valor considerado
justo e razoável, surgem controvérsias ainda, por o projecto, na fase da sua expansão,
necessitar de mais espaço territorial, implicando a reabertura de negociações com as
populações. 

 Conforme dissemos, a DUDH passou a inspirar as Constituições de


vários países, não sendo Moçambique uma excepção, pelo que também
na Constituição da República de Moçambique (CRM) de 2004,
encontramos alguns direitos humanos, a destacar:

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 Direito à vida - Todo cidadão tem direito a vida e a integridade física e
moral e não pode ser sujeito a tortura ou tratamentos cruéis ou
desumanos (art. 40).

 Direito à saúde - todos os cidadãos têm o direito à assistência médica e


sanitária, nos termos da lei, bem como o dever de promover e defender
a saúde pública (art. 89).

 Acesso à informação – direito de receber e dar informação (art. 48).

 Direito à educação - constitui direito e dever de cada cidadão. (art. 88).


Não pode ser limitado esse direito em razão da doença.

 Por exemplo, as PVHIV e com TB não podem ser proibidas de


frequentar a escola, de qualquer um dos níveis, em razão de seu estado
serológico ou de doença.

 Direito à honra, bom nome, reputação, defesa de imagem pública e


reserva da vida privada (art. 41)

 Liberdade de associação – direito de se reunir, constituir e fazer parte


de associações (art. 51 e 52).

 Por exemplo as organizações de PVHIV e com TB têm o direito de se


constituir em associações para defender os seus direitos.

 Liberdade de expressão – que consiste em divulgar pensamento,


ideias, sentimentos, etc. (art. 48).

 Por exemplo as PVHIV e com TB são livres de expressar o seu


sentimento quanto ao modo como são tratados na sociedade, etc.

 Liberdade de residência e circulação – direito de a pessoa circular e


fixar residência livremente no país (art. 55).

 Por exemplo, as PVHIV e com TB não podem ser despojadas das suas
casas, por conta da discriminação de seus vizinhos e etc.

 Direito de acesso a justiça através dos tribunais e assistência jurídica


gratuita quando há violação de direitos (art. 62, 69,70) através de
queixas e petições (art. 79, 81).

 Por exemplo, as PVHIV e com TB têm o direito de recorrer aos tribunais


em casos de discriminação, maus tratos e etc.

 Universalidade e igualdade – que consagra que todos cidadãos são


iguais perante a lei independentemente da raça, sexo, profissão,

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religião, classe social, condições económicas, orientação sexual,
doença, etc. (art. 35)

 A CRM, para além de se referir a igualdade de uma forma mais


abrangente conforme o postulado no art. 35, já no art. 36, ela reforça a
igualdade entre o homem e a mulher em termos de direitos e
oportunidades.

 Deste modo, conclui-se, portanto, que a nossa CRM promove a


igualdade de género de uma forma expressa, ainda que, de forma
geral, essa igualdade se possa aferir através do art. 35.

A Constituição da República de 2004, revista em 2018, consolidou os


preceitos sobre direitos humanos, ao deixar patente no paragrafo do preâmbulo
do texto constitucional, que “reafirma, desenvolve e aprofunda os princípios
fundamentais do Estado moçambicano, consagra o carácter soberano do
Estado de Direito Democrático, baseado no pluralismo de expressão,
organização partidária, o respeito e garantia dos direitos e liberdades
fundamentais dos cidadãos”. A defesa e a promoção dos direitos humanos e a
igualdade dos cidadãos perante a lei, é um dos objectivos fundamentais
estatuídos na alínea e) do artigo 11º, que faz parte do titulo I que alude sobre
os princípios fundamentais. O nº 02 do artigo 17º estabelece que a República
de Moçambique[13] aceita, observa e aplica os princípios da Carta da
Organização das Nações Unidas e da Carta da União Africana , assumindo os
direitos humanos fundamentais neles e as garantias dos direitos e liberdades
fundamentais dos cidadãos conforme o artigo 43º são interpretados e
integrados de harmonia com a DUDH e Carta Africana dos Direitos do Homem
e dos Povos[14] assumindo os direitos humanos fundamentais neles
consagrado, numa alusão clara à continuidade da formalização e
desenvolvimento dos direitos humanos nos instrumentos jurídicos internos. A
formalização e desenvolvimento dos direitos humanos pelo Estado
moçambicano vai além da sua Carta Magna, ao ractificar através da Resolução
nº 23/2013, de 03 de Maio, o Protocolo Facultativo à Convenção Contra a
Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes.
Por força do artigo 17  desse Protocolo, que estabelece a criação de um ou
mais mecanismos preventivos nacionais independentes para a prevenção da
tortura a nível interno, e de exercer a função de monitoramento regular e
independente, sobre aplicação dos direitos humanos fundamentais,
principalmente nos locais onde se encontrem pessoas privadas de liberdade o
Estado atribuiu a Comissão Nacional de Direitos Humanos criada através da
Lei no 33/09[15] de 22 de Dezembro, a competência para exercer essa função.

 O artigo 43º da CRM, estabelece que os direitos humanos são


interpretados de acordo com a Carta das Noções Unidas, sobre a Declaração
Universal dos Direitos Humanos e da Carta Africana, sobre os Direitos
Humanos e dos povos, dando se assim primazia formal sobre outros tipos de
direitos estatuídos na Constituição de Moçambique.

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 O Titulo III, que preconiza sobre os direitos, deveres e liberdades
fundamentais, ampliou as matérias sobre os direitos humanos fundamentais
distribuindo-os em cinco capítulos, com um total de 59 artigos, portanto um
acréscimo de mais 19 artigos que o texto legal anterior que continha somente
40 artigos. Isto é de acordo com o nosso entendimento uma demonstração
clara de que o Estado existe para servir ao homem e não o homem ao Estado
circunscrevendo-se assim num Estado de Direito e, portanto, que observa os
direitos humanos.

Para a sua melhor compreensão, os direitos fundamentais foram


separados de acordo com a sua interpretação, clarificando -se assim os
preceitos do texto constitucional.

Conclusão

Chegando nos trâmites finais do trabalho, concluiu-se que, os direitos humanos São
direitos sem os quais um ser humano não pode viver condignamente como, por
exemplo, os direitos à: vida, saúde, educação, segurança, livre circulação,
pensamento/expressão. Portanto, em conclusão, diríamos que são os direitos humanos
que definem ou estabelecem os padrões mínimos sobre como os seres humanos devem
ser tratados pelos seus semelhantes, pelo Estado e pelas instituições em geral.

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Bibliografia

[1] REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Constituição da


República, (2004) in Boletim da República I série nº 20 de 24 de
dezembro.

[5] PINHO, Ruy Rebello. NASCIMENTO Amauri Mascaro. Instituições de Direito


Publico e Privado. Editora Atlas. 17ª Edição. São Paulo.1991. p.143.

8
[7] GOUVEIA, Jorge Bacelar. Direito Constitucional de Moçambique. Editora.
Instituto de Direito de Língua Portuguesa (IDILP). Lisboa.2015. p.204.

[13]NAÇÕES UNIDAS. Comité da Redacçāo dos Direitos Humanos


(1948). Declaração Universal dos Direitos Humanos. Disponível em:
www.m.wikipidea.org.pt Acesso em 21/02/2022.

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