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INSTITUTO SUPERIOR DE GESTÃO DE NEGÓCIOS

Curso de Licenciatura em Psicopedagogia

Impacto das Turmas Numerosas no Processo de Ensino e Aprendizagem: Caso do 1º


Ciclo da Escola Primária de Madovela no Período de 2020 a 2022

Discente

Valentina Tiago Mabote

Xai-Xai, Abril de 2023


i

INSTITUTO SUPERIOR DE GESTÃO DE NEGÓCIOS

Curso de Licenciatura em Psicopedagogia

Impacto das Turmas Numerosas no Processo de Ensino e Aprendizagem: Caso do 1º


Ciclo da Escola Primária de Madovela no Período de 2020 a 2022

Trabalho de Culminação de Curso para a


obtenção de grau académico de Licenciatura em
Psicopedagogia, ministrado no Instituto Superior
de Gestão de Negócios, orientado por: MSc.
Manuel Cossa.

Discente

Valentina Tiago Mabote

Xai-Xai, Abril de 2023


ii

FOLHA DE APROVAÇÃO

IMPACTO DAS TURMAS NUMEROSAS NO PROCESSO DE ENSINO E


APRENDIZAGEM: CASO DO 1º CICLO DA ESCOLA PRIMÁRIA DE MADOVELA NO
PERÍODO DE 2020 A 2022

TRABALHO APRESENTADO EM CUMPRIMENTO PERÍODICO DOS REQUISITOS


EXIGIDOS PELO ISGN PARA OUTURGA DE GRAU DE LICENCIADA POR
VALENTINA TIAGO MABOTE

INSTITUTO SUPERIOR DE GESTÃO DE NEGÓCIOS

Orientador: MSc. Manuel Cossa

Xai-Xai, ____________ de 2023

O JÚRI

DATA

O PRESIDENTE O TUTOR O COMENTADOR ____/______/2023

_________________ _________________ __________________


iii

ÍNDICE
DEDICATÓRIA ........................................................................................................................ vi
AGRADECIMENTOS .............................................................................................................vii
DECLARAÇÃO DE HONRA ................................................................................................viii
DECLARAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO DE ENTREGA DE TRABALHO DA
MONOGRAFIA ........................................................................................................................ ix
LISTA DE GRÁFICOS, ABREVIATURAS E APÊNDICES .................................................. x
RESUMO .................................................................................................................................xii
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO................................................................................................ 13
1. Introdução ......................................................................................................................... 13

1.1 Contextualização ............................................................................................................. 14

1.2 Delimitação do Tema ...................................................................................................... 16

1.3 Formulação do Problema ................................................................................................ 17

1.4 Justificativa ..................................................................................................................... 18

1.5 Objectivos de Pesquisa ................................................................................................... 19

1.5.1 Geral ......................................................................................................................... 19

1.5.2 Específicos ............................................................................................................... 20

1.6 Hipóteses ......................................................................................................................... 20

CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA ...................................................................... 21


2. Quadro conceptual ............................................................................................................ 21

2.1 Discussão dos principais conceitos ................................................................................. 21

2.1.1 Turmas Numerosas ................................................................................................... 21

2.1.2 Ensino ....................................................................................................................... 22

2.1.3 Aprendizagem .......................................................................................................... 22

2.1.3 Escola Primária ........................................................................................................ 23

2.1.4 Ciclos........................................................................................................................ 23

2.2 Quadro teórico ................................................................................................................ 23

2.2.1. Teorias sobre educação ........................................................................................... 23

2.2.2 Teorias sobre ensino-aprendizagem ......................................................................... 27


iv

2.2.3 Competências a serem desenvolvidas pelos alunos e escolas no Ensino Primário .. 28

2.2.4 Síntese de pesquisas recentes sobre o rácio professor-aluno e seus resultados ....... 29

2.2.4.1 Análise dos Factores que Influenciam a Qualidade de Ensino – Aprendizagem


no Ensino Básico na 5ª classe das Escolas Completas Benfica Nova e Khongolote no
Município da Matola ..................................................................................................... 29

2.2.4.2 Contribuição da avaliação formativa para o ensino/aprendizagem da produção


em turmas numerosas .................................................................................................... 29

2.2.4.3 Visão do professor sobre o número de alunos por turma: Uma contribuição para
a melhoria da qualidade da educação ............................................................................ 30

2.2.2.4 Implicações do Rácio Aluno/Professor no Trabalho Docente na Escola Primária


de Ndlavela .................................................................................................................... 30

2.2.4.5 Influência do tamanho da turma no aproveitamento pedagógico dos alunos da


8ª e 11ª classe da Escola Secundária Força do Povo, Cidade de Maputo (2015- 2019) 31

2.2.5 Rácio professor-aluno: Factor de sucesso ou insucesso pedagógico ....................... 31

2.2.6 Papel do psicopedagogo na gestão do rácio professor-aluno ................................... 32

2.2.7 Relação entre a dimensão da turma e as dinâmicas da sala de aula ......................... 33

2.2.8 Factores que influenciam o rácio professor-aluno ................................................... 34

CAPÍTULO III: METODOLÓGICA DA PESQUISA ............................................................ 36


3. Metodologia do trabalho ................................................................................................... 36

3.1. Descrição do local de estudo.......................................................................................... 36

3.2. Tipos de Pesquisa........................................................................................................... 37

3.2.1 Quanto aos procedimentos técnicos ......................................................................... 37

3.2.2 Quanto à natureza da pesquisa ................................................................................. 38

3.2.3 Quanto ao tipo da abordagem da pesquisa ............................................................... 38

3.2.4 Quanto aos objectivos da pesquisa ........................................................................... 38

3.2.5 Quanto ao Método .................................................................................................... 39

3.3. Técnicas e Instrumentos de recolha de dados ................................................................ 39

3.3.1. Observação .............................................................................................................. 39

3.3.2. Questionário ............................................................................................................ 39


v

3.3.3. Pesquisa documental ............................................................................................... 39

3.4 População e amostra ....................................................................................................... 39

3.5. Limitação do Estudo ...................................................................................................... 40

CAPÍTULO IV: ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ......................................... 41


4.1 Rácio Professor aluno na Escola Primária de Madovela nos últimos 3 anos ................. 41

4.2 Descrição e análise das respostas do questionário dirigido aos Professores .................. 41

4.2.1 Histórico de leccionação dos professores................................................................. 41

4.2.2 Visão dos professores face aos desafios enfrentados durante a leccionação em
turmas numerosas .............................................................................................................. 42

4.2.3 Visão dos entrevistados (professores), face ao rácio professor-aluno e o


desempenho dos alunos. .................................................................................................... 44

4.2.4 Visão dos entrevistados (professores), face às possíveis metodologias a usar para
leccionar em turmas numerosas ........................................................................................ 45

4.3 Descrição e análise das respostas do questionário dirigido aos alunos .......................... 46

4.3.1 Visão dos entrevistados (alunos), face às condições do processo de ensino e


aprendizagem .................................................................................................................... 46

4.3.2 Visão dos entrevistados (alunos), face à interacção professor alunos...................... 47

4.3.3 Visão dos entrevistados (alunos), face à capacidade do professor na gestão da turma
........................................................................................................................................... 48

4.3.4 Visão dos entrevistados (alunos), face à atenção dos alunos durante as aulas......... 49

4.3.5 Visão dos entrevistados (alunos), face às notas dos mesmos aquando das aulas em
turmas numerosas .............................................................................................................. 50

4.4 Correlação entre o número de alunos e o desempenho académico ................................. 51

CAPÍTULO V: CONCUSÃO E SUGESTÕES ....................................................................... 53


5. Conclusão.......................................................................................................................... 53

5.1.Sugestões ........................................................................................................................ 54

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 55


APÊNDICES ............................................................................................................................ 58
vi

DEDICATÓRIA

Esta dedicatória vai a minha família, em particular ao meu marido Pedro Joaquim.
vii

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, endereço a minha maior gratidão a Deus pela vida, coragem e força. Aos
meus filhos Widson Pedro Joaquim, Yuston Pedro Joaquim e Whitny da Rosa Pedro Joaquim,
que sempre sentiram a falta da mãe, quando esta se ocupava pelos deveres da faculdade.

Em segundo lugar, agradeço ao meu supervisor MSc. Manuel Cossa, pela dedicação e
sobretudo pela orientação e apoio moral.

Agradeço também a todo corpo docente do curso de Licenciatura em Psicopedagogia e não


só, pelos valiosos ensinamentos e experiência de vida que me foram transmitidos pelos
mesmos ao longo da formação.

Aos colegas e amigos que apesar de diversos transtornos para a concretização da pesquisa,
estenderam a sua mão para que este trabalho se tornasse uma realidade, a destacar: Ana José,
Aunéria Amâncio Bié e Onicénia Pascoal Gujamo.

À direcção e professores da Escola Primária de Madovela, em particular aos professores


Sónia da Graça Noé, Adelaide Mário Cumbane e Celso Samuel Lisure, o meu muito
obrigado.

Em fim, a todas as pessoas que directa ou indirectamente contribuíram no meu sucesso e que
não foram aqui citados, o meu muito obrigado.
viii

DECLARAÇÃO DE HONRA

Declaro por minha honra que a presente Monografia, é resultado da minha investigação no
âmbito de ser um dos requisitos para a obtenção do grau académico de Licenciatura em
Psicopedagogia, o seu conteúdo é original e todas as fontes literárias consultadas estão
devidamente mencionadas ao longo do texto. Todas as citações directas e indirectas estão
identificadas no texto.

Por tanto, seu conteúdo é original e nunca foi apresentado em nenhuma Instituição do Ensino
Superior com objectivo de obtenção do grau académico.

Xai-Xai, _____ de _______________ de 2023

________________________________________

(Valentina Tiago Mabote)


ix

DECLARAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO DE ENTREGA DE TRABALHO DA


MONOGRAFIA

Eu, Manuel Cossa, Docente supervisor do Trabalho de Culminação de Curso (TCC) para o
nível de licenciatura, intitulado: "Impacto das Turmas Numerosas no Processo de Ensino e
Aprendizagem: Caso do 1º Ciclo da Escola Primária de Madovela no Período de 2020 a
2022", realizado pela estudante Valentina Tiago Mabote do curso de Licenciatura em
Psicopedagogia, autorizo a entrega da versão final, no modelo de Monografia para a sua
validação e posterior Defesa em Público, conforme o Regulamento de Trabalho de
Culminação do Curso (TCC) escrito pelo Instituto Superior de Gestão de Negócios.

Xai-Xai, Abril de 2023

___________________________________

MSc. Manuel Cossa


x

LISTA DE GRÁFICOS, ABREVIATURAS E APÊNDICES

Lista de gráficos

Gráfico 1: Leccionação: (a) no primeiro ciclo; (b) em turmas numerosas (com alunos acima
de 45) ........................................................................................................................................ 41

Gráfico 2: Visão dos professores face aos desafios enfrentados durante a leccionação em
turmas numerosas ..................................................................................................................... 42

Gráfico 3: Visão dos entrevistados (professores), face ao rácio professor-aluno e o


desempenho dos alunos. ........................................................................................................... 44

Gráfico 4: Condições de aprendizagem: (a) aulas numa sala com mais de 50 alunos e (b)
decurso das aulas ...................................................................................................................... 46

Gráfico 5: Visão dos alunos face à interacção professor alunos .............................................. 47

Gráfico 6: Visão dos entrevistados (alunos), face à capacidade do professor na gestão da


turma ......................................................................................................................................... 48

Gráfico 7: Visão dos entrevistados (alunos), face à atenção dos alunos durante as aulas........ 49

Gráfico 8: Visão dos entrevistados (alunos), face às notas dos mesmos aquando das aulas em
turmas numerosas ..................................................................................................................... 50

Gráfico 9: Correlação entre o número de alunos e o desempenho académico ......................... 52

Abreviaturas/siglas

1º Primeiro

INDE Instituto Nacional de Desenvolvimento da Educação

MINED Ministério da Educação

Prof. Professor

REGEB Regulamento Geral do Ensino Básico

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação


xi

Lista de apêndices

APÊNDICE A: Questionário para o sector Administrativo e Pedagógico ............................... 59

APÊNDICE B: Questionário para professores ......................................................................... 61

APÊNDICE C: Questionário para alunos ................................................................................. 63

APÊNDICE D: Roteiro para recolha dos dados do aproveitamento pedagógico do 1º ciclo


entre 2020 a 2022 ..................................................................................................................... 65
xii

RESUMO

A presente pesquisa intitulada "Impacto das Turmas Numerosas no Processo de Ensino e


Aprendizagem: Caso do 1º Ciclo da Escola Primária de Madovela no Período de 2020 a 2022"
visou analisar os impactos das turmas numerosas no processo de ensino e aprendizagem dos
alunos do 1º ciclo na Escola Primária de Madovela. Para a sua efectivação recorreu-se à
pesquisa bibliográfica e documental quanto aos procedimentos, à pesquisa aplicada quanto a
natureza, à abordagem mista (quantitativa e qualitativa) e à pesquisa explicativa quanto aos
objectivos. A recolha dos dados baseou-se na aplicação do questionário e entrevista e o tipo
de amostragem foi convencional. Para o processamento dos dados usou-se o pacote Microsoft
Excel e a análise foi descritiva e de conteúdo, recorrendo-se fundamentalmente à análise de
conteúdo e análise documental. Nesta pesquisa, constatou-se que de 2020 a 2022, o rácio
professor alunos variou de 60 a 64 alunos por professor do 1º ciclo. Quanto a visão dos
professores e alunos face à relação entre o número de alunos e o desempenho académico,
constatou-se que numa sala numerosa enfrenta-se vários desafios tais como dificuldade de
circulação na sala de aula, o não cumprimento do tempo lectivo (45 minutos), dificuldades na
correcção dos trabalhos dos alunos, etc., desafios estes, que influenciam na interacção
professor. Assim, feita a correcção notou-se que existia uma correlação negativa forte, onde
quanto maior o número de alunos menor era o desempenho escolar, o que remeteu à
existência de uma relação entre o desempenho académico e o número de alunos por sala,
tendo-se concluído que as turmas numerosas influenciam no processo de ensino e
aprendizagem, daí que se sugere a redução de número de alunos por turma bem como o
emprego de metodologias alternativas para minimizar a fraca interacção professor aluno e
melhorar o desempenho escolar.

Palavras-Chave: Turmas numerosas; Ensino; Aprendizagem; escola primária e 1º Ciclo.


13

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

Neste capítulo, contextualiza-se o presente estudo, destacando-se a introdução, a


contextualização, a delimitação da pesquisa, a definição dos objectivos (geral e específicos), a
justificativa, a problematização e as hipóteses.

1. Introdução

Não constitui novidade que nas escolas Moçambicanas com maior destaque para as públicas,
as turmas são numerosas.

Assim, dado o nível de desenvolvimento cognitivo que os alunos do nível primário


apresentam e dada a quantidade de alunos por turma, fica muito duvidosa a eficiência no
ensino, pois quanto há maior número de alunos, menor é a circulação na sala de aula, ou seja,
a circulação é limitada, exigindo-se a adopção de metodologias alternativas que possam
permitir o cumprimento do planejado (partindo do programa de ensino, até ao plano de aula).
Todavia, quando se trata de alunos do 1º ciclo estas metodologias alternativas que visam
suprir os efeitos do rácio professor aluno, podem não surtir efeito pois, as crianças da 1ª classe
por exemplo, ainda não habituaram-se ao ambiente escolar, fazendo com que haja necessidade
de um atendimento personalizado e como o número de alunos que demandam o atendimento é
maior, dificilmente o professor pode concretizar seus objectivos outrora traçados, mesmo
levando em consideração que o plano é flexível.

Desta feita, tomando como base o acima descrito, aliado ao facto de pesquisas nesta área de
conhecimento em Moçambique serem escassas, se não inexistentes e pelo benefício que esta
pesquisa trará como é o caso da melhoria da qualidade de ensino, desenvolveu-se a presente
pesquisa intitulada "Impacto das Turmas Numerosas no Primeiro Ciclo do Ensino Primário:
Caso de Estudo, 1º Ciclo da Escola Primária de Madovela, Distrito de Inharrime, no Período
2020 a 2022", com o objectivo de analisar os impactos das turmas numerosas no primeiro
ciclo do ensino primário, de modo a compreender até que ponto as turmas numerosas podem
influenciar no desempenho pedagógico dos alunos pois, aquando do estágio na escola supra, a
pesquisadora deparou-se com esta situação o que constituiu um desafios para a pesquisadora
pois na sua experiência como professora nunca havia-se deparado com situação idêntica, não
só, mas constou que poucos alunos da primeira, segunda e terceira classe sabiam ler e
14

escrever, facto que pode ser resultante da fraca interacção professor alunos, resultante do alto
rácio professor aluno na sala de aula.

Assim, para a realização da pesquisa tomou-se como base metodológica a pesquisa


bibliográfica e documental quanto aos procedimentos, pesquisa aplicada quanto a natureza, à
pesquisa mista (qualitativa e quantitativa) quanto à abordagem e à pesquisa explicativa quanto
aos objectivos.

Estruturalmente a monografia encontra-se divida em 5 capítulos, a saber: Capítulo I, no qual


debruça-se a introdução, a contextualização, a delimitação da pesquisa, a definição dos
objectivos, justificativa, problematização e as hipóteses; Capítulo II, no qual constam as
abordagens teóricas existentes em volta do tema em análise; Capítulo III, referente aos
procedimentos metodológicos utilizados para o desenvolvimento da pesquisa; Capítulo IV, no
qual faz-se a análise e interpretação dos dados e por fim Capítulo V, no qual apresenta-se de
forma sumária as conclusão às quais chegou-se e sugestões.

De referir que esta pesquisa não visa criticar o sistema nacional de educação, mas sim trazer
evidências, caso hajam da influência do alto rácio professor aluno no desempenho
pedagógico, tomando como base o rácio plasmado no Regulamento Geral do Ensino Básico
(REGEB) e a realidade vivenciada nas escolas públicas Moçambicanas.

1.1 Contextualização

Cada país, adopta a seu critério o número máximo de alunos que um professor deve atender
por turma. Não obstante o nível de rácio professor-aluno internacionalmente recomendado
pela Organização das Nações Unidas para a Educação (UNESCO) ser de 40 alunos por um (1)
professor.

Organização das Nações Unidas para a Educação (UNESCO) UNESCO (2014),


desenhou este critério de rácio professor aluno (40 alunos por um professor), pois acredita que
a redução do número de alunos na educação básica influência positivamente no desempenho
pedagógico e um rácio acima 40 alunos por um (1) professor, gera implicações na vida do
profissional deste, como a sobrecarga de trabalho, a não interacção do professor com todos
alunos, a insatisfação das necessidades académicas dos alunos e o não alcance dos objectivos
pretendidos, principalmente devido à insuficiência de tempo.
15

No contexto Moçambicano, os documentos que regulam o rácio professor aluno são


Regulamento Geral do Ensino Básico (REGEB) (2008) artigo 43, para nível primário e
Diploma Ministerial n.o 61/2003 de 11 de Junho, para nível secundário.

Segundo Regulamento Geral do Ensino Básico (REGEB) (2008), o rácio professor aluno ao
nível primário é de 50 alunos por um (1) professor e o Diploma Ministerial n.o 61/2003 de 11
de Junho, defende que o rácio professor aluno ao nível secundário é 45 alunos por um (1)
professor.

Este senário é muito preocupante, pois tomando como base o nível de desenvolvimento
cognitivo de Piaget (2013); Papalia, Olds e Feldman (2006), as habilidades cognitivas se
desenvolvem, a partir da interacção do indivíduo com o seu ambiente. Ou seja, é através da
constante interacção que a criança desenvolve as suas próprias ideias e conceitos sobre o
ambiente que a rodeia, na tentativa de fazer sentido e adaptar-se ao mesmo.

Assim, numa turma com alto rácio professor aluno (turma numerosa), caso concreto 1o ciclo
do nível primário, esta interacção pode não ser efectivada com sucesso para todos alunos, pois
estes demandam maior atenção e o tempo de aula (45 a 90 minutos por aula) tornasse pouco.

Sabe-se que o desenvolvimento cognitivo das crianças na óptica de Piaget é dividido em


quatro (4) estágios, a saber: Sensório-motor, pré-operatório, operações concretas e operações
formais, mas importa neste pesquisa o estágio pré-operatório (2 – 6 anos) e das operações
concretas (7-11/12 anos), por serem estágios no qual alunos do primeiro ciclo se encontram.

Piaget (2013), defende que:

Nestes estágios, as crianças ainda não possuem a capacidade de pensar sobre algo e depois
fazer o caminho inverso e dá início à construção lógica (capacidade da criança de estabelecer
relações que permitam a coordenação de pontos de vista diferentes à capacidade de pensar
sobre algo e depois fazer o caminho inverso). Todavia, embora evoluindo, ainda obedece a
uma lógica da realidade concreta, pois mesmo a reflexão que se inicia acontece a partir de
situações presentes ou passadas vivenciadas pela criança.

De Papalia, Olds e Feldman (2006), constata-se que:

Dos 11 aos aproximadamente 20 anos (alunos da Secundária), desenvolve-se a capacidade de


pensar em termos abstractos e utilizar o raciocínio científico, há libertação do pensamento em
16

relação ao concreto e actual, situando o real num conjunto de transformações possíveis, há


capacidade de abstracção, raciocínio hipotético-dedutivo, raciocínio científico-indutivo,
experimental, pensamento formal e proposicional (sobre enunciados, símbolos) (p.47).

Leithwood e Jantzi (2009), defendem que estudantes com situações socioeconómicas mais
desfavoráveis são os que mais beneficiam de escolas mais pequenas, existindo menos
abandonos e desistências, sendo o relacionamento entre professores e alunos um dos pontos
que pode influenciar na decisão de um aluno abandonar os estudos.

Sousa (2017), ao debruçar sobre rácio professor aluno, nos professores e no ensino, afirma que
pesquisas mostraram que em turmas mais pequenas, as crianças são mais propensas a interagir
mais com o professor, existindo um ensino mais individualizado, acabando o professor por
despender mais tempo nas tarefas com os alunos, existindo mais apoio para as aprendizagens e
para o conhecimento pessoal dos alunos, indo ao encontro das suas necessidades individuais, o
que não se verifica na sua plenitude em turmas numerosas.

Das comparações feitas acima, fica claro que devido ao nível de desenvolvimento dos alunos
do primeiro ciclo do nível primário, estes deviam der um rácio professor aluno menor possível
de forma a haver maior interacção com o professor e entre colegas, de forma a lograr-se uma
aprendizagem significativa.

Mathis (2016), sustenta que a redução do número de alunos por turma, conduz a menores
atritos entre professores, assim como a alunos mais aplicados e menor abandono escolar e os
benefícios de turmas reduzidas nos primeiros anos de escolaridade traduziram-se em
melhorias no secundário, dando lugar a uma maior probabilidade de acesso ao ensino
superior.

1.2 Delimitação do Tema

A presente pesquisa, intitulada `` Impacto das Turmas Numerosas no Processo de Ensino e


Aprendizagem: Caso do, 1º Ciclo da Escola Primária de Madovela, foi realizada no Distrito
de Inharrime, Escola Primária de Madovela no 1º trimestre de 2023 e visava analisar os
impactos das turmas numerosas (alto rácio professor-aluno) no processo de ensino-
aprendizagem dos alunos do primeiro ciclo do ensino primário.

Assim, foi descrito o rácio professor aluno nos últimos 3 anos, identificou-se a visão dos
professores e alunos quanto a relação desempenho escolar e número de alunos por sala e foi
17

correlacionado o aproveitamento pedagógico com o número de alunos por turma, de forma


verificar se existe uma relação entre o número de alunos por sala e o desempenho escolar.

1.3 Formulação do Problema

Constitui problema da nossa pesquisa, o impacto das turmas numerosas no processo de


ensino-aprendizagem dos alunos do 1º ciclo, pois verificou-se no âmbito do estágio na Escola
Primária de Madovela, que pelo facto desta situar-se no centro das comunidades de
Chinhembwe, Madovela, Nhancolola, e pela não existência de uma Escola alternativa por
perto, esta apresentava e sempre apresentou um rácio professor aluno muito elevado podendo
variar de 50 a 60 alunos por professor, fenómeno que agravou-se em 2009 com o ingresso
massivo de crianças, acolhidas pelo centro de acolhimento Laura Vicuña, sem que houvesse
um aumento no número de professores.

Devido ao ingresso massivo de alunos provenientes Centro de acolhimento Laura Vicuña, em


2010, esta foi obrigada a trabalhar com um rácio de 60 a 85 alunos por turma, não obstante o
Regulamento Geral do Ensino Básico (REGEB) (2008) recomendar um máximo de 50 alunos.

Esta situação agravou a superlotação das salas de aulas que anteriormente era verificada e
contribuiu negativamente no desempenho dos alunos pois, a interacção professor aluno era
muito fraca e a gestão da turma tornava-se difícil.

Em resposta a esta problemática, foi fundada a Escola Primária de Laura Vicunã e Escola
Primária de Chinhembwe, na tentativa de minimizar a superlotação das salas mas, não sortiu
efeitos significativos pois passados 12 anos, esta problemática veio a ser regista pela
pesquisadora durante o estágio, onde o número de alunos ultrapassava o plasmado no
Regulamento Geral do Ensino Básico (REGEB), podendo variar de 50 a 70 alunos, e este
fenómeno dificultava a interacção professor-aluno e o aproveitamento pedagógico não era
satisfatório.

Fora isso, constatou-se que vários alunos desta escola, chegavam à 7a classe sem saber ler e
escrever não obstante, esta ser a habilidade que o aluno devia portar a partir do 1º ciclo.

Feita uma sondagem, constatou-que de 2010 a 2021 a taxa de reprovação foi de 11.7%,
10.9%, 10.5%, 9.3 %, 8.7%, 7.9%, 7.6%, 7%, 7%, 5.5%, 2.6% e 5.8%, respectivamente e
fora, a situação exposta acima, notou-se que existe uma discrepância entre o rácio professor
18

aluno no Ensino primário e Secundário, pois do REGEB (2008) artigo 43 e Diploma


Ministerial n.o 61/2003 de 11 de Junho, constatou-se que para o nível primário, a frequência
média é de 50 alunos por turma normal e para o nível secundário é fixada o número máximo
de 45 alunos por turma do 1o ciclo e 40 para 2o ciclo, critério que no entender da autora, não
coaduna com o nível de maturidade dos alunos.

Assim, partindo do pressuposto de que nas turmas numerosas (turmas de alto rácio professor-
aluno), a interacção professor aluno é limitada e levando em consideração Mofate (2017),
quando afirma que em Moçambique a dimensão numérica das turmas tem merecido pouca
atenção, tanto em trabalhos científicos sobre a educação, como em documentos que regulam o
funcionamento do sector, traçou-se o seguinte problema de pesquisa: Até que ponto as turmas
numerosas influenciam no processo de ensino e ensino- aprendizagem?

1.4 Justificativa

Esta pesquisa surge como resposta à prevalência de turmas numerosas, que tem notado na
Escola primária de Madovela, que resulta em /alto rácio professor-aluno, não obstante a
existência de leis que regem o número máximo de alunos por turma.

Este fenómeno, foi vivenciado pela pesquisadora durante o seu estágio integral na Escola
Primária de Madovela, onde deparou-se com casos de insucesso escolar, caracterizados pelo
baixo aproveitamento pedagógico, resultante da fraca interacção professor aluno, fraco
cumprimento do programa de ensino, problemas de leitura e escrita bem como turmas com
efectivo superior a 60 alunos, com maior destaque para os alunos da 1ª a 3a classe.

Nesse contexto, a presente pesquisa torna-se relevante, no âmbito pessoal, à medida que,
permitirá à pesquisadora na qualidade de professora do ensino primário, aprofundar mais, os
conhecimentos sobre os factores que concorrem para o baixo aproveitamento pedagógico dos
alunos, com maior enfoque no rácio professor aluno, que pouco é explorado. Não só, mas esta
pesquisa contribuirá para o melhoramento da qualidade de ensino bem como demonstrar o
papel do psicopedagogo na educação.

Ao nível social, esta pesquisa contribuirá na redução de desemprego para os formados nesta
área e nível, pois provado que existe relação entre o rácio professor aluno, mais professores
serão empregados de forma a responder à problemática. Não só, mas para nos pais e
19

encarregados de educação ajudará-os a identificar os factores que contribuem para o baixo


aproveitamento dos seus educandos, caso haja.

No âmbito académico, a pesquisa além de servir como instrumento de consulta, esta


contribuirá no melhoramento das estratégias de gestão do rácio professor-aluno;

De referir que além do alto rácio professor aluno, nota-se também que o número de alunos por
turma para o nível primário e secundário é diferente, sendo que o maior universo se encontra
no nível primário, mesmo sabendo que os alunos da 1a e 3a classe são os que necessitam de
uma maior atenção porque ainda não familiarizaram-se com o aprender. Ou seja, uma criança
da primeira classe vai á escola e em primeira instância depara-se com uma massividade de
outras crianças e o professor tem obrigação de atender a todos e dado o número de alunos e o
tendo de leccionação (45min), este pode ter frustração que culminará na fraca aquisição do
conhecimento por parte de alunos.

A opção pelo primeiro ciclo do ensino primário, justifica-se pela especificidade e exigência,
que este ciclo apresenta bem como por ser onde o aluno familiariza-se em primeira instância
com a leitura, escrita e contagem, conteúdos primordiais para a compreensão dos diversos
conteúdos subjacentes a este ciclo.

A opção pelo Distrito de Inharrime, justifica-se por ser Distrito onde a pesquisadora está
inserida e a desempenhar função de docência e pela disparidade com as de mais escolas
existentes no distrito no concernente ao rácio-professor aluno e respectivo aproveitamento
académico.

Assim, com esta pesquisa recorrendo ao aproveitamento pedagógico dos anos anteriores, foi
averiguado de forma minuciosa se existe uma possível relação de dependência entre o número
de alunos por sala e o aproveitamento académico destes.

1.5 Objectivos de Pesquisa

1.5.1 Geral

Analisar os impactos das turmas numerosas no processo de ensino e aprendizagem dos alunos
do 1º ciclo na Escola Primária de Madovela.
20

1.5.2 Específicos

Descrever o rácio professor-aluno no 1º ciclo ao nível da Escola Primária de Madovela


nos últimos 3 anos;
Identificar a concepção dos professores e alunos face à relação entre o número de
alunos e o desempenho académico;
Correlacionar o número de alunos por sala no 1º ciclo e o respectivo desempenho
académico ao nível da Escola Primária de Madovela nos últimos 3 anos.

1.6 Hipóteses

Até que ponto as turmas numerosas influenciam no processo de ensino e ensino-


aprendizagem?

H1: As turmas numerosas influenciam no processo de ensino e aprendizagem, na medida em


que baixa o aproveitamento académico dos alunos, os alunos perdem interesse pelas aulas,
aumentam o índice de desistência escolar, fraca interacção professor aluno, sobrecarga do
professor, incumprimento das actividades previstas nos programas de ensino, etc.;

Ha: As turmas numerosas não influenciam no processo de ensino e aprendizagem, pois além
de maximizar a interacção professor-aluno, minimiza as desistências, melhora aproveitamento
académico dos alunos, etc.
21

CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA

Este capítulo, debruça sobre as abordagens teóricas existentes em volta do tema em análise,
bem como sobre a discussão de conceitos básicos de modo a facilitar a compreensão do
estudo. Para o efeito, começa-se por apresentar, de forma resumida, o pensamento de diversos
autores que já estudaram o tema em referência.

2. Quadro conceptual

2.1 Discussão dos principais conceitos

2.1.1 Turmas Numerosas

Turma numerosa, é toda aquela em que o rácio professor aluno é elevado em relação ao
estipulado nos documentos regem o sistema nacional de educação de um determinado país.

Segundo McRobbie, Finn e Hamon (1998), rácio professor-aluno corresponde ao número de


alunos em uma escola ou distrito em relação ao número de profissionais de ensino, professor.

Já Ministério de Educação (MINED) (2010) conceitua rácio professor-aluno como relação


entre o professor e o número de alunos por ele orientados em cada turma e este pode
manifestar-se em das situações, a saber:

a) Um alto rácio professor-aluno (no ensino primário é qualquer rácio superior a 45


alunos por professor) - podendo reduzir a qualidade das aulas se os professores não
tiverem materiais didácticos à sua disposição e não conhecerem técnicas específicas
para ensinar grandes grupos.
b) Baixo rácio professor-aluno (no ensino primário é qualquer rácio inferior a 45 alunos
por professor) – Este rácio indica desperdício de recursos no sistema.

Assim, pode-se conceituar turma numerosa como qualquer turma em que o número de alunos
é superior a 45.
22

2.1.2 Ensino

Segundo Lakomy (2008), ensino é a acção e o efeito de ensinar (instruir, doutrinar com regras
ou preceitos). Trata-se do sistema e do método de instruir constituído pelo conjunto de
conhecimentos, princípios e ideias que se ensinam a alguém.

Para Nereci (1989, citado por Moreira, 1999), ensino é toda a forma de orientar a
aprendizagem a outrem, desde a acção directa até à execução de tarefas de total
responsabilidade do educando, previstas pelo professor.

Já Libâneo (2001), defende que o ensino visa alcançar determinados resultados em termos de
domínio de conhecimentos, habilidades, hábitos, atitudes, convicções e de desenvolvimento
das capacidades cognitivas dos educandos.

2.1.3 Aprendizagem

Segundo Queiroz (s/d), aprendizagem, para os cognitivistas, é o processo de organização e


integração das informações à estrutura e esta pode ser significativa quando novas ideias ou
informações relacionam se com conceitos relevantes e disponíveis na estrutura
cognitiva e, consequentemente, assimilado por ela ou mecânica (rote learning), quando a
aquisição de novas informações com alguma ou nenhuma associação com
conceitos relevantes, já existentes na estrutura cognitiva (p.42-43).

Moreira (1999), define a aprendizagem como sendo o processo de aquisição de


conhecimentos ou acções a partir da interacção com o meio ambiente e com o social.

Fonseca (2012), define a aprendizagem como sendo um processo activo que resulta de
uma acção cognitiva e motora individual que ocorre por meio da mediação entre o
indivíduo e o meio social e cultural onde este se insere e é esta interacção com o meio
que permite ao indivíduo a construção de significados ou a identificação de
características, propriedades e finalidades para as suas acções e experiências.
23

2.1.3 Escola Primária

Uma escola primária é um tipo de estabelecimento escolar, existente em alguns países, onde
as crianças realizam o primeiro estágio da escolaridade obrigatória ou ensino primário1.

A Lei 18/2018, de 28 de Dezembro, preconiza um Ensino Primário como o nível inicial de


escolarização da criança na aquisição de conhecimentos, habilidades, valores e atitudes
fundamentais para o desenvolvimento harmonioso da sua personalidade.

Para Instituto Nacional de Desenvolvimento da Educação (INDE) (2020), Ensino Primário


compreende dois graus, o primeiro dos quais com cinco classes leccionadas em regime de
monodocência e, o segundo, com duas classes, leccionadas em regime de pluridocência.

2.1.4 Ciclos

Os ciclos são unidades de aprendizagem em que o aluno desenvolve competências


específicas.

Assim, Lei nº 18/2018, de 28 de Dezembro, preconiza um Ensino Primário de seis (6) classes,
organizadas em dois ciclos de aprendizagem:

a) I ciclo, de 1ª a 3ª classe, e

b) II ciclo, de 4ª a 6ª classe.

2.2 Quadro teórico

2.2.1. Teorias sobre educação

A Teoria da Educação é a ciência que pesquisa o valor e os limites da educação como


processo de edificação e de libertação do ser humano, deseja explicar o verdadeiro sentido e
sua dimensão, conceitual e fidedigno do processo educativo do indivíduo. Assim pode-se dizer
que as Teorias da Educação são constituídas por “concepções pedagógicas”, as quais são
correspondentes de “ideias pedagógicas (Costa & Fonseca, 2016, p.23).

Segundo Camilo e Medeiros (2018), as teorias sobre a educação subdividem-se em: Racional-
tecnológica, Neocognivistas, Sociocríticas, Holísticas e Pós-modernas.

1
https://www.significado-definição.com/Escola%20prim%C3%A1ria
24

a) Toeria Racional-tecnológica

Segundo Libâneo, Santos e Saviani (2005), esta teoria corresponde à concepção que tem sido
designada de neotecnicismo, associada a uma pedagogia a serviço da formação para o sistema
produtivo, em que subtende-se a formulação de objectivos e conteúdos, padrões de
desempenho, competências e habilidades com base em critérios científicos e técnicos.

Segundo Camilo e Medeiros (2018), esta teoria subdivide-se em ensino de excelência, ensino
tecnológico e Ensino para formação de mão-de-obra intermediária

Ensino de excelência - formação de um sistema produtivo para a elite intelectual e técnica;

Ensino para formação de mão-de-obra intermediária, centrada na educação formadora


para o mercado;

Ensino tecnológico consiste transformação da educação em ciência (racionalidade científica),


produção do estudante como um ser tecnológico (versão tecnicista do “aprender a aprender”),
utilização mais activa dos meios de comunicação e informação e do aparato tecnológico

b) Toeria neocognitivista

Esta teoria, corresponde ao construtivismo pós-piagetiano e nela incluem-se, novos aportes ao


estudo da aprendizagem, do desenvolvimento, da cognição e da inteligência. Tais abordagens
cognitivas referem-se a estudos relacionados à utilização de técnicas como o uso de
computadores, objectivando buscar inovações a fim de avançar na investigação sobre os
processos psicológicos e a cognição (Libâneo, Santos e Saviani, 2005).

Construtivismo pós-piagetianismo - no campo da educação, refere-se a uma teoria em que a


aprendizagem é consequência de uma edificação mental realizada pelos sujeitos com base na
sua acção sobre o mundo e no intercâmbio com outros. Assim, nele o indivíduo tem um
potencial para aprender a pensar que pode ser desenvolvida porque a faculdade de pensar não
é inata e nem é fornecida de fora (Costa & Fonseca, 2016, p.23).

O construtivismo pós-piagetiano acciona reforços de outras fontes tais como, o lugar do


desejo e do outro na aprendizagem, o predomínio da linguagem em relação à razão, o papel
do intercâmbio social na construção do conhecimento, a singularidade e a pluralidade dos
sujeitos (Grossi e Bordin,1993).
25

c) Teorias sociocríticas

As teorias sociocríticas subdividem-se em Sociologia crítica do currículo, teoria histórico-


cultural, teoria sociocultural, teoria sócio cognitiva e teoria da acção comunicativa. Estas
teorias tendem a concepção de educação como compreensão da realidade para transformá-la,
visando a construção de novas relações sociais para superação de desigualdades sociais e
económicas (Libâneo, Santos e Saviani, 2005).

Teoria curricular crítica - com características neomarxistas, acentua os factores sociais e


culturais na construção do conhecimento, lidando com temas como cultura, ideologia,
currículo oculto, linguagem, poder e multiculturalismo (Moreira & Silva, 1994).

Teoria histórico-cultural - a aprendizagem resulta da interacção sujeito-objecto, em que a


acção do sujeito sobre o meio é socialmente mediada, conferindo peso significativo à cultura e
às relações sociais; a actividade do sujeito supõe a acção entre sujeitos, no sentido de uma
relação do sujeito com o outro (Daniels, 2003).

Teoria sociocultural - coloca destaque na explicação da actividade humana enquanto


processo e resultado das vivências em actividades socioculturais compartilhadas, mais do que
nas questões do conhecimento e da apropriação da cultura social, abrange as práticas de
aprendizagem como actividade sem situar directamente em um contexto de cultura, de
relações, de conhecimento (Cabanas, 2002).

Teorias sociocognitiva são assentadas em importância as condições culturais e sociais da


aprendizagem, visando ao desenvolvimento da sociabilidade por meio de processos
socioculturais. A questão importante da escola não é o funcionamento psíquico ou os
conteúdos de ensino, mas um ambiente educativo organizado, solidário com relações
comunicativas, com base nas experiências quotidianas, nas revelações da cultura popular
(Bertrand, 1991).

Teoria da acção comunicativa – no agir pedagógico realça a acção comunicativa, onde há


interacção entre sujeitos por meio do diálogo para se chegar a um entendimento e cooperação
entre as pessoas. Estabelece, assim, numa teoria da educação propícia ao diálogo e na
participação, visando à emancipação dos sujeitos (Bertrand, 1991).
26

d) Teoria holística

Estas teorias subdividem-se em Holismo, teoria da Complexidade, teoria naturalista do


conhecimento Ecopedagogia e Conhecimento em rede. Assim, estas teorias são diferentes
vertentes teóricas, que têm como principal aspecto uma visão “holística” da realidade como
uma totalidade de integração entre o todo e as partes, porém buscando compreender a
dinâmica e os processos dessa integração de forma diferente (Libâneo, Santos e Saviani,
2005).

Ecopedagogia é uma pedagogia que promove a aprendizagem a partir da vida quotidiana; é


no diário que se constrói a cultura da sustentabilidade, a cultura que valoriza a vida, que
promove a estabilização dinâmica entre seres viventes e não viventes (Gutiérrez, 1999).

O conhecimento em rede - a ideia fundamental da corrente do conhecimento em rede é de


que os conhecimentos disciplinares, assentados na visão moderna de razão, devem abdicar
lugar aos conhecimentos tecidos em redes relacionadas à acção diária (Alves, 2000).

e) Teorias pós-modernas

Estas teorias subdividem-se em Pós-estruturalismo e Neo-pragmatismo. Estas teorias tentam


fugir da denominação de pedagogias, porém, boa parte das publicações de autores e
pesquisadores produzem neste campo da educação, um campo mais científico da educação
(Libâneo, Santos e Saviani, 2005).

Camilo e Medeiros (2018) defendem que estas teorias se constituem a partir das críticas às
concepções globalizantes do destino humano e da sociedade, as metanarrativas, assentadas na
razão, na ciência, no progresso, na autonomia individual.

O pós-estruturalismo - defende que o sistema educativo enquanto força cria um saber que
exerce um controle sobre as pessoas, já que sua acção é formar o sujeito da modernidade, isto
é, o sujeito dependente, disciplinado, contido ao poder do outro. O saber está afectado com o
poder, sendo que essas relações de poder estão omnipresentes, cumpridas nas mais variadas
instâncias como a família, a escola, a sala de aula (Bertrand, 1991).

O neopragmatismo - valoriza no processo educativo as experiências pessoais do indivíduo, a


interacção dialógica em uma conversa aberta, contínua, duradoura (Cabanas, 2002).
27

2.2.2 Teorias sobre ensino-aprendizagem

Teorias sobre ensino-aprendizagem são construções humanas para explicar metodicamente a


área de conhecimento chamada de aprendizagem, ou seja, uma maneira particular de ver as
coisas, de esclarecer o ponto de vista de um autor ou de um pesquisador sobre como
interpretar um tema de aprendizagem, sobre quais são as variáveis independentes, dependentes
e intervenientes e explicar o que é aprendizagem e como funciona (Costa & Fonseca, 2016,
p.23).

Assim, para Sertori (2021, p.4), as teorias de aprendizagem são: teoria sociocultural (da
aprendizagem social, construtivista), teoria do comportamento (behaviorismo), teoria
humanista e teoria cognitivista.

a) Teoria sociocultural (da aprendizagem social, construtivista)

Segundo Sertori (2021, p.4), esta é uma Corrente teórica da educação que explica como a
inteligência humana se desenvolve e defende que o desenvolvimento da inteligência é
determinado pelas acções mútuas entre o indivíduo e o meio, razão pela qual levou-se à
crença de que o homem não nasce inteligente, mas que também não é um sujeito passivo do
mundo.

Assim, os cognitivistas defendem que mesmo estimulado por meio externo, o homem é capaz
de agir sobre estes estímulos para construir e organizar o seu próprio conhecimento. Isto é,
quanto mais ele age sobre o meio, mais elaborada será sua organização cognitiva.

b) Teoria do comportamento (behaviorismo)

Segundo Sertori (2021, p.4), esta corrente defende que os comportamentos do ser humano são
aprendidos, e com isso, o aspecto da aprendizagem passa a ter grande importância.

Assim, nesta teoria, o ambiente passa a ter um papel fundamental, pois o homem passa a ser
produto do meio. Já no aspecto do ensino, esta corrente defende que é preciso preparar e
organizar as contingências de reforço que irão facilitar a aquisição dos esquemas e dos
diferentes tipos de condutas desejadas (Illeris, 2013).
28

c) Teoria cognitivista

Segundo Illeris (2013), a teoria cognitivista enfatiza o processo de cognição, através do qual a
pessoa atribui significados à realidade em que se encontra. Assim, esta corrente preocupa-se
com o processo de compreensão, transformação, armazenamento e uso da informação
envolvido na cognição e procura regularidades nesse processo mental (p.15).

d) Teoria humanista

Segundo Illeris (2013), o foco desta corrente é o crescimento pessoal do aluno. Assim, esta
abordagem considera o aluno como pessoa e o ensino deve facilitar a sua auto-realização,
visando à aprendizagem pela pessoa inteira, que transcende e engloba as aprendizagens
afectiva, cognitiva e psicomotora.

Para Rogers (citado por Sertori, 2021, p.18), nesta teoria, só uma mudança muito grande na
direcção básica da educação pode atender às necessidades da cultura de hoje e o ponto final
do nosso sistema educacional deve ser o desenvolvimento de pessoas plenamente actuantes,
razão pela qual o objectivo educacional deve ser a facilitação da aprendizagem.

2.2.3 Competências a serem desenvolvidas pelos alunos e escolas no Ensino Primário

Como outrora dito, o ensino primário é divido em dois ciclos. Assim, no 1º ciclo, o aluno
desenvolve competências de leitura e escrita, de contagem de números e realização das
operações elementares de matemática, de noções de higiene pessoal, de relação com as outras
pessoas, consigo próprio e com o meio e de saúde e bem-estar.

A Escola tem a função de estimular os alunos a conhecerem e entenderem as diferenças, a


respeitarem os mais velhos, a serem honestos e solidários (INDE, 2020, p.18).

No 2º ciclo, o aluno aprofunda os conhecimentos adquiridos no 1º ciclo e constrói novas


competências com a introdução das disciplinas de Ciências Sociais, Ciências Naturais e
Educação Visual e Ofícios (INDE, 2020, p.18).

Neste ciclo, o aluno aprende a usar a língua como instrumento de comunicação, de acesso à
ciência e de intercâmbio social e cultural, fazer cálculos com rapidez, a interpretar as
transformações políticas, sociais e económicas da sociedade, a interpretar cientificamente
factos e fenómenos naturais e expressar-se através de diferentes formas de arte, bem como
29

outras actividades práticas e tecnológicas. Ainda, neste ciclo, a escola tem a função de
estimular o aluno a conhecer e a entender as diferenças sem preconceito, a ser tolerante,
honesto e solidário (INDE, 2020, p.18).

2.2.4 Síntese de pesquisas recentes sobre o rácio professor-aluno e seus resultados

2.2.4.1 Análise dos Factores que Influenciam a Qualidade de Ensino – Aprendizagem no


Ensino Básico na 5ª classe das Escolas Completas Benfica Nova e Khongolote no
Município da Matola

Dissertação desenvolvida por Simbine (2014), na 5ª classe, Escolas Completas Benfica Nova
e Khongolote do Município da Matola, tendo como amostra um total de 65 elementos a saber:
directores das Escolas, professores, alunos, pais ou encarregados de educação, seleccionados
recorrendo amostragem não probabilística (por conveniência).

Esta pesquisa mostrou que a carga horária e tempo de instrução, disponibilidade e uso
recursos didácticos na sala, tamanho da turma, etc., influenciam negativamente no processo
de ensino-aprendizagem, tendo o autor recomendado às autoridades do sector de educação a
construção e reabilitação de salas de aula por forma a reduzir o rácio professor-aluno e que
incrementem a quantidade de material didáctico alocado às escolas.

2.2.4.2 Contribuição da avaliação formativa para o ensino/aprendizagem da produção


em turmas numerosas

Pesquisa desenvolvida por Portal (2008), que embora não tenha como foco estudo do rácio
professor aluno, sustenta que a diminuição do tamanho de alunos por turma produz efeitos
positivos, para três intervenientes do processo de ensino e aprendizagem a saber:

a) Efeitos para o aluno – quando o rácio professor aluno é equilibrado, a atenção deste é
constante, beneficia-se de mais tempo para interagir com o professor, tem mais
oportunidades de participar, tem e sente sensação de ser mais notado pelo professor, o
que o leva a adoptar comportamentos mais apropriados, seu ritmo de aprendizagem é
mais respeitado.
b) Efeitos para o professor – quando o rácio professor aluno é equilibrado, este dispõe
de mais tempo para cada aluno, tem a oportunidade de responder de forma de forma
mais atenta às questões e às necessidades dos alunos, pode acompanhá-los melhor,
30

dispões de mais tempo para ensinar a matéria a cada um, tem mais tempo para ensinar
a matéria a cada um, tem mais contacto pessoal com alunos, tem maiores
possibilidades de usar diferentes abordagens pedagógicas.
c) Efeitos para a turma como um todo – o amente é melhor, o clima é mais amistoso,
as relações entre os alunos e professor são melhores, várias metodologias podem ser
empregues e avaliar seu efeito.

2.2.4.3 Visão do professor sobre o número de alunos por turma: Uma contribuição para
a melhoria da qualidade da educação

Pesquisa desenvolvida por Pintoco (2017), teve como objectivo investigar a relação da
qualidade da educação com o número de alunos por turma na rede Municipal de ensino de
Casimiro de Abreu, na perspectiva dos professores. Esta pesquisa consistiu em convocar os
professores para reflectirem sobre as acções didáctico-pedagógicas tendo em conta, os
impactos do tamanho da turma, tendo baseando-se em dados secundários, bem como
primários e chegado a conclusão de que a qualidade da educação se relaciona negativamente
com o aumento do tamanho das turmas, sendo as acções didáctico-pedagógicas do professor
significativamente prejudicadas com o aumento do número de alunos em sala de aula.

2.2.2.4 Implicações do Rácio Aluno/Professor no Trabalho Docente na Escola Primária


de Ndlavela

Pesquisa desenvolvida por Machai (2015), na escola supra, tinha como objectivo analisar as
implicações do rácio aluno/professor no trabalho docente na Escola Primária de Ndlavela.
Neste estudo concluiu-se que o facto de o professor trabalhar em turmas com um número que
ultrapassa o nível de rácio internacionalmente recomendado pela UNESCO que é de 40:1,
gera implicações na vida do profissional, como a sobrecarga de trabalho, a não interacção do
professor com todos alunos, a insatisfação das necessidades académicas os alunos e o não
alcance dos objectivos pretendidos, principalmente devido à insuficiência de tempo.

Não só, este rácio aluno/professor, ao exigir mais esforço do professor afecta a sua saúde,
facto tem sido negligenciado, e não se tem abordado.
31

2.2.4.5 Influência do tamanho da turma no aproveitamento pedagógico dos alunos da 8ª


e 11ª classe da Escola Secundária Força do Povo, Cidade de Maputo (2015- 2019)

Pesquisa desenvolvida por Madjila (2020), com objectivo analisar a influência do tamanho de
turmas no aproveitamento pedagógico dos alunos, tomando como unidade de análise a Escola
Secundária Força do Povo.

Esta pesquisa foi de a abordagem mista (qualitativa e quantitativa), com recurso ao


questionário, entrevista e análise documental como técnicas de recolha de dados, tendo-se
utilizado uma amostra de 20 elementos que permitiram concluir que na escola em estudo
existiam turmas numerosas e, um fraco aproveitamento pedagógico dos alunos, resultante do
alto rácio professor aluno.

2.2.5 Rácio professor-aluno: Factor de sucesso ou insucesso pedagógico

Não constitui novidade que quanto maior o número de alunos por sala, menos significativa é a
aprendizagem, devido a dificuldade na gestão desta bem como efectuar um atendimento
personalizado, sem que haja incumprimento do tempo lectivo.

Esta informação pode ser constatada em Verdasca (2007), quando afirma que o alto rácio
professor aluno cria um ambiente de aprendizagem desconfortável tanto para os professores
como para os alunos, bem como em Fialho (2012), quando menciona e descreve alguns
factores que resultantes do alto rácio professor aluno, a saber:

a) Superlotação de salas - o alto rácio professor aluno resulta em turmas numerosas, o


que dificulta a livre circulação do professor/aluno na sala bem como o cumprimento
duma das funções didácticas, no caso o controle a avaliação pois o espaço disponível é
muito limitado;
b) Insucesso na preparação das actividades na aula e correcção dos trabalhos dos alunos
pois ambas as actividades levam muito tempo para concretizarem-se;
c) Insuficiência de recursos e necessidades de aprendizagem dificulta a proporção dum
trabalho adequado para uma variedade de necessidades de aprendizagem;
d) Fraco uso dos métodos de ensino que proporcionem aprendizagem significativa, pois
mesmo sem alto rácio professor aluno muitos professores sentem que não têm tempo
suficiente para usar métodos construtivos e tendem a usar do método de ensino mais
expositivo;
32

Para Simbine (2014, p.27), o alto rácio professor aluno resulta num processo de ensino-
aprendizagem ineficaz pois os professores não estão preparados para lidar adequadamente
com a gestão de turmas numerosas.

Já Mendes et al. (2008), sustenta que turmas numerosas constituem um dos grandes
obstáculos no aproveitamento pedagógico dos alunos e a tendência de associar as turmas que
comportam um número reduzido de alunos a uma melhor qualidade no ensino e,
consequentemente a uma melhor qualidade na aprendizagem constitui uma ferramenta
indispensável para a gestão de turmas numerosas.

Assim, percebe-se que quando rácio professor-aluno baixo há possibilidade de reduzir os


problemas e dificuldades registadas durante o processo de ensino e aprendizagem,
minimizando indisciplina que culmina em distracções por parte dos alunos e proporcionar ao
professor mais tempo para se dedicar a cada aluno (a).

2.2.6 Papel do psicopedagogo na gestão do rácio professor-aluno

Libâneo (2001), enfatiza que é insuficiente julgar a qualidade da escola apenas pelo nível de
seus produtos, por mais que os resultados sejam um bom indicativo da qualidade de seus
processos e das condições da oferta de seus serviços. Também não é suficiente, no âmbito das
escolas, apenas a aferição do desempenho intelectual dos alunos através de provas e exames,
porque os resultados da aprendizagem dizem respeito não só a dimensão cognitiva, mas,
também, as dimensões afectivas, estética, ética, física. (p. 56).

Assim, o trabalho psicopedagógico na escola se caracteriza por possibilitar reflexões,


observações e mudanças, examinando-se os diferentes caminhos existentes na produção do
conhecimento sem que se fixem culpados pelo fracasso escolar como o sistema escolar, a
secretaria de educação, a escola, o professor, a família, ou o aluno (Bassedas, 1996).

Ao trabalhar numa determinada escola, o psicopedagogo deve detectar problemas de


aprendizagem com maior facilidade, pois o mesmo focaliza sua atenção no indivíduo e na sua
história pessoal e familiar (Moreira, Alves & Borges, 2012).

Intervir na solução de problemas, pois sua intervenção possibilitará que indivíduos, grupos e
instituições desenvolverem seus processos de aprendizagem de forma saudável, que resgatem
33

o prazer de aprender e descubram-se autores de seus próprios processos (Carvalho, 2010,


p.18).

Assim, o psicopedagogo enquanto interveniente da educação é factor chave para a gestão da


sala de aula pois, com base nos seus conhecimentos e estratégias pode minimizar indisciplina
nas turmas, pois os professores gastam mais tempo mantendo a ordem do que ensinando e em
turmas de tamanho reduzido a indisciplina desaparece, pois os comportamentos inadequados
são detectados de imediato e as acções são mais eficazes por causa da proximidade entre
professor e aluno.

2.2.7 Relação entre a dimensão da turma e as dinâmicas da sala de aula

Embora alguns autores sustentem que existe relação entre o número de alunos turma e o
desempenho escolar, McRobbie, Finn e Harmon (1998), consideram que a relação da
quantidade de alunos por turma com a qualidade do ensino não é linear, sendo que nem
sempre a redução do número de alunos se associa a melhores rendimentos escolares.

Para Carvalho (2010), a redução da dimensão da turma favorece o combate a indisciplina


propiciando um melhor comportamento em sala de aula, mais momentos de atenção
individualizada e realização de trabalhos em grupos com debates, discussões entre grupo e
turma e a possibilidade de acções inovadoras por parte dos professores.

Mathis (2016), sustenta que apenas no primeiro ano de escolaridade é que se tem um impacto
positivo com a redução da dimensão da turma sobre os resultados escolares e quanto mais
anos os alunos frequentam turmas com tamanho reduzido ao longo dos primeiros anos de
escolaridade, maiores serão os benefícios (leitura e matemática) no decorrer dos anos
seguintes de escolaridade.

De acordo com Piaget (2013), o aprendizado possui ligação entre adaptação, acomodação e
assimilação, através de informações adquiridas no meio em que se está inserido. Esses são
processos de internalização de conteúdos externos, passando por etapas para que seja possível
ocorrer uma compreensão.
34

Figura 1: Relação entre a dimensão da turma e as dinâmicas da sala de aula

Fonte: Madjila (2020)

2.2.8 Factores que influenciam o rácio professor-aluno

A questão do tamanho da turma constitui uma grande preocupação para os profissionais da


educação, e não só (Madjila, 2020).

Assim, segundo Ministério de Educação (MINED) (2010), o sistema educacional


Moçambicano é naturalmente caracterizado por turmas consideradas numerosas, isto é,
turmas acima de 45 alunos, facto que é resultante de:

a) Insuficiência de salas de aulas – este factor faz com que se crie nas escolas turmas
numerosas, havendo necessidade de solicitar apoio de valores monetários ou mesmo
de material de construção para o aumento de salas de aulas para dividir as turmas em
que o número de alunos é elevado. Como consequência, cria-se um ambiente
desfavorável, porque muitos alunos acabam saindo das salas para estudar fora sem
nenhuma cobertura, e as aulas dos alunos acabam ficando prejudicadas porque há falta
de concentração nas aulas.
35

b) Falta de professores2- este factor faz com que haja existência de turmas numerosas,
porque vão juntar-se as turmas, e dai os alunos numa só turma com mais de setenta
alunos terão comportamento não satisfatório, vão intensificar o barulho, e outros
comportamentos perturbadores, e esta situação, além de afectar o processo de ensino e
aprendizagem, vai afectar as aulas de outros alunos.
c) Falta de carteiras
d) Tamanho de salas – em salas menores, o número de alunos é elevado e faz com que a
sala fique superlotada, e assim o desempenho dos alunos se torna fraco;
e) Elevado número de alunos – factor que tem-se intensificado nas zonas recônditas pois
há muita procura devido a falta de escolas ao redor, a elevada taxa de natalidade, o
nível de reprovações, etc.

Para Organização das Nações Unidas para a Educação (UNESCO) (2014), os factores que
influenciam para o alto rácio professor aluno são:

a) A insuficiência financeira, que se afigura como um dos maiores obstáculos à


realização de uma educação para todos e de qualidade;
b) A redução na ajuda à educação básica na África Subsaariana que, nos anos de 2010 e
2011, se estimava em 134 milhões de dólares;
c) A falta de professores e de salas de aulas.

2
Não constitui verdade na óptica da autora pois existem vários professores formados em diversas áreas sem
emprego
36

CAPÍTULO III: METODOLÓGICA DA PESQUISA

Neste capítulo, apresentam-se os procedimentos metodológicos utilizados para o


desenvolvimento desta pesquisa desde o tipo de pesquisa, métodos de abordagem e de
procedimentos, técnicas de recolha e análise de dados, determinação da população e amostra,
o tipo de amostragem usada e procedimentos de análise de dados.

3. Metodologia do trabalho

Segundo Gil (2008), metodologia é o estudo da organização, dos caminhos a serem


percorridos, para se realizar uma pesquisa ou um estudo, ou para se fazer ciência. Outossim,
para elaboração de um trabalho de pesquisa torna-se necessário definir quais os
procedimentos metodológicos a utilizar, de forma a compreender se melhor a natureza do
estudo, as técnicas de colecta de dados e possíveis limitações.

Assim, esta pesquisa baseou-se na seguinte abordagem metodológica: Hipotética dedutiva


quanto ao método, pesquisa bibliográfica e documental quanto aos procedimentos, pesquisa
aplicada quanto a natureza, pesquisa mista (quantitativa e qualitativa) quanto a abordagem e
pesquisa explicativa quanto aos objectivos e para a concretização da mesma, a autora primeiro
teve que se apresentar à Escola onde recolheu os dados com base no questionário, entrevista e
observação.

Os dados recolhidos foram analisados usando à Microsoft Exce3, finda a análise do


desempenho dos alunos, foi conduzida uma entrevista aos professores e alunos com o
objectivo de conhecer o parecer destes, entorno do assunto em estudo.

3.1. Descrição do local de estudo

O Distrito de Inharrime situa-se na parte meridional província de Inhambane,


em Moçambique, com uma área 2.748 km2 e tem como sede a vila de Inharrime. Quanto aos
limites geográficos, a norte faz limite com os distritos de Jangamo, Homoíne, a oeste com o
distrito de Panda, a leste com o Oceano Índico, e a sul com os distritos de Zavala e
de Manjacaze da província de Gaza.

3
O Microsoft Excel, criado em 1987 pela Microsoft, o Excel é um editor de planilhas. Ou seja, é uma
ferramenta que permite armazenar, manipular, calcular e analisar dados como números, textos e fórmulas,
permitindo a combinação, análise de informações e representações gráficas, directamente na planilha.
37

A Escola Primária Madovela, fundada em 1956, localiza-se na Província de Inhambane,


Distrito de Inharrime, localidade Madovela, 2Km da estrada número e a 1, 8 Km da Vila de
Inharrime, leccionando da 1a Classe a 7a Classe. Esta Escola tem 8 (oito) salas de construção
convencional, 7 (sete) oriundas do apoio do Centro de Acolhimento Laura Vicunã, 1 (uma)
herdada do coluno.

Actualmente, esta Escola possui 610 alunos, os quais são assistidos por 16 professores,
leccionando da1ª classe a 6ª classe.

3.2. Tipos de Pesquisa

Segundo Gil (2008), toda e qualquer classificação de um determinado fenómeno ou factor,


faz- se mediante algum critério.

Assim, para a realização desta pesquisa recorreu-se a pesquisa mista (qualitativa e


quantitativa) quanto a abordagem, pesquisa documental e bibliográfica quanto aos
procedimentos, pesquisa aplicada quanto à natureza e hipotético dedutivo, quanto ao método.

3.2.1 Quanto aos procedimentos técnicos

A pesquisa quanto aos procedimentos técnicos é bibliográfica e documental. A opção por este
procedimento técnico, justifica-se por possibilitar confrontar o presente com as contribuições
de vários autores sobre o assunto em estudo.

A pesquisa documental recorre a fontes mais diversificadas e dispersas, sem tratamento


analítico, tais como: tabelas estatísticas, jornais, revistas, relatórios, documentos oficiais,
cartas, filmes, fotografias, pinturas, tapeçarias, relatórios de empresas, vídeos de programas de
televisão, etc. (Fonseca, 2002, p. 32).

De outra forma, a pesquisa documental entende-se como um tipo de pesquisa que


utiliza fontes primárias, isto é, dados e informações que ainda não foram tratados científica ou
analiticamente e esta têm objectivos específicos e pode ser um rico complemento à pesquisa
bibliográfica.
38

3.2.2 Quanto à natureza da pesquisa

A pesquisa quanto a natureza é aplicada pois, tem como objectivo contribuir na resolução dos
problemas do baixo desempenho dos alunos do primeiro ciclo, e não só, pois alguns alunos
chegam até na secundária sem saber ler e escrever, facto que pode ser resultante do alto rácio
professor-aluno.

3.2.3 Quanto ao tipo da abordagem da pesquisa

Esta pesquisa quanto à abordagem é mista (qualitativa e quantitativa). A opção por esta
abordagem, justifica-se por se ter, usado recursos e técnicas estatísticas desde a recolha,
descrição, análise dos dados, apresentação dos resultados e por ter-se usado técnicas de
análise de conteúdo para questões de abordagem qualitativa, bem como por questões de
enriquecimento da pesquisa.

Segundo Richardson (1999), a abordagem qualitativa visa destacar características não


observadas por meio de um estudo quantitativo, haja vista a superficialidade deste último e a
abordagem quantitativa caracteriza-se pelo emprego de quantificação tanto nas modalidades
de colecta de informações, quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas, desde
as mais simples como a percentual, média, desvio-padrão, as mais complexes, coma
coeficiente de correlação, análise de regressão etc. (p.70).

Para Larson (2015) bem como Samuel e Simão (2016), no emprego conjunto de técnicas
qualitativas e quantitativas, os dados são considerados mais ricos, completos, globais e reais
(p.29). Ou seja, a utilização de várias técnicas de recolha de dados, vulgo triangulação, na
mesma pesquisa, só acaba enriquecendo ainda mais o estudo.

3.2.4 Quanto aos objectivos da pesquisa

A pesquisa quanto aos objectivos é explicativa, porque visa explicar os porquês dos
problemas de insucesso escolar que tem culminado em problemas na leitura-escrita no 1o ciclo
do ensino primário, por meio do registo, da análise, da classificação e da interpretação dos
fenómenos observados como é o caso do rácio professor-aluno, número de alunos por turma,
bem como identificar os factores que determinam ou contribuem para a ocorrência deste
fenómeno.
39

3.2.5 Quanto ao Método

A pesquisa quanto ao método é Hipotético dedutivo. A opção por este método justifica-se por
ter-se colectado, sistematizado, descrito e analisado comparativamente os dados do
desempenho versus rácio professor aluno e a partir delas generalizar.

3.3. Técnicas e Instrumentos de recolha de dados

Para a realização da pesquisa, usou-se a observação, questionário e a pesquisa é documental.

3.3.1. Observação

É uma técnica de recolha de dados que para obter informações utiliza os sentidos. Ou seja,
consiste em examinar factos ou fenómenos que se deseja estudar (Marconi & Lakatos, 2009).

3.3.2. Questionário

De acordo Labes (1998), questionário é o conjunto de questões pré – elaboradas, sistemática e


sequencialmente dispostas em itens que constituem o tema da pesquisa, com o objectivo de
suscitar dos informantes respostas por escrito ou verbalmente sobre o assunto que saibam
informar ou opinar.

Por sua vez, Faria (1989 citado por Labes 1998), defende que o questionário é o veículo de
pesquisa que utiliza impressos preparados para receber respostas a todas perguntas necessárias
a um levantamento, as quais foram previamente elaboradas e dispostas na melhor sequência,
na forma mais agradável para facilitar o preenchimento e devolução.

3.3.3. Pesquisa documental

É um tipo de pesquisa que utiliza fontes primárias, isto é, dados e informações que ainda não
foram tratados científica ou analiticamente e esta têm objectivos específicos e pode ser
um rico complemento à pesquisa bibliográfica.

3.4 População e amostra

A pesquisa teve como população um total de 203 pessoas, das quais 193 correspondem ao
universo dos alunos da 5ª e 6ª classe, subdivididos em 98 homens e 95 mulheres e 10
professores.
40

Constituiu amostra, um total de 73 pessoas, sendo 67 alunos (46 homens e 20 mulheres) com
idades compreendidas entre 10 anos a 13 anos (10 alunos de 10 anos, 33 de 11 anos e 10 de
11 anos) e 6 professores da Escola supra, sendo 4 professoras e 2 professores (uma professora
de 47 anos de idade, nível médio de escolaridade (Docente N4) e 24 anos de experiência;
outra professora de 28 anos de idade, nível médio de escolaridade (Docente N3) e 08 anos de
experiência, outra de professora de 38 anos de idade, nível médio de escolaridade (Docente
N3) e 1 ano de experiência, outra de professora de 21 anos de idade, nível Básico de
escolaridade (Docente N4) e 8 meses de experiência; um professor de 37 anos de idade, nível
médio de escolaridade (DN3) e 15 anos de experiência e por fim outro professor de 38 anos
de idade, nível de escolaridade licenciatura (Docente N1) e 17 anos de experiência).
Para a selecção da amostra (73 pessoas) usou-se amostragem convencional. A opção por este
critério para alunos justifica-se pela necessidade inquirir alunos da 5ª e 6ª classe pois estes já
apresentam um desenvolvimento cognitivo e psicomotor suficiente para ler e compreender um
questionário.
Já para professores, justifica-se pela necessidade de inquerir professores que já leccionaram o
1º ciclo
Fora inquérito, foi analisado o aproveitamento pedagógico dos alunos do 1º ciclo dos anos
2020 a 2022.

Na amostragem por conveniência, selecciona-se a amostra em função da disponibilidade e


acessibilidade dos elementos que constituem a população alvo (Reis, Melo, Andrade &
Calapez, 1996, p.267).

3.5. Limitação do Estudo

Constituíram limitações, a insuficiência de material bibliográfico nacional que verse sobre o


tema em estudo;
Dificuldades na aceitação pela escola pois primeiro, deviam ter autorização do serviço
distrital de educação e após e após a autorização, houve demora na recolha de dados porque a
Directora Adjunta da Escola encontrava-se de férias e o Director absteve-se de autorizar-me,
alegando que devia-se esperar pela Directora Adjunta para juntos decidirem, se há condições
ou não para aplicação da pesquisa;
Indisponibilidade dos entrevistados (professores), pois afirmavam não ter tempo devido a
leccionação.
41

CAPÍTULO IV: ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Neste capítulo, faz-se a análise e interpretação dos dados tendo em conta a pergunta de
pesquisa e as fases delineadas no capítulo anterior. Constituem focos deste capítulo os
seguintes: o rácio professor aluno nos últimos três anos na escola em estudo; visão dos alunos
e professores face à relação entre o número de alunos e o desempenho Pedagógico e; a
correlação entre o desempenho dos alunos e o número de alunos do 1º ciclo nos últimos 3
anos.

4.1 Rácio Professor aluno na Escola Primária de Madovela nos últimos 3 anos

No ano 2020, a Escola Primária de Madovela, contava com 13 professores, os quais assistiam
a 730 alunos. Nesse ano, cada professor do primeiro ciclo atendia em média 65 alunos.

No ano 2021, a Escola Primária de Madovela, contava com 13 professores, os quais assistiam
a 679 alunos. Nesse ano, cada professor do primeiro ciclo atendia em média 56 alunos.

No ano 2022, a Escola Primária de Madovela, contava com 15 professores, os quais assistiam
a 713 alunos. Nesse ano, cada professor do primeiro ciclo assistia em média 60 alunos.

Actualmente (2023), a Escola Primária de Madovela, conta com 16 professores, os quais


assistem a 610 alunos. Assim, dos 610 alunos, 110 são da 1ª classe, os quais estão divididos
em duas turmas compostas por 55 alunos, fazendo assim um rácio professor aluno de 1 por
55. Ou seja, 1 professor para 55 alunos.

Como pode-se notar, nos últimos 3 anos, a Escola Primária de Madovela no primeiro ciclo
excedeu o limite do número de alunos por turma recomendado pela UNESCO (2014).

4.2 Descrição e análise das respostas do questionário dirigido aos Professores

4.2.1 Histórico de leccionação dos professores

O gráfico 1 apresenta o histórico da leccionação dos professores da Escola Primária de


Madovela, que corresponde às respostas destes face a questão 1 e dois do questionário
dirigido aos mesmos (Vide o questionário no Apêndice B).
42

Gráfico 1: Leccionação: (a) no primeiro ciclo; (b) em turmas numerosas (com alunos acima
de 45)

Alguma vez já leccionou o 1º Alguma vez já leccionou em


0% ciclo? turmas numerosas (com alunos
acima de 50)?
0%

100% Sim

Não 100% Sim


Não

(a) (b)

Fonte: Autora (2023)

Com base no gráfico 1 (a), nota-se que todos entrevistados (100% dos professores) já
leccionaram o 1º ciclo. Não só, mas estes além de leccionarem o 1º ciclo, confrontaram-se
com o desafio de leccionar em turmas numerosas, onde o número de alunos situava-se acima
de 50 alunos (vide gráfico 1 (b)).

Os dados acima mostram que a Escola Primária de Madovela não cumpre com o plasmado no
REGEB pois, segundo REGEB (2008), o rácio professor aluno ao nível primário deve ser de
50 alunos por um (1) professor.

4.2.2 Visão dos professores face aos desafios enfrentados durante a leccionação em
turmas numerosas

O gráfico 2 apresenta a Visão dos professores da Escola Primária de Madovela face aos
desafios enfrentados durante a leccionação em turmas numerosas.

Com base no gráfico 2, nota-se que dos entrevistados (professores), 30% responderam que
tiveram dificuldades de circulação na sala de aula, 25% afirmaram que houve baixo
aproveitamento, 20% afirmaram que houve dificuldades na correcção dos trabalhos dos
alunos e insuficiência de tempo, 16% afirmaram que não houve dificuldade no cumprimento
das funções didácticas e programa e 9% afirmou que houve insucesso na preparação das
actividades didácticas.
43

Gráfico 2: Visão dos professores face aos desafios enfrentados durante a leccionação em
turmas numerosas

Alguma já leccionou em turma numerosas (com alunos acima de


50)? Se sim, quais foram os desafios?

Baixo Dificuldade de
aproveitamento circulação na
sala

Dificuldades na 25%
correcção dos 30%
trabalhos dos
alunos e
insuficiência de Não
tempo cumprimento
20% das funções
didácticas e
16%
programa
9%
Insucesso na
preparação das
actividades
Fonte: Autora (2023)

Segundo Ozório (2006), Comenius expressou muito bem o sentido de ensinar ao afirmar que
a arte de ensinar é sublime, pois destina-se a formar o homem, é uma acção do professor no
aluno, tornando-o diferente do que era antes.

Assim, torna-se muito difícil para o professor actuar de forma satisfatória indo ao encontro
dos anseios dos seus alunos, tirando as suas dúvidas e junto com eles pensarem em soluções
quando as turmas não numerosas.

Para Vygotsky (2009), a interacção social e a mediação são pontos centrais do processo
educativo e estão intrinsecamente relacionados no processo de constituição e
desenvolvimento dos sujeitos. Assim, o professor tem a função de mediador da actividade
cognitiva, isto é, por meio da prática pedagógica deve proporcionar o desenvolvimento da
aprendizagem pelos alunos.
44

Como pode-se notar, se o professor não consegue dominar a sua turma, não cumpre com o
tempo regulamentado de 45 minutos, tem dificuldades na correcção dos trabalhos dos alunos,
isso é sinónimo de que não há interacção professor-alunos eficaz, e isto além de dificultar a
percepção do total e do parcial (conteúdo) não fomenta oportunidades para que a sala de aula
seja, de facto, um lugar de crescimento intelectual, tornando o processo de ensino e
aprendizagem não significativo.

4.2.3 Visão dos entrevistados (professores), face ao rácio professor-aluno e o


desempenho dos alunos.

Gráfico 3: Visão dos entrevistados (professores), face ao rácio professor-aluno e o


desempenho dos alunos.
No seu ponto de vista, para a classe em análise, acha que o
número alunos por sala influencia o aproveitamento escolar
(desempenho)? Não sei dizer
Não 0%
14%

86%

Sim

Fonte: Autora (2023)

Com base no gráfico 3, nota-se que dos entrevistados (professores), 86% afirmaram que existe
uma relação entre o desempenho académico e o número de alunos por sala (rácio professor
aluno) e 14% afirmou que não existe a relação entre o número de alunos por sala e o
desempenho escolar dos mesmos.

Bem, face a relação número de alunos por sala e o desempenho académico, vários são os
debates e alguns autores afirma que sim e ou que não.

Gomes (2005, citado por Pintoco, 2017), afirma que numa meta análise4 de pesquisa foi
verificado que o rendimento é mínimo em turmas de 20 a 40 alunos, mas que há melhoras
relevantes com turmas de 15 alunos ou menos, mas que isso teria implicações de alto custo.

4
A metanálise ou meta-análise é uma técnica estatística especialmente desenvolvida para integrar os resultados
de dois ou mais estudos independentes, sobre uma mesma questão de pesquisa, combinando, em uma medida
resumo, os resultados de tais estudos.
45

Outra meta-análise verificou resultados mais favoráveis para reduções da ordem de 27 a 16


alunos (p.65).

Glass et al. (1982, citado por Fialho, 2012), defende que numa meta-análise de 77 pesquisas
experimentais realizadas nos Estados Unidos sobre o impacto da redução do tamanho das
turmas no rendimento escolar, foi possível constatar que a redução do número de alunos
beneficia o rendimento escolar.

Assim, embora seja uma questão que suscita diversos debates e factores, das respostas dos
professores da escola em análise, nota-se que sua experiencia infere que existe uma relação
entre o rácio professor aluno e o desempenho escolar dos mesmos. Ou seja, quanto maior
número de alunos menor será a interacção professor e aluno e consequentemente a
aprendizagem não será significativa, o que resultará num baixo aproveitamento dos alunos.

4.2.4 Visão dos entrevistados (professores), face às possíveis metodologias a usar para
leccionar em turmas numerosas

Esta questão era aberta e cada professor devia colocar a sua sugestão, e os mesmos o fizeram
tendo dito o seguinte:

“Prof.1: Na verdade o professor deve ser escravo, formar pequenos grupos de


5 no máximo e identificar o melhor grupo no sentido de ensinar os outros;
Prof.2: O método adequado para as turmas numerosas deve ser elaboração
conjunta e outras técnicas como mesa redonda, círculo duplos, ou seja,
métodos participativos; Prof. 3: O professor deve construir um ambiente que
favoreça a aprendizagem dos alunos, deve usar metodologias adequadas para
sua turma de modo que coloque em prática a sua missão para garantir bom
aproveitamento" Prof. 4: Por cada dia corrigir um grupo de alunos para não
perder tempo; Prof. 5: O uso de exercícios em pequenos grupos, uso de auto
avaliação, troca de cadernos entre os alunos durante a correcção do ditado e
outros exercícios; Prof. 6: Elaboração conjunta”
Como pode-se notar, embora o número de alunos por sala possa influenciar o desempenho,
existem estratégias que podem ser adoptadas para minimizar os efeitos, como os ditos pelos
professore e os constantes nos autores abaixo.

Para Libâneo (1994), o ensino assume três funções indissociáveis: a organização dos
conteúdos de modo que esses possam ser significativos para cada aluno, considerando as
características socioculturais e as experiências individuais; possibilitar ao aluno o
conhecimento de suas potencialidades e torna-lo autónomo e independente através de
actividades e métodos de estudo; e dirigir e controlar a acção do professor para os objectivos
da aprendizagem.
46

Ademais, o ensino está submetido a outros factores do processo ensino aprendizagem, como a
organização do ambiente escolar, os mecanismos de gestão da escola, o sistema de
organização das classes, o conselho de pais, os livros didácticos e o material escolar, a
unidade de proposto do grupo de professores, etc.(Libâneo, 1994, p. 90).

Outro elemento que estimula a participação e desperta o interesse nas aulas é a mobilização
dos conhecimentos quotidianos e das experiências vividas pelos alunos (Ozório, 2006).

Segundo Elias (1997), quando o professor tem oportunidades para trabalhar com a turma em
grupos ou em círculos, os alunos têm a chance de participar muito mais, tendo um espaço de
debate e desta forma o professor pode fazer uma avaliação real dos seus alunos. Sabemos que
o aluno não é mais passivo, receptáculo das informações, ele é activo aprendiz, construtor do
seu conhecimento.

4.3 Descrição e análise das respostas do questionário dirigido aos alunos

4.3.1 Visão dos entrevistados (alunos), face às condições do processo de ensino e


aprendizagem

O gráfico 4 apresenta a visão dos entrevistados (alunos), face às condições do processo de


ensino e aprendizagem (Vide o questionário no apêndice C).

Gráfico 4: Condições de aprendizagem: (a) aulas numa sala com mais de 50 alunos e (b)
decurso das aulas
Alguma vez já esteve Se já esteve em turmas com mais de 50
numa turma com mais de alunos, como avalia as aulas?
50 alunos

Não As aulas 14%


eram boas
8%
86%
As aulas
92% não eram
boas
porque
Sim provoca-se
muito
(a) (b)
barrulho

Fonte: Autora (2023)


47

Com base no gráfico 4 (a), 92 % dos alunos já estudaram numa turma com mais de 50 alunos
e enquanto 8% afirmou que não.

Já quando ao decurso das aulas 86% dos alunos afirmaram que as aulas não era boas porque
provocava-se muito barrulho e 14% afirmou que as aulas eram boas.

Segundo Ozório (2006), com excesso de alunos em sala de aula o professor não tem espaço
para que ele possa dar uma actividade diferente, na qual os alunos possam se movimentar, a
configuração espacial das salas de aula.

Elias (1997) defende que o excesso de alunos em sala não gera qualidade, pelo contrário gera
um aprendizado ineficiente e tratar da qualidade educacional sem debatermos este problema
em nossas escolas, é tentar tapar o sol com a peneira.

Desta feita, se o professor não consegue gerir a turma, este não logrará resultados
satisfatórios.

4.3.2 Visão dos entrevistados (alunos), face à interacção professor alunos

Gráfico 5: Visão dos alunos face à interacção professor alunos

O professor Como era a interacção professor aluno?


não conseguia
responder
todas duvidas 21%
dos alunos
O professor
79% não conseguia
responder
todas duvidas
dos alunos

Fonte: Autora (2023)

Com base no gráfico 5, numa turma numerosa a interacção professor aluno é ineficiente, pois
dos entrevistados 79% afirmaram que aquando das aulas em turmas numerosas, o professor
não conseguia responder todas dúvidas dos alunos e apenas 21 % afirmou que o professor
conseguia responder todas dúvidas dos alunos.
48

Bem, esta inferência, não significa que rejeita-se a observação dos que responderam que o
professor conseguia responder todas dúvidas, mas parte-se do pressuposto de que os mesmos
professores que leccionaram o 1º ciclo, afirmaram que a interacção era ineficiente, o professor
não conseguia controlar a turma, não conseguia cumprir com as actividades programadas, etc.
(vide gráfico 2).
Assim, partindo do pressuposto de que que a aprendizagem é [...] "um processo de construção
que se dá na interacção permanente do sujeito com o meio que o cerca, meio esse expresso
inicialmente pela família, depois pelo acréscimo da escola, ambos permeados pela sociedade
em que estão, como afirma Weiss (2004, p. 26, citado por Ozório, 2006), quando esta não se
verifica a aprendizagem não será significativa.
Desta feita, Morais (2001), afirma que a sala de aula deve constituir um espaço de discussões
e reflexão crítica, respeitando-se a diversidade e possibilitando ao aluno desenvolver suas
potencialidades humanas de forma crítica e consciente. E para que isto se efective, deve haver
interacção professor aluno.
Assim, o professor deve criar estratégias de interacção com os seus alunos pois, ao interagir
na sala de aula, o professor desenvolve uma relação mais próxima ao aluno, podendo
mobilizá-lo na construção do seu sucesso, e ao mesmo tempo, construir seu saber docente, a
partir de uma situação inesperada de sala de aula.

4.3.3 Visão dos entrevistados (alunos), face à capacidade do professor na gestão da


turma

Gráfico 6: Visão dos entrevistados (alunos), face à capacidade do professor na gestão da


turma.

Como avalia a paciência do professor na correcção dos exercícios


ou TPC nos cadernos dos alunos quando estavas numa turma com
mais de 50 alunos?

Péssima (O
Boa (O professor professor não
conseguia corrigir 30% conseguia corrigir
todos exercícios todos exercícios
em todos cadernos 70% em todos cadernos
dos alunos dos alunos

Fonte: Autora (2023).


49

Do gráfico 6, nota-se que dos entrevistados 70% avaliou negativamente a capacidade do


professor na gestão da turma, afirmando que o professor não conseguia corrigir todos
exercícios nos cadernos dos alunos. Fora estes, 30% avaliaram positivamente a capacidade do
professor na gestão da turma, afirmando que o professor conseguia corrigir todos exercícios
nos cadernos dos alunos.
Segundo Dourado, Oliveira e Santos (2007, citado por Sousa, 2017), a gestão da sala de aula é
um factor pois, impacta a qualidade da educação, possibilita a integração e a participação,
possibilitando a tomada de decisão, planificação e resolução de problemas.
Para Candau (1983, citado por Mendes, et all., 2008), o professor incorpora um estilo docente
a partir do momento em que se torna aluno, e a sua tendência é mobilizar o que incorporou.
Porém, ao actuar em sala de aula há um choque de realidades, entre a sua expectativa e a
realidade do aluno, fazendo com que o professor necessite gerir as imprevisibilidades da sala
de aula que o impelem a descobrir novas práticas.
Slavin (1994, citado por Bassedas, 1996), defende que é importante o professor fazer a
correcção das tarefas de casa dando feedback aos alunos pois, o controle do processo de
aprendizagem acontece através do acompanhamento das tarefas realizadas pelos alunos e do
monitoramento das suas dúvidas.
Assim, identificada a ineficiência na gestão da sala por parte do professor, e vista a sua
importância, esta pode ser tomada como uma variável que tornará a aprendizagem não
produtiva.

4.3.4 Visão dos entrevistados (alunos), face à atenção dos alunos durante as aulas

Gráfico 7: Visão dos entrevistados (alunos), face à atenção dos alunos durante as aulas
Como avalia a atenção e percepção dos alunos quando estavas numa
turma com mais de 50 alunos?

12%
Os alunos
ficavam atentos e
muitos 88%
percebiam a
matéria Os alunos não
ficavam atentos e
poucos
percebiam a
matéria

Fonte: Autora (2023).


50

Do gráfico 7, percebe-se que em turmas numerosas a percepção e atenção dos alunos é


ineficiente pois, 88% dos entrevistados afirmaram que os alunos não ficavam atentos e poucos
percebiam a matéria e apenas 12% afirmou que os alunos ficavam atentos e muitos percebiam
a matéria.

Esta suposição pode ser confirmada em Mizukami (1986), citado por Fonseca, 2012), quando
afirma que a aprendizagem gira em torno da interacção de uma pessoa com as outras, sendo
irrelevantes as condições biológicas. E esta interacção notou-se que é ineficiente em turmas
numerosas (vide gráfico 5).

Já Sociointeracionismo como afirma Lopes (2015), sugere que o desenvolvimento cognitivo


aconteça por meio da interacção social, ou seja, os indivíduos se envolvem de modo activo
trocando experiência e ideias, gerando novas experiências e conhecimento.

Segundo Lezak (1995), a atenção possui quatro classificações, sendo elas a selectiva, que se
relaciona a selecção de um foco entre outros existentes; a sustentada, também conhecida como
vigilância, onde há a habilidade de permanência da atenção por um período mais longo; a
dividida, relacionada à capacidade de se envolver e responder a mais de um elemento/situação
em um mesmo momento e actividade, e a alternada, na qual temos que distribuir a atenção
para responder a mais de um estímulo num dado momento.

4.3.5 Visão dos entrevistados (alunos), face às notas dos mesmos aquando das aulas em
turmas numerosas

Gráfico 8: Visão dos entrevistados (alunos), face às notas dos mesmos aquando das aulas em
turmas numerosas

Como é que eram as notas dos alunos

Boas
(Haviam 23%
muitas
positivas)
77%

Péssimas
(Haviam
muitas
negativas)
Fonte: Autora (2023)
51

Com base no gráfico 8, percebe-se que as turmas numerosas influenciam o desempenho dos
alunos pois, dos entrevistados, 77% afirmou que aquando das aulas em turmas numerosas as
aulas eram péssimas pois havia muitas negativas e apenas 23% afirmou que as aulas eram
boas.

Segundo Ozório (2006), o excesso de alunos numa sala não gera qualidade, pelo contrário
gera um aprendizado ineficiente.

Sabe-se de Sirota (1994, citado por Lopes, 2015), que o processo de aprendizagem é
relacional, no sentido de que envolve afectivamente professor e aluno e, essa interacção entre
o afectivo e o pedagógico pode determinar tanto as condições de ensino do professor, quanto
as possibilidades do aluno aprender. Todavia, como a interacção professor aluno em turmas
numerosas é ineficiente, acaba resultando em baixo desempenho.

4.4 Correlação entre o número de alunos e o desempenho académico

Os dados referentes a esta análise dizem respeito apenas ao 1º ciclo e estão devidamente
resumidos na tabela abaixo.

Tabela 1: Desempenho dos alunos do 1º ciclo da Escola Primária de Madovela por número
de alunos

% dos aprovados Número de alunos


73 96
59 100
65,7 106
60,5 105
45,8 111
60,2 104
81,6 89
72,8 94
90,6 86
Fonte: Escola Primária de Madovela (2023)
52

Gráfico 9: Correlação entre o número de alunos e o desempenho académico

100
90
80
% dos aprovados

70
60
50
40
30
20
10
0
0 20 40 60 80 100 120
Número de alunos

Fonte: Autora (2023)

O gráfico 9, mostra que existe uma correlação negativa entre o percentual dos aprovados e o
número de alunos por trimestre nos últimos 3 anos. Ou seja, quanto maior for o número de
alunos menor é a percentagem de aprovações.
53

CAPÍTULO V: CONCUSÃO E SUGESTÕES

Neste capítulo, faz-se a síntese das principais teses discutidas ao longo da pesquisa, visando
elucidar ao leitor a impressão final sobre o tema em estudo. Assim, constituem focos deste
capítulo a conclusão e as sugestões.

5. Conclusão

O desenvolvimento desta pesquisa possibilitou analisar o impacto das turmas numerosas no


processo de ensino e aprendizagem dos alunos do 1º ciclo na Escola Primária de Madovela,
tendo como ponto de partida o baixo aproveitamento e a superlotação das salas de aulas ao
nível do 1º ciclo na Escola em análise. Assim, tendo como relevância o melhoramento dos
resultados dos alunos, para permitir que os objectivos do PEA sejam alcançados e dotar os
alunos de capacidade de interacção e participação na plenitude, este estudo constatou o
seguinte:

De 2020 a 2022, o rácio professor alunos variou de 60 a 64 alunos por professor do 1º ciclo;

Quanto a concepção dos professores e alunos face à relação entre o número de alunos e o
desempenho académico, constatou-se que numa sala numerosa enfrenta-se vários desafios
como: dificuldade de circulação na sala de aula, o não cumprimento das funções didácticas e
programa, insucesso na preparação das actividades, dificuldades na correcção dos trabalhos
dos alunos, insuficiência de tempo e fraco domínio da turma, desafios estes que influenciam
na fraca interacção professor aluno que resulta no baixo aproveitamento escolar.

Na análise da correlação entre desempenho escolar e número de alunos por sala constatou-se
que existia uma correlação negativa forte, onde quanto maior o número de alunos menor era o
desempenho escolar, o que remete à existência de uma relação entre o desempenho académico
e o número de alunos por sala.

Das hipóteses da pesquisa a que verificou-se é a nula que afirma que as turmas numerosas
influenciam no processo de ensino e aprendizagem, na medida em que baixa o
aproveitamento académico dos alunos, os alunos perdem interesse pelas aulas, aumentam o
índice de desistência escolar, fraca interacção professor aluno, sobrecarga do professor,
incumprimento das actividades previstas nos programas de ensino, etc., conforme pode-se
notar nas respostas dos entrevistados.
54

5.1.Sugestões

Aos pesquisadores na área da Educação, sugere-se que desenvolvam mais pesquisas


visando avaliar a relação entre desempenho escolar e número de alunos por sala, bem
como outras variáveis que possam considerar que influenciam negativamente o
desempenho dos alunos pois, os resultados ajudariam a reflectir sobre possíveis
soluções no que concerne ao melhoramento do desempenho escolar dos alunos;
Aos professores do 1º ciclo, que leccionam em turmas numerosas sugere-se que
apliquem metodologias alternativas que viabilizem o processo de ensino e
aprendizagem, como as exemplificadas na secção 4.2.4, referente à Visão dos
entrevistados (professores), face às possíveis metodologias a usar para leccionar em
turmas numerosas, de forma a minimizar o baixo aproveitamento e baixa interacção
professor aluno.
55

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DINEG/MEC.
58

APÊNDICES
59

APÊNDICE A: Questionário para o sector Administrativo e Pedagógico

Caro (a) Funcionário (a)!

Este questionário tem como objectivo dar a conhecer a pesquisadora a descrição/composição


da Escola Primária do 1o e 2o Graus de Madovela. Assim, o seu empenho e entrega são muito
importantes para o sucesso desta pesquisa.

Desde já, agradeço a sua disponibilidade em participar da pesquisa.

1) Faça uma breve síntese do historial da Escola Primária do 1o e 2o Graus de Madovela


(data da fundação, intervenientes, número de funcionários, alunos/classes e salas com os
quais começou a funcionar?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_________________________

2) Em que bairro está inserida a Escola Primária do 1o e 2o Graus de Madovela?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

3) Qual é o efectivo de funcionários existentes na Escola Primária do 1 o e 2o Graus de


Madovela de acordo com as áreas administrativa e pedagógica?

a) Professores de Inglês: ____

b) Professores de formação regular: ____

c) Funcionários da Secretaria: ______


d) Agentes de serviço ______
e) Outros casos hajam e especifique-os: _______________________________________
60

4. Que classes são leccionadas na Escola Primária do 1o e 2o Graus de Madovela?

___________________________________________________________________________

5. Qual é o efectivo de alunos na Escola Primária do 1o e 2o Graus de Madovela no ano


2023?

Homens ____Mulheres ____. Quantos pertencem ao 1º ciclo Homens ______Mulheres ____.

6. Quantos alunos estudam no período da manhã ______ tarde ______

7. Quantos alunos existem por sala ______

7) Quanto à estrutura da Escola Primária do 1o e 2o Graus de Madovela, responda:

7.1 Quantas salas de aula existem? ______________

7.2 Quantas bibliotecas existem? ______________

7.3. A escola tem campo para educação física? ____

8) Que outros tipos de patrimónios Escola Primária do 1o e 2o Graus de Madovela possui?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

Fim
61

APÊNDICE B: Questionário para professores

Prezado (a) Professor (a)!


Está Participar de uma pesquisa sobre "Impactos das Turmas Numerosas no Processo de
Ensino e Aprendizagem dos alunos do 1º ciclo " e tem como objectivo verificar-se o número
de alunos na 1a Classe pode influenciar no desempenho.
Assim, de forma a alcançar-se o objectivo da pesquisa, elaborou-se o presente questionário
que visa responder à seguinte questão: "Até que ponto as turmas numerosas influenciam no
processo de ensino e ensino- aprendizagem?"
Agradeço desde já a sua disponibilidade em participar da pesquisa e para o êxito desta
pesquisa, a sua colaboração e entrega é muito importante.

PARTE I: DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

i) Idade: _________ anos ii) Nível de Escolaridade:_________________

Género: Masculino ____Feminino ______ v) Anos de experiência_______

PARTE II: CONTEÚDOS DO QUESTIONÁRIO

1. Alguma vez já leccionou o 1º ciclo?


A. Sim ________
B. Não ________
2. Alguma vez já leccionou em turmas numerosas (com alunos acima de 50)?

A. Sim ________

B. Não ________

3. Se sim, quais foram os desafios?


A. Dificuldade de circulação na sala __________
B. Não cumprimento das funções didácticas e programa_____
C. Insucesso na preparação das actividades____
D. Dificuldades na correcção dos trabalhos dos alunos, insuficiência de tempo_____
E. Baixo aproveitamento __________
62

4. No seu ponto de vista, para a classe em análise, acha que o número alunos por sala
influencia o aproveitamento escolar (desempenho)?

A. Sim ____________

B. Não __________

C. Não sei dizer ___________

5. Que metodologia sugere para leccionar em turmas numerosas?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

Fim
63

APÊNDICE C: Questionário para alunos

Prezado (a) aluno (a)!


Está Participar de uma pesquisa sobre "Impactos das Turmas Numerosas no Processo de
Ensino e Aprendizagem dos alunos do 1º ciclo " e tem como objectivo verificar-se o número
de alunos na 1a Classe pode influenciar no desempenho.
Assim, de forma a alcançar-se o objectivo da pesquisa, elaborou-se o presente questionário
que visa responder à seguinte questão: "Até que ponto as turmas numerosas influenciam no
processo de ensino e ensino- aprendizagem?"
Agradeço desde já a sua disponibilidade em participar da pesquisa e para o êxito desta
pesquisa, a sua colaboração e entrega é muito importante.

PARTE I: DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

i) Idade: _________ anos Género: Masculino ____Feminino ______

PARTE II: CONTEÚDOS DO QUESTIONÁRIO

1. Alguma vez já esteve numa turma com mais de 50 alunos?

A. Sim ________ B. Não ________

2. Se já esteve em turmas com mais de 50 alunos, como avalia as aulas?

A. As aulas eram boas ________

B. As aulas não eram boas porque provoca-se muito barrulho ________

3. Como era a interacção professor aluno?


A. O professor conseguia responder todas dúvidas dos alunos ______
B. O professor não conseguia responder todas dúvidas dos alunos ______

4.Como avalia a paciência do professor na correcção dos exercícios ou TPC nos cadernos dos
alunos quando estavas numa turma com mais de 50 alunos?

A. Péssima (O professor não conseguia corrigir todos exercícios nos cadernos dos alunos) ___

B. Boa (O professor conseguia corrigir todos exercícios nos todos cadernos dos alunos) _____
64

5.Como avalia a atenção e percepção dos alunos quando estavas numa turma com mais de 50
alunos?

A. Os alunos não ficavam atentos e poucos percebiam a matéria __________

B. Os alunos ficavam atentos e muitos percebiam a matéria __________

6.Como é que eram as notas dos alunos

A. Péssimas (Haviam muitas negativas) ____________

B. Boas (Haviam poucas negativas) __________

Fim
65

APÊNDICE D: Roteiro para recolha dos dados do aproveitamento pedagógico do 1º


ciclo entre 2020 a 2022

Caro (a) Funcionário (a)!

Este roteiro tem como objectivo recolher o aproveitamento pedagógico dos alunos de 20220 a
2022 do 1º ciclo.

Desde já, agradeço a sua disponibilidade em fornecer o material necessário.

Roteiro/ ____ Ciclo

20___ 20____ 20____

Notas/Trimestre Notas/Trimestre Notas/Trimestre

1º 2º 3º 1º 2º 3º 1º 2º 3º

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