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Discente
Discente
FOLHA DE APROVAÇÃO
O JÚRI
DATA
ÍNDICE
DEDICATÓRIA ........................................................................................................................ vi
AGRADECIMENTOS .............................................................................................................vii
DECLARAÇÃO DE HONRA ................................................................................................viii
DECLARAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO DE ENTREGA DE TRABALHO DA
MONOGRAFIA ........................................................................................................................ ix
LISTA DE GRÁFICOS, ABREVIATURAS E APÊNDICES .................................................. x
RESUMO .................................................................................................................................xii
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO................................................................................................ 13
1. Introdução ......................................................................................................................... 13
2.1.4 Ciclos........................................................................................................................ 23
2.2.4 Síntese de pesquisas recentes sobre o rácio professor-aluno e seus resultados ....... 29
2.2.4.3 Visão do professor sobre o número de alunos por turma: Uma contribuição para
a melhoria da qualidade da educação ............................................................................ 30
4.2 Descrição e análise das respostas do questionário dirigido aos Professores .................. 41
4.2.2 Visão dos professores face aos desafios enfrentados durante a leccionação em
turmas numerosas .............................................................................................................. 42
4.2.4 Visão dos entrevistados (professores), face às possíveis metodologias a usar para
leccionar em turmas numerosas ........................................................................................ 45
4.3 Descrição e análise das respostas do questionário dirigido aos alunos .......................... 46
4.3.3 Visão dos entrevistados (alunos), face à capacidade do professor na gestão da turma
........................................................................................................................................... 48
4.3.4 Visão dos entrevistados (alunos), face à atenção dos alunos durante as aulas......... 49
4.3.5 Visão dos entrevistados (alunos), face às notas dos mesmos aquando das aulas em
turmas numerosas .............................................................................................................. 50
5.1.Sugestões ........................................................................................................................ 54
DEDICATÓRIA
Esta dedicatória vai a minha família, em particular ao meu marido Pedro Joaquim.
vii
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, endereço a minha maior gratidão a Deus pela vida, coragem e força. Aos
meus filhos Widson Pedro Joaquim, Yuston Pedro Joaquim e Whitny da Rosa Pedro Joaquim,
que sempre sentiram a falta da mãe, quando esta se ocupava pelos deveres da faculdade.
Em segundo lugar, agradeço ao meu supervisor MSc. Manuel Cossa, pela dedicação e
sobretudo pela orientação e apoio moral.
Aos colegas e amigos que apesar de diversos transtornos para a concretização da pesquisa,
estenderam a sua mão para que este trabalho se tornasse uma realidade, a destacar: Ana José,
Aunéria Amâncio Bié e Onicénia Pascoal Gujamo.
Em fim, a todas as pessoas que directa ou indirectamente contribuíram no meu sucesso e que
não foram aqui citados, o meu muito obrigado.
viii
DECLARAÇÃO DE HONRA
Declaro por minha honra que a presente Monografia, é resultado da minha investigação no
âmbito de ser um dos requisitos para a obtenção do grau académico de Licenciatura em
Psicopedagogia, o seu conteúdo é original e todas as fontes literárias consultadas estão
devidamente mencionadas ao longo do texto. Todas as citações directas e indirectas estão
identificadas no texto.
Por tanto, seu conteúdo é original e nunca foi apresentado em nenhuma Instituição do Ensino
Superior com objectivo de obtenção do grau académico.
________________________________________
Eu, Manuel Cossa, Docente supervisor do Trabalho de Culminação de Curso (TCC) para o
nível de licenciatura, intitulado: "Impacto das Turmas Numerosas no Processo de Ensino e
Aprendizagem: Caso do 1º Ciclo da Escola Primária de Madovela no Período de 2020 a
2022", realizado pela estudante Valentina Tiago Mabote do curso de Licenciatura em
Psicopedagogia, autorizo a entrega da versão final, no modelo de Monografia para a sua
validação e posterior Defesa em Público, conforme o Regulamento de Trabalho de
Culminação do Curso (TCC) escrito pelo Instituto Superior de Gestão de Negócios.
___________________________________
Lista de gráficos
Gráfico 1: Leccionação: (a) no primeiro ciclo; (b) em turmas numerosas (com alunos acima
de 45) ........................................................................................................................................ 41
Gráfico 2: Visão dos professores face aos desafios enfrentados durante a leccionação em
turmas numerosas ..................................................................................................................... 42
Gráfico 4: Condições de aprendizagem: (a) aulas numa sala com mais de 50 alunos e (b)
decurso das aulas ...................................................................................................................... 46
Gráfico 7: Visão dos entrevistados (alunos), face à atenção dos alunos durante as aulas........ 49
Gráfico 8: Visão dos entrevistados (alunos), face às notas dos mesmos aquando das aulas em
turmas numerosas ..................................................................................................................... 50
Abreviaturas/siglas
1º Primeiro
Prof. Professor
Lista de apêndices
RESUMO
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
1. Introdução
Não constitui novidade que nas escolas Moçambicanas com maior destaque para as públicas,
as turmas são numerosas.
Desta feita, tomando como base o acima descrito, aliado ao facto de pesquisas nesta área de
conhecimento em Moçambique serem escassas, se não inexistentes e pelo benefício que esta
pesquisa trará como é o caso da melhoria da qualidade de ensino, desenvolveu-se a presente
pesquisa intitulada "Impacto das Turmas Numerosas no Primeiro Ciclo do Ensino Primário:
Caso de Estudo, 1º Ciclo da Escola Primária de Madovela, Distrito de Inharrime, no Período
2020 a 2022", com o objectivo de analisar os impactos das turmas numerosas no primeiro
ciclo do ensino primário, de modo a compreender até que ponto as turmas numerosas podem
influenciar no desempenho pedagógico dos alunos pois, aquando do estágio na escola supra, a
pesquisadora deparou-se com esta situação o que constituiu um desafios para a pesquisadora
pois na sua experiência como professora nunca havia-se deparado com situação idêntica, não
só, mas constou que poucos alunos da primeira, segunda e terceira classe sabiam ler e
14
escrever, facto que pode ser resultante da fraca interacção professor alunos, resultante do alto
rácio professor aluno na sala de aula.
De referir que esta pesquisa não visa criticar o sistema nacional de educação, mas sim trazer
evidências, caso hajam da influência do alto rácio professor aluno no desempenho
pedagógico, tomando como base o rácio plasmado no Regulamento Geral do Ensino Básico
(REGEB) e a realidade vivenciada nas escolas públicas Moçambicanas.
1.1 Contextualização
Cada país, adopta a seu critério o número máximo de alunos que um professor deve atender
por turma. Não obstante o nível de rácio professor-aluno internacionalmente recomendado
pela Organização das Nações Unidas para a Educação (UNESCO) ser de 40 alunos por um (1)
professor.
Segundo Regulamento Geral do Ensino Básico (REGEB) (2008), o rácio professor aluno ao
nível primário é de 50 alunos por um (1) professor e o Diploma Ministerial n.o 61/2003 de 11
de Junho, defende que o rácio professor aluno ao nível secundário é 45 alunos por um (1)
professor.
Este senário é muito preocupante, pois tomando como base o nível de desenvolvimento
cognitivo de Piaget (2013); Papalia, Olds e Feldman (2006), as habilidades cognitivas se
desenvolvem, a partir da interacção do indivíduo com o seu ambiente. Ou seja, é através da
constante interacção que a criança desenvolve as suas próprias ideias e conceitos sobre o
ambiente que a rodeia, na tentativa de fazer sentido e adaptar-se ao mesmo.
Assim, numa turma com alto rácio professor aluno (turma numerosa), caso concreto 1o ciclo
do nível primário, esta interacção pode não ser efectivada com sucesso para todos alunos, pois
estes demandam maior atenção e o tempo de aula (45 a 90 minutos por aula) tornasse pouco.
Nestes estágios, as crianças ainda não possuem a capacidade de pensar sobre algo e depois
fazer o caminho inverso e dá início à construção lógica (capacidade da criança de estabelecer
relações que permitam a coordenação de pontos de vista diferentes à capacidade de pensar
sobre algo e depois fazer o caminho inverso). Todavia, embora evoluindo, ainda obedece a
uma lógica da realidade concreta, pois mesmo a reflexão que se inicia acontece a partir de
situações presentes ou passadas vivenciadas pela criança.
Leithwood e Jantzi (2009), defendem que estudantes com situações socioeconómicas mais
desfavoráveis são os que mais beneficiam de escolas mais pequenas, existindo menos
abandonos e desistências, sendo o relacionamento entre professores e alunos um dos pontos
que pode influenciar na decisão de um aluno abandonar os estudos.
Sousa (2017), ao debruçar sobre rácio professor aluno, nos professores e no ensino, afirma que
pesquisas mostraram que em turmas mais pequenas, as crianças são mais propensas a interagir
mais com o professor, existindo um ensino mais individualizado, acabando o professor por
despender mais tempo nas tarefas com os alunos, existindo mais apoio para as aprendizagens e
para o conhecimento pessoal dos alunos, indo ao encontro das suas necessidades individuais, o
que não se verifica na sua plenitude em turmas numerosas.
Das comparações feitas acima, fica claro que devido ao nível de desenvolvimento dos alunos
do primeiro ciclo do nível primário, estes deviam der um rácio professor aluno menor possível
de forma a haver maior interacção com o professor e entre colegas, de forma a lograr-se uma
aprendizagem significativa.
Mathis (2016), sustenta que a redução do número de alunos por turma, conduz a menores
atritos entre professores, assim como a alunos mais aplicados e menor abandono escolar e os
benefícios de turmas reduzidas nos primeiros anos de escolaridade traduziram-se em
melhorias no secundário, dando lugar a uma maior probabilidade de acesso ao ensino
superior.
Assim, foi descrito o rácio professor aluno nos últimos 3 anos, identificou-se a visão dos
professores e alunos quanto a relação desempenho escolar e número de alunos por sala e foi
17
Esta situação agravou a superlotação das salas de aulas que anteriormente era verificada e
contribuiu negativamente no desempenho dos alunos pois, a interacção professor aluno era
muito fraca e a gestão da turma tornava-se difícil.
Em resposta a esta problemática, foi fundada a Escola Primária de Laura Vicunã e Escola
Primária de Chinhembwe, na tentativa de minimizar a superlotação das salas mas, não sortiu
efeitos significativos pois passados 12 anos, esta problemática veio a ser regista pela
pesquisadora durante o estágio, onde o número de alunos ultrapassava o plasmado no
Regulamento Geral do Ensino Básico (REGEB), podendo variar de 50 a 70 alunos, e este
fenómeno dificultava a interacção professor-aluno e o aproveitamento pedagógico não era
satisfatório.
Fora isso, constatou-se que vários alunos desta escola, chegavam à 7a classe sem saber ler e
escrever não obstante, esta ser a habilidade que o aluno devia portar a partir do 1º ciclo.
Feita uma sondagem, constatou-que de 2010 a 2021 a taxa de reprovação foi de 11.7%,
10.9%, 10.5%, 9.3 %, 8.7%, 7.9%, 7.6%, 7%, 7%, 5.5%, 2.6% e 5.8%, respectivamente e
fora, a situação exposta acima, notou-se que existe uma discrepância entre o rácio professor
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Assim, partindo do pressuposto de que nas turmas numerosas (turmas de alto rácio professor-
aluno), a interacção professor aluno é limitada e levando em consideração Mofate (2017),
quando afirma que em Moçambique a dimensão numérica das turmas tem merecido pouca
atenção, tanto em trabalhos científicos sobre a educação, como em documentos que regulam o
funcionamento do sector, traçou-se o seguinte problema de pesquisa: Até que ponto as turmas
numerosas influenciam no processo de ensino e ensino- aprendizagem?
1.4 Justificativa
Esta pesquisa surge como resposta à prevalência de turmas numerosas, que tem notado na
Escola primária de Madovela, que resulta em /alto rácio professor-aluno, não obstante a
existência de leis que regem o número máximo de alunos por turma.
Este fenómeno, foi vivenciado pela pesquisadora durante o seu estágio integral na Escola
Primária de Madovela, onde deparou-se com casos de insucesso escolar, caracterizados pelo
baixo aproveitamento pedagógico, resultante da fraca interacção professor aluno, fraco
cumprimento do programa de ensino, problemas de leitura e escrita bem como turmas com
efectivo superior a 60 alunos, com maior destaque para os alunos da 1ª a 3a classe.
Nesse contexto, a presente pesquisa torna-se relevante, no âmbito pessoal, à medida que,
permitirá à pesquisadora na qualidade de professora do ensino primário, aprofundar mais, os
conhecimentos sobre os factores que concorrem para o baixo aproveitamento pedagógico dos
alunos, com maior enfoque no rácio professor aluno, que pouco é explorado. Não só, mas esta
pesquisa contribuirá para o melhoramento da qualidade de ensino bem como demonstrar o
papel do psicopedagogo na educação.
Ao nível social, esta pesquisa contribuirá na redução de desemprego para os formados nesta
área e nível, pois provado que existe relação entre o rácio professor aluno, mais professores
serão empregados de forma a responder à problemática. Não só, mas para nos pais e
19
De referir que além do alto rácio professor aluno, nota-se também que o número de alunos por
turma para o nível primário e secundário é diferente, sendo que o maior universo se encontra
no nível primário, mesmo sabendo que os alunos da 1a e 3a classe são os que necessitam de
uma maior atenção porque ainda não familiarizaram-se com o aprender. Ou seja, uma criança
da primeira classe vai á escola e em primeira instância depara-se com uma massividade de
outras crianças e o professor tem obrigação de atender a todos e dado o número de alunos e o
tendo de leccionação (45min), este pode ter frustração que culminará na fraca aquisição do
conhecimento por parte de alunos.
A opção pelo primeiro ciclo do ensino primário, justifica-se pela especificidade e exigência,
que este ciclo apresenta bem como por ser onde o aluno familiariza-se em primeira instância
com a leitura, escrita e contagem, conteúdos primordiais para a compreensão dos diversos
conteúdos subjacentes a este ciclo.
A opção pelo Distrito de Inharrime, justifica-se por ser Distrito onde a pesquisadora está
inserida e a desempenhar função de docência e pela disparidade com as de mais escolas
existentes no distrito no concernente ao rácio-professor aluno e respectivo aproveitamento
académico.
Assim, com esta pesquisa recorrendo ao aproveitamento pedagógico dos anos anteriores, foi
averiguado de forma minuciosa se existe uma possível relação de dependência entre o número
de alunos por sala e o aproveitamento académico destes.
1.5.1 Geral
Analisar os impactos das turmas numerosas no processo de ensino e aprendizagem dos alunos
do 1º ciclo na Escola Primária de Madovela.
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1.5.2 Específicos
1.6 Hipóteses
Ha: As turmas numerosas não influenciam no processo de ensino e aprendizagem, pois além
de maximizar a interacção professor-aluno, minimiza as desistências, melhora aproveitamento
académico dos alunos, etc.
21
Este capítulo, debruça sobre as abordagens teóricas existentes em volta do tema em análise,
bem como sobre a discussão de conceitos básicos de modo a facilitar a compreensão do
estudo. Para o efeito, começa-se por apresentar, de forma resumida, o pensamento de diversos
autores que já estudaram o tema em referência.
2. Quadro conceptual
Turma numerosa, é toda aquela em que o rácio professor aluno é elevado em relação ao
estipulado nos documentos regem o sistema nacional de educação de um determinado país.
Assim, pode-se conceituar turma numerosa como qualquer turma em que o número de alunos
é superior a 45.
22
2.1.2 Ensino
Segundo Lakomy (2008), ensino é a acção e o efeito de ensinar (instruir, doutrinar com regras
ou preceitos). Trata-se do sistema e do método de instruir constituído pelo conjunto de
conhecimentos, princípios e ideias que se ensinam a alguém.
Para Nereci (1989, citado por Moreira, 1999), ensino é toda a forma de orientar a
aprendizagem a outrem, desde a acção directa até à execução de tarefas de total
responsabilidade do educando, previstas pelo professor.
Já Libâneo (2001), defende que o ensino visa alcançar determinados resultados em termos de
domínio de conhecimentos, habilidades, hábitos, atitudes, convicções e de desenvolvimento
das capacidades cognitivas dos educandos.
2.1.3 Aprendizagem
Fonseca (2012), define a aprendizagem como sendo um processo activo que resulta de
uma acção cognitiva e motora individual que ocorre por meio da mediação entre o
indivíduo e o meio social e cultural onde este se insere e é esta interacção com o meio
que permite ao indivíduo a construção de significados ou a identificação de
características, propriedades e finalidades para as suas acções e experiências.
23
Uma escola primária é um tipo de estabelecimento escolar, existente em alguns países, onde
as crianças realizam o primeiro estágio da escolaridade obrigatória ou ensino primário1.
2.1.4 Ciclos
Assim, Lei nº 18/2018, de 28 de Dezembro, preconiza um Ensino Primário de seis (6) classes,
organizadas em dois ciclos de aprendizagem:
a) I ciclo, de 1ª a 3ª classe, e
b) II ciclo, de 4ª a 6ª classe.
Segundo Camilo e Medeiros (2018), as teorias sobre a educação subdividem-se em: Racional-
tecnológica, Neocognivistas, Sociocríticas, Holísticas e Pós-modernas.
1
https://www.significado-definição.com/Escola%20prim%C3%A1ria
24
a) Toeria Racional-tecnológica
Segundo Libâneo, Santos e Saviani (2005), esta teoria corresponde à concepção que tem sido
designada de neotecnicismo, associada a uma pedagogia a serviço da formação para o sistema
produtivo, em que subtende-se a formulação de objectivos e conteúdos, padrões de
desempenho, competências e habilidades com base em critérios científicos e técnicos.
Segundo Camilo e Medeiros (2018), esta teoria subdivide-se em ensino de excelência, ensino
tecnológico e Ensino para formação de mão-de-obra intermediária
b) Toeria neocognitivista
c) Teorias sociocríticas
d) Teoria holística
e) Teorias pós-modernas
Camilo e Medeiros (2018) defendem que estas teorias se constituem a partir das críticas às
concepções globalizantes do destino humano e da sociedade, as metanarrativas, assentadas na
razão, na ciência, no progresso, na autonomia individual.
O pós-estruturalismo - defende que o sistema educativo enquanto força cria um saber que
exerce um controle sobre as pessoas, já que sua acção é formar o sujeito da modernidade, isto
é, o sujeito dependente, disciplinado, contido ao poder do outro. O saber está afectado com o
poder, sendo que essas relações de poder estão omnipresentes, cumpridas nas mais variadas
instâncias como a família, a escola, a sala de aula (Bertrand, 1991).
Assim, para Sertori (2021, p.4), as teorias de aprendizagem são: teoria sociocultural (da
aprendizagem social, construtivista), teoria do comportamento (behaviorismo), teoria
humanista e teoria cognitivista.
Segundo Sertori (2021, p.4), esta é uma Corrente teórica da educação que explica como a
inteligência humana se desenvolve e defende que o desenvolvimento da inteligência é
determinado pelas acções mútuas entre o indivíduo e o meio, razão pela qual levou-se à
crença de que o homem não nasce inteligente, mas que também não é um sujeito passivo do
mundo.
Assim, os cognitivistas defendem que mesmo estimulado por meio externo, o homem é capaz
de agir sobre estes estímulos para construir e organizar o seu próprio conhecimento. Isto é,
quanto mais ele age sobre o meio, mais elaborada será sua organização cognitiva.
Segundo Sertori (2021, p.4), esta corrente defende que os comportamentos do ser humano são
aprendidos, e com isso, o aspecto da aprendizagem passa a ter grande importância.
Assim, nesta teoria, o ambiente passa a ter um papel fundamental, pois o homem passa a ser
produto do meio. Já no aspecto do ensino, esta corrente defende que é preciso preparar e
organizar as contingências de reforço que irão facilitar a aquisição dos esquemas e dos
diferentes tipos de condutas desejadas (Illeris, 2013).
28
c) Teoria cognitivista
Segundo Illeris (2013), a teoria cognitivista enfatiza o processo de cognição, através do qual a
pessoa atribui significados à realidade em que se encontra. Assim, esta corrente preocupa-se
com o processo de compreensão, transformação, armazenamento e uso da informação
envolvido na cognição e procura regularidades nesse processo mental (p.15).
d) Teoria humanista
Segundo Illeris (2013), o foco desta corrente é o crescimento pessoal do aluno. Assim, esta
abordagem considera o aluno como pessoa e o ensino deve facilitar a sua auto-realização,
visando à aprendizagem pela pessoa inteira, que transcende e engloba as aprendizagens
afectiva, cognitiva e psicomotora.
Para Rogers (citado por Sertori, 2021, p.18), nesta teoria, só uma mudança muito grande na
direcção básica da educação pode atender às necessidades da cultura de hoje e o ponto final
do nosso sistema educacional deve ser o desenvolvimento de pessoas plenamente actuantes,
razão pela qual o objectivo educacional deve ser a facilitação da aprendizagem.
Como outrora dito, o ensino primário é divido em dois ciclos. Assim, no 1º ciclo, o aluno
desenvolve competências de leitura e escrita, de contagem de números e realização das
operações elementares de matemática, de noções de higiene pessoal, de relação com as outras
pessoas, consigo próprio e com o meio e de saúde e bem-estar.
Neste ciclo, o aluno aprende a usar a língua como instrumento de comunicação, de acesso à
ciência e de intercâmbio social e cultural, fazer cálculos com rapidez, a interpretar as
transformações políticas, sociais e económicas da sociedade, a interpretar cientificamente
factos e fenómenos naturais e expressar-se através de diferentes formas de arte, bem como
29
outras actividades práticas e tecnológicas. Ainda, neste ciclo, a escola tem a função de
estimular o aluno a conhecer e a entender as diferenças sem preconceito, a ser tolerante,
honesto e solidário (INDE, 2020, p.18).
Dissertação desenvolvida por Simbine (2014), na 5ª classe, Escolas Completas Benfica Nova
e Khongolote do Município da Matola, tendo como amostra um total de 65 elementos a saber:
directores das Escolas, professores, alunos, pais ou encarregados de educação, seleccionados
recorrendo amostragem não probabilística (por conveniência).
Esta pesquisa mostrou que a carga horária e tempo de instrução, disponibilidade e uso
recursos didácticos na sala, tamanho da turma, etc., influenciam negativamente no processo
de ensino-aprendizagem, tendo o autor recomendado às autoridades do sector de educação a
construção e reabilitação de salas de aula por forma a reduzir o rácio professor-aluno e que
incrementem a quantidade de material didáctico alocado às escolas.
Pesquisa desenvolvida por Portal (2008), que embora não tenha como foco estudo do rácio
professor aluno, sustenta que a diminuição do tamanho de alunos por turma produz efeitos
positivos, para três intervenientes do processo de ensino e aprendizagem a saber:
a) Efeitos para o aluno – quando o rácio professor aluno é equilibrado, a atenção deste é
constante, beneficia-se de mais tempo para interagir com o professor, tem mais
oportunidades de participar, tem e sente sensação de ser mais notado pelo professor, o
que o leva a adoptar comportamentos mais apropriados, seu ritmo de aprendizagem é
mais respeitado.
b) Efeitos para o professor – quando o rácio professor aluno é equilibrado, este dispõe
de mais tempo para cada aluno, tem a oportunidade de responder de forma de forma
mais atenta às questões e às necessidades dos alunos, pode acompanhá-los melhor,
30
dispões de mais tempo para ensinar a matéria a cada um, tem mais tempo para ensinar
a matéria a cada um, tem mais contacto pessoal com alunos, tem maiores
possibilidades de usar diferentes abordagens pedagógicas.
c) Efeitos para a turma como um todo – o amente é melhor, o clima é mais amistoso,
as relações entre os alunos e professor são melhores, várias metodologias podem ser
empregues e avaliar seu efeito.
2.2.4.3 Visão do professor sobre o número de alunos por turma: Uma contribuição para
a melhoria da qualidade da educação
Pesquisa desenvolvida por Pintoco (2017), teve como objectivo investigar a relação da
qualidade da educação com o número de alunos por turma na rede Municipal de ensino de
Casimiro de Abreu, na perspectiva dos professores. Esta pesquisa consistiu em convocar os
professores para reflectirem sobre as acções didáctico-pedagógicas tendo em conta, os
impactos do tamanho da turma, tendo baseando-se em dados secundários, bem como
primários e chegado a conclusão de que a qualidade da educação se relaciona negativamente
com o aumento do tamanho das turmas, sendo as acções didáctico-pedagógicas do professor
significativamente prejudicadas com o aumento do número de alunos em sala de aula.
Pesquisa desenvolvida por Machai (2015), na escola supra, tinha como objectivo analisar as
implicações do rácio aluno/professor no trabalho docente na Escola Primária de Ndlavela.
Neste estudo concluiu-se que o facto de o professor trabalhar em turmas com um número que
ultrapassa o nível de rácio internacionalmente recomendado pela UNESCO que é de 40:1,
gera implicações na vida do profissional, como a sobrecarga de trabalho, a não interacção do
professor com todos alunos, a insatisfação das necessidades académicas os alunos e o não
alcance dos objectivos pretendidos, principalmente devido à insuficiência de tempo.
Não só, este rácio aluno/professor, ao exigir mais esforço do professor afecta a sua saúde,
facto tem sido negligenciado, e não se tem abordado.
31
Pesquisa desenvolvida por Madjila (2020), com objectivo analisar a influência do tamanho de
turmas no aproveitamento pedagógico dos alunos, tomando como unidade de análise a Escola
Secundária Força do Povo.
Não constitui novidade que quanto maior o número de alunos por sala, menos significativa é a
aprendizagem, devido a dificuldade na gestão desta bem como efectuar um atendimento
personalizado, sem que haja incumprimento do tempo lectivo.
Esta informação pode ser constatada em Verdasca (2007), quando afirma que o alto rácio
professor aluno cria um ambiente de aprendizagem desconfortável tanto para os professores
como para os alunos, bem como em Fialho (2012), quando menciona e descreve alguns
factores que resultantes do alto rácio professor aluno, a saber:
Para Simbine (2014, p.27), o alto rácio professor aluno resulta num processo de ensino-
aprendizagem ineficaz pois os professores não estão preparados para lidar adequadamente
com a gestão de turmas numerosas.
Já Mendes et al. (2008), sustenta que turmas numerosas constituem um dos grandes
obstáculos no aproveitamento pedagógico dos alunos e a tendência de associar as turmas que
comportam um número reduzido de alunos a uma melhor qualidade no ensino e,
consequentemente a uma melhor qualidade na aprendizagem constitui uma ferramenta
indispensável para a gestão de turmas numerosas.
Libâneo (2001), enfatiza que é insuficiente julgar a qualidade da escola apenas pelo nível de
seus produtos, por mais que os resultados sejam um bom indicativo da qualidade de seus
processos e das condições da oferta de seus serviços. Também não é suficiente, no âmbito das
escolas, apenas a aferição do desempenho intelectual dos alunos através de provas e exames,
porque os resultados da aprendizagem dizem respeito não só a dimensão cognitiva, mas,
também, as dimensões afectivas, estética, ética, física. (p. 56).
Intervir na solução de problemas, pois sua intervenção possibilitará que indivíduos, grupos e
instituições desenvolverem seus processos de aprendizagem de forma saudável, que resgatem
33
Embora alguns autores sustentem que existe relação entre o número de alunos turma e o
desempenho escolar, McRobbie, Finn e Harmon (1998), consideram que a relação da
quantidade de alunos por turma com a qualidade do ensino não é linear, sendo que nem
sempre a redução do número de alunos se associa a melhores rendimentos escolares.
Mathis (2016), sustenta que apenas no primeiro ano de escolaridade é que se tem um impacto
positivo com a redução da dimensão da turma sobre os resultados escolares e quanto mais
anos os alunos frequentam turmas com tamanho reduzido ao longo dos primeiros anos de
escolaridade, maiores serão os benefícios (leitura e matemática) no decorrer dos anos
seguintes de escolaridade.
De acordo com Piaget (2013), o aprendizado possui ligação entre adaptação, acomodação e
assimilação, através de informações adquiridas no meio em que se está inserido. Esses são
processos de internalização de conteúdos externos, passando por etapas para que seja possível
ocorrer uma compreensão.
34
a) Insuficiência de salas de aulas – este factor faz com que se crie nas escolas turmas
numerosas, havendo necessidade de solicitar apoio de valores monetários ou mesmo
de material de construção para o aumento de salas de aulas para dividir as turmas em
que o número de alunos é elevado. Como consequência, cria-se um ambiente
desfavorável, porque muitos alunos acabam saindo das salas para estudar fora sem
nenhuma cobertura, e as aulas dos alunos acabam ficando prejudicadas porque há falta
de concentração nas aulas.
35
b) Falta de professores2- este factor faz com que haja existência de turmas numerosas,
porque vão juntar-se as turmas, e dai os alunos numa só turma com mais de setenta
alunos terão comportamento não satisfatório, vão intensificar o barulho, e outros
comportamentos perturbadores, e esta situação, além de afectar o processo de ensino e
aprendizagem, vai afectar as aulas de outros alunos.
c) Falta de carteiras
d) Tamanho de salas – em salas menores, o número de alunos é elevado e faz com que a
sala fique superlotada, e assim o desempenho dos alunos se torna fraco;
e) Elevado número de alunos – factor que tem-se intensificado nas zonas recônditas pois
há muita procura devido a falta de escolas ao redor, a elevada taxa de natalidade, o
nível de reprovações, etc.
Para Organização das Nações Unidas para a Educação (UNESCO) (2014), os factores que
influenciam para o alto rácio professor aluno são:
2
Não constitui verdade na óptica da autora pois existem vários professores formados em diversas áreas sem
emprego
36
3. Metodologia do trabalho
3
O Microsoft Excel, criado em 1987 pela Microsoft, o Excel é um editor de planilhas. Ou seja, é uma
ferramenta que permite armazenar, manipular, calcular e analisar dados como números, textos e fórmulas,
permitindo a combinação, análise de informações e representações gráficas, directamente na planilha.
37
Actualmente, esta Escola possui 610 alunos, os quais são assistidos por 16 professores,
leccionando da1ª classe a 6ª classe.
A pesquisa quanto aos procedimentos técnicos é bibliográfica e documental. A opção por este
procedimento técnico, justifica-se por possibilitar confrontar o presente com as contribuições
de vários autores sobre o assunto em estudo.
A pesquisa quanto a natureza é aplicada pois, tem como objectivo contribuir na resolução dos
problemas do baixo desempenho dos alunos do primeiro ciclo, e não só, pois alguns alunos
chegam até na secundária sem saber ler e escrever, facto que pode ser resultante do alto rácio
professor-aluno.
Esta pesquisa quanto à abordagem é mista (qualitativa e quantitativa). A opção por esta
abordagem, justifica-se por se ter, usado recursos e técnicas estatísticas desde a recolha,
descrição, análise dos dados, apresentação dos resultados e por ter-se usado técnicas de
análise de conteúdo para questões de abordagem qualitativa, bem como por questões de
enriquecimento da pesquisa.
Para Larson (2015) bem como Samuel e Simão (2016), no emprego conjunto de técnicas
qualitativas e quantitativas, os dados são considerados mais ricos, completos, globais e reais
(p.29). Ou seja, a utilização de várias técnicas de recolha de dados, vulgo triangulação, na
mesma pesquisa, só acaba enriquecendo ainda mais o estudo.
A pesquisa quanto aos objectivos é explicativa, porque visa explicar os porquês dos
problemas de insucesso escolar que tem culminado em problemas na leitura-escrita no 1o ciclo
do ensino primário, por meio do registo, da análise, da classificação e da interpretação dos
fenómenos observados como é o caso do rácio professor-aluno, número de alunos por turma,
bem como identificar os factores que determinam ou contribuem para a ocorrência deste
fenómeno.
39
A pesquisa quanto ao método é Hipotético dedutivo. A opção por este método justifica-se por
ter-se colectado, sistematizado, descrito e analisado comparativamente os dados do
desempenho versus rácio professor aluno e a partir delas generalizar.
3.3.1. Observação
É uma técnica de recolha de dados que para obter informações utiliza os sentidos. Ou seja,
consiste em examinar factos ou fenómenos que se deseja estudar (Marconi & Lakatos, 2009).
3.3.2. Questionário
Por sua vez, Faria (1989 citado por Labes 1998), defende que o questionário é o veículo de
pesquisa que utiliza impressos preparados para receber respostas a todas perguntas necessárias
a um levantamento, as quais foram previamente elaboradas e dispostas na melhor sequência,
na forma mais agradável para facilitar o preenchimento e devolução.
É um tipo de pesquisa que utiliza fontes primárias, isto é, dados e informações que ainda não
foram tratados científica ou analiticamente e esta têm objectivos específicos e pode ser
um rico complemento à pesquisa bibliográfica.
A pesquisa teve como população um total de 203 pessoas, das quais 193 correspondem ao
universo dos alunos da 5ª e 6ª classe, subdivididos em 98 homens e 95 mulheres e 10
professores.
40
Constituiu amostra, um total de 73 pessoas, sendo 67 alunos (46 homens e 20 mulheres) com
idades compreendidas entre 10 anos a 13 anos (10 alunos de 10 anos, 33 de 11 anos e 10 de
11 anos) e 6 professores da Escola supra, sendo 4 professoras e 2 professores (uma professora
de 47 anos de idade, nível médio de escolaridade (Docente N4) e 24 anos de experiência;
outra professora de 28 anos de idade, nível médio de escolaridade (Docente N3) e 08 anos de
experiência, outra de professora de 38 anos de idade, nível médio de escolaridade (Docente
N3) e 1 ano de experiência, outra de professora de 21 anos de idade, nível Básico de
escolaridade (Docente N4) e 8 meses de experiência; um professor de 37 anos de idade, nível
médio de escolaridade (DN3) e 15 anos de experiência e por fim outro professor de 38 anos
de idade, nível de escolaridade licenciatura (Docente N1) e 17 anos de experiência).
Para a selecção da amostra (73 pessoas) usou-se amostragem convencional. A opção por este
critério para alunos justifica-se pela necessidade inquirir alunos da 5ª e 6ª classe pois estes já
apresentam um desenvolvimento cognitivo e psicomotor suficiente para ler e compreender um
questionário.
Já para professores, justifica-se pela necessidade de inquerir professores que já leccionaram o
1º ciclo
Fora inquérito, foi analisado o aproveitamento pedagógico dos alunos do 1º ciclo dos anos
2020 a 2022.
Neste capítulo, faz-se a análise e interpretação dos dados tendo em conta a pergunta de
pesquisa e as fases delineadas no capítulo anterior. Constituem focos deste capítulo os
seguintes: o rácio professor aluno nos últimos três anos na escola em estudo; visão dos alunos
e professores face à relação entre o número de alunos e o desempenho Pedagógico e; a
correlação entre o desempenho dos alunos e o número de alunos do 1º ciclo nos últimos 3
anos.
4.1 Rácio Professor aluno na Escola Primária de Madovela nos últimos 3 anos
No ano 2020, a Escola Primária de Madovela, contava com 13 professores, os quais assistiam
a 730 alunos. Nesse ano, cada professor do primeiro ciclo atendia em média 65 alunos.
No ano 2021, a Escola Primária de Madovela, contava com 13 professores, os quais assistiam
a 679 alunos. Nesse ano, cada professor do primeiro ciclo atendia em média 56 alunos.
No ano 2022, a Escola Primária de Madovela, contava com 15 professores, os quais assistiam
a 713 alunos. Nesse ano, cada professor do primeiro ciclo assistia em média 60 alunos.
Como pode-se notar, nos últimos 3 anos, a Escola Primária de Madovela no primeiro ciclo
excedeu o limite do número de alunos por turma recomendado pela UNESCO (2014).
Gráfico 1: Leccionação: (a) no primeiro ciclo; (b) em turmas numerosas (com alunos acima
de 45)
100% Sim
(a) (b)
Com base no gráfico 1 (a), nota-se que todos entrevistados (100% dos professores) já
leccionaram o 1º ciclo. Não só, mas estes além de leccionarem o 1º ciclo, confrontaram-se
com o desafio de leccionar em turmas numerosas, onde o número de alunos situava-se acima
de 50 alunos (vide gráfico 1 (b)).
Os dados acima mostram que a Escola Primária de Madovela não cumpre com o plasmado no
REGEB pois, segundo REGEB (2008), o rácio professor aluno ao nível primário deve ser de
50 alunos por um (1) professor.
4.2.2 Visão dos professores face aos desafios enfrentados durante a leccionação em
turmas numerosas
O gráfico 2 apresenta a Visão dos professores da Escola Primária de Madovela face aos
desafios enfrentados durante a leccionação em turmas numerosas.
Com base no gráfico 2, nota-se que dos entrevistados (professores), 30% responderam que
tiveram dificuldades de circulação na sala de aula, 25% afirmaram que houve baixo
aproveitamento, 20% afirmaram que houve dificuldades na correcção dos trabalhos dos
alunos e insuficiência de tempo, 16% afirmaram que não houve dificuldade no cumprimento
das funções didácticas e programa e 9% afirmou que houve insucesso na preparação das
actividades didácticas.
43
Gráfico 2: Visão dos professores face aos desafios enfrentados durante a leccionação em
turmas numerosas
Baixo Dificuldade de
aproveitamento circulação na
sala
Dificuldades na 25%
correcção dos 30%
trabalhos dos
alunos e
insuficiência de Não
tempo cumprimento
20% das funções
didácticas e
16%
programa
9%
Insucesso na
preparação das
actividades
Fonte: Autora (2023)
Segundo Ozório (2006), Comenius expressou muito bem o sentido de ensinar ao afirmar que
a arte de ensinar é sublime, pois destina-se a formar o homem, é uma acção do professor no
aluno, tornando-o diferente do que era antes.
Assim, torna-se muito difícil para o professor actuar de forma satisfatória indo ao encontro
dos anseios dos seus alunos, tirando as suas dúvidas e junto com eles pensarem em soluções
quando as turmas não numerosas.
Para Vygotsky (2009), a interacção social e a mediação são pontos centrais do processo
educativo e estão intrinsecamente relacionados no processo de constituição e
desenvolvimento dos sujeitos. Assim, o professor tem a função de mediador da actividade
cognitiva, isto é, por meio da prática pedagógica deve proporcionar o desenvolvimento da
aprendizagem pelos alunos.
44
Como pode-se notar, se o professor não consegue dominar a sua turma, não cumpre com o
tempo regulamentado de 45 minutos, tem dificuldades na correcção dos trabalhos dos alunos,
isso é sinónimo de que não há interacção professor-alunos eficaz, e isto além de dificultar a
percepção do total e do parcial (conteúdo) não fomenta oportunidades para que a sala de aula
seja, de facto, um lugar de crescimento intelectual, tornando o processo de ensino e
aprendizagem não significativo.
86%
Sim
Com base no gráfico 3, nota-se que dos entrevistados (professores), 86% afirmaram que existe
uma relação entre o desempenho académico e o número de alunos por sala (rácio professor
aluno) e 14% afirmou que não existe a relação entre o número de alunos por sala e o
desempenho escolar dos mesmos.
Bem, face a relação número de alunos por sala e o desempenho académico, vários são os
debates e alguns autores afirma que sim e ou que não.
Gomes (2005, citado por Pintoco, 2017), afirma que numa meta análise4 de pesquisa foi
verificado que o rendimento é mínimo em turmas de 20 a 40 alunos, mas que há melhoras
relevantes com turmas de 15 alunos ou menos, mas que isso teria implicações de alto custo.
4
A metanálise ou meta-análise é uma técnica estatística especialmente desenvolvida para integrar os resultados
de dois ou mais estudos independentes, sobre uma mesma questão de pesquisa, combinando, em uma medida
resumo, os resultados de tais estudos.
45
Glass et al. (1982, citado por Fialho, 2012), defende que numa meta-análise de 77 pesquisas
experimentais realizadas nos Estados Unidos sobre o impacto da redução do tamanho das
turmas no rendimento escolar, foi possível constatar que a redução do número de alunos
beneficia o rendimento escolar.
Assim, embora seja uma questão que suscita diversos debates e factores, das respostas dos
professores da escola em análise, nota-se que sua experiencia infere que existe uma relação
entre o rácio professor aluno e o desempenho escolar dos mesmos. Ou seja, quanto maior
número de alunos menor será a interacção professor e aluno e consequentemente a
aprendizagem não será significativa, o que resultará num baixo aproveitamento dos alunos.
4.2.4 Visão dos entrevistados (professores), face às possíveis metodologias a usar para
leccionar em turmas numerosas
Esta questão era aberta e cada professor devia colocar a sua sugestão, e os mesmos o fizeram
tendo dito o seguinte:
Para Libâneo (1994), o ensino assume três funções indissociáveis: a organização dos
conteúdos de modo que esses possam ser significativos para cada aluno, considerando as
características socioculturais e as experiências individuais; possibilitar ao aluno o
conhecimento de suas potencialidades e torna-lo autónomo e independente através de
actividades e métodos de estudo; e dirigir e controlar a acção do professor para os objectivos
da aprendizagem.
46
Ademais, o ensino está submetido a outros factores do processo ensino aprendizagem, como a
organização do ambiente escolar, os mecanismos de gestão da escola, o sistema de
organização das classes, o conselho de pais, os livros didácticos e o material escolar, a
unidade de proposto do grupo de professores, etc.(Libâneo, 1994, p. 90).
Outro elemento que estimula a participação e desperta o interesse nas aulas é a mobilização
dos conhecimentos quotidianos e das experiências vividas pelos alunos (Ozório, 2006).
Segundo Elias (1997), quando o professor tem oportunidades para trabalhar com a turma em
grupos ou em círculos, os alunos têm a chance de participar muito mais, tendo um espaço de
debate e desta forma o professor pode fazer uma avaliação real dos seus alunos. Sabemos que
o aluno não é mais passivo, receptáculo das informações, ele é activo aprendiz, construtor do
seu conhecimento.
Gráfico 4: Condições de aprendizagem: (a) aulas numa sala com mais de 50 alunos e (b)
decurso das aulas
Alguma vez já esteve Se já esteve em turmas com mais de 50
numa turma com mais de alunos, como avalia as aulas?
50 alunos
Com base no gráfico 4 (a), 92 % dos alunos já estudaram numa turma com mais de 50 alunos
e enquanto 8% afirmou que não.
Já quando ao decurso das aulas 86% dos alunos afirmaram que as aulas não era boas porque
provocava-se muito barrulho e 14% afirmou que as aulas eram boas.
Segundo Ozório (2006), com excesso de alunos em sala de aula o professor não tem espaço
para que ele possa dar uma actividade diferente, na qual os alunos possam se movimentar, a
configuração espacial das salas de aula.
Elias (1997) defende que o excesso de alunos em sala não gera qualidade, pelo contrário gera
um aprendizado ineficiente e tratar da qualidade educacional sem debatermos este problema
em nossas escolas, é tentar tapar o sol com a peneira.
Desta feita, se o professor não consegue gerir a turma, este não logrará resultados
satisfatórios.
Com base no gráfico 5, numa turma numerosa a interacção professor aluno é ineficiente, pois
dos entrevistados 79% afirmaram que aquando das aulas em turmas numerosas, o professor
não conseguia responder todas dúvidas dos alunos e apenas 21 % afirmou que o professor
conseguia responder todas dúvidas dos alunos.
48
Bem, esta inferência, não significa que rejeita-se a observação dos que responderam que o
professor conseguia responder todas dúvidas, mas parte-se do pressuposto de que os mesmos
professores que leccionaram o 1º ciclo, afirmaram que a interacção era ineficiente, o professor
não conseguia controlar a turma, não conseguia cumprir com as actividades programadas, etc.
(vide gráfico 2).
Assim, partindo do pressuposto de que que a aprendizagem é [...] "um processo de construção
que se dá na interacção permanente do sujeito com o meio que o cerca, meio esse expresso
inicialmente pela família, depois pelo acréscimo da escola, ambos permeados pela sociedade
em que estão, como afirma Weiss (2004, p. 26, citado por Ozório, 2006), quando esta não se
verifica a aprendizagem não será significativa.
Desta feita, Morais (2001), afirma que a sala de aula deve constituir um espaço de discussões
e reflexão crítica, respeitando-se a diversidade e possibilitando ao aluno desenvolver suas
potencialidades humanas de forma crítica e consciente. E para que isto se efective, deve haver
interacção professor aluno.
Assim, o professor deve criar estratégias de interacção com os seus alunos pois, ao interagir
na sala de aula, o professor desenvolve uma relação mais próxima ao aluno, podendo
mobilizá-lo na construção do seu sucesso, e ao mesmo tempo, construir seu saber docente, a
partir de uma situação inesperada de sala de aula.
Péssima (O
Boa (O professor professor não
conseguia corrigir 30% conseguia corrigir
todos exercícios todos exercícios
em todos cadernos 70% em todos cadernos
dos alunos dos alunos
4.3.4 Visão dos entrevistados (alunos), face à atenção dos alunos durante as aulas
Gráfico 7: Visão dos entrevistados (alunos), face à atenção dos alunos durante as aulas
Como avalia a atenção e percepção dos alunos quando estavas numa
turma com mais de 50 alunos?
12%
Os alunos
ficavam atentos e
muitos 88%
percebiam a
matéria Os alunos não
ficavam atentos e
poucos
percebiam a
matéria
Esta suposição pode ser confirmada em Mizukami (1986), citado por Fonseca, 2012), quando
afirma que a aprendizagem gira em torno da interacção de uma pessoa com as outras, sendo
irrelevantes as condições biológicas. E esta interacção notou-se que é ineficiente em turmas
numerosas (vide gráfico 5).
Segundo Lezak (1995), a atenção possui quatro classificações, sendo elas a selectiva, que se
relaciona a selecção de um foco entre outros existentes; a sustentada, também conhecida como
vigilância, onde há a habilidade de permanência da atenção por um período mais longo; a
dividida, relacionada à capacidade de se envolver e responder a mais de um elemento/situação
em um mesmo momento e actividade, e a alternada, na qual temos que distribuir a atenção
para responder a mais de um estímulo num dado momento.
4.3.5 Visão dos entrevistados (alunos), face às notas dos mesmos aquando das aulas em
turmas numerosas
Gráfico 8: Visão dos entrevistados (alunos), face às notas dos mesmos aquando das aulas em
turmas numerosas
Boas
(Haviam 23%
muitas
positivas)
77%
Péssimas
(Haviam
muitas
negativas)
Fonte: Autora (2023)
51
Com base no gráfico 8, percebe-se que as turmas numerosas influenciam o desempenho dos
alunos pois, dos entrevistados, 77% afirmou que aquando das aulas em turmas numerosas as
aulas eram péssimas pois havia muitas negativas e apenas 23% afirmou que as aulas eram
boas.
Segundo Ozório (2006), o excesso de alunos numa sala não gera qualidade, pelo contrário
gera um aprendizado ineficiente.
Sabe-se de Sirota (1994, citado por Lopes, 2015), que o processo de aprendizagem é
relacional, no sentido de que envolve afectivamente professor e aluno e, essa interacção entre
o afectivo e o pedagógico pode determinar tanto as condições de ensino do professor, quanto
as possibilidades do aluno aprender. Todavia, como a interacção professor aluno em turmas
numerosas é ineficiente, acaba resultando em baixo desempenho.
Os dados referentes a esta análise dizem respeito apenas ao 1º ciclo e estão devidamente
resumidos na tabela abaixo.
Tabela 1: Desempenho dos alunos do 1º ciclo da Escola Primária de Madovela por número
de alunos
100
90
80
% dos aprovados
70
60
50
40
30
20
10
0
0 20 40 60 80 100 120
Número de alunos
O gráfico 9, mostra que existe uma correlação negativa entre o percentual dos aprovados e o
número de alunos por trimestre nos últimos 3 anos. Ou seja, quanto maior for o número de
alunos menor é a percentagem de aprovações.
53
Neste capítulo, faz-se a síntese das principais teses discutidas ao longo da pesquisa, visando
elucidar ao leitor a impressão final sobre o tema em estudo. Assim, constituem focos deste
capítulo a conclusão e as sugestões.
5. Conclusão
De 2020 a 2022, o rácio professor alunos variou de 60 a 64 alunos por professor do 1º ciclo;
Quanto a concepção dos professores e alunos face à relação entre o número de alunos e o
desempenho académico, constatou-se que numa sala numerosa enfrenta-se vários desafios
como: dificuldade de circulação na sala de aula, o não cumprimento das funções didácticas e
programa, insucesso na preparação das actividades, dificuldades na correcção dos trabalhos
dos alunos, insuficiência de tempo e fraco domínio da turma, desafios estes que influenciam
na fraca interacção professor aluno que resulta no baixo aproveitamento escolar.
Na análise da correlação entre desempenho escolar e número de alunos por sala constatou-se
que existia uma correlação negativa forte, onde quanto maior o número de alunos menor era o
desempenho escolar, o que remete à existência de uma relação entre o desempenho académico
e o número de alunos por sala.
Das hipóteses da pesquisa a que verificou-se é a nula que afirma que as turmas numerosas
influenciam no processo de ensino e aprendizagem, na medida em que baixa o
aproveitamento académico dos alunos, os alunos perdem interesse pelas aulas, aumentam o
índice de desistência escolar, fraca interacção professor aluno, sobrecarga do professor,
incumprimento das actividades previstas nos programas de ensino, etc., conforme pode-se
notar nas respostas dos entrevistados.
54
5.1.Sugestões
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Marconi, M. & Lakatos, E. (2009). Metodologia científica. (5a ed.). Editora Atlas. São Paulo.
Mathis, W. (2016). A Eficácia da Redução de Tamanho da Classe
McRobbie, J. Finn, D. & Harmon, P. (1998). Redução do tamanho das turmas: lições
aprendidas com a experiência. São Francisco: Editores ocidentais.
Pintoco, V. M. (2017). Visão do professor sobre o número de alunos por turma: Uma
contribuição para a melhoria da qualidade da educação. (Dissertação de Mestrado).
Escola Superior de Educação: Instituto Politécnico do Porto;
Sousa, N. P. (2017). Impacto da redução do número de alunos por turma. ISCTE: Instituto
Universitário de Lisboa;
Legislação
APÊNDICES
59
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_________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Fim
61
A. Sim ________
B. Não ________
4. No seu ponto de vista, para a classe em análise, acha que o número alunos por sala
influencia o aproveitamento escolar (desempenho)?
A. Sim ____________
B. Não __________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Fim
63
4.Como avalia a paciência do professor na correcção dos exercícios ou TPC nos cadernos dos
alunos quando estavas numa turma com mais de 50 alunos?
A. Péssima (O professor não conseguia corrigir todos exercícios nos cadernos dos alunos) ___
B. Boa (O professor conseguia corrigir todos exercícios nos todos cadernos dos alunos) _____
64
5.Como avalia a atenção e percepção dos alunos quando estavas numa turma com mais de 50
alunos?
Fim
65
Este roteiro tem como objectivo recolher o aproveitamento pedagógico dos alunos de 20220 a
2022 do 1º ciclo.
1º 2º 3º 1º 2º 3º 1º 2º 3º