Você está na página 1de 75

1

Dani Bruno José Duvane

Conselho de Escola Versus Gestão Democrática – Sua influência na tomada de decisão


O Caso da Escola Primária das Mahotas da Cidade de Maputo

Licenciatura em Administração e Gestão da Educação com Habilitações em Psicologia das


Organizações

Universidade Pedagógica
Maputo
2016
I

Dani Bruno José Duvane

Conselho de Escola Versus Gestão Democrática – Sua influência na tomada de decisão o


caso da Escola Primária das Mahotas da Cidade de Maputo

Monografia submetida a Faculdade de Ciências de


Educação e Psicologia, para a obtenção do grau de
Licenciatura em Administração e Gestão Escolar

Supervisora:
Mestre: OrnilaVerol Sande

Universidade Pedagógica
Maputo
2016
II

Índice

Lista de Abreviaturas e Siglas ........................................................................................................v

Lista de Gráficos ...........................................................................................................................vi

Lista de Quadros .........................................................................................................................viii

Declaração......................................................................................................................................ix

Dedicatória…..................................................................................................................................x

Agradecimentos.............................................................................................................................xi

Epigrafe..........................................................................................................................................xii

Resumo.........................................................................................................................................xiii

CAPÍTULO I

1.1Introdução ..................................................................................................................................1

1.2 Delimitação do campo de estudo .............................................................................................3

1.3 Problema e objecto de estudo ..................................................................................................4

1.4Justificativa ...............................................................................................................................6

1.5Objectivos .................................................................................................................................7

1.6Questões de Pesquisa .................................................................................................................7

CAPÍTULO II

2.1 ENQUADRAMENTO TEÓRICO-CONCEPTUAL................................................................8

2.1.1 Revisão de Literatura ........................................................................................................... 8

2.1.2 Definição de Conceitos .........................................................................................................8


III

2.2. PerspectivaTeórica .................................................................................................................19

CAPÍTULO III

3.1 METODOLOGIA DE
PESQUISA .........................................................................................22

3.1.1 Tipo de Pesquisa...................................................................................................................22

3.1.2 Métodos deprocedimento ....................................................................................................23

3.1.3 População e Amostra ..........................................................................................................23

3.1.4 Instrumentos de recolha de dados .......................................................................................24

3.1.5 Validação dos instrumentos de recolha de dados ...............................................................26

3.1.6 Procedimentos de recolha de dados .....................................................................................26

3.1.7 Procedimento de analise de dados ......................................................................................27

3.1.8 Questões éticas ...................................................................................................................27

CAPÍTULO IV

4.1 APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS....................................28

4.1.1 Oque dizem os membros do Conselho de Escola: inquéritos por questionário…………....28

4.1.1.2 Apresentação, analise e interpretação dos dados de inquéritos por questionário .............28

4.1.2Percepçãoque os membros do C.E. tem sobre a gestão democrática ....................................31

4.1.3 Funcionamento do CE...........................................................................................................34

4.1.4 Processo de tomada de decisão ............................................................................................38

4.1.5Apresentação, analise e interpretação de dados do inquérito por entrevista..........................43


4.1.5.1O que diz o director: inquérito por entrevista.....................................................................43

5. Considerações finais………………………..............................................................................46

5.1 Considerações Finais...............................................................................................................46

5.2 Sugestões ..............................................................................................................................49


IV

5.3.Limitações…............................................................................................................................50

Bibiografia…….............................................................................................................................51

Apêndice I: Questionário remetido aos membros do Conselho de Escola.......................................i


ApêndiceII:Guião de Entrevista ao director da Escola....................................................................ii
Apêndice III: Guião de observação das reuniões do Conselho de Escola na EPC das Mahotas... iii
Apêndice IV: Guião de análise de conteúdos das actas da reunião do Conselho de Escola na EPC
das Mahotas ……………………………………………………………………………………...iv
V

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AA. - VV AutoresVários

CE - Conselho de Escola

CFR - Confrontar ou conferir

CLEC - Comissão de Ligação Escola-Comunidade

EPC - Escola Primária Completa

FACEP - Faculdade de Ciências de Educação e Psicologia

HIV - Vírus de Imunodeficiência Humana

Ibidem- Mesma Obra, mesma página imediatamente citada

Idem - Mesma Obra já citada

IES - Instituições de Ensino Superior

MEC - Ministério da Educação e Cultura

MINED - Ministério da Educação

MINEDH- Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano

PEA - Processo de Ensino Aprendizagem

PEEC - Plano Estratégico da Educação e Cultura

PNE – Política Nacional da Educação

REGEB - Regulamento Geral do Ensino Básico

S/d - Sem data

SIDA - Sindroma de Imunodeficiência Adquirida

ZIP - Zona de Influência Pedagógica


VI

Lista de Gráficos

Gráfico 1: A gestão democrática é participação da comunidade, dos pais e encarregados de


educação.........................................................................................................................................31

Gráfico2:A gestão democrática exige transparência, impessoalidade e moralidade ....................32

Gráfico 3:A gestão democrática melhora o PEA...........................................................................32

Gráfico 4:A gestão democrática favorece a integração dos membros do CE na tomada de


decisão................................................................................................................………................33

Gráfico 5:A gestão democrática favorece a integração dos membros do CE na tomada de


decisão........................................................................................................................................... 33

Gráfico 6:O funcionamento do CE é de agrado de todos os membros do CE .............................34

Gráfico 7: O CE funciona com muitas dificuldades, pois há obstáculos que dificultam o seu
funcionamento…........................................................................................................................... 35

Gráfico 8: Os membros do CE são envolvidos nas actividades da escola.....................................35

Gráfico 9: As actividades do CE contribuem para a melhoria da qualidade do ensino.................36

Gráfico 10:O CE analisa os documentos normativos da escola ..................................................37

Gráfico 11: O CE elabora o seu plano anual das actividades ......................................................38

Gráfico 12: O CE participa de forma efectiva na gestão dos recursos financeiros da escola ......38

Gráfico 13: Durante a reunião do CE a tomada de decisão é feita por todos os membros ...........39

Gráfico 14: Todas as decisões tomadas no CE são implementadas na escola.............................. 40

Gráfico 15: Em última instância a decisão sobre a alocação dos fundos para a escola cabe ao
CE..................................................................................................................................................41

Gráfico 16: O CE tem intervindo de modo a influenciar na tomada de decisão sobre a alocação
de recursos materiais, humanos e financeiros................................................................................42
VII

Gráfico 17: O CE decide na escolha dos projectos a serem implementados na escola.................42


VIII

Lista de Quadros

Quadro 1:Idade dos membros do C.E. inquiridos......................................................................... 29

Quadro 2: Nível académico dos membros do CE inquiridos ……………………………………29

Quadro 3: Grupo que os membros inquiridos do CErepresentam.................................................30


IX

DECLARAÇÃO DE HONRA

Declaro por minha honra que a presente Monografia Cientifica intitulada: Conselho de Escola
Versus GestãoDemocrática - Sua influência na tomada de decisão: o caso da Escola Primária
Completa das Mahotasda Cidade de Maputo, é resultado da minha investigação pessoal e das
orientações da minha supervisora, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão
devidamente mencionadas no texto e nas referênciasbibliográficas.

Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma instituição para obtenção de
qualquer grau académico.

Maputo, de 2016

______________________________

Dani Bruno José Duvane


X

DEDICATÓRIA

À minha mãe Ester Cecília Duvane (in memória), por ter memostrado o caminho da escola e por
todo amor que me deu quando esteve em vida durante os meus primeiros onze (11) anos de vida.

Ao meu tio Fernando Daniel Uamusse (in memória), pelas lições de vida que foi me dando
quando se fazia presente entre nós.

Ao meu tio Armando Pedro Novela (in memória), pelo carinho e atenção que sempre teve por
mim.

À minha avó Celeste Daniel Uamusse, que tem sido mãe, pai e avó desde que me conheço por
gente.

Ao meu filho Herman Bruno Duvane, para que cresça sabendo que a maior riqueza na vida é a
sabedoria.
XI

AGRADECIMENTOS

Endereço os meus sinceros agradecimentos a minha supervisora, Mestre Ornila Verol Sande,
pela disponibilidade, interesse, dedicação, orientações e inúmerascorreções do conteúdo durante
o longo percurso da elaboração deste trabalho.

O meu kanimambo estende-se de igual modo a todos os docentes da Faculdade de Ciências de


Educação e Psicologia pelos ensinamentos, paciência e lições transmitidas nas aulas, sem as
quais não seria possível o desenvolvimento de uma pesquisa em Administração e Gestão da
Educação.

Aos membros do Conselho de Escola da Escola Primária Completadas Mahotas da Cidade de


Maputo, ao Director da Escola. Vai o meu inkomo.

Expresso o meu profundo agradecimento a toda minha família, em especial a minha avó Celeste
Daniel Uamusse pelo apoio incondicional durante toda a minha formação, ao meu amado avô
Amós Duvane que sempre incentivou a trilhar pelo caminho estudantil, aos meus tios Inácio
Paulo Uamusse, Maria Gabriela Langa, Abílio Daniel Uamusse, Laura Mandlate, Alda Duvane,
pelo carinho que sempre tiveram por mim.

Digo na khensa aos meus padrinhos Rindau Massinga e Manuel Mahumane pela força que
sempre me deram, aos meus primos Rosalina, Alice, Pai, Gugú, Tininha, Cecília, Zanana, Vany,
Carla, Larson, André, Macho, Danito I, Danito II e Stélia, pelo carinho e respeito.

O meu grande e forte obrigado vai para os meus irmãos/amigos, António Mabui, Artur Matsinhe,
Bernardino Bila, Álvaro Fumo, Adriano Tuzine, Baptista Chaguala, Amade Uagir, João de Brito,
Velemo Massingue, Abdul Carimo, Casimiro Tuzine, Hermínio Machaeie, Emílio Muianga,
Gabriel Carlos, Aniceto Chaúque, Zé Tomas, RiberyeEbué.

Agradeço aos meus colegas de grupo que além de companheiros de trincheira no curso tornaram-
se meus grandes amigos: Ercído Mapulo, Osvaldo Mavie, Cádia Joaquina, Florinda Chinguvo,
Teresa Moreira, Elton Gimo, Dércio Macamo, Francisco Langa, Lucílio Fábio, Edmiro Victor,
Sunde Ricardo, Abel Fernandes, Mouzinho e a toda turma de AGE 2012.

A ti Ana Génia, tua força e motivação foram importantes durante este percurso.
XII

EPÍGRAFE

"A escola não é apenas um local de transmissão de saberes, é sobretudo um lugar de


aprendizagem e convivência social onde a valorização do indivíduo constitui o ponto fulcral da
sua participação na vida da escola".

Jonh Dewey
XIII

RESUMO
A presente pesquisa enquadra-se no âmbito da Licenciatura em Administração e Gestão de Educação,
com Habilitações em Psicologia das Organizações da Faculdade de Ciências de Educação e Psicologia da
Universidade Pedagógica. O estudo analisou o Conselho de Escola como instrumento de Gestão
Democrática e a sua influência na tomada de decisão. Uma questão central orientou o decurso da
pesquisa: até que ponto o Conselho de Escola, enquanto instrumento de gestão democrática, influencia na
tomada de decisão na Escola Primária Completa das Mahotas?
Os dados da pesquisa tratados no Microsoft Office Excel (inquéritos por questionário) e outros submetidos
a análise de conteúdo (inquérito por entrevista e análise das actas das reuniões do Conselho) revelaram
que a participação do Conselho de Escola no processo de tomada de decisão é feita de forma unilateral, na
medida em que a implementação das decisões tomadas no conselho não se efectivam, quando na verdade
o que confere mais sentido na gestão democrática é o envolvimento de todos os segmentos nas
actividades da escola e a efectiva partilha de poder de decisão com a direcção da escola, sobre o destino
da escola. No que diz respeito à percepção dos membros em relação à gestão democrática, podemos dizer
que os mesmos revelam que é a participação de todos os membros na tomada de decisão e nos destinos da
vida da escola.
Os resultados revelam também que, o conselho funciona com dificuldades, pois há ausência dos membros
nas reuniões e, por vezes funciona sem um plano anual das actividades.

Palavras-chave: Democracia, Tomada de decisão, Conselho de Escola e Gestão Democrática.


1

CAPITULO I:

1.1. Introdução

Este trabalho intitulado Conselho de Escola Versus Gestão Democrática – Sua influência na
tomada de decisão: o caso da Escola Primária Completa das Mahotas da Cidade de
Maputo, enquadra-se no rol de requisitos exigidos pela Faculdade de Ciências de Educação e
Psicologia da Universidade Pedagógica, para obtenção do grau de Licenciatura em
Administração e Gestão da Educação.
A sociedade moderna encontra-se marcada pelas profundas alterações decorrentes do acelerado
ritmo de mudança que tem ocorrido no mundo nas últimas décadas e que é visível nos mais
diversos domínios. A escola, como parte integrante da sociedade e sendo um elemento
estruturante da mesma, também é envolvida na dinâmica de mudança, tendo por isso que se
ajustar e acompanhar a evolução, tanto ao nível da componente pedagógica, bem como da
própria gestão.
Tendo em vista o constante crescimento dos processos de descentralização e democratização, a
participação da sociedade de forma organizada tem sido uma maneira de dar visibilidade às
necessidades da colectividade e resolver suas demandas (MOG, 2012:9). Sendo assim, no que se
refere a gestão democrática nas escolas moçambicanas, a actuação Conselho de Escola é de
extrema importância, pois se trata do órgão máximo da escola, cujas deliberações abrangem
assuntos administrativos, pedagógicos e financeiros.
A escola assume assim um papel central no mundo moderno, aprofundando e divulgando o
conhecimento, de forma a preparar as novas gerações para os desafios do presente e do futuro,
sendo determinante para o desenvolvimento económico, social e cultural de um país.
Políticas educativas adequadas permitem concretizar as estratégias que melhor respondem às
necessidades de escolarização e de educação de um povo. Como forma de implementar na escola
pública as grandes linhas de política educativa, o modelo de gestão escolar assume particular
relevo. Este deverá responder eficazmente aos diferentes desafios e objectivos que se colocam,
nomeadamente, de carácter pedagógico, patrimonial, administrativo e financeiro.

Deste modo, no período de 1975-1983, regista-se a massificação da educação baseada no


princípio “fazer da escola uma base para o povo tomar o poder” (MACHEL, 1979:4). Com base
em princípios Marxistas Leninista, a educação visava assegurar a formação de quadros para
2

garantir o desenvolvimento do País. A prioridade era a nação, e este princípio ganhou corpo com
a criação do Centro 8 de Março destinado à formação de professores do ensino secundário.

Com a publicação do Decreto-Lei nº 54/2003 de 28 de Maio emerge um novo instrumento de


gestão democrática na escola moçambicana que, para além de apresentar características e
especificidades próprias, contempla a existência de dois órgãos que assumem no referido modelo
um particular relevo, nomeadamente, um órgão de gestão unipessoal que é o director, bem como
o conselho de escola, sendo este último um órgão colegial de direcção estratégica, responsável
pela definição das linhas orientadoras da actividade do agrupamento, bem como por assegurar a
participação e representação da comunidade educativa na vida da escola. O conselho de escola
nessa visão pode ser considerado como espaço político-institucional que mostra as relações de
poder no âmbito da unidade escolar.

Como se verifica a existência do conselho de escola na gestão democrática no âmbito escolar


está prevista na lei e se faz presente nas escolas moçambicanas, isto confere um sentido de
pertença aos outros membros da comunidade em relação a escola.

Segundo WERLE (2003) citado por LUIZ & CONTI (p.2), o Conselho de Escola relaciona-se
com os princípios da igualdade, da liberdade e do pluralismo devido à sua composição por
diferentes segmentos da comunidade escolar em regime de paridade, assegurando o direito de
manifestação de diversos pontos de vista e de diferentes opiniões.

Nessa perspectiva, deve-se permitir que a sociedade exerça seu direito à informação e à
participação, deve também fazer parte dos objectivos de um governo que se comprometa com a
solidificação da democracia. Para tanto, a gestão da educação precisa, fundamentalmente,
promover a participação da sociedade no processo de formulação e avaliação da política de
educação e na fiscalização de sua execução, por meio de mecanismos institucionais. Esta
presença da sociedade materializa-se através da incorporação de categorias e grupos sociais
envolvidos directa ou indirectamente no processo educativo, e que, normalmente, estão excluídos
das decisões (pais, alunos, funcionários, professores), ou seja, significa tirar dos governantes e
dos técnicos da área o monopólio de determinar os rumos da educação.

Neste estudo analisa-se a actuação do Conselho de Escola como instrumento de gestão


democrática e sua influência no processo de tomada de decisão, concretamente na EPC das
3

Mahotas, tendo em conta que, devido ao processo de descentralização e democratização, os


sectores organizados da sociedade se constituem numa forma de representação popular
legitimada, sendo um canal de expressão das demandas da sociedade.

Com efeito, a principal tese que se procura defender neste trabalho sustenta a ideia de que é
preciso não acabar com a gestão da direcção da escola, mas permitir que a comunidade e outros
intervenientes do Processo de Ensino-Aprendizagem com os quais articula, tenham uma
participação mais activa nos processos de planificação, organização, avaliação e sobretudo nos
mecanismos de tomada de decisão para que se tenha, de facto, uma gestão democrática, o que os
libertaria das decisões tomadas a nível da direcção da escola.
O trabalho está dividido em quatro (4) capítulos. O primeiro capítulo corresponde a presente
introdução onde está inserida: a justificativa do tema, o problema de pesquisa, os objectivos bem
como as questões de investigação. No segundo capítulo faz-se o enquadramento teórico-
conceptual, onde há definição e discussão dos conceitos-chave em diferentes perspectivas dos
autores que versam sobre a matéria em estudo. Enquanto o terceiro capítulo debruça-se, sobre a
metodologia de pesquisa. O quarto capítulo faz apresentação e análise dos dados, bem com a
discussão dos mesmos, no finaltrazemos as últimasconsiderações, sugestões, limitações,as
referências bibliográficas, os apêndices e os anexos.

1.2. Delimitação do campo de estudo

A Escola Primária Completa das Mahotas localiza-se a Sul do Distrito Municipal Ka Mavota no
Bairro Ferroviário das Mahotas, é limitado a Norte com o Bairro de Laulane, através da rua da
Beira, a sul pelo Distrito Municipal de Ka Maxaquene atravessando o Bairro Polana Caniço "B",
a Este com o Bairro Costa do Sol e Oeste com o Bairro das FPLM, Mavalane "B" e Hulene "A",
respectivamente, onde é limitado pela Avenida Julius Nyerere.
O Bairro Ferroviário tem uma extensão territorial de 3.135 metros quadrados, e uma divisão
administrativa de 180 quarteirões com uma população estimada em 50.453 habitantes dos quais
24.436 são do sexo masculino e 20.017 femininos, albergados em 9.628 casas de acordo com o
ultimo censo populacional realizado em 2007. A Escola Primária das Mahotas é única instituição
pública do ensino Primário no Bairro.
4

Esta Escola iniciou as suas actividades no ano de 1924 com apenas 6 salas de aulas e uma
residência para o Director da Escola. A Escola foi construída para servir a minoria branca
residente no bairro europeu e funcionários dos Caminhos de Ferro.
O aumento dos assimilados na década de 1970 mostrou que o número de salas de aulas não era
suficiente, tendo sido projectadas mais 10 salas anexas no novo edifício. Mais tarde o bairro
passou a ser chamado Ferroviário das Mahotas, isso influenciou na mudança do nome da escola,
primeiro para Escola Primária das Mahotas e depois para Escola Primária Completa das
Mahotas.
Depois do ano 2000 a escola foi observando aumento de salas de aulas fruto da contribuição dos
pais e encarregados de educação, contando nessa altura com 26 salas, sendo 5 do edifício velho e
21 do edifício novo.
Em 2016 a escola passou a funcionar apenas no edifício novo com apenas 21 salas de aulas,
leccionando o nível primário completo no curso diurno e o nível secundário do I ciclo no curso
nocturno. No ano de 2016 foram matriculados na escola 5374 alunos, sendo 4399 do ensino
primário e 975 do ensino secundário dos quais 147 homens e 103 mulheres.
Em termos de pessoal a Escola é composta por 57 professores do ensino primário e 21
professores do ensino secundário, com qualificações académicas que variam do nível básico até a
Licenciatura e cerca e 16 funcionários não docente, dos quais 4 são pagos pelos fundos da escola.

1.3. Problema de Pesquisa


Em Moçambique o envolvimento da comunidade externa nas escolas verifica-se após o período
pós-independência quando as primeiras experiências de envolvimento dos pais e encarregados de
educação começam a se fazer sentir através das comissões de pais e de ligação Escola-
Comunidade (CLEC).
A Lei nº 6/92, de 6 de Maio, reforça este envolvimento, preconizando a participação de outras
entidades, incluindo comunitárias, na gestão do processo educativo e incentivando uma maior
ligação entre a comunidade e a escola.

No que se refere a legislação os conselhos de escola nascem desta necessidade de abertura da


escola às comunidades locais através do Diploma Ministerial nº 54/2003, de 28 de Maio, que, no
contexto da descentralização administrativa, procura criar maior flexibilidade nos processos de
tomada de decisão através duma gestão democrática.
5

A importância do Conselho de Escola é explicada de diversas maneiras pelos inúmeros


documentos normativos1 do campo educacional. A título de exemplo no Manual de Apoio ao
Conselho de Escola (MEC, 2005b) encontra-se patente o papel do Conselho de Escola nas
seguintes palavras: o Conselho de Escola tem por objectivo ajustar as directrizes e metas
estabelecidas a nível central e local à realidade da escola e garantir a gestão democrática,
solidária e co-responsável, ou seja, as várias orientações que partem do Ministério da Educação e
chegam à escola através da direcção provincial, distrital e zona de influência pedagógica (ZIP),
devem ser ajustadas à realidade da escola através do Conselho.

Ademais na agenda do professor, (MINED, 2012:80), afirma que a principal tarefa do conselho
de escola é melhorar a qualidade de ensino, utilizando todas as forças e toda a capacidade
existente ao nível da comunidade.

No Manual de Apoio ao Conselho de Escola Primária, o MINEDH (2015:9) institui o Conselho


de Escola como órgão máximo de consulta, monitoria e de fiscalização do estabelecimento de
ensino, ele funciona na escola em coordenação com os respectivos órgãos.
Por seu turno no Plano Estratégico da Educação e Cultura (PEEC) 2006 – 2011 está patente a
importância do conselho de escola na gestão da mesma, onde destaca-se a necessidade da
capacitação dos membros do conselho de escola no que tange ao funcionamento e gestão escolar.
A quando das visitas realizadas à Escola em estudo, pareceu-nos haver um certo grau de inércia
por parte do Conselho de Escola, tendo em conta que o líder é um membro da comunidade. Esta
situação faz com que o Director da escola tenha mais o poder de decisão.
O nosso estudo exploratório revelou igualmente que a escola funciona tendo em conta uma
estrutura vertical, com o director no topo da estrutura hierárquica e os outros em escalões
inferiores2, inclusive o CE, contrariando deste modo o REGEB, que coloca o CE como órgão
máximo da escola.
Não obstante, o CE constituir um mecanismo que abre espaço para uma maior aproximação e
partilha de poder entre a direcção da escola e a comunidade escolar, há necessidades de prestar
atenção sobre a forma como a comunidade escolar é envolvida na tomada de decisão. Nesse
sentido, diante do que foi exposto no enunciado problema, surge a grande inquietação que nos
1
Por documentos normativos referimo-nos aos documentos elaborados pelo Ministério da educação sobre a
importância do Conselho de Escola.
2
Vide o anexo dois (2)
6

leva a enveredar para este estudo:Até que ponto o CE, enquanto instrumento de gestão
democrática, influencia na tomada de decisão na Escola Primária Completa das Mahotas?

1.4. Justificativa da pesquisa


Os mecanismos e instrumentos do envolvimento da comunidade na vida da escola vêm sendo
discutidos arduamente logo após a independência em Moçambique. Essas discussões gravitam
em torno do papel de diversosectores do processo de ensino - aprendizagem, principalmente da
comunidade e dos pais e encarregados de educação, no que se refere a gestão da escola e o seu
impacto pode advir da sua participação na tomada de decisões.
Sendo o CE um instrumento de gestão democrática é de extrema importância analisá-lo de modo
a perceber a dinâmica do seu funcionamento assim como as formas de tomada de decisão neste
órgão considerado máximo na escola.
A partir dos resultados e subsídios adicionais da investigação, aproveitar-se-á para dar melhor
esclarecimento sobre o papel do conselho de escola no contexto da gestão democrática e sua
influência na tomada de decisões nas EPC das Mahotas da Cidade de Maputo, assim como vem
crescer o conjunto de estudos nacionais sobre conselho de escola como instrumento de gestão
democrática.
A presente pesquisa justifica-se também pela necessidade de contribuir na gestão de qualidade da
escola e no processo de ensino-aprendizagem, e por se entender que a parceria entre a
comunidade e a escola é de suma importância para o sucesso no desenvolvimento intelectual,
moral e na formação do indivíduo.
A escolha da Escola EPC das Mahotas como horizonte espacial a ter em conta na efectivação
desta pesquisa está relacionada ao facto de ser um lugar de fácil acesso ao autor, podendo desta
forma implicar menos custos financeiros na recolha de dados que sejam relevantes para o estudo.

1.5. Objectivos
 Geral
Analisar o Conselho de Escola, enquanto instrumento de Gestão Democrática e sua influência na
tomada de decisões na EPC das Mahotas da Cidade de Maputo.
 Específicos
I. Descrever o funcionamento do Conselho da EPC das Mahotas da Cidade de Maputo;
7

II. Compreender a percepção que os membros do Conselho da EPC das Mahotas da


Cidade de Maputo;
III. Verificar de que maneira o CE influencia na tomada de decisões da na EPC das
Mahotas da Cidade de Maputo;

1.6. Questões de pesquisa


Para dar resposta a esses objectivos foram seleccionadas as seguintes perguntas de pesquisa:
1. Qual é a percepção que os membros do Conselho de Escola da EPC das Mahotas da
Cidade de Maputo têm sobre a gestão democrática?
2. Como é que funciona o Conselho de Escola da EPC das Mahotas da Cidade de Maputo?
3. Como o Conselho de Escola da EPC das Mahotas da Cidade de Maputo influencia na
tomada de decisões?
8

CAPITULO II:
2.1.ENQUADRAMENTO TEÓRICO-CONCEPTUAL
2.1.1. Revisão de Literatura
Este capítulo analisa o material escrito em relação a matéria em estudo, de modo a limar algumas
lacunas e estabelecer nexos entre conhecimentos existentes (BOAVENTURA citando CALDAS,
2009:46).
2.1.2.Definição de Conceitos
De acordo com a abordagem que se pretende neste trabalho, os conceitos Conselho, Escola,
Democracia eGestão Democrática são referenciados com maior frequência.

Origem dos Conselhos de Escola


A origem dos Conselhos de Escola se perde no tempo e se confunde com a história da Política e
da democracia. A institucionalização da vida humana gregária, desde seus primórdios, foi sendo
estabelecida por meio de mecanismos de deliberação colectiva, (BRASIL, 2004:15).
Os registos históricos apontam que já existiam, há aproximadamente três milénios, no povo
hebreu, nos clãs visigodos e nas cidades-estado do mundo greco-romano, conselhos como formas
primitivas e originais de gestão dos grupos sociais.
Os conselhos de anciãos das comunidades primitivas, que se fundavam no princípio da sabedoria
e do respeito advindos da virtude, foram sendo gradualmente substituídos, nos Estados-
nacionais, por conselhos de beneméritos, ou notáveis, assumindo carácter tecnocrático de
assessoria especializada no núcleo de poder dos governos, (BRASIL, 2004: 16).
O critério de escolha dos mais sábios, dos melhores, dos homens bons que fluía do respeito, da
liderança na comunidade local, passa, gradualmente, a ser substituído pelo poder de influência,
seja intelectual, económico ou militar.
Foi com Comuna de Paris, em 1871 que gestão da comunidade local por meio de um conselho,
constituído como representação da vontade popular, viria a encontrar sua expressão mais radical.
Embora com duração de apenas dois meses, viria a constituir-se na mais marcante experiência de
autogestão de uma comunidade urbana, perpetuando-se como um símbolo.
(BOBBIO et al, 1991) citado BRASIL (2004:23) destaca as experiências dos conselhos de
operários, seja na forma de conselhos de fábrica ou de conselhos dos delegados dos operários
com uma dimensão de representatividade comunitária.
9

Os conselhos populares exerciam a democracia directa e/ou representativa como estratégia para
resolver as tensões e conflitos resultantes dos diferentes interesses e, ao contrário dos conselhos
de notáveis das cortes, eram a voz das classes que constituam as comunidades locais, seja nas
cidades-Estado greco-romanas, nas comunas italianas e de Paris, ou na fábrica da era industrial
(BRASIL, 2004: 17).
No campo da Educação o termo Conselho de Escola surge a partir das experiências dos
conselhos de fábricas trazidos por Gramsci na entrada do século XX.
O mesmo autor citado por LUIZ & CONTI (s/d),afirma que os Conselhos de Escola reaparecem
na década de 1980 em dois ângulos: primeiro com o governo, sob ponto de vista de políticas
democráticas e participativas, segundo com os movimentos sociais da sociedade civil, sob ponto
de vista ponto de vista de organização de um poder autónomo.

Conselho
Segundo o significado etimológico da palavra, conselho se origina do latim Consilium, provém
do verbo consulo, que significa tanto ouvir alguém, quanto submeter algo a uma deliberação de
alguém, após uma ponderação reflectida, de poder e do bom senso (CORREIA, FERREIRA &
MARQUES s/d: 2).
“Obviamente a recíproca audição se compõe com o ver e ser visto e, assim sendo, quando um
conselho participa dos destinos de uma sociedade ou de partes destes, o próprio verbo consulere
já contém um princípio de publicidade” (CURY, 2001:144) citado por CORREIA et al. (s/d).
De acordo com ABRANCHES (2003) citado SILVA & NETO (2007:18), o conselho pode ser
caracterizado como um órgão de decisões colectivas, capaz de superar a prática do
individualismo e do grupismo.
Para o DICIONÁRIO MODERNO DE LÍNGUA PORTUGUESA (s/d), conselho é um corpo
consultivo junto a uma repartição de Administração pública, (p.389).Em CORREIA et al (s/d)
citando CURY (2001:44), " Essa tarefa, ou seja, a tarefa dos conselhos não é só dos membros da
escola, mas dos Conselhos, ou seja, de um modo geral é necessária e indispensável já que os
países colonizados surgem dum encontro com pouco diálogo entre colonizador e colonizado".
Na nossa óptica, um conselho é um grupo de pessoas que se reúne, com intuito de aconselhar,
fazer entender, deliberar sobre um determinado assunto, num sentido amplo ou restrito.
10

Para a presente pesquisa, conselho é um órgão de deliberação colectiva na estrutura de gestão de


sistemas de ensino.

Escola
" Etimologicamente o termo escola provém do grego "scholé", cujo significado é lugar de ócio,
espaço em que os homens livres se juntavam para pensarem e reflectirem "(GONSALVES,
2000:152)·
“A Escola é um estabelecimento, lugar onde se ensina alguma arte ou ciência “AA. VV (1996:
945).
ʺAs funções individuais da escola são, entre outras, promover o desenvolvimento integral da
personalidade, levando o sujeito a uma plenitude humana; adapta-lo à uma vida; enriquece-lo
com conhecimentos, habilidades e bons costumes; eleva-lo de uma condição puramente natural à
esfera da cultura, etc. ʺCABANAS (1989:16) citado por DIOGO (2010:10)

Na concepção de LUCK (2009:20), a escola é"uma organização social constituída pela sociedade
para cultivar e transmitir valores sociais elevados e contribuir para a formação de seus alunos,
mediante experiências de aprendizagem e ambiente educacional condizentes com os
fundamentos, princípios e objectivos da educação.
"A escola, enquanto organização social, é parte constituinte e constitutiva da sociedade na qual
está inserida. Assim, estando a sociedade organizada sob o modo de produção capitalista, a
escola enquanto instância dessa sociedade, contribui tanto para manutenção desse modo de
produção, como também para sua superação, tendo em vista que é constituída por relações
contraditórias e conflituosas estabelecidas entre grupos antagónicos" (DOURADO, 2006:26).
A escola, e o sistema educativo em seu conjunto, podem ser considerados como uma instância de
mediação cultural entre os significados, sentimentos e condutas da comunidade social e o
desenvolvimento humano das novas gerações GOMES (2002:17) citado por LIBANEO
(2013:33).

De acordo com GOMEZ (2006) citado por LOBO & GINJA (2011:14), a escola foi concebida
não só para reproduzir o processo de socialização das novas gerações, como também para
contribuir para a mudança social. Neste processo a escola não está sozinha, pois interage com
outras instituições sociais como a família, os meios de comunicação social as instituições
religiosas.
11

No nosso trabalho, a palavra escola é entendida como instituição de ensino, local onde ocorrem
as experiências de socialização e da dinâmica das relações interpessoais, ou seja, local onde se
realiza o PEA.

Gestão escolar
A palavra gestão ʺ tem sua origem do latim “gestio”, que quer dizer “ato de administrar, de
gerenciar”, ou seja, a acção de gerir determinado órgão ou instituição tem como incumbência
geral a administração, sendo que esta última se dá em diversos aspectos ʺ (MESQUITA, s/d:7).
Para SANTOS (2008: 27), gestão pode ser entendida como processo, levado a cabo por uma ou
mais pessoas, de coordenação das actividades de transformação de inputs em outputs, como
objectivo de atingir determinados resultados.
De acordo com REED (1989: 32) citado por BILHIM (2008:26) a gestão pode ser vista sob três
perspectivas diferentes: técnica, política e crítica3.
Na perspectiva técnica a gestão é um instrumento racionalmente concebido para a realização de
objectivos instrumentais.
Na perspectiva política, a gestão surge como um processo social de negociação, para a regulação
do conflito de grupos de interesse, num meio envolvente caracterizado por incertezas
consideráveis acerca de critérios de avaliação do desempenho organizacional.
Na perspectiva crítica, a gestão surge como um mecanismo de controlo destinado à extracção
máxima de mais-valias, que funciona para a satisfação dos imperativos económicos impostos
pelo modo de produção capitalista para difundir o quadro ideológico que permite obscurecer
estas realidades estruturais.
Pode-se assumir que, gestão é uma expressão que ganhou corpo no contexto educacional,
acompanhando uma mudança de paradigma no encaminhamento das questões desta área. Em
linhas gerais, é caracterizada pelo reconhecimento da importância da participação consciente e
esclarecida das pessoas nas decisões sobre a orientação e planeamento do seu trabalho (LUCK
etal, 2005) citada CUCO & RASMI (s/d).
A gestão escolar é vista por LÜCK (2009: 24) como um acto de gerir a dinâmica cultural da
escola, afinado com as directrizes e políticas educacionais públicas para a implementação de seu

3
Para Reed (1989:32) citado por Bilhim (2008:26), a ideia que os especialistas e os práticos têm em relação a gestão
não é a mesma.
12

projecto político-pedagógico e comprometido com os princípios da democracia e com os


métodos que organizem e criem condições para um ambiente educacional autónomo (soluções
próprias, no âmbito de suas competências), de participação e compartilhamento (tomada de
decisões conjunta e efectivação de resultados) e autocontrole (acompanhamento e avaliação com
retorno de informações).
MESQUITA (s/d) afirma que gestão escolar é a maneira pela qual as instituições de educação
são coordenadas e organizadas, tendo em vista as possibilidades de melhor conduzir os processos
educativos (p.7).
A gestão escolar é o meio pelo qual as instituições educacionais são conduzidas e organizadas,
tendo em vista os factores económicos, políticos, estruturais, pedagógicos, sociais, dentre outros.
É a partir das acções da gestão que a escola toma posse de seus métodos e perspectivas para o
desenvolvimento dos processos educativos.
De acordo com CUCO & RASMI (s/d) as vertentes da gestão escolar são: gestão pedagógica,
gestão administrativa (recursos humanos, recursos materiais e recursos financeiros), e gestão de
espaços.
Na tentativa de desenvolver uma classificação efectiva do tipo de gestão praticado nas escolas
moçambicanas, pode-se ganhar sustento em FERNANDES & MULLER (2006:130) que
afirmam existir três áreas de classificação do tipo de gestão escolar, que funcionam interligadas.
São elas as seguintes:
 Gestão pedagógica – que gere a área educativa, estabelecendo princípios gerais e
específicos para o ensino, avalia o desempenho dos alunos, do corpo docente e da equipa
escolar como um todo;
 Gestão de recursos humanos – que corresponde à gestão do pessoal, alunos, equipe
escolar e comunidade com vista a mantê-los trabalhando satisfeitos, rendendo o máximo
em suas actividades;
 Gestão administrativa – que cuida da parte física das instalações e da parte institucional.

Democracia
O termo democracia deriva do grego demokratia, onde demos=povo e kratos=governar e que
relaciona-se com o povo no poder.
13

ABUYA (2002:316) citada por MAZULA (2002:20), relembra o significado da democracia na


sua origem grega, como" governo do povo", traduzindo-se na prática, como liberdade de
expressão (isogonia), igualdade perante a lei (isonomia), e respeito igual a todos os homens
(isotomia).

Na dimensão mais universal a democracia passou a ser percebida como governo da maioria
baseada nos princípios de igualdade, justiça social, liberdade, tolerância e equidade.4

Para LUCK (2009:71), "a democracia envolve a consciência de construção do conjunto da


unidade social e de seu processo como um todo, pela acçãocolectiva". Dessa forma, democracia
pressupõe participação igualitária do povo nas decisões quanto à sua vida.
Desta forma, identificamos que a democracia é um ideal em construção, é um processo em
aberto. Trata-se de algo em permanente busca, através dos debates das classes sociais na
ocupação da esfera pública, não sendo jamais um produto acabado e concluído de organização de
uma sociedade. Sendo “assim, nesta possibilidade de construção do novo, a democracia implica
“indeterminação”: a “indeterminação democrática”.
LUCHMANN (2007:3), afirma que existem dois modelos de democracia, a democracia
representativa e a democracia participativa.
"No modelo de democracia representativa as decisões políticas são derivadas das
instâncias formadas por representantes escolhidos por sufrágio universal, que decidem
em nome daqueles que os elegeram, por sua vez o modelo da democracia participativa,
baseia-se na ideia de que compete aos cidadãos, no seu conjunto todo, definir e autorizar
as decisões políticas" (LUCHMANN, 2007:3).
Tal como o modelo da democracia representativa, o modelo de democracia participativa também
possui limitações, como a impossibilidade de todos os cidadãos participarem de forma directa na
governação.
Em relação a esse assunto GONSALVES (2009:11) parafraseando BOAVENTURA DE SOUSA
SANTOS, é apologista a simbiose entre os dois modelos de democracia como forma mais
apropriada de reactivar a ligação aprofundada que deve ser estabelecida entre os governantes e os
governados.
Assim, democracia, não deve ser vista apenas em sua conotação etimológica de “governo do
povo”, ou em sua versão formal de “vontade da maioria”, mas sim “em seu significado mais

4
Idem
14

amplo e actual de mediação para a construção da liberdade e da convivência social, que inclui
todos os meios e esforços que se utilizam para concretizar o entendimento entre grupos e
pessoas, a partir de valores construídos historicamente” (ASSIS: 2007)
Conforme BOBBIO (1989):
A democracia é, portanto, dinâmica e está em constante aperfeiçoamento. Assim, o estado
democrático de direito tem como fundamento o princípio da soberania popular, que impõe a
participação efectiva e operante do povo na coisa pública. Seu objectivo é superar as
desigualdades sociais e regionais e instaurar um regime democrático que realize a justiça social.
Nestaóptica, a democracia está sempre ligada na participação do cidadão, tomada de decisões,
construção da liberdade, da convivência social e da garantia de direitos para todos os cidadãos.

Gestão Democrática da Educação


De acordo com LUCK (2009:69), Escola democrática é aquela em que os seus participantes
estão colectivamente organizados e comprometidos com a promoção de educação de qualidade
para todos.
A gestão democrática é proposta como condição de: i) aproximação entre escola, pais e
comunidade na promoção de educação de qualidade; ii) estabelecimento do ambiente escolar
aberto e participativo onde os alunos possam experimentar os princípios da cidadania, seguindo o
exemplo dos adultos5.
A gestão democrática pode ser definida como sendo o processo em que se criam condições e se
estabelecem as orientações necessárias para que os membros de uma colectividade, não apenas
tomem parte, de forma regular e contínua, de suas decisões mais importantes, mas assumam os
compromissos necessários para a sua efectivação. Isso porque democracia pressupõe muito mais
que tomar decisões (LÜCK, SIQUEIRA, GIRLING & KEITH, 2008 citados por LUCK, 2009: 71).
É por isso importante que a comunidade educacional deve participar de forma activa no
crescimento da escola, desenvolvendo actividades como debates, reflexões, concursos que visem
competitividade entre os alunos assim como aos professores, de modo a melhorar a qualidade do
ensino.
LUCK (2008:18) afirma que a gestão democrática é uma forma regular e significante de
envolver os funcionários de uma organização no seu processo decisório, participando na
definição das metas, objectivos e na resolução de problemas. A gestão democrática é

5
Idem
15

fundamental para melhorar a qualidade do processo pedagógico escolar e aumentar o


profissionalismo dos professores.
Ainda sobre a abordagem democrática de gestão escolar, LUCK (2008:18) refere que esta requer
maior envolvimento de todos os interessados no processo decisório da escola, mobilizando-os, da
mesma forma, na realização das múltiplas acções de gestão.
Para a mesma autora, gestão democrática é ainda um meio através do qual todos os segmentos
que compõem o processo educativo participam da definição dos rumos que a escola deve
imprimir à educação e a maneira de implementar essas decisões num processo contínuo de
avaliação das suas acções.
DOURADO (2006:63), enfatiza que"os conselhos de escola instituídos nas escolas são espaços
de exercício da cidadania e valorização do sentimento de pertença, de acolhimento da pluralidade
das vozes da comunidade, da incorporação e de defesa dos direitos sociais, enfim um dos
instrumentos efectivos de participação e de tomada de decisões democráticas".
A participação compreende, ainda, a possibilidade de todos os segmentos internos da escola
decidirem os seus rumos, de forma colectiva. O que permite aliás, maior transparência da gestão
das acções promovidas pela escola.Ainda de acordo comDOURADO(2006:61)
parafraseandoFONSECA(1997:49), defende que"aescola não é democrática só por sua prática
administrativa. Torna-se democrática por suas acções pedagógicas e essencialmente educativas".
O mesmo autor, afirma ainda que a democracia pressupõe que haja convivência e diálogo entre
pessoas que pensam de modo diferente para que haja desenvolvimento. Nela é possível encontrar
diversidades e conflito de interesses na escola. Esse facto ocorre devido a participação da
comunidade escolar incluindo diferentes actores, como gestores da escola, professores, alunos,
funcionários, pais e encarregados de educação.
De acordo com CURY (2007) citado por PAULA (2011:16), há outra âncora constitucional que
fundamenta a gestão democrática. Trata-se da noção de Estado de Direito Democrático6,
expresso em nossa Constituição, no seu Preâmbulo e em seu artigo terceiro.
A actuação dos Conselhos de Escola deve permitir que diferentes sectores e sensibilidades da
sociedade possam contribuir e participar, de forma institucionalizada, na gestão da escola,
adoptando uma nova prática de gestão que priorize a dimensão participativa.

6
A República de Moçambique é um Estado de Direito, baseado no pluralismo de expressão, na organização política
democrática, no respeito e garantia dos direitos e liberdades fundamentais do Homem.
16

"Nesse sentido, o conselho de escola constitui um dos mais importantes mecanismos de


democratização da gestão de uma escola, pois quanto mais activa e ampla for a participação dos
membros do conselho escolar na vida da escola, maiores serão as possibilidades de
fortalecimento dos mecanismos de participação e de decisão colectivos" (DOURADO, 2006:63).

Princípios da Gestão Democrática


SANTOS (2011:16), a gestão democrática baseia-se em alguns princípios interligados para que a
participação ocorra de forma efectiva. Sobre esses princípios.LÜCK (2006) citada por SANTOS
(2011:16), comentaque: a democracia é vivência social comprometida com o colectivo, a
construção do conhecimento da realidade escolar é resultado da construção da realidade em si, a
participação como uma necessidade humana.
A este respeito, MONLEVADE (2005) citado por SANTOS (2011:16-17) enumera cinco
princípios para a construção legal e existencial da democracia na vida escolar:
 Ruptura com práticas autoritárias, hierárquicas e clientelísticas;
 Participação dos actores em decisões e na avaliação.
 Representação legítima dos segmentos.
 Baliza pelo Projecto – político-pedagógico da Escola.
Porem LIBANEO (2013:118-122), propõe os seguintes princípios com base na concepção de
gestão democrático-participativa:
 Autonomia das escolas e da comunidade educativa;
 Relação orgânica entre a direcção e a participação dos membros da equipa escolar;
 Envolvimento da comunidade no processo escolar;
 Planificação das tarefas;
 Formação continuada para o desenvolvimento pessoal e profissional dos integrantes da
comunidade escolar;
 Utilização de informações concretas e análise de cada problema em seus múltiplos
aspectos, com ampla democratização das informações;
 Avaliação compartilhada;
 Relações humanas produtivas e criativas assentadas na busca de objectivos comuns.
17

Constituição do Conselho de Escola

O processo de constituição do conselho de escola com base na representação por corpos (alunos,
professores, pais) aproxima-se de uma “democracia elitista” (ESTANQUE:2006) citado por
(IBRAIMO&MACHADO, s/d:6), baseada na representatividade do poder onde os eleitores
através do voto escolhem os seus representantes, isto é, as elites que irão exercer o poder ou, no
caso do conselho de escola, vão, pelo menos, estar mais próximos das estruturas de poder formal.
No Manual do Apoio ao Conselho de Escola Primária (MINEDH, 2015:9), afirma que o número
de membros que compõe o Conselho de Escola varia conforme o tipo de escola. Nas escolas do
tipo 1 o Conselho de Escola é constituído por até 21 elementos distribuídos da seguinte maneira:
a) Director da escola;
b) 3 Representantes dos professores;
c) 4 Representantes de alunos;
d) 1 Representante do pessoal técnico administrativo;
e) 8 Representantes dos pais/encarregados de educação;
f) 4 Representantes da comunidade.
De acordo com o mesmo manual, o Conselho de Escola das escolas do tipo 2, também é
constituído por 21 membros, que estão distribuídos de igual maneira, se encontram as escolas do
tipo 1
Constituído por ate 16 membros nas escolas do tipo 3, distribuídos da seguinte maneira:
a) Director;
b) 2 Representantes dos professores;
c) 3 Representantes dos alunos;
d) 1 Representante do pessoal técnico administrativo;
e) 6 Representantes de pais/encarregados de educação;
f) 3 Representantes da comunidade.
A participação destes na vida da escola é importante para garantir a gestão participativa e
transparente; o bom aproveitamento escolar; o bom desempenho do professor e a participação
activa dos pais/encarregados de educação no acompanhamento do desempenho dos seus
educandos e avaliação permanente da escola, (MINEDH, 2015:9).
18

Atribuições do Conselho de Escola


Segundo o Manual de Apoio ao Conselho de Escola Primária (MINEDH, 2015:20), O conselho
de escola tem as seguintes obrigações ou tarefas específicas:
a) Elaborar o seu plano anual de actividades;
b) Aprovar o plano de desenvolvimento (3 a 5 anos) e o anual da escola;
c) Aprovar o regulamento interno da Escola e garantir a sua implementação;
d) Aprovar os relatórios das comissões de trabalho;
e) Analisar, pronunciar-se e deliberar sobre a execução orçamental;
f) Analisar e pronunciar-se sobre o desempenho dos titulares de cargos de direcção;
g) Apreciar as reclamações e/ou problemas apresentados pela comunidade escolar sobre o
funcionamento da escola;
h) Analisar e pronunciar-se sobre os aspectos disciplinares e medidas a aplicar aos membros
da comunidade escolar;
i) Aprovar os funcionários e outros membros da comunidade escolar a serem distinguidos e
premiados; e
j) Apresentar à Assembleia Geral da Escola, no início de cada ano lectivo, o relatório de
actividades desenvolvidas no ano anterior

Funcionamento do Conselho de Escola


O conselho de escola reúne-se ordinariamente três vezes por ano, e extraordinariamente quando
necessário, nas instalações da respectiva escola, num espaço para o efeito dependendo das
condições existentes para discutir os seguintes assuntos: cumprimento do plano das actividades
da escola, desempenho dos órgãos de direcção da escola, desempenho do comportamento dos
professores desempenho/comportamento do pessoal administrativo, aproveitamento pedagógico
e comportamento dos alunos, e a utilização dos fundos destinados a escola, (MINEDH, 2015:25).
Para a realização das actividades, existem vários documentos que o Conselho de Escola devera
elaborar e utilizar para se comunicar com a comunidade escolar e outros órgãos e instituições, a
citar: a convocatória, carta formal, comunicado, acta de reunião, aviso e relatório, (MINEDH,
2015:26).
19

" Para além das reuniões ordinárias, cabe ao Conselho de Escola prestar apoio e fazer o
acompanhamento regular das diversas áreas concretas de actividade, no dia-a-dia da escola, que
exige envolvimento directo dos seus membros na comercialização, mobilização e organização da
comunidade para o apoio à execução das tarefas da escola "7.
De acordo com o Manual de Apoia ao Conselho de Escola Primária (MINEDH, 2015:27),
Para assegurar esse envolvimento quotidiano e garantir a execução dos programas
específicos, visando a integração família-escola-comunidade, o presidente do Conselho
deve orientar os membros do conselho para integrarem as várias Comissões de trabalho

em função das necessidades e atribuir-lhes responsabilidades concretas .

Deste modo o Conselho de Escola deve estrutura-se obrigatoriamente em 3 Comissões,


nomeadamente: comissão de finanças, património, produção e segurança escolar; comissão de
assuntos sociais e comissão de assuntos pedagógicos, (MINEDH, 2015:27).

Competências do presidente do Conselho de Escola


Em conformidade com o Manual se Apoio Ao Conselho de Escola Primária (MINEDH),
compete ao presidente de Conselho de Escola:
a) Coordenar as acções do Conselho de Escola com o director da Escola;
b) Convocar e presidir as reuniões do órgão;
c) Propor a agenda a ser seguida nas reuniões do órgão, ouvidos os membros;
d) Coordenar as actividades das comissões de trabalho entre as reuniões;
e) Representar o conselho de escola a nível interno e externo;
f) Prestar informação anual à Assembleia Geral da Escola.

2.2. Perspectiva Teórica


De modo a orientar os dados recolhidos no campo de estudo, nesta subsecção expomos as
abordagens de alguns pressupostos teóricos relativos a participação do conselho na gestão
democrática. A teoria da democracia participativa é que orienta a leitura dos dados recolhidos no
quadro da presente monografia.
Optou-se pela teoria da democracia participativa pelo facto de "entender que a democracia não se
limita à selecção de líderes políticos, mas supõe, igualmente, a participação dos cidadãos na
tomada de decisão" (CREMONESE, 2008:10).
7
Idem
20

A partir da teoria da democracia participativa, chega-se a explicação sobre a participação


efectiva da comunidade na tomada de decisões, e desta forma dá-se a resposta a pergunta de
partida do presente estudo.

Para CREMONESE (2008:12), os autores que defendem esta linha entendem que é preciso
democratizar todos os espaços em que interagem os indivíduos. Procuram levar a democracia à
vida quotidiana das pessoas nos mais diferentes âmbitos, tornando estas politicamente mais
responsáveis, activas e comprometidas, estimulando-as a construir um maior grau de consciência
em relação aos interesses dos grupos.

Os participacionistas buscam multiplicar as práticas democráticas, institucionalizando-as dentro


de uma maior diversidade de relações sociais, dentro de novos âmbitos e contextos: instituições
educativas e culturais, serviços de saúde, agências de bem-estar e serviços sociais, centros de
pesquisa científica, meios de comunicação, entidades desportivas, organizações religiosas,
instituições de caridade, em síntese, na ampla gama de associações voluntárias existentes nas
sociedades actuais (VITULLO, 1999: 17 citado por CREMONESE, 2008:12).

CAMERON& OJHA (2007) citados por LANGA (2012:13)"sustentam que em alguns casos,
ainda que se institucionalize processos de participação (…), processos de decisão “não
genuinamente colegiais” continuam a acontecer tanto a nível das comunidades como a nível das
políticas nacionais devido a um problema recorrente de controlo das esferas de tomada de
decisão, feito por pessoas que usufruem de privilégios simbólicos nesse processo de tomada de
decisão".

PATEMAN (1992:61) faz menção a dois tipos de participação “Participação Parcial” da


“Participação Efectiva”, onde a primeira consiste em consultar as pessoas sem qualquer
obrigação de prestar atenção aos seus conselhos, enquanto na segunda cada membro individual
de um órgão de tomada de decisão tem igual poder de determinar o resultado das decisões. “A
participação efectiva requer o envolvimento dos cidadãos em todos os estágios da tomada de
decisão democrática”.

Ainda de acordo com PATEMAN (1992:61), a participação tem uma função educativa por isso é
importante capacitar os cidadãos de modo que estes façam uma escolha responsável,
21

principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento de uma consciência crítica quanto às


demandas sociais e às decisões políticas.

CAPITULO III:

3.1 . METODOLOGIA DE PESQUISA


3.1.1. Tipo de Pesquisa
Segundo RICHARDSON (1999:22), método é o caminho ou a maneira para chegar a
determinado fim ou objectivo. Método científico é algo mais, correspondendo a um " caminho da
ciência para chegar a um objectivo8

8
Ibdem
22

Quanto a abordagem a investigação é de cariz, qualitativa aliada a análise de dados de natureza


quantitativa. RICHARDSON (1999:79) citando GOODE & HATT (1973:398), afirma que a
pesquisa moderna deve rejeitar como uma falsa a dicotomia, a separação entre estudos
qualitativos e quantitativos, ou entre o ponto de vista estatístico e não estatístico. Além disso não
importa quão precisas sejam as medidas, o que é medido continua a ser uma qualidade
Com o estudo qualitativo foi descrita a realidade encontrada, o que permitiu deste modo fazer
análises comparativas e desenvolver aspectos do estudo em termos compreensivos e com
profundidade.
De acordo com SILVA (2011), na pesquisa qualitativa há uma relação entre o mundo real e o
sujeito, ou seja, há um vínculo indissociável entre o mundo objectivo e a subjectividade do
sujeito que não se traduz em números.
Nesta pesquisa, para a obtenção de dados quantitativos foram aplicados questionários, uma
forma de garantir a precisão dos resultados, evitando distorções.
A triangulação dos métodos qualitativos e quantitativos permitiu que os dados se
complementassem e que se obtivessem as informações que não seriam possível obter se os
métodos fossem utilizados isoladamente.
A triangulação dos métodos qualitativos e quantitativos permitiu também entender e interpretar o
processo de tomada de decisão a partir da perspectiva dos membros do CE.
A pesquisa foi feita com base no método de estudo de caso. Para CHIZZOTTI (2005:102), o
estudo de caso é um marco de referência de complexas condições socioculturais que envolvem
uma situação e tanto retrata uma realidade quanto revela a multiplicidade de aspectos globais,
presentes em uma situação.
Para LIMA (2004:61), o estudo de caso explica um determinado fenómeno que explora de forma
intensiva e exaustiva um único campo de estudo (estudo caso holístico) ou de vários campos de
estudo (estudo de casos múltiplos), que possibilitam a análise comparativa dos dados obtidos.
O método escolhido permitiu uma análise ampla e situada sobre o processo de tomada de
decisões no CE da EPC das Mahotas.

3.1.2. Método de Procedimento


23

Adoptamos nesta pesquisa como método de procedimento o raciocínio indutivo, onde


RICHARDSON (1999:35), refere que indução é um processo pelo qual, partindo de dados ou
observações particulares constatadas, podemos chegar a proposições gerais.
Permitiu-nos este método perceber como são tomadas as decisões no CE, de modo a
correlacionar a funcionalidade e a eficácia das mesmas. Tendo em conta que deviam ser tomadas
bilateral.
Adoptou-se este método porque nesta pesquisa partiu-se de uma análise particular da EPC das
Mahotas, que foi retirado de um assunto considerado homogéneo para a maior parte das escolas e
desta, perpetrou-se um estudo aprofundado e que posteriormente procurará inferir, através da
indução para factos considerados semelhantes ou com características comuns ao estudo.

3.1.3. População e Amostra


A população foi constituída pelos membros do Conselho de Escola da EPC das Mahotas, que são
o director, representante dos professores, representante dos pais e encarregados de educação,
representante da comunidade, representante dos funcionários administrativos e representante dos
alunos.
Para esta pesquisa recorreu-se a uma amostra não probabilística por conveniência, que consistiu
numa selecção propositada dos elementos que tivemos acesso, pelo facto de não ter sido fácil
encontrar-se com todos os membros do CE.
De acordo com HILL & HILL (2009: 49) uma amostra por conveniência consiste na escolha de
casos facilmente disponíveis. Os mesmos autores afirmam que este tipo amostragem tem a
vantagem por ser rápido, barato e fácil.
Assim a nossa amostra é constituída por 11 membros do Conselho de Escola, concretamente 4
representantes dos professores, 1 representante dos funcionários, 4 representantes dos pais, 1
representante da comunidade e o director da escola.

3.1.4. Instrumentos de recolha de dados


 Questionário
Para a recolha de dados usamos o questionário que foi administrado aos membros do CE
nomeadamente representantes dos pais, representante dos alunos, representante da comunidade,
24

representante dos funcionários administrativos e representante dos pais e encarregados de


educação.
O questionário é um instrumento com vantagens, porque “ permite obter informações de um
grande número de pessoas simultaneamente ou em tempo relativamente curto ”, RICHARDSON
(1999: 205).
O questionário permite igualmente a possibilidade de quantificar uma multiplicidade de dados
(…) cfr. QUIVY & CAMPAHOUDT (1992:191). Os mesmos autores afirmam que o facto de ser
um instrumento de recolha de dados, o questionário permite apreender e analisar melhores
fenómenos sociais, a partir de informações da população que se pretende realizar o respectivo
estudo.
O questionário foi dirigido aos membros do CE com excepção ao Director da Escola, os mesmos
possibilitaram-nos a recolha de dados que permitiram-nos analisar a importância do Conselho de
Escola na gestão democrática e conhecer de que forma o Conselho de Escola pode influenciar na
tomada de decisões na EPC das Mahotas.
Na presente pesquisa o questionário foi composto por perguntas fechadas na sua maior parte e
com apenas uma pergunta aberta, foi elaborado tendo em conta os objectivos específicos.
Na administração do inquérito por questionário, o pesquisador tem de ter em conta a finalidade
da informação e o método que será usado na divulgação dos resultados.
O questionário foi dividido da seguinte maneira:perguntas relacionadas com a identificação ou
perfil dos sujeitos, tais como, o sexo, idade, nível académico, grupo que pertence no Conselho de
Escola e em três dimensões, a citar:
Dimensão 1: perguntas relacionadas a percepção que os membros do Conselho de Escola têm
em relação a Gestão Democrática da Educação.
Dimensão 2: perguntas relacionadas ao funcionamento do Conselho de Escola.
Dimensão 3: perguntas relacionadas ao processo de tomada de decisão.

 Entrevista semi-estruturada
A entrevista é uma técnica importante para a recolha de dados e pode-se usar em simultâneo com
outras técnicas de recolha de dados, ajudando desse modo ao pesquisador desenvolver de forma
mais nítida um parecer sobre a forma como os sujeitos da pesquisa interpretam um determinado
assunto.
25

Para HILL& HILL (2009), a principal vantagem que a entrevista tem é o facto de permitir uma
recolha directa de dados que é feita a partir dos actores sociais, o que permite indagar de forma
detalhada a percepção dos mesmos no que se refere a investigação.
Em nossa pesquisa recorreu-se a entrevista pelo facto de ser um instrumento que permite obter
informações verbalizadas e explicadas detalhadamente pelo entrevistado, permitindo deste modo
ao pesquisador desenvolver ideias em torno do que o sujeito da pesquisa pensa a cerca do
Conselho de Escola como instrumento de gestão democrática e sua influência na tomada de
decisão. Para tal elaboramos um guião de entrevistas com questões definidas previamente, tendo
em conta os nossos objectivos específicos.

 Análise documental
A técnica da análise documental consistiu na leitura de documentos produzidos peloCE durante
os encontros, como actas, relatórios que nos facilitaram perceber de que maneira o C.E. pode ser
mecanismo da gestão democrática e de forte influência na tomada de decisão na da EPC das
Mahotas.
De acordo com RICHARDSON (1999: 230), a análise documental consiste em uma série de
operações que visam estudar e analisar um ou vários documentos para descobrir as
circunstâncias sociais e económicas com as quais podem estar relacionadas.
A leitura destes documentos permitiu-nos o acesso a dados e informações sobre as reuniões e os
encontros realizados peloCE.

 Observação das reuniões do C.E.


Sendo o nosso estudo misto, e tratando-se também de um estudo de caso, foi feita por nós uma
observação participante. Na observação participante o pesquisador interage com os sujeitos a
serem observados, vivendo desse modo o seu dia-a-dia.
A nossa presença na EPC das Mahotas, foi em uma reunião do CE da EPC das Mahotas, da qual
tivemos oportunidade de viver de perto a problemática do CE e por sua vez registar informações
que dizem respeito ao funcionamento do CE, assim como a percepção dos membros do CE em
26

torno da gestão democrática e no processo de tomada de decisão dos problemas que assolam a
escola.
Em nossa pesquisa a observação não consistiu apenas em visualizar e ouvir, como também
consistiu em fazer um exame minucioso de fenómenos sobre a tomada de decisão no CE.
Facilitou-nos também colher dados ou informações mais próximas a realidade,MARCONI &
LAKATOS (2009:111).

3.1.5. Validação dos instrumentos de recolha de dados


De acordo com ALVES (2012:56), para que uma investigação tenha valor científico, devemos
verificar sua validade e sua fiabilidade. É por isso que é de extrema importância, produzir meios
de validação e fidelidade dos instrumentos de pesquisa, de modo a detectar os possíveis erros e
se proceder à sua reformulação.
Formuladas as questões da entrevista assim como do inquérito por questionário, foi efectuado
por nós uma pré-testagem dos instrumentos de recolha de dados de modo a verificar a sua
validade. A pré-testagem foi feita em uma Escola do Ensino Básico da Cidade de Maputo. Foram
inqueridos nesta Escola dois pais, um professor, um funcionário administrativo e efectuada uma
entrevista a um director; (todos eles fazem parte do CE). Após este exercício reformulamos
algumas questões de modo a facilitar a compreensão dos sujeitos da pesquisa.

3.1.6. Procedimentos de recolha de dados


Primeiro entramos em contacto com a direcção da EPC das Mahotas, de modo a obter a
autorização formal, para pudermos realizar o estudo neste local. Após a aprovação do directorda
escola tivemos acesso aos restantes membros do CE, visto que o director também faz parte deste
agrupamento. Foi explicado aos membros do CE, os objectivos do estudo e as instruções que
deviam seguir para o preenchimento dos inquéritos. Ao director da escola foi feita uma entrevista
semiestruturada.

3.1.7. Procedimentos de análise de dados


A análise de dados da pesquisa, passou por três fases, na primeira foi feita a leitura de dados
brutos, de modo a compreender melhor o posicionamento dos diferentes sujeitos da pesquisa e
identificar aspectos comuns nas respostas dadas em cada pergunta. Na segunda fase foram
27

agrupadas as respostas dadas pelos membros do CE. Sendo que na terceira e última fez-se a
análise e interpretação de dados que nos conduziram a extrair pareceres dos membros do CE
tendo em conta as perguntas colocadas.
Os dados quantitativos foram processados, utilizando oMicrosoft Office Excel2007, de modo a
fazer as análises estatísticas dos dados obtidos na pesquisa.

3.1.8. Questões éticas


No que se refere as questões formais de pesquisa, foi feito numa primeira fase o pedido da
credencial junto a secretaria da Faculdade de Ciências de Educação e Psicologia (FACEP), da
Universidade Pedagógica - Maputo, por se tratar de uma investigação de culminação do curso,
ministrado por esta Instituição do Ensino Superior (IES). A credencial foi dirigida à Direcção da
EPC das Mahotas.
Foi assegurada a confidencialidade e o anonimato, não pedindo a identidade dos inqueridos, e
através de um pequeno texto introdutório explicamos que a pesquisa é puramente académica e
que os resultados serão usados para fins também académicos.

CAPITULO IV:
4.1. APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS
Este capitulo tem por objectivosanalisar e interpretar os dados recolhidos através do trabalho
empírico que realizamos.
A recolha de dados foi feita através de um inquérito por questionário dirigido aos membros do
conselho de escola; inquérito por entrevista, dirigido ao director da escola, assim como em
actasdas reuniões do conselho e da observação participante nas reuniões do conselho. Assim,
28

como se poderá mais adiante no conselho de escola foram aplicados inquéritos por questionário a
15 membros do conselho, tendo sido preenchido e devolvido 12 e válidos 10.
Em relação aos gestores da escola, foi seleccionado apenas o director da EPC das Mahotas, por
este fazer também parte do conselho de escola.
A observação participante foi feita de forma formal e direccionada as reuniões do conselho da
EPC das Mahotas.
Após o trabalho de campo foi feita a apreciação e análise da informação que obtivemos tanto dos
inquéritos por questionário, da entrevista e da observação participante como das actas das
reuniões do conselho de escola da EPC das Mahotas.

4.1.1. O que dizem os membros do Conselho de Escola: inquéritos por questionário


Sobre o discurso dos membros do Conselho de Escola, iniciaremos com a apresentação dos
dados relativos à s faixas etárias dos membros inquiridos, o sexo, o nível académico e o grupo no
qual faz parte no Conselho de Escola. Igualmente apresentamos as categorias identificadas.

4.1.1.2.Apresentação, análise e interpretação dos dados de inquéritos por questionário


Dos 10 membros do Conselho de Escola inquiridos 60% (6 membros do conselho) são do sexo
feminino e 40% (4 membros do conselho) são homens.

Quadro 1: idade dos membros do CE inquiridos

Idade Número dos membros do CE Percentagem correspondente


Menos de 20 0 0%
De 20 a 25 0 0%
De 26 a 30 1 10%
De 31 a 35 2 20%
29

De 36 a 40 6 60%
De 41 a 45 0 0%
De 46 a 50 1 10%
Mais de 50 0 0%
Total 10 100%
Fonte: adaptado pelo autor a partir de inquérito por questionário

Dos 10 membros do CE que preencheram devidamente os inquéritos, 1 está no intervalo de 26 a


30 anos, o que corresponde a uma percentagem 10%. A faixa etária de 31 a 35 anos é composta
por 2 membros de CE, e representa também uma percentagem 20 %. A faixa etária 36 a 40 anos
é representada por 6 membros do CE, correspondendo a uma percentagem de 60%. O intervalo
de 46 a 50 anos está representado por 1 membro do CE e corresponde a 10% da amostra.

Quadro 2: nível académico dos membros do CE inquiridos.

Nível Académico Número dos membros do CE Percentagem correspondente

Básico 2 20%
Médio 3 30%
Licenciatura 5 50%
Sem Nível 0 0%
Total 10 100%
Fonte: adaptado pelo autor a partir do inquérito por questionário

Observando o quadro, verifica-se que a maior representatividade da amostra tem o grau de


licenciatura, com uma percentagem correspondente a 50%, seguido dos que tem o nível médio,
com uma percentagem de 30%. O quadro indica ainda que 2 membros do CE têm nível básico, o
que corresponde a 20%. Assim constatamos que dos 10 membros do CE inquiridos, todos tem
algum grau académico, o que corresponde a 100% da amostra.

Quadro 3: grupo que os membros inquiridos do CE representam

Grupo que pertence no CE Número de membros Percentagem correspondente


Professores 4 40%
30

Alunos 0 0%
Funcionários 1 10%
Pais e encarregados 4 40%
Comunidade 1 10%
Total 10 100%
Fonte:Adaptado pelo autor a partir de inquérito por questionário

Pela observação dos dados descritos no quadro podemos constatar que 4 membros do CE são
representante de professores o que corresponde a 40%, número que coincide com os que
representam os pais e encarregados de educação. De acordo com os sujeitos da nossa pesquisa os
funcionários são representados por 1 indivíduo, o que corresponde a 10%, o mesmo acontece
com o representante da comunidade, e que ao todo constituem 20% da amostra. O somatório de
todos membros inquiridos iguala a 10 no seu todo.

De acordo com o director da escola os alunos não foram agregados ao órgão de gestão
democrática (CE), pelo facto de estarem numa idade que não os permite discutir os destinos da
escola. No que diz respeito a esse assunto OLIVEIRA et al (s/d), destaca que o CE trata-se de
uma instância colegiada que deve ser composta por representantes de todos os segmentos da
comunidade escolar e constitui-se num espaço de discussão de carácter consultivo e ou
deliberativo. Pode-se concluir que a não inclusão dos alunos no CE, exclui-os totalmente da vida
escola, violando deste modo o que está escrito no Manual de Apoio Ao Conselho de Escola
Primária, (MINEDH, 2015:10), que "destaca que nas escolas do tipo 1 e 2, os alunos são
representados em número de 4 e nas escolas do tipo 3 em número 3", porem na escola em estudo
os alunos não são representados.

De referir que a escola não respeitou o que está escrito no manual de CE, pois os alunos não são
representados no Conselho de Escola, como ilustra o quadro.

4.1.2.Percepção que os membros do CE tem sobre a gestão democrática

Gráfico 1. A gestão democrática é participação da comunidade, dos pais e encarregados de


educação.
31

0 0
nunca raras vezes as vezes sempre

Fonte: adaptado pelo autor a partir de inquérito por questionário

O que evidencia o gráfico é a elevada percentagem da categoria " sempre ", com 7 membros do
C.E o que corresponde a 70% de respondentes comparativamente as restantes categorias. Isto
significa que dos 10 membros do CE que responderam a questão, 70% concordam com a
afirmação de que a gestão democrática é participação da comunidade, dos pais e encarregados de
educação, seguindo-se os que optaram pela categoria " as vezes " com 3 membros o que
corresponde a 30%. As restantes opções, cada uma correspondem a 0%, o que significa que
nenhum dos membros optou pela categoria " nunca " e " raras vezes ". Assim o facto de 70% dos
sujeitos inquiridos, que representam a maioria, ter optado pela categoria " sempre ", bem como
os 30% que responderam " as vezes " e que ao todo correspondem a uma percentagem de 100%
leva-nos a concluir que os inquiridos tem conhecimento do conceito gestão democrática, indo ao
encontro do referencial teórico.

Em ralação a esse assunto HELO (2007) citado por MOG (2012:33), aponta que a gestão escolar
democrática vai para além dos muros da escola, abrindo espaço para que se construam relações
mais democráticas. Para tal, é preciso reconhecer a comunidade e aos pais e encarregados de
educação o direito de participar na organização da escola dos seus filhos, junto com os demais
segmentos que fazem parte do CE.

Gráfico2: A gestão democrática exige transparência, impessoalidade e moralidade


32

0 0
nunca raras vezes as vezes sempre

Fonte: adaptado pelo autor a partir de inquérito por questionário

Observando o gráfico verificamos que a categoria " sempre " é a que se encontra em maior
número na amostra, com 7 indivíduos o que corresponde a 70%, seguido da categoria " as vezes
" com 3 membros do CE o que corresponde a 30%. Assim concluímos que a maior parte dos
membros do CE inquiridos que corresponde a 70% concorda que a gestão democrática exige
transparência, impessoalidade e moralidade.

Gráfico3: A gestão democrática melhora o PEA.

1
0 0
nunca raras vezes as vezes sempre

Fonte: adaptado pelo autor a partir de inquérito por questionário

Conforme pode verificar através deste gráfico, a categoria "sempre" apresenta-se com maior uma
percentagem de 90% o que corresponde a nove 9 dos indivíduos inquiridos, seguido da categoria
"as vezes" com dez 10 membros do CE, o que corresponde a 10%. Segundo a percepção dos
membros do CE concluímos que maior parte dos membros do CE, inquiridos afirma que a gestão
democrática melhora o PEA.
33

Gráfico4: A gestão democrática favorece a integração dos membros do CE na tomada de


decisão

5 5

0 0
nunca raras vezes as vezes sempre

Fonte: adaptado pelo autor a partir de inquérito por questionário

O que ressalta do gráfico é que as categorias "as vezes" e "sempre", tem uma percentagem
correspondente a 50% com cinco 5 respondentes para cada.As restantes opções não apresentam
nenhum valor percentual, considerando que as percepções dos membros, concluímos que a
gestão democrática favorece a integração dos membros do CE na tomada de decisão.

Gráfico5: A gestão democrática passa também pela gestão conjunta dos recursos
financeirospeloCE e direcção da escola

5 5

0 0
nunca raras vezes as vezes sempre

Fonte: adaptado pelo autor a partir de inquérito por questionário

Verificamos que as categorias de respostas "as vezes" e "sempre"com 5 sujeitos para ambas, são
as que foram respondidas com valores percentuais de 50% para cada. As restantes opções não
foram escolhidas, não representando deste modo nenhum valor percentual, concluindo portanto
que os inquiridos afirmam que a gestão democrática implica a inclusão do CE na gestão
financeira dentro da escola.
34

4.1.3. Funcionamento do CE

Gráfico 6: O funcionamento do CE é de agrado de todos os membros do CE.

0
nunca raras vezes as vezes sempre nulo

Fonte: adaptado pelo autor de inquérito por questionário

O que ressalta do gráfico é a elevada percentagem de respondentes para a resposta "sempre",


com 4 respondentes o que corresponde a 40%. Em seguida posiciona-se a resposta "as vezes"
com 3 sujeitos da pesquisa o que corresponde a uma percentagem de 30%, totalizando 70%. Na
terceira posição está a resposta as "vezes" que tem 2 respondentes o que corresponde a 20% da
amostra,enquanto 10% dos membros do CE, que é apenas 1 membro optou por não responder a
questão. A categoria nunca ficou sem nenhum valor percentual, o que significa que nenhum dos
membros do CE, optou por essa categoria. Deste modo, considerando que mais de dois terços
dos respondentes optou pela resposta "sempre" e as "vezes", consideramos que as percepções dos
membros do CE, demonstram que o funcionamento do CE é de agrado de maior parte dos
membros que fazem parte deste órgão e essa postura da maioria dos inquiridos é um mecanismo
para a melhoria das boas vivências entre a escola e a comunidade escolar, conformeafirmam
IBRAIMO& MACHADO (s/d:2) citando FORMOSINHO (2005:40).
35

Gráfico 7: O CE funciona com muitas dificuldades, pois há obstáculos que dificultam o seu
funcionamento.

1
0
nunca raras vezes as vezes sempre

Fonte: adaptado pelo autor a partir do inquérito por questionário

Da análise e interpretação efectuadasão gráfico depreende-se que de acordo coma a maioria dos
membros inquiridos (60%), o que corresponde a 6 indivíduos é da opinião de que "as vezes" o
CE funciona com muitas dificuldades, porque há obstáculos que dificultam o seu funcionamento,
seguindo-se os que acham que o CE tem funcionado "sempre" com muitas dificuldades, pelo
facto de existirem obstáculos que dificultam o seu funcionamento com 3 indivíduos,
correspondendo a 30%. Separadamente a categoria "raras vezes" com 10% dos respondentes, o
que corresponde a 1 indivíduo e a categoria "nunca" sem nenhum valor percentual.

Gráfico 8: Os membros do CE são envolvidos nas actividades da escola

4 4

0
nunca raras vezes as vezes sempre

Fonte: adaptado pelo autor a partir de inquérito por questionário

Pela análise da variação dos valores percentuais que se encontram no gráfico, concluímos que as
respostas "as vezes" e "sempre", partilham o mesmo valor percentual de 40%, o que significa que
cada uma das categorias respondidas tem 4 respondentes, seguida da resposta "raras vezes" com
36

2 respondentes, correspondendo a 20%. A categoria de resposta "nunca" não tem nenhum valor
percentual, o que significa que nenhum dos membros do CE inquiridos optou por essa categoria.

Assim constatamos que existe uma vontade por parte dos membros do CE em envolver-se nas
actividades da que visam uma boa gestão da escola e bom rendimento dos alunos.

Gráfico 9: As actividades do C.E. contribuem para a melhoria da qualidade do ensino.

1 1
0
nunca raras vezes as vezes sempre nulo

Fonte: adaptado pelo autor de inquérito por questionário

Analisando a distribuição das respostas dos sujeitos inquiridos, observa-se que mais que a
metade dos sujeitos é de opinião de que nem sempre as actividades do CE contribuem para a
melhoria da qualidade do ensino, ou seja, 6 dos sujeitos inquiridos, o que corresponde a 60% dos
respondentes optou pela opção as "vezes". Os que afirmam que as actividadesdo CE, contribuem
"sempre" para a melhoria da qualidade de ensino correspondem a 30% dos sujeitos inquiridos, o
que significa que 3 dos membros do CE optaram por essa categoria; 1 respondente optou pela
resposta "raras vezes" com um percentagem de 10%, e 1 sujeito também correspondente a 10%
optou por não responder nenhuma categoria de respostas. Deste modo concluímos que a maioria
dos sujeitos considera que nem sempre as actividadesdo CE, contribuem para a melhoria da
qualidade de ensino.

Em relação a esse assunto o Manual de Apoio ao Conselho de Escola Primária, (MINEDH,


2015:7), "a participação activa e construtiva da comunidade, dos pais e/ou encarregados de
educação através dos Conselhos de Escola, na tomada de decisões pode melhorar, as infra-
estruturas, o equipamento e ambiente escolar e promover o sucesso escolar, pois o seu
envolvimento esta positivamente ligado aos resultados dos alunos". O que nos leva a firmar que
37

os membros do CE da escola em estudo não tem conhecimento profundo das actividades que
deviam exercer.

Foi nesse contexto que o governo institucionalizou o Conselho de Escola com intuito de envolver
a comunidade, pais e encarregados de educação na resolução de problemas que surgem na escola
e na gestão escolar no seu todo.

Gráfico 10: O CE analisa os documentos normativos da escola.

4 4

0
nunca raras vezes as vezes sempre

Fonte: adaptada pelo autor a partir de inquérito por questionário

Para este caso, a análise de valores percentuais das categorias de respostas leva-nos a concluir
que a mensagem expressa pela maioria das respostas dos membros do CE inquiridos, 8
indivíduos correspondentes a 80%, que é o somatório da categoria "nunca" e "sempre" ambas
com 40% respectivamente. Seguidamente, 20% dos inquiridos, que corresponde a 2 indivíduos
da amostra responde "as vezes" na afirmação o CE analisa os documentos normativos da escola,
e nenhum inquirido respondeu a categoria raras vezes. Como podemos perceber há neste gráfico
uma ambiguidade entre as duas categorias com maior percentagem são as categorias do extremo,
a categoria "nunca" e "sempre" com 40% cada, o que entra em discordância com a observação
participante feita de forma formal ao CE e da informação que consta nas actas das reuniões, foi
possível perceber que foi analisado apenas o regulamento interno da escola os outros
documentos não foram submetidos ao CE. Quatro dos membros que responderam que o CE
analisa sempre os documentos normativos da escola são professores e pode ser que queiram
salvaguardar que o CE analisa os documentos normativos de acordo com o que está previsto no
Manual de Apoio Ao Conselho de Escola Primaria (MINEDH, 2015:20), que afirma que "o CE
deve aprovar o regulamento interno da Escola e garantir a sua aplicação, aprovar o plano do
desenvolvimento e anual da escola".
38

Gráfico 11: O CE elabora o seu plano anual das actividades.

4 4

0
nunca raras vezes as vezes sempre

Fonte: adaptado pelo autor a partir de inquérito por questionário

Analisando os valores percentuais das categorias das respostas expressas neste gráfico, podemos
constatar que as respostas com maior representatividade são relativas às expressões "as vezes" e
"sempre" com 4 respondentes o que corresponde a uma percentagem de 40% para cada uma. A
que tem menor representatividade é a categoria de respostas raras vezes com 2 sujeitos da
amostra correspondendo a 20% e a categoria nunca não tem nenhum valor percentual o que
indica que nenhum dos respondentes optou por essa categoria. A conclusão que tiramos da
análise feita neste gráfico é que o conselho as vezes funciona sem um plano que prevê as
actividades a serem desenvolvidas ao longo do ano.

No respeita a esse assunto o Manual do Apoio ao Conselho de Escola Primaria (MINEDH,


2015:20), deixa bem claro que o conselho não deve iniciar suas actividades sem ter elaborado o
seu plano de actividades.

Gráfico 12: O CE participa de forma efectiva na gestão dos recursos financeiros da escola.

2
1
0
nunca raras vezes as vezes sempre

Fonte: adaptado pelo autor a partir de inquérito por questionário


39

Analisando a distribuição das respostas dos sujeitos inquiridos, observa-se que a maioria é de
opinião que o C.E. participa sempre na gestão dos recursos financeiros da escola, com 7
respondentes o que corresponde a 70% da amostra; seguindo a categoria de resposta "as vezes"
com 2 indivíduos o que corresponde a 20% de respondentes e por fim a categoria "raras vezes"
com 10% de sujeitos inquiridos, o que significa que teve apenas 1 respondente.

4.1.4.Processo de tomada de decisão

Gráfico 13: Durante a reunião do C.E. a tomada de decisão é feita por todos os membros.

2
1
0
nunca rars vezes as vezes sempre

Fonte: adaptado pelo autor a partir do inquérito por questionário

Analisando a distribuição das respostas dos sujeitos inquiridos, observa-se que mais da metade
dos sujeitos é de opinião de que "durante a reunião do CE, a tomada de decisão é feita por todos
os membros" com 7 respondentes, o que corresponde a 70%. Os que afirmam que as "vezes"as
decisõessão tomadas por todos os membros do CE estão em número de 2 correspondendo a 20%
dos sujeitos inquiridos; o restante dos respondentes corresponde a 10% dos sujeitos inquiridos
que dizem que "raras vezes" as decisões são tomadas por todos membros do CE, com apenas um
respondente.

Os dados que obtivemos das actas demonstram, que o director deixava os membros colocarem o
seu ponto de vista e depois tomava a decisão. De acordo com a nossa observação, há casos em
que o director tomava decisão de forma unilateral. Deste modo podemos afirmar que há uma
discordância com aquilo que o gráfico nos apresenta em relação ao que os dados observados nas
actas, assim como o que a observação participante formal feita na escola revela-nos. Podemos
40

afirmar que os membros do CE tomaram essa posição por acreditarem que pelo facto de o
director deixa-los opinar, estejam a participar da tomada de decisão.

Ademais os dados da acta e da observação feita no CE demonstram que o director da escola


ocupa o cargo presidente do Conselho de Escola, pois segundo o director da escola, o presidente
eleito não tem tido tempo para exercer suas funções9. O que nos leva a afirmar que este detém
um certo poder dentro do conselho e no centro de tomada de decisão. Contrariando deste modo o
que está escrito no Regulamento Geral do Ensino Básico (MEC, 2008:162), que afirma não
podem ser eleitos para presidente do Conselho de Escola, o Director de Escola e o representante
de alunos.

Gráfico 14: Todas as decisões tomadas no C.E. são implementadas na escola

3
2

0
nunca rars vezes as vezes sempre

Fonte: adaptado pelo autor a partir do inquérito por questionário

Assim, verifica-se que 5 dos membros do CE inquiridos, que correspondem a 50%, afirmam que
"raras vezes" as decisões tomadas no conselho se implementam na escola, o que indica que a
metade dos inquiridos tende a discordar com afirmação; enquanto 3 dos sujeitos inquiridos,
correspondentes a 30%, respondeu que "as vezes"e 2 membros do CE que correspondem a 20%
optaram pela categoria "sempre". Adicionando as duas últimas respostas, temos 50% de
respostas que tendem a concordar com a afirmação. Deste modo podemos admitir que as
decisões tomadas no CE são implementadas parcialmente, pois como afirmamos na análise do
gráfico anterior o director deixa os demais membros darem o seu ponto de vista e a posterior
toma decisões que não estão de acordo com o que foi discutido.

Em relação a esse assunto VERZA (2000:197) citado por CORREIA e tal (s/d:15), considera que

9
Entrevista com o director da EPC das Mahotas
41

[...] ainda vigora de forma acentuada que os conselhos são convocados para aprovar o
que foi proposto pela escola. Muito menos a comunidade escolar restrita é chamada
para discutir, debater o que a escola decidiu. É o corpo dirigente da escola que decide.
Os conselhos, em numerosas escolas, cumprem função meramente legal, formal,
convocados para carimbar o que já foi decidido.

De acordo com o pensamento do autor, está claro que os conselhos são ditos mecanismos de
gestão democrática, onde ainda prevalecem o centralismo e o autoritarismo.

Gráfico15: Em última instância a decisão sobre a alocação dos fundos para a escola cabeao
C.E.
4
3 3

0
nunca raras vezes as vezes sempre

Fonte: adaptado pelo autor a partir do inquérito por questionário

Pela análise da variação dos valores percentuais no gráfico, concluímos que a categoria de
resposta relativa a "raras vezes" é a categoria com maior valor percentual com 40%, o que
corresponde a 4 respondentes, seguidamente das categorias "as vezes" e "sempre" que partilham
o mesmo valor percentual de 30%, com 3 sujeitos da amostra; a categoria restante que é a
categoria "nunca", não tem nenhum valor percentual, o que significa que nenhum dos sujeitos
inquiridos optou por essa categoria.

A presença do director nas sessões do conselho pode despoletar suspeitas de uso de suspeitas de
uso de persuasão manipuladora das preferências da maioria, reduzindo o espaço colocado a
disposição dos membros do conselho para decidir sobre a alocação de recursos para a escola.

A limitação em termos de inclusão dos membros do conselho das decisões sobre a alocação dos
recursos para a escola, pode trazer limitações ao processo de accountability da parte da
direcçãoda escola ao conselho. Reproduzindo desta forma as patologias de representação para
cuja colmatação foi adoptadoo Conselho de Escola como um mecanismo de implementação da
democracia participativa.
42

Este cenário leva-nos a indagar o seguinte: até que ponto o CE, enquanto mecanismo da
democracia participativa, contribui para cobertura do défice da democracia representativa na
EPC das Mahotas?

Gráfico 16: O CE tem intervindo de modo a influenciar na tomada de decisão sobre a


alocação de recursos materiais, humanos e financeiros.

5
4

1
0
nunca raras vezes as vezes sempre

Fonte: adaptado pelo autor do inquérito por questionário

Dos 100% dos membros do CE inquiridos, (5) 50% acreditam que "raras vezes" o CE tem
intervindo de modo a influenciar na tomada de decisão sobre a alocação de recursos materiais,
humanos e financeiros na escola. 4, que correspondem a 40% acreditam que isso acontece "as
vezes" e1dos sujeitos inquiridos que corresponde a 10% acredita que o CE tem intervindo
"sempre" na tomada de decisão sobre a alocação de recursos materiais, humanos e financeiros.
Em relação a esses dados podemos ver que apesar da maior parte dos membros afirmarque
durante a reunião do CE a tomada de decisão é feita sempre por todos os membros, alguns
acreditam que podem fazer parte do processo, mas não participam na alocação dos recursos para
a escola. O que nos leva a afirmar que as decisões de alocação de recursos materiais, humanos e
financeiros na escola são tomadas a nível estratégico e a posterior se faz a prestação de contas.

Gráfico 17: O C.E. decide na escolha dos projectos a serem implementados na escola.

3
2

0
nunca raras vezes as vezes sempre

Fonte: adaptado pelo autor do inquérito por questionário


43

Dos 10 membros do CE inquiridos 5 correspondentes a 50% dos sujeitos da pesquisa afirmam


que raras vezes o CE decide na escolha dos projectos a serem implementados na escola; 3 que
correspondem a 30% asseguram que "as vezes" isso acontece e 2 que correspondem a 20%
acreditam que isso acontece sempre.
Embora em algumas vezes a responsabilidade pela condução do processo de definição de
projectos tivesse sido incumbida ao CE, o poder de decisão final sobre a selecção dos projectos
manteve-se nas mãos da Direcção da escola.
Esse assunto substancia-sea tese deCAMERON & OJHA (2007) citados por LANGA (2012:13),
segundo a qual, ainda que se institucionalize processos de participação, processos de decisão
“não genuinamente colegiais” continuam a acontecer ao recorrente controlo das esferas de
tomada de decisão, feito por pessoas que usufruem de privilégios simbólicos nesse processo de
tomada de decisão.
Excluir da tomada de decisão da vida da escola pessoas que confrontam o problema em questão
enfraquece a participação efectiva e o entusiasmo em participar nos outros. Ou seja, impedir a
participação da comunidade escolar em qualquer um dos assuntos relevantes da escola pode
acarretar deficiências no exercício da cidadania, na angariação de soluções para os seus
problemas e na gestão do empreendimento escolar.
Quando questionados em relação a opinião que tem sobre o papel do Conselho de Escola no
contexto de gestão democrática e na tomada de decisões na EPC das Mahotas os membros do
conselho na sua globalidade afirmaram que se trata da participação de todos os segmentos na
vida da escola. Três (3), dos membros do conselho de escola da EPC das Mahotas, foram
unânimes em afirmar que o papel do Conselho de Escola é de monitorar e de fiscalizar o
estabelecimento do ensino, constituindo-se assim no órgão máximo e de consulta, onde as
decisões tomadas são colectivas, convergindo deste modo com o Manual do Conselho de Escola
Primária (MINEDH, 2015:9).

4.1.5. Apresentação, análise e interpretação de dados do inquérito por entrevista


4.1.5.1.O que diz o director: inquérito por entrevista
Para o tratamento da entrevista utilizamos a técnica de análise de conteúdo. "A análise de
conteúdo obedece as seguintes fases: pré-análise, tratamento de resultados e a interpretação"
44

( BARDIN, 2008:121). O nosso estudo respeitou essas fases de modo a operacionalizar os dados
recolhidos.
Esta entrevista foi feita nos finais do mês de Fevereiro, por volta das 11 horas da manha, na
escola em estudo. De referir que o director da escola tem 45 anos idade, é do sexo masculino,
tem uma formação superior em filosofia peloISMA, tem uma experiência de trabalho de 18 anos
e ocupa o cargo de direcção da escola em estudo a 2 anos.
Assim quando questionado a cerca da percepção que tem sobre a gestão democrática, a nossa
fonte afirmou que percebe gestão democrática como participação e inclusão de todos no PEA e
na tomada das decisões sobre as prioridades da escola.
De acordo ainda com o entrevistado (director), quando se há inclusão de todos os segmentos no
PEA e na tomada de decisões, é fácil identificar os problemas que enfermam a escola e que a
gestão dos recursos da escola torna-se eficiente.
No que se refere a questão sobre a relação entre a direcção da escola e o conselho da escola, a
nossa fonte, afirma ser boa, pois a colaboração com vista a resolver os problemas ao nível da
escola.
O bom relacionamento pode significar que a direcção da escola tem chamado o conselho para
colocar o seu ponto de vista na vida da escola. Em relação a esse assunto FORMOSINHO
(2005:40), destaca a importância de boas relações entre a escola e a comunidade permitindo
deste modo a abertura e envolvimento na resolução dos problemas da escola.
Em relação a pergunta, a presença do director influencia o funcionamento do conselho, a nossa
fonte afirmou que embora tenha se ausentado algumas vezes por motivos de força maior, sempre
lhe foram informadas as decisões parciais e que a posterior ele devia tomar a decisão final. O
facto de o conselho depender do director para tomar a decisão final, pode significar que a decisão
esteja centralizada ao director, e que apesar dos contributos do conselho, a direcção toma
decisões unilaterais.
De acordo com a observação participante por nós efectuada no campo de estudo, constatamos
que a presença do director no conselho influencia no comportamento dos membros do conselho e
que condiciona as decisões tomadas no mesmo órgão.
No que tange a afirmação as actividades do C.E. melhoram a qualidade do ensino, a nossa fonte
afirmou que sempre. Referiu Ainda que o conselho pressiona a direcção de modo que esta
pressionar aos professores a fazerem bem o seu trabalho.
45

Em relação a influência na tomada de decisão para alocação dos recursos materiais, humanos e
financeiros, o nosso informante afirmou que influencia sim, dizendo o seguinte: quando
recebemos o ADE, chamamos todos os membros do conselho para mostrar o cheque, discutimos
o que será feito com o valor e envolvemos o conselho na alocação de recursos que possam estar
em falta na escola e que possam melhorar o funcionamento da escola. Não só como também
envolvemos o conselho na alocação de valores para o pagamento dos guardas 10.
A resposta do director permiti-nos duvidar se realmente o conselho influencia no processo de
alocação de recursos para escola, visto que não coaduna com o ponto de vista de mais da metade
dos membros inquiridos que afirmam que o conselho influencia "raras vezes" e outros afirmam
"as vezes".
Ao ser questionado a que nível as decisões tomadas no conselho são colocadas em pratica pela
direcção o nosso informante respondeu que todas as decisões tomadas no conselho são colocadas
em pratica, pois quando todos os segmentos participam torna-se fácil implementa-los. Como
exemplo o nosso informante disse: uma das prioridades do conselho era fazer uma alfaiataria,
mas o valor não era suficiente, por isso entrou-se em consenso que o valor seria dirigido para
compra de tampões para colecta de lixo11.
As respostas dadas pelos membros inquiridos em relação a essa afirmação, leva-nos a indagar se
realmente a escola coloca em prática as decisões tomadas no conselho, visto que mais da metade
não afirmam positivamente em relação esse assunto.
Na observação participante formal feita por nós no conselho e na análise dos dados das actas
constatamos que há uma coerção do director para a escolha das decisões a tomar.

10
Palavras do director da Escola Primária Completa das Mahotas
11
Entrevista com o director da Escola Primária Completa das Mahotas.
46

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES


5.1.Considerações finais
A questão central que o presente trabalho se propôs a responder é até que ponto o CE, enquanto
instrumento de gestão democrática, influencia na tomada de decisão na Escola Primária
Completa das Mahotas?
Considerando o CE, como instrumento de gestão democrática buscou-se explicar os resultados
da participação da comunidade escolar como derivados do passado histórico inerente aos padrões
de relacionamento institucionalmente estabelecido entre a escola e a comunidade escolar,
recorrendo dessa forma a teoria da democracia participativa pois a mesma defende a adopção de
mecanismos de participação que permitem o exercício directo da cidadania e a partilha do poder
para a consolidação democrática.
As questões de investigação que orientaram esta pesquisa foram as seguintes: (i) Qual é a
percepção que os membros do conselho de escola da EPC das Mahotas da Cidade de Maputo têm
sobre a gestão democrática? (ii) Como é que funciona o conselho de escola EPC das Mahotas da
Cidade de Maputo? (iii) Como é que o Conselho de Escola da EPC das Mahotas da Cidade de
Maputo influencia na tomada de decisões?
No que diz respeito a percepção que os membros do CE têm em relação a gestão democrática o
nosso estudo conclui que maior parte dos membros do CE inquiridos afirmam que a gestão
democrática é a participação de todos actores do processo de ensino aprendizagem, na gestão da
escola em todas as vertentes da gestão da escolar; afirmam também que a gestão democrática
pode melhorar a qualidade do processo de ensino aprendizagem.
Contudo, apesar de os membros afirmarem que a gestão democrática é um processo pelo qual
deve haver transparência e participação dos demais segmentos na gestão da escola; mais que a
metade dos membros inquiridos, acreditam que nem sempre a gestão democrática, pode ser a
integração dos membros do conselho na tomada de decisão da comunidade escolar interna e
externa na gestão da escola.
Podemos dizer, também que, apesar dos membros inquiridos acreditarem que a gestão
democrática é o meio pelo qual os pais, a comunidade, assim como os professores, participam na
gestão da escola em todas as vertentes, a participação parece ser passiva na medida em há uma
divisão por igual por parte dos membros inquiridos no respeita gestão financeira.
47

Em relação ao funcionamento, foi possível constatar que o funcionamento do conselho é de


agrado de maior parte dos membros inquiridos. Apesar da maioria dos membros do CE ser de
opinião de que o funcionamento deste órgão de gestão democrática é de agrado de todos os
membros, foi possível perceber na resposta dos inquiridos que as vezes o CE funciona com
muitas dificuldades, pois olhando ao conselho analisado há pouca representarão em diferentes
segmentos que o compõe, a título de exemplo o segmento da comunidade é representada por um
membro que é o presidente do CE, o mesmo tem se ausentado por um longo período de tempo,
deixando o cargo ao director da escola. Essas dificuldades são as possíveis causas da pouca
representação dos membros nos diferentes segmentos do CE.
Constatamos também que nem sempre o CE funciona na base de um plano anual de actividades,
o que entra em discordância com o Manual de Apoio ao Conselho de Escola Primária
(MINEDH, 2015:20).
No que diz respeito aos documentos normativos que o conselho analisa, percebe-se que há uma
ambiguidade nas respostas, pois as categorias "nunca" e "sempre" dividem um número igual de
respondentes. Toda via na observação dos dados das actas e na observação participante que
fizemos está claro que o conselho analisou apenas o regulamento interno da escola, não tendo
sido disponibilizado nenhum outro documento para analisar.
É evidente que a presença do directorno CE influencia o seu funcionamento, pois os dizeres do
director referem que quando ela se ausenta das sessões do conselho, os outros segmentos tomam
apenas decisões parciais, deixando a decisão final a cargo do director. Pode-se perceber aqui que
há uma centralização do poder por parte do director da escola, pois os membros do conselho
dependem dele para a tomada das decisões. O que significa que o director tem tomada decisões
unilaterais.
Apesar dos dados dos inquéritos por questionário demonstrarem que a tomada de decisões no
conselho é feita por todos, ficou claro nos dados que obtivemos das actas, que o director é um
narcisista e que o processo de tomada de decisão esta centralizado pelo mesmo. Há casos em que
o director da escola deixava os membros do conselho colocarem o seu ponto de vista e a
posterior tomava decisões de forma singular, esta posição do directorleva-nos a concluir que os
membros do conselho são meros assistentes do processo de tomada de decisão, pois as suas
decisões são implementadas em menor escala a nível da escola como ilustram os dados dos
inquéritospreenchidos, o que vem a confirmar que os conselhos, em numerosas escolas,
48

cumprem função meramente legal, formal, convocados para carimbar o que já foi decidido
VERZA (2000:197) citado por CORREIA et al (s/d:15).

Partindo dos dados recolhidos através dos inquéritos por questionário, foi possível verificar que
raras vezes a direcção cria condições para que os membros do conselho da escola tomem parte
nas decisões na alocação dos fundos para a escola.

Ainda em relação às condições criadas pelo conselho e a escola para que os membros do
conselho influenciem na tomada de decisão para alocação dos fundos, também verificamos que o
conselho deveria fazer o levantamento das necessidades que a escola tem em conjunto com a
administração da escola. Ainda a despeito das alocações verificamos que o conselho quase que
não participa na tomada de decisão da alocação dos recursos da escola, desde os financeiros,
humanos e materiais. Embora os dados dos documentos analisados na escola demonstram que
existem comissões de trabalho, Curiosamente estes são funcionais.

Em relação a alocação ou determinação dos recursos financeiros, materiais e humanos o


conselho deveria fazer análise das necessidades, emitir pareceres em relação a requisição do
pessoal e ao aprovisionamento do material da escola.

Alguns membros têm a percepção de terem participado de forma positiva na tomada de decisão,
na escolha dos projectos a serem implementados na escola. Contudo, foi possível perceber que
na sua maior parte os membros do conselho são unânimes em dizer que raras vezes decidem na
escolha dos projectos a serem implementados na escola.

Porque não é nossa intenção esgotar a temática "Conselho de Escola Versus Gestão
Democrática", aceitamos qualquer contribuição que visa melhorar o nosso trabalho.

A realização desta pesquisa acrescentou um grau de maturidade intelectual e cientifico em nós e


com certeza contribuirá para o desencadeamento de futuros trabalhos de pesquisas.
49

5.2. Sugestões

Ao MINEDH

 Se tratando de uma órgão instituído pelo MINEDH é importante que o CE seja


amplamente divulgado a todos os níveis da sociedade, principalmente nos bairros de
modo a permitir o acesso a informação básica sobre como participar e influenciar nas
decisões a nível da escola.
 Estabelecer parcerias com Organizações Não Governamentais e a Sociedade Civil local,
cujo papel se traduziria na capacitação dos membros do conselho em matérias de gestão
escolar;
 Criar formas de atrair e reter os pais/encarregados de educação e a comunidade no
Conselho de Escola;
 Criar uma equipa de auditoria que ira fiscalizar as actividades do Conselho de Escola.

À Escola

 A integração de múltiplos canais de divulgação da informação sobre o CE (por exemplo,


além das tradicionais convocatórias, usar panfletos, as rádios comunitárias, sities da
internet, espaços de antena na rádio como na televisão, jornais, campanhas porta-a-porta,
etc.) com vista a mobilizar efectivamente os membros da comunidade, os pais e
encarregados de educação tomar parte nas reuniões do CE;
 Disponibilizar informação em tempo útil à nível da comunidades de modo a aumentar o
envolvimento da mesma no Conselho;
 Sensibilizar e divulgar diferentesinformações relativas ao conselho de escola, quer entre
os membros do conselho, bem como em relação aos restantes membros da comunidade
educativa;
 Observar a legislação que rege a constituição do Conselho de Escola, elegendo os
diferentes membros por meio de um sufrágio;
 Permitir que o Conselho desenvolva suas actividades sem sobressaltos
50

5.3. Limitações do Estudo


 Durante a realização deste trabalho, tivemos várias limitações a começar pelo facto, deste
estudo ter sido feito em uma única escola, o que não nos possibilitou comparar alguns
aspectos, visto que o nosso foco foi apenas nesta escola.
 O número reduzido de inquéritos por questionário recolhidos aos membros do Conselho
de Escola, foi uma outra limitação que encontramos na realização do nosso estudo. Pois
foram distribuídos 15inquéritos, recolhidos 12 e analisados apenas 10 questionários.
 O facto de não conhecer os outros 3 membros e por estes residirem em lugares dispersos,
inviabilizou a recolha dos questionários, que até hoje não foram devolvidos a direcção da
escola.
 A grande limitação tem a ver com o facto de o pesquisador ter pouca experiência nesta
área, vistonão trabalhar no sector da educação e nunca ter feito parte de nenhum
Conselho de Escola. Com tudo, esta investigação foi feita com todo o nosso empenho,
esforço e dedicação.
51

BIBLIOGRAFIA
AA.VV. Educação – Um Tesouro a Descobrir. Porto Edições Asas. 1996.
ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia de trabalho científico: elaboração
do trabalho na graduação. 8ª ed. São Paulo: Atlas, 2007
ASSIS, Ana Cláudia Lima de. Conselho de Escola instrumento de gestão democrática em
tempos de políticas neoliberais: experiencia em questão no Município de Baturité. Dissertação
científica para obtenção de grau de mestre em Avaliação de Politicas Publicas. Pró-Reitoria de
Pós-graduação. Universidade Federal do Ceará. Fortaleza – Ceará. 2007. Pg. 274
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70. 2008.
BILHIM, João. Ciência da Administração. 2ª Ed. Lisboa. Universidade Aberta. 2008.
BOAVENTURA, Edivaldo M. Metodologia da pesquisa: monografia, dissertação, tese. São
Paulo: Atlas, 2009.
BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia: Uma defesa das regras de jogo. Tradução de
Marco Aurélio. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1989.
BOFF, Leonardo. Fundamentalismo: a globalização e o futuro da humanidade. Rio de Janeiro:
Sextante, 2002.
CHIZZOTTI, António. Pesquisa em ciências humana e sociais. 7ª ed. são Paulo : Cortez, 2005,
p.102.
DIOGO, Paulo Gaspar Fernando. Sociologia da Educação e Administração Escolar. Plural
editores. Porto. 2010.

DICIONÁRIO, Moderno da língua portuguesa: O mais completo dicionário da língua


portuguesa. Angola. Escolar Editora. (s/d)

DOURADO, Luís Fernando Gestão da educação escolar, Brasília: Universidade de Brasília,


Centro de Educação a Distância. 2006.
FORMOSINHO, J. Centralização e descentralização na administração da escola de interesse
público. In J. Formosinho, A. S. Fernandes, J. Machado e F. I. Ferreira. Administração da
Educação: lógicas burocráticas e lógicas de mediação. Lisboa: ASA Editores. 2005
GONÇALVES, Alda T. Orçamento Participativo: “Um Contributo para a Construção da
Cidadania e da Democracia nos Níveis Locais”. Núcleo de estudos e conhecimento. 2009.
52

GONSALVES, António Cipriano Parafino. Modernidade, crise de referências e a concepção de


Ética no programa de Filosofia para o ensino médio. Tese de Doutoramento apresentada ao
Programa de Pós-graduação em Educação. Faculdade de Educação. Universidade Federal de
Minas Gerais. Belo Horizonte, 2009. 385pg.
HILL, Manuela Magalhães e HILL, Andrew. Investigação por questionário. 2ª ed. Lisboa.
Edições Silabo. 2009.
LAKATOS, Eva Maria & MARCONI, Metodologia Científica. 5ª ed. São Paulo: Atas, 2009.
LANGA, Líria Quilideo. Participação dos Cidadãos no Processo de Orçamentação
Participativa: o caso do Município da Cidade de Maputo (2008-2011). Monografia apresentada
ao Curso de Administração Publica na Faculdade de Letras da Universidade Eduardo Mondlane
para obtenção de grau de Licenciatura. Maputo. 2012. 71pg
LIBANEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 6 Ed. Revisão e
ampliação. Heccus Editora. São Paulo. 2013.

LIMA, M. C. Monografia: A engenharia da produção científica. São Paulo: Saraiva, 2004

LUCK, Heloísa; Perspectivas da gestão escolar e implicações quanto à formação de seus


gestores, Em Aberto, Brasília vol 17 n 72. 2000.
_________, Heloísa; A gestão participativa na escola. 4ª Edição, Petrópolis, RJ Vozes, série
cadernos de gestão. 2008.
_________. Dimensões de gestão escolar e suas competências. Curitiba: Editora Positivo, 2009.
LUCHMANN, Lígia Helena Hanan. Possibilidades e limites da democracia deliberativa: a
experiencia de orçamento participativo de porto Alegre. São Paulo: Universidade estadual de
Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. 2007.
MACHEL, Samora Moisés. Fazer da Escola para o Povo Tomar o Poder. Departamento do
trabalho Ideológico. Maputo. 1979.
MAZULA, Brazão. "Moçambique Dez Anos de Paz". In Mazula, B. (Org): Paz e Democracia.
1ª Edição. Maputo, Centro de Estudos Democráticos e Desenvolvimento, 2002, pp 17-34.
MOG, Mônica Beatriz. O papel do conselho de escola na gestão da Escola Municipal Dr.
Liberato Sazano Vieira da Cunha: trabalho de culminação do curso para a obtenção de grau de
especialista em gestão pública municipal. Escola de Administração. Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. 2012. 50pg.
53

PATEMAN, Carole. Participação e teoria democrática. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
PAULA, Lucéia Maria de Souza. O funcionamento do Conselho Escolar: A questão da
democracia representativa e/ou participativa: Monografia científica para obtenção de grau de
Licenciada em Pedagogia. Universidade Federal de São Carlos: Centro de Educação de Ciências
Humanas. São Carlos. 2011. 51pg.
QUIVY, Raymund.; CAMPANHOUDT, Luc Van. Manual de Investigação em Ciência sociais.
Lisboa: Gradiva. 1992.
RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa sociais métodos e técnicas. 3ed. Atlas editor S. Paulo,
1999.
SANTOS, António. J.R; Gestão Estratégica: Conceitos, modelos e instrumentos. Escolar
Editora. Porto. 2008
SILVA, Edna Lúciada. Metodologia de Pesquisa e elaboração de dissertação. 3ª edição.
Revisão. Actual. Florianopolis: Laboratório de Ensino a Distancia da UFSC. 2011.
SILVA, P. K. de Oliveira & NETO. A. C. O Conselho escolar como uma estratégia de gestão
democrática. Pub II Ca III. 2007.

Artigos e Relatórios Publicados


CORREIA, A.J.A; FERREIRA, M. de Barros; MARQUES, L.R. A Actuação dos Conselhos
escolares em escolas do Recife. (s/d).
CREMONESE, Dejalma. A questão da participação na teoria democrática contemporânea.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre. 2008.
IBRAIMO, Nazir Mahomed e Machado Joaquim. Conselho de Escola como espaço de
participação da comunidade. (s/d)
GOHN, M.G. O Papel dos Conselhos Gestores na Gestão Urbana. São Paulo: Cortex. (s/d).
LUIZ. M.C & CONTI. C. O papel dos Conselhos de Escola no Sistema Municipal do Ensino.
(s/d).
LUIZ. M.C & CONTI. Políticas públicas municipais: Os Conselhos Escolares como
instrumento de gestão democrática e formação da cidadania. (s/d).

LOBO Manuel Francisco & GINJA Aurélio. Avaliação dos serviços da educação na óptica dos
beneficiários. Maputo. CESC & MEPT. 2011.
54

FERNANDES, Maria Elizabete &MULLER, José António. Função do gestor na escola


pública. 2006.
MESQUITA, Alex. Gestão Democrática: Integração escola e comunidade. RSS. (s/d).

Netgrafia
BRASIL. Conselhos Escolares: Democratização da escola e construção da cidadania (Caderno
1). In: Brasil. Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares. Brasília – DF:
MEC/SEB, 2004. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Consescol/ce
cad .pdf>

Documentos e Legislação
Constituição da República de Moçambique de 2004
Ministério da Educação. Agenda do Professor 2011. Moçambique. 2011.
Ministério da Educação. Agenda do Professor 2012. Moçambique. 2011
Ministério da Educação. Diploma Ministerial nº 46/2008, de 14 de Maio. Maputo. 2008
Ministério da Educação e Cultura. Manual de Apoio ao Conselho de Escola. Moçambique. 2005.
Ministério da Educação e Cultura. Plano Estratégico de Educação e Cultura, 2006-2010/11:
Maputo. 2006.
Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano. Manual de Apoio ao Conselho de Escola
Primária. Moçambique. 2015
República de Moçambique. Lei nº 6/92 do Sistema Nacional de Educação. 1992
I

Apêndice I: Questionário remetido aos membros do Conselho de Escola

Bom dia/ Boa tarde. Sou estudante de Licenciatura em Administração e Gestão da


Educação pela Universidade Pedagógica. O meu objectivo com este questionário é
colher dados para a minha monografia com o tema: Conselho de escola VS Gestão
democrática – sua influência Tomada de decisão na EPC das FPLM da Cidade de
Maputo”, onde se direcciona esta pesquisa.
É por esta razão que lhe solicitamos algumas opiniões pessoais e profissionais sobre a
problemática que envolve a tomada e decisões no conselho de escola. Os dados
recolhidos serão para os fins indicados.
Agradecemos a vossa colaboração.

Dados de identificação
1.Sexo: Feminino …… Masculino……
2.Idade ……
3.Nível académico
3.1. Básico ……
3.2. Médio ……
3.3. Licenciatura ……
3.4. Sem nível …….
4. Grupo que representa no Conselho de Escola
4.1. Professores……
4.2. Alunos……
4.3. Funcionários…….
4.4. Pais e encarregados de educação……
4.5. comunidade…...

Orientações

Para cada indagação do questionário, responde colocando x na resposta que achar correcta.

Dimensão 1. Percepção que os membros do CE tem sobre a Gestão democrática

QUESTÕES 1 2 3 4
Nunca Raras vezes As vezes Sempre
2.1. A gestão Democrática, é participação da
comunidade, dos pais e encarregados de
educação na vida da escola.
II

2.2. A gestão Democrática exige


transparência, impessoalidade e moralidade.
2.3. A gestão democrática melhora o
processo de ensino-aprendizagem
2.4. A gestão democrática favorece a
integração dos mais membros do CE na
tomada de decisões a nível da escola.
2.5. A gestão Democrática passa também
pela gestão conjunta dos recursos
financeiros peloCE e direcção da escola.

Dimensão 2. Funcionamento do Conselho de Escola

QUESTÕES 1 2 3 4
Nunca Raras vezes As vezes Sempre
3.1. O funcionamento do CE é de
agrado de todos os membros do CE.
3.2. O CE funciona com muitas
dificuldades, pois há obstáculos que
dificultam o seu funcionamento.
3.3. Os membros do CE são
envolvidos nas actividades da escola
3.4. As actividades do C.E contribuem
para a melhoria da qualidade do
ensino
3.5. O CE analisa os documentos
normativos da escola.
3.6. C.E. elabora o seu plano anual das
actividades.
3.7. O CE participa de forma efectiva
na gestão dos recursos financeiros da
escola.

Dimensão 3. Processo de tomada e decisão


QUESTÕES 1 2 3 4
Nunca Raras vezes As vezes Sempre

4.1durante a reunião do CE a tomada


de decisão é feita por todos os
membros.
4.2. Todas as decisões tomadas no CE
são implementadas na escola
4.3. Em última instancia a decisão
III

sobre a alocação dos fundos para escola


cabe ao CE.
4.4. O CE tem intervindo de modo a
influenciar na toda de decisão sobre a
alocação dos recursos materiais,
humanos e financeiros.
4.5.O CE toma decida na escolha de
projectos a serem implementados na
escola.

Quais são as acções do CE que tem maior influência no contexto de gestão democrática e na
tomada de decisões na EPC Avenida das FPLM?
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______
IV

Apêndice II: Guião de Entrevista aodirector da Escola

Bom dia/ Boa tarde. Sou estudante de Licenciatura em Administração e Gestão da


Educação pela Universidade Pedagógica. O meuobjectivo com esta entrevista é colher
alguns dados para a minha monografia científica com o tema: Conselho de escola VS
Gestão democrática – sua influência na Tomada de decisão na EPC das FPLM da
Cidade de Maputo, onde se direcciona esta pesquisa.
É por esta razão que lhe solicito algumas opiniões pessoais e profissionais sobre a
problemática que envolve a tomada de decisões no conselho de escola. Os dados
recolhidos serão para os fins indicados.
Agradecemos a vossa colaboração.

Questões
Dados de identificação
Idade ……; Sexo ……; Formação académica ……; Anos de experiência ……
1. Qual a percepção que tem sobre a gestão democrática?
2. Como tem sido o relacionamento entre a direcção da escola e o conselho?
3. A presença do director tem alguma influência no funcionamento do conselho?
4. As actividades desenvolvidas peloCE melhoram a qualidade do Ensino?
5. O CE influencia na toda de decisão sobre a alocação dos recursos materiais, humanos
e financeiros?
6. A que nível direcção da EPC das FPLM coloca em prática as decisões tomadas pelo
CE? A título de exemplo.
V

Apêndice III: Guião de observação das reuniões do Conselho de Escola da EPC das
Mahotas

Aspectos a serem observados


1. Quem deu início a reunião (o director ou o presidente?)
2. Como é feita a participação dos membros nas discussões dentro do conselho (participação
parcial ou efectiva?)
3. Como se comportam os membros do conselho na reunião (os membros são passivos ou
activos)
4. Como é que são tomadas as decisões dentro do Conselho (de forma unilateral ou
bilateral?)
5. Como é que termina a reunião (quem tira as conclusões finais é o director ou o presidente
do conselho?)
VI

Apêndice IV: Guião de análise de conteúdos das actas da reunião do Conselho de Escola na
EPC das Mahotas
1. Analisar os assuntos tratados no Conselho.
2. Observar o funcionamento do Conselho.
3. Analisar as formas de participação dos membros do Conselho.
4. Analisar as formas de tomada de decisão.
I

Você também pode gostar