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Helena Samuel Novela

Influência da relação Professor - aluno no processo de ensino e aprendizagem: Estudo de


caso na Escola Secundária Quisse Mavota

Licenciatura em Psicologia Educacional com Habilitação em Intervenção em


Desenvolvimento Humano e Aprendizagem

Universidade Pedagógica de Maputo

2021
II

Helena Samuel Novela

Influência da relação Professor - aluno no processo de ensino e aprendizagem: Estudo de


caso na Escola Secundária Quisse Mavota

Monografia a ser apresentada ao Departamento


Pedagógico, Faculdade de Educação e
Psicologia, para obtenção do grau académico de
Licenciatura em Psicologia Educacional com
Habilitação em Intervenção em Desenvolvimento
Humano e Aprendizagem.

Supervisora:
Prof”. Doutora Bendita Donaciano Lopes

Universidade Pedagógica de Maputo

2021
III

Índice

LISTA DE TABELAS...............................................................................................................................III

LISTA DE GRÁFICOS.................................................................................................................... IV

DECLARAÇÃO DE HONRA........................................................................................................... V

AGRADECIMENTOS..................................................................................................................... VI

DEDICATÓRIA.............................................................................................................................. VII

RESUMO....................................................................................................................................... VIII

ABSTRACT...................................................................................................................................... IX

INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 1

DELIMITAÇÃO DO TEMA..........................................................................................................................2
PROBLEMA DE PESQUISA.........................................................................................................................2
JUSTIFICATIVA.........................................................................................................................................3
OBJECTIVOS............................................................................................................................................ 4
HIPÓTESES...............................................................................................................................................4

CAPÍTULO I: MARCO TEÓRICO.................................................................................................. 5

1. TEORIA DE BASE.............................................................................................................................5
1.1. TEORIA INTERACIONISTA DE VYGOTSKY....................................................................................5
1.2. DEFINIÇÃO DE CONCEITOS CHAVES............................................................................................6
1.3. O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM........................................................................................7
1.4. ELEMENTOS DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM...........................................................9
1.5. CONDIÇÕES E REQUISITOS PARA O ENSINO...............................................................................10
1.6. CARACTERÍSTICAS E PROCESSOS DE APRENDIZAGEM...............................................................10
1.7. PROCESSO DE INTERACÇÃO E DE MEDIAÇÃO NA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO........................12
1.8. RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO...................................................................................................13
1.8.1. Atribuições do professor.................................................................................................14
1.8.2. Atribuições do aluno.......................................................................................................15
1.9. AFECTIVIDADE NA RELAÇÃO PROFESSOR – ALUNO..................................................................16
1.10. A INFLUÊNCIA DA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM....18

CAPÍTULO II: METODOLOGIA.................................................................................................. 21

2. CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA QUANTO AOS OBJECTIVOS.............................................................21


2.1. CLASSIFICAÇÃO QUANTO A ABORDAGEM.................................................................................21
2.2. MÉTODO DE PROCEDIMENTO....................................................................................................22
2.3. TÉCNICA DE ABORDAGEM........................................................................................................23
2.4. POPULAÇÃO E AMOSTRA..........................................................................................................24
2.5. PROCEDIMENTO DE COLECTA DE DADOS DE INQUÉRITOS POR QUESTIONÁRIO..........................25
2.6. PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS..................................................................................25
2.7. ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA..............................................................................................25
2.8. CARACTERÍSTICAS FÍSICAS, FUNCIONAMENTO, CONTEXTO E LOCALIZAÇÃO DA ESCOLA........26

CAPÍTULO III: ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS.....................................................28

3. PERFIL DA AMOSTRA....................................................................................................................28
IV

3.1. PERCEPÇÕES DOS ALUNOS SOBRE A INFLUÊNCIA DAS RELAÇÕES PROFESSOR-ALUNO NO


DESEMPENHO ESCOLAR.........................................................................................................................32
3.2. INFLUENCIA DAS RELAÇÕES PROFESSOR-ALUNO NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM:
ANÁLISE DO CONTEÚDO A PARTIR DAS PERCEPÇÕES DOS PROFESSORES................................................37
3.3. VERIFICAÇÃO DOS OBJECTIVOS................................................................................................40
3.4. VERIFICAÇÃO DAS HIPÓTESES..................................................................................................41

CONCLUSÕES E SUGESTÕES..................................................................................................... 42

CONCLUSÃO..........................................................................................................................................42
SUGESTÕES............................................................................................................................................43

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................................44

APÊNDICE...................................................................................................................................... 47

Anexos......................................................................................................................................................48
V

Lista de tabelas

Tabela 1: Perfil dos professores em função do sexo e nível académico………………..28

Tabela 2: Perfil dos alunos em função de idade, sexo e tempo de frequência na


escola…………………………………………………………………………………...29
VI

Lista de gráficos

Gráfico 1: Distribuição dos professores em função de idade………………………… 29

Gráfico 2: Distribuição dos professores em função do tempo de serviço……………...30

Gráfico 3: Razões da escolha da profissão docente…………………………………….31

Gráfico 4: Sentimentos percebidos pelos alunos como quais deveriam existir na sala de
aula………………………………………………………………………….………….33

Gráfico 5: Sentimentos percebidos pelos alunos como em falta nas interacções


professor-aluno…………………………………………………………………………34

Gráfico 6: caracterização das formas de interacção professor-


aluno…………………………........................................................................................35

Gráfico 7: Desempenho percebido pelos alunos………………………………………36


VII

Declaração de Honra

Declaro que esta monografia é resultado da minha investigação pessoal e das


orientações da minha supervisora, o conteúdo é original e todas fontes consultadas estão
devidamente mencionadas no texto e na bibliografia final.

Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para
obtenção de qualquer grau académico.

Maputo, 15 de Março de 2021

________________________________

(Helena Samuel Novela)


VIII

Agradecimentos

Em primeira instância, quero agradecer a Deus, pela vida, bênção e família.

De seguida agradecer a minha supervisora Profª Doutora Bendita Donaciano Lopes,


pela enorme paciência que teve para comigo, pelos ensinamentos e por toda
disponibilidade e oportunidades de crescimento que me oferecera.

Aos meus colegas de turma de Psicologia Educacional (2016-2019), ao meu grupo de


trabalho em particular e em especial as meninas (Ilda, Loila, Selma, Rufina) o meu
muito obrigado.

A minha irmã Florência Novela e seu esposo Miséro Mujui, pelo seu apoio
incondicional durante toda formação; aos meus irmãos e amigos o meu muito obrigado

A direcção e professora da Escola Secundária Quisse Mavota, o meu muito obrigado


por permitir a realização da recolha de dados e pelo apoio incondicional que prestaram

Quero desde já deixar o meu muito obrigado e sincera gratidão a todos que de uma
forma e de outra contribuiriam para a concretização deste sonho em realidade.
IX

Dedicatória

Com honra e satisfação, dedico este trabalho aos meus pais Maria Ubisse e Samuel
Novela (em memória), ao meu filho Winners Jaguar, para que este sirva de inspiração
para a sua vida académica.
X

Resumo

A presente monografia intitula-se “A influência das relações professor-aluno no processo de ensino e


aprendizagem, estudo de caso na Escola Secundária Quisse Mavota. O estudo pretende analisar as
influências que as relações entre o professor e aluno na sala de aula influenciam no processo de ensino e
aprendizagem. A partir da revisão da literatura podemos perceber que As relações interpessoais no âmbito
escolar são inúmeras, mas a relação dos professores para com seus alunos e vice-versa compõe o centro
do processo educativo. Segundo SOUSA e SILVA (2007) “a análise dos relacionamentos entre professor
- aluno envolve interesses e intenções, sendo esta interacção o expoente das consequências, pois a
educação é uma das fontes mais importantes do desenvolvimento comportamental e agregação de valores
nos membros da espécie humana.” Os alunos e os professores têm interesses e intenções ao ensino e à
aprendizagem, que estão interligadas e são dependentes uma da outra. Como recurso metodológico foi
utilizada a pesquisa descritiva e quali-quantitativa e para a recolha de dados usou-se um questionário e
entrevista semi-estruturada. Participaram nesta pesquisa, uma amostra de 10 professores e 30 alunos,
escolhidos de forma aleatória e de acordo com a disponibilidade na Escola Secundária Quisse Mavota. A
colecta de dados na referida escola deu-se através de observações do quotidiano de trabalho de
professores, alunos e de entrevistas com os mesmos. De acordo com os resultados obtidos, foi possível
concluir que a relação professor-aluno é uma categoria fundamental do processo de aprendizagem, pois
dinamiza e dá sentido ao processo educativo. Essa relação deve estar baseada na confiança, afectividade e
respeito, cabendo ao professor orientar o aluno para seu crescimento interno, isto é, fortalecer-lhe as bases
morais e críticas, não deixando sua atenção voltada apenas para o conteúdo a ser dado.

Palavras-chave: Relação; professor/aluno; ensino-aprendizagem


XI

Abstract

This monograph is entitled “The influence of teacher-student relationships in the teaching and learning
process, a case study at Quisse Mavota Secondary School. The study aims to analyze the influences that
the relations between teacher and student in the classroom influence in the teaching and learning process.
From the literature review we can see that Interpersonal relationships within the school are numerous, but
the relationship of teachers to their students and vice versa makes up the center of the educational
process. According to SOUSA and SILVA (2007) “the analysis of teacher-student relationships involves
interests and intentions, and this interaction is the exponent of the consequences, because education is one
of the most important sources of behavioral development and aggregation of values in the members of the
human species. . ”Students and teachers have interests and intentions for teaching and learning, which are
interconnected and dependent on each other. Descriptive and qualitative research was used as
methodological resource and a semi-structured questionnaire and interview were used for data collection.
Participated in this research, a sample of 10 teachers and 30 students, chosen at random and according to
the availability at Quisse Mavota Secondary School. Data collection at the school was made through
observations of the daily work of teachers, students and interviews with them. According to the results
obtained, it was possible to conclude that the teacher-student relationship is a fundamental category of the
learning process, as it dynamizes and gives meaning to the educational process. This relationship must be
based on trust, affection and respect. It is up to the teacher to guide the student to his internal growth, that
is, to strengthen his moral and critical bases, not leaving his attention only to the content to be given.

Keywords: Relationship; teacher Student; teaching-learning


12

Introdução

A discussão sobre o processo ensino-aprendizagem apresenta-se de forma constante


não apenas entre os educadores da área didáctico-pedagógica, como também em todas
as demais áreas do ensino, reforçando, a necessidade de se estudar como ocorre esse
processo no ensino no Ensino Secundário Geral. A identificação dos factores que
influenciam nesse processo possibilita, também, a definição de estratégias a fim de
favorecer o processo ensino-aprendizagem.

A rotina diária da sala de aula está repleta de acontecimentos significativos, tanto na


vida do professor quanto na do aluno. Entre tantos acontecimentos, as manifestações de
afecto, muitas vezes presentes na relação do educador com o educando, podem
contribuir no aprendizado do aluno e até mesmo na evolução do professor como
educador, um sujeito que tem um papel de extrema importância na sociedade em que
estamos inseridos.

Segundo Gomez (2000) citado por NUNES (2017:7), a relação entre professor/aluno
deve ser empática, onde ambos os parceiros da comunicação demonstrem a capacidade
para ouvir e reflectir sobre as questões que estão sendo abordadas por cada um dos
interlocutores. Assim, haverá mais possibilidade de abertura na comunicação e,
portanto, melhor o clima de aprendizagem. Nestes casos, a participação dos alunos nas
aulas é de suma importância, pois estará expressando seus interesses, preocupações,
desejos e vivências, e assim construindo activamente seu conhecimento

De acordo com Aquino (1996:34) citado por BELOTTI & FARIA (2010:12), a relação
professor-aluno é muito importante, a ponto de estabelecer posicionamentos pessoais
em relação à metodologia, à avaliação e aos conteúdos. Se a relação entre ambos for
positiva, a probabilidade de um maior aprendizado aumenta. A força da relação
professor-aluno é significativa e acaba produzindo resultados variados nos indivíduos.

Ademais, na actualidade, o professor tem deixado de ser apenas um mero transmissor de


conteúdo, assumindo a postura de mediador do conhecimento, ou seja, tornando-se
ponte entre os saberes que ele detém e os conhecimentos trazidos pelos educandos.
Assim, o processo de ensino e aprendizagem é o caminho pelo qual professores e alunos
terão a missão de trilhar para que, no final dessa caminhada, obtenham o sucesso escolar
13

tão almejado. Entretanto, o que muitas vezes ocorre é que no meio desse processo
existem interferências, que dificultam a aprendizagem e ocasionam o fracasso escolar
(NUNES, 2017:7).

O presente estudo aborda o processo interactivo na relação professor-aluno, visando as


contribuições e implicações que acontecem no espaço da sala de aula, e para isso é
preciso formar cidadãos crítico e conscientes nesse processo. Neste sentido, o professor
deve proporcionar um espaço de trocas para que sejam desenvolvidas suas
potencialidades, é preciso também, que seja estabelecido um clima empático nessa
relação.

O trabalho foi estruturado em quatro capítulos, sendo que no primeiro tratou das
abordagens teóricas, ou seja, foi feita uma revisão bibliográfica sobre os diversos
autores que abordam diversas matérias relacionadas com relações entre professor-aluno
e processos de ensino-aprendizagem. No segundo capítulo foram descritos os
procedimentos metodológicos da pesquisa., no terceiro capítulo tratou-se da análise e
interpretação dos dados recolhidos no campo e no quarto e último capítulo foram
tecidas as conclusões e observações acercada pesquisa, bem como algumas
recomendações para a Instituição analisada.

Delimitação do tema
O estudo presente tem como objectivo fundamental analisar as influências das relações
professor-aluno no processo de ensino-aprendizagem. A sua execução será feita em uma
escola pública, concretamente na Escola Secundária Quisse Mavota, no Distrito
Municipal Kamubukwana, no período compreendido entre Fevereiro a Outubro de
2019, período que abarca os três trimestres de aulas.

Problema de pesquisa
A relação professor-aluno enquanto elemento facilitador para uma aprendizagem mais
motivadora tem sido tema de discussão entre vários estudiosos da área (Vygotsky, 1993,
Fonseca, 1995; Arantes e Aquino, 2003; entre outros). O estudo da afectividade no
comportamento humano tem um papel crucial nesse contexto, já que é o afecto que
permeia essa relação. Desta forma, irá dar-lhe forma e sentido, sendo o canal por meio
do qual conhecimento e mudança poderão ter lugar (FERRO, 2017:16).
14

Um vínculo mais prazeroso propicia uma travessia mais facilitada. Se o professor é


percebido como próximo e amistoso, sem elementos assustadores e persecutórios, a
aprendizagem pode se processar de uma maneira mais motivadora, livre, profunda e
ampla. Um professor apreendido como autoritário ou afectivamente distante pode estar
relacionado a uma atitude menos positiva da criança com o aprender

Algumas pesquisas destacam a relação professor-aluno sob várias facetas, porém a


maior parte delas se detém nas percepções, atitudes e expectativas do professor sobre o
desempenho do aluno, como aponta o levantamento de Schiavoni e Martinelli (2005).
As percepções são mais negativas para aqueles que apresentam um mau desempenho
académico (Herbert, 1992; McLeod, 1994 e Bahad, 1995 citados por FERRO, 2017:9).

O Sistema Educativo moçambicano, ao longo dos últimos anos, tem vindo a introduzir
reformas importantes para a melhoria do desempenho escolar dos alunos do Ensino
Primário, a formação de professores e de gestores educacionais e o incremento das
acções de supervisão pedagógica, entre outras.

Contudo, há sinais de que a qualidade do processo de ensino-aprendizagem não está a


melhorar. Existe a percepção de que há muitas crianças que, no fim do 1º ciclo, da EP
(2ª classe), ainda não conseguem ler e escrever, contrariando as taxas de aproveitamento
na 2ª classe, que são relativamente altas (MINED, 2012).

Assim, com o intuito de recolher dados sobre o modo como as relações professor-aluno
influenciam o processo de ensino e aprendizagem, se existe ou não um ambiente
positivo, acolhedor e capaz de gerar um sentimento de pertença e de aceitação, coloca-
se a seguinte questão de partida

 De que maneira a relação professor-aluno influência a aprendizagem dos


alunos da 12ª classe na Escola Secundária Quisse Mavota?

Justificativa
Diferentes razões serviram de motivação e estímulo para que se efective a pesquisa em
relações professor aluno no ensino escolar a ser apresentada neste trabalho, e relatá-las
parece ser prioridade para entender a escolha dos tópicos teóricos que são abordados,
como também para orientar a compreensão do caminho que foi trilhado na discussão do
tema relação professor-aluno.
15

A proposta de abordar a relação professor-aluno surgiu através das observações feitas na


sala de aula e pelos relatos de alunos.

O estudo justifica-se pela importância do meio académico porque vai abordar as


metodologias de ensino que os alunos consideram mais eficazes para sua aprendizagem
e os resultados deste estudo vão contribuir e subsidiar decisões de gestão do processo
ensino-aprendizagem, tanto do ponto de vista da docência quanto, principalmente, de
políticas das instituições de ensino Secundário geral.

Objectivos

Objectivo geral

 Analisar as relações professor-aluno no processo de ensino-aprendizagem.

Objectivos específicos

 Identificar as concepções dos professores e alunos acerca da influência das


relações no processo de aprendizagem
 Descrever a importância da relação entre professor-aluno no desenvolvimento da
aprendizagem
 Descrever as influências das relações professor-aluno da escola secundária
Quisse Mavota no ensino e aprendizagem

Hipóteses

H1: As relações professor-aluno influenciam de forma positiva no processo de ensino-


aprendizagem e desempenho dos alunos

H2: As relações professor-aluno influenciam de forma negativa no processo de ensino-


aprendizagem e desempenho dos alunos

H3: As relações professor-aluno não influenciam de forma positiva nem negativa o


processo de ensino-aprendizagem e o desempenho dos alunos da Escola Secundária
Quisse Mavota
16

Capítulo I: Marco teórico

1. Teoria de base

1.1. Teoria interacionista de Vygotsky


A característica fundamental de sua teoria consiste na integração do interno com o
externo; ou seja, ela não se refere nem à mente nem às relações entre estímulo e
respostas oriundas do externo, mas da relação dialéctica entre o interpsicológico (ou
intersubjectividade) e o intrapsicológico (ou subjectividade do indivíduo) e as
transformações decorrentes de tal relação (CALDEIRA, 2013:18).

Ao associar o homem ao seu contexto cultural (i.e. concebia o homem como ser
biológico e cultural), Vygotsky constrói a sua teoria, na nossa percepção, sobre três
pilares básicos, a saber: a história (filogénese do sujeito), o social (ontogênese do
sujeito) e a cultura (como este ser social interage com seus pares neste seu percurso
individual como ser no mundo), na medida em que busca descrever a natureza dos
processos psicológicos superiores no ser humano (i.e. o seu pensamento, os seus
mecanismos intencionais, as suas acções conscientemente controladas, a sua vontade,
sua metacognição) (CALDEIRA, 2013:18).

A educação, à luz da teoria Vygostikyana, exerce um papel de mediação entre o ser


humano e sua cultura, na medida em que propicia espaços para a interacção e a
construção de conhecimento oriundo das relações interpessoais (eu e o grupo) e
intrapessoais (eu comigo mesmo) - através de uma ferramenta fundamental no processo
de comunicação que é a própria linguagem e de ferramentas culturais que mediam tais
interacções entre os sujeitos e as suas relações com o mundo físico (CALDEIRA,
2013:18).

Dentre as grandes inovações propostas por Vygotsky, com referência à questão da


aprendizagem, encontra-se a concepção de que a mesma " é um processo construído
durante toda a vida do indivíduo, não estando pronto quando do seu nascimento (visão
inatísta), nem sendo adquirido de forma passiva em virtude da acção unilateral do meio
(visão comportamental) (CALDEIRA, 2013:19) ".'

Nesse sentido, por considerar que cada pessoa é única e responsável pela construção do
seu conhecimento, bem como da sua própria cultura, e, por extensão, difere dos seus
pares nesse processo - revelando-se também um aprendiz diferenciado dos outros -
17

Vygotsky entende que aprendizagem escolar não é decorrência da adequação do ensino


ao estabelecimento de determinadas faixas etárias de desenvolvimento mental (ou níveis
de desenvolvimento, segundo Piaget) mas, na verdade, constitui-se num elemento que
precede aquela.

1.2. Definição de conceitos chaves


Aprendizagem: “modificação sistemática do comportamento por efeito da prática ou
experiência, com um sentido de progressiva adaptação ou ajustamento” (Campos,
2001:30 citado por FERRO, 2017:18).

- “Processo pelo qual a experiência causa mudança permanente no conhecimento ou


comportamento” (Woolfolk, 2000:184 citado por FERRO, 2017:18).

Ensino é essencialmente uma relação de ajuda ou de auxílio interpessoal, na qual


alguém que dispõe de mais experiência e mais conhecimentos influencia outras pessoas
de várias maneiras: lecciona, orienta, mostra, explica, demonstra, exemplifica, pergunta,
responde, estimula, corrige, dirige, debate, supervisiona, esclarece, prepara, propõe e
acompanha actividades, incentiva e guia quem aprende quanto ao uso adequado de
materiais e recursos, facilita a compreensão e o desempenho adequados, fornece os
preceitos de uma ciência, técnica, arte ou habilidade (Netto 1987: 08 citado por FERRO,
2017: 14).

Professor: aquele que ensina uma arte, uma actividade, uma ciência; aquele que
transmite conhecimentos ou ensinamentos a outrem. Pessoa que ensina em uma escola,
universidade ou outro estabelecimento de ensino. - “Pessoa que, por conhecimento
adquirido ou experiência de vida, pode ser mentor, espelho e ou norte para outros que
desconhecem fatos ou acontecimentos”.

Aluno: etimologicamente, não significa sem luz, como sugerem algumas interpretações
que conferem ao prefixo “a” o sentido de negação. O vocábulo aluno proveio do latim
alumnus, antigo particípio médio-passivo substantivado do verbo alere “alimentar,
nutrir”. No sentido semântico, a palavra “aluno” conota aquele que precisa de alimento
para nutrir-se e crescer. O dicionário15 Houaiss indica que o vocábulo é originário do
latim e significava “criança de peito, lactente, menino, aluno, discípulo” (HOUAISS,
2005:173)
18

- “Pessoa que recebe instrução e/ou educação de algum mestre, ou mestres, em


estabelecimento de ensino ou particularmente; estudante, educando, discípulo. Aquele
que tem escassos conhecimentos de certa matéria, ciência ou arte; aprendiz”
(FERREIRA, 1986: 95).

1.3. O Processo ensino-aprendizagem


O ensino consiste na resposta planejada às exigências naturais do processo de
aprendizagem e, de acordo com Santos (2001:70) citado por ARANTES e SANTOS
(2015:4) “revela a distinção e indissociabilidade destes termos, pois ao discorrer sobre o
processo de ensino remete-se ao processo de aprendizagem”. Sob essa perspectiva
Pimenta e Anastasiou (2008:205) citados por ARANTES e SANTOS (2015:4)
argumentam que “este processo reside de uma prática social, efectivada pela interacção
entre os sujeitos, alunos e professor, tanto na acção de ensinar quanto na de aprender”.

Ferreira e Frota (2002:7) citados por ARANTES & SANTOS (2015:4) discorrem sobre
esse processo expondo que para que o ensino seja um ato de conhecimento, é necessário
existir entre educador e educando uma relação dinâmica de autêntico diálogo
mediatizado pelo objecto a ser conhecido. Os autores explicam que “aprender é um ato
de conhecimento da realidade concreta, isto é, de uma situação real vivida pelo
educando, e só tem sentido se resulta de uma aproximação crítica dessa realidade”.

As práticas educacionais tradicionais, de acordo com Freire seguiam um padrão


comportamental pelo qual o professor era detentor da transmissão do saber e não devia
ser questionado, mas apenas ouvido, ou seja, o aluno assume a condição de receptor
passivo do conhecimento. Sua utilização pressupõe uma imposição ou memorização e
não o nível crítico de conhecimento através do qual se chega pelo processo de
compreensão, reflexão e crítica.

A educação deve partir do diálogo, isto é, de uma interacção entre aluno e professor.
Dessa forma, o conhecimento previamente adquirido pelo aluno, em sua prática de vida,
assume importância tão grande quanto aquele trazido pelo professor. A educação se
torna uma troca, uma construção conjunta de saberes (Freire, 2005 citado por
ARANTES e SANTOS, 2015:5)
19

Assim, a relação entre o discente e o professor é apresentada pela pedagogia como


essencial ao processo de aprendizagem. O ensino e a aprendizagem são indissociáveis e,
desta forma, o professor deve buscar alternativas para que o aluno torne-se, também,
agente activo desse processo (Marques et al., 2012 citados por ARANTES e SANTOS,
2015:5).

Alonso (2005:28) citado por ARANTES e SANTOS (2015:5), observa que “a qualidade
do processo de aprendizagem tem na convivência seu elemento catalisador”. Essa
convivência refere-se de forma ampla à relação professor-aluno-colegas. O contacto
directo com outros alunos, professores e tutores, seja por meios tradicionais ou
modernos (tecnologias aplicadas) cria situações de convivência que permitem a troca de
experiências e informações, possibilitando reelaborações do conhecimento produzido e
em produção.

Marques et al. (2012) citados por ARANTES e SANTOS (2015:6) aponta como
elementos do processo de aprendizagem: o professor, o aluno, o conteúdo e o ambiente.
Nesse modelo, o aluno contribui com a capacidade, experiência, esforço e dedicação. O
conteúdo é o elemento que se refere à adequação das disciplinas ao valor e significado
para o aluno, bem como sua aplicabilidade no dia-a-dia profissional. O ambiente se
refere aos valores e crenças disseminados pela escola, sobretudo àqueles que
fundamentam o conceito de processo de aprendizagem. Por fim, o professor contribui
com a habilidade de interacção com o aluno (relacionamento), domínio teórico
(capacidade cognitiva) e comprometimento com o processo de ensino-aprendizagem.

BORDENAVE e PEREIRA (2002:40) contribuem a esses estudos ao enumerarem em


seus estudos, os três factores – aluno, assunto e o professor – e suas respectivas
variáveis, que afectam o processo ensino-aprendizagem.

Todo processo de ensino, na modelagem proposta por BORDENAVE e PEREIRA


(2002) e destacada em estudo de Beck e Rausch (2012) todos citados por ARANTES e
SANTOS (2015:6), deveria começar pelo diagnóstico do conhecimento actual e das
atitudes do aluno a respeito do tema, que presumidamente, carrega em si, experiências e
vivências substanciais que lhe conferiram ou conferem certo entendimento acerca de
determinado assunto.
20

O diagnóstico inicial do conhecimento prévio do aluno orientará o estabelecimento dos


objectivos de ensino que vêm sendo destacado por educadores como aspecto chave do
processo, de acordo com BORDENAVE e PEREIRA (2002:40). Esses objectivos
educacionais podem ser:

(a) Cognitivos, para desenvolvimento de destrezas, conhecimentos e habilidades


intelectuais;
(b) Afectivos, para desenvolverem atitudes e valores; ou
(c) Motores para desenvolvimento de habilidades motoras.

O aluno deverá vivenciar experiências indispensáveis de ensino provocadas mediante a


exposição do conteúdo e mensagens por meio de situações estimuladoras. No
desenvolvimento dessas actividades o professor orienta e controla a aprendizagem, pois
deverá confirmar se os objectivos educacionais foram atendidos e se houveram
mudanças nos alunos. Ocorre ao final desse processo a realimentação prevista na
modelagem, visto que cabe ao professor, confirmar o resultado obtido, por meio de
avaliações, formais ou informais, e informar ao aluno sobre seus progressos, adoptando
actividades correctivas, se confirmada a necessidade (BORDENAVE; PEREIRA,
2002:41).

1.4. Elementos do processo de ensino e aprendizagem


De acordo com Morreira (1986) citado por SANTOS (2001:72), o processo de ensino e
aprendizagem é composto de quatro elementos: o professor, o aluno, o conteúdo e as
variáveis ambientais (características da Escola), cada um exercendo maior ou menor
influência no processo, dependendo da forma pela qual se relacionam num determinado
contexto.

Analisando cada um desses quatro elementos, pode-se identificar as principais variáveis


de influência no processo de ensino-aprendizagem:

 Aluno: capacidade (inteligência, velocidade de aprendizagem), experiência


anterior (conhecimentos prévios), disposição e boa vontade, interesse, estrutura
sócio-económica, saúde;
 Conteúdo: adequação as dimensões do aluno, significado, valor aplicabilidade
prática;
21

 Escola: sistema de crenças dos dirigentes, entendimento da essência do processo


educacional, liderança;
 Professor: dimensão do relacionamento (relação professor-aluno), dimensão
cognitiva (aspectos intelectuais e técnico-didácticos), atitude do educador,
capacidade inovadora, comprometimento com o processo de ensino-
aprendizagem.

O entendimento desses quatro elementos e das diferentes interacções entre eles é que
deve ser o cerne do processo da melhoria da qualidade de ensino nas diferentes
instituições de ensino.

1.5. Condições e requisitos para o ensino


Tendo em vista que o ensino é desenvolvido pelo professor, cuja função é criar as
condições para que o aluno possa exercer a sua acção de aprender, é possível afirmar
que determinadas condições ou requisitos são fundamentais para o bom ensino.

Nesse sentido, NETTO (1987) citado por ferro (2017:14) aponta algumas condições que
promovem um ensino eficiente, quais sejam:

 Profissional (o professor) capaz de tomar decisões racionais, humanas e


criativas sobre o ato de ensinar;
 Compromisso efectivo com a aprendizagem do aluno;
 Utilização de diferentes instrumentos de avaliação da aprendizagem do aluno
que comprovem mudanças ocorridas no seu comportamento;
 Consciência de que o ato de ensinar é um processo complexo e sofre a
influência de múltiplas variáveis e, portanto, o professor só pode controlá-lo
parcialmente.

Ensinar é uma actividade complexa que envolve solução de problemas e domínio de


técnicas específicas, de tal modo que o professor eficaz é ao mesmo tempo tecnicamente
competente e inventivo. Em outras palavras, o bom professor desenvolve a capacidade
de aplicar técnicas e de ser reflexivo em relação ao ensino.

1.6. Características e processos de aprendizagem


De acordo com Campos (2001) citado por FERRO (2017:18), a aprendizagem é um
processo que apresenta as seguintes características:
22

 Contínuo – que ocorre ao longo da vida, de modo que em cada período temos
sempre o que aprender;
 Pessoal – cada pessoa é sujeito de sua aprendizagem, ou seja, ninguém pode
aprender por outrem, visto que a aprendizagem é intransferível de uma pessoa
para outra;
 Activo e dinâmico - a aprendizagem só se realiza através da acção dinâmica do
aprendiz.
 Gradual – ocorre gradativamente, conforme o ritmo de cada aprendiz.
 Global – envolve o indivíduo em sua totalidade, isto é, em todas as suas
dimensões: motora, afectiva e cognitiva;
 Integrativo – cumulativo – as aprendizagens são sempre integradas uma às
outras, constituindo-se num processo cumulativo, em que a experiência, actual
apoia-se nas experiências anteriores.

Pelo que foi exposto, podemos concluir que a aprendizagem é um processo complexo
que ocorre na mente humana (psiquismo) através da acção do indivíduo, envolvendo-o
em todas as suas dimensões.

Além das características gerais discutidas anteriormente, Ferro e Paixão – (2006)


citados por FERRO (2017:19), destacam três características de uma boa aprendizagem:

 Mudança duradoura, vinculada á aprendizagem construtiva, proveniente da


reorganização dos comportamentos ou do conhecimento e visam integrar esse
comportamento ou ideia numa nova estrutura de conhecimento, por isso, é mais
geral, de natureza evolutiva e irreversível;
 Capacidade de utilizar os conhecimentos aprendidos numa situação nova,
porque, se não conseguimos transferir o conhecimento aprendido para novos
contextos, a aprendizagem torna-se ineficaz;
 Adequação da prática ao que se tem de aprender, visto que ela não é originária
de processos maturativos ou de desenvolvimento;

A aprendizagem por configurar-se como um processo complexo, é produzida por


processos cognitivos variados, pois quando aprendemos, alcançamos resultados
distintos e, portanto, seria impossível que um único mecanismo cognitivo desse conta de
aprendizagens tão diversas (FERRO, 2017:19).
23

Assim, a aprendizagem envolve múltiplos processos psicológicos que, por serem


internos, não podem ser observados directamente, mas apenas por meio de suas
consequências, cabendo ao professor adicionar no aprendiz esses processos cognitivos
para facilitar a aprendizagem.

1.7. Processo de interacção e de mediação na relação professor-aluno


Em todo processo de aprendizagem humana, a interacção social e a mediação do outro
tem fundamental importância. Na escola, pode-se dizer que a interacção professor-aluno
é imprescindível para que ocorra o sucesso no processo ensino aprendizagem. Por essa
razão, justifica-se a existência de tantos trabalhos e pesquisas na área da educação
dentro dessa temática, os quais procuram destacar a interacção social e o papel do
professor mediador, como requisitos básicos para qualquer prática educativa eficiente.

De acordo com as abordagens de Paulo Freire, percebe-se uma vasta demonstração


sobre esse tema e uma forte valorização do diálogo como importante instrumento na
constituição dos sujeitos. No entanto, esse mesmo autor defende a ideia de que só é
possível uma prática educativa dialógica por parte dos educadores, se estes acreditarem
no diálogo como um fenómeno humano capaz de mobilizar o reflectir e o agir dos
homens e mulheres. E para compreender melhor essa prática dialógica, Freire
acrescenta que o diálogo é uma exigência existencial. E, se ele é o encontro em que se
solidarizam o reflectir e o agir de seus sujeitos endereçados ao mundo a ser
transformado e humanizado, não pode reduzir-se a um ato de depositar ideias de um
sujeito no outro, nem tampouco tornar-se simples troca de ideias a serem consumidas
pelos permutantes (Freire, 2005:91 citado por LOPES, 2009:5).

Assim, quanto mais o professor compreender a dimensão do diálogo como postura


necessária em suas aulas, maiores avanços estará conquistando em relação aos alunos,
pois desse modo, sentir-se-ão mais curiosos e mobilizados para transformarem a
realidade. Quando o professor actua nessa perspectiva, ele não é visto como um mero
transmissor de conhecimentos, mas como um mediador, alguém capaz de articular as
experiências dos alunos com o mundo, levando-os a reflectir sobre seu entorno,
assumindo um papel mais humanizador em sua prática docente (LOPES, 2009:5).

Já para Vygotsky, a ideia de interacção social e de mediação é ponto central do processo


educativo. Pois para o autor, esses dois elementos estão intimamente relacionados ao
processo de constituição e desenvolvimento dos sujeitos. A actuação do professor é de
24

suma importância já que ele exerce o papel de mediador da aprendizagem do aluno.


Certamente é muito importante para o aluno a qualidade de mediação exercida pelo
professor, pois desse processo dependerão os avanços e as conquistas do aluno em
relação à aprendizagem na escola (LOPES, 2009:5).

Na teoria de Vygotsky, é importante perceber que como o aluno se constitui na relação


com o outro, a escola é um local privilegiado em reunir grupos bem diferenciados a
serem trabalhados. Essa realidade acaba contribuindo para que, no conjunto de tantas
vozes, as singularidades de cada aluno sejam respeitadas.

Portanto, para Vygotsky, a sala de aula é, sem dúvida, um dos espaços mais oportunos
para a construção de acções partilhadas entre os sujeitos. A mediação é, portanto, um
elo que se realiza numa interacção constante no processo ensino-aprendizagem. Pode-se
dizer também que o ato de educar é nutrido pelas relações estabelecidas entre professor-
aluno (LOPES, 2009:6).

1.8. Relação professor-aluno


As relações interpessoais no âmbito escolar são inúmeras, mas a relação dos professores
para com seus alunos e vice-versa compõe o centro do processo educativo.

Segundo Sousa e Silva (2007:2) citados por SEVERO (2015:2) “a análise dos
relacionamentos entre professor-aluno envolve interesses e intenções, sendo esta
interacção o expoente das consequências, pois a educação é uma das fontes mais
importantes do desenvolvimento comportamental e agregação de valores nos membros
da espécie humana.” Os alunos e os professores têm interesses e intenções ao ensino e à
aprendizagem, que estão interligadas e são dependentes uma da outra.

Os alunos e os professores também possuem diferentes possibilidades interactivas. As


funções a serem desempenhadas e o papel de cada um na instituição escolar são
intersubjectivas e podem gerar novas possibilidades de interacções. Nesse processo,
integram-se histórias de vida com inúmeras experiências e vivências, tornando-se
presentes e se actualizando sentidos subjectivos. (Tunes, 2005 citado por SEVERO,
2015:3). Essas interacções podem se dar com a afectividade entre os dois, professor e
aluno. Mostrar ao aluno que se importa com sua história e com suas dificuldades gera
uma relação de admiração e confiança em ambos.
25

Mas essa interacção professor-aluno ultrapassa os limites profissionais e escolares, pois


é uma relação que envolve sentimentos e deixa marcas para toda a vida. Observamos
aqui, que a relação professor-aluno, deve sempre buscar a afectividade e a comunicação
entre ambos, como base e forma de construção do conhecimento e do aspecto emocional
(Miranda 2008 citado por SEVERO, 2015:3). Além da família, o professor pode
influenciar a vida dos alunos, pois ele está presente em grande parte da vida destes e por
isso a importância da afectividade na medida certa entre ambos.

Para Souza e Silva (2007:3) citados por SEVERO (2015:3), essa relação depende de
vários aspectos: A relação entre professor e aluno depende, fundamentalmente, do clima
estabelecido pelo professor, da relação empática com seus alunos, de sua capacidade de
ouvir, reflectir e discutir o nível de compreensão dos alunos e da criação das pontes
entre o seu conhecimento e o deles. Indica também, que o professor, educador da era
industrial com raras excepções, deve buscar educar para as mudanças, para a autonomia,
para a liberdade possível em uma abordagem global, trabalhando o lado positivo dos
alunos e para a formação de um cidadão consciente de seus deveres e de suas
responsabilidades sociais.

Os professores devem demonstrar a seus alunos o quanto está disposto a ajudá-los,


transmitir conhecimento e fazer com que essa relação seja a mais harmoniosa possível,
evitando conflitos que possam prejudicar o processo do ensino e aprendizagem. E
mostrar também que o papel dele é ensinar os conteúdos científicos, mas também
ensinar como ser um cidadão crítico para encarar todas as realidades do convívio social.

1.8.1. Atribuições do professor


Um dos lados mais importantes do processo educativo é o professor. Este tem seu papel
e importância no êxito da sua relação com seus alunos e no processo de ensino e
aprendizagem. A ele se deve várias atribuições como saber se portar dentro da sala de
aula, saber dialogar com seus alunos, estar disposto a ajudá-los, ser afectivo na medida
certa, saber mediar entre outros.

O saber se portar, se trata do comportamento do professor na escola e dentro da sala de


aula. Ele expressa suas intenções, crenças, seus valores, sentimentos, desejos que
afectam cada aluno individualmente (Tassoni, 2000 citado por SEVERO, 2015:6).
Grande parte dos alunos se espelham na figura do professor, e este pode ser a maior
referência para eles, pois muitas vezes esses alunos não têm a família presente na vida
26

escolar, entre outros motivos. Logo, o professor deve ser exemplo para seus alunos,
sabendo se portar devidamente.

Abreu e Masetto (1990) citados por SEVERO, (2015:6) afirmam que “é o modo de agir
do professor em sala de aula, mais do que suas características de personalidade que
colabora para uma adequada aprendizagem dos alunos; fundamenta-se numa
determinada concepção do papel do professor, que por sua vez reflecte valores e
padrões da sociedade”. O professor muitas vezes é tido por seus alunos como ídolo, e o
admira por suas condutas e postura. Por isso, o professor deve estar atento ao seu
comportamento na presença de seus alunos no âmbito escolar.

Além do seu comportamento, o professor também deve saber dialogar com seus alunos.
Daí que, para esta concepção como prática de liberdade, a sua dialogicidade comece,
não quando o educador-educando se encontra com os educandos-educadores em uma
situação pedagógica, mas antes, quando aquele se pergunta em torno do que vai dialogar
com estes (Freire, 1973 citado por SEVERO, 2015:7).

Outra acção que deve ser realizada pelo professor, se refere à acção pedagógica em si,
ou seja, a transmissão de conhecimento. Acredita-se que as interacções entre
professores e alunos devem aprofundar-se no campo da acção pedagógica. O professor
assume um papel muito importante neste processo, pois constrói e conduz o fazer
pedagógico de maneira que atenda as necessidades do sujeito aprendente. (Miranda,
2008 citado por SEVERO, 2015:7). Logo, o docente tem papel fundamental para
auxiliar e mediar os alunos para obtenção do conhecimento.

o professor é um mediador entre o estudante e o conhecimento, e deve problematizar


tais conteúdos, para que, dessa forma, o aluno tenha capacidade de fazer indagações e
raciocinar sobre tais conhecimentos e deixar de ser meramente um agente passivo como
se fosse um banco de dados do educador e tornar-se agente construtor do próprio saber e
crítico de suas acções.

1.8.2. Atribuições do aluno


Os alunos, assim como os professores, fazem parte do centro do processo educativo, e
também lhe cabe atribuições. Cada aluno possui suas limitações, desejos, sonhos,
capacidades, dificuldades, entre outros comportamentos que podem ser compreendidos
27

ou não pelos seus professores, pois nem todos procuram saber quais os motivos de tais
comportamentos.

Estabelecer relações afectivas no âmbito escolar, como colegas e professores tem


grande importância, pois a afectividade é importante para qualquer relação que se tem
durante toda a vida. Como o professor é a referência dentro de sala de aula e muitas
vezes fora dela, os alunos buscam uma relação afectiva com ele e isso pode resultar em
uma boa relação entre ambos.

Outra atribuição dada ao aluno dentro da escola é a vontade de aprender. O que não
depende somente do professor. Para Perrenoud (2000) citado por SEVERO (2015:8), a
escola passa a ser um lugar onde o educando tem direito a ensaios e erros, onde expõe
suas dúvidas, explicita seus raciocínios e toma consciência de como se aprende,
permitindo tornar visíveis os processos, os ritmos e os modos de pensar e de agir. Uma
relação sadia com seus professores vai possibilitá-los alcançar seus objectivos.

O aluno não pode ser mais passivo e somente receptor de informações. Deve ser um
participante activo no processo de aprendizagem a partir de ensinamentos do seu
professor. Este por sua vez, deixa de ser peça central e divide esse espaço com seus
alunos nesse processo de aprendizagem mútua.

No âmbito escolar, e no quotidiano espera-se que os alunos sejam pessoas livres de


manipulações e conduções externas e que consigam ter a capacidade de pensar e
examinar criticamente as ideias que lhes são apresentadas e a realidade social que
partilham. (Martins, 1997 citado por SEVERO, 2015:8). É isso que todos os pais e
professores esperam dos seus filhos e alunos, que dentro de cada um cresça um cidadão
crítico capaz de fazer escolhas certas em relação a educação e à vida.

1.9. Afectividade na relação professor – aluno


Para Oliveira (1992) citado por PARENTE (2018), a afectividade corresponde à
primeira manifestação do psiquismo e impulsiona o desenvolvimento cognitivo ao
instaurar vínculos imediatos com o meio social, que abstrai deste meio o universo
simbólico que é culturalmente elaborado e historicamente construído pela humanidade,
de modo que os instrumentos através dos quais se desenvolve o aprimoramento
intelectual só serão garantidos por estes vínculos estabelecidos pela consciência
afectiva. Assim, conhecer os aspectos teóricos que norteiam o desenvolvimento afectivo
28

e cognitivo é fundamental para que o educador possa desenvolver uma boa e eficiente
acção pedagógica.

FERREIRA (2001) sugere actividades para desenvolver a afectividade no processo


educacional e leva em conta três níveis de actuação que devem, no seu entender, serem
alvos de trabalho pedagógico:
 O âmbito emocional, no qual se devem identificar os sentimentos e a forma
como são expressos, avaliar a intensidade dos mesmos e a capacidade da criança
de adiar a satisfação, controlar impulsos e reduzir a tensão;
 O âmbito cognitivo, no qual se busca avaliar a capacidade da criança para
perceber a diferença entre sentimento e acção, ler e interpretar os indícios sociais
que lhes são apresentados, compreender a perspectiva dos outros, usar etapas
para resolver problemas, criar expectativas realistas sobre si, compreender
normas de comportamento;
 O âmbito comportamental, no qual se procura avaliar os comportamentos não-
verbais, tais como comunicar-se com os olhos, com gestos, com expressão
facial;
 Os comportamentos verbais, como fazer pedidos claros, resistir às influências
negativas, ouvir os outros e responder eficientemente a críticas que lhe são
dirigidas.

Assim como FERREIRA (2001) outros autores, destacam a importância da afectividade


no processo educativo e entendem que este deve incluir a oportunidade para se
manipular a realidade e estimular a função simbólica, através de vários tipos de
manifestação expressiva – plástica, verbal, dramática, escrita, directa ou indirecta – por
meio de personagens capazes de promover uma identificação, entre os quais se incluem
os professores, razão pela qual a afectividade na própria relação professor-aluno é outro
ponto a ser considerado, uma vez que, como registra Bandura ao conceituar a
aprendizagem por observação (modelação), em todas as culturas, crianças adquirem e
modificam padrões de comportamentos, conhecimentos e atitudes por meio da
observação dos adultos, inclusive de seus professores.

Depreende-se dessas colocações que a relação professor-aluno não pode ficar reduzida
ao processo cognitivo de construção de conhecimento, mas envolve dimensões afetivas
e de motivação tanto para o aluno como para o professor e que, para isso, estes últimos
29

precisam estar comprometidos com mudanças em suas posturas tradicionais, as quais


privilegiam ideias e práticas que apenas transmitem informações para os alunos e
desconsideram o uso da afectividade no processo ensino-aprendizagem.

Segundo (Almeida; Mahoney, 2014 citados por PARENTE, 2018) “tanto alunos como
professores expressam o desejo de relações interpessoais satisfatórias: que satisfaçam
suas necessidades”.

Como assinala Macedo (2002) ao criar vínculos positivos com os educandos e


proporcionar a formação de outros, através das actividades do dia-a-dia, o docente
estará proporcionando revisão de vínculos inadequados, construídos anteriormente, e a
construção de novos vínculos, fortes e firmes.

1.10. A influência da relação professor-aluno no processo de ensino-


aprendizagem
Vygotsky defende que por meio da interacção com os outros a criança incorpora a
cultura e inicia a construção do conhecimento.

As crianças na idade escolar passam a participar de um novo contexto, iniciam relações


com os novos colegas e com o professor. Elas passam a representar uma nova fonte de
relações, com novas possibilidades de interacções, que geralmente vêm acompanhadas
do desejo de aceitação no grupo (Martinelli, 2009 citado por PAUPÉRIO, 2016:11).

De acordo com Schiavoni (2009:328) citado por PAUPÉRIO (2016:12), para participar
adequadamente de um grupo é exigido um grau de aceitação por parte de seus membros.
Na dinâmica da sala de aula, pode-se observar que alguns alunos são mais aceitos que
outros, e que geralmente esses são os que demonstram grande número de competências
cognitivas e sociais, o que pode resultar em comportamentos mais amigáveis e
afectuosos, além de formas mais eficazes de interacção. Os alunos menos aceitos por
seus pares apresentam um padrão de comportamento característico, que inclui conflitos,
ser alvo de provocações, brigas, discussões e agressões, imaturidade, habilidades sociais
e cognitivas reduzidas.

Mahoney e Almeida (2005: 26) citados por PAUPÉRIO (2016:12), também destacam
que “a forma como o professor se relaciona com o aluno reflecte nas relações do aluno
com o conhecimento e nas relações aluno-aluno”.
30

A relação professor-aluno é necessária para o engajamento das crianças na


aprendizagem, é também a base para a aquisição do saber e das crenças adaptativas
sobre si mesmo e sobre o mundo social, assim como das competências auto-reguladoras,
sociais e emocionais, as quais são primordiais no ambiente escolar. Dessa maneira, uma
relação positiva da criança com o adulto estabelece por si mesma a condição de
protecção, e também factores protectores, como auto-estima, desenvolvimento moral e
auto eficácia, comprometimento e adaptação escolar, a interacção com os colegas e com
a escola. (PAUPÉRIO, 2016:13).

De acordo com Baker (2006: 454) citado por PAUPÉRIO (2016:14), a relação
professor-aluno é o eixo condutor para a aprendizagem e para a percepção do aluno
sobre si mesmo como um ser social, integrado à escola. E se esta relação for positiva,
pode auxiliá-lo na sua adaptação e interacção com os colegas e com a escola. Pode
elevar sua estima, além de ser fundamental para o comprometimento com a
aprendizagem.

Portanto, é possível perceber que a relação professor-aluno influencia no processo de


ensino aprendizagem e nas interacções que se constroem na escola. E de acordo com
Freire (1996), todo o professor tem influência sobre os seus alunos: O professor
autoritário, o professor licencioso, o professor competente, sério, o professor
incompetente, irresponsável, o professor amoroso da vida e das gentes, o professor mal-
amado, sempre com raiva do mundo e das pessoas, frio, burocrático, racionalista,
nenhum deles passa pelos alunos sem deixar sua marca. (FREIRE, 1996:73).

Freire destaca ainda que seja como for o professor, sempre deixará marcas, e a relação
professor-aluno perpassa por toda a vida escolar, interferindo no processo de ensino
aprendizagem. Para o autor, “a prática escolar é tudo isso: afectividade, alegria,
capacidade científica, domínio técnico a serviço da mudança.” (FREIRE, 1996:143).

Segundo o autor, as relações afectivas não podem interferir no cumprimento do dever,


mas estão entrelaçadas no processo de ensino aprendizagem (FREIRE 1996:141). Ou
seja, quanto mais o professor domina os conteúdos, tem coerência ao transmitir o
conhecimento, e dialoga com o aluno, torna a sua prática educativa mais significativa.

Conforme assinala Libâneo (1994) citado por PAUPÉRIO (2016:15), o professor tem
como uma de suas funções promover situações em que o aluno possa avançar no seu
31

conhecimento. É importante trabalhar as relações sociais já existentes e modificá-las,


com o objectivo de participar do processo da formação humana dos alunos. Estabelecer
relações de afectividades com os alunos, oportunidades culturais, criar um espaço
significativo e prazeroso, despertar a curiosidade e o interesse, fazem com que o aluno
se sinta parte do processo de ensino aprendizagem e agente actuante da escola.
(PAUPÉRIO, 2016:17).
32

Capítulo II: Metodologia

Para FONSECA (2002) citado por GERHARDT & SILVEIRA (2009), methodos
significa organização, e logos, estudo sistemático, pesquisa, investigação; ou seja,
metodologia é o estudo da organização, dos caminhos a serem percorridos, para se
realizar uma pesquisa ou um estudo, ou para se fazer ciência. Etimologicamente,
significa o estudo dos caminhos, dos instrumentos utilizados para fazer uma pesquisa
científica.

Segundo ANDRADE (2006) como um conjunto de procedimentos e técnicas de que se


lança mão no processo de investigação, incluindo-se aí os aspectos relacionados ao
como fazer a pesquisa.

2. Classificação da pesquisa quanto aos objectivos

Exploratória
Como sendo de natureza exploratória e estudo de caso que segundo Gil (2007) citado
por GERHARDT e SILVEIRA (2009), este tipo de pesquisa tem como objectivo
proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito
ou a construir hipóteses. A grande maioria dessas pesquisas envolve:

 Levantamento bibliográfico;
 Entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema
pesquisado; e
 Análise de exemplos que estimulem a compreensão.

2.1. Classificação quanto a abordagem


A presente pesquisa caracteriza-se como abordagem quali-quantitativa, classifica-se
como descritiva e será realizada por meio de levantamento.

Quantitativa porque visa quantificar os fenómenos de influência do clima escolar na


relação professor e aluno no processo de ensino-aprendizagem, tal como fundamenta
Fonseca (2002) citado por GERHARDT e SILVEIRA (2009), que uma pesquisa
quantitativa, se centra na objectividade e considera que a realidade só pode ser
33

compreendida com base na análise de dados brutos, recolhidos como auxílio de


instrumentos padronizados e neutros. A pesquisa quantitativa recorre à linguagem
matemática para descrever as causas de um fenómeno, as relações entre variáveis, etc.

Qualitativa por descrever alguns pressupostos teóricos acerca do tema, que segundo
GERHARDT e SILVEIRA (2009), são características desse tipo de pesquisa a:
objectivação do fenómeno; hierarquização das acções de descrever, compreender,
explicar, precisão das relações entre o global e o local em determinado fenómeno.
Preocupa-se, portanto, com aspectos da realidade que não podem ser quantificados,
centrando-se na compreensão e explicação da dinâmica das relações sociais.

A utilização conjunta da pesquisa qualitativa e quantitativa permite recolher mais


informações do que se poderia conseguir isoladamente e justifica-se por este se mostrar
adequado para o presente estudo.

2.2. Método de procedimento


Constituem etapas mais concretas da investigação, com finalidade mais restrita em
termos de explicação geral dos fenómenos menos abstractos. Pressupõem uma atitude
concreta em relação ao fenómeno e estão limitadas a um domínio particular
(LAKATOS & MARCONI, 2013:221).

Constituindo o presente trabalho parte ou requisito parcial para a obtenção do grau de


licenciatura em Psicologia Educacional, e sendo este um ramo das ciências sócias, foi
aplicado o monográfico ou estudo de caso.

Nesse tipo de pesquisa, o pesquisador escolhe, de acordo com a sua perspectiva de


estudo, um caso particular (ou uma situação) que considerou representativo dentre um
conjunto de casos semelhantes. O caso ou situação escolhido, em especial, representa
mais adequadamente aquilo que quer investigar. SEVERINO (2007, p. 121) alerta que
“os dados devem ser coletados e registrados com o necessário rigor e seguindo todos os
procedimentos da pesquisa de campo. Devem ser trabalhados, mediante análise
rigorosa, e apresentados em relatórios qualificados”.

Essa modalidade de pesquisa tem um mérito para os estudos em ciências humanas, pois
investiga uma dada realidade sem características generalizantes. Nesse tipo, de
investigação, a produção de um conhecimento de abrangência mais ampla (com alguma
34

vocação generalizante) não é o objectivo imediato. Não se pretende obter resultados que
possam ser universalizados, como anseiam metodologias investigativas de outros tipos

2.3. Técnica de abordagem


Consideradas como um conjunto de preceitos ou processos de que se serve uma ciência,
são, também, a habilidade para usar esses preceitos ou normas, na obtenção de seus
propósitos. Correspondem, portanto, à parte prática de colecta de dados. Apresentam
duas grandes divisões: documentação indirecta, abrangendo a pesquisa documental e a
bibliográfica e documentação directa. Esta última subdivide-se em: observação directa
intensiva e observação directa extensiva.

Para o presente estudo será adoptada a técnica de observação directa extensiva,


apresentando as técnicas:
 Questionário
Questionário é um instrumento de colecta de dados, constituído por uma série ordenada
de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador.
Em geral, o pesquisador envia o questionário ao informante, pelo correio ou por um
portador; depois de preenchido, o pesquisado devolve-o do mesmo modo. Junto com o
questionário deve-se enviar uma nota ou carta explicando a natureza da pesquisa, sua
importância e a necessidade de obter respostas, tentando despertar o interesse do
recebedor, no sentido de que ele preencha e devolva o questionário dentro de um prazo
razoável (MARCONI e LAKATOS, 2003).

 A entrevista semi-estruturada
A entrevista é um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha
informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza
profissional. É um procedimento utilizado na investigação social, para a colecta de
dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um problema social.

Para Goode e Hatt (1969), a entrevista "consiste no desenvolvimento de precisão,


focalização, fidedignidade e validade de um certo acto social como a conversação".
Trata-se, pois, de uma conversação efectuada face a face, de maneira metódica;
proporciona ao entrevistado, verbalmente, a informação necessária.
35

Alguns autores consideram a entrevista como o instrumento por excelência da


investigação social. Quando realizado por um investigador experiente, "é muitas vezes
superior a outros sistemas de obtenção de dados".

A entrevista é importante instrumento de trabalho nos vários campos das ciências


sociais ou de outros sectores de actividades, como da Sociologia, da Antropologia, da
Psicologia Social, da Política, do Serviço Social, do Jornalismo, das Relações Públicas,
da Pesquisa de Mercado e outras. Numa primeira fase do trabalho recorreu se aos dados
bibliográficos e no trabalho de campo recorreu se a dados obtidos directamente da
realidade para a obtenção dos dados.

 Análise de conteúdo
Permitindo a descrição sistemática, objectiva e quantitativa do conteúdo da
comunicação.
A análise de conteúdo é uma técnica de tratamento de dados colectados, que visa à
interpretação de material de carácter qualitativo, assegurando uma descrição objectiva,
sistemática e com a riqueza manifesta no momento da colecta dos mesmos. Vem com a
intenção de destacar o conteúdo expresso na mensagem e suas representações, deixando
de lado a preocupação com as quantificações (GUERRA, 2014).

2.4. População e amostra


Segundo Lavado e Castro (2001) citados por BOAVENTURA (2010), a população diz
respeito a um conjunto de elementos onde cada um deles apresenta uma ou mais
características em comum. Quando se extrai um conjunto de observações da população,
ou seja, toma-se parte desta para a realização do estudo, tem-se a chamada amostra.

GIL (2008) define população ou universo de pesquisa como um conjunto de elementos


que possuem determinadas características (empresas, produtos, pessoas, etc.) que serão
alvo do estudo. Em nosso estudo a população será composta por professores, alunos da
Escola Secundária Quisse Mavota.

A amostra ou população amostral é uma parte da população (subconjunto) escolhida


conforme algum critério de representatividade. Ainda segundo GIL (2008) a amostra é
um subconjunto do universo ou da população, por meio do qual se estabelecem ou se
estimam as características desse universo ou população. Neste caso a amostra foi
composta por dez (10) professores e trinta (30) alunos de ambos sexos, caracterizando
36

como um estudo censitário. Segundo Sedi (1979) citado por ARAÚJO (2010), em um
estudo censitário, “são colhidos dados de todas as unidades, o universo de pesquisa e os
resultados são válidos imediatamente para todo o universo”.

2.5. Procedimento de colecta de dados de inquéritos por questionário


Nos inquéritos por questionário, os procedimentos que foram empregues na sua análise,
foi a contagem de todas as respostas, onde posteriormente estas foram quantificadas
através de uma grelha, de modo a construir e a analisar todos os dados disponibilizados
nos inquéritos, através de gráficos individualizados para cada questão. Os inquéritos
foram construídos maioritariamente por questões de resposta fechada, tendo apenas uma
questão de resposta aberta.

Na opinião de Bell (1997:100) citado por PICANÇO (2012:68), “os inquéritos


constituem uma forma rápida e relativamente barata de recolher um determinado tipo de
informação, partindo do princípio de que os inquiridos são suficientemente
disciplinados, abandonam as questões supérfluas e avançam para a tarefa principal”. Os
docentes professores entrevistados são os directores de turma dessas mesmas turmas
que serão alvo de investigação. Todos os questionários foram aplicados no mês de
Outubro de 2019.

2.6. Procedimentos de análise de dados


Para a interpretação da análise qualitativa será feita a análise de conteúdo, uma técnica
de tratamento de dados colectados, que visa à interpretação de material de carácter
qualitativo, assegurando uma descrição objectiva, sistemática e com a riqueza manifesta
no momento da colecta dos mesmos. De acordo com GUERRA (2014), está técnica
vem com a intenção de destacar o conteúdo expresso na mensagem e suas
representações, deixando de lado a preocupação com as quantificações.

As informações a serem recolhidas serão dadas pela forma de tabulação manual,


tratados de forma estatística e representadas através de percentuais expressando
consistência, onde o tratamento dos mesmos será feita por meio do programa Microsoft
Excel, para a pesquisa quantitativa através de tabelas e gráficos.

2.7. Aspectos Éticos da Pesquisa


Em pesquisas com pessoas, existem aspectos a serem considerados para uma
organização da investigação e para garantir uma participação informada e ética. A
37

pesquisa com professores e alunos, assim como toda e qualquer pesquisa com seres
humanos, envolve questões relativas ao consentimento informado, a avaliação risco-
benefício.

Como um dos aspectos éticos usamos o consentimento informado que, segundo Sigaud,
et. all. (2009), o processo de consentimento esclarecido abrange informação e
compreensão plena do sujeito acerca dos procedimentos a que será submetido: os riscos
e os desconfortos potenciais, os benefícios e seus direitos, bem como a livre escolha ou
voluntariedade e manifestação inequívoca de vontade.

Sendo assim para observar as questões éticas adoptaremos o consentimento informado,


em escrito ou oral. Este consiste em informar os entrevistados acerca dos objectivos e
dinâmica da pesquisa com uma linguagem clara e adequada, e acreditamos que o nosso
grupo alvo tem um universo capaz de compreender os termos da nossa pesquisa. Para
garantir a confidencialidade e o anonimato dos indivíduos preservamos identidade dos
participantes, para tal, utilizamos pseudónimos para identificar os participantes.

2.8. Características Físicas, Funcionamento, Contexto e Localização da


Escola
A caracterização do contexto onde decorreu a investigação foi realizada com o recurso à
análise de alguns documentos da escola, nomeadamente ao projecto curricular de escola
e ao regulamento interno, bem como às conversas informais registadas como notas de
campo, durante o processo de recolha de dados.

Quisse Mavota é um dos descendentes do régulo Mavota, cuja residência se localiza na


zona que hoje congrega os bairros de Laulane, Ferroviário, Hulene e toda a zona
adjacente do distrito de Marracuene. Na latura era chamado Khesi nome que recebeu
quando se tornou primeiro régulo na zona que hoje ostenta o topónimo de Zimpeto.

Ele foi um dos comandantes de Gungunhana, o famoso imperador de Gaza e dirigiu os


combates de resistência na zona que compreende tal como se referiu anteriormente,
Laulane, Mahota e Zimpeto, ao lado de Nwamatibjana de Marracuene e Muhalaze da
região que hoje compreende o Aeroporto Internacional de Maputo, Inhagoia, bairro 25
de Junho, entre outras. Teve morte natural por volta de 1938, tendo o seu lugar sido
ocupado por um dos filhos varões.
38

A sua residência oficial situava-se na região que hoje se encontra instalada a Escola
Secundária Quisse Mavota, inaugurada, oficialmente a 22 de Junho de 2006, por Sua
Excelência Presidente da República Armando Emílio Guebuza.

A atribuição de nome “Quisse Mavota” deve-se a necessidade de preservar a História do


nosso país e imortalizar aqueles que com sua bravura enfrentaram com denodo a
ocupação estrangeira, segundo a equipa que esteve envolvida nos trabalhos de
atribuição do nome, constituída por Alberto Joaquim Machaeie, Lazaro Manjate, Sr.
Salomão e a chefe de secretaria do distrito de Marracuene.

A escola secundária Quisse Mavota, possui um efectivo total equivalente a sessenta e


seis (66) turmas compostas por quatro mil e oitocentos e cinquenta e dois (4852) alunos
distribuídos em três turnos sendo:

 1º Turno: diurno que engloba todo o 1º ciclo com mil quatrocentos e oitenta e
um alunos distribuídos em vinte turmas
 2º Turno que integra todo 2º ciclo constituído por 21 turmas com o total de mil e
seiscentos e onze alunos
 Ensino a distancia constituído por mi e quinhentos e vinte e cinco estudantes
distribuídos em vinte e cinco turmas em períodos que compreende o diurno e
nocturno

No total dos efectivos de alunos que compõem a escola, dois mil e cento e oitenta e
cinco (2185) alunos, são do sexo masculino contra dois mil e seiscentos e sessenta e sete
(2667) alunos do sexo feminino que frequentam as 8ª, 9ª,10ª, 11ª e 12ª classe.
39

Capítulo III: Análise e interpretação de dados


Este capítulo tem como objectivo, descrever a analisar os dados colhidos dos
participantes deste estudo. Para o efeito, será utilizada a técnica de tabulação e, também
serão utilizados gráficos, como forma de sistematizar e categorizar os dados da
pesquisa.

De salientar que a análise dos resultados desta pesquisa será feita à luz dos conceitos,
ideias e teorias, anteriormente abordadas na fundamentação teórica e alguns autores que
não foram contemplados da revisão literária, mas que debruçam relações professor
aluno n ensino e aprendizagem.

3. Perfil da amostra
Na perspectiva de LAKATOS & MARCONI (2003) a amostra corresponde a uma
parcela seleccionada da população ou universo, por meio da qual se estabelecem as suas
características comuns.

Para descrever o perfil da nossa amostra tivemos como base o sexo, idade, tempo de
serviço, formação académica/profissional e razões para a escolha da profissão docente
(para os professores) e sexo, idade, tempo de frequência na escola (para os alunos).

 Professores
A tabela 1 ilustra a distribuição dos professores em função do sexo e da sua formação
académica/profissional:
Sexo Formação académica/Profissional

H % M % HM % IFP Licenciatura Mestrado Outra

4 40% 6 60% 10 100% 0,0% 90% 10% 0.00%

Tabela 1: Perfil dos professores em função do sexo e nível académico. Fonte: autora

De acordo com a tabela 1, podemos perceber que a maioria dos professores por nós
inqueridos é do sexo feminino com uma percentagem igual a 60% (6) contra os 40% (4)
dos professores do sexo masculino. Grande parte de especialistas ligados às estatísticas
populacionais tem começado por analisar e, posteriormente, caracterizar a estrutura da
40

população por sexo e idade, pelo facto de, em termos socioeconómicos, cada segmento
etário e sexual demandar necessidades e serviços diferentes.

Em relação a formação académica podemos observar que cerca de 90% (9) dos
professores apresentam como nivele mínimo o grau de licenciatura contra 10% (1) com
o grau de formação académica de mestrado. Essa tendência dos professores para a
formação académica superior em relação aos modelos disponibilizados pelo Governo
desde a Independência de Moçambique em 1975 (6ª classe + um a três meses que
vigorou de 1975 a 1977, 6ª classe + seis meses, de 1977 a 1982, 6ª classe + 1 ano, 1982
e 1983, 6ª classe + 3 anos, de 1983 a 1991, 7ª classe + 3 anos, de 1991 aos nossos dias,
IMAP9 (10ª classe + 2 anos), de 1997 aos nossos dias, 7ª classe + 2 anos + 1 ano, em
regime experimental, de 1999 à 2003, IMAP (10ª classe + 1 ano + 1 ano), de 1999 a
2004 e actualmente 10ª classe + 3 anos, que está sendo implementado em alguns
Institutos do País) tem como principal objectivo de responder às necessidades impostas
a nível global, com particular atenção ao contexto moçambicano face ao processo de
educação

Na vertente de NÓVOA (2009), na formação do professor é lá onde se produz a


profissão docente. Mais do que um lugar de aquisição de técnicas e de conhecimentos, a
formação de professores é o momento chave da socialização e da configuração
profissional. Para o autor, o percurso de formação do professor abrange as práticas (a
profissão docente deve assumir uma forte componente práxica, centrada na
aprendizagem dos alunos, no estudo de casos concretos, tendo como referência a
instituição educacional contextualmente situada), a profissão (a formação de
professores deve basear-se na aquisição de uma cultura profissional) e a pessoa (a
formação de professores deve dedicar uma atenção especial às dimensões pessoais da
profissão docente, trabalhando essa capacidade de relação e de comunicação que define
o fazer pedagógico).

 Idade
O gráfico 1, ilustra a distribuição dos professores em relação a idade
41

Gráfico 1: Idade dos professores. Fonte: autora

Podemos observar de acordo com o gráfico que cerca de 50% (5) dos professores
possuem uma idade cronológica acima de 41 anos de idade. Este facto pode ser
considerado segundo Silva (2013) citado por MACHERICA (2019), como um factor
positivo para a Escola, se levado em conta a experiencia que o ser humano adquire em
cada ano vivido.

 Tempo de serviço
Em relação ao tempo de serviço, apresentamos o gráfico 2

Gráfico 2: distribuição dos professores em relação a idade. Fonte: autora

Podemos perceber de acordo com o gráfico que todos professores possuem entre 5 a 20
anos de serviço sendo apenas 30% (3) que possuem acima de 20 anos de serviço. Essa
questão segundo Silva (2013) citado por MACHERICA (2019) pode ser vista sob duas
42

ópticas: é um factor positivo para a empresa, se for levada em consideração a


experiência desses colaboradores, uma vez que apresentam maior facilidade na solução
de conflitos; no entanto, essa mesma questão pode ser negativa, ao se considerar que a
desmotivação gerada por uma função exercida por longos anos ou mesmo a comodidade
que o emprego oferece pode afectar a produtividade do servidor.

 Razões para a escolha da profissão docente


Em relação as razões que determinaram a escolha da profissão docente, podemos
observar de acordo com o gráfico 3, que cerca de 60% (6) dos professores responderam
estar a exercer a profissão docente por vocação, sendo que 10% (1) e 20% (2) dos
professores responderam estar nesta carreira por influência de amigos e falta de
emprego melhor respectivamente. Para o espaço de outras alternativas ou razões, 10%
(1) dos professores responderam que estão nesta profissão para responder a chamada da
Pátria depois da Independência, pois na altura existia a falta de quadros para o
preenchimento das vagas existentes no Ministério da Educação.

Gráfico 3: razões da escolha da profissão docente. Fonte: autora

 Alunos
Para determinar o perfil dos alunos levou-se em consideração o sexo, a idade dos alunos
e o tempo de frequência na escola. Vale ressaltar que em relação a classe dos alunos,
optamos por escolher os alunos das turmas da 12ª classe pela sua disponibilidade no
acto da distribuição dos inquéritos.
43

A tabela 2, ilustra a distribuição dos alunos em função da idade, sexo e classe de


frequência.

Tabela 2: perfil dos alunos. Fonte: autora


Sexo Tempo de frequência

Idade H % M % 1 Ano 2 Anos 3 Anos 4 Anos 5 Anos

16 Anos 1 3,3 0 0,0 3,3% 0.00% 0.00% 0.00% 0.00%


% %

17 Anos 9 30% 18 60% 3,3% 76,6% 0.00% 6,6% 0.00%

18 Anos 0 0,0 1 3,3 0.00% 0.00% 6,6% 0.00% 0.00%


% %

19 Anos 0 0,0 1 3,3 0.00% 0.00% 0.00% 0.00% 3,3%


% %

Su-total 10 33,3 20 66,6 6,6% 76,6% 6,6% 6,6% 3,3%


% %

Total 30 100%

De acordo com a tabela 2 podemos observar que o maior número dos alunos inquiridos
é do sexo feminino com uma percentagem igual a 66,6% (20) contra 33,3% (10) do
sexo masculinos. Esses dados corroboram com os dados fornecidos pela escola em
relação ao número total dos alunos pois segundo os mesmos, a escola possui um maior
número de alunos do sexo feminino em relação aos do sexo masculino.

Quanto a relação existente entre o tempo de frequência na escola, idade e classe de


frequência (partindo do pressuposto de que todos os inquiridos frequentam a 12ª classe)
podemos observar que existe uma relação directa pois de acordo com os dados
recolhidos (conforme a tabela 2), alunos com 18 e 19 anos de idade, segundo MINEDH
possuem idade avançada para frequentar a 12ª classe e por sua vez eles apresentam um
tempo de permanência na escola acima de 3 anos para alunos com 18 anos e uma
reprovação (tendo em conta que ingressou na escola para frequentar a 11ª e 12ª classe) e
5 anos de permanência e 1 reprovação (tendo em conta que ingressou na escola a partir
44

da 8ª classe, para frequentar apenas 4 anos). O mesmo se verifica quanto aos alunos que
estão no tempo certo (em relação a idade e classe de frequência), possuem 2 anos de
permanência na escola para os que ingressaram para frequentar a 11ª e 12ª classe e
possuem 4 anos de permanência para os que ingressaram a partir da 8ª classe. Vale
ressaltar que incluem para a contagem de tempo de permanência o ano de frequência.

3.1. Percepções dos alunos sobre a influência das relações professor-


aluno no desempenho escolar
Para analisar as percepções dos alunos sobre o seu desempenho escolar decorrente das
interacções professor-aluno, foi elaborado um questionário contendo oito perguntas
fechadas, as quais foram categorizadas em quatro dimensões a saber:

 Sentimentos percebidos pelos alunos como quais deveriam existir na relação


professor-aluno;
 Sentimentos percebidos pelos alunos como quais faltam nas relações professor-
aluno;
 Percepções dos alunos sobre as formas de relacionamento com os professores
existentes na sala de aula; e
 Desempenho percebido pelo aluno como resultado existente entre as interacções
professor-aluno.

Sentimentos percebidos pelos alunos como quais deveriam existir na relação professor-
aluno
O gráfico 4, ilustra a distribuição dos alunos face ao seu posicionamento em relação aos
sentimentos nutridos como quais deveriam existir na sala de aula durante as interacções
com o professor:
45

Gráfico 4: sentimentos percebidos pelos alunos, como quais deveriam existir na sala de aula. Fonte:
autora

Conforme o gráfico ilustra, podemos perceber que maiores percentagens com 36,6%
(10), 33,3% (9) e 26,6% (7) dos alunos afirmam que durante as interacções do professor
com os alunos deveria haver mais respeito, mais paciência e compreensão, pois segundo
os seus relatos muitos professores ainda tomam a posição de mero detentor de
conhecimento dirigindo-se por vezes a estes de forma autoritária, desrespeitosa e com
menos compreensão.

Este posicionamento corrobora com o pensamento dos autores ANTÓNIO e MANUEL


(2015), quando afirmam que a relação professor-aluno é uma categoria fundamental do
processo de aprendizagem, pois dinamiza e dá sentido ao processo educativo.
Essa relação deve estar baseada na confiança, afectividade e respeito, cabendo ao
professor orientar o aluno para seu crescimento interno, isto é, fortalecer-lhe as bases
morais e críticas, não deixando sua atenção voltada apenas para o conteúdo a ser dado.

Segundo LIBÂNEO (1994) o professor não apenas transmite uma informação ou faz
perguntas, mas também ouve os alunos. Deve dar-lhes atenção e cuidar para que
aprendam a expressar-se, a expor opiniões e dar respostas. O trabalho docente nunca é
unidireccional. As respostas e as opiniões dos alunos mostram como eles estão agindo à
actuação do professor, às dificuldades que encontram na assimilação dos
conhecimentos.
46

Sentimentos percebidos pelos alunos como quais faltam nas relações professor-aluno;
O gráfico 5, lustra a distribuição dos alunos face ao seu posicionamento em relação aos
sentimentos por si percebidos como faltam nas relações professor-aluno na sala de aula

Gráfico 5: sentimentos percebidos como em falta nas interacções professor-aluno. Fonte: autora

De acordo com o gráfico acima, podemos perceber que cerca 73,3% (21) dos alunos
afirmam que durante o decurso das aulas sentem a falta de paciência por parte dos
professores. Estes afirmam que os professores têm-se dirigido com pouca paciência para
eles. Alguns alunos com cerca de 10% (3) afirmam que sentem que há menos
compreensão e respeito respectivamente durante as interacções na sala de aula.

Ao falar de uma relação professor aluno devemos nos preocupar que essa relação não
seja apenas do que é considerado “Bom” ou “Mau” aluno que temos dentro do ambiente
escolar, mas também devemos pensar no professor que temos dentro do ambiente em
que o mesmo desenvolve seu trabalho tanto da parte comportamental quanto na parte de
organizar e planejar sua aula. Devemos considerar que aluno sempre vê o professor
como um espelho, a postura adequada dentro da sala de aula são aspectos que
influenciam para essa relação professor aluno.

Para LIBÂNEO (1994) Cabe ao professor aprender que para exercer sua real função
necessita-se combinar autoridade, respeito, afectividade e paciência; isto é, ainda que o
docente necessite atender um aluno em particular, a acção estará direccionada para a
actividade de todos os alunos em torno dos mesmos objectivos e do conteúdo da aula,
47

Para isso faz-se necessário o diálogo, conforme Libâneo afirma, o professor não apenas
transmite uma informação ou faz perguntas, mas também ouve os alunos. Deve dar-lhes
atenção e cuidar para que aprendam a expressar-se, a expor opiniões e dar respostas. O
trabalho docente nunca é unidireccional. As respostas e as opiniões dos alunos mostram
como eles estão reagindo à actuação do professor.

Percepções dos alunos sobre as formas de relacionamento com os professores


existentes na sala de aula
O gráfico 6, ilustra a distribuição dos alunos sobre a sua percepção das formas de
interacção com os professores, as formas como os professores se relacionam com a
turma e como eles percebem como esses modos deveriam ocorrer na sala de aula.

Gráfico 6: Categorização das formas de interacção professor-aluno. Fonte: autora

O processo de ensino se dá pela interacção entre professor-aluno. De uma forma ou de


outra, para que o professor transmita o conhecimento para os seus educandos este deve
interagir com eles. O gráfico acima, ilustra como os alunos percebem a interacção com
os seus professores e como estes se posicionam face a essa interacção e quanto estes
estão satisfeito com esse processo.

De acordo com o gráfico podemos perceber que cerca de 40% (12) e 53,4% (16)
consideram que a sua interacção com o professor poderia ser melhor ou é aceitável,
respectivamente. Dos inquiridos, apenas 6,6% (2) consideram as suas relações com o
professor como boas.

Desempenho percebido pelo aluno como resultado existente entre as interacções


professor-aluno
48

O gráfico 7, ilustra a distribuição dos alunos quanto ao desempenho percebido como


resultado das interacções entre o professor-aluno na sala de aula.

Gráfico 7: desempenho percebido pelos alunos. Fonte: autora

Em relação ao desempenho percebido pelo aluno como resultado das relações que estes
mantém com o professore podemos perceber que cerca de 23,3% (7) consideram o seu
desempenho como bom contra, 23,3% (7) dos alunos que consideram o seu desempenho
como mau em consequência das relações que estes mantêm com o professor. Maior
percentagem com cerca de 50% (15) afirma que o seu desempenho é aceitável,
decorrente das influências que estes mantêm com o professor.

Podemos perceber uma clara consciência, por parte dos alunos, que tanto eles quanto os
professores precisam melhorar a relação entre si, sendo que a maior parte dos alunos
acredita que deve haver mais respeito entre eles. Uma pequena dos alunos parte vêem
seus professores como amigos, o que mostra a expectativa deles em relação aos
professores.

3.2. Influencia das relações professor-aluno no processo de ensino e


aprendizagem: análise do conteúdo a partir das percepções dos professores
Nesta secção, procedemos a análise do conteúdo sobre as respostas fornecidas pelos
professores durante o processo de entrevista. Para procedermos com a análise,
primeiramente foi identificadas as dimensões afectivas existentes entre aluno e
professor, estratégias de comunicação adoptadas pela professor e quais resultados
derivam da relação entre o professor e aluno no desempenho do aluno.

 Dimensão afectiva
49

Para esta dimensão, os professores responderam as perguntas um e dois do nosso guião


de entrevista na qual os mesmos deviam salientar as formas de relações existentes entre
si e seus alunos, formas de lidar com os questionamentos e discussões em salas de aulas
e facilidades e dificuldades encontradas na forma de lidar com os seus alunos.

A maioria dos professores afirmam existir uma cooperação cordial com os seus alunos,
leccionando as suas aulas com amor e carinho. Eles lidam com os seus alunos de forma
natural e de bom ânimo, dando explicação de acordo com o contexto em que cada
questão é colocada pelo aluno, criando e proporcionando ambientes em que inspirem
liberdade de expressão por parte do aluno mas mantendo o respeito. Relatam alguns
professores que como principais facilidades para lidar com o que encontra na relação
com os seus alunos são:

Professor1.3,7: existência de meios didácticos que auxiliam o estudante


Professor 2,9: comunicação saudável derivada do carinho que tem transmitido durante as
aulas
Professor8,10: proporção de ambientes saudáveis, calmos que inspirem carinho e
motivação para o desenvolvimento da aprendizagem e do aluno

Estudos mostram que as relações entre o professor, o conteúdo escolar e o aluno são
profundamente marcados pela afectividade, podendo gerar impactos de aproximação ou
distanciamento entre o aluno e o conteúdo. Todas as actividades planejadas e
desenvolvidas pelo professor possuem influências na afectividade e na aprendizagem
dos alunos. A maneira que o professor apresenta o conteúdo em sua sala de aula pode
afectar cada aluno de uma maneira particular, repercutindo de diversas formas na sua
aprendizagem.

Como resultados obtidos a partir de uma relação saudável e cordial com os seus alunos,
os professores afirmam que os ganhos são maiores. A melhor forma de educar é levar o
conhecimento de mãos dadas com o afecto, é o que foi percebido e observado nesta
pesquisa. Os alunos conseguem ter um melhor rendimento quando são olhados com
carinho, respeito e sabem que alguém está se importando realmente com eles, seja em
casa ou na escola.

 Dificuldade
50

A superlotação das salas de aulas (o número de alunos chega a variar entre 90 a 100
alunos por professor) tem dificultado muito o trabalho docente e de certa forma tem
contribuído para o surgimento ou prática de indisciplina por parte dos alunos, como
indica o discurso de alguns professores.
Professor4,10: existência de maior número de estudantes na sala de aula
Professor5,8,9: relaxamento por parte dos alunos

Esse factor de acordo com os professores contribui negativamente naquilo que pode ser
o desempenho do próprio aluno uma vez que a atenção do professor pode não chegar
para todos alunos.

Comunicação e desempenho

Para esta categoria, os professores responderam as questões três, quatro e cinco do


nosso guião de entrevista, relativas as formas de tratamento das diferenças culturais,
sócio-demográficas dos alunos na sala de aulas; acções levadas a cabo perante baixo
desempenho escolar dos alunos e comunicação professor-aluno.

Em geral, os professores afirmam tratar todos os alunos de igual maneira não havendo
no entanto nenhuma descriminação, facto que tem se evidenciado com a introdução e
obrigação do uso do uniforme escolar para os alunos do curso diurno, conforme se pode
perceber no discurso abaixo:

Professor1,5: tento fazer perceber que todos somos moçambicanos, independentemente


da classe social, Etnia e proveniência; devemos respeitar a cultura de cada um
Professor2: lido de forma equilibrada
Professor3: com a introdução do uniforme escolar, todo aluno é igual.

Relativamente as acções levadas a cabo pelos professores quando um aluno apresenta


fraco desempenho escolar, todos professores (100%), afirmam reforçar os trabalhos de
casa para os alunos de modo a envolver os encarregados de educação no
acompanhamento do seu educando bem como têm dado trabalhos em grupo de modo
que os alunos possam se auxiliarem. A revisão e recapitulação da matéria dada e testes
de recuperação fazem parte também do leque de estratégias que os professores têm
adoptado para ajudar o aluno com fraco desempenho a melhorar.
51

Em relação a comunicação com os alunos alem do ambiente escolar e pós-aulas existe


uma divergência de opiniões e posições dos professore. Alguns (60% dos professores
entrevistados) afirmam que sim, tem mantido o contacto com os seus alunos mesmo
fora da escola através dos dispositivos electrónicos e redes sociais (para turmas que
apresentam grupo de estudo através do whatsapp ou tem disponibilizado o seu contacto
telefónico para um certo período de tempo onde os alunos podem ligar para
esclarecerem algumas duvidas durante a realização dos trabalhos de casa) e outros (40%
dos professores) afirmam que não. Dentre os porquês para o caso dos que responderam
“não” justificaram:

Professor1: não me comunico visto que estou num tempo difícil, poderão interpretar de
forma errada;
Professor5; tendo em conta que todos os dias estou com os mesmos dispenso contactos
extras;
Professor8: não, para evitar abusos ou conotações. O trabalho de docência é
integralmente feito no recinto escolar
Professor9: a comunicação é só dentro da aula e dentro do recinto escolar. Evito
desconfiança nas verdadeiras intenções e não vejo pertinência de procurar aluno fora do
tempo norma e fora do recinto escolar.

CHICKERING e GAMSON (1991) afirmam que os professores que encorajam o


contacto com os alunos, tanto dentro como fora da aula de aula, obtêm alunos mais
motivados, comprometidos intelectualmente e com melhor desenvolvimento pessoal. Os
professores considerados pelos alunos e pelos próprios colegas como especialmente
efectivos apresentam ma maior interacção com os alunos alem da sala de aula.

Pode-se afirmar que a interacção professor-aluno dentro e fora da sala de aula


caracteriza um ensino de qualidade e ajuda os alunos a atingir os seus objectivos de
aprendizagem.

3.3. Verificação dos objectivos


Em relação ao nosso primeiro objectivo específico que diz respeito a identificação das
concepções dos professores e alunos acerca da influência das relações no processo de
aprendizagem, podemos considerar alcançado, pois podemos perceber de acordo com os
questionários e entrevista aplicados aos alunos e professores que estes percebem que o
processo de ensino se dá pela interacção entre professor-aluno. De uma forma ou de
52

outra, para que o professor transmita o conhecimento para os seus educandos este deve
interagir com eles.

Quanto a importância da relação entre professor-aluno no desenvolvimento da


aprendizagem, consideramos este objectivo igualmente alcançado, pois de acordo com a
nossa revisão literária pudemos perceber que a relação professor-aluno é necessária para
o engajamento das crianças na aprendizagem, é também a base para a aquisição do
saber e das crenças adaptativas sobre si mesmo e sobre o mundo social, assim como das
competências auto-reguladoras, sociais e emocionais, as quais são primordiais no
ambiente escolar. Dessa maneira, uma relação positiva da criança com o adulto
estabelece por si mesma a condição de protecção, e também factores protectores, como
auto-estima, desenvolvimento moral e auto eficácia, comprometimento e adaptação
escolar, a interacção com os colegas e com a escola. (PAUPÉRIO, 2016:13).

De acordo com Baker (2006: 454) citado por PAUPÉRIO (2016:14), a relação
professor-aluno é o eixo condutor para a aprendizagem e para a percepção do aluno
sobre si mesmo como um ser social, integrado à escola. E se esta relação for positiva,
pode auxiliá-lo na sua adaptação e interacção com os colegas e com a escola. Pode
elevar sua estima, além de ser fundamental para o comprometimento com a
aprendizagem.

Para o nosso terceiro e último objectivo específico, que diz respeito a Descrição das
influências das relações professor-aluno da escola secundária Quisse Mavota no
ensino e aprendizagem, podemos considerar alcançado, pode de acordo com os
resultado obtidos no campo, podemos perceber uma clara consciência, por parte dos
alunos, que tanto eles quanto os professores precisam melhorar a relação entre si, sendo
que a maior parte dos alunos acredita que deve haver mais respeito entre eles. Uma
pequena dos alunos parte vêem seus professores como amigos, o que mostra a
expectativa deles em relação aos professores

3.4. Verificação das hipóteses


Em relação as hipóteses, para este estudo podemos considerar a nossa primeira hipótese
como válida:

H1: As relações professor-aluno influenciam de forma positiva no processo de ensino-


aprendizagem e desempenho dos alunos.
53

Pois de acordo com os resultados obtidos, podemos perceber que os professores


percebem que a partir de uma relação saudável e cordial com os seus alunos, os ganhos
são maiores. Os alunos conseguem ter um melhor rendimento quando são olhados com
carinho, respeito e sabem que alguém está se importando realmente com eles, seja em
casa ou na escola
54

Conclusões e sugestões

Conclusão
A relação entre professor e aluno necessita fundar-se na superação da ideia de poder por
parte do professor e de passividade por parte do estudante, como, frequentemente se
observa em salas de aula.

É mais adequado à ideia de professores e estudantes serem parceiros de trabalho, como


refere Demo (2007). Nesse sentido, é necessário valorizar o que os estudantes dizem, o
que perguntam, o que querem fazer, o que querem aprender. Os estudantes devem ser
respeitados e serem considerados sujeitos da aprendizagem, não objectos.

A interacção entre professor e aluno ultrapassa os limites profissionais e escolares do


ano lectivo. É, na verdade, uma relação que deixa marcas, e que deve sempre buscar a
afectividade e o diálogo como forma de construção do espaço escolar.

Na percepção dos alunos, a relação que eles possuem com os professores influenciam
sim no seu aprendizado, tanto em aspectos positivos quanto negativos. Os alunos
conseguem perceber esse factor no dia-a-dia do relacionamento com professor, dentro
da sala de aula, tanto na forma como o professor demonstra interesse ou não pelos
educandos como nas práticas avaliativas, nas metodologias utilizadas e até mesmo na
interacção com o grupo na aula.

Como resultados obtidos a partir de uma relação saudável e cordial com os seus alunos,
os professores afirmam que os ganhos são maiores. A melhor forma de educar é levar o
conhecimento de mãos dadas com o afecto, é o que foi percebido e observado nesta
pesquisa. Os alunos conseguem ter um melhor rendimento quando são olhados com
carinho, respeito e sabem que alguém está se importando realmente com eles, seja em
casa ou na escola
55

Sugestões
As relações humanas, embora complexas, são elementos fundamentais na realização
comportamental e profissional de um indivíduo. Desta forma, a análise dos
relacionamentos entre professor/aluno envolve intenções e interesses, sendo esta
interacção o eixo das consequências, pois a educação é uma das fontes mais importantes
do desenvolvimento comportamental e elemento agregador de valores nos membros da
espécie humana.

Para melhorar este processo entre professor e alunos da escola Secundária Quisse
Mavota deixamos abaixo algumas sugestões que podem ser adoptadas pelos professores
com vista a garantir uma relação harmoniosa que inspira e motiva os alunos a uma
aprendizagem:

 Não colocar-se na posição de detentor do saber, devendo antes, colocar-se na


posição de quem não sabe tudo, pois, conduzido assim, o aprender se torna mais
interessante quando o aluno se sente parte e contemplado pelas atitudes e
métodos de motivação em sala de aula;
 Simplificar o conhecimento científico, sem mudar seu conteúdo essencial gera
sua popularização e aproxima o aluno de algo antes desconhecido. Seria este um
caminho a se propor: Falar a mesma língua do aluno.
56

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Apêndice
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Anexos

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