Você está na página 1de 62

1

Romão Reginaldo Mazive

O Ensino Técnico Profissional como Factor de Desenvolvimento Sócio-económico de


Moçambique: Caso do Instituto Industrial e Comercial-Cidade da Beira 2008-2013

Universidade Pedagógica

Beira

2015
2

Romão Reginaldo Mazive

O Ensino Técnico Profissional como Factor de Desenvolvimento Socio-económico de


Moçambique: Caso do Instituto Industrial e Comercial-Cidade da Beira 2008-2013

Monografia científica apresentada ao


Departamento de Ciências Sociais
para obtenção do grau de
Licenciatura em Ensino de História
com Habilitações em Geografia

Supervisor: dr. Dércio Chiemo

Universidade Pedagógica

Beira

2015
3

Índice

Abreviaturas e símbolos ……………………………………………………………………..VI

Declaração de Honra………………………………………………………………………..VIII

Dedicatória…………………………………………………………………………………....IX

Agradecimentos………………………………………………………………………………..X

Resumo ………………………………………………………………………………………XI

Introduҫão.................................................................................................................................12

Justificativa...............................................................................................................................13

Justificativa subjectiva..............................................................................................................13

Justificativa objectiva................................................................................................................14

Problematização........................................................................................................................15

Hipóteses...................................................................................................................................16

Hipóteses Principal...................................................................................................................16

Hipóteses Secundárias..............................................................................................................16

Objectivos.................................................................................................................................16

Objectivo Geral.........................................................................................................................16

Objectivos Específicos..............................................................................................................16

Revisão da Literatura e Quadro Conceptual.............................................................................17

Revisão da Literatura................................................................................................................17

Quadro Conceptual...................................................................................................................18

Educação...................................................................................................................................18

Desenvolvimento......................................................................................................................19

Desenvolvimento sócio-económico..........................................................................................21
4

Crescimento económico............................................................................................................22

Ensino técnico profissional.......................................................................................................23

Procedimentos metodológicos..................................................................................................24

Método de abordagem...............................................................................................................24

Métodos de procedimento.........................................................................................................24

Técnicas....................................................................................................................................24

Entrevista..................................................................................................................................24

CAPÍTULO I – Criação de Ensino Técnico Profissional (ETP) em Moçambique..................26

1.1 Preocupações do Ensino Técnico Profissional...................................................................28

1.2 Ensino Técnico Profissional em Moçambique...................................................................29

1.3 Pontos críticos das instituições que leccionam o ensino técnico-profissional....................31

1.4 Perspectivas do Desenvolvimento do Ensino Técnico Profissional...................................32

1.5 O Subsistema do Ensino Técnico Profissional...................................................................34

1.6 Reflexão sobre o curso nocturno no ensino técnico profissional........................................35

1.7 Diferentes visões sobre a formação técnica profissional....................................................36

1.8 Realizações no ensino técnico profissional face aos objectivos do milénio em


Moçambique.............................................................................................................................37

CAPÍTULO II – O Historial do Instituto Industrial e Comercial da Beira. Sua Criação,


Realizações, e o Desenvolvimento sócio-económico da Cidade da Beira 2008-2013..40

2.1 O Instituto Industrial e Comercial da Cidade da Beira.......................................................40

2.2 Criação................................................................................................................................41

2.3 Explicação da direcção do Instituto Industrial e Comercial da Beira.................................42

2.4 Enquadramento do CIP.......................................................................................................47


5

2.5 Os Nossos Cursos...............................................................................................................48

2.5.1 Mecânica geral.................................................................................................................48

2.5.2 Sistemas Eléctricos Industrias..........................................................................................48

2.5.3 Estradas e pontes..............................................................................................................48

2.5.4 Técnicos de edifícios........................................................................................................48

2.5.5 Técnicos de contabilidade................................................................................................48

2.6 Avaliação alguns aspectos de relevante importância..........................................................48

2.7 O Futuro do graduado no Instituto Industrial e Comercial da Beira...................................49

CAPITULO III – O Contributo do Instituto Industrial e Comercial da Beira, no


desenvolvimento sócio-economico da Cidade da Beira...........................................................50

Segundo Cidadãos Formados no Instituto Industrial e Comercial da Beira (IICB).................50

Resultado das entrevistas feitas aos formandos e empregadores..............................................50

3.1 A visão dos técnicos formados no (IICB)...........................................................................50

3.2 A acessibilidade e relevância do ensino no Instituto Industrial e Comercial da Beira para o


desenvolvimento da Cidade da Beira........................................................................................51

3.3 O papel do Instituto Industrial e Comercial da Beira no melhorameno da mão-de-obra da


Cidade da Beira.........................................................................................................................53

3.3.1 A visão de alguns empregadores a nível da Cidade da Beira..........................................53

3.3.1.1 O sector Privado............................................................................................................53

3.3.1.2 A visão do sector público local na qualidade do cidadão formado no Instituto


Industrial e Comercial da Beira................................................................................................55

3.4 Análise e discussão dos resultados.....................................................................................56

3.4.1 Objectivos do Instituto Industria e Comercial da Beira..................................................56

3.4.2 Estratégias do (IICB) face ao Ensino Técnico na Cidade da Beira.................................59


6

3.4.3 Missão do Instituto Industrial e Cmercial da Beira.........................................................60

3.4.4 Desafios do Instituto Industrial e Comercial da Beira.....................................................60

Considerações finais e recomendações.....................................................................................62

Considerações finais.................................................................................................................62

Recomendações.........................................................................................................................63

Bibliografia...............................................................................................................................64

Apêndices..................................................................................................................................66

Anexos......................................................................................................................................67

Lista de gráficos e tabelas

Tabela 1: Ordem do fluxo dos cidadãos a acessibilidade ao (IICB) por ano. ……………..46

Gráfico 1: Ilustra a evolução gráfica dos candidatos ao (IICB) por ano……………………..47

Gráfico 2. Análise da visão dos técnicos entrevistados por respostas……………………...53

Gráfico 3. Ilustra a demanda cronológica desde inscritos a admitidos no (IICB) …………58


12

Introduҫão

O presente trabalho de carácter científico faz uma abordagem sobre “O ensino Técnico
Profissional como factor de desenvolvimento sócio-económico de Moçambique: caso do
Instituto Industrial e Comercial- Cidade da Beira 2008-2013”. Nele procura-se explicar como
Instituto Industrial e Comercial da Cidade da Beira como uma instituição que promove o
ensino técnico-profissional tem influenciado no desenvolvimento económico da Cidade da
Beira – Sofala que por sinal é o local onde se encontra instalada a respectiva instituição de
ensino técnico profissional.

Como podemos observar, na escola a transmissão de conhecimentos, pela natureza do seu


objectivo, requer, de modo imprescindível, uma bipolarização entre governantes e
governados. As formas dessa relação de poder se sucedem, sem que ela possa ser
espontaneamente aceite ou relegada. Pode-se imaginar, é certo, um auto didactismo extremo
em que o indivíduo aprende directamente com a natureza e com as suas experiências pessoais.

A educação técnica e profissional exerce funções para o desenvolvimento. Deste modo o


trabalho é composto por três (3) capítulos e sub capítulos, em que o primeiro (1º) traz à tona
aquilo que é a criação do ensino técnico profissional em Moçambique, com o objectivo de
ilustrar os contornos da criação do respectivo ensino em Moçambique, o segundo (2º) capítulo
vai se debruçar sobre o próprio Instituto Industrial e Comercial da Beira, no tocante a sua
criação, os moldes em que este leva a cabo os seus objectivos que é de colocar técnicos
profissionais no mercado de trabalho, assim como outras realizações, antes mesmo de falar-
mos daquilo que é o contributo do Instituto Industrial e Comercial da Beira no
desenvolvimento socio-económico da mesma cidade, que por sinal este último faz parte do
terceiro (3º) capítulo. Contudo, antes do referido capítulo é possível encontrar no quadro da
introdução, a descrição daquelas que são as hipóteses assim como os objectivos da pesquisa.

Por seu turno o terceiro (3º) capítulo faz uma apresentação, análise e discussão dos resultados
obtidos no campo, através de citações de ideias dos entrevistados sobre o contributo do
Instituto Industrial e Comercial da Beira na promoção do ensino técnico-profissional e para o
desenvolvimento da Cidade da Beira.

Finalmente, são apresentadas as considerações finais e sugestões com vista a se dinamizar o


sector do técnico-profissional na Cidade da Beira em particular.
13

Justificativa
Justificativa subjectiva
A ideia de realizar este estudo reside no facto de a educação técnico-profissional (ETP) ser
um processo pelo qual o homem através da sua capacidade para aprender, adquire
experiências que actuam sobre a sua mente e o seu físico. Não só, o facto de a ETP ser o meio
de preparação de recursos humanos necessários ao crescimento de um país e ao seu
desenvolvimento me motivou para levar avante um estudo desta natureza. E não só, o facto de
o autor ter tido convivência com vários quadros formados no referido Instituto “Instituto
Industria e Comercial da Beira” despertou em mim um ardente desejo de querer entender na
íntegra o papel desta instituição para o desenvolvimento sócio-económico de Moçambique e
com especial enfoque para o da Cidade da Beira.

Contudo, os motivos que me levaram a optar pelo estudo deste tema não param por aí,
contribuiu também o facto de a Cidade da Beira possuir muitas instituições de ensino e
formação técnico profissional, com maior abrangência nos últimos cinco anos entre públicas e
privadas, o que desperta o interesse de entender até que ponto estas instituições influenciam
no desenvolvimento socioeconómico dos citadinos da cidade, escolhendo especialmente o
Instituto Industrial e Comercial da Beira, por dum lado ser a mais antiga dentre as actuais
Instituições de ensino técnico profissional na Cidade da Beira olhando em primeira instância
para o actual estágio socioeconómico deste local que não está a mostrar uma evolução
comparativamente a outras cidades que não contem muitas instituições dessa natureza.

É reconhecível no meio académico a importância da Educação técnico profissional na


formação dos indivíduos e desenvolvimento das capacidades intelectuais visto que a
Educação técnico profissional incuti no indivíduo um espírito empreendedor, uma autonomia,
uma liberdade, um padrão cultural que faz com que o individuo tenha uma nova forma de
encarar à sua situação social, me entusiasmou a realizar um estudo desta natureza.

Percebe-se que o desenvolvimento de um determinado País depende das capacidades


intelectuais dos seus cidadãos, nesta perspectiva o desenvolvimento da Cidade da Beira
depende das habilidades intelectuais dos seus citadinos. Se as pessoas não crescem
intelectualmente, o país, a cidade também fica estagnada. Uma população educada é
fundamental para o desenvolvimento nacional e da Cidade da Beira, combinada com boas
políticas macroeconómicas, a educação é considerada um factor-chave na promoção do bem-
estar social e na redução da pobreza, pois pode afectar positivamente a produtividade nacional
14

assim como regional, aonde o ensino técnico profissional ocupa o seu espaço indubitável
(Cidade da Beira), por via disso, determinar padrões de vida e a habilidade de a Cidade da
Beira competir na economia regional assim como local.

Justificativa objectiva
A literatura, em geral, reconhece a existência da interdependência entre a ETP e o
desenvolvimento social e económico de um país. Deste modo, o investimento na ETP permite
alcançar um maior nível de desenvolvimento e, este por sua, vez gera mais aperfeiçoamento
em torno do ETP.

Para KORNHAUSER (2001:236), o ETP é o cimento da construção no desenvolvimento


humano sustentável. Porém, o autor acrescenta que “é preciso elaborar estratégia e
programas de educação relacionada com o ambiente, no qual haja abrangência, tanto no
ensino escolar como na educação permanente a ser desenvolvida pelos poderes públicos,
pelo sector produtivo, pelo comércio e pelas comunidades locais.”

A promoção do ensino profissional em Moçambique foi analisada por vários autores e, pode
dizer-se, generalizadamente criticada. Estas críticas incidiam sobre o modelo escolar de
ensino técnico-profissional, predominante até aos dias actuais e subjacente às novas
profissões Profissionais de Moçambique. As linhas principais deste património de análise
crítica, foi ressaltada pela crença nos benefícios do ensino técnico e profissional sobre a
economia e sobre o emprego que mais sustenta as políticas que o suportam e fazem crescer,
nomeadamente quando os empregadores perfilham as teorias funcionalistas e, em particular, a
teoria do capital humano, também é no âmago dessa relação entre a educação e a economia
que se encontram alguns dos principais pressupostos do ensino profissional.

A crença generalizada no importante papel da educação e, em particular, do ensino


profissional para o desenvolvimento económico é um dos motores do investimento em
educação escolar. A produção de qualificações escolares, mesmo que elas não se reflectem
com a actual realidade do desenvolvimento económico-social é facilmente tomada como
sinónimo de satisfação das necessidades dos empregos. Portanto, no âmbito desta
justificativa, pode-se realçar que vários autores analisam esta mesma relação que aqui
procuramos discernir, estudando de modo mais incisivo a correspondência entre o ensino
técnico e profissional e o mercado de emprego, mas referem-se geralmente a modelos
escolares de formação não incidindo sobre modelos não-formais do ensino e de formação
15

técnico profissional. Portanto, é fácil notar que há grandes problemas ligados ao emprego e
actual política de auto emprego na relação entre educação e economia que não podem ser
resolvidos pelo incremento desses tipos de ensino e que podem até agravar-se por causa deles.

Problematização
Sabe-se que a educação técnico-profissional é um factor preponderante no desenvolvimento
das habilidades/capacidades intelectuais nos cidadãos, portanto, para que isso aconteça,
depende das políticas traçadas pelos governos, isto é, o governo deve traçar politicas que
visam o desenvolvimento e crescimento da economia nacional. Contudo, apesar de o Instituto
Industrial e Comercial da Beira, ao longo dos anos ter-se dito que tem sido um dos melhores
Instituições de ensino técnico do País, é notável a limitação a entrada no mercado de trabalho
depois dos estágios que se tem verificado junto as empresas consumidores das áreas prestadas
por esse Instituto.

De princípio, o Instituto Industrial e Comercial da Beira, tem como missão, leccionar cursos
de Ensino Técnico-Profissional e preparar os alunos para a transição da escola para o mundo
de trabalho, através do desenvolvimento de conhecimentos e de competências para um
desempenho adequado nas várias profissões, portanto, surgi a necessidade de fazer face as
reclamações do empregador que é o consumidor do material produzido na Instituição, e a
realidade do instituto. O desenvolvimento nessa vertente é crucial para uma economia em
crescimento, que solicita competências cada vez mais complexas e especializadas. Isto
implica a criação de um ETP de qualidade, que responda com graduados competentes e
suficientes às diversas necessidades do sector produtivo.

Assim, um dos pontos negativos na área da formação técnico-profissional, do Instituto


Industrial e Comercial na Cidade da Beira, é a formação sem enquadramento profissional, o
que faz com que as pessoas formadas não encontrem um lugar para aplicação dos seus
conhecimentos. Face a este cenário, levanta-se a seguinte questão:

Até que ponto o Instituto Industrial e Comercial da Cidade da Beira contribui para o
desenvolvimento socioeconómico da respectiva Cidade?
16

Hipóteses
Hipóteses Principal
A concepção dos cursos olhando para a actual necessidade da Cidade da Beira, e a
acessibilidade dos candidatos locais em grande número, assim como o aumento dos cursos
leccionados pelo Instituto Industrial e Comercial da Beira, contribuiria em grande parte para o
rápido desenvolvimento desta Cidade através do Instituto Industrial e Comercial da Beira.

Hipóteses Secundárias
A inserção no mercado local do trabalho, após a graduação do Citadino formado pelo Instituto
Industrial e Comercial da Beira, aliado a uma colaboração célere das empresas sediadas na
Cidade e o Instituto Industrial Comercial da Beira, seria um impulso significante para o
desenvolvimento socio-económico da Cidade.

Objectivos
Objectivo Geral
Analisar o contributo do Instituto Industrial e Comercial da Beira no desenvolvimento
sócio-económico da Cidade da Beira.
Objectivos Específicos
Contextualizar a Criação do Ensino Técnico Profissional em Moçambique;
Descrever o historial da criação do Instituto Industrial e Comercial da Beira, e suas
realizações de 2008 a 2013;
Explicar o Contributo do Instituto Industrial e Comercial da Beira no desenvolvimento
sócio-económico da Cidade da Beira, de 2008 a 2013, e por fim;
Trazer recomendações que possam contribuir para minimizar os problemas ligados ao
Contributo do Instituto Industrial e Comercial da Beira para o desenvolvimento da Cidade
da Beira.
17

Revisão da Literatura e Quadro Conceptual.

Revisão da Literatura.
A literatura, em geral, reconhece a existência de uma interligação entre os níveis de educação
e do desenvolvimento de um país. Deste modo investimento em educação pode permitir
alcançar um maior nível de desenvolvimento mas também este, por sua, vez pode gerar
acréscimos no nível educacional da população, em geral. Porem, ANRDADE, (2003) afirma
que a formação de pessoal tem por finalidade formar, treinar e motivar recursos humanos para
desempenhar suas actividades de maneira responsável diante de ambiente.

LIBÂNIO (2003), concorda com o autor afirmando que a educação de qualidade é aquela
mediante a qual a escola promove, para todos, domínio dos conhecimentos e desenvolvimento
de capacidades cognitivas e afectivas indispensáveis ao atendimento das necessidades
individuais e sócias dos alunos, bem como a inserção no mundo e a construção da cidadania
como poder de participação, tendo em vista a construção de uma sociedade mais justa e
igualitária.

Este autor acrescenta sustentando que a busca do conhecimento implica orientar e desafiar
antes, acompanhar e estimular durante, avaliar e propor novos desafios. Uma experiencia e
aquela que não tem único caminho, permite desenvolvimento de capacidades cognitivas e
afectivas indispensáveis ao atendimento das necessidades individuais e sócias dos alunos,
bem como a inserção no mundo e a constituição da cidade também como poder de
participação, tendo em vista a construção de uma sociedade justa e igualitária.

Este pensamento é fundamentado por FREIRE (1994), a alfabetização é uma estratégia de


liberação que ensina as pessoas a lerem não só a palavra, mas também o mundo. Isso significa
que ensinar/aprender a ler escrever e desenvolver atitudes de questionamento de análise e
inferência sobre situações, ideias, linguagem, textos. Tais atitudes somente serão
desenvolvidas na exacta medida que se estuda/analisa o contexto em que esses elementos são
produzidos.

Um dos autores que também concorda com os autores supracitados é KORNHAUSER (2001),
a educação é o cimento da construção do desenvolvimento humano sustentável. Porem, o
autor acrescenta que é preciso elaborar estratégia e programas de educação relacionada com o
ambiente, no qual haja abrangência, tanto no ensino escolar como na educação permanente a
18

ser desenvolvida pelos poderes públicos, pelo sector produtivo, pelo comércio e pelas
comunidades locais.

Um dos autores que traz uma vertente inovadora ao falar de educação e desenvolvimento é
SILVA (2005) o autor afirma que “a cultura amadurece ou se altera no decorrer do tempo,
em razão do processo contínuo de aprendizagem social e troca de experiencia na própria
sociedade”. Esse enfoque amplo ajuda as pessoas a proteger não só o capital natural de que
dependem, mas sim o próprio capital humano. Fornecem não só os recursos humanos das
mentes educadas e das mãos hábeis como também os muitos mais valiosos do serviço social:
a cultura, o saber, a honra, o amor e toda uma série de valores e atributos e comportamentos
que definem a humanidade e fazem com que valha a pena viver a vida.

São preponderantes as abordagens dos autores em torno da educação e desenvolvimento, mas


para a concretização do presente trabalho usar-se-á a abordagem de SILVA visto que o
desenvolvimento é uma questão cultural, pois os países desenvolvidos se encontram nessa
condição por causa da população que é instruída de conhecimento e que exerce a cidadania,
em geral essas pessoas possuem bom conhecimentos que possa contribuir para o
desenvolvimento da sua própria nação.

Quadro Conceptual
Educação
Para DURKHEIM (1968: 51), a educação, ou seja, “a acção exercida pelas gerações adultas
sobre as que não estão ainda maduras para a vida social”, tem como objectivo principal
“suscitar e desenvolver na criança um certo número de estados físicos, intelectuais e morais
exigidos pela sociedade (…) pelo meio a que pertence”. É um conceito que da ênfase ao
carácter social e global da educação. A forma mais usual desta é a educação formal, que inclui
programas escolares, ministrados e avaliados por agentes especializados, e cuja leccionação
abarca um conjunto de actividades obrigatórias e facultativas, desenvolvidas dentro ou fora da
escola.

Esta perspectiva confere à educação activa um papel relevante na formação do educando ou


aluno através de uma “relação adaptativa optimizante que se consuma mediante a
comunicação e acção”. (PUIG, 1987: 237). Neste caso os agentes principais são a escola, a
família, o meio e, nalguns casos, também, a profissão. Completamente a esta acção, nota o
19

mesmo autor a importância da educação permanente, direccionada especialmente para


indivíduos em idade adulta.

Educação pode ser entendida de acordo com COTRIM (1982:14) como “o processo pelo qual
o homem através de sua capacidade para aprender, adquire experiências que actuam sobre a
sua mente e o seu físico”. Na linha de pensamento de SCHMIED-KOWARZIK (1983): “a
educação é uma função parcial integrante da produção e reprodução da vida social, que é
determinada por meio da tarefa natural e, ao mesmo tempo, cunhada socialmente da
regeneração de sujeitos humanos, sem os quais não existiria nenhuma práxis social”. A
história do progresso social é simultaneamente também um desenvolvimento dos indivíduos
em suas capacidades espirituais e corporais e em suas relações mútuas. A sociedade depende
tanto da formação e da evolução dos indivíduos que a constituem, quanto estes não podem se
desenvolver fora das relações sociais.

A Educação é um processo dinâmico e em constantes mudanças e visa essencialmente a


integração das novas gerações. Segundo MAZULA (1995:305) “a educação é um sistema,
com auxílio de diversas estratégias visando alcançar finalidades e objectivos específicos
definidos pela sociedade”. Para NEWITT (1997:383) “a educação é basicamente a maneira
de uma sociedade preparar as gerações mais novas para o desempenho de uma função útil na
sociedade”.

O aumento dos investimentos em educação constitui uma necessidade premente para vencer o
atraso científico, que constitui uma condição imprescindível para o nosso progresso
económico e social, visto que causa diversos tipos de impactos no desenvolvimento
económico e na sociedade, porque esta possui um carácter sistémico de um nível muito
elevado, ou seja, cada acréscimo de quantidade ou qualidade educacional é reflectido
directamente no desenvolvimento e surgimento de novas oportunidades, causando um ciclo de
progresso em todas as esferas. Dessa forma a educação tem um papel muito importante na
criação de condições para a inovação tecnológica.

Desenvolvimento
O debate acerca do conceito de desenvolvimento é bastante rico no meio académico,
principalmente quanto à distinção entre desenvolvimento e crescimento económico, pois
muitos autores atribuem apenas os incrementos constantes no nível de renda como condição
para se chegar ao desenvolvimento, sem, no entanto, se preocupar como tais incrementos são
20

distribuídos. Deve-se acrescentar que “apesar das divergências existentes entre as


concepções de desenvolvimento, elas não são excludentes. Na verdade, em alguns pontos,
elas se completam” (SCATOLIN, 1989: 24).

O desenvolvimento, em qualquer concepção, deve resultar do crescimento económico


acompanhado de melhoria na qualidade de vida, ou seja, deve incluir “as alterações da
composição do produto e a alocação de recursos pelos diferentes sectores da economia, de
forma a melhorar os indicadores de bem-estar económico e social (pobreza, desemprego,
desigualdade, condições de saúde, alimentação, educação e moradia) ” (VASCONCELLOS
& GARCIA, 1998: 205).

Neste sentido MILONE (1998) concorda com os autores supracitados (VASCONCELLOS &
GARCIA) ao afirmar que para se caracterizar o desenvolvimento económico deve-se observar
ao longo do tempo a existência de variação positiva de crescimento económico, medido pelos
indicadores de renda, renda per capita, PIB 1 e PIB per capita, de redução dos níveis de
pobreza, desemprego e desigualdade e melhoria dos níveis de saúde, nutrição, educação,
moradia e transporte.

Um dos pensadores que também com concorda com os autores que temos referenciados é
ADELMAN (1972:78) ao advogar, “o desenvolvimento económico é um conceito que por sua
amplitude aproxima a economia das demais ciências sociais”. Sua caracterização não se
restringe ao crescimento da produção em uma região, mas trata principalmente de aspectos
qualitativos relacionados ao crescimento. Os mais imediatos referem-se à forma como os
frutos do crescimento são distribuídos na sociedade, à redução da pobreza, à elevação dos
salários e de outras formas de renda, ao aumento da produtividade do trabalho e à repartição
dos ganhos dele decorrentes, ao aperfeiçoamento das condições de trabalho, à melhoria das
condições habitacionais, ao maior acesso à saúde e à educação, aos aumentos do acesso e do
tempo de lazer, à melhora da dieta alimentar e à melhor qualidade de vida em seu todo
envolvendo condições de transporte, segurança e baixos níveis de poluição em suas várias
conotações.

1
Produto Interno Bruto é o somatório de todos os bens e serviços produzidos em uma economia em determinado
período de tempo.
21

Neste sentido, Segundo MUCAVEL2, o desenvolvimento pode ser definido como sendo “o
crescimento económico acompanhado pela transformação da estrutura social onde são
reduzidas as diferenças entre os pobres e os ricos, com reformas caracterizadas por uma
assistência social, estabelecimento de postos de saúde e uma maior actividade comercial nas
zonas rurais”.

Porem, após vários debates dos autores sobre o desenvolvimento concluímos que o
desenvolvimento deve incluir a mudança de atitude dos agentes económicos perante a
poupança e o investimento, onde se deve priorizar o factor humano e o acesso á alimentação
adequada das populações mais vulneráveis. O desenvolvimento económico é um processo de
mudança social pelo qual um número crescente de necessidades humanas preexistentes ou
criadas pela própria mudança são satisfeitas através de uma diferenciação no sistema
produtivo decorrente da introdução de inovações tecnológicas.

Desenvolvimento sócio-económico
O desenvolvimento socioeconómico pode ser conceituado como “um processo de
enriquecimento dos países e de seus habitantes, relacionado à ascensão no aspecto social,
político e sustentável”. (CLEMENTE, 2000: 56). Todavia, o desenvolvimento garante lucro e
investimento, mas nem sempre garante igualdade para uma população ou nação.
O crescimento económico é factor determinante na geração de novas oportunidades de
trabalho. Entretanto, pelo natural processo de ampliação da produtividade, impulsionada pela
modernização tecnológica, os postos de trabalho gerados não acompanham às taxas de
expansão da economia. Tem-se de um lado o desemprego conjuntural que oscila de acordo
com as flutuações da actividade económica e por outro temos o desemprego estrutural que
cresce naturalmente com a evolução tecnológica. O desenvolvimento não é restrito apenas a
aspectos económicos, mas ao político, cultural e social que partiu da percepção das
desigualdades entre países e da disparidade entre regiões, as diferenças regionais são
constantes (GALVÃO 2004: 23).

Para SEN (2000: 18) “o desenvolvimento requer que se removam as principais fontes de
privação: pobreza, e tirania, carência de oportunidades económicas e destituição social
sistemática, negligência dos serviços públicos”. No que concerne aos países de terceiro

2
Comunicação apresentada na Conferência sobre a “Pobreza e Desenvolvimento Económico, caso de
Moçambique” por ocasião das celebrações dos quinze anos da criação do Millennium BIM, realizado em
Maputo no dia 30 de Novembro de 2010.
22

mundo destaca-se a exclusão da sociedade na área da saúde, educação, moradia, entre outros.
A esse respeito SEN (2000: 29) ressalta:

Um número imenso de pessoas em todo o mundo é vítima de várias formas de privação de


liberdade. Fomes colectivas continuam a ocorrer em determinadas regiões, negando a milhões
a liberdade básica de sobreviver. Mesmo nos países que já não são esporadicamente devastados
por fomes colectivas, a subnutrição pode afectar numerosos seres humanos vulneráveis. Além
disso, muitas pessoas têm pouco acesso a serviços de saúde, saneamento básico ou água
tratada, e passam a vida lutando contra a morbidez desnecessária, com frequência sucumbindo
à morte prematura.

Em um país capitalista onde o desemprego, a fome e a miséria são fomentadas e reproduzidas


através de políticas e programas selectivos, acaba condicionando o ser social através da
dependência económica, a permanecerem na condição de dependentes das acções do Estado
que traz em seu bojo, acções de carácter compensatório, no combate à pobreza de forma
selectiva e temporária.

Para OLIVEIRA (2000: 138):


O crescimento económico é condição necessária para o desenvolvimento humano; portanto, um
requisito para eliminar a pobreza e construir uma vida mais digna. Nesse sentido, adverte que
países em desenvolvimento não podem escolher entre crescer ou não, mas têm que
necessariamente crescer.

A esse respeito DEMO (2002: 77), ressalta: “o critério mais fundamental do combate a
pobreza será conseguir que o pobre se faça sujeito de suas próprias soluções”. Assim,
oferecer condições para a autonomia por meio da educação e trabalho de forma precisa e não
compensatórias.

Crescimento económico
Segundo Mendes (2008), “crescimento económico é uma medida da variação na quantidade
de bens e serviços produzida em determinado país ou região, ao longo de certo período de
tempo, sem levar em conta como esses bens e serviços são distribuídos na sociedade”. O
crescimento não conduz automaticamente à igualdade nem à justiça sociais, pois não leva em
consideração nenhum outro aspecto da qualidade de vida a não ser o acúmulo de riquezas, que
se faz nas mãos apenas de alguns indivíduos da população.

Podemos definir crescimento económico como o aumento da capacidade produtiva da


economia (produção de bens e serviços). É definido basicamente pelo índice de crescimento
anual do Produto Nacional Bruto (PNB), per capita. O crescimento de uma economia é
indicado também pelo crescimento da força de trabalho, pela receita nacional poupada e
investida e pelo grau de aperfeiçoamento tecnológico. (Idem).
23

O crescimento económico é o aumento da quantidade de mercadorias e serviços produzidos


por uma economia dentro de algum período. É convencionalmente que este medida do
aumento do PIB considerando em percentagem. O crescimento é normalmente calculado em
verdadeiros termos, isto é em termos ajustados por inflação nos preços das mercadorias e
serviços produzidos. Na economia, “o crescimento económico” ou “a teoria de crescimento
económico” tipicamente refere-se ao crescimento da produção potencial, isto é, produção “no
emprego cheio,” que é causado pelo crescimento em exigência agregada ou produção
observada. Como uma área de estudo, o crescimento económico é geralmente distinguido da
economia de desenvolvimento. O sentido é principalmente no estudo em que os países podem
promover as suas economias.

Ensino técnico profissional


Por definição, o ensino técnico constitui em uma modalidade de ensino vocacional, orientada
para a rápida integração do aluno no mercado de trabalho. A educação profissional tem como
objectivos não só a formação de técnicos de nível médio, mas a qualificação, a requalificação,
a reprofissionalização para trabalhadores com qualquer escolaridade, a actualização
tecnológica permanente e a habilitação nos níveis médio e superior. A educação profissional
deve levar ao «permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva».
(PERRENOUD, 1997: 45).

A educação profissional integrada ao ensino médio se constitui, em uma retomada de ensino e


desenvolvimento de estratégias educacionais capazes de se contraporem à dualidade estrutural
do sistema de ensino que historicamente foi implementado em Moçambique. A educação
profissional no país sempre esteve associada à formação de mão-de-obra, pois, desde os
primórdios de sua formação profissional, foram registadas várias decisões de carácter
assistencialista destinadas a amparar os órfãos e os demais desvalidos da sorte.

O capitulo a seguir fara uma abordagem da evolução do ensino técnico profissional em


Moçambique cujo objectivo é fazer uma revelação em torno da evolução do ensino técnico
profissional até os dias actuais em Moçambique.
24

Procedimentos metodológicos
Método de abordagem
Segundo LAKATOS & MARKONI (1992:105), o método de abordagem “caracteriza-se por
uma abordagem mais ampla, em nível de abstracção mais elevada, dos fenómenos da
natureza e da sociedade”. Assim, esta monografia baseou-se no método hipotético-dedutivo.

Método hipotético - dedutivo - “inicia pela percepção de uma lacuna nos conhecimentos
acerca da qual formula hipóteses e, pelo processo de inferência dedutiva, testa a predição da
ocorrência de fenómenos abrangidos pela hipótese” (Idem).

Ao longo da monografia este método consistiu na identificação da problemática em análise


através dos intercâmbios estabelecidos com as pessoas formadas nas diversas instituições de
ETP, seguida do estabelecimento das hipóteses até à sua testagem no âmbito do trabalho de
campo.

Métodos de procedimento
Os métodos de procedimento constituem etapas mais concretas da investigação, com
finalidade mais restrita em termos de explicação geral dos fenómenos menos abstractos.
Pressupõem uma atitude concreta em relação ao fenómeno e estão limitados a um domínio
particular (idem).

Para tal, a materialização desta monografia teve efeito com a utilização do método
monográfico ou de estudo de caso.

O método de estudo de caso – trata-se de uma abordagem metodológica de investigação


especialmente adequada quando procuramos compreender, explorar ou descrever
acontecimentos e contextos complexos nos quais estão simultaneamente envolvidos diversos
factores. Assim, ao longo do estudo o método monográfico consistiu no estudo aprofundado
sobre o contributo que o ensino técnico profissional tem para o desenvolvimento sócio-
económico da Cidade da Beira.

Técnicas
Entrevista
A entrevista é uma conversação efectuada face a face, de maneira metódica, proporciona ao
entrevistador, verbalmente, a informação necessária. Para efeitos deste estudo usou-se uma
25

entrevista despadronizada ou não estruturada, que permitiu a flexibilidade no tempo usado e


na ordem em que as perguntas foram colocadas, juntos com perguntas abertas.
Desta maneira, fizemos entrevistas dirigidas aos Cidadãos que fizeram o Ensino Técnico
Profissional na Cidade da Beira no , ao Instituto Industrial e Comercial da Cidade da Beira e,
as empresas que contratam estudantes formados nas Escolas Técnicas profissionais da Cidade
da Beira mas com maior especialidade os formados no Instituto Industrial e Comercial da
Beira. Escolheu-se 50 elementos para obter diversos horizontes e pontos de vista das diversas
camadas, entre estudantes e técnicos de diversos níveis que operam ao nível da cidade. A
escolha desses elementos foi aleatória, no qual todos integrantes da instituição podiam ser
abrangidos. A idade das pessoas entrevistadas teve a ver com o grau de maturidade
psicossocial conferida à medida que o cidadão atinge os 18 anos.

Para a escolha desta amostra, pesou a questão de os visados terem feito o ensino técnico
profissional com maior incidência no Instituto Industrial e Comercial da Beira, foram 50
elementos atendendo e considerando a maturidade e a disponibilidade dos mesmos, visto que
já são técnicos formados, e um grande número destes já com certas ocupações ao nível da
Cidade. São técnicos de todas as categorias, sem excepção do sexo Masculino ou Feminino,
aliadas as respostas dos cursos técnicos profissionais oferecidos pelo Instituto Industrial e
Comercial da Beira, não existiu uma categoria, perfil ou curso especifico e privilegiado para a
entrevista, a entrevista procurou ser abrangente, atendendo e considerando a aleatoriedade da
escolha desses elementos como nos referimos anteriormente, assim como a despadronização
da entrevista.

Portanto, a entrevista tinha objectivo de colher informações ligadas ao contributo do Ensino


Técnico Profissional no desenvolvimento de Moçambique, e em especial atenção para a
cidade da Beira. Mas concretamente no contributo do Instituto Industria e Comercial da
referida Cidade. Acreditamos que 50 elementos foram suficientes para trazer a imagem
daquilo que é o pensamento dos técnicos ali formados em relação ao contributo daquele
Instituto Médio técnico profissional para o desenvolvimento da Cidade da Beira, aliado a
maturidade dos mesmos. Pois que, a resposta dos mesmos não foi uma resposta acabada para
a conclusão do estudo em causa.

O capítulo a seguir faz uma abordagem sobre a revisão da literatura, isto é, das principais
obras usadas para a concretização do trabalho assim como dos conceitos básicos do mesmo.
26

CAPÍTULO I – Criação de Ensino Técnico Profissional (ETP) em Moçambique

O subsistema de Ensino Técnico profissional (ETP) foi criado ainda no tempo colonial.
Caracteriza-se, e diferencia-se dos outros subsistemas, pela sua função social (assegura a
formação integral dos jovens e trabalhadores preparando-os para o exercício de uma profissão
numa especialidade, mas sempre dentro das exigências qualitativas e quantitativas da
planificação e do desenvolvimento da economia e da sociedade), pela ênfase na formação
profissional (dando aos jovens e trabalhadores uma especialidade e desenvolvendo neles
capacidades e hábitos profissionais; associar o conhecimento técnico às experiências práticas
e à busca de soluções técnicas e tecnológicas; vincular as escolas técnicas e institutos com os
sectores produtivos); pelo carácter terminal da formação (a formação geral e básica confina-
se às exigências da educação técnico-profissional, sem perderem a sua estrutura e solidez
científicas; os graduados de cada nível incorporam-se prioritariamente nos serviços e na
produção; o prosseguimento dos estudos sem abandonar o exercício da profissão) (PEETP 3,
2012: 100).

Este subsistema deve ter como população alvo: os jovens em idade escolar e pré-laboral que
provêm do subsistema do Educação Geral; os adultos sem qualificação profissional que
provêm do subsistema de Educação de Adultos; os trabalhadores adultos que têm toda uma
vasta gama de habilitações escolares e profissionais. As políticas nacionais Os objectivos que
estiveram na base da continuidade, pós-independência, deste subsistema foram:
Assegurar a formação integral e técnico-profissional dos jovens em idade escolar e dos
trabalhadores, com vista à sua preparação para o exercício duma profissão numa
determinada especialidade com garantias do aumento quantitativo da força de trabalho
qualificada nos vários sectores sócio-económicos, conferindo-lhes capacidades,
elevando e valorizando de modo continuo o nível científico e técnico com vista a
aumentar a produção e os índices de produtividade; (PEETP, 2012: 100).
Dar aos jovens e trabalhadores a concepção científica do mundo desenvolvendo-lhes
capacidades de análise, síntese, abstracção e de pensamento lógico, de imaginação
criadora, espírito de investigação e inovação, sentido do belo e da ordem, de
organização e direcção científica do trabalho; (PEETP, 2012: 100).
Desenvolver nos jovens e nos trabalhadores as qualidades básicas duma personalidade
socialista que caracterizam o Homem Novo, educando-os no sentido de assumir uma
atitude correcta perante o trabalho, a propriedade social, o estudo e a sociedade; na
3
Plano Estratégico da Educação 2012-2016
27

participação directa na produção, na direcção e controlo na aquisição de uma sólida


consciência de classe; proporcionando-lhes um processo de ensino-aprendizagem
cientificamente organizado que garanta as qualidades de colectivismo,
responsabilidade, firmeza de carácter, vontade e espírito de disciplina, de trabalho
árduo, combatividade, brio profissional e civismo. (PEETP, 2012: 100).

A garantia da educação técnica profissional, neste subsistema, é organizada em três domínios:

Domínio do Ensino Técnico-Profissional (formação dos jovens saídos da Educação


Geral, em regime diurno e regular, a tempo inteiro, em escolas e centros próprios);
(PEETP, 2012: 101).
Domínio da formação e aperfeiçoamento profissional de adultos (formação,
capacitação, aperfeiçoamento, actualização, especialização e requalificação de adultos
saídos do subsistema de Educação de Adultos e de trabalhadores, realizada em centros
próprios ou no local de trabalho, a tempo inteiro ou parcial); (PEETP, 2012: 101).
Domínio do Ensino Técnico-Profissional para Adultos (formação de adultos, em
regime nocturno, regular, dirigidos ou à distância, em escolas, centros e institutos, com
características gerais do domínio do Ensino Técnico-Profissional e duração dos cursos
comparável à dos jovens, com maior ênfase na formação geral e teórica). (PEETP,
2012: 101).

Segundo IESE (2010: 273), a formação de professores, instrutores e monitores para as


disciplinas das especialidades técnico-profissionais é executado no âmbito do Subsistema de
Educação Técnico-Profissional, sob a orientação metodológica do Subsistema de Formação
de Professores (que se estrutura em dois níveis: o Nível Médio, com três a quatro anos de
formação, tendo como habilitações de ingresso o 2º nível do Subsistema de Educação Geral e
onde se realiza a formação inicial dos professores de práticas de especialidade da Educação
Técnico-Profissional e o Nível Superior, com a duração de quatro a cinco anos e habilitações
de ingresso o 3º nível/Pré-Universitário do Subsistema de Educação Geral ou o nível Médio-
Técnico). A estrutura do subsistema compreende três níveis de formação:
Ensino Elementar Técnico-Profissional (faz-se após a conclusão do 1º Grau do Ensino
Primário Geral ou para adultos, tempo de formação de 2000 horas como mínimo,
inclui matérias de formação geral e técnica, conferindo um nível escolar
correspondente ao Ensino Primário geral ou para adultos);
28

Ensino Básico Técnico-Profissional (faz-se após a conclusão do Ensino Primário


Geral ou para adultos ou do Ensino Elementar Técnico-Profissional, tempo de
formação compreendido entre 2700 a 4500 horas, distribuído ao longo de 2 a 4 anos,
conferindo um nível escolar correspondente ao 2º nível do Subsistema de Educação
Geral e permitindo o ingresso ao 3º nível de qualquer dos subsistemas do Sistema
Nacional de Educação);
Ensino Médio Técnico-Profissional (faz-se após a conclusão do 2º nível dos
subsistemas de Educação Geral, de Educação de Adultos, ou de Educação Técnico-
Profissional, tempo de formação compreendido entre 3900 e 4800, distribuídas ao
longo de 2 a 4 anos, conferindo um nível escolar equivalente ao 3º nível do subsistema
de educação Geral e permitindo o ingresso no Subsistema de Educação Superior ou no
nível Superior do Subsistema de Formação de Professores (Ibidem).

A introdução deste subsistema veio fazer alterações não só a nível estrutural, mas também na
transformação de métodos, conteúdos (político-ideológico e científico-técnico); houve ainda
mudanças na direcção, na organização e articulação com os Subsistemas de Educação de
Adultos e com os sectores laborais.

1.1 Preocupações do Ensino Técnico Profissional

O problema central do ETP está no facto de não possuir um sub-sistema que reúna as
condições necessárias para satisfazer, qualitativa e quantitativamente, as necessidades actuais
e futuras do mercado de trabalho formal e informal.
E as principais causas desse problema são: o limitado acesso dos cidadãos ao ETP (absorveu
em 2001 apenas 1% da população em idade escolar, o nível médio só existe em 7 províncias e
a taxa de participação da rapariga era apenas de 20%), a baixa eficiência (taxa média de
aprovação de 50% e taxa média de repetência de 30%); a baixa eficácia (apenas 20% das
escolas reúnem boas condições para a realização de práticas oficinais e laboratoriais, elevado
nº de alunos por turma e falta de livros, manuais e outros meios de ensino-aprendizagem) e a
fraca relevância do sub-sistema (currículos da maioria dos cursos concebidos há mais de 20
anos, custos muito elevados para a produção de candidatos para o mercado com formação
pouco relevante, desajustamento entre a procura e a oferta de profissionais, falta de
mecanismos que promovam a adequação, formação/emprego, não existem serviços de
orientação profissional, são raros os estágios e não se faz o seguimento e a auscultação dos
resultados da formação junto ao mercado de emprego4).

As razões de permanência destes problemas são a fraqueza institucional (falta de clareza


sobre os objectivos, níveis, componentes e modalidades da Ensino Técnico-Profissional, falta

4
Estratégia do Ensino Técnico-Profissional em Moçambique (2002-2011). Mais técnicos, novas profissões e
melhor qualidade” Maputo. 200.
29

de quadros especializados, sistema de administração e gestão do ETP debilitados e bastante


centralizado/pouca autonomia para as escolas, falta de mecanismos de avaliação da aptidão
profissional e certificação das formações técnicas e profissionais e fraco envolvimento dos
parceiro sociais); e fraca qualidade e disponibilidade de recursos (pessoal docente - em 2000
somente 13,8% dos docentes tinham formação superior e 65,55 possuía formação psico-
pedagógica e técnica-administrativa, motivação dos docentes baixa - com salários baixos, sem
possibilidade de progressão na carreira, a não existência de um sistema de avaliação de
desempenho, condições materiais deficientes, infra-estruturas degradadas e equipamentos
obsoletos e a escassez de recursos financeiros e falta de mecanismos de financiamento que
assegurem a sustentabilidade do ETP5)

1.2 Ensino Técnico Profissional em Moçambique

A educação do ensino técnico-profissional, no nosso país está vocacionado para a aquisição


de competências conhecimentos, valores e atitudes os quais são necessários para os
aprendentes futuramente exercerem uma determinada profissão ou ocupação. Duma forma
geral, o mundo caracteriza-se hoje por uma série de profundas mudanças e inovações no
campo científico e tecnológico. As novas tecnologias que vêm sendo introduzidas ao nível do
país ao mesmo tempo significam oportunidades de aumento de melhoria da qualidade dos
produtos das empresas nacionais e por outro lado representam a imposição da necessidade de
aquisição de novos e diferentes conhecimentos e habilidades por parte dos trabalhadores. Esta
mudança produz transformações de grande alcance não apenas nas relações produtivas, tanto
na agricultura, industria e comercio.

MUHAMED (2003: 1) refere que:

Estudos anteriores mostram que a mão-de-obra nacional tem pouca qualificação e


constitui um obstáculo para crescimento das empresas. Este tem se socorrido da
contratação da mão-de-obra estrangeira para colmatar as suas lacunas de técnicos
qualificados e desenvolvidos em paralelo com os programas de formação e
treinamento que não se ajudam a estratégia do Ensino Técnico Profissional. Entretanto
os técnicos que saem das escolas técnicas e vocacionais não encontram
enquadramento no mercado de trabalho.

Segundo o estrangeiro do ensino técnico profissional (2002: 13), em Moçambique o ETP


compreende três níveis: o elementar, o básico e o médio. A duração dos cursos vária de três a
quatro anos de acordo com a área ou ramo e o nível. A organização curricular dos cursos

5
Estratégia do Ensino Técnico-Profissional em Moçambique (2002-2011). Mais técnicos, novas profissões e
melhor qualidade”, Maputo, 2001, p. 14-23
30

técnicos compreende quatro áreas: a formação geral, a formação básica, a básica específica e
a de especialidade).

Dentro das estratégias global do desenvolvimento da educação em Moçambique, o ensino do


técnico profissional tem merecido uma atenção especial embora o seu desenvolvimento
apresenta constrangimentos relacionados com currículos e gestão. Nos últimos anos, esta a
assistir-se em Moçambique, a uma rápida mudança sócio-económica. Em pouco mais de dez
anos, o país deu passos significativos, saindo de uma Situação de guerra para uma Situação de
paz, de uma economia estagnada de controlo centralizado, para uma economia de mercado de
crescimento económico acelerado. O Plano Estratégico do Ensino Técnico Profissional em
Moçambique (2002: 6) refere que:

O governo reconhece que as forcas de globalização e integração que caracterizam as


economias de todos os países do mundo farão com que a competição internacional seja cada
vez maior. Este processo impõe ao nosso país novos desafios na formação e qualificarão da sua
forca de trabalho para que as empresas nacionais passam competir no mercado internacional.

Segundo a Direcção Nacional do Ensino Técnico (DINET-2001: 4)

A implementação da estratégia deve ser para um funcionamento cada vez mais autónomo, mas
também mais comparticipado pelos empregadores e trabalhadores e pela sociedade civil em
geral, através de mecanismos juridicamente reconhecidos e legalmente estabelecidos.

A DINET reconhece a necessidade de reforçar e conduzir a implementação da estratégia,


garantindo a participação coordenada a atempada de todos os intervenientes e, desenvolvendo
os estudos e previsões necessárias a permanente adequação da formação as necessidades do
mercado de trabalho.

O prolongado período de ausência de um mercado concorrencial na esfera económica não


incentivou a procura de mão-de-obra profissionalmente cada vez mais competente. Esta razão
levou a que os empregadores prestassem menos atenção as questões da formação, passando a
ser quase que exclusivamente uma preocupação do estado. As instituições de formação
técnico-profissional não foram estimuladas a um diálogo permanente com o marcado de
trabalho no sentido de responder as necessidades e exigências requeridas. O seu parque
tecnológico tornou-se desadaptado e por vezes obsoleto e os instrutores deixaram de ser
confrontados com uma prática exigente.

A gestão do Ensino Técnico-profissional foi enfraquecida institucionalmente e anulou o seu


papel de coordenação, de regular/supervisão e de motivação do diálogo permanente com os
empregadores e com parceiros sociais. Segundo a DINET (2001: 11)
31

O ensino técnico-profissional actualmente providenciada em Moçambique não tem contribuído


de forma significativa para a solução do problema de empregos e auto-emprego. Porem, há
escolas e institutos técnico-profissionais que registam experiencias positivas de produção
escolar e de prestação de serviço, de gestão e de aproximação ao sector empresarial e que
podem ser consideradas como referencias a tomar.

Embora se reconheça as inúmeras dificuldades que o ensino técnico atravessa, há que referir
em parte aos esforços de iniciativa ao nível do contexto do seu funcionamento, a criação de
parcerias com as empresas e instituições, como é o caso do Instituto Industrial de Maputo,
Instituto Agrário de Boane, Escola Industrial e Comercial da Matola, Instituto Agrário de
Chimoio que como outras escolas procuram auto-sustentabilidade em troca de prestação de
serviços com as empresas e produção escolar.

1.3 Pontos críticos das instituições que leccionam o ensino técnico-profissional

Um dos principais pontos críticos do funcionamento das instituições de formação da função


publica, depreende-se pelo facto de os currículos não satisfazerem as exigências actuais do
mercado e de não estarem criados os instrumentos legais nem os mecanismos institucionais
que assegurem a coerência e a sinergia ente os diferentes actores do processo formativo e que
estabeleçam os diferentes objectivos e campos de acção, do Ensino Técnico-profissional e da
formação profissional. Isto se deve ao facto de ainda não haver uma estratégia claramente
definida para o desenvolvimento das competências e habilidades dos cidadãos de modo a
aumentar a sua empregabilidade e a sua ocupação activa na vida económica e social. Falta a
necessidade coordenação e laboração conjunta entre as instituições que tutelam a educação e o
trabalho e entre estas e todos quantos se encontram envolvidos nas acções de formação.
Portanto a falta de gestão enfraquece o progresso do ensino técnico.

MINED-DINET (2001:12) no Seminário Nacional de Consulta Publica, reconheceu que não


estão criados os mecanismos que facilitem a participação dos parceiros sociais no processo de
tomada de decisão sobre a Educação Técnico-profissional e no processo do seu
funcionamento e gestão. Como consequência, as exigências do mercado de trabalho não estão
reflectidas na estrutura das especialidades que se oferecem nas acções de treinamento, nem
nos currículos cursos oferecidos. O actual Ensino Técnico-profissional foi configurado a dar
respostas a uma demanda estatal, numa época de uma economia centralizada. O país vive uma
transição para uma economia de mercado que coloca fortes problemas de adequação da
formação a um mercado de trabalho dinâmico e diversificado, que vai registando mudanças
constantes e rápidas.
32

Segundo o Plano Estratégico da Educação MINED-DINET (2001: 12), os cursos ministrados


parecem não corresponderem as competências profissionais procuradas pela maioria das
empresas nacionais e estrangeiras, havendo áreas de formação que não preenchem os
requisitos da formação. Verifica-se que a maioria dos graduados, especialmente do Ensino
Básico Técnico-profissional, não encontram facilmente emprego que corresponda as sua
habilidades e as suas especialidades d formação. Faltam mecanismos que possam promover a
adequação da formação ao mercado de trabalho. Por um lado, não esta criado qualquer
mecanismo de monitoria e sistematização das necessidades da formação e, por outro, não
existem serviços de orientação profissional. Os estágios em empresas são escassos e não se
faz do sistema de aprendizagem previsto na lei, para a inserção dos graduados no mercado de
trabalho uma vez terminada a sua formação.

Esta Situação resulta Ada combinação de vários factores, nomeadamente, a gestão das
instituições de ensino, a qualidade dos professores pela fraca experiencia como docentes, a
qualidade dos programas e duração dos cursos, a metodologias de ensino, carência de material
didáctico, turmas com muitos alunos (em media 40 a 45 no primeiro ano do ensino técnico)
além dos aprendentes revelarem a fraca preparação nos níveis de ensino precedentes.

1.4 Perspectivas do Desenvolvimento do Ensino Técnico Profissional

O Ensino Técnico-profissional e a formação profissional são instrumentos fundamentais para


o desenvolvimento das políticas desenvolvimento dos recursos humanos no país, uma vez que
a qualidade da força humana é o garante do desenvolvimento da economia. Para melhor
responder as oportunidades de emprego e de negócios, as estratégias para a sua organização e
desenvolvimento, com vista ao aumento das competências profissionais dos cidadãos, exigem
a unicidade do mercado de trabalho com os provedores da formação.

A estratégia de desenvolvimento do Ensino Técnico-profissional (2001-2011), identificou três


aspectos dos seus desafios para materialização dos seus objectivos:

 Expansão do acesso;
 Melhoria da qualidade da educação;
 Desenvolvimento institucional.

A estratégia inclui acções prioritárias, com vista a integrar todos os esforços de formação para
responder de maneira adequada aos desafios que lhe colocam e equipar os Moçambicanos
com as competências profissionais necessárias nos diferentes sectores económicos e sociais.
33

O desenvolvimento dos recursos humanos constitui a chave de todo o desenvolvimento


económico e social. Nesta perspectiva, o Ensino Técnico-profissional para o efeito devera
contribuir para a satisfação da procura de habilidade e competência profissionais no mercado
de trabalho, que resulte no aumento dos níveis de produtividade e de rendimento das
indústrias e serviços.

Devera igualmente proporcionar os jovens e adultos, para os quais muitas vezes não existem
vagas no mercado de trabalho formal, habilidade e capacidades para desenvolverem
iniciativas singulares de empreendimentos económicos de pequena e media escala.

A formação de profissionais qualificados a todos os níveis devera resultar de consensos entre


o governo e os parceiros sociais e duma planificação cuidadosa, a outra, médio e longos
prazos. De forma a materializar a visão do ensino Técnico-profissional, o MINED-DINET no
plano Estratégico do Ensino Técnico (2001-2011) apresenta uma estratégia que assenta sobre
cinco linhas prioritários de intervenção, a saber:

a) Enquadramento legal, normativo institucional;


b) Desenvolvimento e valorização dos recursos humanos, pedagógicos e científicos;
c) Renovação e ampliação de rede de escolas e institutos;
d) Criação de interfaces entre o sistema de formação Técnico-profissional e o mercado de
trabalho;
e) Aumento e diversificação das fontes de financiamento.

Porem, o ensino técnico devera garantir a formação e o fornecimento da mão-de-obra


altamente qualificada para responder as necessidades do desenvolvimento económico e social,
promovendo a comparticipação de todos os parceiros sócias. Contribuir para uma cidadania
activa e produtiva e para melhor qualidade de vida promovendo competências profissionais,
através de um Ensino Técnico-profissional e acções de formação profissional, num sistema
articulado, flexível e coerente, com a comparticipação de todos os parceiros sócias. Com esta
visão o Ensino Técnico-profissional desenvolver-se-á em articulação com o mercado de
trabalho, procurando valorizar os recursos humanos, capitalizando as suas aptidões,
experiencias e conhecimentos adquiridos na prática produtiva.

Desenvolvera também capacidades de participação activa na vida cívica, promovendo a


comunicação e o diálogo que conduz a uma comparticipação de todos os parceiros sociais, no
desenvolvimento de um sistema articulado de Ensino Técnico-profissional e Formação
34

Profissional que possibilite aos cidadãos a aquisição de competências profissionais. Assim,


contribuindo para a elevação da produtividade da economia e da qualidade de vida.

Os estudos do Banco Mundial (2004) revela que o Banco Mundial ajuda ao Governo de
Moçambique a identificação dos pontos chaves da reformas e investimentos para o sistema de
educação técnica vocacional e treinamento responder efectivamente as habilidades necessárias
para a oportunidade de emprego no mercado de trabalho. Os mesmos estudos, identificaram
os pontos principais de aumento de qualidade e relevância de formação, como sendo reformas
dos níveis curriculares, treinamento de professores e avaliação do ensino e material de
aprendizagem.

1.5 O Subsistema do Ensino Técnico Profissional

Um sistema nacional de educação é um dos investimentos de longo prazo que mais influencia
o desenvolvimento de uma nação, pois é ele que garante a criação de uma massa crítica
nacional, reforçando os valores da cidadania consciente e, consequentemente, a capacidade de
intervenção responsável do indivíduo e da colectividade na busca do desenvolvimento
sociocultural, económico e da sustentabilidade ambiental (ROCHA, 1987:60).

O sistema de educação determina também a relação que surge entre o cidadão e o Governo,
dando espaço a um debate à volta das questões políticas numa busca comum pelas soluções
dos problemas que o País enfrenta ou, pelo contrário, conduzindo para uma situação em que o
cidadão se mantém silencioso perante o seu Governo, nutrindo frustração e revolta (Ibdem).

Falar, por isso, de um sistema nacional de educação é falar também de poder ou da ausência
do mesmo, em particular quando o sistema educativo não responde à sua função essencial que
é a de aumentar a capacidade de intervenção dos seus cidadãos. Esta capacidade só poderá ser
potenciada se o sistema educativo aumentar o conhecimento na sociedade, aumentar a
capacidade de compreensão e reflexão dos cidadãos, o reforço de valores de cidadania, e a
criação de uma cultura que promove a competência, e a utilização do saber e da sabedoria no
seio da sociedade.

1.6 Reflexão sobre o curso nocturno no ensino técnico profissional

Não existe uma definição e uso universal de categorias de jovens e adulto. De acordo com
Torres (2002), considera adultos os que tenha uma idade superior a 18 anos. A Educação de
35

Adultos no Ensino Técnico-profissional em Moçambique não esta longe deste padrão de


Classificação, sendo representada pelo que tradicionalmente se chama curso nocturno, ensino
de aprendizagem direccionado aos estudantes jovens e adultos que estando a trabalhar nas
suas empresas ou instituições e que necessitando de continuar com os seus estudos ou elevar o
nível dos seus conhecimentos e suas habilidades profissionais, ingressam nas escolas técnicas,
como é o caso da Escola Comercial de Maputo, cujo nivelo de ingresso a 7ª classe do ensino
geral.

Os programas do ensino do curso diurno e nocturno, outrora, eram diferentes em termos de


abordagem dos programas, mas actualmente não há diferença. Segundo o plano de estudos em
vigor, não constam os estágios dos finalistas nas empresas nem qualquer parceria com as
instituições. O curso nocturno estava concebido para aprendentes adultos que estando em
actividades laborais pretendiam formar-se para técnicos básicos de contabilidade após terem
concluído o nível da 7ª classe no ensino geral.

Actualmente os alunos são de grupos etários diferentes pela dificuldades dos jovens
conseguirem vagas no regime diurno, variando entre as idades a partir de 16 anos até mais de
35 anos.

De modo que tenham as mesmas habilidades e conhecimentos entre aprendentes diurnos e


nocturnos, levou a que os exames fossem os mesmos. Para dar igual a oportunidade de
habilidades e conhecimentos suficientes para a continuidade dos estudos em iguais
circunstâncias por estudantes tanto do curso diurno como nocturno. Para uma reflexão sobre a
educação de adultos no contexto do tema em estudo e da problemática de aprendizagem de
adultos em geral, é pertinente conceptualizar a questão da educação de adultos. Segundo a
declaração de Hamburgo (CONFINTEA, 1997:56).

Por Educação de adultos entende se como um conjunto de processos de aprendizagem, formal


ou não formal, no qual as pessoas cujo entorno social consideram adultos, desenrolam suas
capacidades, enriquecem seus conhecimentos e melhoram suas competências técnicas e
profissionais e reorientam a fim de entender suas próprias necessidades e da sociedades.

No ensino técnico a muitos adultos o que torna muito importante tornar a aprendizagem
baseada nos métodos de educação de adultos sobre tudo nos cursos nocturnos. Segundo a
globalização e em países em via de desenvolvimento exige que os formam devem tomar em
conta as metodologias de educação de adulto. Os objectivos da educação de adultos e jovens,
considerada como um processo que dura toda a vida, reforçam a autonomia e a capacidade
36

para enfrentar as transformações da economia e da sociedade em geral e em especial para


auto-emprego e participação activa na tomada de decisões.

1.7 Diferentes visões sobre a formação técnica profissional

De forma geral a organização do ensino técnico profissional não e uniforme em todos os


países do mundo deferindo de acordo com o0 contexto do desenvolvimento económico de
cada pais e as políticas traçada. MARTINS (1999: 95) afirma que: os sistemas educativos, em
geral e os da ensino técnico profissional, em particular, não tem dado as respostas as
necessidades dos sistemas em que se inserem, mostrando-se igualmente desadequados as
condições e aspirações da população estudantil. De acordo com este autor, fica claro que a
formação técnica de forma geral encontra obstáculos pelo facto de as novas tecnologias e
novas introduzidas nas empresas e instituições como resultado do processo de globalização
não acompanharem o processo da formação profissional, ou seja, a inexistência da
interligação entre a formação e o mercado de emprego. UNESCO (1989), Citado por
MARTINS (1999: 95), refere que os limites da realização dos sistemas educativos, são de
três níveis:

Desadequação entre a formação que neles é fornecida aos alunos, as exigências dos sistemas
produtivos e tecnológicos cada vez mais complexos e sujeitos a fortes mudanças-mutações;
oferta em qualidade e quantidade pelos diferentes ciclos de ensino, sobretudo o superior,
bastante limitadora das aspirações da população estudantil, a qual se vem obrigada a desistir do
sistema educativo ou a seguir vias não desejadas; e aspecto que marca negativamente os
sistemas educativos: elevadas taxas de reprovação, repelência e abandono escolar.

É neste contexto global que se circunscreve a formação técnica profissional, em que dela se
esperam respostas a uma multiplicidade de problemas, na perspectiva de que a formação
possa contribuir para o desenvolvimento económico, suprir as necessidades de sistema de
emprego de nível intermédio, minimizar o desemprego, contribuir para o avanço tecnológico
e sua continua evolução.

Com ensino técnico profissional é hoje entendido como um dos factores essenciais de
adaptação das empresas as novas condições tecnológicas, económicas e sociais. De acordo
com a forma como se perspectivam as tecnólogas, os currículos mudam, assim se equacionam
o papel da educação. Martins (1999: 100), anota que:

Numa visão optimista das tecnologias, a evolução das tecnologias e a educação técnico
profissional é vista como um processo imparável e sua inovação deve ser incrementada na
medida em que se lhe atribuem capacidade de proporcionar benefícios em prol de todos. O
ensino técnico profissional deveria ser, nesta concepção, direccionado para criar, desenvolver e
manipular as tecnologias diluir os obstáculos a sua implantação. Em Situação oposta a visão
37

optimista, posiciona-se a visão pessimista, onde as tecnologias são a causa não só de um


desemprego mas também de uma das qualificações permanente.

O caso de Moçambique, as tecnologias e a educação (ensino técnico profissional) são


processo sem fim e de inovação e que a sua evolução deve ter em conta o benefício de todos
como refere a visão optimista. Na visão pessimista, as tecnologias provocam um estar dos
trabalhadores pelo desemprego que estas criam. Pelas perspectivas dessas visões cada uma
delas tem ponto de vista tanto quanto aceitável, mas a melhor reflexão seria a integração
destes pressupostos que formam a que as tecnologias não possam trazer as consequências
negativas.

Uma questão que importa referir é que os sujeitos tem de desempenhar as suas funções
profissionais em ambientes tecnológicos cada vez mais complexos, quer porque, no mesmo
espaço, tende a existir tecnologias de diferentes gerações onde a sua substituição, é contínua,
quer porque as tecnologias se modificam constantemente no sentido de se adaptar a Situação
muito diversas, tornando se este processo bastante heterogéneo. Martins (1999: 101), afirma
que:

As exigências feitas as organizações, (locais de ensino) são de tal forma intensas que o ensino-
formação não deve ter em vista apenas uma adaptação ao evoluir das tecnologias e dos
processos de trabalho mas, ao contrario, deve procurar também engendrar novas atitudes e
novos saber no sentido de os agentes serem elementos transformadores da realidade onde se
inserem.

A evolução das tecnologias de forma heterogénea conduz a que elas estejam presentes em
todos os domínios, alargando o leque do campo de acção dos actores envolvidos nos
diferentes níveis de produção (aplicação, adaptação, controlo e utilização).

1.8 Realizações no ensino técnico profissional face aos objectivos do milénio em


Moçambique

Continuação de aplicação de um sistema de incentivos que visa um maior equilíbrio entre o


género e evite a exclusão nas instituições: Iniciou a formação de professores do Certificado B
envolvendo 34 docentes oriundos de todas as províncias Com vista a assegurar o
desenvolvimento profissional contínuo dos professores que estão a implementar as
qualificações no contexto da Reformada Educação Profissional, foram realizadas durante
o ano de 2012 acções de capacitação pedagógica dos professores, que resultaram na formação
de cerca de 167 formadores dos ramos agrário, industrial e comercial dos institutos
localizados nas províncias de Inhambane, Zambézia, Nampula, Cabo Delgado e Lichinga.
38

Foram recrutados 152 novos docentes para o ETP em diferentes províncias. No âmbito
da parceria com Portugal, foram formados 19 professores em diferentes áreas para as Escolas
Profissionais. Destes até agora 11 foram recrutados. No âmbito da cooperação com a
Alemanha foram capacitados 24 professores em exercício na Alemanha, 25 professores em
exercício foram capacitados em pedagogia vocacional e currículos baseados em competências
na área em estudo. Ainda em 2011 teve inicio o processo de elaboração do estatuto do
formador da educação profissional e o desenvolvimento da qualificação para afirmação
pedagógica dos instrutores, assim como Criação de uma comissão técnica como resultado
dum encontro interinstitucional entre os actores relevantes da formação de formadores. O
ensino técnico profissional, depara-se com o fenómeno da concorrência do sector privado, que
atrai os professores qualificados.

O MINED colocou em 2010 cerca de 17.5 Milhões de Meticais para aquisição de


equipamento diverso para as instituições do ETP (Equipamento Informático, Agrícolas e
meios circulantes). Através dos fundos do ADE, as escolas podem adquirir materiais e
consumíveis para melhorar a formação e a prática dos alunos. Em geral faltam recursos
financeiros no nível das escolas; facto que levou Ministério da Educação, a aprovar o novo
regulamento que permite mais autonomia as escolas, e que prevê a aquisição autónoma de
recursos. Mas o regulamento ainda não está sendo implementado porque a nova lei da ETP
ainda não foi aprovada pela assembleia.

Segundo a direcção da educação da Cidade da Beira, os estudantes das instituições que


implementam o Sistema Nacional de Qualificações beneficiam de um curriculum baseado em
padrões de competências que são determinadas pelo sector produtivo. Está em fase final
de elaboração o Quadro Nacional de Qualificações que cobre todos os níveis de ensino geral e
de formação profissional formal e não formal. A fonte avançou ainda que estão a ser
realizados encontros com as Direcções de Administração das Qualificações, e Direcção de
Garantia de Qualidade no processo de uniformização regional do Quadro Nacional das
Qualificações Profissionais. A orientação Profissional e Vocacional são feitas com todas
as dificuldades que um processo destes acarreta. Tem sido feita em termos de se divulgar
cursos que a escola oferece junto às escolas que preparam os potenciais candidatos aos cursos
técnicos. Esta acção acontece em quase todas Escolas do ETP, do Ensino Técnico e nos finais
do ano lectivo.
39

O Capítulo a seguir traz informações que demonstram o contributo da educação para o


desenvolvimento na vertente do ensino Técnico Profissional, como também a relevância do
Instituto Industrial e Comercial da Beira no desenvolvimento socio-economico da respectiva
Cidade. Assim como os resultados da entrevista sobre a contribuição do ensino técnico
profissional para o desenvolvimento da Cidade da Beira.
40

CAPÍTULO II – O Historial do Instituto Industrial e Comercial da Beira. Sua Criação,


Realizações, e o Desenvolvimento sócio-económico da Cidade da Beira 2008-2013.

O desenvolvimento da educação anda, igualmente associado à política de ensino e de


formação dos recursos humanos, as mudanças sócias e à evolução da nossa sociedade e da sua
entrada na era conhecimento. Deste modo faz sentido a afirmação de DELORS (1996: 36) de
que “a educação tem, sem dúvida, um papel importante a desempenhar, se se quiser dominar
o desenvolvimento do entrecruzar de redes de comunicação que, pondo os homens a escutar-
se uns aos outros, faz deles verdadeiros vizinhos”. Note-se, contudo que, em sociedades
marcadas por um crescimento contínuo da sua população, a expansão dos sistemas educativos
tem constituído uma pesada carga financeira para todos os governos e, em particular, para os
dos países em vias de desenvolvimento.

Este fenómeno exige um forte acréscimo de investimentos, que os economistas dignam por
investimentos demográficos, os quais pesam sobre o rendimento nacional, no sentido de
permitir o acréscimo da população escolar e a manutenção do nível de vida da população. Na
Cidade da Beira é notável a expansão da rede de escolas públicas assim privadas mas ainda
verifica-se um défice de recursos humanos qualificáveis, existem escolas técnicas mas na sua
maioria são providas de formação teórica, isto leva a desqualificação dos recursos humanos
formados por essas escolas já que o mercado do trabalho exige pessoas com capacidades
teóricas e práticas. O Desenvolvimento da Cidade da Beira passa também pelo
desenvolvimento do Factor Humano (individuo), isto porque uma cidade é desenvolvida por
indivíduos, não existe um desenvolvimento de uma cidade sem que os habitantes da mesma
não estão estejam com formação de qualidade, razão pela qual o desenvolvimento da cidade
da beira depende da formação dos seus citadinos.

2.1 O Instituto Industrial e Comercial da Cidade da Beira.


O Instituto Industrial e Comercial da Beira (IICB) é uma instituição de ensino técnico
profissional de nível médio, cuja vocação é a formação de técnicos médios para os sectores
industrial e de administração e comércio.
Para a prossecução dos seus objectivos, o IICB, mercê de um projecto financiado pela ASDI
(Agencia Sueca de desenvolvimento Internacional) dispõe de equipamento oficinal e
laboratorial moderno. Por outro lado, dispõe de um corpo Docente com uma sólida preparação
41

em matérias que vão desde métodos pedagógicos modernos, até as mais actualizadas
tecnologias mundialmente empregues.

Actualmente, são ministradas neste estabelecimento de ensino técnico profissional as


seguintes especialidades, Mecânica Geral, Sistemas Eléctricos, Industriais, Vias de
Comunicações, Técnicos de contabilidade, Electrónica, Técnicos aduaneiros assim como
decorre a promoção de cursos especiais a pedido de eventuais e interessados atreves da CIP.

No entanto, para o ingresso a este instituto, anualmente, realizam-se exames de admissão


previamente anunciados pelos órgãos de informação locais das seguintes cadeiras básicas:
Cursos Industrias: Matemática, Física e Desenho e Cursos Comercias: português e
Matemática. Para se candidatar aos exames de admissão, os alunos devem ter concluído o
nível básico geral. Técnico profissional ou equivalente. Os graduados de 12ª classe do ensino
geral ou equivalente, estão isentos de exames de admissão, bastando-lhes apenas requerer
vaga ao senhor director do IICB, durante o período em que decorrem inscrições para exames
de admissão.

2.2 Criação
Foi inaugurado a 11 de Outubro de 1969, funcionava apenas com professores estrangeiros
sem nenhum Moçambicano, como professor ou mesmo a desempenhar qualquer função, o
instituto funcionava na altura com 5 turmas compondo 4 cursos e cerca de 30 professores, os
cursos leccionados eram carpintaria, electricidade, construção de estradas e pontes e
mecânica.
Portanto, depois da independência, e com o desequilíbrio que se registou a nível do país em
todos os sectores aonde a educação técnico profissional e em particular o instituto industrial e
comercial da Beira não foi excepção, os professores que compunham o instituo na altura
começaram a abandonar a instituição de volta as suas origens predominantemente em
Portugal.

Face a isto, o instituto foi obrigado a fechar já nos meados do ano 1976, tendo a instituição
passado por vários momentos de marginalização e abandono quase total e completo, facto que
levou já o governo dirigido pela Frelimo a reabrir a instituição em 1983, concretamente no dia
18 de Abril de 1983, este funcionava apenas com duas especialidades, apenas no curso Diurno
e englobava 70 alunos e cerca 15 professores aonde cerca de 55 por cento dos possessores
42

eram estrangeiro e restante era Nacional. O instituto começa a implementar o curso nocturno a
partir dos anos 90. Tendo funcionado com 3 turmas durante este período.

Vista frontal do Instituto Industrial e Comercial da Beira.

Fonte: (IICB).

2.3 Explicação da direcção do Instituto Industrial e Comercial da Beira


Segundo Rogério Duarte, Director Pedagógico desta Instituição, o instituto industrial e
comercial desde 2008 começa a pressentir-se com a entrada dos Mega Projectos em
Moçambique e especialmente na cidade de Beira. Apesar de alguns megas já se terem
instalado na cidade antes dessa data. A instituição viu-se a incrementar política de formação
para responder o mercado de trabalho que passou a se mostrar sedento de recursos humanos
que já precisariam. Uma das politicas foi a implantação dos cursos técnicos de curta duração,
curta duração significa dizer que passamos a incrementar cursos de um ano e meio e outros de
seis a três meses tendo em conta que os cursos normais Durão precisamente 3 a 4 anos entre
Diurno e Nocturno respectivamente.
A nossa globalidade em termos de formação, fomos obrigados a aumentar devido a pressão
das empresas que tem vindo a solicitar quadros na nossa instituição pois que mesmo o
instituto similar de Maputo e Nampula também não conseguem responder com as
necessidades do mercado exigido pelo empresariado.
43

Em termos de enquadramento dos graduados após a formação, o instituto industrial e


comercial da Beira tem contactos com todas empresas da cidade e não só, que anualmente tem
procurado junto ao nosso instituto quadros já graduados ou que ainda estão em formação do
3º ano no caso do curso diurno e 4° ano no curso nocturno. Algumas entidades empregadoras
têm optado por reter os estudantes no âmbito do estágio que os nossos estudantes têm tido
junto as empresas, o que de uma forma leve tem influenciado no aproveitamento pedagógico
dos alunos.

É só observar por exemplo, um estudante dos cursos que aqui leccionamos que por
característica dos cursos são obrigados a permanecer por vezes todo dia na instituição, só com
apenas um intervalo as 12 horas, porem este estudante sendo funcionário duma determinada
empresa que também lhe ocupa devido o carácter do serviço que este presta na empresa. Com
certeza o estudante automaticamente fica de certo ponto prejudicado com as aulas na sua
continuidade formativa. Ressaltou Rogério Duarte.

Portanto é preciso realçar que mesmo com esta forma de trabalhar que as empresas têm
enveredado, e que em poucas vezes nos temos concordado, temos realizados encontros com as
empresas com vista a colmatar-mos tais situações, no sentido de disponibilizar-mos para esse
efeito só estudantes finalistas do 3º ano de cada curso, dependendo das vagas solicitadas pela
empresa. Porque nos também reconhecemos a nossa fraca disponibilidade de oferta de técnicos
para dar respostas as solicitações.

Com frequência as empresas que temos recebido convites de ofertas de vagas, entre tantas
podemos mencionar a Vale Moçambique, Rio Tinto, Electricidade de Moçambique essas duas
últimas são mineradoras, temos também CFM, empresas de construção civil carpintarias
Bancos comerciais e tantas outras. A s mineradoras assim como CFM têm precisado com
frequência mecânicos electricistas, técnicos electrónicos e outras especialidades. A
electricidade de Moçambique solicita técnicos de eléctricos e por vezes contabilistas ou seja,
técnico de contas. No caso das empresas de construção solicitam funcionários técnicos da área
de construção de estradas e pontes.

No tocante aos números de formação, o instituto industrial e comercia da beira avançou-nos


seguinte dados, desde 2008 com a intensificação das formações aqui nesta instituição o
número de estudantes concorrentes, admitidos, frequentais e graduados aumentou. Em
consequência disso também o quadro Docente aumentou gradualmente, acompanhando
sempre a evolução dos números percentuais da nossa capacidade.

Vejamos que antes de 2008 funcionávamos com cerca de 120 professores mas até então já
estamos com 167 professores de diversas áreas de formação, que na globalidade tem a nobre
44

missão de atender 57 turmas divididas em Diurno e Nocturno, sendo 30 turmas no período


Diurno e 27 no período Nocturno. Estes englobam todos os cursos, isto é, todos os cursos que
existem no período Diurno também existem no período Pós laboral, apesar de a sua transição
não ter sido simultânea, foi um processo gradual.

Em termos de proveniência de professores actualmente não temos nenhum professor


estrangeiro, todos são Nacionais e estão divididos em sete especialidades, desde mecânicos,
electricistas, electrónicos, construção civil, contabilistas, ciências sociais porque temos
também estes que leccionam disciplinas como História Geografia e outras, como serralheiros
pintura auto e mais.

Desde 2008 a 2013 concorreram em todo país e a nível internacional, nomeadamente Malawi
e Zimbabwe, para ingressarem ao Instituto Industrial e Comercial da Beira cerca de 25765
candidatos, mas destes, só a nível da Cidade da Beira concorreram 15030 candidatos de vários
cursos aqui oferecidos para ingressarem no Instinto Industrial e Comercial da Beira, desde
Diurno e Nocturno respectivamente.

Concretamente no ano 2008 na totalidade de cerca de 3526 candidatos inscritos no universo


de todo País, 1877 foram só da cidade da Beira, deste número admitiram 408 para todos
cursos, a Cidade da Beira registou em termos de admissão ao Instituto Industrial e Comercial
da Beira 134. Os candidatos na globalidade foram distribuídos em 8 turmas entre diurno e
nocturno. Para o ano de 2008 em termos de graduações o IICB teve 163 graduados, deste
grosso cerca de 144 foram ao mercado de trabalho, solicitados por várias empresas e o
restante foram para o auto emprego por iniciativa própria. Não por falta de vagas.

Para o ano 2009, concorreram para ingressarem ao IICB, na totalidade de 3127 candidatos
para todos cursos e todos turnos, aonde 1911 eram todos da cidade da Beira, tendo sido
admitidos 419 para todos os cursos, e destes 120 eram provenientes da Cidade da Beira. No
tocante as graduações tiveram cerca de 186 graduados para todos cursos, sedo englobados
para o mercado de emprego 166 graduados o restante decidiu por conta própria ingressarem
ao mercado informal e ao auto emprego.

Para o ano 2010, tivemos como concorrentes para o ingresso ao instituto a nível global, isto
é, em todas as províncias do país 4211 candidatos, a concorrerem para todos os cursos e
especialidades, assim como os períodos Diurno e Nocturno. Especialmente na cidade da Beira
inscreveram-se para o concurso nesta instituição de ensino 2279 candidatos. Para a
45

globalidade de concursos foram admitidos e ingressados para frequentar os cursos 512, sendo
166 Citadinos Beirenses em formação. Em termos de graduação, em 2010 o Instituto
Comercial e Industrial da Beira graduou 181 estudantes, tivemos como resposta a solicitação
a vagas para emprego 146 graduados disponibilizados pelo IICB, tendo o restante voltado aos
seus postos de trabalho normais e outros iniciados o seu próprio auto emprego.

Já em 2011, os concorrentes foram na sua globalidade 4362 também em todo país, e em


especial para a cidade da Beira foi de 2613, destes 174 foram admitidos a partir da Cidade da
Beira, tendo sido admitido ao número total 512 estudantes. Houve como graduados 194
formados, 174 colocaram-se no mercado e o restante foi abraçar o auto emprego.

No ano 2012, os concorrentes globais atingiram a fasquia de 5200 candidatos inscritos em


todo território nacional, mas em casos muito isolados recebemos candidaturas de estudantes
estrangeiros como Zimbabwe e Malawi, que também desejaram frequentar cursos técnicos
oferecidos pelo Instituto Industrial e Comercial da Beira. Habitualmente para a cidade da
Beira tiveram 2877 concorrentes. Do número global foram admitidos 618 estudantes
divididos em 11 turmas, destes 207 provinham da Cidade da Beira, e em todos os períodos,
laboral e pós laboral. Continuo Duarte.

No tocante as graduações, tivemos 256 graduações, sendo deste número cerca de 230
empregada ao mercado de trabalho e o restante recorrido ao sector de auto emprego.

E concretamente ao ano 2013, o nosso entrevistado avançou que registaram 5339 inscrições
concorrentes de todas as províncias do país com maior enfoque para a região sul do país. A
cidade da Beira teve 3473 candidatos, desde os graduados do ensino básico técnico e médio
geral. Deste número de concorrente, o IICB admitiu para o seu quadro estudantil 622, neste
número, a cidade da Beira Participou com 221 estudantes divididos em 12 turmas, os cursos
com maior incidência foram mecânica e contabilidade. E para o caso dos graduados em 2013,
tivemos 251 graduados em todos os cursos e turnos, tendo mais de 238 graduados ingressados
no mercado de trabalho predominantemente nas empresas mineradoras e CFM e o restante
optou por auto emprego e reintegração nos seus locais normais de trabalhos.

De realçar que segundo o nosso entrevistado, o instituto se esforça em aumentar as turmas e


ingressos em ordem de 2 turmas ano com vista a tentar responder a demanda imprimida pelas
empresas, visto que mesmo os restantes institutos espalhados pelo país não tem conseguido
cobrir o número desejado pelas empresas a seus variados níveis. Salientando que a questão de
46

resposta a procura e oferta de técnicos formados neste instituto tende a ser fraco no fim das
graduações porque nem todos os estudantes que ingressam no instituto é por falta ou estão a
procura de oportunidade de emprego, alguns já são enviados pelas empresas desde públicas e
privadas para o fim de capacitar os seus funcionários. E na hora de se fazer a contabilidade
final encontramos este impedimento apesar de não ser em um número grosso mas sempre
ressente-se a tal facto. Contudo o ensino técnico profissional é de facto uma grande
oportunidade de desenvolvimento pessoal e Nacional. Só não trabalha quem não quer …
enfatizou Rogério.

Os dados do quadro e do gráfico a seguir ilustram de uma forma resumida os avanços em


torno da formação técnico profissional do Instituto Industrial e Comercial na Cidade da Beira,
assim como a empregabilidade dos formandos de acordo com a necessidade do mercado
consumidor desta mão-de-obra.

Tabela 1: Ordem do fluxo dos cidadãos a acessibilidade ao (IICB) por ano. (2008-2013).

Ano Concorrentes Admitidos Graduados Empregados


(Beira)

2008 3526 408 163 144

2009 3127 419 186 166

2010 4211 512 181 146

2011 4362 512 194 174

2012 5200 618 256 230

2013 5339 622 251 238

25765 3091 1231 1098

Fonte: Dados fornecidos pelo Instituto Industrial e Comercial da Beira – 2015.

O gráfico de Barras a seguir ilustra de forma clara o número de estudantes inscritos por ano e
a respectiva graduação assim como a sua própria inserção no mercado do trabalho.
47

Gráfico 1: Ilustra a evolução gráfica dos candidatos ao (IICB) por ano. (2008-2013).

Fonte: Autor, 2015

Analisando o gráfico percebe-se há uma ligeira evolução em termos de estudantes inscritos,


dos graduados, o que oscila é a inserção no mercado do trabalho, visto que alguns optam por
auto emprego e outros são inseridos nas pequenas e grandes empresas nacionais, como os
Caminhos de Ferro de Moçambique, A mineradora Vale – Moçambique, assim como algumas
carpintarias espalhadas pela Cidade da Beira.

2.4 Enquadramento do CIP


C.I.P. é o centro de inserção profissional e, destina-se a criação de uma ligação permanente
entre o Instituto Industrial e Comercial da Beira. E os sectores de produção, com vista a
apoiar os recém graduados, para uma mais fácil inserção no mercado de trabalho, promover
cursos de curta duração, promover a produção escolar e garantir a manutenção do Instituto.
48

2.5 Os Nossos Cursos


2.5.1 Mecânica geral
O graduado nesta especialidade esta dotado de conhecimento, habilidades para a execução e
concepção de projecto para a confecção de pecas de máquinas, operação com diversos tipos
de máquinas e ferramentas, projecção de instalação de máquinas, execução de diversos tipos
de soldadura, execução de diversos tipos de tratamentos térmicos e termoquímicos e outras
tarefas.
2.5.2 Sistemas Eléctricos Industrias
O graduado nesta especialidade encontra-se capacitado a levar a cabo, de entre outras,
actividades como: operações automáticas e manutenção de sistemas eléctricos industrias,
estudo das características das máquinas eléctricas, metodologia de localização de avarias,
operações com sistemas de controlo electrónico indústrias, projecção e execução de
instalações eléctricas industriam e residências.
2.5.3 Estradas e pontes
Dirigido especificamente para se enquadrar no actual contexto nacional, o graduado, nesta
especialidade, joga um papel preponderante na reconstrução e desenvolvimento do pais,
estando dotado de conhecimento sólidos, hábitos e habilidades, para a concepção, construção
manutenção e reparação de pontes, estradas, linhas de caminho-de-ferro, pistas de aterragem
2.5.4 Técnicos de edifícios
O graduado nesta especialidade, está capacitado, de entre outras actividades a concepção e
construção de edifícios públicos escolas, hospitais, residências, concepção e construção de
edifícios indústrias fábricas, oficinas, concepção e construção de edifícios especiais (quartéis,
cadeias, centros de incineração etc.
2.5.5 Técnicos de contabilidade
O graduado nesta especialidade, para além de noções de direito comercial, legislação,
organização e administração de empresas, matemática financeira, estatística económica, está
dotado de conhecimento teóricos práticos que o habilitam a organizar serviços contabilísticos,
executar serviços contabilísticos, fiscalizar serviços contabilísticos, auditoria, etc.
2.6 Avaliação alguns aspectos de relevante importância
O processo de ensino aprendizagem no Instituto Industrial e Comercial da Beira, à
semelhança de outras instituições similares, é regido por um regulamento de avaliação, do
49

qual transcrevemos alguns excertos, por nos assim julgados, merecedores de destaque a que
darão ao futuro candidato uma luz ainda que pálida que permitira vislumbrar o terreno.
Porém, existe um regime de precedência integralmente as actividades lectivas, o aluno pode
inscrever-se para prestar exames como externos, para cálculo da nota final, a media anual é
multiplicada por dois, o que traz largas e inúmeras vantagens ao discente, o aluno frequenta
um estagio pratico de três meses em unidade de produção, onde se entra em contacto directo
com a realidade laboral, preparando-se efectiva e conscienciosamente, para uma fácil inserção
no contexto sócio profissional.

2.7 O Futuro do graduado no Instituto Industrial e Comercial da Beira


É, pois, fácil, depreender que amplos horizontes se delineiam e tomam forma consistente,
largos caminhos se abrem para o futuro profissional do nosso graduado, em todas as esferas
da sociedade e da actividade industrial, comercial e empresarial do país e não só qual, afinal o
verdadeiro, o mais sólido e seguro caminho rumo ao progresso, senão a ciência e a técnica.
De entre o vastíssimo leque de opções e possibilidades, mencionarmos apenas algumas sem
no entanto nos embrenharmos em minúcias, observamos por exemplo o ingresso imediato no
mercado de emprego na qualidade de técnico médio, inscrição junto de entidades de directo,
para a assinatura de projectos cursos comercias, desenvolvimento de actividade por conta
própria, participação em concursos para a carreira de docência, criação de empresas em
associação com outros técnicos de cooperativas industriais, comercias, de acessória,
prospecção, etc., assunção de cargos de chefia a vários níveis, continuação de estudos
superiores e mais
50

CAPITULO III – O Contributo do Instituto Industrial e Comercial da Beira, no


desenvolvimento sócio-economico da Cidade da Beira.
Segundo Cidadãos Formados no Instituto Industrial e Comercial da Beira (IICB).
Resultado das entrevistas feitas aos formandos e empregadores.
3.1 A visão dos técnicos formados no (IICB).
O ensino técnico é um ramo da educação muito importante que visa desenvolver habilidades
dos formandos a vários níveis de conhecimento com o objectivo de profissionalizar ainda
mais a educação dos Moçambicanos. No entanto, o ensino técnico profissional, e nos moldes
curriculares e programas oferecidos pelo Instituto Industrial e Comercial da Beira (IICB) pode
desenvolver o país ao ponto que ele aumenta a produtividade do país, onde os frequentadores
do mesmo, tem o rápido acesso ao mercado de emprego ou ao auto emprego. O aumento das
escolas do ensino técnico profissional, e a própria expansão do (IICB), a aquisição de muitas
máquinas que permitiram a habilidade dos que se formam nesta área e a ajuda do governo em
várias vertentes do ensino.

Contudo, o ensino técnico profissional e o próprio Instituto Industria e Comercial da Beira, é


um factor básico para o desenvolvimento sustentável ao país visto que neste, não só frequenta
cidadãos Beirenses, dado que é com base nele que obtemos vários quadros e mestres que velam
as situações futuras que o nosso país encara dia pois dia. É notório afirmar que o ensino técnico
profissional pode ajudar o desenvolvimento do país, numa altura em que o mesmo ensino muda
sobretudo o modelo e sistema das técnicas nele aplicadas, baseando-se em trocas de
experiências com outras que se encontram em pontos mais altos na área do ensino técnico,
explicavam os nossos entrevistados afirmando com clareza eles mesmos seria exemplos de
vida transformada economicamente e socialmente devido ao uso e papel do (IICB).

O ensino técnico profissional pode ser melhorado para ele ser ainda mais útil da seguinte
forma: formação de quadros e capacitação dos mesmos em áreas correspondentes, utilização
de meios adequados para os formandos em via de capacitação, criar meios para a existência
de manuais de consulta por parte dos formandos melhoramento de salários para seus
funcionários e minimização dos meios de transporte e sobretudo o alojamento etc. Do ponto
de vista dos nossos entrevistados, o (IICB) e o ensino técnico profissional, é um ensino que é
adequado a pessoas que querem estudar, mas não simplesmente estudar, este querendo
aprender a fazer algo através de uma profissão, um ensino que visa formar quadros numa
determinada área. O ensino técnico profissional pode ajudar a desenvolver o país através de
seus quadros formados e experientes numa determinada área pois eles vem desde muito
aprendendo técnicas especificas de trabalhos, contando isso para o desenvolvimento tendo em
conta que quanto cedo é formado também cedo o país desenvolve. Compartilharam.
51

Abordados com a questão de que se o (IICB) contribui ou não para o desenvolvimento


socioeconómico da Cidade da Beira, os referidos técnicos opinaram no seguinte: O (IICB) sim,
contribui para o desenvolvimento da cidade aonde injeta aos alunos a vontade de aprender, usar
mais técnicas na aquisição do conhecimento assim como na investigação do ensino e
aprendizagem, intensifica a capacitação dos professores. Visto também que é o ponto de
partida para a formação de técnicos profissionais que o país possui e ainda precisa, assim como
para futuros profissionais, contamos sempre com o ensino técnico profissional, e em especial o
(IICB) dado que é o ponto de partida para se ter um país bem desenvolvido. O (IICB) ajudar no
desenvolvimento da Cidade da Beira e do país, formando, e continuando a formar quadros de
raiz que sabem acentuar e segurar com zelo as questões que o país tem visto a enfrentar e que
espera encarar. Em primeiro lugar este forma e admitir quadros competentes nas áreas de
formação para que não haja dificuldades na formação e capacitação dos futuros formandos e
capacitados em matéria técnica profissional, assim como melhoramento de salários e vários
outros aspectos. Destacaram-se nesta opinião técnicos eletrónicos, mecânicos e eletricistas
formados no (IICB).

O ensino técnico profissional, adquirido no (IICB) constitui uma modalidade de ensino


vocacional orientada para a rápida integração do aluno no mercado de trabalho, estruturando-
se neste momento em dois níveis: o nível básico e nível médio, ambas com duração que é
necessária dependendo do programa a que é proposto. O ensino técnico profissional é
responsável pela moldagem do perfil de habilidades exigidas no mercado de emprego. E tem
como principal objectivo promover o crescimento do emprego a curto e médio prazo de modo
a proporcionar o crescimento e desenvolvimento de uma economia sustentável da Cidade da
Beira e do país. Comentaram.

3.2 A acessibilidade e relevância do ensino no Instituto Industrial e Comercial da Beira


para o desenvolvimento da Cidade da Beira
Ainda em entrevista, os nossos entrevistados continuaram a afirmar que, expandir,
interiorizar, e democratizar a oferta de cursos de educação profissional e técnica a vários
níveis e a distância e programas de formação inicial e contínua assim como a qualificação
profissional do Instituto Industrial e Comercial da Beira, assim como para aplicar as
oportunidades educacionais dos trabalhadores por meio de incremento da promoção e
qualificação profissional. Na opinião destes, o ensino técnico profissional é o ensino que visa
ensinar aos estudantes a terem mais noção daquilo que é feito no trabalho. Estes por sua vez
são ensinados a lidarem directamente com a prática, desta forma garantindo a sua inserção no
mundo empresarial. O ensino técnico pode ajudar o desenvolvimento do país se os alunos
aderirem em massa neste ensino e os docentes serem cumpridores das suas promessas de
ensinar os seus estudantes para que estes no futuro possam fazer do país um dos mais
desenvolvidos.
Sobre a análise critica do (IICB) cidadãos dizem que ma das maneiras para que se possa
melhorar o papel do Instituto Industrial e Comercial da Beira para o desenvolvimento da
52

mesma Cidade, é a abertura de mais escolas profissionais e instituições deste tipo de ensino a
nível da Cidade. Tendo em conta que o (IICB) visa formar homens para o futuro tendo em
conta com o acentuado desenvolvimento que se regista actualmente, que é também a
transmissão de conhecimento tecnológico para o melhoramento das actividades e a garantia
da passagem da responsabilidade económica. O ensino pode ajudar o desenvolvimento do país
quando se incrementar a política de criação de auto emprego para a redução de índice da
pobreza absoluta como também na criação de iniciativas de outras actividades a serem
desenvolvidas. Isso pode acontecer com capacitação dos alunos na busca de conhecimentos
tecnológicos mais profundo e concretos assim como a fácil adaptação com a comunidade para
a colaboração das actividades estabelecidas. Compartilharam a opinião Armando Gil Matió,
Laura João e Márcia Sigaúque, Formados no Instituto Industrial e Comercial da Beira, em
Engenharia Civil e Mecânica respectivamente citando em simultâneo a sua evolução por te
frequentado o (IICB).

O (IICB) é o melhor Instituto técnico profissional que temos no nosso país, pois ensina as
pessoas a estudar tendo uma profissão a sua escolha, como não só, o ensino técnico
profissional estuda a prática. Porem, o (IICB) pode ajudar no desenvolvimento da cidade da
Beira e do país da seguinte forma: o ensino formando técnicos numa determinada área, cujo
tais ares são própria para o sector de actividade em que se implementa a prática para a
execução das actividades. Acho que o ensino técnico profissional pode ser melhorado
formando mais docentes qualificados para melhor ensinar e formar técnicos profissionais.
Incrementar política de investigação e amor com a área Para mim o ensino o ensino técnico
profissional é um ramo de ensino qualificado, pois faz com que o estudante vá ao mercado do
emprego com noção do que vai fazer. O país pode ser mais desenvolvido do que já é, pois o
ensino técnico profissional garante a inserção no mercado de trabalho. O ensino técnico
profissional só pode ser melhorado se a comunidade e os encarregados de educação não
amedrontarem os alunos a escolherem o ensino técnico como opção certa. Deve-se fazer
palestras encarregando os estudantes a fazerem parte deste ensino. Devemos também incentivar
aos alunos a aderirem em massa ao ensino. Precisa-se acabar com o medo que impede aos
estudantes a aderir ao ensino. “Informaram-nos alguns dos técnicos formados em serralheiro
civil e contabilidade pelo (IICB) ”.
53

Gráfico 2. Análise da visão dos técnicos entrevistados por respostas.

Fonte: Autor (2015).

3.3 O papel do Instituto Industrial e Comercial da Beira no melhorameno da mão-de-


obra da Cidade da Beira
Face as respostas oferecidas pelos nossos entrevistados, foi possível verificar que ensino
técnico profissional, prestado pelo (IICB) pode ajudar no melhoramento da mão-de-obra
prestado na Cidade da Beira, assim como aumentar o quadro de números de jovens
empregados. O ensino técnico profissional é o caminho certo para a rápida integração de
jovens ao mercado de trabalho para o estabelecimento forte da economia nacional. O ensino
técnico profissional, junto com o (IICB) pode ser melhorado aumentando o número de
instituições de formação, como também a capacitação dos professores com qualidades. O
governo deve rever políticas que visam flexibilizar a empregabilidade dos recém formados e
fazer parceria com outras instituições.
3.3.1 A visão de alguns empregadores a nível da Cidade da Beira
3.3.1.1 O sector Privado.
O exemplo da Vale Moçambique, contrata técnicos profissionais e não só, porque segundo a
política da empresa vai de acordo com o trabalho, mesmos contratados, a empresa forma e
54

capacita os quadros e funcionários da mesma. Mas principalmente nas áreas técnicas. E tem
contratado também motoristas, mecânicos, contabilistas, electricistas e muitos outros, desde
básicos, médios e superiores. Mas segundo a empresa, o Instituto Industrial da Beira, tem sido
um dos principais parceiros nesta matéria. Apesar de englobar todos os grupos de ensino,
pode-se observar que os funcionários ao fim de tudo tem uma única formação (técnico
profissional) facto que leva a Vale a apostar nos técnicos formados no Instituto Industrial
Comercial da Cidade da Beira, porem esses apesar de apresentarem algumas lacunas nas áreas
de formação é possível apostar neles. Disse a Vale Moçambique. Acrescentando que:
“Há um projecto de apoio ao ensino técnico em Moçambique, e o (IICB) não é excepção, este
ainda precisa de várias intervenções de carácter financeiro, desde professores e outros centros
escolares, sobretudo nas zonas rurais onde o índice de educação é frágil principalmente no
ensino técnico em Moçambique que ainda esta atravessando momentos de avanços.

“O ensino técnico em Moçambique ainda esta fraco, mas esta fraqueza não esta aliado a falta
de capacidade dos cidadãos, porém podemos associar esta fragilidade com deficiente política
e estratégia do ensino técnico. É preciso desenvolver capacidades dos Moçambicanos em
relação ao ensino técnico para acabar com a pobreza e restabelecer os complexos desafios
actuais do desenvolvimento socioeconómico. Existe um desajustamento entre a procura e a
oferta de profissionais qualificados e garantir também a competência de conhecimentos, só
assim o país pode desenvolver num ritmo acelerado através do ensino técnico profissional”.
Com o objetivo de fornecer-mos umas visão clara e satisfatória fomos ao encontro de mais
uma entidade empregadora dos formandos e graduados do ensino técnico profissional na
Cidade da Beira, e que também é um potencial consumidor da mão-de-obra fabricada no
(IICB).

Neste caso, referimos a Carpintaria Mutende a qual ficamos a saber que, a selecção dos
quadros na respectiva carpintaria não é feita como um grande concurso, privilegia-se mais a
experiência, o saber fazer, mas de realçar que em casos de emergência recorrem ao INEFP e
submetem os candidatos a uma capacitação para poderem responder com as expectativas do
mercado da empresa. Portanto em relação ao referencial da empresa, é o ensino técnico
profissional, tendo em conta com a natureza da empresa, o aplicável é o ensino técnico. Os
carpinteiros, vidreiros e outros técnicos, mesmo se não possuem grandes níveis académicos
apenas o saber fazer em caso de existência de vaga.

Em relação a qualidade dos candidatos formados no Instituto Comercial da Beira, o nosso


entrevistado realçou que:
55

Acreditamos tanto no ensino técnico profissional, e nos quadros formados no (IICB) mas em
poucos casos temos visto alguns formados a serem ultrapassados com os não formados, então
o nosso ensino deve sair completamente do teórico para a prática contínua, mas estamos até
certo ponto satisfeito. Mas alguém formado com o ensino técnico, no (IICB) tem muitas
probabilidades e portas abertas ao mercado do trabalho e ao auto emprego, não depende
somente do Estado, pode empreender tanto, por isso o Governo deve ajudar muito o ensino
técnico e principalmente aquele Instituto. Se possível a maior parte da população estar
formado em uma área do ensino técnico profissional, e num Instituto igual a aquele, deste
jeito o nosso país pode avançar-se economicamente em muito pouco tempo, enfim, na nossa
óptica, o ensino técnico faz as oportunidades de um cidadão.

3.3.1.2 A visão do sector público local na qualidade do cidadão formado no Instituto


Industrial e Comercial da Beira
Umas das fontes dignas de realce a este propósito foi a eletricidade de Moçambique, aonde foi
possível apurar que os Currículos Vitae a admissão nesta unidade empresarial e estatal tem
sido correspondentes a vaga de concurso a que o candidato quer se candidatar-se, isto é: as
vagas, se são técnicas também o candidato tende ser técnico para concorrer, outrossim se são
para generalidade também há obediência ao que a empresa pede. Mas em suma, a empresa
tende mais para o ensino técnico profissional, predominantemente os cursos eléctricos, porém
a empresa também possui grandes parcerias e firmes com o (IICB), visto que ate aqui, é a
única instituição de ensino técnico profissional que na opinião da empresa esta em condições
de satisfazer o mercado local em termos de recursos humanos em matéria técnica. Mas foi
possível aperceber da empresa que há esforços conjuntos com aquela Instituição de ensino
(IICB) para aumentar o nível de qualidade, pois não são poucas as vezes que a empresa tem-
se deparado com candidatos mais teóricos que a prática necessitada pela empresa, facto que
leva a empresa a reduzir de certa maneira o nível pedido de técnicos daquela instituição de
ensino, contribuindo desta maneira para tendências e existência de vagas de desemprego na
Cidade, num momento que se vive num auge do discurso da promoção do ensino técnico para
a redução do desemprego no País.
Mas não obstante, tem sido o ensino técnico profissional os candidatos mais contratados pela
empresa na Beira e especificamente os do Instituto Industrial e Comercial da Beira, raramente
contratamos o ensino Médio Geral por não se compadecer com o ramo da empresa em que
actuamos que é electricidade. Com relação ao ensino técnico profissional a empresa aposta
nos graduados e recém-formados para o mercado de emprego por se tratar de cidadãos que
estão fresco no entender da empresa, e que ainda tem muito por dar. Nós crescemos com eles
enfatizou a empresa.
56

Com o uso de conhecimentos adquiridos melhora a qualidade do trabalho prestado formado


no ensino técnico profissional. O ensino técnico profissional é uma ponte para o sucesso
devido as suas muitas habilidades que incutam os seus formandos. Finalizou.

3.4 Análise e discussão dos resultados


Os investimentos em educação, e a consequente formação de recursos humanos qualificados,
“poderão ajudar à localização de novas iniciativas empresariais, elas próprias geradoras de
novas fontes de riqueza, desenvolvendo assim o nível de bem-estar da população da Cidade
da Beira”. Neste sentido, a qualidade do capital humano da Cidade da Beira, depende muito
mais da qualidade de instrução levado a cabo nas escolas, quanto maior for o apetrechamento
das escolas pelos equipamentos que concilie a teoria e pratica maior será a qualidade do
capital humano providenciado pelas instituições do ensino da Cidade da Beira e do país em
geral.

Porem a quando a nossa passagem ao (IICB) deparamo-nos com uma situação muito crítica,
isto é grande parte das instituição do ensino/formação que, por sinal é tida como a única de
qualidade que existe na cidade não possui equipamentos técnicos de qualificado, e em
concordância com a contemporaneidade que possibilite uma conjugação entre a teoria e a
prática do cidadão formado no Instituto Industrial da Cidade da Beira, isso levou nos há uma
conclusão de que grande parte dos recursos humanos que saem daquela instituição de
formação, atende e reclamação duma parte dos empregadores da Cidade da Beira que clamam
pelo não apenas conhecimento teórico e não pratico oferecido por aquela instituição.

3.4.1 Objectivos do Instituto Industria e Comercial da Beira.

Portanto, olhando para a resposta dos graduados no (IICB) assim como a os consumidores da
mão-de-obra ali fabricado respectivamente, existe um desajustamento com os diplomas
ministeriais publicados em Moçambique, sobre o claro papel do (IICB), visto que, este prevê
os seguintes objectivos do Instituto Industrial e Comercial da Beira:

a) Assegurar a formação integral e técnica dos jovens em idade escolar, de modo a


prepará-los para o exercício de uma profissão;
b) Desenvolver nos jovens as qualidades básicas de personalidade, em particular,
educando-os a assumir uma atitude correcta perante o trabalho;
c) Desenvolver capacidades de análise e síntese, de investigação e inovação, de
organização e direcção científica do trabalho;
d) Desenvolver conhecimentos sobre a saúde e nutrição e a protecção do ambiente.
57

O Ensino Técnico-Profissional oferecido pelo (IICB) está, primeiramente, organizado para


permitir a aquisição de competências, conhecimentos, valores e atitudes, os quais são
necessários para as pessoas exercerem uma determinada profissão ou ocupação6.

A duração dos cursos no Instituto Industria e Comercial da Beira varia de três a quatro
anos de acordo com a área ou ramo, turno e o nível. A organização curricular dos
cursos técnicos compreende quatro áreas: a formação geral, a formação básica, a
básica específica, formação técnica Médio e a de especialidade. O ensino técnico no
(IICB) tem um carácter terminal. Pelo facto de também ter como objectivo
proporcionar os conhecimentos necessários para o prosseguimento de estudos, com a
actual organização curricular, a componente de formação geral e básica acaba
reduzindo as possibilidades de uma maior profissionalização dos alunos (PEETP,
2012: 104).
E, apesar dos esforços desenvolvidos, o país não dispõe ainda de um subsistema de Ensino
Técnico Profissional que possa responder eficazmente aos complexos desafios da fase actual
de desenvolvimento socioeconómico. Portanto, o principal problema do Ensino Técnico
Profissional e também do (IICB) resume-se no facto do Subsistema não reunir,
presentemente, as condições necessárias para satisfazer, quantitativa e qualitativamente, as
necessidades actuais e futuras do mercado de trabalho formal e informal (PEETP, 2012: 104).

Portanto, actualmente, os principais indicadores do problema de inclusão e acesso ao (IICB)


resumem-se no seguinte: A rede desta instituição pública de formação tutelada pelo
Ministério da Educação absorve não mais de 30% da população em idade escolar que tem-se
pre-disposto a frequentar aquela instituição de ensino técnico profissional, visto que deste de
2008, que é o ano cronológico do início da nossa pesquisa, ate ao ano 2013, concorreram
25765 candidatos e só cerca de 3091 é que conseguiram ter acesso ao (IICB). Sendo destes
que os cursos de nível médio estão limitados. E as zonas rurais estão desprovidas de Escolas
de Artes e Ofícios e elementares de agricultura; Participação da rapariga no Ensino Técnico
Profissional quase insignificante (cerca de 20%). (PEETP, 2012: 104).

Também é passível destacar a baixa eficácia no (IICB), provada que esta é constatada pela
falta de correspondência entre a qualidade dos graduados e os objectivos definidos nos
curricula, com maior gravidade em termos de habilidades práticas, particularmente no curso
nocturno. Os principais indicadores deste problema são: A maior parte dos cursos está
desprovida de condições básicas em termos oficinais e laboratoriais. Os estudantes do curso

6
Estratégia do Ensino Técnico-Profissional em Moçambique (2012-2016). Mais técnicos, novas profissões e
melhor qualidade”, Maputo, 2001, p. 14-23
58

nocturno não têm aulas práticas e laboratoriais; O elevado número de alunos por turma (por
vezes mais de 55 no 1º ano) não permite a realização de aulas práticas de forma eficaz; A falta
de livros, manuais e outros meios de ensino-aprendizagem, aliada ao modelo pedagógico
tradicional (centrado no professor nos conteúdos e baseado na transmissão de
conhecimentos), tem contribuído para a limitada aprendizagem dos alunos. (PEETP, 2012:
104).

Gráfico 3. Ilustra a demanda cronológica desde inscritos a admitidos no (IICB). (2008-2013).

Fonte: Autor (2015).

Portanto, analisando o gráfico acima, existe um desajustamento entre a procura e a oferta de


profissionais, tanto em termos de níveis como em termos de competências e conhecimentos.
A situação actual é um paradoxo: enquanto as instituições de formação produzem candidatos
com formação pouco relevante para o mercado de trabalho, a um custo relativamente elevado
(devido à baixa eficiência), certas competências básicas (fundamentalmente para os sectores
59

da economia, administração e serviços, indústrias de ponta, agro-indústrias e desenvolvimento


rural), extremamente necessárias, não estão disponíveis. (PEETP, 2012: 109).

Analisando, o pressuposto pela respectiva fonte, a fraca adequação formação/emprego deve-


se, em particular, aos seguintes factores:

Os currículos da maioria dos cursos foram concebidos há cerca de 20 anos; Formação


orientada quase que exclusivamente para o sector moderno da economia e para o emprego
formal onde os postos de trabalho estão pouco disponíveis; Formação pouco orientada para a
promoção de auto-emprego e de criação de pequenas iniciativas económicas, quer no meio
urbano, quer no rural; Sistema de aprendizagem na empresa inexistente, limitada formação
contínua e aprendizagem tradicional não-potencializada; Fraca relação com o mundo do
trabalho e com os empregadores. As empresas estão ausentes da gestão das instituições de
formação, assim como de todas as fases do processo formativo (desde a concepção à
avaliação dos cursos); A ausência de informação sobre o mercado de trabalho não tem
permitido fazer um ajustamento da oferta de formação à procura de habilidades e
competências profissionais (PEETP, 2012: 104).

Falta de mecanismos que possam promover a adequação, formação/emprego. Não existem


serviços de orientação profissional, os estágios em empresas são raros e não se faz o follow up
e o feed-back da formação junto do mercado de emprego.

3.4.2 Estratégias do (IICB) face ao Ensino Técnico na Cidade da Beira.

De acordo com a Estratégia do Ensino Técnico-Profissional (2012-2016), aprovada pelo


Conselho de Ministros da República de Moçambique em 20 de Dezembro de 2012, a presente
Estratégia de Desenvolvimento do Ensino Técnico-Profissional em Moçambique, aliado as
necessidades do (IICB) sistematiza as acções prioritárias, com vista a capacitar o sistema de
formação para responder de maneira adequada aos desafios que se lhe colocam a equipar os
diferentes sectores económicos. A formação de quadros e de profissionais qualificados a todos
os níveis deverá ser resultado de consensos entre o Governo e os parceiros sociais e duma
planificação cuidadosa, a curto, médio e longo prazo.

Nesta perspectiva, a formação técnico-profissional deverá contribuir para uma satisfação da


procura de habilidades e competências profissionais no mercado de trabalho e de emprego que
resulte no aumento dos níveis de produtividade e de rendimento das indústrias, proporcionando
aos jovens e adultos, para os quais muitas vezes não existem vagas no mercado de trabalho
60

formal, habilidades e capacidades para desenvolverem pequenas iniciativas de


empreendimentos económicos7.

3.4.3 Missão do Instituto Industrial e Comercial da Beira.

O (IICB) tem por missão garantir aos cidadãos o acesso a uma formação científico-técnica
altamente qualificada, para responder às necessidades do desenvolvimento económico e social
da cidade e não só.

3.4.4 Desafios do Instituto Industrial e Comercial da Beira

Analisando e discutindo as informações colhidas no campo (Direcção do Instituto Industrial e


Comercial da Beira, no dia 14 de Julho do ano 2015 pelas 9h: 34min), revelam-nos que os
grandes desafios, nesta área, são os seguintes: Uma resposta diversificada à demanda dos
sectores económicos prioritários e emergentes; A expansão do subsistema ETP, entendida
como resposta crucial do Governo à redução da pobreza e ao aumento de oportunidades de
trabalho, no sector formal e informal da economia.
Ao mesmo tempo, existe a necessidade de criar oportunidades de formação profissional para
os jovens que não frequentam o sistema educativo para melhorar a sua participação na vida
laboral. O mercado de trabalho actual está dividido em três partes distintas, com demandas
diferentes em termos de competências requeridas e de capacidade de absorção de novos
graduados. O sector formal é, neste momento, limitado em número de profissões mas com
sinais de crescimento, motivado pelas indústrias emergentes, mas com maiores solicitações
em termos de competências de nível médio e superior (PEE 2012: 105).

O sector informal cobre um maior segmento do mercado (25-30%) e exige competências


básicas de comércio/ofícios e de empreendedorismo. O sector agrário, do nível de
subsistência é quem absorve a maior parte da força de trabalho (cerca 65%) e poderá
beneficiar do aumento de conhecimento básico sobre a aplicação de novas tecnologias e
equipamento e ter um melhor acesso ao mercado, à terra e ao crédito (Ibidem).

As intervenções, neste subsector, devem ser diversificadas, tomando em consideração as


especificidades dos diferentes tipos de mercado, existentes e emergentes. Ao mesmo tempo, o
aumento da produtividade não dependerá, apenas, do sector da Educação, mas sim, de uma
sinergia entre os vários intervenientes.

7
Estratégia do Ensino Técnico-Profissional (2012-2016), aprovada pelo Conselho de Ministros da República de Moçambique
em 20 de Dezembro de 2012
61

Em resultado disso, é possível compreender que o (IICB) tem a responsabilidade de formar


mão-de-obra qualificada para os diversos sectores económicos e sociais e deverá reflectir as
necessidades para o desenvolvimento da economia nacional, regional (Cidade da Beira) e terá
um carácter terminal na carreira académica, sendo por isso de grande importância a qualidade
e a relevância dos programas de ensino. Existe também a responsabilidade de dotar os alunos
com os conhecimentos e as habilidades necessárias para conseguirem emprego e terem
rendimentos que lhes permitam sustentar uma família.

O Ensino no (IICB), deve acompanhar a evolução política, económico-social nacional.


Estando a educação consagrada como um direito e um dever de cada cidadão, na constituição,
a escolarização tanto por via formal como informal, tem vindo a ser objecto de reflexões e
mudanças ao longo dos anos em Moçambique.
62

Considerações finais e recomendações


Considerações finais
Depois de um detalhamento profundo daquilo que são os contributos do ensino técnico
profissional para o Desenvolvimento Económico da Cidade da Beira, e com maior atenção
para o “IICB” concluímos que a um esforço por parte das empresas e a instituição com vista a
dinamizar o sector do ensino técnico profissional na Cidade da Beira, mas os frutos desse
esforço ainda estão longe de se colher visto grande parte das nossas instituições de ensino,
ainda não tem um acasalamento entre a teoria e a prática, isso levou nos a concluir que grande
parte dos recursos humanos formados ali, de acordo com a nossa amostra, junto aos
comentários dos empregadores, que estão no campo ou que esperam por oportunidades de
emprego ainda tem lacunas na área prática.
Porem o apetrechamento acelerado das nossas instituições de ensino técnico “IICB” por
equipamentos técnicos que possibilitem este acasalamento, pode mitigar os problemas ligados
aos recursos humanos na Beira e no solo pátrio.

É sabido que o estágio de desenvolvimento assim como a educação e os seus níveis de ensino
constituem, em cada comunidade, elementos de sua identificação e do seu modo de ser. O
desenvolvimento pode ser entendido como acções continuadas de adaptação e
aperfeiçoamento das condições humanas no seu ambiente. O mundo moderno assimilou esse
conceito dos valores da sociedade industrial, o que não significa subordiná-lo de maneira
muito estreita as ideias de modernização e de crescimento económico.

A interferência da educação “ETP” sobre esse processo ou sobre essa aspiração se perfaz dia a
dia, uma vez que o capital humano não pode estar ausente ou abstraído do jogo social. O
conhecimento, as habilidades e as posturas dos indivíduos ou dos grupos, resultantes da acção
pedagógica espontânea ou institucionalizada, constituem e movem a convivência humana. Os
actores do desenvolvimento o promovem, até mesmo negativamente, segundo as informações
que disponham com referência aos recursos nacionais existentes (potenciais ou em uso), as
hipóteses de viabilidade dos projectos, as experiências e reacções externas, as necessidades e
expectativas do país, vale dizer, segundo dados observados, analisados e transmitidos pelo
labor educacional em análise.

Em suma, as relações educação-desenvolvimento constroem-se no tempo com interrogantes


inesgotáveis. Nos países pobres, sob a ingerência de distorções estruturais e de conjuntura,
elas discutem carências extremas, de sobrevivência e de paz comunitária.
63

Recomendações

Lançando um olhar não muito particular, podemos observar que Moçambique deve rever a
sua legislação para estabelecer, de maneira clara, que a educação primária é gratuita e
obrigatória para todos. A redacção actual reduz a obrigação do governo para prestar educação
gratuita para todos. Também, a persistência de desigualdades e a baixa qualidade do ensino
reduz a relevância dos discursos sobre o direito à educação.

Deve-se assegurar apoio administrativo institucional: fortalecimento da gestão do sistema


administrativo da educação “ETP” aos vários níveis, particularmente nos distritos, com
enfoque em assegurar oportunidades educacionais com equidade para todos em todo o país.

Recomenda-se, também, que se aumente o tempo de formação inicial de professores, a fim de


se garantir a formação de profissionais com maior competência e que contribuam para
melhoria da qualidade da educação, visto que para o caso do “IICB”, alguns professores são
estudantes considerados mais inteligentes pela instituição, sem que tenham passado por outra
capacitação para o efeito. A formação de professores deve estar conectada a uma formação
em exercício e contínua, onde a experiência deve ser um factor de motivação, possibilitando
progressão na carreira.

O governo central ou da Cidade deve, portanto, rever o actual sistema de treinamento e


recrutamento de professores a aquela instituição. Em termos estritamente económicos, não faz
sentido utilizar recursos públicos no treinamento de técnicos que não serão empregados. O
emprego no sector privado é limitado, e o principal empregador seguro para os profissionais
graduados no “IICB” continua a ser o estado. Há questões sérias de eficiência externa no
planeamento do “ETP”.

O processo de escolha e promoção de directores das escolas no geral deve ser mais
competitivo, com possibilidade da validação das nomeações de pais e comunidades por meio
dos conselhos de escola. Os requisitos e qualificações dos directores devem ser claros e
divulgados amplamente.

O Ministério da Educação deveria publicar estatísticas mais detalhadas sobre os recursos


humanos no sector, com informações sobre todos os profissionais a trabalhar ao nível
nacional, provincial e distrital, suas qualificações e funções.
64

Bibliografia

ADELMAN, I. Teorias do Desenvolvimento Económico. Rio de Janeiro, s/l. Forense, 1972.

BARROS, Aidil de Jesus Paes. Projecto de Pesquisa: Propostas Metodológicas, 13ª Edição,
Petrópolis: Vozes, 2002.

BRANCO, Carlos Nuno Castel. Educação, crescimento e desenvolvimento económico, notas


e reflexões. 2011.

CROSS, Michael. The Political Economy of Colonial Education: Mozambique, 1930-1975.,


Comparative and International. 1987

COTRIM, Gilberto & PARISI, Mário. História e Filosofia da Educação. 5. ed. São Paulo:
Saraiva, 1982.

CHICHAVA, José A. C. Participação Comunitária e Desenvolvimento: O caso dos Grupos


Dinamizadores em Moçambique. Maputo: Assembleia Municipal de Maputo. s/l; s/ed, 1995.

CHIPENEMBE, Maria J. M. Participação Comunitária em Contexto de Pobreza Externa,


1994-1999: Associação de Camponeses 25 de Setembro de Mulima. Maputo, 2001

FURTADO, C. Dialéctica do Desenvolvimento. 2ª ed. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura,


1964.

GOLIAS, Manuel; Sistema de Ensino em Moçambique Passado e Presente. editora escolar,


1993.

LAKATOS, e MARCONI, M. De A., Metodologia Científica, 2° edição, São Paulo: Editora


Atlas, 1992.

MAZULA, Brazão; Educação, Cultura e Ideologia em Moçambique: 1975-1985. edições


afrontamento e fundo bibliográfico de língua portuguesa. Maputo, 1995.

NEWITT, Malyn. História de Moçambique. Hurst & Company, London, 1995

PERRENOUD, Philippe. A qualidade de uma formação profissional é executada


primeiramente em sua concepção. CEFIEC. Marseille. Novembro de 1997.
65

ROCHA, F. (1987). Fins e objectivos do sistema escolar português de 1820 a 1926. Aveiro:
Liv. Estampa.

SCHIMIED-KOWARZIK, W. Pedagogia Dialética. São Paulo: Brasiliense, 1983.

JOHNSTON, Anton, Educação em Moçambique, 1975-1984, Education Division Documents


no. 30, Swedish International. s/d.
66

Apêndices
67

Anexos

Você também pode gostar