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CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
1.0 Introdução
Não constitui novidade que as escolas Moçambicanas com maior destaque para as públicas
são numerosas.
Cada país, adopta a seu critério o número máximo de alunos que um professor deve atender
por turma. Não obstante o nível de rácio professor-aluno internacionalmente recomendado
pela UNESCO ser de 40 alunos por um (1) professor.
Segundo Sousa (2017), em turmas maiores existem mais grupos, dificultando a atenção
individual dos alunos e a gestão da sala de aula.
Leithwood e Jantzi (2009) defendem que estudantes com situações socioeconómicas mais
desfavoráveis são os que mais beneficiam de escolas mais pequenas, existindo menos
abandonos e desistências, sendo o relacionamento entre professores e alunos um dos pontos
que pode influenciar na decisão de um aluno abandonar os estudos.
Com base nos autores acima, percebe-se que o rácio professor alunos pode ter implicações
graves no desempenho destes, bem como no envolvimento total do professor, como pode-se
notar abaixo.
Sousa (2017), ao debruçar sobre rácio professor aluno, nos professores e no ensino, afirma que
pesquisas mostraram que em turmas mais pequenas, as crianças são mais propensas a interagir
mais com o professor, existindo um ensino mais individualizado, acabando o professor por
despender mais tempo nas tarefas com os alunos, existindo mais apoio para as aprendizagens e
para o conhecimento pessoal dos alunos, indo ao encontro das suas necessidades individuais, o
que não se verifica na sua plenitude em turmas numerosas.
Assim, fica suspensa a questão de até que ponto a informação dos autores acima pode-se
generalizar e pode ser reflectido ou generalizado para o contexto Moçambicano pois o
currículo nacional e estrangeiro apresenta ligeira diferença.
Assim, tomando como base o cima descrito, aliado ao facto de pesquisas nesta área de
conhecimento em Moçambique serem escassas, se não inexistentes, surge a presente pesquisa
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De referir que esta pesquisa não visa criticar o sistema nacional de educação, mas sim trazer
evidências, caso hajam das implicações do rácio professor aluno no desempenho pedagógico
dos alunos, tomando como base o rácio plasmado no Diploma Ministerial n.o 61/2003 de 11
de Junho e a realidade vivenciada nas escolas públicas Moçambicanas.
1.2 Problematização
Assim, devido ao ingresso massivo de alunos provenientes de diversas escolas, esta foi
obrigada a trabalhar com um rácio entre 80 a 90 alunos por turma, não obstante o diploma
ministerial n.o 61/2003 de 11 de Junho recomendar um máximo de 45 alunos por turma.
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Feita uma sondagem, constatou-que de 2019 a 2022 a taxa de reprovação foi de 10.7%, 1.9%,
30.5% e 50.3 %, respectivamente.
Assim, partindo do pressuposto de que nas turmas de alto rácio professor-aluno, a interacção
professor aluno é limitada e levando em consideração Mofate (2017), quando afirma que em
Moçambique a dimensão numérica das turmas tem merecido pouca atenção, tanto em
trabalhos científicos sobre a educação, como em documentos que regulam o funcionamento
do sector, traçou-se o seguinte problema de pesquisa:
Até que ponto o alto rácio professor aluno influencia no processo de ensino e ensino-
aprendizagem?
1.3 Justificativa
Esta pesquisa surge como resposta à prevalência de turmas numerosas, que tem notado na
Escola Secundária 25 de Setembro de Homoine, que resulta em /alto rácio professor-aluno,
não obstante a existência de leis que regem o número máximo de alunos por turma.
Nesse contexto, a presente pesquisa torna-se relevante, no âmbito pessoal, à medida que,
permitirá ao pesquisador na qualidade de professor, aprofundar mais, os conhecimentos sobre
os factores que concorrem para o baixo aproveitamento pedagógico dos alunos, com maior
enfoque no rácio professor aluno, que pouco é explorado.
Ao nível social, esta pesquisa contribuirá na redução de desemprego para os formados nesta
área e nível, pois provado que existe relação entre o rácio professor aluno, mais professores
serão empregados de forma a responder à problemática. Não só, mas para nos pais e
encarregados de educação ajudará-os a identificar os factores que contribuem para o baixo
aproveitamento dos seus educandos, caso haja.
1.4.1 Geral
1.4.2 Específicos
1.5 Hipóteses
Até que ponto o alto rácio professor aluno influencia o processo de ensino e ensino-
aprendizagem da história?
H1: O alto rácio professor aluno influencia o processo de ensino e aprendizagem da história,
na medida em que baixa o aproveitamento académico dos alunos, os alunos perdem interesse
pelas aulas, aumentam o índice de desistência escolar, fraca interacção professor aluno,
sobrecarga do professor, incumprimento das actividades previstas nos programas de ensino,
etc.;
Ha: O alto rácio professor aluno não influencia no processo de ensino e aprendizagem da
história, pois além de maximizar a interacção professor-aluno, minimiza as desistências,
melhora aproveitamento académico dos alunos, etc.
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Já MINED (2003, 2010) conceitua rácio professor-aluno como relação entre o professor e o
número de alunos por ele orientados em cada turma e este pode manifestar-se em das
situações, a saber:
Assim, pode-se conceituar turma numerosa como qualquer turma em que o número de alunos
é superior a 45.
2.1.2 Ensino
Segundo Lakomy (2008), ensino é a acção e o efeito de ensinar (instruir, doutrinar com regras
ou preceitos). Trata-se do sistema e do método de instruir constituído pelo conjunto de
conhecimentos, princípios e ideias que se ensinam a alguém.
Para Nereci (1989), ensino é toda a forma de orientar a aprendizagem a outrem, desde a acção
directa até à execução de tarefas de total responsabilidade do educando, previstas pelo
professor.
Já Libâneo (2001), defende que o ensino visa alcançar determinados resultados em termos de
domínio de conhecimentos, habilidades, hábitos, atitudes, convicções e de desenvolvimento
das capacidades cognitivas dos educandos.
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2.1.3 Aprendizagem
Fonseca (2012), define a aprendizagem como sendo um processo activo que resulta de uma
acção cognitiva e motora individual que ocorre por meio da mediação entre o indivíduo e o
meio social e cultural onde este se insere e é esta interacção com o meio que permite ao
indivíduo a construção de significados ou a identificação de características, propriedades e
finalidades para as suas acções e experiências.
Assim, para Sertori (2021, p.4), as teorias de aprendizagem são: teoria sociocultural (da
aprendizagem social, construtivista), teoria do comportamento (behaviorismo), teoria
humanista e teoria cognitivista.
Segundo Sertori (2021, p.4), esta é uma Corrente teórica da educação que explica como a
inteligência humana se desenvolve e defende que o desenvolvimento da inteligência é
determinado pelas acções mútuas entre o indivíduo e o meio, razão pela qual levou-se à
crença de que o homem não nasce inteligente, mas que também não é um sujeito passivo do
mundo.
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Assim, os cognitivistas defendem que mesmo estimulado por meio externo, o homem é capaz
de agir sobre estes estímulos para construir e organizar o seu próprio conhecimento. Isto é,
quanto mais ele age sobre o meio, mais elaborada será sua organização cognitiva (Coll &
Schilling, 2004).
Segundo Sertori (2021, p.4), esta corrente defende que os comportamentos do ser humano são
aprendidos, e com isso, o aspecto da aprendizagem passa a ter grande importância.
Assim, nesta teoria, o ambiente passa a ter um papel fundamental, pois o homem passa a ser
produto do meio. Já no aspecto do ensino, esta corrente defende que é preciso preparar e
organizar as contingências de reforço que irão facilitar a aquisição dos esquemas e dos
diferentes tipos de condutas desejadas (Illeris, K. 2013).
c) Teoria cognitivista
Segundo Illeris (2013), a teoria cognitivista enfatiza o processo de cognição, através do qual a
pessoa atribui significados à realidade em que se encontra. Assim, esta corrente preocupa-se
com o processo de compreensão, transformação, armazenamento e uso da informação
envolvido na cognição e procura regularidades nesse processo mental (p.15).
d) Teoria humanista
Segundo Illeris (2013), o foco desta corrente é o crescimento pessoal do aluno. Assim, esta
abordagem considera o aluno como pessoa e o ensino deve facilitar a sua autorrealização,
visando à aprendizagem pela pessoa inteira, que transcende e engloba as aprendizagens
afectiva, cognitiva e psicomotora.
Para Rogers (citado por Sertori, 2021, p.18), nesta teoria, só uma mudança muito grande na
direcção básica da educação pode atender às necessidades da cultura de hoje e o ponto final
do nosso sistema educacional deve ser o desenvolvimento de pessoas plenamente actuantes,
razão pela qual o objectivo educacional deve ser a facilitação da aprendizagem.
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Dissertação desenvolvida por Simbine (2014), na 5ª classe, Escolas Completas Benfica Nova
e Khongolote do Município da Matola, tendo como amostra um total de 65 elementos a saber:
directores das Escolas, professores, alunos, pais ou encarregados de educação, seleccionados
recorrendo amostragem não probabilística (por conveniência).
Esta pesquisa mostrou que a carga horária e tempo de instrução, disponibilidade e uso
recursos didácticos na sala, tamanho da turma, etc., influenciam negativamente no processo
de ensino-aprendizagem, tendo o autor recomendado às autoridades do sector de educação a
construção e reabilitação de salas de aula por forma a reduzir o rácio professor-aluno e que
incrementem a quantidade de material didáctico alocado às escolas.
Pesquisa desenvolvida por Portal (2008), que embora não tenha como foco estudo do rácio
professor aluno, sustenta que a diminuição do tamanho de alunos por turma produz efeitos
positivos, para três intervenientes do processo de ensino e aprendizagem a saber:
a) Efeitos para o aluno – quando o rácio professor aluno é equilibrado, a atenção deste é
constante, beneficia-se de mais tempo para interagir com o professor, tem mais
oportunidades de participar, tem e sente sensação de ser mais notado pelo professor, o
que o leva a adoptar comportamentos mais apropriados, seu ritmo de aprendizagem é
mais respeitado.
b) Efeitos para o professor – quando o rácio professor aluno é equilibrado, este dispõe
de mais tempo para cada aluno, tem a oportunidade de responder de forma de forma
mais atenta às questões e às necessidades dos alunos, pode acompanhá-los melhor,
dispões de mais tempo para ensinar a matéria a cada um, tem mais tempo para ensinar
a matéria a cada um, tem mais contacto pessoal com alunos, tem maiores
possibilidades de usar diferentes abordagens pedagógicas.
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c) Efeitos para a turma como um todo – o amente é melhor, o clima é mais amistoso,
as relações entre os alunos e professor são melhores, várias metodologias podem ser
empregues e avaliar seu efeito.
2.3.3 Visão do professor sobre o número de alunos por turma: Uma contribuição para a
melhoria da qualidade da educação
Pesquisa desenvolvida por Pintoco (2017), teve como objectivo investigar a relação da
qualidade da educação com o número de alunos por turma na rede Municipal de ensino de
Casimiro de Abreu, na perspectiva dos professores. Esta pesquisa consistiu em convocar os
professores para reflectirem sobre as acções didáctico-pedagógicas tendo em conta, os
impactos do tamanho da turma, tendo baseando-se em dados secundários, bem como
primários e chegado a conclusão de que a qualidade da educação se relaciona negativamente
com o aumento do tamanho das turmas, sendo as acções didáctico-pedagógicas do professor
significativamente prejudicadas com o aumento do número de alunos em sala de aula.
Pesquisa desenvolvida por Machai (2015), na escola supra, tinha como objectivo analisar as
implicações do rácio aluno/professor no trabalho docente na Escola Primária de Ndlavela.
Neste estudo concluiu-se que o facto do professor trabalhar em turmas com um número que
ultrapassa o nível de rácio internacionalmente recomendado pela UNESCO que é de 40:1,
gera implicações na vida do profissional, como a sobrecarga de trabalho, a não interacção do
professor com todos alunos, a insatisfação das necessidades académicas os alunos e o não
alcance dos objectivos pretendidos, principalmente devido à insuficiência de tempo.
Não só, este rácio aluno/professor, ao exigir mais esforço do professor afecta a sua saúde,
facto tem sido negligenciado, e não se tem abordado.
Pesquisa desenvolvida por Madjila (2020), com objectivo analisar a influência do tamanho de
turmas no aproveitamento pedagógico dos alunos, tomando como unidade de análise a Escola
Secundária Força do Povo.
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Não constitui novidade que quanto maior o número de alunos por sala, menos significativa é a
aprendizagem, devido a dificuldade na gestão desta bem como efectuar um atendimento
personalizado, sem que haja incumprimento do tempo lectivo.
Esta informação pode ser constatada em Verdasca (2007) quando afirma que o alto rácio
professor aluno cria um ambiente de aprendizagem desconfortável tanto para os professores
como para os alunos, bem como em Quit (2007) quando menciona e descreve alguns factores
que resultantes do alto rácio professor aluno, a saber:
Para Simbine (2014, p.27), o alto rácio professor aluno resulta num processo de ensino-
aprendizagem ineficaz pois os professores não estão preparados para lidar adequadamente
com a gestão de turmas numerosas.
Já Mendes et al. (2008) sustenta que turmas numerosas constituem um dos grandes obstáculos
no aproveitamento pedagógico dos alunos e a tendência de associar as turmas que comportam
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Segundo Gil (1989), para elaboração de um trabalho de pesquisa torna-se necessário definir
quais os procedimentos metodológicos a utilizar, de forma a compreender se melhor a
natureza do estudo, as técnicas de colecta de dados e possíveis limitações.
Segundo Gil (2007), toda e qualquer classificação de um determinado fenómeno ou factor, faz
se mediante algum critério.
A pesquisa quanto aos procedimentos técnicos é bibliográfica e documental. A opção por este
procedimento técnico, justifica-se por possibilitar confrontar o presente com as contribuições
de vários autores sobre o assunto em estudo.
Ou seja, pesquisa documental é um tipo de pesquisa que utiliza fontes primárias, isto é, dados
e informações que ainda não foram tratados científica ou analiticamente e esta tem objectivos
específicos e pode ser um rico complemento à pesquisa bibliográfica.
A pesquisa quanto a natureza é aplicada, pois tem como objectivo contribuir na resolução dos
problemas do baixo desempenho dos alunos na disciplina de história.
A pesquisa quanto aos objectivos é explicativa, porque visa explicar os porquês dos
problemas de insucesso escolar que tem culminado em problemas no aproveitamento.
A pesquisa recorrerá ao método Hipotético dedutivo. A opção por este método justifica-se
pela necessidade de fazer a selecção da amostra, a colecta dos dados, a sistematização,
descrição e análise comparativa dos dados do desempenho versus rácio professor aluno e a
partir delas generalizar.
3.2.1. Observação
É uma técnica de recolha de dados que para obter informações utiliza os sentidos. Ou seja,
consiste em examinar factos ou fenómenos que se deseja estudar (Marconi & Lakatos, 2009).
3.2.2. Questionario
Por sua vez, Faria (1989 citado por Labes 1998), defende que o questionário é o veículo de
pesquisa que utiliza impressos preparados para receber respostas a todas perguntas necessárias
a um levantamento, as quais foram previamente elaboradas e dispostas na melhor sequência,
na forma mais agradável para facilitar o preenchimento e devolução.
É um tipo de pesquisa que utiliza fontes primárias, isto é, dados e informações que ainda não
foram tratados científica ou analiticamente e esta têm objectivos específicos e pode ser
um rico complemento à pesquisa bibliográfica.
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O processamento dos dados, será feito usando o pacote estatístico da IBM, no caso SPSS
(Pacote Estatístico para Ciências Sociais), com um nível de confiança de 95%. A opção por
este pacote justifica-se por ser um software estatístico de fácil manuseio e por ser rápido no
processamento de dados simples e complexos (Fávero & Belfiore, 2017).
A análise dos dados será, análise de conteúdo, descritiva e inferencial e consistirá na análise
da correlação entre o desempenho dos alunos e o respectivo aproveitamento nos últimos 5
anos;
A pesquisa terá como população um total de alunos matriculados na escola onde decorrerá a
pesquisa e Destes, farão parte da amostra uma parte que que será seleccionada usando se
amostragem convencional.
Para determinar o tamanho mínimo da amostra dado que a população é finita, recorrerá-se à
seguinte expressão:
(1)
(2)
= 10%
Onde:
N é tamanho da população estudada;
é o primeiro valor aproximado do tamanho da amostra;
é o erro experimental ou margem de erro
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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Gil, A. (2008). Como elaborar projectos de pesquisa, (5a ed.). Atlas: São Paulo.
Leithwood, K. & Jantzi, D. (2009). Uma Revisão das Evidências Empíricas sobre os Efeitos
do Tamanho da Escola: Uma Perspectiva Política. Revisão da Investigação Educativa;
http://fclar.unesp.br/home/graduacao/Espacodoaluno/PET-ProgramadeEducacaoTutorial/Pedagogia/capitulo-
libaneo.pdf.
Marconi, M. & Lakatos, E. (2009). Metodologia científica. (5a ed.). Editora Atlas. São Paulo.
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McRobbie, J. Finn, D. & Harmon, P. (1998). Redução do tamanho das turmas: lições
aprendidas com a experiência. São Francisco: Editores ocidentais.
Mofate, Ó. L. (2017). Gestão da sala de aula em turmas grandes: Estudo de caso em turmas
do ESG1, disciplina de história, numa Escola do Município da Matola, Moçambique.
(Dissertação de Mestrado). Universidade Lusófona humanidade e Tecnologia: Lisboa;
Pintoco, V. M. (2017). Visão do professor sobre o número de alunos por turma: Uma
contribuição para a melhoria da qualidade da educação. (Dissertação de Mestrado).
Escola Superior de Educação: Instituto Politécnico do Porto;
Sousa, N. P. (2017). Impacto da redução do número de alunos por turma. ISCTE: Instituto
Universitário de Lisboa;