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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

CURSO: SERVIÇO SOCIAL


DISCIPLINA: SOCIOLOGIA DAS JUVENTUDES
DOCENTE: TERESA CRISTINA ESMERALDO BEZERRA
DISCENTE: ANA ÉRICA ARAÚJO FERRO 
RESENHA: DIALÉTICA DAS JUVENTUDES MODERNAS E
CONTEMPORÂNEAS

As juventudes são objetos de permanente preocupação das sociedades modernas

e contemporâneas, são sempre uma “questão pública”. Mas existem períodos históricos

na qual as juventudes são enfatizadas, no fim do séc. XVIII e todo o séc. XIX, por

exemplo. Visto que nesse período acontecia a Revolução Industrial e o crescimento do

capitalismo, a preocupação nesta época era com a “delinquência” e/ou promiscuidade da

juventude trabalhadora.

Junto com o crescimento do capitalismo industrial, cresciam também as suas

contradições e efeitos negativos. Mesmo que não fosse claro no período a sua

correlação, logo foi colocada a questão de uma “juventude” desregrada, indisciplinada e

viciada. Acontecendo quase da mesma forma novamente com o avanço do capitalismo

baseado na “acumulação flexível”, o que gera mais desemprego e outras expressões

decorrente dessa contradição.

No texto, a determinação de um período da vida através da faixa etária é algo

marcante e presente na sociedade moderna e principalmente no ponto de vista do

Direito. Em 1980 temos o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que marca

legalmente a adolescência dos 12 aos 16 anos de idade. Mas no ECA hoje, esse período

se estende até os 18 anos. Segundo a Lei de nº 12.852, são considerados(as) jovens as

pessoas de 15 à 29 anos de idade.


Importante ressaltar que, a fim de compreender os significados sociais das

juventudes modernas, é muito importante não delimitar a princípio a sua faixa etária de

permanência, pois esta não tem caráter absoluto e universal. A faixa etária é resultado

das interpretações institucionais das sociedades sobre sua própria experiência, a

juventude diz respeito a uma categoria social utilizada para classificar indivíduos,

normatizar os comportamentos destes e definir seus direitos e deveres.

As concepções de juventudes podem mudar de acordo com os sociólogos; para

Murdrock e McCron a juventude se trata de um rótulo gerado com o objetivo de

manipulação ideológica, é apenas uma construção imaginária. Já Ortega acredita que a

juventude é um início do curso natural da vida, mais um suporte natural e universal da

vida em sociedade.

Para o autor, Mannheim trabalha melhor a realidade social da juventude, a

considera uma fonte primordial da identidade social na modernidade, mas no fim

também naturaliza a juventude como algo que pode surgir pelo compartilhamento

coletivo de uma experiência tida como natural.

Em seu artigo, Groppo vai discordar dos autores citados demonstrando que a

juventude não é apenas uma mistificação e manipulação ideológica, mas sim uma

realidade social. Ele defende que a realidade da juventude não segue apenas uma ordem

natural, mas principalmente uma ordem social, uma criação histórica e assim não é

possível considerar como uma constante universal.

Seguindo seu pensamento, é preciso olhar a juventude do ponto de vista

sociológico e separá-lo da visão das ciências biológica e médica que naturalizam e

limitam a juventude. Entende-se que há categorias comuns às juventudes, mas a

juventude é antes de tudo uma categoria social, não algo natural do indivíduo.
Partindo desse ponto de vista é necessário relacionar a juventude com outras

categorias sociais, como classe, gênero, etnia, região etc. Junto com as categorias

também deve-se correlacionar com os condicionantes históricos e conjunturas sociais e

políticas. O autor ressalta mais uma vez que as juventudes são mistas e diversas, não há

como colocar como uma única juventude concreta.

É colocado como dialética da juventude, a presença de contradições dentro dos

diversos grupos de jovens, pois tais grupos criam uma realidade onde os indivíduos com

idades próximas convivem juntos e se comportam de forma semelhantes. Porém, é

justamente nessa convivência que surgem as possibilidades desses indivíduos criarem

suas próprias identidades, gostos, comportamentos e novos grupos diferentes que fogem

do que foi criado a princípio.

Portanto, é um percurso dialético entre a institucionalização das juventudes e as

suas oportunidades de autonomia. É necessário considerar tal capacidade de autonomia

partindo da relação com experiências de valores, ideias e instituições externas e

secundárias, pois assim podem surgir outras visões de mundos, alternativas e críticas

das mais variadas formas.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei nº 12.852, 5 de agosto de 2013. Dispõe sobre dispõe sobre os direitos


dos jovens, os princípios e diretrizes das políticas públicas de juventude [...]. Brasília,
DF, 2013. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2013/lei/l12852.htm. Acesso em: 06 de maio.
GROPPO, L.A. Dialética das juventudes modernas e contemporâneas (2004). In:
Revista de Educação do COGEIME. V.13. N.25. Disponível em:
https://www.metodista.br/revistas/revistas-cogeime/index.php/COGEIME/article/view/
629/568.

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