Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
TEMA
Tete.
TEMA
Tete
O ensino da Geografia em épocas passados foi marcado pelo conhecimento restrito a uma prática
limitada e a poucos recursos, como o livro didáctico que abordavam conteúdos programáticos na
maioria das vezes distantes da realidade do aluno, também traziam conhecimentos técnicos
através de gráficos e estatísticos do país. Assim, o aluno não era estimulado a participar,
compreender e interagir durante as aulas ministradas.
Actualmente, a tecnologia digital (TIC) em sala de aula, deve proporcionar a condição dos
sujeitos como produtores de cultura, uma vez que as mesmas possibilitem uma
maiorinteractividade entre os mesmos. O uso da tecnologia promove a interacção social, não se
pode negar sua influência positiva no processo de aprendizagem do aluno, favorecendo uma
melhor desenvoltura no seu âmbito escolar uma vez que, as tecnologias facilitam e aproximam as
pessoas (globalização), exercendo grande importância no processo educacional em geral e ensino
de Geografia, em particular. A importância das TICs na sala de aula se dá a partir da
possibilidade de abranger várias áreas do conhecimento e possibilitar que os alunos vivenciem
experiências diversificadas referentes aos temas discutidos em sala de aula.
4
1.1. Problematização (Pergunta de partida)
Actualmente, o ensino é confrontado com problemas que são impostos por profundas
transformações económicas sociais e culturais, exigindo-se inovações na sua concepção e
prática. Nesse sentido, os esforços que os países empreendem para o efeito são significativos,
variando de país para país consoante os recursos disponíveis.
Em Moçambique esse esforço revela-se no facto de se conferir uma responsabilidade cada vez
maior ao ensino, através de algumas inovações na concepção sobre a Qualidade do Ensino, em
virtude do reconhecimento da ineficácia dos conhecimentos expressos nas disciplinas
curriculares, em particular do Ensino Secundário Geral do 2º ciclo (ESG-2), das quais “são
altamente académicas, e que as habilidades práticas para a vida não parecem ter destaque”.
(MINED, 2001:20).
5
projetores multimídia, tablets etc. como recursos didáticos para dinamizar o ensino-aprendizagem
da Geografia?
1.2. Contextualização/Delimitação da pesquisa
O tema ora em estudo trata de aspectos de uma abordagem sobre a aplicação das tecnologias
digitais (TICs) no ensino de Geografia na Escola Secundária de Tete, distrito de Tete, província
de Tete.
O presente trabalho de pesquisa limita-se nas turmas de 12ª classe da Escola Secundária de Tete,
em virtude da autora achar a classe com condições necessárias para a realização do mesmo bem
como, ajudar os professores de Geografia das várias escolas desta cidade e não só, a conhecerem
e aplicar asTICs no processo de ensino-aprendizagem, com maior relevância, a aplicação da
internet e das redes sociais no ensino de Geografia.
Para exposição dos argumentos, esta pesquisa foi dividida em quatro capítulos. No primeiro
capítulo foram apresentadas a introdução, o tema, a justificativa da escolha do tema, a colocação
do problema, os objectivos, as hipóteses e a delimitação do tema.
No segundo capítulo, será mostrado o referencial teórico da pesquisa, com citações de várias
obras sobre as várias formas de se integrar a tecnologia digital (TICs) e sua importância para o
ensino-aprendizagem de Geografia, relata também a importância do ingresso de tecnologias no
sistema educacional, que mesmo assim traz dúvidas para os docentes dos vários níveis da
educação, porque esses novos equipamentos de ensinar e aprender exigem práticas pedagógicas
diferenciadas, e muitas vezes o professor não tem o domínio das mesmas. Mostra a falta de
cursos de capacitação para estes educadores, que muitas vezes deixam de utilizar estes recursos
que tornam as aulas mais dinâmicas e actualizadas por não possuírem domínio nem saber
planificar suas aulas com estes recursos.
No terceiro capítulo, será mostrada a metodologia, sendo esta pesquisa caracterizada como uma
pesquisa exploratória e qualitativa, que busca analisar o processo ensino aprendizagem mediante
o uso das novas tecnologias pelos professores do segundo ciclo (12ª classe). Também, os
resultados da pesquisa empírica e, por fim, as considerações finais sobre esta pesquisa.
6
1.3. Objectivos
1.3.1. Objectivo geral
Partindo do problema acima apresentado, definiu-se o seguinte objectivo orientador deste
projecto de investigação:
Analisar as possibilidades de utilização das novas tecnologias pelo professor, como recurso
didáctico para o ensino-aprendizagem de Geografia, para o Ensino Secundário Geral 2 (ESG2)
em uma escola pública (Escola Secundária de Tete).
7
Hipótese 2: O facto de os professores não terem sido formados em um ambiente tecnológico não
é um factor impeditivo ao uso dessas novas tecnologias como recurso didáctico e pedagógico,
pois há cursos de especialização nessa área para os professores.
Com as novas tecnologias, o professor que era considerado só um informador que dita conteúdo,
pode se transformar em orientador de aprendizagem ou em gerenciador de pesquisa e
comunicação, dentro e fora da sala de aula, dentro de um processo que caminha para melhoria,
aproveitando o melhor do que podemos fazer na sala de aula. O professor, tendo uma visão
pedagógica inovadora, aberta, que pressupõe a participação dos alunos, pode utilizar algumas
ferramentas simples da Internet, a exemplo oFacebook , oGoogle Earth no ensino da geografia,
para melhorar a interação presencial-virtual e aprimorar o aprendizado de todos.
Inserir novas tecnologias como computador, televisão, websites, internet, projector multimídia,
tablets e outros no processo de ensino e aprendizagem é um desafio para os professores em sala
de aula, ao mesmo tempo em que suas potencialidades devem ser objecto de pesquisa e discussão
nos cursos de formação.
A relevância social deste estudo se dá pelo facto de que grande parte dos professores, estes em
sala de aula, não têm intimidade com as novas tecnologias, também por ter dificuldades em
utiliza-las no seu quotidiano.
8
Face a esta observação, o interesse em realizar este estudo está ligado a questões de ordem
pessoal, cognitiva, académica e profissional, pelo facto de a autora estar aleccionar a cadeira de
Geografia e, ainda, por frequentar o curso de licenciatura em ensino de Geografia.
É muito mais motivada por questões de ordem de desenvolvimento profissional na área do ensino
da disciplina que esta preocupação aparece, tendo como as práticas lectivas dos professores de
Geografia em articulação com o currículo, existindo a possibilidade de repensar a educação
geográfica num mundo globalizado em que se espera que os indivíduos participem, considerando
que a Geografia é uma ciência que permite o diálogo entre as concepções dos espaços vividos e
produzidos pelo aluno.
9
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA
2. AS NOVAS TECNOLOGIAS E O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
2.1. Revoluções tecnológicas e didácticas
A tecnologia e seu uso são a marca da terceira Revolução Industrial, caracterizada pela
transformação acelerada no campo tecnológico, com consequências no mercado de bens, serviços
e consumo; no modo de organização dos trabalhadores; no modo de produção; na
educação/qualificação dos trabalhadores e nas relações sociais. Ela faz parte do processo de
construção de saberes, são técnicas desenvolvidas que se apropriam da relação homem com sua
prática, sendo um sistema na qual a sociedade satisfaz suas necessidades e desejos de seus
membros, através dos equipamentos, programas, pessoas, processos, organização e finalidades de
propósito disponíveis.
Conforme Silva (2002, apud DIAS, 2002), “o uso do termotecnologia, oriundo da revolução
industrial no final do Século XVIII, tem sido generalizado para outras áreas do conhecimento,
além dos sectores da indústria têxtil e mecânica”. Sua aplicação é ampla. Nesse contexto um
produto é o artefacto da tecnologia, que pode ser um equipamento, programa, processo, ou
sistema, o qual por sua vez pode ser parte do meio ou sistema contendo outra tecnologia.
[...] na maioria das vezes umanovatecnologia é a combinação de tecnologias
já conhecidas (no mesmo ramo ou áreas diferentes), podendo estar
incorporada em um produto ou em um processo de produção. (SILVA, apud
DIAS, 2002, p.03)
A tecnologia é algo que se estuda e aprende sendo parte da cultura humana, ela não é só
aparelhos, equipamentos, não é o puro saber fazer, é cultura que tem implicações éticas, políticas,
econômicas, educacionais.
A tecnologia pressupõe conhecimento do porquê da técnica e de como seus
objetivos são alcançados e exige da sociedade onde se instala uma
reformulação de suas estruturas compatível com os benefícios que traz ou
ainda pode gerar rejeição pelos eventuais malefícios que provoca. (TOSCHI,
2005 p.36. apud. DIAS, 2001, p.7)
10
linguagens, sejam elas de natureza hipertextual, informática ou televisiva. Usar tecnologia tem
como objectivo o aumento da eficiência da actividade humana em todas as esferas,
principalmente na produtiva.
Freire (1979 apud, MENDONÇA, 2009, p.1), defende a ideia de inserir as diversas tecnologias
no âmbito escolar, a fim de acrescentar novas aprendizagens em prol do desenvolvimento das
capacidades das pessoas.
Assim, torna-se indispensável ter conhecimento sobre os recursos tecnológicos. Desse modo,
além de saber da existência desses recursos, é necessário utilizá-los, unindo-os aos objectivos do
conteúdo a ser apresentado. Essa tecnologia também possibilitou que as pessoas se
comunicassem em várias partes do mundo, diferentemente da comunicação via telefone que
permite a um número reduzido de pessoas realizarem o mesmo processo. Dessa perspectiva surge
uma proposta educativa orientada aos meios; a necessidade de uso desses implica em considerar a
realidade dos alunos a fim de facilitar a compreensão,tornando o aprendizado significativo. As
novas tecnologias vêm colocar o ensino na perspectiva evolutiva com a utilização desses recursos
em sala agregando valor e aprendizagem ao educando.
Conforme Silva (2007, pp.123 -124),
pode - se ir além do uso da máquina ao buscar saber a implicação dessas
Tecnologias na motivação e interesse do educando, nos processos de
mediação, na tomada de consciência, na redução de dificuldades e nas
relações interpessoais estabelecidas por esses veículos no contexto da
aprendizagem.
11
Nessa perspectiva o docente deverá mediar havendo construção do conhecimento, onde o aluno
possa reflectir sobre o recurso e sobre o conteúdo, fornecendo elementos importantes para
formação do cidadão.
Merenne-Schoumaker (1999) afirma que para haver uma aprendizagem significativa é necessário
identificar os processos que serão precisos para que os alunos aprendam verdadeiramente. Há que
formar os alunos na autonomia do seu trabalho escolar, na sua organização, e na avaliação dos
seus progressos, no que se refere ao ensino da Geografia.
Sporck e Tulippe (1978) afirmam que a geografia torna-se interessante para os alunos uma vez
que lhes proporciona uma explicação do que acontece no seu mundo e que o estudo do
local/região onde os alunos vivem não seja esquecido pois isto vai permitir-lhes tornarem-se
cidadãos mais ativos e conhecedores da sua realidade.
Daí que, e segundo Ribeiro (2012), o estudo da Geografia tem de ser sempre
acompanhado de excursões e visitas de campo, que ensinem a descrever e a
compreender, e de material fotográfico sobre países ou regiões que se
poderão visitar mas de que a observação local, devidamente estimulada e
orientada, permite tirar maiores proveitos (Ribeiro, 2012, p. 160).
Com o passar dos tempos os docentes de Geografia têm investido mais nas suas práticas
educativas e assistimos a um explicar dos fenómenos geográficos, a sua formação e causas em
vez de haver uma narração dos continentes, países, rios que os alunos tinham de decorar
(memorizar compulsivamente). O próprio ensino da Geografia evoluiu ao longo dos tempos
deixando de ser meramente descritivo e passando a ser interessante e com vida através da
observação e desenvolvimento do raciocínio e da imaginação dos alunos (Constância, 1963).
12
2.3.1. Novos recursos metodológicos para o ensino da Geografia
O mundo contemporâneo (globalizado) nos demanda uma formação e uma actualização
profissional permanente, que possa alcançar quase todos os aspectos produtivos, dentro de um
mercado de trabalho complexo, mutável, flexível e imprevisível, junto a um ritmo de
transformações aceleradas que nos abriga a estar aprendendo sempre coisas novas. Vivemos
tempos de globalização, tendência esta que se manifesta mundialmente, impondo mudança de
paradigma para o tratamento do saber.
O professor de Geografia da actualidade deve estabelecer várias condições para ampliação das
ideias que surgem a todo o momento. As crianças e jovens de hoje crescem inseridas num mundo
pulsante de novas tecnologias, o que representa consequentemente novos instrumentos de
aprendizagem.
A ideia é estabelecer a busca por uma socialização eficaz, através de uma prática pedagógica
onde os alunos do ensino médio (11ª e 12ª classes) utilizem desses recursos tecnológicos para
esse aprimoramento, especialmente nas aulas de Geografia.
Através da globalização, pode-se buscar com auxílio de pesquisas na internet e utilização do
computador, os aplicativos existentes como os conteúdos de maneira digital, o aluno poderá ter
uma visão mais crítica e construtiva, onde o professor em suas aulas através de metodologias
diversificadas, incentivar o desenvolvimento intelectual do aluno.
Nesse sentido, é importante que o professor de Geografia reflicta sobre o objectivo de sua prática
nesse novo contexto. “Como ensinar” é tao importante como “o que ensinar”.
13
Em face disso torna-se imprescindível que sejam oferecidas condições para que o professor tenha
uma formação no âmbito do uso e domínio das TICs, de modo que possam adequá-las ao
contexto educacional, sem, no entanto, deixarem levar-se por modismos tecnológicos. Mas
possam efectivamente adquirir uma compreensão ampla das mesmas, de modo a compreendê-las
como uma ferramenta pedagógica na construção do conhecimento, reflectindo sempre sobre suas
possibilidades.
Mas infelizmente podemos observar que em pleno século XXI, os professores têm dificuldades
em utilizar-se destes recursos tecnológicos. Ocorre a falta em alguns momentos de motivação
para desenvolver aulas prazerosas e sair da rotina fazendo uso dos recursos mais comuns
encontrados nas escolas públicas moçambicanas que é o “escasso” livro didáctico, que na maioria
das vezes torna-se o único recurso.
Portanto, repensar a prática docente no processo de ensino-aprendizagem, que, o educador é o
ponto de partida na construção de conhecimentos dos nossos alunos, principalmente no ensino
fundamental e em consequência no ensino médio (ESG2).
Haja vista que as redes sociais, como por exemplo, o Facebook, é um espaço virtual muito utilizado e
difundido entre os alunos, chegando até mesmo ser algo quase que nativo, é de suma importância
oportunizar o uso desse poderoso recurso com a educação, tendo em vista que o uso do Facebook pode
proporcionar aos alunos mais oportunidades de indicar Links de pesquisas, vídeos e relevantes
reportagens, que contribuirá para aprendizagem mais significativa da Geografia.
14
Nesse meio de informação e comunicação se deve fazer um recorte imprescindível e incontestável: a
presença do professor como norteador de conhecimento e mediador do processo. Uma vez que, nada
adianta possuir a informação sem direccionamento concreto para sua utilização. De posse das informações
apresentadas o professor poderá lançar um tema em estudo na rede social e assim permitindo que todos se
posicionem igualitariamente dentro do grupo, inclusive os mais tímidos e assim desenvolvendo uma
capacidade de argumentação.
Em resumo, os usos das redes sociais pode tornar um forte aliado no momento da complementação de
recursos pedagógicos e didácticos, tendo em vista ser algo com a qual os alunos já estão habituados e
gostam de utilizar.
Assim, diante do crescente uso das redes sociais na modernidade, principalmente o Facebook, será
ressaltado a seguir o uso dessa ferramenta como fonte de ensino e de aprendizagem em Geografia,
desmistificando assim o seu uso apenas como fonte de entretenimento ou uma “rede de fofocas”.
Considerando o que foi redigido até o momento sobre a importância do uso das TICs e das redes sociais
no ambiente escolar, vale ressaltar a relevância do ensino de Geografia nesse ambiente, uma vez que, o
objecto de estudo da Geografia é o espaço geográfico e suas relações.
Entende-se que a Geografia é uma área do conhecimento que oferece instrumentos eficazes para
compreensão e intervenção da realidade social, sendo que a partir dela o indivíduo pode compreender o
espaço em que está inserido e entender como se interagir com a natureza, para que assim possa se
estabelecer.
Em suma, o ensino de Geografia é algo latente na vida dos indivíduos, posto que ela faz com que estes
compreendam o seu espaço vivido, seja em uma cidade, área rural, do país em que faz parte, bem como o
planeta em sua totalidade, ou seja, o espaço é entendido na sua simplicidade e na sua totalidade.
Diante dessa perceptiva, pode-se perceber que a partir do Ensino de Geografia os alunos percebem de
forma mais ampla o espaço em que estão inseridos, e sejam capazes de interferir de maneira consciente e
propositiva (PARANÁ, 1998). Para tanto, para se ensinar e aprender Geografia na actualidade faz se
necessário o uso das novas tecnologias de informações, devido principalmente as constantes
transformações tecnológicas e geográficas no planeta.
Como já mencionado no trabalho, existem dificuldades de se ensinar/aprender sobre a dinâmica da
natureza e sociedade, visto que, falar e explicitar para educando fenómenos da natureza que não é de seu
convívio social torna-se uma tarefa árdua. Como por exemplo, o professor debater em uma aula sobre
erupções vulcânicas e seus impactos na vida das pessoas, com alunos que jamais presenciaram ou
imaginaram um fenómeno deste, é demasiadamente complexo para o aluno.
15
Assim, para facilitar entendimento de algo que não é do espaço vivido do educando, o ensino de
Geografia pode buscar nas TICs um forte aliado para este processo. Essas ferramentas possuem um
grande aparato metodológico que facilitam compreensão do espaço, visto que por meio dessas
ferramentas o aluno poderá construir seu conhecimento de forma visual, auditiva e em alguns casos até
participativa.
De acordo com Ferreira, Corrêa e Torres (2012, p. 6):
[...] se percebe o “ganho” na aprendizagem do aluno onde haja possibilidades
de interações online vão ao encontro dos aspectos das potencialidades
relacionais dos sujeitos, prática requerente para se conviver na atualidade
mediante aos desafios da diversidade, da multiculturalidade, entre outros.
Dessa forma, pode-se perceber a relevância das redes sociais, já que a construção do processo de ensino e
de aprendizado já não é mais limitada apenas pela relação entre professor e aluno em sala de aula, já que
pode ser vivenciado a qualquer momento em qualquer lugar. O que se necessita é o despertar do interesse
entre ambas às partes para compartilhar essa renovação.
O papel do professor nesse processo tem uma importância fundamental, pois ele irá nortear seus alunos na
utilização correcta das redes sociais, especialmente como fonte de troca de informações nas práticas
pedagógicas, complementando assim a aprendizagem adquirida em sala de aula.
Desse modo, uma rede social que possui um grande atractivo para o jovem e que está constantemente
presente em suas vidas, é o Facebook, porém, na maior parte das situações de relações sociais, não é
utilizada como material de cunho pedagógico. Portanto, nesse momento torna-se fundamental a
intervenção do professor de Geografia, para que esta possa agir de forma positiva em sua disciplina. Uma
vez que, este irá fazer com que seu aluno compreenda que o Facebook também pode ser utilizada como
uma ferramenta que auxilia o seu processo de aprendizagem, indo além do entretenimento.
16
No contexto da reflexão sobre “Didática da produtividade1”, há indicações sobre a necessidade
de uma nova pedagogia efectivafundamentadano questionamento, considerando que “uma
sociedade que não questiona e, sobretudo, não se questiona [...] não há desenvolvimento”.
(DEMO, 2002:148-158).
Para que a Escola actual se concretize numa pedagogia inovadora deverá dar um passo
significativo no sentido de poder vir “cumprir inteiramente suas possibilidades (...) de ser um
tempo e espaço de apropriação da Ciência, da Sociedade e da Cultura e de construção de
subjectividades”. (CASALI, 2004:16).
O novo papel da escola e do ensino suscita uma multiplicidade de questões que devem ser
cuidadosamente analisadas tendo como ponto de partida e de chegada o papel cimeiro do ensino
das disciplinas enquanto linguagens.
Os conteúdos de ensino não têm um fim em si mesmo, mas o meio para criar e recriar a cultura,
gerar e desenvolver capacidades, habilidade e atitudes, na medida em que os conteúdos de
ensino compreendem factos, conceitos, esquemas conceptuias, normas de comportamento,
influenciando no posicionamento do aluno. E neste processo, e escola é a única instituição social
capaz de cumprir a tarefa.
Outro aspecto a considerar-se no ensino dos conteúdos da Geografia é a necessidade de torná-los
mais realistas ou seja “(...) que põe o aluno em contacto com a realidade, com as coisas que
procura compreender”.(PLANS, 1969:94).
Os professores de Geografia quando leccionam conteúdos da Geografia Geral, Física ou Humana,
raramente põem seus alunos em contacto permanente com o meio.
Por um lado, há uma tendência de equiparar o geral com o distante e consequentemente tornar o
seu estudo pouco sério, omitindo, consciente ou inconscientemente, alguns dos seus mais
importantes aspectos. Por outro, equiparar o particular com o próximo, procurando-se
“dramatizar” os aspectos relacionados mais com as aparências do que, realmente, com a
essência.
Outro problema, para o qual os professores de Geografia não põem os seus alunos
sistematicamente em contacto com a sua realidade, tem a ver com a estrutura dos conteúdos
1
Para o autor, a produtividade é a capacidade de construir ou reconstruir conhecimentos, por via da ciência.
17
programáticos, na sua vertente epistemológica e que tem sido difícil de ser contornado, mesmo
com os professores que possuem a formação superior.
O exemplo do ensino da Geografia Humana Geral na 12ª classe, inserido neste estudo, é
evidente que os aspectos da Geografia Humana dos países em desenvolvimento não se referem
com profundidade, exceptuando nos casos em que se pretende evidenciar os casos extremos dos
países desenvolvidos em contraste com os países em desenvolvimento.
Deliberadamente optou-se por tratar de modo mais ou menos uniforme e simultaneamente esses
países cuja designação tem sido variável ao longo do tempo, por exemplo: países pobres, países
não industrializados, países atrasados, países subdesenvolvidos, países do terceiro mundo, países
em vias de desenvolvimento (PVD), países em desenvolvimento, países menos desenvolvidos,
países menos avançados, países do “SUL”, países da periferia, países mais endividados, etc.
Na análise de alguns livros utilizados pelos professores e alunos identificam-se outros problemas
de âmbito conceptual. Por exemplo, num dos livros didácticos, de João Antunes, autor português
de quem seus livros didácticos são consultados pelos professores de Geografia e seus alunos;
referindo-se à problemática da alimentação, assunto que também é tratado no programa de
Geografia da 12ª classe, sustenta-se que,
(...) quando a ajuda alimentar se torna sistemática, ela introduz depois hábitos
alimentares impossíveis de satisfazer pela produção local. Por exemplo,
habituaramse populações a comer pão, exactamente onde não se pode
produzir trigo, porque o clima o não permite ou porque os agricultores não
dispõem de meios...(ANTUNES, 1997:263).
É hoje reconhecido o valor extraordinário do uso de TICs no ensino da Geografia, mesmo desde
as classes iniciais, na medida em que, ao aluno, os conhecimentos geográficos “ampliam os
horizontes do seu espírito, o libertam de localismo e o projectam até o mundo exterior” em plena
era de globalização.(PLANS, 1969:113).
A reflexão sobre o Novo Papel da Escola e do Ensino da Geografia não pode estar desvinculada
das determinantes burocráticas que no presente, em Moçambique, não estimulam iniciativas dos
professores. Porque na verdade, alguns estudos têm revelado que “A burocracia pode ainda ser
um problema, caso princípios fundamentais de colaboração e de aperfeiçoamento forem
convertidos em sistemas inflexíveis de controle burocrático”. (FULLAN & HARGREAVES,
2003:115).
18
Depreende-se deste modo que os meios tecnológicos, por si mesmos, não são necessariamente
prejudiciais, e antes pelo contrário, a sua utilização pode facilitar e apoiar toda a iniciativa em
benefício da melhoria do desempenho do professor no ensino, seja qual for a disciplina.
Porém, a observação sobre o funcionamento real de algumas escolas secundárias do país, mostra
que, mesmo os professores competentes, sujeitam-se ao princípio de standardização,porque há
mecanismos de funcionamento muito sofisticados, enraizados na tradição dos responsáveis da
escola, e que sufocam qualquer iniciativa que esteja fora do alcance dessa tradição.
Não cabe neste estudo desenvolver esse aspecto, mas seria interessante que fossem realizados
estudos mais aprofundados.
O melhoramento dos conteúdos de ensino de Geografia, pode conceber-se em função dos
objectivos fixados para um ensino novo ou renovado, e em torno de alguns princípios essenciais:
1. Adquirir um conhecimento de base do espaço terrestre e da vida dos homens na
Terra (...).
2. Saber situar os lugares e os factos não somente num mapa mas ainda nos
respectivos meios e as diferentes escalas bem definidas a fim de saber determinar
a dimensão espacial de qualquer questão ou problema.
3. Compreender e explicar as regras de funcionamento dos diferentes territórios, e
das sociedades humanas no seio destes espaços: ambiente ecológico das
sociedades, factos de organização social, importância das culturas; compreender e
explicar as dinâmicas e as mudanças.
4. Preparar para a acção (...) quotidiana: circular, viajar, compreender as informações
dos mass media.... (SCHOUMAKER, 1994:31).
Os princípios acima enunciados incidem sobre a espacialidade dos fenómenos, procurando-se
enfatizar o carácter peculiar do objecto da Geografia, o que se deve(ria) reflectir na prática do seu
ensino.
Com este conjunto de elementos de análise e reflexão teórica, integrado neste capítulo, constrói-
se uma base de sustentação para analisar as práticas de ensino da Geografia na 12ª classe e as
concepções que as sustentam, com base na introdução do uso das TICs.
19
CAPITULO III
3. METODOLOGIAS DE INVESTIGAÇÃO
A Metodologia é a explicação minuciosa, detalhada, rigorosa e exacta de toda acção desenvolvida
no método (caminho) do trabalho de pesquisa. É a explicação do tipo de pesquisa, do
instrumental utilizado (questionário, entrevista, etc.), do tempo previsto, da equipa de
pesquisadores e da divisão do trabalho, das formas de tabulação e tratamento dos dados, enfim,
de tudo aquilo que se utilizou no trabalho de pesquisa.
No caso particular deste projectode pesquisa serão usados os seguintes métodos que tornaram
possível a sua materialização:
3.1. PesquisaBibliográfica:
Método a partir do qualserá feita a recolha de informações contidas em algumas obras e em
páginas da internet que versam sobre a importância do uso das TICs no ensino de Geografia e não
só. Para além da busca de informações, este método, permitiráa leitura, análise e colecção de
obras, relatórios e artigos que conferem o suporte teórico dopresente projecto;
Para fazer um diagnóstico e obter informações fidedignas sobre as concepções espontâneas que
os alunos possuem sobre a disciplina e sobre o Ensino de Geografia na Escola, optamos por fazer
uma pesquisa exploratória para investigar o que os alunos da 12ª classe, as quais os Professores
de Geografiaactuam nos turnos manhã e tarde, pensam a respeito da disciplina Geografia, do
professor e suas metodologias.
20
3.4. Método de trabalho de campo
Actividade realizada pela pesquisadora no local onde o fenómeno estudado ocorre naturalmente.
Englobará a colecta e/ou registo de dados, carácteres, informações relativas a a importância do
uso das TICs no ensino de Geografia;
21
não tem como objectivo produzir ou reproduzir os fenómenos estudados. A colecta de dados é
efectuada em campo, onde ocorrem espontaneamente o fenómeno. É desenvolvida
principalmente nas Ciências Sociais como é o campo didáctico-pedagógico.
22
CAPITULOIV
4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS
Serão inqueridos 40 alunos entre rapazes e raparigas das 4 turmas da 12ª classe na Escola
Secundária de Tete.
Serão igualmente entrevistados três (3) professores de Geografiada mesma escola, um processo
que decorrerá no mês de Agosto de 2020.
A colecta dos dados será realizada no mesmo mês, onde obteremos também dados junto a
Direcção da Escola Secundária de Tete e com Professores da disciplina de Geografia.
Ao pretendermos conhecer melhor a escola, faremos uma observação minuciosa para podermos
utilizar os ambientes no processo de ensino-aprendizagem de Geografia. Uma vez feito o
diagnóstico inicial, começaremos a participar como ouvintes nas aulas ministradas pelos
professores e num segundo momento iniciaremos as actividades de pesquisa com os alunos.
5. Cronograma de Actividades
Nº ACTIVIDADES A M J J A S O
1 Análise do tema X
2 Entrega do Tema ao CED – Tete X
3 Elaboração do Projecto X X X
4 Entrega do Projecto à CED – Tete X
5 Elaboração de instrumentos de colecta de dados X X
6 Pesquisa bibliográfica X X X
7 Pesquisa de campo X
8 Análise e compilação de dados X
9 Digitação da monografia X X
10 Entrega da monografia ao tutor X X
11 Possíveis correcções X
12 Entrega da Monografia à CED – Tete X
23
6. Orçamento
Nº Designação Quantidade Preço/Unidade Total
1 Resma de Papel 2 250, 00Mt 500, 00Mt
2 Canetas 3 15, 00Mt 45, 00Mt
3 Lápis 2 10, 00Mt 20, 00Mt
4 Borracha 1 20, 00Mt 20, 00Mt
5 Combustível 20l 55, 00Mt 1100, 00Mt
6 Impressão 5, 00Mt 1000, 00Mt
7 Despesas em passagem 3000, 00Mt
TOTAL 355, 00Mt 5685, 00Mt
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS, Josias. S de. Mídia e educação: o Facebook como ferramenta complementar no
ensino de geografia.2012. Disponível em:
<www.sec.pb.gov.br/revista/index.php/compartilhandosaberes/article/download/14/18>. Acesso
em: 14 de Ago de 2020.
CARITÁ, Edilson. C; PODOVAM, Victor. T; SANCHES, Leandro. M. P. Uso de redes
sociais no processo de ensino – aprendizagem: avaliação de suas características. Ribeirão
Preto/SP. 2011. Disponível em: www.abed.org.br/congresso2011/cd/61.pdf. Acesso em: 31 de
julho de 2020.
CAVALCANTI, Lana de Sousa. Geografia, Escola e Construção de Conhecimentos. Editora
Papirus. São Paulo, 2010.
DIAS,Claudionor Henrique. Tecnologias e educação. Programa de Pós Graduação em
Geografia. Curitiba 2002. Disponível em:<rtve.org.br/seminario/anais/PDF/GT2/GT2-5.pdf>.
Acesso em: 12 dez. 2013.
FERREIRA, Jacques. De L; CORRÊA, Barbara. R. do P. G; TORRES, Patrícia. L. O uso
pedagógico da rede social facebook.Revista Redes sociais e educação. Desafio
contemporâneo.2013. Disponível em:
pead.ucpel.tche.br/revistas/index.php/colabora/article/view/199/152. Acesso em: 26 de fevereiro
de 2015.
24
KENSKI, Vani Moreira. Educação e tecnologias: O novo ritmo da informação.Campinas, SP:
Papirus, 2007. Disponível em: <www.ia.ufrrj.br/ppgea/conteudo/.../Educação%20e
%20Tecnologias.pdf>. Acesso em: 03 Ago. 2020.
LACOSTE, Y. Geografia do Subdesenvolcimento – Geopolítica de uma crise. Difel, 7ª
edição. São Paulo, SP, p.335, 1985.
MACIEL, Edson jose. A formação do professor para as novas Tecnologias na
educação.CRICIÚMA, 2004. Disponível em:
<www.bib.unesc.net/biblioteca/sumario/000025/000025A6.pdf>. Acesso em: 29 Jul.2020.
MORAN, José Manuel. Informática na Educação: Teoria & Prática. Porto Alegre, v. 3, n.1
(set. 2000) UFRGS. Programa de Pós-Graduação em Informática na Educação, pág. 137-144.
PAÍN Sara. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. 4. Ed. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1992. Disponível em: <helenaferreira2008.blogspot.com/.../problemas-de-
aprendizagem-einter...>. Acesso em: 04 Ago. 2020.
PAULI, W. M. O ensino de Geografia e as novas possibilidades pedagógicas construídas a
partir da utilização de ambientes virtuais de aprendizagem, 2001. Disponível em:
http://www.pmf.sc,gov.br/arquivos/arquivos/pdf/13.02.2012_11.02.30.d9396cc881a48692a75e24
32f821a959.pdf. Acesso em 03 ago.2020
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização. Rio de Janeiro: Record, 2000. Disponível em:
<www.revista.ufpe.br/revistageografia/index.php/revista/article/.../217> Acesso em: 14 Jul. 2020.
SOUZA,Renata Bedushi.O uso das tecnologias na educação. Local: Editora Pátio, 2013.
Disponível em: <www.grupoa.com.br/...patio/.../o-uso-das-tecnologias-naeducacao.aspx>.
Acesso em: 16 Jul. 2020
STRAFORINI, Rafael. Ensinar geografia: O desafio da totalidade – mundo nas séries
iniciais. São Paulo: Annablume, 2004.
VALENTE, José Armando. O computador na sociedade do conhecimento. Campinas, SP:
UNICAMP/NIED, 1999. Disponível em: <www.fe.unb.br/.../o-computador-na-sociedade-do-
conhecimento>. Acesso em: 06 Ago. 2020.
VASENTINI, J. W. Educação e ensino da Geografia: instrumentos de dominação e/ou de
libertação. In: CARLOS, A. F. A. (Org.) A Geografia na sala de aula. 8ª Ed. São Paulo:
Contexto, 2006. p. 14 – 33.
25