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ÍNDICE
ÍNDICE DE TABELAS, FIGURAS E GRÁFICOS ..................................................................... v
LISTA DE SIGLAS ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS ......................................................... vi
DECLARAÇÃO DE HONRA .................................................................................................... vii
DEDICATÓRIA ........................................................................................................................ viii
AGRADECIMENTOS ................................................................................................................. ix
Resumo .......................................................................................................................................... x
Abstract ........................................................................................................................................ xi
Resumé ........................................................................................................................................ xii
1. Introdução.............................................................................................................................. 13
PRIMEIRA PARTE – ENQUADRAMENTO TEORICO-CONCEPTUAL ...................... 19
Capítulo 1. Desenvolvimento vocacional e exploração: contributos da psicologia vocacional
..................................................................................................................................................... 20
1.1 Orientação e desenvolvimento vocacional ........................................................................ 20
1.1.1 Bases históricas e epistemológicas da conceptualização do desenvolvimento
vocacional ................................................................................................................................... 21
1.1.2 Exploração e investimento como dimensões estruturantes do desenvolvimento
vocacional ................................................................................................................................... 34
Capítulo 2. Ensino Superior e seus Significados..................................................................... 37
2.1 Os significados da Educação superior: uma revisão teórica ............................................. 37
2.2 Ensino Superior num contexto da incerteza ...................................................................... 40
2.3 Construindo significados no contexto da pós-modernidade.............................................. 42
2.4 Educação superior em Moçambique: Percurso histórico e realidade actual ..................... 47
Capítulo 3. Expectativas académicas e Adaptação ao Ensino Superior ............................... 58
3.1 Expectativas e Adaptação ao Ensino Superior .................................................................. 58
3.2 Impacto das expectativas académicas na adaptação ao ES ............................................... 64
Capítulo 4. Avaliação da eficácia das intervenções no desenvolvimento vocacional nas
sociedades ocidentais e realidade Moçambicana .................................................................... 73
4.1 Síntese de estudos sobre a avaliação de intervenções vocacionais no ocidente ................ 73
4.2 Análise da realidade da Orientação Vocacional em Moçambique .................................... 89
4.2.1 Estudos desenvolvidos na área da orientação vocacional em Moçambique................ 91
4.3 O contexto de urgência da intervenção vocacional numa população de estudantes do
ensino básico, médio e superior em Moçambique .................................................................. 97
4.4 A opção por uma metodologia de Projecto em contraponto a uma metodologia de
Programa ............................................................................................................................... 104
SEGUNDA PARTE - ESTUDOS EMPÍRICO ..................................................................... 108
DECLARAÇÃO DE HONRA
Declaro que esta tese de Doutoramento é resultado da minha investigação pessoal e das
orientações dos meus supervisores, o conteúdo é original e todas fontes consultadas
estão
devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final. Declaro ainda que
este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção de
qualquer grau académico.
________________________________
(Celso Velemo Jossias Miambo)
DEDICATÓRIA
À eterna memória de Jossias Elias Miambo, meu pai, meu principal impulsionador
para a opção pela academia como base a minha auto-realização.
À minha esposa e filhos (Dilsa, Aylen e Denzel) pelo apoio incondicional em todas as
etapas do percurso do meu doutoramento;
Aos meus irmão (Elísia, Fausto, Moita, Cláudio, Isabel e Edna), pelo constante
encorajamento.
AGRADECIMENTOS
Especial menção aos meus orientadores, Prof. Doutor Camilo Ibraimo Ussene e Prof.
Doutor Carlos Gonçalves, que na base das suas experiências deram as directrizes para a
construção do trabalho que hoje trago à lume.
Resumo
Abstract
(Em processo)
Resumé
(Em processo)
1. Introdução
No ano de 2022, Moçambique assinala o marco histórico de 47 anos de
independência nacional, período durante o qual se registaram assinaláveis
transformações nos mais variados domínios da vida dos cidadãos, com incidências
incontornáveis nos diferentes focos da actividade social, económica e cultural.
Na mesma linha, o Ensino Superior tem vindo a marcar um interessante
desenvolvimento, sobretudo do ponto de vista quantitativo, tal como é possível
testemunhar no capítulo 1 da presente tese, sustentado na criação de dispositivos legais
conducentes à diversificação da tipologia de instituições, para além da criação de
condições favoráveis à emergência de instituições privadas (Lei n.º 1/93, de 24 de
Junho), bem como pela maior diferenciação e flexibilidade de modalidades e regimes de
ensino presentes.
Assim, a prática tem evidenciado que, dia após dia, tanto cresce o número de
instituições oferecendo formação superior, quanto crescem as próprias instituições no
que concerne à sua expansão ao longo da extensão territorial nacional e à
heterogeneização das áreas de formação que dispõem, tendo em conta os desafios de
uma sociedade que, à academia, „exige‟ cada vez mais quadros com altos níveis de
qualificação. Trata-se, portanto, de um crescimento que, ao culminar com o seu maior
acesso, tem permitido máxima diferenciação do corpo estudantil.
Diante desta questão, sobressai a ideia de uma realidade provedora de subsídios
para a operacionalidade de planos estratégicos e de outros desígnios que visam assumir
o Ensino Superior como motor de Desenvolvimento do país (Alberto, 2012), não só
pelo incremento no acesso, mas também pela melhoria da ligação de seus conteúdos e
práticas com a sociedade, associada a um ganho na sua relevância pela estreita e forte
ligação com o mercado de trabalho.
No entanto, partindo dos fundamentos de Martucelli (2006), depreendemos que
a questão da mutabilidade e da complexificação progressiva dos sistemas de ensino,
bem como a crescente diversificação de ofertas formativas, exigem do jovens um
conhecimento aprofundado do mundo escolar, uma capacidade maior de discernimento
e de alinhamento entre as ofertas formativas e o mundo de trabalho, questões que
permitem o desenvolvimento de um olhar mais elaborado e conducente à efectuação de
escolhas vocacionais acertadas, o que, ao proporcionar maiores índices motivacionais
aos envolvidos, não só proporciona o sucesso na sua futura profissão, como também
permite a melhoria da qualidade do próprio do sistema.
comunitária e familiar e que dominou até finais do século XIX. Portanto, no lugar da
ideia segundo a qual o projecto de vida do sujeito devia circunscrever-se ao grupo social
de pertença, emerge uma Psicologia com enfoque na descoberta das capacidades do
indivíduo.
O fundamento epistemológico de base de definição deste modelo teórico centra-
se no inatismo ou apriorismo, uma teoria da aprendizagem que considera que as
possibilidades do homem adquirir conhecimentos são predeterminadas e que, tal como
Davis e Oliveira (1994) sustentam, as qualidades e capacidades básicas de cada ser
humano, nomeadamente a sua personalidade, os seus valores, hábitos e crenças, a sua
forma de pensar, as suas reacções emocionais e mesmo a sua conduta social, já se
encontram biologicamente prontas.
Note-se que, de acordo com Dantas (2020), nos seus escritos, Platão já
salientava a tese de que nascemos com ideias inatas, uma tese totalmente contrariada
por Aristóteles, um empirista que, na mesma senda de Karl Popper e de outros teóricos
que propugnam esta corrente, sustentava que a única fonte de conhecimento humano é a
experiência adquirida em função do meio físico, mediada pelos sentidos; portanto, uma
ideia que traduz os fundamentos nucleares da corrente positivista.
Assim, tendo como base os pressupostos teóricos que o subjazem, compreende-
se que este modelo da orientação vocacional se centra no sujeito intrapsíquico
(Gonçalves, 1997), ao sublinhar que cada pessoa já nasce predestinada para uma
vocação a realizar no mundo. Esta “vocação” encontra-se oculta em cada um e impõe-se
descobri-la mediante o “exame psicológico”, cujo objectivo é a “descoberta” do
caminho mais adequado para os indivíduos obterem sucesso na sua formação e na futura
profissão (Ibidem).
Se pretendermos uma análise mais fundada sobre a questão, depreendemos a
lógica da proposta da psicologia diferencial e da personalidade clássica aplicada às
questões vocacionais, patentes nas teorias desenvolvidas a partir de Frank Parsons
(1909), que se baseiam na óptica de „traço-factor‟. Denominado por Law (1991) de
maching model 1 , Parsons refere-se aos métodos de objectivação dos indivíduos pela
categorização dos seus interesses, valores e capacidades e pela descrição dos traços
1
LAW (1991) refere-se ao maching model como sendo uma estratégia de intervenção vocacional baseada
no emparelhamento das características individuais com o perfil de determinada profissão.
Uma vez que as proposições iniciadas por Super (1951, 1955, 1957) começaram
a inspirar as concepções, modelos e perspectivas de orientação vocacional a partir dos
anos 50, as visões que prevaleceram desde os primórdios do Sec. XX começaram a
perder legitimidade, o que concorreu para que as escolhas vocacionais e ocupacionais
passassem a ser vistas menos como um evento imediato, circunscrito a uma fase de
desenvolvimento, e mais como um processo de grandes e pequenas escolhas,
consistindo em múltiplas transições e mudanças a partir das quais o sujeito molda a sua
vocação. Nisto, Herr e Cramer (1996) salientam a presença de uma mudança na
direcção da psicologia vocacional, de uma visão que enfatiza o que deveria ser
escolhido para outra que se assenta no estudo das características de quem pretende
escolher.
Durante as décadas em que a abordagem do desenvolvimento vocacional ao
longo da vida emergiu, Super fez referência a uma diversidade de constructos e
mecanismos para explicar o comportamento dos sujeitos em diferentes estágios da vida.
Ele identificou os factores que subjazem os seus conceitos de “career maturity in
adolescence” e de “career adaptability in adulthood”.
Ao longo da carreira de Super, quando novas evidências ou perspectivas
revogaram as construções ou modelos anteriores por si propostos ou quando ele próprio
percebeu que a sua proposta não estava suficientemente clara, colocava-se a necessidade
de criação de novos modelos que procurassem fazer menção à interacção dinâmica entre
o indivíduo e a sociedade.
Nesses novos modelos ele tentou ilustrar como os recursos naturais, a economia,
a família e os factores ambientais influenciam o desenvolvimento de atitudes, interesses
e valores, como estes são integrados em diferentes estágios da vida e, finalmente, como
as pessoas trazem todas estas forças sociais e pessoais e as organizam em termos de
conceitos de si e dos seus papéis sociais. Provavelmente, mais do que em qualquer outra
das suas publicações, Super afirma que a aprendizagem interactiva está na base de todos
estes factores e influências e, salienta que estes pesam no processo de tomada de
decisão vocacional.
Uma vez que a história de aperfeiçoamento a partir da qual as contribuições de
Super para a intervenção e Desenvolvimento Vocacional se desenvolveu ao longo da
metade do século passado, Herr (1997) sugeriu áreas adicionais nas quais os
aperfeiçoamentos poderiam ser considerados futuramente.
vida para a ideia de pequenos projectos para fazer face às dinâmicas da sociedade
actual, onde os sujeitos trocam continuamente de ocupações; (2) da noção de
causalidade linear para dinâmicas não-lineares, nomeadamente através do entendimento
de que as atitudes, valores e interesses mostram-se variáveis ao longo do
desenvolvimento psicológico global e (3) de uma óptica estritamente psicométrica de
orientação vocacional para outra focalizada no sujeito e na sua capacidade de
construção e reconstrução de sua realidade múltipla e subjectiva.
Posto isto, o life-span assenta-se num modelo de intervenção psicológica cuja
base está ligada à implementação da teoria de autoconstrução (Guichard, 2005), que
salienta o papel activo do sujeito na construção de suas trajectórias vocacionais, e na
teoria de Construção de Carreira (Savickas, 2005), que aborda o aconselhamento de
carreira a partir de uma perspectiva construtivista e narrativa. Portanto, o seu quadro
teórico está estruturado para ser ao longo da vida, holístico, contextual e preventivo.
Neste âmbito, como forma de reforçar os pressupostos definidos a partir das
propostas de Super, torna-se útil fazer menção à teoria sociocognitiva de carreira de
Lent (1994), uma teoria inspirada na abordagem social cognitiva geral de Albert
Bandura, referente aos processos cognitivos e motivacionais relacionados com
diferentes áreas do funcionamento psicossocial, incluindo a questão do desempenho
académico, saúde e comportamento e desenvolvimento organizacional.
A teoria de Lent procura, com recurso à três variáveis intrinsecamente
relacionadas, nomeadamente a crença de auto-eficácia, as expectativas de resultados e a
definição de metas, explicar como os interesses académicos e profissionais básicos se
desenvolvem, como as escolhas educacionais e de carreira são feitas e como o sucesso
académico e profissional é obtido (Lent et al, 2017). Neste contexto, Lent, Brown e
Hackett (2002) caracterizam as relações entre a auto-eficácia, a realização e os inte-
resses, assumindo que um conjunto complexo de factores como a cultura, o género, a
estrutura social e o estado de saúde operam em simultâneo e influenciam as cognições, a
natureza e o âmbito das capacidades e possibilidades de carreira.
A abordagem sociocognitiva da carreira reconhece três grupos de variáveis,
designadamente (1) as de natureza pessoal (e.g., sexo, saúde, etnia) e situacional (e.g.,
família, escola, cultura), que adquirem significado se existir relação bidireccional entre
a pessoa e o contexto; (2) as fontes de auto-eficácia e (3) as expectativas de eficácia e as
expectativas dos resultados, que influenciam a representação das potencialidades e a
circunscrição dos interesses e dos objectivos (Faria & Loureiro, 2015).
conduz à ideia de projectos de vida estanques. Não está patente a ideia do homem como
um ser social, dotado de faculdades que o permitem interagir com as circunstâncias de
vida a ele propiciadas, nomeadamente através da interacção com uma série de sistemas
que o circundam. Assim, Coimbra (1997/98) questiona este processo linear ascendente e
estático de um projecto único previsível, apresentando uma perspectiva dinâmica do
desenvolvimento vocacional que se vai construindo e reconstruindo, ao longo da vida,
através que pequenos ou grandes projectos.
Numa perspectiva desenvolvimentista, pode-se citar Jordaan (1963), ao conceber
a exploração como uma actividade, declarada ou não, de obtenção de informação de si
próprio e do mundo, para a tomada de decisão (Taveira, 2000). Sublinham-se os
processos internos de reflexão, de (re)construção de significados sobre a experiência e
de aprendizagem cognitiva e não em termos de manifestações comportamentais deste
processo, que eventualmente possam ser passíveis de observações (ibd.).
Sem ignorar a linha anterior, Stumpf e colaboradores (1983) apresentam uma
definição da exploração vocacional referindo-se àqueles comportamentos e cognições
que permitem o acesso à informação sobre profissões e encaram-na como um processo
contínuo no desenvolvimento individual. Estes e outros investigadores tais como Super
(1981) reconhecem que a exploração pode ser um processo cíclico, que ocorre ao longo
da vida, visando a promoção do desenvolvimento vocacional.
Portanto, é importante sublinhar a exploração como dimensão estruturante do
desenvolvimento vocacional, que ocorre ao longo do ciclo vital, permitindo-nos
ultrapassar a redução deste processo circunscrito a uma etapa do desenvolvimento
vocacional, concretamente, a adolescência. A exploração sendo um processo resultante
da relação que o sujeito estabelece com o mundo não se restringe à produção de
conhecimento sobre a realidade, mas é um processo complexo de integração de
dimensões cognitivas, afectivo-motivacional e comportamentais (Campos & Coimbra,
1991).
O conceito de investimento como um processo psicológico vocacional suscita
um olhar em torno de dois conceitos cuja literatura tem abordado indiscriminadamente,
quando, na realidade, referem-se a realidades psicológicas diferentes (Gonçalves, 1997).
São eles os conceitos de “investimento”, uma dimensão com uma conotação afectivo-
motivacional que mobiliza o indivíduo para a acção e, o “compromisso”, que conduz à
ideia de um acordo que se assume com outrem (ibd.). Esta distinção é corroborada por
Costa (1996), na medida em que, num extremo, refere-se ao “investimento” como
com asteroides (porque é um fiasco), um pombo sem asas (porque não consegue voar),
ou um tambor desafinado (porque é vazio, barulhento e não é estético) (Erginer, 2011).
Fica patente a ideia de que a mente pós-moderna não pode operar com base em
lógicas lineares e pressupostos universais previamente estabelecidos para dar resposta a
um contexto desprovido de perigo e ambiguidade, uma vez que se encontra inserida
num mundo dinâmico, onde o erro, o risco, a desconfiança e a incerteza são conceitos
que ocupam posições privilegiadas. Diante destas características, Senett (2007) destacou
uma série de questionamentos cujo fundo gira em torno da necessidade de reflexão
sobre a forma como os sujeitos podem desenvolver uma narrativa de identidade e
história de vida, num ciclo cujos elementos encontram-se fraccionados.
A respeito desta questão, vale ressaltar como resposta aos referidos
questionamentos a proposição que sustenta uma visão de um mundo que contraria a
ideia de um grande e único projecto de vida, entendendo-a como sendo carregada de
afinidades óbvias com visões lineares, muitas vezes ascendentes, seguindo um fio
composto por um conjunto de etapas sequências e, propondo, em alternativa,
concepções multidimensionais, recorrentes, eventualmente cíclicas a nível processual e
não assentes em uma perspectiva de cristalização das características do sujeito
psicológico.
Tendo como ponto de referência os resultados de vários estudos desenvolvidos
com o intuito de analisar a condição da sociedade pós-moderna (eg. Giddens, 1997),
pode-se concluir que se trata de um mundo que carrega consigo características com
impacto radical na vida das pessoas, uma vez que afecta os seus aspectos mais pessoais,
criando bases para a transformação da natureza social da vida quotidiana. A
continuidade histórico-cultural que sempre ajudou a nortear a construção de um
significado pessoal na vida das pessoas, a partir de significados e valores transmitidos
de geração em geração, é hoje uma construção vaga e indefinida (Monteiro, 2015).
Com efeito, nas sociedades contemporâneas o self é considerado um “edifício
fragmentado, ambíguo e inseguro construído a partir de retalhos, dogmas, injúrias
infantis, artigos sensacionalistas de opinião, comentários casuais, pequenas vitórias,
gente que odiamos e amamos” (Rushdie 1991:12), “é débil, quebradiço, fracturado e
fragmentado” (Giddens1997: 156), ou seja, ao mesmo tempo que o mundo social
caracteriza-se como sendo incoerente, o self assume uma perspectiva de não linearidade
e de desconcentração, demarcando-se assim do seu sentido de coesão e previsibilidade.
Trata-se, portanto, de um contexto em que a narrativa pessoal e social é construída na
base de experiências momentâneas e transitórias. Afinal de contas, a vivência
psicológica não passa do resultado de um processo histórico e social, nunca acabado,
onde a construção e a organização interna dos indivíduos, sob a forma de significados,
emoções pensamentos e acções, toma lugar (Coimbra, 2005; Gonçalves & Coimbra,
2016).
Portanto, a partir do conjunto de características que fomos mencionando,
compreende-se que se está numa sociedade caracterizada pela incerteza, uma ideia
sublinhada pelo paradigma capitalista, característico das sociedades actuais, o qual por
si só, afigura-se num dos principais factores geradores de incerteza nas pessoas
(Monteiro, 2015).
Lipovetsky e Charles (2013) reportam a respeito da sociedade de incerteza
aludindo sobre a presença de uma lógica de mundialização que surge de forma
independente da vontade dos indivíduos, uma época globalizada em que prevalece a
financeirização da economia, um desenvolvimento extremo das tecnologias de
informação, onde desencadeiam-se imperativos de competitividade e de rentabilidade
nas empresas, o que leva os indivíduos à necessidade de permanente actualização e
aperfeiçoamento das suas competências, para que, sempre que possível possam ser
melhores, distinguir-se e ultrapassar-se.
Sendo mais forte o impacto que as mudanças macro-sistémicas (ex: aumento da
competitividade, da mobilidade, da precariedade, da complexificação das relações
pessoais) têm na vida profissional, gerando desafios e dificuldades àqueles que têm uma
profissão (Monteiro, 2015), assiste-se, na óptica de Azevedo e Fonseca (2006), a
presença de um substrato social que permite o crescimento do clima de incerteza e de
insegurança. Trata-se de um clima formado pelo medo, pelas práticas de desvinculação
e pelos vínculos frágeis e sem consequências, pela afirmação do multiculturalismo, pela
perda de importantes referências culturais, pela perda da centralidade de importantes
narrativas sociopolíticas, pelo crescimento da individuação e do consumo
Uma vez que a incerteza e a construção do significado psicológico à volta da
mesma tende a ser internalizado sem que, contudo, se tenha em atenção ás suas origens
sociais, a auto-concepção e a auto-suficiência do indivíduo podem ser uma ilusão, uma
vez que, tratando-se de um contexto orientado pela liquefacção, as possibilidades de
construção de significados para a experiência humana, que permitem uma narrativa com
viabilidade, se tornem cada vez mais complexas. Isto pode ser justificado com
referência a Gonçalves e Coimbra (2000), que salientam que na contemporaneidade as
grandes narrativas que garantiam alguma segurança e coesão social, entraram
definitivamente em crise.
Portanto, perde-se o eixo condutor a partir do qual os projectos de vida são
assentes numa lógica de imobilidade e previsão, onde os universos simbólicos, antes
passíveis de cristalização segundo processos de objectivação, sedimentação e
acumulação do conhecimento, veem o seu espaço cada vez mais reduzido, tornando-se a
institucionalização e a legitimação da realidade social cada vez mais difícil, ou seja,
coloca-se em causa todo o edifício socialmente partilhado, apontado por Berger e
Luckmann (2010), em que os processos de transmissão das objectivações de ordem
institucional a uma nova geração são quebrados.
Monteiro (2015) refere que a experiência humana passa a construir-se dentro de
um contexto situado entre a liberdade e o risco, entre o progresso económico sem
limites e o seu próprio colapso, entre a imprevisibilidade e o caos, entre o relativismo
em que estamos mergulhados e a dificuldade em encontrarmos referências criteriosas
para analisar a realidade. O autor vai mais longe ao afirmar, sustentado por Sennett
(2007), que o homem comum, produto desta cultura, reciclável, flexível, polivalente e
consumista, é o homem irónico, que nunca é capaz de assumir-se a sério, porque é
sempre consciente de que os contornos em que se experiência estão sujeitos à mudança,
é sempre consciente da contingência e da fragilidade do seu vocabulário final, e,
portanto, de si mesmo.
Neste cenário, a fluidez torna-se na metáfora mais adequada para caracterizar as
formas de ser e estar das sociedades, onde as relações entre as pessoas são assentes na
desvinculação e superficialidade, onde os laços emocionais de lealdade nas relações
profissionais não se fazem sentir e há falta de confiança e cooperação e onde as
questões económicas tendem a ser colocadas no centro das preocupações. As relações
passam a ser definidas por vínculos cada vez mais precários, em nome da flexibilidade,
da inovação, da competição, dos objectivos definidos, tornando-se mesmo episódicos e
temporários, mera prestação de serviços, gerando uma forte instabilidade pessoal e
social (Gonçalves, 2008).
Para concluir, a compreensão em torno da questão da construção de significados
sobre a educação no contexto da contemporaneidade, passa necessariamente pela
2% do total dos inscritos (Donaciano, 2011). A mesma autora, citando Cruz e Silva
(2009) indica que um ano antes da proclamação da independência nacional, em 1974, a
ULM oferecia 14 cursos de diferentes áreas, tendo, em 1975, passado a contar com um
total de 5 docentes moçambicanos e 2400 estudantes (Ibd.)
A fase pós-colonial foi historicamente subdividida em duas subfases. A
primeira, enquadrada na supra salientada segunda fase que se estendeu de 1975 a
1987/1990, foi marcada por um dos maiores eventos históricos da nação, a proclamação
da independência da subordinação colonial. Esse facto culminou com a reconversão da
Universidade de Lourenço Marques, de modo que passasse a servir às exigências de um
país cuja aspiração fundamental é de criar condições para o desenvolvimento
económico e social. Nesse contexto, a ULM passou a designar-se Universidade Eduardo
Mondlane (UEM), em honra ao fundador e primeiro presidente da Frente de Libertação
de Moçambique (FRELIMO). Para Rosário (2013), a UEM procurou, nesta fase,
responder aos ideais da Revolução moçambicana, tais como o desenvolvimento da
identidade nacional e a reorganização socioeconómica, o que ditou o facto de a
instituição ter vivenciado várias transformações (MESCT, 2000) no sentido de orientar-
se para a renovação e democratização das suas estruturas; abertura de novos cursos;
recrutamento e a formação de um corpo docente moçambicano; adequação dos curricula
às exigências do mercado de trabalho; a rápida preparação dos estudantes a nível pré-
universitário, a partir dos Cursos Propedêuticos e para a abertura de cursos de Formação
de Professores.
De acordo com Langa (2006), e tendo em conta o facto de a Frelimo ter-se
declarado formalmente, em sede do seu terceiro congresso, um partido de vanguarda
marxista‑leninista, sob a liderança de Samora Machel, a característica fundamental deste
período foi o experimento do advento socialista de 1977 a 1987. O autor argumenta que
a organização e governação do ensino superior respeitam, nesse período, a visão de
sociedade socialista e a planificação centralizada do Estado.
Na década de 1980 notabiliza-se um crescimento do número de instituições,
marcado, por um lado, pelo surgimento, em 1985, através do diploma ministerial nᵒ
73/85 de 4 de Dezembro e com a principal missão de formar quadros para o sector da
educação, a segunda instituição de ensino superior no país, a qual tomou inicialmente o
nome de Instituto Superior Pedagógico (ISP) e que mais tarde, em 1995, passa a
designar-se Universidade Pedagógica, com a aprovação dos Estatutos, ao abrigo do
Decreto 13/95, de 25 de Abril. Por outro, nasce, em 1986, uma escola superior para
tabelas a seguir é possível ter uma visão em torno das diferentes instituições do ensino
Superior públicas e privadas e sua tipologia.
Tabela 1: Lista de instituições públicas do ensino superior em Moçambique
1 Universidade Eduardo Mondlane (UEM)
UNIVERISDADES
Diante deste cenário, coloca-se o desafio de, mais do que criar um sistema
diferenciado do ponto de vista nominal, tornar-se numa efectiva diferenciação
funcional, fazendo face à tendência de reprodução de instituições que na prática
procuram ser iguais. É possível encontrar fundamento para tal discurso a partir de Agibo
(2017) que sustenta que maior parte das instituições de ensino superior Moçambicanas
são na prática igualmente vocacionadas ao ensino, o que pode justificar-se pelo facto de
não termos, ainda, instituições que se possam afirmar de orientação e perfil
correspondente à investigação2 e que mais de 95% do corpo discente da IES é composto
por estudantes de graduação.
As instituições privadas limitam‑se a dar resposta a
concorrência por recursos escassos, entre os quais está o
estudante, sua principal fonte de receitas, ainda que atribuam
designações distintas aos seus cursos e programas
curriculares. A distinção é feita mais como uma estratégia de
„marketing comercial‟ do que para reflectir diferenças
fundamentais nos cursos e programas (Langa & Zavale, 2012:
75).
2
“Muitas das vezes não pela exiguidade de recursos, mas por falta de uma visão estratégica da
importância da diferenciação funcional” (Agibo, 2017: 46).
forma geral e, com impacto particular na gestão dos procedimentos e indicadores da sua
qualidade, de entre os quais Terenciano e Natha (2009: 83-84) citam ao seguintes
ingressantes carregam consigo expectativas bastante elevadas, por vezes pouco realistas,
em relação às suas vivências interpessoais, curso, carreira e futuro profissional, o que
pode concorrer para o desenvolvimento de frustrações, implicando menor envolvimento
académico. Grande parte de jovens que terminam o ensino médio e ingressam ao ES
carregando consigo níveis de qualidade pouco expressivos e uma visão desajustada em
relação à realidade do ensino superior como corolário da sua fraca exploração, o que
repercute nos seus investimentos aquando da frequência de um programa universitário,
podendo causar baixas classificações, absenteísmo, disciplinas em atraso, mudança de
curso, abandono, etc. Neste sentido, a decepção sentida por alguns estudantes no
decurso do primeiro ano parece decorrer, assim, das ilusões ou das expectativas em
relação ao ensino e à vida académica (Costa et al., 2014; Soares et al., 2014). A esse
respeito, chamamos atenção ao chamado “mito do caloiro” (freshman myth), expressão
utilizada por Stern (1966) para descrever as expectativas elevadas e irrealistas dos
estudantes do primeiro ano, que têm fraca correspondência com a real experiência em
contexto universitário.
Em contrapartida, as expectativas mais condizentes com a realidade do curso e
da instituição, contribuem significativamente (Almeida & Soares, 2003) para a
permanência na instituição e conclusão dos programas estudantis. Neste ponto, convém
recordar que Araújo e Almeida (2015) e Araújo, Almeida, Costa, Alfonso, Conde e
Deaño (2015) salientam que a congruência entre as expectativas e as vivências dos
alunos no contexto universitário está associada a níveis elevados de motivação,
ajustamento e sucesso académico. Dessa forma, o comportamento orientado para
objectivos parece ser fortemente influenciado pelas expectativas de resultados: se a
expectativa for de sucesso, o comportamento será iniciado e mantido ao longo do
tempo; e se, por outro lado, a expectativa for de insucesso, o indivíduo tenderá a
desinvestir do comportamento e abandonar a tarefa (Bandura, 1986) cit in Araújo e
Almeida (2015).
Parece conveniente buscar suporte em outras construções teóricas que permitem
um olhar mais aprofundado em relação à questão das expectativas académicas. Assim,
reportando-nos ainda a estes autores, faremos referência à teoria sócio-cognitiva da
carreira (Lent, 1994), à teoria de expectativa-valor (Araújo & Almeida, 2015) e às teorias
de correspondência e ajustamento à instituição (Astin, 1993; Tinto, 1993).
A primeira cinge-se na descrição da forma como a dimensão pessoal,
relativamente à auto-eficácia, às expectativas de resultado e aos objectivos, se interliga
autores analisam as expectativas altas apresentadas pelos estudantes mais velhos como
estando associadas à sua maturidade e desenvolvimento, tendo em conta, por exemplo,
os desafios que eles enfrentam, ligados à questão de tentativa de encontrar um equilíbrio
entre as suas responsabilidades laborais e familiares com o tempo que precisam de
despender na sala de aula ou na realização de outras actividades académicas. Portanto,
essas expectativas iniciais altas podem colocar esses estudantes numa situação de risco,
quanto às suas capacidades em se adaptarem. Mais ainda, Almeida e colaboradores
(2003) constataram que os alunos mais jovens apresentam expectativas mais elevadas
nas dimensões sociais e curriculares, sendo tais diferenças particularmente significativas
na dimensão social
Relativamente à escolaridade dos pais, foi possível depreender, a partir de
Almeida e colaboradores (2003b) que os alunos cujos pais fazem parte do grupo com
índices de escolarização mais baixos apresentam, de um modo geral, expectativas mais
positivas, excepto na dimensão do envolvimento social onde pontuam superiormente as
colegas cujos pais detêm índices mais elevados de escolarização. Os mesmos autores
constataram que, no tocante à natureza ou tipo de curso os alunos dos cursos de ciências
económicas pontuam aquém dos demais colegas na subescala utilização dos recursos, o
que também se verifica em relação aos alunos de ciências e engenharia na subescala de
envolvimento curricular
Almeida e colaboradores (2003a) constataram que as expectativas distinguem-se
tomando em consideração os alunos que se mantêm ou deixam a casa dos seus pais para
frequentarem um curso de nível superior. No âmbito do seu estudo, os alunos
deslocados apresentam expectativas mais elevadas de envolvimento na utilização de
recursos e equipamento que a Universidade disponibiliza, assim como de investimento
nas actividades de natureza curricular.
Por último, é importante salientar que ao longo das nossas buscas sobre a
produção teórica neste domínio, foi possível concluir sobre a presença de sinais de
interesse pela matéria ao nível de alguns pesquisadores moçambicanos. Como forma de
ilustrar tal facto, iniciamos por citar o estudo de Bucuto (2016) levado a cabo com
objectivo de analisar as expectativas académicas dos estudantes no momento do seu
ingresso no ensino superior e como tais expectativas se relacionam com o rendimento
académico antes da entrada na Universidade, bem como com o rendimento académico
dos estudantes no final do 1º ano. Para efeito de análise, os autores contaram com a
participação de 652 estudantes provenientes de duas universidades da zona norte do
bem como seu desempenho académico, sendo uma dimensão que, igualmente, gira em
torno das crenças de auto-estima e eficácia dos alunos, bem como das aspirações e
motivações para o seu futuro.
Um último dado, mas igualmente provido de relevância teórica e empírica,
prende-se ao facto de, tal como referenciado em Araújo e Colaboradores (2019), ser
defensável uma descrição multidimensional das expectativas académicas, tendo em
conta a natureza multifacetada do desenvolvimento psicossocial dos jovens, da
adaptação ao ensino superior e dos ambientes académicos. Assim, os alunos formulam
expectativas para o futuro em relação à aprendizagem e sucesso académico,
desenvolvimento e autonomia pessoal, planos de carreira e desenvolvimento de
relacionamentos interpessoais com colegas ou com a comunidade em geral.
Face aos dados do estado da arte apresentados, torna-se ainda mais evidente a
pertinência do presente estudo, tendo em conta que o mesmo, de entre outros aspectos,
tem a preocupação de avaliação das expectativas que os alunos do ensino secundário
têm em relação à sua frequência do Ensino Superior, com o intuito final de
desenvolvimento de estratégias de intervenção que visam contribuir para uma transição
e adaptação ao menos perturbada.
Spokane (1991), pode ter sido derivado da frustração dos profissionais, tendo em conta
a questão de uso de modelos e práticas consideradas ultrapassadas.
Por conseguinte, a década que se seguiu foi marcada por uma situação diferente,
uma vez que novas perspectivas nas intervenções de aconselhamento vocacional
revitalizaram o interesse no que respeita à prática clínica (Brown & Krane, 2000; Oliver
& Spokane, 1988; Whiston et al., 1998).
Neste contexto, torna-se importante fazer referência a duas formas típicas de
definição da intervenção vocacional apontadas por Spokane (1990), nomeadamente uma
centrada numa visão tradicional do aconselhamento 3 , uma variação da psicoterapia,
decorrente de uma interacção de diálogo entre o cliente e o psicólogo (Ronds & Tinsley,
1984), e outra com uma visão mais ampla do processo, indicativa da intervenção
vocacional como uma actividade intencionalizada para a promoção da capacidade dos
indivíduos melhorarem as suas escolhas vocacionais (Fretz, 1981; Spokane, 1991;
Spokane & Oliver, 1983). Esta última reconhece a amplitude do âmbito da intervenção,
ao situá-la para além da situação de diálogo socrático entre o psicólogo e o cliente,
incluindo acções de formação, oficinas, grupos de orientação, os inventários auto-
dirigidos, etc. (Myers, 1986).
Com efeito, a literatura no domínio da Orientação Vocacional tem vindo a
reportar resultados de estudos sobre a intervenção em Consulta Psicológica Vocacional,
tanto virados à avaliação do processo, centrados no feedback continuado com o
objectivo de estabelecer adaptações no curso da intervenção (leitão & Paixão, 2008),
quanto relacionadas com a avaliação dos resultados, focalizados na verificabilidade dos
conhecimentos, habilidades e atitudes registadas no cliente como produto da
intervenção (Pinto & Taveira, 2008).
3
As explorações recentes neste âmbito questionam as conexões da orientação vocacional e a psicoterapia
(Santos, 1982), sugerindo simultaneidade entre o aconselhamento vocacional e o pessoal (Betz &
Coining, 1993; Gore, Leuwerke, & Krumboltz, 2002; Swanson, 1995).
Uma vez que não é objectivo central deste capítulo dedicar-se à descrição dos
modelos teóricos do processo, limitar-nos-emos em explorar, para cada uma das
abordagens, um modelo que oferece bases mais apropriadas para a fundamentação da
opção pelas estratégias de intervenção reconstrutiva do investimento vocacional.
Assim, iniciaremos por referenciar o modelo Trifásico de Parsons, um modelo
com o formato de “psico-intervenção” (Taveira 2005), ao realçar a importância do
diagnóstico, da avaliação psicológica e da previsão, na exploração e na resolução de
problemas de tomada de decisão e de ajustamento ou adaptação profissional . De acordo
com Faria (2011), este modelo de aconselhamento psicológico vocacional parte do
princípio que o cliente apresenta um entre quatro possíveis problemas: (1) incapacidade
para realizar uma escolha vocacional; (2) incerteza sobre a escolha vocacional realizada
ou a realizar; (3) imprudência na escolha vocacional; e (4) discrepância entre interesses
e atitudes vocacionais.
“Os primeiros dois tipos de problema resultam da ausência ou
insuficiência de informação pessoal e sobre o mundo do
trabalho, ou de barreiras pessoais, como o medo de falhar, ou a
insegurança relativa às suas competências. Estes factores
permitiram concluir que, quanto à dimensão total a avaliação dos entrevistados foi
positiva e que as condições oferecidas mereceram mais pontos do que os efeitos do
serviço na escolha profissional. Trata-se de um resultado que corrobora os dados
encontrados no estudo de Arruda e Melo-Silva (2010), que atribuíram um valor de
maior relevo às condições oferecidas pelo serviço, nomeadamente o local, o espaço, a
duração das intervenções, os recursos materiais disponíveis e as técnicas utilizadas.
Silva (2016) levou a cabo uma investigação com o propósito de compreender os
impactos e processos atinentes ao aconselhamento de carreira junto de estudantes
universitários. Centrando-se no paradigma do life-design, o autor optou por adoptar um
modelo construtivista narrativo, materializado através de 10 sessões individuais com
periodicidade semanal. Relativamente à componente do estudo cingida na busca da
compreensão sobre a relação entre os impactos do atendimento com os processos de
mudança narrativa, analisada com base no modelo dos momentos de inovação nas
sessões, os resultados indicaram que os desfechos positivos do aconselhamento de
carreira se associam a padrões de momentos de inovação de reflexão sobre a mudança e
de reconceptualização. Esses tipos de inovação se apresentaram de forma diferenciada
em cada um dos casos, que também se diferenciaram quanto aos impactos do processo
em reflexão autobiográfica. Abordam-se as conexões entre o processo de reflexão
autobiográfica e esses tipos de momentos de inovação. Além disso, estabelecem-se
relações entre as diferentes características dos clientes quanto às suas demandas e etapas
de desenvolvimento psicossocial com os impactos e processos de mudança no
atendimento.
Para finalizar, consideramos importante fazer alusão ao artigo de Pieta e Gomes
(2017) publicado recentemente, como fruto de uma investigação desenvolvida com a
intenção de avaliar as meta-análises em aliança terapêuticas, com atenção à sua
pertinência para o sucesso do tratamento. Para efeitos de análise os autores recorreram a
uma revisão sistemática nas bases de dados da Psycinfo e Pubmed, o que culminou com
a selecção de um total de 11 documentos, entre os quais artigos científicos, capítulos de
livros e teses, publicados até setembro de 2016. Os resultados das análises inerentes às
meta-análises envolvidas foram unânimes em apontar a relação positiva entre a aliança
terapêutica e resultados, independentemente do tipo e da modalidade de terapia
envolvido, bem como nos distintos desenhos de estudos salientados. Nesse contexto, o
estudo acena tanto para um acompanhamento mais cuidadoso dos tratamentos
psicológicos, quanto para uma visão mais integrada da prática psicoterapeuta.
Student Assessment Scale (Kuzgun, 1993), aplicado para ambos os grupos nos
momentos da pré e da pós-intervenção e, uma vez para um grupo de professores para os
professores. A partir das análises dos dados do estudo, foi possível concluir sobre a
validação das hipóteses traçadas previamente, uma vez que os resultados assinalaram
que, após a intervenção, os alunos do grupo experimental revelam uma percepção mais
realista dos próprios interesses vocacionais, e que, alunos do grupo de controlo não
apresentaram nenhuma mudança nos níveis de percepção dos seus interesses.
Bozgeyġklġ e Doğan (2010) efectuaram uma pesquisa com o intuito de analisar
a eficácia de uma intervenção em orientação vocacional fundada em metodologias
informáticas, como base para a melhoria de níveis de auto-eficácia na tomada de
decisões vocacionais em alunos do 8º ano de escolaridade elementar. O estudo, com um
design metodológico do tipo quasi-experimental, materializou-se através da comparação
de resultados de pré e pós-teste em grupos experimental e de controlo e contou com a
participação de 215 alunos com idades entre os 13 e 14 anos. A recolha de dados teve
como recurso o Career Decision Making and Self-Efficacy Questionnaire (CDMSEQ)
(Bozgeyikli, 2004). Os dados das análises apontaram que os alunos que beneficiaram da
intervenção passaram a apresentar níveis superiores nas suas características individuais
e ocupacionais (t=23,165, p<.001). Foi igualmente possível encontrar diferenças entre
os grupos, as quais apontaram para maiores níveis de auto-eficácia na recolha de
informação vocacional para os sujeitos que participaram no programa, quando
comparados com o grupo de controlo. Por último, revelou-se uma diferença
estatisticamente significativa entre os grupos (t=19,064 p<.001), designadamente tendo
em conta que os sujeitos que participaram no programa passaram a revelar, em relação
ao grupo de controlo, maior eficácia na realização de planos realistas.
Palazzeschi e Fabio (2013) desenvolveram um estudo com o objectivo de avaliar
a eficácia de uma intervenção para a promoção da escolha vocacional na área científica,
tendo em conta as diferenças individuais. A efectivação do estudo teve como base a
administração de medidas repetidas antes e após a intervenção, que consistiu na
administração do programa ACARISS, promovido na Itália, região de Toscânia, com o
propósito de desenvolver abordagens inovativas de aprendizagem de disciplinas
científicas e aprimorar talentos de estudantes. Os resultados mostraram a efetividade da
intervenção, destacando um aumento da autoeficácia na tomada de decisões vocacionais
e uma redução das dificuldades de tomada de decisão vocacional, o que permitiu
concluir sobre a eficácia de uma orientação intervenção no campo das ciências em uma
perspectiva diferencial.
Mais recentemente, Janeiro, Mota e Ribas (2014) publicaram um estudo que
compara o resultado em termos de dimensões vocacionais (adaptabilidade na carreira) e
não vocacionais (auto-estima, perspectiva temporal e crenças atribucionais) entre dois
grupos de adolescentes: um grupo de alunos que frequentou um programa de
desenvolvimento vocacional com seis sessões e um grupo de alunos que assistiram a
uma sessão de informação sobre oportunidades após o 12º ano. O programa de
intervenção revelou ser eficaz na promoção da adaptabilidade dos jovens, ao contrário
da sessão de informação (Janeiro, Mota & Ribas, 2014).
Rocha (2017) desenvolveu um estudo quantitativo, fundado num design
metodológico quasi-experimental, com o intuito de avaliar a eficácia de um programa
de orientação para a promoção de competências de tomada de decisão vocacional. O
estudo contou co a participação de 114 adolescentes do 9.º ano de escolaridade, em fase
de transição escolar, nomeadamente do ensino básico para o ensino secundário, de
ambos os sexos e com idades compreendidas entre os 14 e os 15 anos (M = 14,42, Dp =
0,496). A amostra do grupo experimental é constituída maioritariamente por indivíduos
do sexo feminino (63%), onde o nível socioeconómico baixo é o mais representativo
(42,6 %). Também o grupo de controlo é composto maioritariamente por indivíduos do
sexo feminino (51,7%), onde o nível socioeconómico em evidência é o médio (43,3%).
Tanto o grupo experimental como o grupo de controlo foram submetidos à avaliação da
capacidade de tomada de decisão vocacional, através da Escala de Avaliação da
Tomada de Decisão Vocacional (Rocha & Rodrigues da Costa, 2016), construída para o
efeito, em dois momentos distintos, nos mesmos tempos experimentais. Os resultados
da pesquisa permitiram concluir sobre a eficácia do programa na promoção da
capacidade de tomada de decisão vocacional dos adolescentes, ao indicar ganhos
significativos para os sujeitos do grupo de tratamento, quando comparados com os
sujeitos que não beneficiaram da intervenção.
Numa lógica fundada na combinação entre a abordagem desenvolvimentista,
ecológica e construtivista da orientação e a abordagem cognitivista das artes de Nelson
Goodman (Goodman, 1968, 1978), Rodrigues (2017) propôs-se desenvolver um estudo
visando implementar e avaliar um projecto psicoeducativo de construção pessoal e
vocacional (o “Orient‟Arte”), procurando compreender em que medida o recurso ao
cinema promove o desenvolvimento psicológico global e qual o valor acrescentado que
4
O SNE é constituído pelos seguintes subsistemas: Subsistema de Educação Pré-Escolar; Subsistema de
Educação Geral; Subsistema de Educação de Adultos; Subsistema de Educação Profissional; Subsistema
de Educação e Formação de Professores e Subsistema de Ensino Superior.
No entanto, tal como salientado nos pontos anteriores, o sistema não dispõe de
mecanismos formais de educação para a carreira, especialmente nas instituições
públicas, onde as iniciativas para desenvolver actividades que vão para além do
curriculum académico são limitadas, num contexto em que, sendo caracterizado por
processos e efeitos da chamada mundialização, globalização, terceira revolução
industrial, entre outras denominações (Agibo, 2015), a busca de estratégias educativas
inovadoras, que valorizem a dimensão prática do ensino, a transversalidade, a
criatividade e proatividade, se configura como um dos grandes desafios, com vista a
auxiliar os jovens no seu desenvolvimento pessoal e profissional.
Porém, ainda que tenham sido introduzidas algumas inovações curriculares ao
nível do sistema educativo (Agibo, 2018), a realidade indica que as intervenções
dirigidas aos alunos no contexto do seu percurso escolar se constituem como urgentes e
relevantes, se tomarmos em consideração as necessidades dos adolescentes e jovens
moçambicanos e a realidade de uma sociedade que, à academia, atribui a
responsabilidades acrescidas, nomeadamente de formação dos cidadãos, como base para
a resolução dos principais problemas com que se depara.
De forma mais específica, o contexto do ensino básico que, ao longo de muitos
anos, desde a que se tornou vigente a lei 6/92 de 6 de Maio (como fruto da revisão da lei
4/83 de 23 de Março), compreendeu a frequência das classes do chamado ensino
primário do primeiro e do segundo graus, e que, à luz do Artigo 6 da Lei 18/2018 de 28
de Dezembro passa a integrar as classes do ensino primário (1.ª a 6.ª classe) e as classes
do primeiro ciclo do ensino secundário (7.ª a 9.ª classe), sempre se caracterizou como
sendo um contexto direccionado ao desenvolvimento de competências fundamentais
para que as pessoas possam exercer a cidadania, mediante o fornecimento de
conhecimento geral, e de desenvolvimento de aptidões e atitudes que favorecem o
progresso no trabalho e na aprendizagem ao longo da vida.
Neste âmbito, é fundamental mencionar que ao concluir a educação básica o
sujeito se depara com uma situação de obrigatoriedade de tomada de decisão
vocacional, traduzida na necessidade de efectuação de uma escolha que poderá
repercutir no seu futuro escolar e profissional. Entretanto, trata-se de uma realidade que
acontece em etapas críticas do seu do desenvolvimento em que, face às suas
inseguranças, são susceptíveis de assumir projectos vocacionais outorgados aos outros
significativos, abdicando facilmente de comportamentos de exploração vocacional
(Miambo, 2011).
Por sua vez, o ensino médio se desenvolve num contexto em que o sujeito se
depara com inúmeras mudanças, entre as quais está o desinteresse pela infância e a
apetência pela vida adulta (Artigo 2). Trata-se de uma fase de tensão e contradições, de
uma vida de ilusão sobre a própria identidade, de anseios de liberdade e, ao mesmo
tempo, de impotência para se afirmar como ser independente. Ao longo de tal fase, em
que o adolescente se encontra diante de conflitos característicos do processo de
transformação com que se depara, ele tem a necessidade de definir seu futuro e, diante
disso, ele precisa responsabilizar-se, comprometer-se, cumprir certas tarefas, conseguir
independência emocional das figuras de autoridade, confiar em suas habilidades e
definir seus interesses a fim de preparar-se para a vida adulta (ibidem).
Neste âmbito, os estudantes deviam encontrar no ensino médio oportunidades de
superação de suas dificuldades, decorrentes da pressão natural da transição para uma
vida de maior responsabilidade, ou seja, mais do que se constituir em uma ponte para a
educação superior, trata-se de um contexto que deve desenvolver mecanismos que
visem a preparação efectiva dos adolescentes para o mercado de trabalho, respeitando o
facto de se tratar de um panorama caracterizado pela existências de uma grande
quantidade de cursos, de especializações surgindo a todo o momento, de profissões se
modificando, além de um mercado de trabalho cada vez mais exigente e diversificado.
Para além disso, se tivermos em conta a estrutura do sistema educacional de
Moçambique, depreendemos que o ensino médio coloca à disposição dos seus
beneficiários uma oportunidade de reorientação, como fundamento para uma eventual
redefinição das escolhas realizadas na fase de transição do ensino básico para o médio,
muitas vezes pouco exploradas e atribuídas aos outros significativos, como sejam os
pais/ encarregados de educação e professores, mas também como possível momento de
reiteração de tais opções.
Nesse sentido, colocar à disposição dos alunos serviços de Orientação
Vocacional/ Profissional como parte do processo de educação, revela-se uma alternativa
fundamental que visa a auxiliar os indivíduos no processo de escolha profissional, uma
vez que, de acordo Soares (1993), a questão das escolhas deveria estar organicamente
inserida na formação do estudante, como elemento transversal associado à formação
mais ampla. Corroborando, Giacaglia e Penteado (1981) aludem que a escolha
profissional faz parte do dia-a-dia dos jovens e referem que uma escolha madura se
baseia na possibilidade do uso defensivo das identificações a um uso instrumental ao
identificarem-se com seus gostos, interesses e aspirações.
Neste termos, é preciso que se compreenda que estes serviços não devem cingir-
se apenas ao processo de intervenção directa junto dos alunos, mas deverão ter a
2019, relacionado com o facto de após a sua graduação, menos de 40% graduados
encontrarem emprego em suas áreas de formação, contribuindo para que muitos jovens
acabem frustrados, desapontados por terem que restringir as suas actividades à prática
de actividades básicas de subsistência e manterem os níveis de pobreza dos seus
progenitores.
Portanto, é fundamental o desenvolvimento de programas de orientação,
acompanhamento e mediação ao longo das trajectórias de vida dos estudantes, de tutoria
e acompanhamento pedagógico e de preparação para a transição para a vida activa,
privilegiando uma abordagem integradora e holística, que incida tanto sobre a entrada
no ensino superior e inserção no mercado de trabalho, como na adaptação académica,
na concretização do sucesso educativo e no desenvolvimento da capacidade de
empreender e de se formar numa dinâmica de aprendizagem permanente (Espinar et al.,
2010; Gomes, 2003; Marina, 2010).
Capítulo 5. Metodologia
______________________________________________________________________
5.2.2 Hipóteses
Tendo em conta a produção teórica neste domínio da consulta psicológica
vocacional e a revisão do estado da arte relativamente à avaliação da efectividade da
intervenção vocacional, sintetizadas na primeira parte deste trabalho, e respeitando as
particularidades da realidade sociocultural e económica dos participantes da presente
investigação, foram formuladas as seguintes hipóteses:
H1 – Espera-se que, no GE1, os dados do estudo empírico evidenciem
diferenças com significância estatística entre os resultados do pré e do pós-teste
em todas as dimensões das variáveis em estudo, com tendência para melhores
resultados após a intervenção;
refere-se ao processo psicológico em que o sujeito parte para a acção, ou seja, pela
exploração do investimento o sujeito reconstrói o seu investimento actual (Coimbra &
Campos, 1991); (3) A Difusão Vocacional: é um processo que caracteriza aqueles
sujeitos que nem exploram, nem investem; face à construção de um projecto
profissional, estão indiferentes (Marcia, 1966) (4) Foreclousure (TEE): é um processo
que caracteriza o sujeito que faz investimentos sem ter realizado comportamentos de
exploração vocacional; reflecte a tendência para excluir a exploração de outras
alternativas (Blustein, Ellis & Devenis, 1989) e (5) Foreclousure (identidade
outorgada) - caracteriza sujeitos que investiram, ou seja, estabeleceram compromissos
com uma escolha realizada por outros significativos, sem terem questionado os
investimentos iniciais; ou seja são investimentos sem exploração, mas outorgados pelos
significativos ou socialmente.
Procedimento
O processo de recolha de dados, que contou com um total de 288 estudantes da
11ª (%) e 12ª (%) classes, provenientes de três escolas públicas da Cidade da Beira,
iniciou-se mediante o contacto com as autoridades mandatárias do Ministério da
Educação e Desenvolvimento Humano na cidade da Beira, como forma apresentação e
fundamentação dos propósitos da pesquisa, solicitação de credenciais e selecção de
escolas cujas características fossem condizentes com os nossos propósitos.
Primeiramente, procedemos com a reflexão falada, tendo em vista aproximar os itens do
instrumento às características linguísticas do grupo alvo, a qual contou com a
participação de 3 professores de língua portuguesa e 6 estudantes do ESG1
seleccionados aleatoriamente.
Deste processo, resultaram ligeiras alterações em algumas expressões ou na
estrutura do texto, tais como, a título exemplificativo, o item 8 Não conheço que cursos
do Ensino Secundário e Superior existem, mas isso não me incomoda, passou a ser Não
sei que cursos do Ensino Superior existem, mas isso não me incomoda; o item 13 Pelo
que conheço sobre o mundo do trabalho (do que se faz em cada profissão), penso que
em cada momento deverei ter em consideração apenas um único projecto vocacional”,
passou a ser Pelo que conheço sobre o mundo do trabalho (do que se faz em cada
profissão), penso que em cada momento devo concentrar-me em apenas um único
projecto vocacional; o item 35 Depois de me ter aconselhado com os meus familiares e
com o psicólogo sinto-me seguro para escolher um curso e uma profissão, passou a ser
Depois de me ter aconselhado com os meus familiares e com os meus professores sinto-
me seguro para escolher um curso e uma profissão”. Portanto, como se pode
depreender, as mudanças não foram profundas, tendo abrangido mais aspectos ligados à
formulação, à explicitação de alguns itens e à adequação à realidade do contexto.
Posteriormente, em três momentos diferenciados, uma vez que houve
necessidade de nos deslocarmos às três escolas envolvidas, administramos o
instrumento de forma colectiva, no período reservado à reunião de turma, na presença
de um docente indicado pela direcção da escola para nos acompanhar. Importa referir
que antes da administração, fizemos questão de chamar atenção aos objectivos da
pesquisa, aos benefícios da mesma para os estudantes, aos princípios éticos que
teríamos em conta na manipulação dos dados e à necessidade de seriedade e de rigor no
preenchimento do mesmo.
EEIV4 Não sei se quero continuar a estudar, mas não estou preocupado com ,694
isso.
EEIV28 A escolha de um curso não é problema para mim, porque sempre ,691
tive resultados escolares fracos, por isso, não tenho hipótese de tirar um
curso
EEIV37 Não preciso incomodar-me em procurar informações sobre o meu ,685
futuro vocacional, porque o psicólogo diz-me qual é a minha vocação
EEIV39 Quero tirar o mesmo curso do meu melhor amigo ,680
EEIV12 Não me sinto preocupado para fazer escolhas no futuro, o que ,609
interessa é “curtir” o presente
EEIV25 Gostaria de escolher o curso e a profissão que o meu director de ,609
turma me indicasse
EEIV29 A opinião dos meus pais sobre o meu futuro vocacional é a mais ,589
importante, por isso, não precisei de ouvir outras
EEIV41 Quero tirar o mesmo curso da minha directora de turma ,587
EEIV20 Não vale a pena esforçar-me a estudar para me preparar para uma ,585
profissão, porque cada vez há mais desemprego
EEIV33 Acho que o único curso e profissão que quero são aqueles que os ,571
meus pais sempre valorizaram
EEIV16 Não vale a pena perder o meu tempo com os estudos e pensar na ,548
profissão de futuro porque o tempo tudo resolverá
EEIV32 Prefiro faltar às aulas porque a escola não me interessa para nada ,528
EEIV36 Sempre tive muitas dificuldades a Matemática e a Português, por ,421
isso não tenho possibilidades de ter uma profissão de sucesso
EEIV8 Não conheço que cursos do ensino secundário e superior existem, ,387
mas isso não me incomoda
EEIV34 Não tenho a certeza sobre o tipo de trabalho que gostaria de fazer ,774
EEIV2 Talvez necessite de conhecer-me melhor (os meus interesses, ,751
capacidade, valores, gostos...) antes escolher uma profissão.
EEIV6 É difícil decidir-me sobre um projecto profissional porque me ,746
parecem existir muitas alternativas
EEIV14 Não me sinto preparado para assumir uma formação ou profissão ,743
específicas porque ainda não tenho informação suficiente sobre outras
alternativas
EEIV40 Tenho dificuldades em fazer escolhas quando disponho de várias ,728
opções
EEIV18 Sinto que muitas vezes mudo as minhas escolhas de formação ,726
escolar porque não tenho ainda a certeza em relação ao meu projecto
vocaciona
EEIV10 Apesar de estar consciente das minhas opções de formação e de ,707
profissão, não me sinto ainda à vontade para me comprometer com uma
profissão
EEIV26 É difícil comprometer-me com um projecto vocacional porque me ,682
sinto muito inseguro quanto ao futuro
EEIV38 Não me sinto preparado para me comprometer com um projecto ,677
vocacional específico
EEIV22 Não me conheço suficientemente (por exemplo: os meus gostos, ,674
interesses, capacidades e valores...) para fazer neste momento uma escolha
de formação e profissão
EEIV30 Não me sinto preparado para me comprometer com um projecto ,617
vocacional porque conheço ainda pouco acerca das alternativas que neste
momento estou a considerar
EEIV23 Sinto que depois ter reflectido e estabelecido contactos estou ,664
preparado para escolher
EEIV15 Sinto-me confiante quanto à minha capacidade para realizar os ,644
meus projectos vocacionais
EEIV19 Penso que sei o suficiente sobre as profissões para fazer, com ,642
alguma segurança, uma escolha profissional
EEIV31 Tenho confiança nas minhas capacidades e interesses para realizar ,641
aquilo que mais gosto profissionalmente
EEIV27 Depois de ter falado com vários profissionais e de ter explorado ,621
informação penso que sei o rumo a dar à minha vida profissional
EEIV42 Ainda que tivesse outras oportunidades mais vantajosas penso que ,597
nunca desistiria da profissão que sempre quis
EEIV7 Tenho muita informação sobre as áreas de formação e profissões que ,571
me interessam para fazer uma escolha
EEIV11 Tenho pensado sobre a melhor forma de ultrapassar os obstáculos ,560
que possam existir na área profissional
EEIV35 Depois de me ter aconselhado com os meus familiares e com o ,558
psicólogo sinto-me seguro para escolher um curso e uma profissão
EEIV3 Penso ter óptimas possibilidades de vir a realizar o trabalho que eu ,521
mais gosto
EEIV9 Pelo que conheço das minhas capacidades e talentos, creio que existe ,811
apenas uma profissão certa para mim
EEIV17 Pelo que conheço dos meus valores (por exemplo: a importância do ,776
dinheiro, a segurança do emprego, emprego que dê fama, etc.), creio que
existe apenas uma única profissão certa para mim
EEIV21 Acho que só existe um único projecto vocacional adequado para ,775
mim
EEIV13 Pelo que conheço sobre o mundo do trabalho (do que se faz em cada ,774
profissão), penso que em cada momento deverei ter em consideração apenas
um único projecto vocacional
EEIV1 Penso que é um sinal de maturidade escolher um único projecto ,772
profissional e levá-lo até ao fim
EEIV5 Pelo que conheço dos meus interesses acho que apenas sou capaz de ,746
exercer uma profissão.
Método de Extracção: análise de Componente Principal.
Método de Rotação: Varimax com Normalização de Kaiser. a
a. Rotação convergida em 5 iterações.
Uma vez que a análise sugere a eliminação dos itens 8 e 36 por não saturarem
em nenhum factor, tomando a exigência de saturação mínima de 0,50, optou-se por
rodar uma nova AFE, retirando os referidos itens e fixando a extracção de quatro
factores. Desse procedimento, foi possível observar que todos os itens saturaram, cada
um em apenas um dos quatro factores sugeridos, o que culminou com uma escala de 4
factores, 40 itens e uma variância explicada de 47.8%.
Entretanto, tendo em conta que, para o presente estudo, a validação deste
instrumento é com o objectivo de utilizá-lo para a verificação de indicadores de
mudança entre os momentos pré e pós-intervenção, aliado ao facto de tratar-se de um
estudo que conta com a administração de mais dois instrumentos quantitativos e outros
procedimentos qualitativos, optamos por desenvolver uma escala mais reduzida. Para o
efeito, em cada uma das quatro subescalas geradas pelas análises factoriais exploratórias
anteriores, seleccionámos os 5 itens com maior saturação e voltamos a rodar uma AFE
com 20 itens, tendo os resultados culminado com o aumento do valor da variância
Procedimentos
Para o processo de adaptação do instrumento, após a autorização por parte dos
autores do instrumento português emitida por correio electrónico, procedeu-se com a
reflexão falada, com o objectivo de garantir que os estudantes tivessem a compreensão
de cada item com a intencionalidade que se pretendia e assegurar a respectiva
adequação dos mesmos à realidade moçambicana. Participaram deste processo seis
estudantes (três do 1º ano do ensino superior e três da 12ª classe), tendo resultado em
ligeiras alterações linguísticas em algumas expressões em que houve consenso em pelo
menos 3 participantes, tal como, a título ilustrativo, podemos salientar o item 44
(Promove a auto-realização por te permitir ajudar os outros), onde os participantes
sugeriram a alteração da expressão “auto-realização”, substituindo-a com a expressão
“materialização do meu potencial”.
A recolha dos dados foi realizada durante os meses de Abril e Maio de 2020
com recurso a uma plataforma informática utilizada como base para a disponibilização
dos questionários online, tendo em conta as medidas definidas pelo governo de
Moçambique, de restrições do contacto interpessoal físico, devido a pandemia da
COVID-19. Esse processo culminou com a sistematização de 338 respostas, de
estudantes da 12ª Classe (41.7%) e do primeiro ano do ensino superior (58.3%), dentre
eles 55.7% do sexo feminino e 44.3% do sexo masculino.
Com base nos dados recolhidos, procedeu-se com a realização da AFE com
rotação ortogonal Varimax, segundo o método dos componentes principais (Principal
Component Analysis – PCA), admitindo como critério ,50 para o nível de saturação e
para as comunalidades, sem restrição do número de componentes a extrair.
alfas entre 0.77 e 0.71, e de Monteiro (2015), α= 0.84 a 0.94. Tal redução pode estar
associada ao facto de, no presente estudo, o número de itens ter reduzido
significativamente em todas as subescalas, quando comparadas com a situação que se
verifica no estudo original. Quanto a este aspecto, não se pode perder de vista o facto
de, para efeitos de adaptação à realidade moçambicana, termos optado por uma versão
reduzida, que embora tenha se baseado na selecção dos itens que saturam melhor em
cada dimensão, não corresponde à versão portuguesa do instrumento, tida como base
para efeitos de análise.
Embora se sugira em futuros estudos, a adaptação e de validação da escala ao
contexto moçambicano, utilizando as outras dimensões da escala original, consideradas
como relevantes pela revisão da literatura, em ordem a avaliar os significados atribuídos
à educação superior, os resultados obtidos, a partir desta investigação, revelam-se
importantes, face à ausência de instrumentos capazes de avaliar essa variável. Mais
ainda, estes resultados revelam-se adequados para o alcance dos objectivos do presente
estudo, como indicadores de mudança entre a pré e a pós-intervenção, no que concerne
aos significados que os estudantes do secundário atribuem à educação superior em
Moçambique. Sublinha-se ainda, a vantagem de ser uma versão reduzida da escala que
permite avaliar as principais dimensões em estudo.
factoriais exploratórias, que culminaram com algumas alterações, tendo produzido boas
qualidades psicométricas.
Portanto, a efectivação dos objectivos centrais do estudo teve em conta três
momentos principais, sendo o primeiro de actividades preliminares, compreendendo os
momentos processuais de auscultação e sensibilização da comunidade escolar, através
do contacto com a direcção de cada escola envolvida, professores e alunos, criação e
capacitação da equipa de trabalho e entrega de Termos de Consentimento Livre e
Esclarecido aos pais/encarregados de educação ou responsáveis das escolas que aceitaram
participar no estudo.
O Segundo momento foi o de implementação propriamente dita das
intervenções, tendo iniciado com a administração dos instrumentos quantitativos e
qualitativos de pré-avaliação dos participantes, nomeadamente a EEIV, a ESES, o QDA
e o guião de Entrevista Formativa inicial, respectivamente. Posteriormente, várias
sessões de exploração vocacional para o GE1 e de informação para o GE2 tiveram
lugar. A posterior, no terceiro momento, procedeu-se com administração dos
instrumentos de avaliação final.
Dada a abordagem metodológica tida em conta no presente estudo, vários
procedimentos e instrumentos qualitativos foram utilizados igualmente tendo em conta
a necessidade de obter dados para a análise dos percursos dos sujeitos ao longo das
intervenções.
5
A língua Sena (também chamada de xisena, chisena ou cisena) é considerada a terceira língua bantu de
Moçambique, sendo a língua materna de mais de 10% da população do país, predominantemente falada
nas províncias do baixo Zambeze, mas também no extremo sul do Malawi.
Psicológicos
Gerais Específicos
Subjacentes
1ª •Construir as bases para a boa •Promover o conhecimento mútuo 1ª Actividade: Discussão focalizada, orientada para o Recorrer-se-á ao
interacção entre os entre os participantes; levantamento de necessidades sentidas pelo grupo, para desafio, à reflexão, à
participantes; •Explorar e iniciar a clarificação das a clarificação da natureza do projecto e dos papéis dos interrogação sucessiva,
•Levantar e clarificar as expectativas dos clientes face ao intervenientes; pretendendo-se
necessidades do grupo. processo e aos seus resultados; 2ª Actividade: Caixa de perguntas/dúvidas, questões que promover a exploração,
•Iniciar a preparação para a •Reflectir acerca das necessidades mais gostariam que fossem abordadas, ligadas ao domínio do a tomada de
exploração; relevantes no âmbito da intervenção; vocacional, ao longo das sessões; consciência, a
•Clarificar os papéis dos diferentes 3ª Actividade: Estabelecimento de um contrato de descentração e a
intervenientes no processo; intervenção, que defina regras conjuntas, objectivos e tomada de uma
•Clarificar questões éticas referentes ao responsabilidades; perspectiva social.
processo e ao tratamento dos dados da
intervenção;
•Promover de um contexto de apoio,
segurança e de desafio no grupo.
2ª •Continuação da clarificação •Integrar dos conteúdos na 1ª sessão; 1ª Actividade: Reformulação e integração da sessão Recorrer-se-á à
das necessidades dos •Promover um ambiente de segurança; anterior; estimulação ao desafio,
participantes; •Avaliar o desenvolvimento 2ª Actividade: Entrevista Formativa Inicial; à reflexão, a
•Avaliar o estatuto inicial do vocacional, as dificuldades antecipadas 3ª Actividade: Clarificação dos procedimentos de interrogação sucessiva,
grupo face à escolha; de adaptação e os significados utilização a ter em conta em cada um dos instrumentos a pretendendo-se
•Desconstrução dos mitos sobre atribuídos ao Ensino Superior pelos serem administrados; promover a exploração,
o domínio do vocacional participantes. 4ª Actividade: “O que sou actualmente…” Pré-teste. a tomada de
•Preparação para a exploração •Incentivar, motivar e preparar o grupo 5ª Actividade: “Barómetro dos Mitos Vocacionais” – consciência, a
(continuação). para a exploração das oportunidades Discussão focalizada; descentração e a
escolares e profissionais que se integração.
encontram em seu meio;
3ª •Promover o conhecimento •Promover a reflexão e integração da 1ª Actividade: Promoção da discussão focalizada ao Estimulação ao desafio,
mútuo e individual em torno da sessão anterior; nível dos projectos vocacionais de cada um, das a reflexão individual e
exploração vocacional - início •Incentivar a reflexão, identificação e profissões e do que gostariam de atingir. em grupo, a discussão,
da Exploração; reformulação de projectos escolares e 2ª Actividade: Discussão focalizada para os a tomada de
•Explorar os interesses e valores profissionais do grupo; comportamentos de exploração e investimento face às consciência, a
associados ao mundo das •Identificar comportamentos de percepções de escolha e às influências do meio no descentração, a
profissões. exploração e investimentos vocacionais projecto vocacional; diferenciação e a
já realizados pelo grupo; 3.ª Actividade – “Os meus valores Pessoais e integração.
•Promover a reflexão sobre a Profissionais”. Indicação de valores com os quais se
influência dos significativos nas identifica e partilha das razões com o grupo.
escolhas e as atitudes em face de tais
influências;
•Promover o autoconhecimento e a
reflexão sobre os interesses e valores
profissionais de cada um;
4ª •Exploração dos interesses e •Promover a reflexão e integração da 1ª Actividade: Preenchimento do COPS (Califórnia Recorrer-se-á à
valores associados às profissões sessão anterior; Occupational Preference System), 2000; estimulação do desafio,
(continuação) •Promover o autoconhecimento e a 2ª Actividade: Partilha de imagens de profissionais de à reflexão individual e
reflexão individual sobre os interesses diferentes áreas e desafio de identificação pessoal aos em grupo, à discussão,
e valores profissionais (continuação); participantes. Pretende-se que o grupo seja capaz de à tomada de
•Identificar fontes de satisfação e identificar um conjunto de interesses e valores pessoais consciência, à
insatisfação sobre várias actividades que estiveram subjacentes à escolha de determinada descentração, à
(diferenciação de interesses, imagem com a qual se identificam melhor. diferenciação e
actividades domínios profissionais); integração.
5ª •Promover a exploração do •Promover a reflexão e integração da 1.ª Actividade: Tratamento do COPS; Estimulação ao desafio,
mundo das profissões sessão anterior; 2.ª Actividade: Exploração de Profissões com recurso a reflexão, discussão,
•Promover o autoconhecimento e a várias fontes de informação (revistas, sites da internet e tomada de consciência,
reflexão individual sobre interesses e Manual da Classificação Nacional das Profissões); descentração,
valores profissionais de cada um; diferenciação e
•Promover a exploração integração.
individualizada de profissões em
função dos interesses profissionais.
6ª •Promover a exploração do •Promover o desenvolvimento de 1.ª Actividade: “Work Sahadowing”. Realização da Recorrer-se-á à
mundo das profissões competências de recolha de informação actividade, tendo em conta a grelha “Profissional por estimulação ao desafio,
(Continuação) sobre profissões que correspondam a um dia”; à reflexão individual e
projectos, aspirações ou preferências 2.ª Actividade: preenchimento da grelha referente ao em grupo, tomada de
escolares e profissionais dos alunos; Questionário “Neste momento sou capaz de me consciência, a
•Promover a exploração da relação imaginar”. descentração, a
eu/mundo do trabalho através do diferenciação e
contacto directo com profissionais e integração.
locais de trabalho;
7ª •Promover a exploração e •Promover a reflexão e integração da 1.ª Actividade: Partilha da experiência e discussão Recorrer-se-á à
conhecimento do mundo das sessão anterior; focalizada na actividade “Work Sahadowing”. estimulação ao desafio,
profissões. •Promover o autoconhecimento e o 2.ª Actividade: “Dilemas vocacionais”. Apresentação de à reflexão individual e
conhecimento do mundo das vários dilemas atinentes ao mundo do trabalho, desafio em grupo, tomada de
profissões; para a tomada de posição e debate sobre a decisão. consciência, a
•Promover a exploração de profissões 3.ª Actividade: Preenchimento do “Acróstico das descentração, a
em função dos interesses profissionais; profissões” diferenciação e
• Explorar as dimensões cognitiva, 4.ª Actividade - TPC: início da exploração da estrutura integração.
afectiva e emocional implicada nas de oportunidades de educação superior Moçambicana.
escolhas relativas à vida profissional;
8ª •Promover a exploração da •Promover a integração da 6ª sessão; 1ª Actividade: Partilha da experiência da exploração Recorrer-se-á à
estrutura de oportunidades de •Promover a exploração das ofertas individual relativamente à estrutura de oportunidades de estimulação ao desafio,
educação superior disponível no disponíveis nas instituições do ES em educação superior em Moçambique; à exploração individual
sistema educativo Moçambique. 2ª Actividade: “Baú do Ensino Superior em e grupal, assimilação e
moçambicano. •Promover a confrontação da Moçambique”. Exploração on-line e discussão integração.
área/grupo de formação ao nível do focalizada nas categorias das instituições e áreas, e
ensino médio com as vias alternativas estabelecimento de relações com as áreas de frequência
de formação no ensino superior. no ensino médio.
3ª Actividade: Folha de registos “percursos”.
9ª •Promover a exploração da •Promover a exploração dos curricula Integração da sessão anterior relativa à estrutura de Recorrer-se-á à
estrutura de oportunidades de dos cursos com os quais mais se oportunidades de educação Superior em Moçambique: estimulação do desafio,
educação superior disponível no identificaram nas actividades Universidades, Institutos e Escolas Superiores. à exploração individual
sistema educativo moçambicano anteriores; 1.ª Actividade – “Continuo explorando”. Desafio para a e grupal, assimilação e
(Continuação). •Promover a confrontação entre as recolha do máximo de informação referente à realidade integração.
disciplinas do curso e gostos pessoais. dos cursos e curricula das áreas de maior interesse.
•Clarificar dúvidas e representações
sobre cursos e profissões;
10ª •Promover a exploração directa •Promover o contacto directo com 1ª Actividade: Visita exploratória guiada às instituições Recorrer-se-á à
da realidade da educação algumas instituições do ensino do ensino superior. estimulação ao desafio,
superior junto das instituições. superior; 2ª Actividade: “Jornalista vocacional”. Entrevista de à exploração individual
•Explorar e clarificar mitos e outras exploração dos investimentos actuais dos estudantes no e grupal, descentração,
avaliação adoptadas
Gerais Específicos
1ª •Construir as bases para a •Promover o conhecimento mútuo 1ª Actividade: Introdução e Apresentação: orientada
participação efectiva dos entre os participantes; para o conhecimento mútuo, clarificação da natureza do
estudantes no projecto. projecto e dos papéis dos diferentes intervenientes;
•Clarificar a natureza do projecto e os 2ª Actividade: Sobre a Orientação Vocacional:
papéis dos diferentes intervenientes; informação sobre seu objecto e importância no
Diário de Bordo
desenvolvimento psicológico do indivíduo:
•Clarificar questões éticas referentes ao 3ª Actividade: Contrato: estabelecimento e assumpção
processo e ao tratamento dos dados da de regras, responsabilidades e aquisição do
intervenção. consentimento dos pais/ encarregados de educação para
participação nas sessões de intervenção;
2ª •Avaliar o estatuto inicial do •Avaliar o desenvolvimento 1ª Actividade: Entrevista Formativa Inicial – orientada
grupo face à escolha. vocacional, as dificuldades antecipadas para a avaliação do desenvolvimento vocacional, das
de adaptação e os significados dificuldades antecipadas de adaptação e dos significados
atribuídos à educação superior pelos da educação superior; Diário de Bordo
participantes. 2ª Actividade: Como me vejo actualmente? Clarificação
dos procedimentos de utilização a ter em conta em cada
um dos instrumentos e administração do Pré-teste.
Por últmo, o quadro a seguir (Cf. Quadro 9) apresenta as diferenças entre o pré e
o pós-teste no GC, nas dimensões das Dificuldades Antecipadas estudadas.
Quanto aos resultados das médias inter-grupos (GE1, GE2 e GC) no pré e pós-
teste relativamente às dimensões em estudo, a seguir são apresentados os principais
resultados com recurso à análise de variância One-Way ANOVA.
M DP ANOVA Post-Hoc
Dimensões em análise GE1 GE2 GC GE1 GE2 GC F gl p Tukey
Foreclousure 1,58 4,53 4,78 0,32 0,33 0,39 2,92 2,00 0,00* GE1<GE2;GE1<GC;GE2=GC
Exploração Vocacional 1,41 4,23 4,95 0,26 0,42 0,39 2,75 2,00 0,00* GE1<GE2;GE1<GC;GE2=GC
Difusão Vocacional 1,33 4,03 4,65 0,26 0,39 0,41 3,00 2,00 0,00* GE1<GE2;GE1<GC;GE2=GC
Investimento Vocacional 5,62 1,89 1,89 0,27 0,38 0,38 7,22 2,00 0,00* GE1>GE2;GE1>GC;GE2=GC
Preparação para o 5,47 4,39 4,41 0,23 0,25 0,46 34,2 2,00 0,00* GE1>GE2;GE1>GC;GE2=GC
Trabalho
Fonte de Stress 1,71 4,17 4,57 0,33 0,30 0,32 3,09 2,00 0,00* GE1>GE2;GE1>GC;GE2=GC
Económica 2,23 4,71 5,06 0,27 0,41 0,43 2,46 2,00 0,00* GE1<GE2;GE1<GC;GE2=GC
Interpessoal e Social 5,38 3,63 3,06 0,34 0,50 0,65 6,16 2,00 0,00* GE1>GE2;GE1>GC;GE2=GC
Próximo Passo 1,29 4,37 5,08 0,39 0,43 0,61 2,02 2,00 0,00* GE1<GE2;GE1<GC;GE2=GC
D. académicas 1,71 4,13 4,75 0,29 0,34 0,29 4,10 2,00 0,00* GE1<GE2;GE1<GC;GE2=GC
D. de Integração Social 1,79 4,22 4,62 0,30 0,34 0,62 3,85 2,00 0,00* GE1<GE2;GE<1GC;GE2=GC
D. de Autonomia 1,78 4,29 5,04 0,54 0,39 0,54 1,48 2,00 0,00* GE1<GE2;GE<1GC;GE2=GC
grupos. Por um lado, a opção por uma metodologia de projecto, sustentada numa
abordagem construtivista, ecológica e desenvolvimentista (GE1), que parece sinalizar
para mais-valias desenvolvimentistas; por outro, o GE2 sujeito a uma intervenção
fundada numa base metodológica centrada na informação, impondo um quadro de
organização do mundo, na ausência de atribuição de significado e apropriação por parte
do sujeito e, por fim, o GC, sem nenhuma intervenção intencionalizada, para efeitos de
controlo.
Quanto à variável dos Significados atribuídos à Educação Superior, é possível
depreender que, no pós-teste, foram encontradas diferenças estatisticamente
significativas entre os grupos, para todas as dimensões em análise, nomeadamente a
dimensão Preparação para o Trabalho (F=3,42;p=0,00), Fonte de
Stress(F=3,09;p=0,00), Económica(F=2,46; p=0,00), Interpessoal e Social (F=6,16;
p=0,00) e Próximo Passo (F=2,02;p=0,00)
Os testes Post-Hoc revelaram que os participantes do GE 1 apresentaram níveis
superiores (estatisticamente significativos) na dimensão de preparação para o trabalho
relativamente ao GE2, quando no pré-teste os grupos apresentaram resultados
equivalentes. As diferenças nesta dimensão se acentuam quando comparados os
resultados do GE1 com os do GC, com médias mais elevadas para o primeiro.
Entretanto, as diferenças entre o GE2 e o GC não se revelaram estatisticamente
significativas. A mesma interpretação pode ser efectuada em relação à dimensão Fonte
de Stress, onde os dados do Post-hoc indicam para maiores ganhos no GE1, quando
comparado com o GE2 e com o GC e para uma relativa equivalência entre o GE2 e o
GC.
Quanto à dimensão económica, é possível depreender pela leitura do quadro 11
que os participantes do GE 1 apresentaram níveis inferiores (estatisticamente
significativos) relativamente ao GE2 e que os sujeitos do GC apresentam níveis
superiores em relação ao GE1, com uma expressividade significativa do ponto de vista
estatístico. A partir da comparação dos resultados do GE2 e o GC, apesar das diferenças
nas médias, estas não se revelaram estatisticamente significativas.
Por seu turno, os testes Post-hoc permitiram que se constatasse que, quanto à
dimensão Interpessoal e Social, os sujeitos do GE1, quando comparados com os
participantes do GE2 e do GC, apresentam médias que expressam diferenças com
significância estatística, com a tendência para valores superiores. Verifica-se igualmente
que, embora haja diferença de médicas, os níveis encontrados no GE2 e no GC não têm
uma diferença significativa do ponto de vista estatístico.
Relativamente à dimensão Próximo Passo, os dados gerados a partir dos testes
Post-Hoc indicam que, entre os indivíduos doGE1 e os do GE2, e entre os do GE1 e os
do GC, registaram-se, no pós-teste, diferenças estatisticamente significativas. Os dados
permitem também verificar a presença de diferenças entre os GE2 e o GC, embora sem
significância do ponto de vista estatístico.
Em síntese, os resultados do pós-teste relativamente à variável dos Significados
da Educação Superior, permitem sinalizar diferenças consideráveis (estatisticamente
significativas) entre os grupos, com a tendência para maiores ganhos para o GE1, alvo
de uma intervenção baseada em estratégias de exploração (re)construtiva do
investimento vocacional, quando comparado com o segundo grupo experimental e com
o grupo que não foi sujeito a nenhuma intervenção sistematizada e intencional.
diferenças do ponto de vista das suas médias, elas não se revelaram estatisticamente
significativas.
Em suma, é notável que em todas as dimensões em análise, os resultados do
Post-hoc indicou a existência de diferencias entre os grupos, com valores inferiores para
o GE1, alvo de uma intervenção baseada nas perspectivas construtivistas, ecológicas e
desenvolvimentistas da consulta Psicológica em Orientação Vocacional.
Neste ponto dedicamo-nos à análise global dos dados da intervenção dos grupos
experimentais, tendo como foco o conjunto de materiais e instrumento previstos, por um
lado no projecto desenvolvido com o grupo experimental 1, a partir de uma perspectiva
conceptual construtivo-ecologico-desenvolvimental, focado em actividades de
exploração reconstrutiva e, por outro, no projecto levado a cabo com o grupo
experimental 2, alvo de uma intervenção a partir de um modelo instrutivo /informativo e
racionalista.
Participante 1
A Elsa é uma estudante da 12ª classe em uma escola secundária pública. Durante
a administração do projecto de intervenção fundado nas estratégias de exploração
reconstrutiva do investimento vocacional, tinha 17 anos de idade e residia num bairro
situado no centro da Cidade da Beira, classificado como urbano, à luz dos padrões
apresentados como resultado do IVo Recenseamento Geral da População e Habitação,
que teve lugar em todo o território nacional, no ano de 2017 (INE, 2019).
No início do processo de intervenção, foi possível constatar, por um lado, algum
entusiasmo e motivação para prosseguir com os estudos ao nível do Ensino Superior,
imediatamente após a conclusão da 12ª classe (Cf. Anexo 1, Sessão 1, Actividades1 e 2:
“Discussão focalizada” e “Caixa de perguntas/dúvidas”). Por outro lado, a estudante
manifestou alguma indecisão face à escolha de uma área que lhe pudesse proporcionar
maior facilidade de adaptação e satisfação académica. “Tenho muitas alternativas, por
isso estou um pouco confusa sobre qual seria o melhor curso para seguir” e “não me
sinto muito bem preparada porque não tenho informação suficiente sobre as profissões
ligadas aos cursos que tenho pensado em fazer”, revelou (Anexo 1, Sessão 2, 2ª
Actividade: “Entrevista Formativa Inicial” e, sessão 3, 1ª actividade “discussão
focalizada nos projectos vocacionais de cada um”, respectivamente).
De modo particular, quanto à variável do Desenvolvimento Vocacional, no que
tange à dimensão de exploração vocacional, no início transpareceu a necessidade de
melhorar os níveis de auto-conhecimento e de conhecer melhor a estrutura social de
oportunidades escolares e profissionais, antes de tomar a decisão, ao salientar que
“participar nas actividades de orientação vocacional será importante para me ajudar a
conhecer melhor os cursos que tenho pensado em fazer e facilitar a minha decisão”
(Anexo 1, Sessão 1, Actividade 2: “Caixa de perguntas/dúvidas” e Sessão 2, 2ª
Actividade: “Entrevista Formativa Inicial”). Através da administração de diferentes
actividades (eg. Anexo 1, Sessão 3, 3ª Actividade “Os meus valores Pessoais e
Profissionais” e Sessão 4, 1ª Actividade: “COPS” e 2ª Actividade, referente à partilha
de imagens de profissionais e desafio de identificação pessoal), foi possível depreender
a prevalência de interesses e valores vocacionais associados às áreas das ciências
sociais, ciências de saúde e humanidades: “Gosto de medicina e sempre sonhei em ser
médica; também tenho uma forte paixão pelo curso de psicologia, principalmente na
área da saúde mental. Mas um outro aspecto que considero importante a revelar é que
gostaria de ter uma formação que me ajudasse a ter o meu próprio negócio e até a
poder empregar outras pessoas”.
Com o decorrer das sessões do projecto, mostrou-se bastante interessada em
pesquisar diferentes profissões e áreas/cursos de formação oferecidos pelas diferentes
IES, o que se manifestou no decurso da actividade de exploração on-line e discussão
focalizada nas categorias das instituições e áreas, e estabelecimento de relações com as
áreas de frequência no ensino médio (Cf. Anexo 1, Sessão 8, 2ª Actividade: “Baú do
Ensino Superior em Moçambique”). Por um lado, a participação nestas actividades
despoletou alguma satisfação na estudante, nomeadamente pelo facto de ter tido a
oportunidade de desenvolver uma ideia mais aprofundada em torno dos tipos de IES:
“Antes não tinha uma ideia muito clara sobre os tipos de instituições de ensino
superior, mas agora sei a diferença entre universidade, instituto superior, academia,
etc., e estou feliz por isso”. Por outro lado, tal aspecto resultou no aprofundamento do
seu interesse em estabelecer algum contacto directo com profissionais das áreas de
Medicina e de Psicologia Clínica, o qual concretizou-se nas das actividades de
“Working Shadowing” (Cf. Anexo 1, Sessão 6, 1.ª Actividade) e de entrevista a
estudantes do Ensino Superior (Cf. Anexo 1, Sessão 10, 2ª Actividade: “Jornalista
vocacional”).
Os relatos colhidos através da monitoria das sessões de intervenção permitiram
depreender que, como consequência da participação nessas actividades, não só se
desenvolviam os seus níveis de exploração vocacional, tal como crescia o interesse em
continuar a explorar a realidade circundante. Discursos como “o que considerei de mais
positivo nesta sessão foi a oportunidade de conhecer de perto a realidade das
profissões e ter esclarecimentos de algumas dúvidas sobre o tipo de ambiente de
trabalho através de profissionais com experiência” (Cf. Anexo 1, Sessão 6, Actividade:
“diário de bordo”) e “foi uma experiência positiva conversar com estudantes do ensino
superior e saber quais são as disciplinas, os horários, a carga de trabalho que eles têm
e as principais estratégias que eles usam para gerir o seu tempo e os seus estudos”(Cf.
Anexo 1, Sessão 10, Actividade: “Diário de Bordo”), são prova evidente disso.
No final do projecto refere “foi muito interessante participar nesta iniciativa
pois ensinou-me que antes de tomar uma decisão tenho que conhecer o suficiente a
profissão que pretendo escolher”. “Preciso de continuar a pesquisar e procurar
informações, mas sinto que aprendi o que é necessário dominar para conseguir entrar
no curso que quero frequentar”, “aprendi que existem muitas outras alternativas que
eu não conhecia, mas que é muito importante que seja eu própria a decidir para não ter
surpresas no futuro” e “apesar de ter duas alternativas, conheço mais os cursos e estou
mais preparada para me decidir” (Anexo 1, Sessão 14, 2ª "Actividade: “Entrevista
Formativa Final”).
Ao nível dos Significados da Educação Superior, a participante apresenta, no
início da intervenção, a concepção de que frequentar o ensino superior é uma
oportunidade para o aperfeiçoamento de conhecimentos e desenvolvimento de
habilidades e atitudes úteis para que se seja bem-sucedido no mercado de trabalho.
Entretanto, teme que se depare com situações stressantes, alta pressão em termos de
carga de actividades, o que poderá dificultar a realização de outras tarefas do dia-a-dia,
ter tempo para conviver com amigos, com a família, tal como é possível depreender
através das suas intervenções ao longo das sessões: “a universidade é um lugar onde
nos preparamos mais e aperfeiçoamos as nossas capacidades, é o ensino mais
avançado onde aprendemos as matérias de forma mais abertas, onde podemos
pesquisar, e apresentar as nossas opiniões, sem ter receio de criar conflitos com os
professores e com os colegas da turma. Assim que entrar na universidade, terei que
dedicar 100% do meu tempo para poder ter bons resultados pois é muito diferente do
ensino secundário” (Anexo 1, Sessão 2, 2ª "Actividade: “Entrevista Formativa Inicial”).
Ao longo das sessões do projecto, verifica-se algum desenvolvimento no que
concerne ao conhecimento que a participante tem sobre a realidade do ensino superior, o
qual pôde ser notabilizado desde o aprofundamento do conhecimento da tipologia de
instituições até às questões ligadas á natureza dos cursos, às modalidades e regimes de
ensino, entre outras (Cf. Anexo 1,Sessão 8, 2ª Actividade: “Baú do Ensino Superior em
Moçambique” e Sessão 9, 1.ª Actividade – “Continuo explorando”).
A visita exploratória guiada às instituições do ensino superior (Sessão 10, 1ª
Actividade) conjugada com a entrevista de exploração dos investimentos actuais dos
estudantes no processo de formação superior (Sessão 10, 2ª Actividade: “Jornalista
vocacional”), permitiu a desmistificação de alguns aspectos ligados às dificuldades de
conciliação de diferentes actividades do dia-a-dia da vida social da participante com as
exigências da academia: “percebi que apesar das exigências dos professores, da
necessidade de participar em grupos de estudos e de realização de pesquisas nas
bibliotecas e na internet, se eu for bem planificada poderei ter tempo para me divertir,
praticar desporto e resolver outras actividades domésticas” (Cf. Anexo 1, Sessão 10,
Actividade: “diário de bordo”).
Depois da participação no workshop desenvolvido ao longo da implementação
do projecto(Cf. Anexo 1, Sessão 11, 1ª Actividade) com vista à discussão focalizada
em torno dos mitos e clarificação de determinadas dúvidas e/ou representação ligadas à
vida académica do estudante do ensino superior, refere “passei a conhecer melhor o
ensino superior e percebi que terei que me dedicar muito para realizar os meus sonhos
de ser uma profissional competente, reconhecida e com potencial para gerir o meu
tempo”(Cf. Anexo 1, Sessão 12,1ª Actividade: “Discussão focalizada nas experiências
recolhidas no Workshop”).
Ao nível das dificuldades antecipadas de adaptação ao ensino superior, no início
da intervenção revela alguma falta de confiança nas suas capacidades de organizar as
suas actividades de estudo e de gerir o seu tempo, tendo em conta a sua percepção sobre
a carga de actividades e pressão constante por parte dos professores e do sistema como
um todo. Refere “devido ao número de disciplinas e às constantes actividades
atribuídas pelos docentes e à necessidade de pesquisar, ir à biblioteca, participar de
grupos de estudos, acho que será muito difícil gerir, principalmente nos primeiros anos.
“Talvez mais tarde possa me habituar e adaptar melhor” (Anexo 1, Sessão 2, 2ª
"Actividade: “Entrevista Formativa Inicial”).
Na avaliação intermédia refere: “nos debates sobre os assuntos ligados à vida
do estudante nas instituições de ensino superior percebi que frequentar um curso na
universidade é um processo normal de continuação dos estudos depois de terminar o
ensino médio e que apenas exige mais responsabilidade e dedicação do estudante”;
“não é coisa do outro mundo, o importante é saber planificar-se”(Cf. Anexo 1, Sessão
12, 1ª Actividade: “Discussão focalizada nas experiências recolhidas no Workshop”).
No final, demonstra maior convicção e prontidão para encarar com coragem e
entusiasmo a ideia de prosseguir com o seu sonho de concorrer e ingressar numa
instituição superior logo após a conclusão da 12ª classe, ao revelar o seguinte: “sinto-me
preparada para organizar os meus estudos, realizar as tarefas das disciplinas a tempo
e ter boas relações com os novos colegas e com os professores e considero muito
importante que este tipo de projecto seja expandido para outros alunos porque nós
precisamos destas iniciativas para nos ajudarem a fazermos melhor as nossas escolhas,
para termos facilidade de adaptação e sucesso no curso e no mercado de trabalho”
(Anexo 1, Sessão 14, 2ª "Actividade: “Entrevista Formativa Final”).
Participante 2
O Pedro, estudante da 12ª classe, grupo B, revela logo no início do processo
forte motivação para participar de um programa de orientação vocacional, acreditando
que se trata de uma oportunidade ímpar para obtenção de apoio para a tomada de
decisão consciente a respeito da sua futura profissão. Aquando da apresentação das suas
expectativas face ao projecto salientou: “eu acho que até terminar este projecto, todos
nós estaremos mais claros sobre o curso e a profissão que queremos seguir e isso é
muito importante uma vez que este é o nosso último ano no ensino secundário e
precisamos decidir o curso que queremos frequentar na Universidade” (Anexo 1, Sessão
1, 1ª Actividade: “Discussão focalizada, orientada para o levantamento de necessidades
sentidas pelo grupo, para a clarificação da natureza do projecto e dos papéis dos
intervenientes”).
Com alguma determinação, revelou que o seu sonho era tornar-se professor de
biologia, acreditando que dessa forma encontraria a sua realização pessoal: “eu gosto de
duas coisas: gosto de ensinar e também sou apaixonado pela disciplina de biologia;
por isso, quando for a Universidade gostaria de fazer o curso de professor de Biologia.
Se não conseguir admitir posso tirar um curso no Instituto de Formação de
Professores” (Cf. Anexo 1, Sessão 3, 1ª Actividade: “Promoção da discussão focalizada
ao nível dos projectos vocacionais de cada um, das profissões e do que gostariam de
atingir”). Entretanto, ao introduzir-se a actividade “Os meus valores Pessoais e
Profissionais” (Anexo 1, Sessão 3), revela que tem a necessidade de adquirir valores
como “paciência”, “liderança” e “trabalho em equipa” (actividade 3.5.2. Leilão de
valores), e, ainda, revela que gostaria de ter uma profissão que não o dê muito trabalho e
que dê a possibilidade de ter tempo para os seus momentos livres.
Os interesses vocacionais identificados, na área das ciências de educação,
levaram-no, na fase de exploração do mundo escolar e das profissões, a optar pelo
aprofundamento do seu nível de informação nesse campo, tanto a partir da exploração
em plataformas virtuais (Sessão 8 2ª Actividade: “Baú do Ensino Superior em
Moçambique”), quanto a partir do contacto directo com estudantes do Ensino superior e
com profissionais em exercício (Sessão 10, 2ª Actividade: “Jornalista vocacional” e
Sessão 6, 1ª Actividade: “Work Sahadowing”, respectivamente). Os relatos destas
experiências podem ser sintetizados nos seguintes discursos por si apresentados:
(1)“Tive a oportunidade de conversar e de acompanhar o dia-a-dia de dois professores
e percebi que o trabalho do professor não se resume àquele momento em que ele está
na sala de aula com os seus alunos, mas é preciso ter tempo para planificar, organizar
os materiais didácticos, corrigir provas, trabalhos dos seus estudantes, etc.”;(2) no
nosso país as condições de trabalho de um professor não são favoráveis, há muitos
desafios que um professor deverá enfrentar ao realizar a sua tarefa e o salário não é
suficiente para cobrir as despesas caseiras e para a satisfação de outras necessidades
pessoais”; (3)“Depois da entrevista senti que preciso pensar melhor no curso a seguir
porque antes pensava que o trabalho do professor não fosse muito pesado” (Anexo 1,
Sessão 7, 1.ª Actividade: Partilha da experiência e discussão focalizada na actividade
“Work Sahadowing”).
Entretanto, como fruto da oportunidade que teve, de exploração de outras áreas a
partir da actividade “Baú do Ensino Superior em Moçambique” (Anexo 1, Sessão 8, 2.ª
Actividade:) e das discussões focalizadas nas experiências de todos os participantes nas
actividades de exploração directa do mundo das profissões e das oportunidades de
educação e formação profissional, o Pedro começou a demonstrar algum interesse pela
área da informática, ao revelar “depois de ter explorado várias profissões através das
plataformas que foram disponibilizadas, achei muito interessante a área de Engenharia
Informática, é uma área necessária para todas as empresas e instituições e assim pode
ser fácil encontrar emprego”. Diante desse interesse que emergiu decidiu aproveitar a
oportunidade de contacto com estudantes de uma das instituições do Ensino Superior
que visitou para conhecer de perto a realidade dessa área de formação. “É um curso bom
e eu acho que também tenho queda para fazer e me tornar um bom profissional”. No
fim do processo, manifesta vontade de continuar a explorar essa área antes de decidir
fazer a escolha: “vou continuar a investigar e até chegar o momento da inscrição para
os exames de admissão, estarei mais certo do curso a realizar” (Cf. Anexo 1, Sessão
14, 2ª Actividade: “Entrevista Formativa Final”).
Ao nível dos Significados da Educação Superior, o Pedro acredita que ter uma
formação superior permite-nos ter uma melhor qualidade de vida do que aqueles que
tem uma formação inferior, uma vez que o concebe como uma forma de “ganhar
competências para o mercado de trabalho”. Acha que poderá ser uma experiência
stressante devido à elevada carga de trabalho e à necessidade de permanecer no recinto
da universidade por muito tempo: “tenho que me preparar bem para aguentar com a
pressão das aulas, os trabalhos dos professores, ter que passar muitas horas a realizar
momento preciso de ajudar os meus pais com algumas tarefas de casa”, acrescentou
(ibd.).
Ao longo da sua participação no workshop com alguns estudantes finalistas do
Ensino Superior e na actividade subsequente, de discussão focalizada em torno das
experiências colhidas nessa actividade, apresenta reflexões sobre os seus interesses
profissionais e sobre as suas expectativas de adaptação e construção da sua identidade
vocacional: “sinto-me muito confortável quando estou perante estudantes finalistas do
Ensino superior, principalmente por serem estudantes muito jovens, e até já consigo me
imaginar nessa fase. Se eles conseguiram superar todas as barreiras e desafios, acho
que eu também terei a mesma capacidade. As experiências que eles nos transmitiram
neste encontro mostram que quando a pessoa é determinada e tem foco, ela consegue.
Tive a sorte de encontrar estudantes a tirarem cursos de formação de professores e
também da área de engenharia informática e acho que vou continuar a pesquisar essas
áreas até tomar a minha decisão final, e acredito que quando fizer a escolha, estarei em
condições de me tornar um bom profissional na área escolhida”.
Seus comentários deixados no momento da entrevista formativa final indicam
alguma satisfação com a participação no projecto e vontade de continuar a explorar:
“gostei do projecto e gostaria que nas próximas oportunidades pudesse visitar os locais
de trabalho e ter informação sobre outros cursos‟‟.
Participante 3
A Rosa é uma estudante de 18 anos de idade, proveniente de um dos bairros
situados nos arredores da Cidade da Beira, onde, no período da intervenção, morava
com os seus pais e dois irmãos mais novos. No início do processo, ela revelou que
„Orientação Vocacional' é uma expressão nova para si, do ponto de vista do seu
significado e, sobretudo, do ponto de vista da compreensão de como se processa: “já
ouvi falar sobre orientação vocacional, mas não sei ao certo o que significa, como
funciona e para que serve, preciso de uma explicação mais clara” (Cf. Anexo 1: Anexo
1, Sessão 1, 2ª "Actividade: “Caixa de perguntas/dúvidas…”). No entanto, aquando da
negociação sobre os termos e condições do Contrato (Cf. Anexo 1: Anexo 1, Sessão 1,
3ª Actividade), demonstra sinais de compreensão dos propósitos das actividades da
orientação vocacional, ao referenciar o seguinte: “esse tipo de preparação para
escolhermos as profissões e o curso a frequentar é muito importante para nós os jovens,
e sentimos que muitos de nós precisamos desse apoio para que possamos fazer as
nossas escolhas com mais certeza daquilo que pretendemos ser no nosso futuro”. “Hoje
em dia existem muitas faculdades e muitos cursos, por isso precisamos dessa
orientação”, acrescentou, e mostrou pré-disposição para negociar e adquirir
consentimento dos pais, como forma de obter autorização para participar das sessões
de intervenção: “Na sessão de hoje, os aspectos mais positivos foram a compreensão
dos objectivos do projecto, por isso farei de tudo para convencer aos meus pais para
que eu possa participar até ao fim” (Cf. Anexo 1: Anexo 1, Sessão 1, Actividade:
“Diário de Bordo”).
A partir da realização da entrevista formativa inicial (Anexo 1, Sessão 2, 2ª
Actividade), focalizada na exploração geral de questões ligadas às dimensões do
desenvolvimento vocacional, dos significados da educação superior e das dificuldades
de adaptação ao ensino superior, a Rosa revela alguma inconsistência que denota a
necessidade de apoio com vista à sua superação. Igualmente, percebe-se que, com o
diálogo, as contribuições dos colegas, vai desenvolvendo um conjunto de expectativas
favoráveis ao investimento do seu tempo para continuar a participar no projecto. “Não
estou muito bem definida sobre o curso que vou fazer na Faculdade, mas acho que já
está na hora de me decidir, uma vez que já estou a terminar o ensino secundário”;
“não sei se o ensino superior é algo muito difícil como às vezes pensamos, mas estou
certa de que terei que enfrentar, pois, é o que tenho que seguir quando terminar a 12ª
classe” (Cf. Anexo 1, Sessão 2, 2ª "Actividade: “Entrevista Formativa Inicial”).
Dados mais concretos relativamente à variável do Desenvolvimento Vocacional,
podem ser retirados da avaliação dos mitos vocacionais, realizada logo após a
administração de testes vocacionais, na fase da pré-intervenção. Rosa concordou em
parte com a ideia de que o trabalho deverá satisfazer as suas necessidades, uma vez que,
por um lado, acredita que o trabalho poderá proporcionar-lhe felicidade, mas, por outro,
concorda que nem todas as necessidades poderão ser supridas pelo trabalho. “O
trabalho é importante para a minha felicidade, mas é importante conciliar o trabalho
com outras coisas para que realmente possa satisfazer todas as minhas necessidades”
(Cf. Anexo 1, Sessão 2, 5ª Actividade “Barómetro dos mitos”).
Uma análise geral sobre a influência dos contextos de vida nas suas decisões, em
geral, e vocacionais, em particular, permitiu que se compreendesse sobre o valor que a
participante atribui à influência da sua família nas suas escolhas, uma vez ter relatado o
seguinte: “faria um curso para agradar os seus pais, primeiro porque sendo meus pais,
eu tenho que respeitar as suas orientações; depois porque são os seus pais que
A literatura (e.g. Santos, 2007; Vieira, 2011) tem apontado para uma diversidade
de factores que podem estar associados às diferentes dificuldades que os indivíduos
podem apresentar nas suas tarefas vocacionais, permitindo-nos categorizar em dois
grandes grupos, nomeadamente de natureza mais intrapessoal, por um lado e, por outro,
de âmbito mais extrapessoal. No contexto deste estudo, conseguimos constatar a
presença de elementos ligados a um, outro ou ambos os grupos de factores. Numa
análise superficial, observa-se, para alguns casos, a confusão é baseada na dificuldade
em definir-se entre uma e outra alternativa, na interferência dos significativos e em
outras questões de desenvolvimento pessoal. Entretanto, compreende-se que tais
aspectos revelam-se problemáticos quando associados a outras questões, influenciadas
de forma geral pelos baixos níveis de exploração vocacional que caracteriza a maior
parte do grupo-alvo da intervenção.
A parte do supra salientado, os contactos iniciais com os participantes da
intervenção permitiram observar que na generalidade os alunos antecipam dificuldades
de adaptação ao ensino superior, caracterizadas pela percepção de incapacidade de
gestão efectiva das actividades escolares no seu dia-a-dia, acreditando que se trata de
um contexto marcado pela elevada carga de actividades, exigências acima da média e
pressão constante. No entanto, é possível notar que, embora prevaleça algum receio
sobre as suas possibilidades de adaptação efectiva principalmente nos primeiros anos,
na sua maioria os participantes são influenciados pelos significados que atribuem à
educação superior, que indica que se trata do passo natural a darem no seu itinerário
escolar após a conclusão do ensino médio e que, como tal, não terem outra escolha.
Ao longo das sessões de intervenção os alunos tiveram a oportunidade de poder
explorar de forma directa e indirecta várias questões ligadas a diferentes profissões, o
que culminou não só com o desenvolvimento da noção sobre a necessidade de trabalhar
em torno de certas qualidades, valores e atitudes pessoais como base para ter sucesso
em certas áreas profissionais, mas também com o desenvolvimento dos seus níveis de
autoconhecimento, do conhecimento do mundo profissional e da capacidade de
relacionar esses dois conhecimentos. Paralelamente, nota-se a tendência para a
construção paulatina de significados mais realísticos sobre a educação superior e para a
significativa redução dos receios face à adaptação ao ensino superior e construção de
identidade vocacional.
Ao analisarmos os dados do processo e das avaliações efectuadas no final da
intervenção percebe-se que, de forma generalizada, houve ganhos significativas,
Participante 1
O Pedro é um estudante de 19 anos de idade, residente num dos bairros situados
nos arredores da Cidade da Beira e frequenta a 12ª classe, na área de letras. Tal como a
maioria dos estudantes que participaram no processo de intervenção, revela, no início,
algumas dúvidas sobre o futuro do seu percurso escolar (Anexo 2, Sessão 2, 1ª
Actividade: “Entrevista Formativa Inicial”). Entretanto, demonstra sinais de
compreensão do conceito e importância da orientação vocacional e considera que a
iniciativa de se levar a cabo um projecto neste domínio irá proporcionar a muitos alunos
a oportunidade de definirem um projecto vocacional com mais consistência (Anexo 2,
Sessão 1, 1ª Actividade: “Introdução e Apresentação” e 1ª Actividade: “Sobre a
Orientação Vocacional”) e, como resultado disso, opta por assumir as regras e encontrar
o consentimento dos pais para a sua participação efectiva (Anexo 2, Sessão 1, 3ª
Actividade: “Contrato”).
Quanto à questão da exploração mostra que, apesar do seu interesse pelas
ciências jurídicas, não possui um conhecimento aprofundado sobre a natureza da área,
tanto do ponto de vista dos pré-requisitos para a sua frequência, da conceptualização e
caracterização, bem como no que concerne às saídas profissionais, ao referir “gostaria
de fazer o curso de direito, mas preciso de compreender melhor em que consiste o
curso e em que áreas poderei trabalhar depois de me formar” (Anexo 2, Sessão 2, 1ª
Actividade: “Entrevista Formativa Inicial”). Revela ainda “ao longo deste projecto,
gostaria de poder ter a oportunidade de ficar bem claro sobre o melhor curso a fazer
no futuro” (Anexo 2, Sessão 2, 3ª Actividade: “Diário de Bordo”).
Durante o decurso das sessões, mostra-se sempre atento aos conteúdos
socializados, denotando que em vários momentos estava diante de informações antes
desconhecidas por si. Revela: “eu sempre estive focado em seguir em frente com a
minha formação, concorrendo para uma Universidade assim que concluir a 12ª classe.
Não me ocorria a ideia de que posso concorrer para um instituto superior ou mesmo
para um instituto médio onde posso fazer um curso profissionalizante” (Anexo 2,
algumas empresas, seria muito mais valioso para nós (Anexo 2, Sessão 8, 4ª
Actividade: “Diário de Bordo”).
Sobre a educação superior e seus significados, no princípio da intervenção
revelou que frequentar esse nível poderia revelar-se uma fonte de stress para si, devido à
sua percepção de que se trata de uma fase muito exigente e de muita responsabilidade,
mas sem descurar a importância que tem na vida das pessoas, de preparação para o
mercado de trabalho e para a vida, de forma geral: “estudar numa universidade deve ser
muito „puxado‟, por causa da exigência dos professores e do sistema como um todo,
mas aqui no nosso país sempre se considerou importante ter uma formação superior
para se encontrar um bom emprego e eu não tenho como não optar por frequentar esse
nível, não só para tornar-me alguém, mas também porque os meus pais irão orgulhar-
se de mim, uma vez que eles sempre me incentivam a estudar e dizem que essa é a base
para o meu futuro(Anexo 2, Sessão 7, 2ª Actividade: “Diário de Bordo”). No final do
processo, sua concepção sobre a educação superior não mudou significativamente,
deixando prevalecer a ideia de que se trata da melhor forma de se preparar para o seu
futuro. O Pedro revelou que apesar da sua percepção sobre a complexidade do ensino
superior, estava preparado para assumir o desafio (Anexo 2, Sessão 8, 1ª Actividade:
“Entrevista Formativa Final”).
Na apresentação de considerações finais, revela-se a compreensão sobre a
utilidade das informações socializadas no decurso do processo de intervenção. No
entanto, percebe-se alguma dificuldade ainda em fazer uma análise exaustiva da relação
entre o conhecimento que adquiriu do mundo circundante com o conhecimento de si
próprio: “este é um projecto novo e que é muito importante para nós, uma vez que nos
proporcionou muitos conhecimentos sobre a realidade do nosso país, sobre as
instituições, cursos e profissões disponíveis, mas seria importante se pudéssemos ter
contactos directos com algumas realidades para procurarmos perceber se realmente é
isso que queremos e se realmente isso é bom para nós, para a nossa família e para o
nosso país como um todo” (Anexo 2, Sessão 8, 3ª Actividade: “Considerações finais”).
Participante 2
A Micaela é uma estudante da 12ª classe numa escola do ensino secundário geral
público da cidade da Beira e frequenta a área de letras com matemática. Tem 20 anos de
idade e mora com os seus tios num Bairro situado há mais ou menos 5km do centro da
cidade.
frequentar no ensino superior, a decisão será sua e estará em condições de assumir todos
os desafios para poder tornar-se uma profissional com um bom nível de qualidade para
fazer face às exigências do mercado.
Durante as sessões de informação sobre a estrutura social de oportunidades de
educação escolar e sobre as profissões, sempre se mostrou interessada em conhecer as
diferentes áreas da actividade socioeconómica, as diferentes profissões e os diferentes
cursos e programas disponíveis nas IES tomadas como exemplo. Como resultado da
avaliação do impacto de tais sessões, depreende-se que anteriormente a participante
apresentava uma visão muito pouco clara a respeito da estrutura do SNE em
Moçambique, sobretudo, das diferentes alternativas para a prossecução dos seus estudos
imediatamente após a conclusão da 12ª classe: “Sempre estive focada em duas
alternativas apenas. Por um lado, concorrer para o curso de professores num instituto
de formação, e ter facilidade de entrar para o mercado de trabalho e, por outro,
concorrer para a Universidade Pedagógica e tirar um curso ligado ao professorado.
Por isso nunca procurei saber de outras profissões e de outros cursos” (Anexo 2,
Sessão 3, “Folha de registos”). Estes dados podem ser reforçados com outros registos
feitos no decurso da Sessão 4, Actividade 1: “Síntese da tipologia de IES”, onde
puderam destacar-se algumas expressões tais como: “não tinha antes informação sobre
os diferentes tipos de instituições do ensino superior, conheço alguns nomes, mas não
sabia ao certo o que diferenciava umas das outras”.
No final do processo reflecte sobre a importância de ter participado na
intervenção, ao fazer alusão aos seguintes aspectos: “foi-me muito útil participar neste
projecto porque aprendi muito; aprendi sobre as diferenças entre os tipos de
instituições, entre o que é uma faculdade e o que é um instituto superior, etc., mas
também consegui perceber melhor sobre as diferentes modalidades do ensino e dos
regimes de formação universitária. Isso é muito importante para mim porque pude
perceber que posso fazer o curso que quero num curso presencial ou num curso de
ensino à distância, entre outra coisas importantes que consegui colher através do
projecto.” (Anexo 2, Sessão 8, “Considerações Finais”).
A informação sobre a organização das IES, tanto do ponto de vista dos
diferentes tipos de serviços disponíveis, quanto no que concerne à hierarquia e/ou
subordinação dos diferentes órgãos, permitiu que a participante desenvolvesse um
conceito sobre o Ensino superior que traduz a ideia de complexidade e de um nível
virado para a preparação integral do estudante: “No princípio eu tinha a ideia de que a
Participante 3
O Cláudio, de 19 anos de idade, é um estudante da 12ª classe, enquadrado na
área de ciência, grupo B, com Biologia. Durante o período da intervenção residia num
dos bairros centrais da Cidade da Beira, com os seus pais e quatro irmãs, das quais uma
mais velha e três mais novas.
No início do processo, revela que a ideia de se levar a cabo um projecto com a
intenção de apoiar jovens nas suas tarefas vocacionais constitui-se numa iniciativa
muito boa, na medida em que são muitos os estudantes que apresentam dificuldades em
tomar decisão a respeito da área de formação e da profissão a seguir. “Acho que este é
um projecto muito interessante porque muitos de nós ainda não nos definimos com toda
a clareza o curso que pretendemos frequentar quando estivermos numa universidade, e
temos ideias pouco consistentes acerca da nossa futura profissão”, revelou (Anexo 2,
Sessão 1, Actividade: “Diário de Bordo”). Diante da percepção sobre a pertinência da
participação no projecto, opta por concordar em negociar com os pais e assumir a
disponibilidade para participar de forma efectiva (Anexo 2, Sessão 1, 3ª Actividade:
“Contrato”).
A partir da entrevista inicial (Anexo 2, Sessão 2, 1ª Actividade: “Entrevista
Formativa Inicial”) foi possível recolher informação a respeito do estatuto inicial do
Cláudio face à escolha, quanto às dimensões do desenvolvimento vocacional, das
dificuldades antecipadas e dos significados atribuídos à Educação Superior, tendo-se
notabilizado, por um lado, uma fraca exploração de si e da realidade circundante e, por
outro, expectativas pouco realistas em relação ao ensino superior, associadas a uma
ideia de que trata-se de uma fase normal de continuação dos estudos após a conclusão
do ensino secundário, no entanto com exigências maiores sobre o estudante. “Não sei
muito bem o curso que irei fazer no ensino superior, mas estou certo de que assim que
terminar a 12ª classe, tenho que prosseguir com os meus estudos numa faculdade”,
mencionou.
O Cláudio fala da sua paixão pela disciplina de Química e do seu sonho em
formar-se numa área em que esta se constitui como essencial. Entretanto, não faz alusão
muito concreta ao curso a realizar no ensino superior, e revela que ainda precisa de
algum tempo para decidir-se melhor. No mesmo âmbito, revela que os seus pais têm o
influenciado para seguir o Curso de Engenharia de Processos, alegadamente por se
tratar que um curso actual e relacionado com os novos desafios do mercado
moçambicano, mas também por considerarem como sendo um curso com características
masculinas, numa situação em que ele é o único filho do sexo masculino. Revelou: “os
meus pais sempre vivem me dizendo que sou homem e, por isso, tenho que seguir um
curso ligado às engenharias para que eu possa trabalhar nas indústrias, no porto, etc.”
(Anexo 2, Sessão 2, 1ª Actividade: “Entrevista Formativa Inicial”).
No fim do processo revelou que, apesar de ter passado a conhecer diferentes
áreas de formação oferecidas ao nível das instituições de ensino superior, sente que não
seria uma boa opção decepcionar os seus pais, uma vez que eles sempre foram a sua
fonte de apoio em todas as necessidades e decisões: “este projecto foi uma boa
oportunidade para conhecer vários cursos, mas precisarei de negociar com os meus
pais para ver qual é o melhor curso para frequentar. Eles são muito presentes na minha
vida, por isso quero que eles participem nesse processo de tomada de decisão comigo”
(Anexo 2, Sessão 8, 1ª Actividade: “Entrevista Formativa Final”).
A partir das actividades 1 (“apresentação da lei do SNE e caracterização dos
diferentes subsistemas, em Moçambique”) e 2 (“Como prosseguir o meu itinerário
Vocacional?”) da 3ª sessão e da actividade 1 (“Síntese da tipologia de IES”) da 4ª
sessão do projecto, foi possível confirmar os dados inicialmente colhidos, indicativos
dos baixos níveis de exploração vocacional que o caracterizavam, sobretudo no que
concerne à exploração da estrutura social de oportunidades de educação escolar. “Tinha
muito pouca informação, ou quase nenhuma, acerca das alternativas disponíveis para a
continuação dos meus estudos depois de concluir a 12ª classe” salientou. No fim do
processo faz alusão à ideia de que, para além de ter que frequentar uma Universidade,
poderá optar pela frequência de uma instituição de formação profissional, onde pode
adquirir habilidades e conhecimentos úteis para garantir o auto-emprego. “Uma das
formas de não decepcionar o meu pai também poderia ser através do ingresso em um
instituto técnico-profissional, onde eu poderia aprender a saber fazer e ter condições
para criar a minha empresa própria. Esta „coisa‟ de ter um emprego próprio, de ser
empreendedor, é algo que os meus pais têm salientado muitas vezes”, revelou e
salientou que será necessário continuar a explorar para que, ao concluir a 12ª classe já se
sinta o suficientemente preparado e decidido sobre o que seria o seu próximo passo em
termos de escolha.
As actividades 1 da sessão número 5 (“Sectores público e privado: apresentação
e caracterização dos diferentes ramos de actividade nos sectores público e privado) e a
actividade 1 da sessão número 6 (“Profissões: apresentação e caracterização dos
diferentes profissões constantes da CNP”) foram consideradas como sendo muito
significativas pelo Cláudio, avaliando a partir daquilo que é a sua percepção de si
próprio e do que considera como sendo uma realidade transversal à maioria dos
estudantes da sua idade. “Hoje somos estudantes da 12ª classe e durante este tempo
todo da nossa formação escolar não tivemos oportunidades de conhecer os diferentes
ramos da actividade socioeconómica e as diferentes profissões que podem ser
desenvolvidas no nosso país. Falamos muito mais dos ramos da educação, saúde,
agricultura e poucas outras, por isso seria muito importante que houvesse a divulgação
de várias outras áreas, como forma de ajudar os alunos a se decidirem sobre o melhor
curso a seguirem”.
Apesar de ter revelado algum entusiasmo, alguma satisfação com a oportunidade
de ter tido acesso à informação sobre o ensino superior e sobre o mercado laboral,
transmite a ideia de que nas sessões focalizadas na transmissão de informação a esse
respeito, teve a oportunidade de adquirir conhecimentos com um carácter meramente
teórico, sendo que, desta forma, a realidade prática possa trazer alguma novidade que
contrarie as expectativas criadas através da teoria. “Durante a sessão anterior e esta
sessão, foi possível aprender muito sobre as profissões e sobre os ramos de actividade
socioeconómica mas, na minha opinião, precisávamos de mais tempo para explorar
melhor cada uma das áreas profissionais e ter conhecimentos mais sólidos sobre cada
uma delas. Por exemplo, se tivéssemos tido a oportunidade de efectuar visitas e de
conversar com alguns profissionais, acredito que seria uma vais valia para nós.
Portanto, o que acho que poderia ser feito para melhorar nas próximas sessões seria
procurar conciliar a teoria e a prática, para podermos ter mais ganhos” (Anexo 2,
Sessão 6, Actividade: “Diário de Bordo”).
A segunda actividade da sessão número 4 “(Organização das IES: apresentação
de exemplos de estruturas orgânicas de tipos diferenciados de IES”) permitiu que o
participante tivesse a oportunidade de desenvolver alguma noção sobre a forma como se
estrutura uma instituição do ensino superior, nomeadamente quanto ao organigrama e
aos diferentes serviços disponíveis. “Percebi que uma instituição do ensino superior
tem diferentes serviços combinados e uma estrutura muito forte para garantir sua
melhor organização e oferecer serviços de qualidade aos alunos”. Na nossa escola, por
exemplo, todos os assuntos dos alunos são tratados ou na secretaria, ou na direcção
pedagógica, mas no ensino superior, encontram-se vários serviços, desde a secretaria
geral, a direcção do curso, a direcção pedagógica, a direcção científica, a direcção do
registo académico, associação dos estudantes, bibliotecas, salas de informática, etc. Eu
acho que com todos esses serviços disponíveis, quaisquer dificuldades que os
estudantes forem a apresentar têm uma solução imediata. Estas informações que fomos
colhendo nas diferentes sessões são muito importantes para todos nós, por isso eu me
sinto mais à vontade e preparado para não ter muitas dificuldades em que estiver numa
Universidade (Anexo 2, Sessão 4, Actividade: “Diário de Bordo”).
Os depoimentos apresentados encontram alguma complementaridade com os
dados colhidos a partir da realização da actividade 1 da sessão número 7 (“Significados
da Educação Superior: apresentação de síntese sobre os significados da educação
superior”), onde o Cláudio faz menção ao facto de ter sido uma sessão muito boa e que
retira quaisquer receios ligados à sua adaptação, permanência e sucesso académico. No
final do projecto, quando solicitado a apresentar as suas considerações finais, revela que
“o ensino superior exige de nós mais responsabilidade e concentração, mas não é algo
que temos que temer. Depois destas actividades, sinto que não terei dificuldades em me
adaptar (Anexo 2, Sessão 8, Actividade: “Considerações Finais”).
De forma geral, a partir do processo de avaliação no momento da pós-
intervenção, considera que apesar das propostas que foi deixando ao longo das
diferentes sessões, como contributo para a melhoria do projecto, concretamente no que
concerne ao tempo de duração das sessões e à necessidade de adoptar uma vertente mais
prática, para enriquecer as informações partilhadas, trata-se de um projecto que
contribuiu muito para a aquisição de conhecimentos novos a respeito do ensino superior
e sobre outras oportunidades de educação escolar disponíveis para dar continuidade com
o percurso escolar após a conclusão da 12ª classe. “Sinto-me honrado por ter
participado neste projecto e rezo para que os outros alunos possam ter uma
oportunidade igual”, revelou (Anexo 2, Sessão 8, 1ª Actividade: “Entrevista Formativa
Final”).
Por seu turno, quanto à melhoria da vida social da pessoa, a literatura sustenta
que a educação superior é fonte de desenvolvimento social e económico incontestável,
sendo responsável por melhorar as competências sociais e preparar os jovens para a vida
activa (Zabala, 1999), pelo que o incremento dos valores nesta dimensão do pré para o
pós-teste, sinaliza ganhos significativos da intervenção.
Portanto, a consciência de que a educação superior contribui para o
desenvolvimento de competências sociais, permite capitalizar as pré-disposições dos
estudantes para investirem para a sua frequência desse nível de ensino, o que poderá
culminar com ganhos ao nível da sua criatividade, do espírito de trabalho em equipa, de
comunicação e de solidariedade, úteis para o sucesso na vida pessoal, social e
profissional. Afinal de contas as instituições de ensino assumem hoje um papel único e
primordial de integração do saber, uma vez que tem de actuar em várias frentes: por um
lado, diminuir e combater à exclusão dos alunos da sociedade da informação; por outro
lado, concretizar a troca de saberes e a interação social (ibd.). Na verdade, “indivíduos
mais escolarizados tendem a ter menos comportamentos antissociais, auto ou
heterodestrutivos e a participar mais activamente nos diálogos da sua comunidade.”
(Figueiredo, et al., 2017, p. 11).
A esse respeito, torna-se importante perceber que em paralelo com a necessidade
de desenvolvimento de competências mais técnicas, a educação superior deve
Por seu turno registou-se no GE1, entre o pré e o pós-teste, uma redução com
significância estatística nas dimensões fonte de stress, económica e próximo passo.
Por fim, a nossa discussão em face dos resultados encontrados no GE1, tendo
em conta a primeira hipótese levantada, é referente à variável das Dificuldades
Antecipadas. Nesta, foi registada uma redução significativa, ao nível de p>0.05 em
todas as dimensões estudadas, nomeadamente quanto às dificuldades académicas,
dificuldades de integração social e de autonomia.
O conceito de dificuldades académicas, tal como entendido na presente
investigação, sustentado pelos pressupostos teóricos que estiveram na base da
construção do instrumento utilizado, o QDA, traduz uma visão que descreve
dificuldades ao nível da aprendizagem e organização da vida escolar (Araújo et al.,
2016). Nesta lógica, compreende-se que a redução que ocorreu da pré para a pós-
intervenção é sinal de eficácia da intervenção a que o grupo esteve sujeito.
Por seu turno, as dificuldades de integração social reportam-se às dificuldades
de interacção com toda a comunidade académica e de gestão das relações sociais
anteriores (Araújo et al., 2016)
Para finalizar, as dificuldades de autonomia são referentes a situações de gestão
pessoal financeira, das emoções e das actividades e do tempo (Araújo et al., 2016)
Por sua vez, a segunda hipótese previa que não se registariam diferenças
significativa entre o pré e o pós-teste no Ge2 e no GC em todas as dimensões das
variáveis em estudo.
Por último, apresentamos a nossa quinta hipótese, que indicava que, no pós-
teste, o GE1, cujos sujeitos foram alvo de intervenção a partir de uma abordagem
construtivista, ecológica e desenvolvimentista, apresentaria resultados estatisticamente
significativos, em termos de desenvolvimento vocacional, de significados atribuídos à
formação superior e de dificuldades antecipadas de adaptação, superiores ao GE2, alvo
de uma intervenção a partir de uma estratégia geral informativa.
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