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Venâncio Carlos Zandamela

Factores ecológicos do ambiente escolar que influem na emergência de indisciplina,


caso: Escola Secundária Joaquim Chissano de Boane

Licenciatura em Psicologia Educacional com habilitação em Intervenção em


Desenvolvimento Humano e Aprendizagem

Universidade Pedagógica de Maputo


Maputo
2021
Venâncio Carlos Zandamela

Factores ecológicos do ambiente escolar que influem na emergência de indisciplina,


caso: Escola Secundária Joaquim Chissano de Boane
Monografia científica a ser apresentada a
Faculdade de Educação e Psicologia como
requisito para a obtenção do grau académico de
Licenciatura em Psicologia Educacional com
habilitação em Intervenção em
Desenvolvimento Humano e Aprendizagem

Supervisora: Dra. Cecília Xavier


Co-supervisor: Dr. Domingos Bié

Universidade Pedagógica de Maputo


Maputo
2021
Índice

Lista de Tabelas........................................................................................................................ i
Lista de Figuras........................................................................................................................ ii
Lista de Siglas e Abreviatura...................................................................................................iii
Declaração de Honra............................................................................................................... iv
Dedicatória............................................................................................................................... v
Agradecimentos....................................................................................................................... vi
Resumo.................................................................................................................................. vii
Abstract.................................................................................................................................. viii
Introdução................................................................................................................................ 1
Problematização...................................................................................................................... 2
Justificativa.............................................................................................................................. 5
Objectivos de pesquisa............................................................................................................7
Objectivo geral:........................................................................................................................ 7
Objectivos específicos:............................................................................................................. 7
Questões de Pesquisa............................................................................................................. 7
CAPÍTULO I:............................................................................................................................ 8
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.........................................................................................8
1.1. Conceito de indisciplina.................................................................................................8
1.1.1. Caracterização de comportamentos indisciplinados..................................................9
1.2. Teoria ecológica do desenvolvimento humano............................................................11
1.2.1. Teoria ecológica.......................................................................................................11
1.2.1.1. Microssistema......................................................................................................11
1.2.1.2. Mesossistema......................................................................................................12
1.2.1.3. Exossistema......................................................................................................... 12
1.2.1.4. Macrossistema.....................................................................................................13
1.2.1.5. Cronossistema.....................................................................................................13
1.3. Indisciplina no Ambiente Escolar na Perspectiva Teórica De Urie Bronfenbrenner.....14
1.3.1. Relações entre os sistemas e a Indisciplina no Ambiente Escolar na perspectiva
ecológica................................................................................................................................ 14
1.4. Factores psicossociais de emergência de indisciplina no ambiente escolar................16
1.4.1. Factores ligados a Família.......................................................................................16
1.4.2. Factores relacionados a Sociedade.........................................................................17
1.4.2.1. Factores relacionados à Mídia..............................................................................18
1.5. Factores pedagógicos de emergência de indisciplina no ambiente escolar.................19
1.5.1. Escola...................................................................................................................... 19
1.5.2. Factores relacionados ao aluno...............................................................................21
1.5.3. Factores relacionados ao professor.........................................................................22
CAPÍTULO II:......................................................................................................................... 24
2. METODOLOGIA DE PESQUISA....................................................................................24
2.1. Tipo de Pesquisa.........................................................................................................24
2.2. Descrição do Local de Pesquisa.................................................................................24
2.3. População, amostra e amostragem.............................................................................25
2.4. Instrumentos de Recolha de dados.............................................................................28
2.5. Procedimentos éticos e de recolha de dados..............................................................29
2.6. Organização e tratamento de dados............................................................................30
CAPÍTULO III:........................................................................................................................ 31
3. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE DADOS..............................................................31
3.1. Dados do primeiro objectivo........................................................................................31
3.2. Dados do segundo objectivo.......................................................................................34
3.3. Dados do terceiro objectivo.........................................................................................38
CAPÍTULO IV:........................................................................................................................ 40
CONCLUSÃO E SUGESTÕES..............................................................................................40
Conclusão.............................................................................................................................. 40
Sugestões.............................................................................................................................. 42
Referências bibliográficas......................................................................................................44
Anexos................................................................................................................................... 46
Anexos 1: Guião A: Entrevista aos Professores.....................................................................47
Anexo 2: Guião B: Entrevista aos Pais e Encarregados de Educação...................................50
Anexo 3: Guião C: Entrevista aos Alunos...............................................................................53
Anexo 4: Declaração de consentimento informado................................................................56
Anexo 5: Credencial............................................................................................................... 57
i

Lista de Tabelas

Tabela 1: Estratificação de amostras por idade…………………………………………26

Tabela 2: Estratificação de amostras por sexo…………………………………………..27

Tabela 3: Estratificação de amostras por categoria dos professores………………....27

Tabela 4: Estratificação de amostras por classe que os alunos frequentam………...27

Tabela 5: Estratificação de amostras por grau de parentesco…………………………27


ii

Lista de Figuras

Figura 1: A ecologia do desenvolvimento humano (1979) de Urie Bronfenbrenner……13

Figura 2: Relação entre os factores de influência na perspectiva ecológica……………14

Figura 3: Opiniões dos participantes sobre os factores de emergência de indisciplina.34

Figura 4: Percepção dos participantes sobre os factores de emergência de


indisciplina……………………………………………………………………………………...37

Figura 5: Influência indirecta dos factores de emergência da indisciplina no PEA…….39


iii

Lista de Siglas e Abreviatura

PEE – Pais e encarregados de educação

P – Professor

E – Estudante

PEA – Processo de Ensino e Aprendizagem

EPC – Escola Primária Completa

EDM – Electricidade de Moçambique

DT – Director de turma

MINEDH – Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano

INDE – Instituto Nacional de Desenvolvimento da Educação


iv

Declaração de Honra

Declaro que esta Monografia é resultado da minha investigação pessoal e das orientações da
minha supervisora, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente
mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final.

Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para
obtenção de qualquer grau académico.

Maputo, _______de __________________de 2021

____________________________________________________

(Venâncio Carlos Zandamela)


v

Dedicatória

Dedico esta monografia a minha família, pela paciência que teve e por estar ao meu lado, me
incentivando a percorrer este caminho por compartilhar angústias e dúvidas estendendo a sua
mão e aconselhar-me em momentos difíceis.
vi

Agradecimentos

A busca pelo grau de Licenciatura é uma caminhada longa e árdua que necessita de empenho
e dedicação. A elaboração desta monografia dependeu da colaboração de instituições e
pessoas às quais endereço a minha eterna e sincera gratidão.

A prior, à Deus, meu guia que sempre está comigo, por me amparar nos momentos difíceis, por
me dar força interior para superar as dificuldades, por mostrar os caminhos nas horas incertas
e por me suprir em todas as minhas necessidades.

A minha supervisora, Dra. Cecília Xavier e ao Dr. Domingos Bié pela disponibilidade,
comprometimento e dedicação. A minha filha e razão da minha luta, Lizete Venâncio
Zandamela. A minha mãe Lizete Venâncio Bila. Aos meus primos e irmãos Estrelino Ferreira
Saide, Regina Tomé Dinis Anapakala, Ivânia Luisa Guandula, Aos meus tios Juvêncio
Venâncio Bila e Ana Venâncio Bila. Aos meus colegas Alberto Macombo Júnior, Admira
Fernando Vaz, Sarmento Januário Chume, Miguel Belino e Carla Sousa Macamo pelos
momentos agradáveis e incentivos.
vii

Resumo
O presente trabalho intitula-se Factores ecológicos do ambiente escolar que influem na
emergência de indisciplina. Este trabalho tem um carácter qualitativo, uma vez que a sua maior
preocupação foi de analisar a influência dos factores ecológicos do ambiente escolar na
emergência de indisciplina. O mesmo estudo contou com a participação de 9 sujeitos dos quais
3 eram professores, 2 encarregados de educação e 4 alunos da escola. Foi usado neste estudo
entrevista como instrumento recolha de dados e no processo de análise de dados foi usado o
processo de análise do conteúdo. Aplicado o instrumento de recolha de dados concluímos que
os professores, pais e encarregados de educação e os alunos da escola secundária Joaquim
Chissano, em boane, conhecem os factores ecológicos que influenciam na emergência de
indisciplina no ambiente escolar, nomeadamente: a desestruturação familiar, a postura do
professor, a postura do aluno, falar desproposito na sala de aulas, o evitamento de actividades
orientadas pelo professor, entre outros factores, porém há prevalência desse fenómeno
segundo os professores por parte dos alunos devido a fraca interacção entre os diferentes
intervenientes do PEA. E como forma de solucionar a problemática em causa, sugerimos que
se procure promover a comunicação entre a escola e a família, a interacção intrafamiliar com
vista a estabelecer sistemas de comunicação bilateral, procurando disponibilizar canais de
comunicação diversos (reuniões de pais, reuniões individuais com a família, contactos
telefónicos, e-mail) para que, se consiga alcançar maior envolvimento das famílias na
educação dos educandos e estancar a prevalência de indisciplina no ambiente escolar.

Palavras- chave: Indisciplina, Factores, Ecologia, Encarregados de educação, Professores,


alunos
viii

Abstract
The present work is entitled Ecological factors in the school environment that influence the
emergence of indiscipline. This work has a qualitative character, since its main concern was to
analyze the influence of ecological factors in the school environment on the emergence of
indiscipline. The same study included the participation of 9 subjects, 3 of whom were teachers,
2 guardians and 4 students from the school. Interviews were used in this study as a data
collection instrument and the content analysis process was used in the data analysis process.
After applying the data collection instrument, we concluded that teachers, parents and
guardians know the ecological factors that influence the emergence of indiscipline in the school
environment, but there is a prevalence of this phenomenon according to teachers by students
due to the weak interaction between different stakeholders of the PEA. And as a way to solve
the problem in question, we suggest that you try to promote communication between school and
family, intra-family interaction with a view to establishing bilateral communication systems,
seeking to provide different communication channels (parent meetings, individual meetings with
the family, telephone contacts, e-mail) in order to achieve greater involvement of families in the
education of students and stop the prevalence of indiscipline in the school environment.

Keywords: Indiscipline, Factors, Ecology, Guardians, Teachers, students


1

Introdução
A escola segundo CARVALHO (2019) é uma instituição social, que embora seja
oficialmente regulamentada para oferecer ensino a crianças e adolescentes, não deve
ser entendida como a única responsável pelo sucesso e aprendizagem dos alunos. Ela
necessita de apoio familiar e dos outros intervenientes do processo de ensino e
aprendizagem, visto que apesar de todas as dinâmicas mudanças que acompanham o
PEA, por si só não garante a eficiência e eficácia do ensino e aprendizagem.

A implantação de uma escola e educação de qualidade pressupõe a apreensão


de um conjunto de agentes determinantes que interferem substancialmente no
processo de ensino e aprendizagem, no âmbito das relações sociais mais amplas que
envolvem questões macroestruturais até as questões de âmbito pedagógico
(DOURADO e OLIVEIRA, 2007 apud BEIRA et all, 2015). E a compreensão do
conjunto desses agentes inviabilizadores do PEA, na perspectiva de ALVES (2014)
leva-nos a uma série de problemas de indisciplina, manifestos no ambiente escolar de
diversas formas, desde a postura do aluno na sala de aulas, rir durante a aula, não
fazer tarefas orientadas pelo professor, colocar em causa a integridade do professor,
entre outros.

Entretanto, os diferentes problemas de comportamento acima referenciados,


geralmente emergem a partir do desequilíbrio que ocorre na relação entre os diferentes
microssistemas dos quais o aluno ou a criança faz parte, influenciando assim na forma
de ser e estar do indivíduo perante os outros com estabelece relações, principalmente
no ambiente escolar.

Assim, o presente trabalho se propõe a analisar os factores ecológicos do


ambiente escolar que influenciam na emergência de indisciplina na Escola Secundária
Joaquim Chissano no distrito de Boane, e está dividido de seguinte forma: a seguir aos
elementos pré-textuais, temos uma parte inicial composta pela introdução,
problematização, justificativa e objectivos do estudo. De seguida temos quatro
capítulos, sendo que o primeiro capítulo apresenta a fundamentação teórica, onde se
encontram a definição de vários conceitos e outros temas relacionados com o estudo
em causa.
2

No segundo capítulo apresentamos a metodologia seguida para a presente


pesquisa, com destaque para a amostra e amostragem, os instrumentos usados,
procedimentos de recolha e de interpretação dos dados e a descrição do local da
pesquisa. O terceiro capítulo trata de análise e interpretação dos dados, onde são
apresentados os dados recolhidos e feita uma análise com base na compreensão do
pesquisador e no cruzamento entre os dados obtidos e a literatura consultada.
Finalmente o quarto capítulo onde apresentamos a nossa leitura final através de
conclusões e sugestões.

Problematização
O ambiente escolar está sujeito a inserção de indivíduos com diferentes formas
de ser, estar, atitudes, valores, princípios e comportamentos, que de certa forma
chegam a gerar vários problemas. Dentre os diversos problemas de comportamento
que emergem no PEA, importa referir que ao longo das práticas pedagógicas,
psicológicas e estágio académico realizados do ano 2017 à 2020, na Escola Primária
do 1º e 2º Graus de Fiche, no distrito de Boane, entramos em contacto com os
estudantes e professores da escola vizinha, Escola Secundária Joaquim Chissano,
onde pudemos perceber que há predominância de comportamentos indisciplinados e
uma tendência de culpabilizar um ao outro pelo seu surgimento, facto que nos levou a
procurar também alguns PEEs de forma a perceber os seus factores de emergência.

Casos de indisciplina no ambiente escolar não constituem novidade, segundo


Estrela (1992) citado por RENCA (2008), o estudo deste conceito relaciona-se
intimamente com o de disciplina e tende normalmente a ser definido pela sua negação
ou privação ou pela desordem proveniente da quebra das regras pré-estabelecidas.
Silva (2001) apud IDEM (2008) recorre a uma definição mais directa e incisiva,
preconizando que a indisciplina remete a violação de normas estabelecidas o que, em
contexto escolar, impede ou dificulta o decorrer do processo de ensino-aprendizagem.

Nessa óptica, nos dizeres de Carita e Fernandes (2002) citados por TEIXEIRA
(2013) a indisciplina no ambiente escolar, pela dimensão que tem vindo a adquirir,
3

apresenta-se hoje como um dos maiores problemas da escola actual, e um dos


problemas que mais aflige os intervenientes do processo de ensino e aprendizagem,
designadamente pela intensidade e amplitude que esse fenómeno atingiu a escola nos
nossos dias. Atendendo e considerando que este é um fenómeno que não é novo,
trata-se de um fenómeno multifactorial presente actualmente em diversos níveis de
ensino, a sua prevenção e gestão torna-se um desafio cada vez maior para o processo
de ensino e aprendizagem.

A literatura indica que vários são os factores que induzem os alunos a cometer
actos de indisciplina, e esses factores não actuam com a mesma intensidade no
comportamento da criança ou do adolescente, em alguns podem ser mais ou menos
elevados, dependendo do momento, da circunstância, contexto e da realidade de cada
aluno e de cada escola. Nesse contexto, estudos feitos por JACOBS e colaboradores
(2018) no Brasil, apontam como factores que influenciam na emergência da indisciplina
no ambiente escolar a organização da sociedade, a família, os factores psicológicos, a
influência da mídia e a escola, encontrando-se agrupados em três domínios, os
factores sociológicos, psicológicos e os factores pedagógico.

No âmbito dos factores sociológicos faz-se referência a mídia, à família e as mudanças


da sociedade, como factores de emergência de indisciplina devido as condições sociais
e familiares hostis e desfavoráveis que oferecem ao indivíduo. Os factores psicológicos
vêm dar referência àquilo que o indivíduo trás consigo, como é o caso dos problemas
emocionais, psicológicos e da maturidade. E por sua vez os factores pedagógicos
referem a toda a componente pedagógica, à própria escola (sua gestão, organização,
currículo, actividades pedagógicas e estrutura, a actuação dos professores e as
estratégias usadas na intervenção de indisciplina) como factores de emergência de
indisciplina no ambiente escolar.

Numa perspectiva africana, estudos feitos por TEIXEIRA (2013) na África Ocidental,
especificamente no Cabo Verde, mostram a escola, a actuação do professor, a família,
a comunidade e as características dos alunos, em algumas escolas do nível médio na
cidade de Praia, constituem os factores que influem na emergência de indisciplina no
ambiente escolar. Nessa senda, os estudos feitos nas escolas cabo-verdianas indicam
4

que a escola enquanto um local de desenvolvimento de aprendizagem, ela acolhe


diferentes tipos de alunos, com diferentes culturas e de diferentes níveis sociais, que
sempre nas suas convivências intraescolares influenciam no clima e no equilíbrio do
ambiente escolar.

O cruzamento dos diferentes tipos de comportamento manifestos de diferentes formas,


pelos estudantes nas diferentes circunstâncias do ambiente pedagógico, pode segundo
os estudos feitos nas escolas cabo-verdianas, dar lugar a emergência de indisciplina,
como fruto dos diferentes eventos hostis que o indivíduo vive na família ou na
comunidade de onde este indivíduo provém, e das diferentes vivências que este tem
quando se encontra com os seus coetâneos ou concidadãos nos grupos sociais dos
quais faz parte. Também, pode segundo estes estudos, ser fruto da má actuação ou
intervenção dos professores face as diferentes situações que possam surgir durante o
processo de ensino e aprendizagem.

Em Moçambique o cenário não foi diferente, foram realizados estudos em torno


da indisciplina escolar pelo Professor Doutor Fernando F. Pereira em 2016, estudo
centrado na percepção dos professores sobre a indisciplina e violência escolar, com o
intuito de reflectir em torno das causas, formas de resolução, características dos alunos
e implicações pedagógicas que os actos de indisciplina e violência escolar provocam
na actividade docente.

A indisciplina no ambiente escolar enquanto fenómeno que vem assolando a


comunidade escolar já há bom tempo, carece de uma abordagem científica mais
profunda. Pois, embora não constitua novidade, devido as mudanças das sociedades
moçambicanas, tem atingido índices e estágios preocupantes.

Em algumas escolas da província de Maputo, no distrito de Boane


especificamente, verificam-se cenários alarmantes de emergência de indisciplina no
ambiente escolar, em especial na Escola Secundária Joaquim Chissano,
caracterizados pelo desvio às regras de trabalho, traduzido pela perturbação do
desenvolvimento da aula pelo incumprimento das regras necessárias ao seu bom
5

funcionamento, determinado por desvios às regras da comunicação verbal, às regras


da comunicação não-verbal, às regras da mobilidade e ao cumprimento da tarefa.

Também pelas perturbações das relações entre pares, manifesto através de


condutas de agressividade e violência, chegando, por vezes, a ter contornos de actos
de delinquência, estando deste modo incluídos incidentes que se manifestam por
agressões verbais (chamar nomes), danos físicos, morais e patrimoniais, ou seja,
comportamentos que perturbam o bem-estar e a dignidade dos alunos na escola. A
abordam dos problemas da relação professor-aluno-família, caracterizado por
comportamentos que, para além de pôr em causa a autoridade e o estatuto do
professor, incluem agressividade e violência contra o mesmo, o que prejudica o
ambiente de trabalho e infringe as regras.

Diante dos factores de emergência de indisciplina apresentados, é de salientar


que as suas consequências são significativamente negativas e perturbadoras do PEA.
Nesta senda, fundamentando-se na concepção de que a educação tem de ter em conta
a diversidade dos indivíduos e dos grupos sociais, para que se torne num factor, por
excelência, de coesão social e não de exclusão (INDE, 2003). Importa referir que, o
problema de indisciplina tende em se tornar notoriamente massivo, podendo atingir
índices mais assustadores, pois, este fenómeno vai desenvolvendo-se em quase todo
o ambiente escolar.

Nesse âmbito, urge a necessidade de se propor o presente estudo, que se


guiará na seguinte questão: Que factores ecológicos do ambiente escolar influem
na emergência de indisciplina, na Escola Secundária Joaquim Chissano no
distrito de Boane?

Justificativa
O problema de indisciplina no seio escolar tem atingido índices alarmantes entre
os adolescentes e jovens estudantes do ensino secundário, facto que preocupa
significativamente os pais e encarregados de educação, os professores, os gestores
6

das escolas e a sociedade no seu geral, devido a magnitude e especificidade que este
fenómeno tem apresentado nos dias actuais.

Deste modo, a abordagem deste assunto cinge-se no acompanhamento de


vários casos de alunos com idade compreendida entre os 13 e 18 anos, na Escola
Secundária Joaquim Chissano, no distrito de Boane, que assumem diversificadas
formas de indisciplina no ambiente escolar como forma de expressar as suas
necessidades, reivindicações e repulsões, que por sua vez devido a sua prevalência
acaba desencadeando perturbações ao processo de ensino e aprendizagem e
desequilíbrio no ambiente escolar.

O facto de ter observado o quotidiano escolar e as inúmeras queixas dos


profissionais da escola, sobretudo os professores sobre a necessidade de estudar o
problema, a fim de indagar conhecimentos e estratégias que lhes auxiliem na
prevenção e resolução do mesmo. Da constatação, com certa preocupação, que esse
problema nem sempre é solucionado da melhor maneira pela escola ou pelos
professores, uma vez que estes, repetidas vezes, recorrem à ordem de saída dos
alunos da sala de aula como forma de punição, não se preocupando em conhecer as
razões do comportamento indisciplinado dos alunos, nem com as consequências das
medidas punitivas adoptadas, tanto no presente como no futuro, quer para a escola
quer para a sociedade.

Devido a verificação de situações em que os diferentes intervenientes do


processo de ensino e aprendizagem, os professores, os directores de escolas, os pais
e encarregados de educação e a sociedade em geral, aparecem a atribuir a
responsabilidade da educação e disciplina dos educandos um ao outro, surgiu a
necessidade de desenvolver este estudo científico, de forma a melhor perceber que
factores ecológicos estão ligados a emergência da indisciplina no ambiente escolar.
Pois, a emergência desses comportamentos indisciplinados no ambiente escolar,
afecta significativamente a vida e relações sociais quotidianas dos estudantes e dos
demais intervenientes do processo de ensino e aprendizagem. Sendo para a academia,
a pesquisa em vista, uma contribuição na área de educação, para a construção de
novos paradigmas e para compreensão do fenómeno.
7

Objectivos de pesquisa
A investigação propôs-se atingir os seguintes objectivos:

Objectivo geral:
 Analisar a influência dos factores ecológicos do ambiente escolar na emergência
de indisciplina

Objectivos específicos:
 Identificar os factores que concorrem para a emergência de indisciplina no
ambiente escolar;
 Descrever os factores ecológicos do ambiente escolar que propiciam a
emergência da indisciplina;
 Explicar a influência que os factores ecológicos de emergência de indisciplina
exercem indirectamente sobre o processo de ensino e aprendizagem.

Questões de Pesquisa
Para o problema em estudo levantaram-se para os factores do ambiente ecológico que
influenciam na emergência de indisciplina as seguintes questões de pesquisa:

Q1: Que acções a nível da escola têm sido tomadas na prevenção de comportamentos
indisciplinados?

 Nos casos de indisciplina constatados no ambiente escolar, qual tem sido a sua
fonte ou factor de origem?
 Na sua óptica, quais os comportamentos considerados como sendo de
indisciplina dentro e fora da sala de aulas?

Q2: De que forma apresentam-se os factores que favorecem a existência de


comportamentos indisciplinados no ambiente escolar?

 Que comportamentos favorecem o surgimento de indisciplina no ambiente


escolar?
8

Q3: Percebe o que são factores ecológicos do ambiente escolar?

 Como é que estes factores ecológicos de emergência de indisciplina podem


influenciar o PEA?

CAPÍTULO I:
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo trazemos alguns conceitos fundamentais que contribuem para a


melhor compreensão do objecto da nossa pesquisa e que elucidam sobre o estágio
actual da abordagem desta temática no país e no mundo.

1.1. Conceito de indisciplina

A disciplina é fundamental em qualquer organização, e a organização no


contexto escolar não foge à regra, ela é essencial e imprescindível na educação, visto
que diz respeito á observância das regras e normas de convivência na escola
(TEIXEIRA, 2013). Nesse contexto, Estrela (1992) citado RENCA (2008), salienta que o
conceito de indisciplina relaciona-se intimamente com o de disciplina e tende
normalmente a ser definido pela sua negação, privação ou pela desordem proveniente
da quebra das regras previamente estabelecidas como reguladoras de um determinado
ambiente.
A indisciplina surge como negação da disciplina, na concepção de Sampaio
(1998) citado por RENCA (2008) para que se compreenda o conceito de indisciplina, a
prior há que entender-se sobre o conceito de disciplina pois, para que se possa tomar
um comportamento como indisciplinado, há necessidade de se estar ciente sobre o
conjunto de comportamentos que considerados aceitáveis, sob o ponto de vista
pedagógico e social, para aquelas pessoas, naquele contexto. Pois determinados
comportamentos parecem assumir conotações diferentes sendo, deste modo, difícil
especificar com precisão quais os que são considerados de indisciplina. Por exemplo,
enquanto para alguns professores determinado comportamento é considerado
indisciplinado, para outros, pode ser apenas um excesso de vitalidade, uma
manifestação própria da idade ou do meio de proveniência.
9

Por outro lado, os professores parecem tomar diferentes atitudes face aos
comportamentos que consideram de indisciplina, o que pode dificultar aos alunos a
percepção de quais desses comportamentos são considerados indisciplinados. Se
numa turma um professor sanciona negativamente um determinado comportamento e
outro professor não sanciona da mesma forma esse mesmo comportamento, esta
atitude deixa os alunos confusos, dificultando-lhes a percepção sobre o que deve ou
não deve ser considerado como comportamento de indisciplina (RENCA, 2008).

Assim, é de extrema necessidade que se tome cuidado na rotulagem dos


comportamentos indisciplinados até porque se corre o risco de atribuir rótulos de
indisciplinados aos alunos que pratiquem esses comportamentos, contribuindo desta
forma para a criação de estigmas sociais (RENCA, 2008). A indisciplina na óptica de
Jesus (1999) citado por RENCA (2008), a indisciplina dos alunos integra todos os
comportamentos e atitudes que estes apresentam como perturbadores e
inviabilizadores do trabalho que o professor pretende realizar.

Situação que nos remete a conceitualização da indisciplina como todo


comportamento que na sua manifestação, inviabiliza ou perturba o funcionamento
pleno e harmónico de uma organização, seja ela escolar, social entre outras. Nessa
senda, Silva (2001) apud IDEM (2008) vai mais longe recorrendo a uma definição mais
directa e incisiva preconizando que a indisciplina nos remete a violação de normas
estabelecidas o que, em contexto escolar, impede ou dificulta o decorrer do processo
de ensino-aprendizagem. E MAGALHÃES (1992) postula que a indisciplina deverá ser
encarada como negação de qualquer coisa, seja uma norma ou padrão socialmente
aceite ou uma regra arbitrariamente imposta.

1.1.1. Caracterização de comportamentos indisciplinados

A indisciplina pode ser vista como um processo de categorização, de atribuição


a alguém ou a uma determinada situação da categoria de indisciplinado
(HARGREAVES, 1978 apud IDEM, 2008). Concepção que vem ganhar sua
consistência nas ideias de FONTANA (1996), que considera que falar a despropósito,
evitar o trabalho, levantar-se do lugar sem pedir e obter consentimento prévio, dizer
10

algo absurdo, conversar com o colega de lado, fazer barulho, não ser pontual, quebrar
regras estabelecidas, podem configurar situações de indisciplina se assim forem
consideradas pelos actores sociais em presença, ou seja, se a categoria indisciplina for
atribuída à situação.

Dessa forma, a indisciplina remete a violação de normas, formais ou informais,


estabelecidas, o que, em contexto escolar, sobretudo em sala de aula, dificulta o
decurso do processo de ensino e aprendizagem (FONTANA, 1996). Assume-se,
também, que o conceito de indisciplina é susceptível à múltiplas interpretações e que
um aluno ou professor indisciplinado é, a prior, alguém que possui um comportamento
desviante e perturbador, em relação a uma norma explícita ou implícita sancionada em
termos escolares e sociais.

Nessa óptica, PINTO (2014) afirma que alguns estudos mencionados pelos
autores (VICENTE et all, 2002; FREIRE, 2001; DUBET & VETTENBURG, 2000;
AMADO, 1998) revelam a ocorrência de comportamentos muito heterogéneos:
“agressões físicas, ameaças e insultos, grosserias, obscenidades e atentados ao
pudor, réplicas à acção disciplinadora, desobediência e desvio-dano à propriedade do
professor e da instituição”.

A manifestação desses comportamentos, deriva da influência de vários factores,


que mexem substancialmente com o equilíbrio emocional e psicológico do indivíduo,
que de certa forma ao procurar libertar-se dessa tensão, acaba agindo de forma
desordeira pondo em causa a harmonia e saúde dos demais intervenientes do
ambiente escolar.

A questão de emergência de indisciplina no ambiente escolar não é linear.


Eventos de indisciplina, mesmo envolvendo um sujeito único, costumam ter origem em
um conjunto de factores diversos, e muito comummente reflectem uma combinação
complexa de factores (GARCIA, 1999). Assim, os diversos factores de emergência de
indisciplina no ambiente escolar podem ser reunidos em dois grupos gerais: os factores
internos e externos a escola. Entre os externos encontram-se, por exemplo, a influência
exercida pelos meios de comunicação, a violência social, o ambiente familiar, etc. Os
11

factores internos encontrados no interior da escola, por sua vez, incluem o ambiente
escolar e as condições de ensino-aprendizagem, os modos de relacionamento
humano, o perfil dos alunos e sua capacidade de se adaptar aos esquemas da escola,
etc. (IDEM, 1999).

1.2. Teoria ecológica do desenvolvimento humano

O autor Urie Bronfenbrenner (1996) criou a teoria ecológica do desenvolvimento


humano, por meio disso, ele explica como o meio ambiente pode influenciar no
comportamento e desenvolvimento da criança, o autor relata que “o ambiente ecológico
é tido como uma série de estruturas encaixadas, uma dentro da outra como um
conjunto de bonecas russas”. O ambiente imediato é um nível mais proximal onde a
pessoa está em desenvolvimento, depois vem as interligações entre o ambiente
proximal e o ambiente distante, e são essas interligações que podem causar situações
decisivas para o desenvolvimento (LIMA, 2019).

Conforme o autor relata: “a capacidade de uma criança de aprender a ler nas


séries elementares pode depender tanto de como ela é ensinada quanto da existência
e natureza de laços entre a escola e a família” (BRONFENBRENNER, 1996). O
desenvolvimento ocorre por meio da interacção entre a pessoa em desenvolvimento e
os cinco subsistemas: microssistema, mesossistema, exossistemas, macrossistema, e
cronossistema.

1.2.1. Teoria ecológica


1.2.1.1. Microssistema

É o núcleo familiar, um local onde os indivíduos podem com facilidade interagir


directamente, é tido como um microssistema – a creche, ou escola é o contexto
primário do desenvolvimento onde o indivíduo observa e se relaciona de primeira
instância com um contacto directo, também chamado de processo proximal, ou seja o
ser tem relação afectiva e troca de saberes e convivência é o primeiro ambiente mais
próximo do ser em desenvolvimento.
12

“Os padrões de interacção, conforme persistem e progridem por


meio do tempo, constituem os veículos de mudança
comportamental e de desenvolvimento pessoal. Igual importância é
atribuída às conexões entre as pessoas presentes no ambiente, à
natureza desses vínculos e à sua influência directa e indirecta
sobre a pessoa em desenvolvimento” (HADDAD, 1997 apud LIMA,
2019).

Já no contexto secundário é capaz de dar ao indivíduo condições e


oportunidades para desenvolver tudo que aprendeu no contexto primário isso sem uma
orientação directa, por exemplo, na escola a criança irá expressar o que desenvolveu
de primeira instância no ambiente familiar, escolar.

1.2.1.2. Mesossistema

Ele vai ser definido pelas inter-relações entre dois ou mais ambientes, nos quais,
a pessoa em desenvolvimento participa activamente “(tais como, para uma criança, as
relações em casa, na escola, e com amigos da vizinhança; para um adulto, as relações
na família, no trabalho e na vida social),” (BRONFENBRENNER, 1996 apud LIMA,
2019). Ou seja, o mesossistema é a relação entre microssistemas, aonde o ser em
desenvolvimento está directamente relacionado, directamente envolvido, por exemplo:
a família e a escola, quando envolvidos, isso é a relação entre esses dois ambientes,
como uma reunião de pais e professores tendo como foco a criança que está no meio
desses dois ambientes que se interligam em função da criança.

1.2.1.3. Exossistema

Um exossistema se refere a um ou mais ambientes que não envolvem a pessoa


em desenvolvimento como um participante activo, mas no qual ocorrem eventos que
afectam, ou são afectados, por aquilo que acontece no ambiente em que o indivíduo
está inserido (BRONFENBRENNER, 1996 apud LIMA, 2019). Tornando uma relação
indirecta com o indivíduo, podemos citar como exemplo de um exossistema na situação
de uma criança o local de trabalho dos pais o qual vai influenciar economicamente a
13

realidade do lar, a sala de aula de um irmão mais velho, a rede de amigos dos pais,
etc. são ambientes que influenciarão indirectamente.

1.2.1.4. Macrossistema

Se refere a consistências, na forma e conteúdo de sistemas de ordem inferior


(micro, meso e exo) que existem, ou poderiam existir, no nível da subcultura ou da
cultura como um todo, juntamente com qualquer sistema de crença ou ideologia
subjacente a essas consistências (BRONFENBRENNER, 1996 apud LIMA, 2019).
Assim ele é definido por meio de padrões culturais gerais, que são construídos através
da relação entre o indivíduo e ambiente dentro da relação entre os sistemas. O
macrossistema é a consistência visível de determinada cultura ou subcultura.

Figura 1: A ecologia do desenvolvimento humano (1979) de Urie Bronfenbrenner

1.2.1.5. Cronossistema

Este diz respeito à dimensão do tempo, no desenvolvimento da pessoa, ele vai


ser representado através da instabilidade ou mudança na relação entre os outros
quatro sistemas, isso ao longo do tempo, determinando se a pessoa vai ficar entre as
mesmas relações daquele sistema por determinado tempo ou se isso pode mudar, por
exemplo: se a pessoa muda de Cidade ou País, a relação entre os sistemas vai mudar,
por que o ambiente mudou então as relações serão alteradas ao longo do tempo
(BRONFENBRENNER, 1996 apud LIMA, 2019).
14

1.3. Indisciplina no Ambiente Escolar na Perspectiva Teórica De Urie


Bronfenbrenner

Este subtema trará o embasamento teórico sobre indisciplina escolar, fazendo


associação com a teoria e os sistemas estudados por Urie Bronfenbrenner, através
dessa associação se visa um melhor esclarecimento sobre a importância de se
conhecer e estudar o contexto como influenciador de comportamentos de cada
indivíduo, nesse caso o aluno indisciplinado.

1.3.1. Relações entre os sistemas e a Indisciplina no Ambiente Escolar na


perspectiva ecológica
O ambiente é capaz de influenciar no desenvolvimento da criança assim
como a criança pode influenciar no ambiente em que está inserido através do seu
comportamento e atitude.

Figura 2: Relação entre os factores de influência na perspectiva ecológica

Para compreender o desenvolvimento da criança o autor acredita ser necessário


observar o meio ambiente natural em qual está inserida por tempo prolongado, seja na
família, na escola, dependendo de cada cultura, pois são nesses ambientes em que o
15

ser em desenvolvimento manifestará suas reacções demostrando o que se passa com


ela, ou seja, a indisciplina é a demonstração de algo que vai além da acção tida como
indisciplina.

A grande questão é: por que essas crianças agem desta forma?


Qual a causa destes comportamentos? O que estão tentando
comunicar aos adultos? E por que é justamente na escola que se
sentem à vontade para se expressar desta forma? (SANTOS,
2009).

O indivíduo expressa o que se passa com ele fora da escola, considera-se que
até mesmo a indisciplina é uma forma de expressão, ao trabalhar com actos
indisciplinares se faz necessário fazer esses questionamentos citados pelo autor.
Compreender essas perguntas buscando obter resposta é entender o contexto
presente na atitude que o indivíduo está tendo dentro do ambiente escolar (LIMA,
2019).

Alguns sujeitos que não possuem parâmetros bem estabelecidos em relação a


ter limites dentro da sala de aula, e são incentivados a sempre satisfazer suas próprias
vontades vão estar na sala de aula. (VASCONCELLOS, 2009).

A acção de indisciplina do aluno em sala de aula nem sempre possui uma


intencionalidade, e é tido como uma vontade sem controlo de agir de tal forma é uma
acção rodeada de impulsos. Segundo Vygotsky (1984) apud VASCONCELLOS (2009)
a marca humana é ter, entre estímulo e a resposta, um complexo processo de
elaboração, reflexão, tomada de decisão que são as funções psicológicas superiores, e
por esse fato somos considerados seres éticos, quando se observa um indivíduo
agindo por impulso se conclui que está reduzido à condição de animal
(VASCONCELLOS, 2009).

Visando o que o autor fala sobre uma acção indisciplinar é possível observar
que o aluno indisciplinado possui um contexto por de trás de suas acções e que antes
de tudo é necessário buscar compreender os motivos pelos quais o indivíduo se porta
de tal forma no ambiente escolar.
16

1.4. Factores psicossociais de emergência de indisciplina no ambiente escolar


1.4.1. Factores ligados a Família

A indisciplina que os alunos manifestam na escola e na sala de aula, muitas


vezes, estão associadas aos factores sociais e familiares que se relaciona com a
experiência relacional no seio familiar, estilos de autoridade dos pais, valorização da
escola por parte dos pais, etc (TEIXEIRA, 2013). Aliado a essa variedade de factores, a
família como ponto de emergência das crianças, precisa fazer um acompanhamento
devido do aluno no seu quotidiano.

A indisciplina no meio ambiente escolar, na maioria das vezes é gerada pelo


comportamento inadequado e desajustado dos pais. Segundo COELHO (2006) citado
por JACOBS et all. (2018), “é em casa, através dos pais ou responsáveis que educam
a criança e que os servem de modelo, já que as mesmas o imitam, é que se irão formar
os princípios morais e éticos para se viver em sociedade e, se ela não tiver e não
preencher os requisitos fundamentais para um bom comportamento, com certeza não
os aplicará em outros sectores da sociedade, inclusive no ambiente escolar”.

A família é a fonte de saída de toda criança, e é nela onde toda a criança ganha
a sua primeira aprendizagem e socialização, desenvolvendo e apreendendo valores e
princípios morais, para melhor integrar-se na sociedade e nos diferentes outros
ambientes nos quais possa estar inserido (COELHO, 2006 apud JACOBS et all., 2018).
Com essa visão, o autor advoga que a família enquanto fonte de origem das crianças,
é nela onde estes ganham a sua primeira educação, e dependendo do modo como
estes vão incorporar os ensinamentos passados de geração, farão uma escolha de que
informação reter e colocar em prática no seu quotidiano, a partir de uma avaliação que
este fará do benefício que cada um desses ensinamentos ira trazer a sua vida, factor
que muitas das vezes acaba levando as crianças a tomarem atitudes que não sejam
socialmente aceites por violarem o que são os princípios vigentes no ambiente.

De acordo com Estanqueiro (2010) citado por TEIXEIRA (2013), se a criança


não aprende regras e limites em casa, terá mais dificuldades em aceitar as normas da
escola e “tudo piora quando os pais desvalorizam a escola e criticam os professores na
17

presença dos filhos”. A atitude negativa dos pais não motiva os filhos para o estudo e
acaba por estimular os comportamentos incorrectos tomados pelos alunos como
correctos no dia-a-dia. Amado e Freire (2009) citados por TEIXEIRA (2013), explicam
que é de extrema importância que haja participação da família na vida escolar dos
filhos. Para esses autores, uma cooperação forte entre escola e a família é
absolutamente desejável para que os problemas de indisciplina, em geral, sejam
enfrentados.

Esse envolvimento é de grande relevância uma vez que tanto a escola e a


família são duas instituições de educação onde o aluno passa os seus dias e constrói a
sua aprendizagem. Contudo, para aprender é necessário que o aluno tenha uma base
familiar estável que lhe motiva e que lhe apresente os melhores modelos de
comportamento que manifesta na escola e na sala de aula. Amado (2001) apud
TEIXEIRA (2013) defende que por vezes, são as carências sociais e económicas que
podem dar origem a uma espécie de revolta e inconformismo que se alastra e
repercute na vida da aula. Mas também, de acordo com o mesmo autor, por vezes
outros alunos provenientes de famílias com elevado nível económico não vêem na
escola razões para se empenhar e motivos para aceitarem os esforços e a dedicação
que ela exige, porque não precisam de se preparar para a vida e dificuldades do futuro,
pois ele está garantido de antemão.

Um outro factor realçado por este autor é o desinteresse dos pais pela vida do
filho. Sendo que algumas investigações revelam a importância da colaboração e do
envolvimento dos pais na vida escolar dos filhos, por outro lado mostram os efeitos
negativos que o não envolvimento causa na vida do aluno, reflectindo-se na forma
como este se comporta no seio escolar, perante os outros intervenientes do processo
de ensino e aprendizagem.

1.4.2. Factores relacionados a Sociedade

Há quem afirme que o problema da indisciplina na escola está directamente


ligado à modernidade, a liberdade que o jovem tem actualmente, para sair, frequentar
festas, acesso a internet e se comunicar por meio electrónico, diferente do tempo
18

quando a criança era criada para obedecer, respeitar os mais velhos, pois eles sabiam
tudo, esse modelo de educação é vista em dias atuais como repressora. Odalia (1991)
citada por JACOBS et all. (2018) afirma que a violência não está vinculada com a
modernidade que tange nossa sociedade, mas a partir do momento em que o homem
começou a se organizar em grupo é que passou a ser praticada.

Pode ocorrer de um aluno que não se encaixe no padrão estabelecido pelo


professor passe a ser discriminado, ocasionando ainda que de forma implícita, um
tratamento diferenciado do professor com um ou outro aluno e isso acaba por
prejudicar os alunos que são discriminados. Muitas vezes, os conflitos em sala de aula
podem ocorrer não somente, em relação à cultura individual de cada criança, mas
também pelo julgamento do professor com relação ao seu modo de se vestir, de se
comportar, da facilidade ou dificuldade em aprender os conteúdos, tudo isso pode gerar
um comportamento escolar acarretado de indisciplina (OLIVEIRA, 2009 apud JACOBS
et all, 2018).

Entretanto, essa não é uma regra generalizada para os alunos se comportarem


frente às imposições e ordens da instituição e dos professores. Os alunos reagirão
conforme suas características pessoais, porém, deve-se ressaltar que, os profissionais
da educação não podem se esquecer de que o aluno não vem para a escola sem
conhecimento algum, porque ele tem hábitos e atitudes que trazem consigo de seu
convívio social e familiar e sabem que nesses ambientes são aceitos. Portanto, o
professor não pode ignorar a realidade do aluno e o aluno, por sua vez, tem o dever de
adaptar às regras, exigências e ordens impostas pela instituição.

1.4.2.1. Factores relacionados à Mídia

Muitas vezes, a mídia contribui para a emergência da indisciplina. Os pais


tentam estimular nas crianças uma educação ancorada em valores éticos e morais,
enquanto, a mídia, preferencialmente a televisão, tende a dificultar essa prática. As
emissoras de TV, por meio de sua programação inescrupulosa, que tem como único
objectivo aumentar o número de aderência aos seus serviços, incentivar de forma clara
e objectiva, a rebeldia, a competição, o individualismo, o sexo e a violência (JACOBS et
19

all, 2018). Porém, a violência é transmitida às crianças através dos desenhos


animados. Já nos mais adultos, esta vem sendo transmitida através dos filmes e
noticiários, levando a indisciplina para a sala de aula como uma das manifestações
desta situação.

O professor muitas vezes presencia cenas de violência entre os alunos e não se


dá conta de que eles podem estar simplesmente reproduzindo, no âmbito escolar, um
comportamento daquilo que viram nos meios de comunicação social. Não são raros
nos noticiários, ver-se casos de adolescentes que atiram e matam colegas e pessoas
inocentes após assistirem a filmes e notícias de assassinatos compulsivos na televisão,
pois deste modo, os adolescentes e jovens, na maior parte das vezes não procuram
fazer uma censura dos actos vistos, mas sim encontram nessas situações um agente
motivador para a prática de comportamentos indesejados.

Existem pessoas que defendem que a responsabilidade não é das emissoras,


mas sim, dos pais que permitem com que seus filhos menores assistam e tirem as
programações impróprias para sua idade, porém, seria complicado que os pais
controlassem os seus filhos visto que, em sua maioria, passam a maior parte do tempo
à procura de trabalho ou trabalhando até tarde fora de casa (OLIVEIRA, 2009 apud
JACOBS et all, 2018).

1.5. Factores pedagógicos de emergência de indisciplina no ambiente escolar


1.5.1. Escola

A escola é um sistema e instituição social concreto de interacção, de trocas


sociais e por a finalidade da escola ou a delimitação dos seus objectivos ser matéria de
fortes desentendimentos e controvérsias mais ou menos explicitadas, importaria ser
estudada na sua singularidade, sua estrutura e seus processos específicos (PINTO,
1995 apud AFONSO, 2006). Sendo que nessa abordagem, devido a diversidade de
situações e elementos envolvidos, acaba tornando-se num ambiente propício para a
emergência de comportamentos indisciplinados.
20

No entanto, muitos são os factores que, do interior da escola, podem influenciar


no mal-estar generalizado e, como resposta, obter a indisciplina dos alunos. Trata-se
de um aglomerado de factores muito disperso e variado e que se estende desde a
organização das turmas e dos currículos, passando pelo tipo de clima de escola
(GOTTFREDSON, 2001 apud AMADO e FREIRE, 2012), aos que dizem respeito à
relação e à gestão pedagógica (KOUNIN, 1977 apud AMADO e FREIRE, 2012),
incluindo, neste último aspecto, o modo como os professores exercem as suas
competências, os estilos de autoridade que investem e comunicam na interacção com
os alunos e o modo como estes legitimam essa mesma autoridade, não esquecendo o
efeito das retenções, do insucesso, da exclusão e do abandono.

Assim, a escola como um espaço onde interagem professores, alunos,


directores e outros funcionários, cada um com seu nível de desenvolvimento, sua
vivência e expectativas diferentes. Nessa interacção a escola pode desempenhar um
importante papel na construção da disciplina através de partilha de atitudes, crenças,
valores e práticas, resultantes do processo de colaboração e de diálogo dentro da
organização escolar (AMADO e FREIRE, 2009).

Realçam ainda AMADO e FREIRE (2009) a importância do factor clima de


escola, de uma política do envolvimento dos pais para uma acção mais preventiva e
uma intervenção mais efectiva face aos problemas de indisciplina. Para esses autores,
“pensar e o repensar colectivo da vida na escola, quer no âmbito das turmas e das
equipas educativas quer no âmbito de toda comunidade escolar, constitui um ponto de
partida para a construção de uma atitude preventiva face aos problemas vividos em
qualquer escola”.

Segundo Estrela (2002) citada por TEIXEIRA (2013), a importância da


comunicação bem como a importância das regras e a forma como os professores as
aplicam e os alunos as interpretam, tem grande relevância para a prevenção da
indisciplina. Pois, a compreensão que se tem destas regras, a sua difusão e a forma
como são difundidas são determinantes para a emergência de diferentes tipos de
comportamento indesejados em consequência da forma como a informação sobre as
normas e a sua aplicação são feitas.
21

1.5.2. Factores relacionados ao aluno

A distância entre o mundo escolar e o mundo juvenil, com a consequente


dificuldade de comunicação entre os dois, tem gerado um enfraquecimento da
capacidade educativa da escola que dificulta uma socialização juvenil compatível com
os princípios éticos e democráticos. A escola torna-se, então, espaço de vivência da
injustiça, de medo e de insegurança, quando não espaço de pura reprodução dos
valores racistas e sexistas de nossa sociedade. Outras marcas dessa situação são a
perda da motivação e o desinteresse dos alunos que tem levado a um baixo
desempenho dos estudantes (CORTI e SOUZA, 2004; citados por BORGES, 2010).

Para Sampaio (s/d) citado por BORGES (2010), ao enquadrar os novos


paradigmas por que passa a escola actual, tendo como alunos, filhos de famílias que
não são mais as tradicionais de tempos atrás, chama a atenção para as aprendizagens
dos jovens fora do contexto escolar e familiar, vistas como mais estimulantes e
motivadoras, aprendizagens que, segundo ele, contribuem para a formação da
identidade do jovem moderno.

Para Amado (2001) citado por TEIXEIRA (2013) há distinção entre o aluno
considerado individual e a sua integração no grupo-turma. Para este autor, a nível
individual contribuem para condutas indisciplinadas situações como desinteresse do
aluno, quer no que respeita à situação escolar em geral, quer relativa à situação
pedagógica concreta ou causado pelas metodologias de ensino utilizada pelos
professores. Um outro aspecto importante levantado pelo mesmo autor, tem a ver com
a desadaptação do aluno em relação a certos professores, quer pela sua personalidade
e aspecto físico ou pelas manias e tiques que revelam. Este autor salienta a
importância da adaptação, visto que é isso que leva o aluno a falar em gostar ou não,
de determinado professor. Se gostam não vão perturbar e se não gostam tanto tendem
a perturbar.

Segundo Amado (2001) citado por TEIXEIRA (2013), o grupo exerce uma
grande importância na socialização e aprendizagem dos jovens. Algumas posturas dos
alunos envolvendo exibicionismo perante o professor e os colegas, uso e abuso de
22

conversas enquanto decorre a aula, não esperar pela sua vez para falar e desviar a
atenção dos colegas que ainda não terminaram a sua tarefa, são apontadas como
situações perturbadoras do normal andamento da aula. Realçando ainda o autor que, a
acção contagiante de certos alunos que arrastam os colegas para os actos de
indisciplina fazendo com que muitas vezes a acção disciplinadora caia sobre o alvo
errado e não sobre os elementos perturbadores.

1.5.3. Factores relacionados ao professor

A indisciplina é provocada por uma multiplicidade de factores. Sendo assim,


parece haver uma concordância nas bibliografias (CARITA e FERNANDES, 2002;
AMADO e FREIRE, 2009; ESTRELA, 2002; AMADO, 2001; ESTANQUEIRO, 2010
apud TEIXEIRA, 2013), no que diz respeito á pertinência dos factores de ordem
didáctica na explicação da indisciplina, visto que as estratégias de ensino que os
professores adoptam, bem como a atitude destes, definem o funcionamento da turma e
condicionam a natureza das relações interpessoais, importantes para a prevenção da
indisciplina na aula.

De acordo com Amado (2001) apud TEIXEIRA (2013), no que diz respeito à
responsabilidade do professor na indisciplina, pode estar estratégias de ensino-
aprendizagem inadequadas, designadamente: abuso de método expositivo, aula
desinteressante, ausência de sentido de matéria leccionada, postura do professor,
administração incorrecta do ritmo e do tempo. Na mesma senda, AMADO (2001)
defende que o abuso do método expositivo pelo professor, por um lado, gera a
distracção, desmotivação e indisciplina no aluno, por outro citando JESUS (1992) diz
que inibe a interacção do aluno ao impedir-lhe o confronto de ideias e o
desenvolvimento da sua própria autonomia.

Desta feita, a inadequação dos conteúdos aos interesses dos alunos e às suas
capacidades é também um factor de desmotivação por parte destes, provocando,
assim, comportamentos de indisciplina. Assim, é responsabilidade do professor
diversificar os métodos, os recursos didácticos, de forma a tornar a aula mais dinâmica,
atractiva e a despertar nos alunos a atenção e interesse pela matéria, para que
23

verifique a sua compreensão, facilite a “sua ligação com o conhecimento prévio e com
uma possível utilização futura” (AMADO, 2001 apud RENCA, 2008).

A postura do professor e administração incorrecta do espaço também é


apontada como causadora de comportamentos de indisciplina no ambiente escolar. A
mais frequente de todas segundo Amado (2001) apud TEIXEIRA (2013) é “aquela em
que o professor vira as costas aos alunos, e consequentemente perde o controlo visual
da turma”, dando assim espaço aos alunos de manifestar comportamentos indesejados
que possivelmente nem todos serão desenvolvidos a vista do professor, propiciando
assim o desenvolvimento de um campo de indisciplina.

O mesmo autor considera que a administração incorrecta do ritmo e do tempo,


pode gerar perturbações, se o professor não levar em conta aspectos como a
sequência lógica e pedagógica dos temas o tempo de espera necessário para que o
aluno elabore uma resposta quando solicitado. Na óptica de Amado (2001) citado por
TEIXEIRA (2013), uma relação pedagógica problemática com os alunos pode também
promover uma reacção desfavorável, sobretudo quando o professor revelar falta de
autoridade e firmeza, falta de experiência, age de forma autoritária e incoerente,
demonstrando incoerência entre o que diz e o que faz, age de forma injusta nos
processos de ensino e avaliação ou nos procedimentos disciplinares.

No entanto, Estrela (2001) citado por AMADO e FREIRE (2012) defende que “o
comportamento distante, a despersonalização da relação originada pelo professor que
ignora o nome do aluno, a brandura quando é esperada a força são algumas das
situações que suscitam a retaliação do aluno”. Pois, perante essa situação, o aluno
busca um encaixe satisfatório e uma saída valorosa para os problemas que possam
surgir no seio das diferentes formas de interacção que possam emergir na sua relação
com o professor.

Portanto, entendemos que a responsabilidade de ocorrência de indisciplina no


ambiente escolar não é exclusiva do professor, visto que ele não está sozinho na
escola. Ele está em constante interacção com os alunos com os colegas, com a família
e com a própria sociedade. Sendo assim, consideramos também que o professor não é
24

o único responsável pelo aparecimento de indisciplina, mas desempenha um papel


fundamental tanto na gestão do processo ensino-aprendizagem como na prevenção da
indisciplina no ambiente escolar.

CAPÍTULO II:
2. METODOLOGIA DE PESQUISA

Como temos vindo a descrever, a presente investigação tem como foco os


factores ecológicos do ambiente escolar que influenciam na emergência da indisciplina,
com a pretensão de identificar os factores ecológicos do ambiente escolar que influem
na emergência da indisciplina, descrever os factores ecológicos do ambiente escolar
que influenciam no surgimento da indisciplina e sistematizar a opinião dos alunos, pais
e encarregados de educação e dos professores em relação aos factores ecológicos
que dão lugar a indisciplina no ambiente escolar. Assim, neste capítulo passamos a
apresentar as estratégias, meios e procedimentos através dos quais irá
operacionalizar-se o estudo.

2.1. Tipo de Pesquisa

Quanto a abordagem do problema o nosso estudo é qualitativo, pois visa


analisar os factores ecológicos do ambiente escolar que influem na emergência da
indisciplina á luz da teoria ecológica do ambiente da aprendizagem do aluno. Um
estudo qualitativo é aquele que envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos no
contacto directo do pesquisador com a situação estudada, enfatizando mais o processo
do que o produto preocupando-se em retratar a perspectiva dos participantes, ou seja,
é aquele que se desenvolve numa situação natural, é rica em dados descritivos, tem
um plano aberto e flexível e focaliza a realidade de forma complexa e contextualizada.

2.2. Descrição do Local de Pesquisa

A presente pesquisa foi realizada na Escola Secundária Joaquim Chissano, que


se localiza no distrito de Boane, Q.10, entre a rua da Autoridade Tributária, a sul da
estrada N2 e a este da EPC Fiche e da EDM. A Escola Secundária Joaquim Chissano
foi criada em 1994 com apenas doze salas, um bloco administrativo, um bloco do
25

sector pedagógico, um laboratório, uma sala de professores, cinco casas de


professores, três blocos sanitários para professores e alunos, uma cantina escolar, um
ginásio desportivo e 16 docentes. Actualmente a escola conta com 15 salas de aulas,
três blocos sanitários para alunos e professores uma biblioteca apetrechada, um bloco
administrativo, uma sala dos professores, uma reprografia e uma cantina escolar.

A escola em causa é do tipo urbana, possui passeios que dão acesso às salas.
A vedação foi feita de murro de rede e com um portão a frente que dá acesso à entrada
da mesma. A Escola Secundária Joaquim Chissano é constituída por três blocos que
correspondem a 15 (quinze) salas de aulas, Quanto à disposição dos alunos na sala de
aulas, senta um aluno em cada carteira, devido a situação que assola todas as
sociedades à nível mundial, a pandemia da COVID-19, peso embora algumas se
encontram em estado de degradação.

Referentemente à higiene e segurança, constatamos que o pátio fica sempre


limpo, só tem meios básicos de ensino livros de turma, mapas didácticos, apresentam
bom estado de conservação, não tem material de desenho completo, tem vitrina para a
exposição de informação e quando chega momento de publicação das listas torna se
fácil ter acesso a informação. O pátio é grande para o aluno desenvolver suas
brincadeiras, tem abastecimento de água potável. Salientar que a escola funciona em
regime de três turnos inclusive o curso nocturno.

2.3. População, amostra e amostragem

A escola em estudo conta com 2.829 alunos distribuídos em 45 turmas, entre as


quais: é composta por 66 professores, sendo 39 do sexo masculino e 27 do sexo
feminino, 6 funcionários de secretaria distribuídos em uma chefe de secretaria, uma
funcionária e três auxiliares de limpeza e dois guardas. Estas turmas são leccionadas
por 66 professores distribuídos em 3 turnos, com experiencia profissional que varia de
2 a 35 anos, sendo que 4 professores têm categoria N3, 12 de categoria N2 e 50 de
categoria N1.
26

Para a aplicação das entrevistas, usou-se uma amostra de 9 sujeitos, entre os


quais: 3 professores (da categoria N1); 2 PEE dos alunos, e 4 alunos, cuja
caracterização é feita a seguir, como ilustram as tabelas abaixo.

Esta amostra foi por conveniência uma vez os dados foram recolhidos enquanto
vigorava o estado de emergência decretada na sequência da Covid-19. Não nos foi
possível falar com o director da escola porque estava numa capacitação de gestores,
com o presidente do conselho da escola porque estava em missão de serviço na
província de Cabo Delgado, o que, para nós constituiu uma grande limitação. Ainda
assim, considerando que o estudo é qualitativo, julgamos que a presente amostra é
adequada e se enquadra na média de sujeitos que participaram em outros estudos
desta natureza.

Por exemplo, na pesquisa levada acabo por (Eliara Gonçalves de Lima) em que falava
de (Indisciplina escolar na perspectiva de Urie Bronfenbrenner) foi usada uma amostra
de 4 sujeitos. Num outro estudo qualitativo realizado por (Márcia Aparecida Da Silva
Pereira) em que discutia (Indisciplina Escolar: Concepções dos Professores e relações
com a Formação Docente) a amostra foi composta por 16 sujeitos. Outro estudo,
também qualitativo, realizado por (Dílson Batista da Silva e colaboradores) teve uma
amostra 4 de sujeitos e abordava (Indisciplina e violência na escola).
Tabela 1:estratificação de amostras por idade
Idade Frequência %
15 a 25 5 55.6%
26 a 35 0 0%
36 a 45 3 33.3%
46 a 55 1 11.1%
Total 9

De acordo com a tabela 1, a nossa amostra foi composta por participantes


com idades entre 15 a 55 anos, sendo que a maioria está entre 15 a 25 anos que
corresponde 55.6% e poucos têm idade entre 46 a 55 anos que na sua totalidade
somam 11.1%.
27

Tabela 2:estratificação de amostras por sexo


Sexo Frequência %
Masculino 6 66.7%
Feminino 3 33.3%
Total 9

Conforme ilustra a tabela 2, houve grande diferença entre os homens e


mulheres que participaram na nossa pesquisa.

Tabela 3:estatificacao de amostras por categoria dos professores.


Categoria Frequência %
N1 3 100.0%
N2 0 0.0%
N3 0 0.0%
Total 3

Quanto as categorias profissionais dos professores participantes, a pesquisa envolveu


quase que equitativamente docentes de categoria N1.

Tabela 4:estatificacao de amostra por classes que os alunos frequentam.


Classes Frequência %
12a 2 50.0%
11a 1 25.0%
10a 1 25.0%
Total 4

A tabela 4, ilustra que dos (4) alunos que participaram da nossa pesquisa, (2)
frequenta a 12a classe, de seguida (1) da 11 a classe e (1) também da 10ª classe.

Tabela 5:estatificacao de amostra por grau parentesco da criança.


Grau Frequência %
parentesc
o
Mãe 0 0%
Pai 2 100%
Total 2
28

A tabela 5, ilustra que dos 2 PEE, que participaram da nossa pesquisa, os (2)
são pais.

Cada um dos participantes no estudo foi contactado individualmente e


solicitado a participar. Quanto aos professores, a proximidade do investigador
tornou a tarefa mais fácil. Assim, o conhecimento prévio dos participantes
fomentou uma maior abertura em participarem no estudo, facilitando o
desenvolvimento do trabalho.

2.4. Instrumentos de Recolha de dados

O instrumento usado nesse trabalho foi uma entrevista que, de acordo com GIL
(1995) é uma forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes busca recolher
dados e a outra se apresenta como uma fonte de informação. Três entrevistais
semiestruturadas e adaptadas da entrevista usada na pesquisa conduzida por
(LOURENÇO, 2008) foram adaptadas e aplicadas aos professores, PEE e aos alunos.

A adaptação da entrevista consistiu em modificar a mesma, para a nossa a


realidade, bem como no que diz respeito ao nosso campo de estudo e a nossa
amostra.

Para este estudo, privilegiou-se as entrevistas individuais d u r a n t e a recolha


de dados, em que a temática em estudo foi previamente apresentada aos participantes
e partiu-se de um esquema base sendo possível fazer as adaptações consideradas
convenientes para os diferentes tipos de entrevistados.

Sendo uma entrevista semi-estruturada, a relação criada foi de interacção, e


procurou-se que cada participante falasse livremente, apresentando o seu ponto de
vista, que será comparado e confrontado com os restantes, com vista a obtenção de
dados diversificados.

As perguntas foram enquadradas em cinco blocos. Assim, o bloco A –


legitimação da entrevista e motivação do entrevistado, com o objectivo de informar o
entrevistado sobre a investigação em curso, explicamos a importância da colaboração
29

para a consecução dos objectivos visados, assegurava-se a confidencialidade e o


anonimato, quer da instituição quer da pessoa entrevistada.

No bloco B – identificação e caracterização dos entrevistados, buscávamos os


dados biográficos sobre cada entrevistado. No bloco C – concepções dos participantes
sobre os factores que influenciam na emergência da indisciplina no ambiente escolar,
pretendíamos identificar os factores que concorrem para a emergência de indisciplina
no ambiente escolar. No bloco D – factores ecológicos do ambiente escolar que
favorecem o surgimento da indisciplina, quisemos descrever os factores ecológicos do
ambiente escolar que propiciam a emergência da indisciplina.

E por último no bloco E – influência indirecta dos factores ecológicos que


desencadeiam indisciplina no PEA, pretendíamos explicar a influência que factores
ecológicos de emergência de indisciplina exercem indirectamente sobre o processo de
ensino e aprendizagem.

A condução da entrevista pressupôs a criação de condições favoráveis ao seu


desenvolvimento, num clima propício de confiança e à-vontade, para a captação
imediata da informação desejada sobre os mais diversos aspectos. Seguidamente
procedeu-se à transcrição textual das entrevistas para consequente tratamento e
análise. As entrevistas foram transcritas na íntegra e procurou-se reproduzir o mais
fielmente possível a versão áudio, nomeadamente no que concerne à pontuação.

2.5. Procedimentos éticos e de recolha de dados

A recolha de dados seguiu o método de saturação do conteúdo em que,


segundo (BIÉ, 2015), uma vez que no estudo qualitativo a amostra não é definida
com precisão a prior, a repetição excessiva e coincidente das respostas indica a
saturação do conteúdo, ou seja, que já temos bastante informação que justifica a
suspensão das entrevistas pois, mesmo prosseguindo, nada de relevante irá
emergir.

Antes de realizar a investigação nesta escola, foi efectuado um primeiro


contacto com a direcção pedagógica que se mostrou receptivo e colaborante à
30

iniciativa. Seguidamente, o estudo prosseguiu com análise de um documento


escrito (credencial) que estava na ordem da supervisora (Dra. Cecília Xavier). O
propósito é de sermos permitidos a realização do processo de recolha de dados.
Como a resposta foi favorável, programamo-nos para uma entrevista com os
professores, PEE e alunos escolhidos para fazerem parte da nossa amostra,
concertando-se dia, a hora e o local considerado mais apropriado à realização da
entrevista.

Foi solicitada aos entrevistados autorização para gravação da entrevista


em gravador digital, uma vez que se iria proceder à transcrição das mesmas,
para efeitos de análise de conteúdo, pelo que se obteve o seu consentimento,
tendo sido garantido pelo investigador a confidencialidade, no que diz respeito às
respostas e ao anonimato dos participantes no estudo. A duração das entrevistas
oscilou entre os 8 minutos e os 15 minutos.

2.6. Organização e tratamento de dados


Terminada a etapa de recolha de dados fazemos a análise dos dados através do
método da análise do conteúdo, procurando agregar as informações de acordo com a
sua semelhança ou afastamento em relação a questão colocada. Informações
semelhantes foram analisadas como núcleos de percepção e as distintas, interpretadas
como prováveis contradições ou sinal de que o entrevistado não estaria devidamente
informado ou, que tenha opinião singular isolada da percepção dos outros envolvidos.

Análise dos conteúdos consistiu na leitura, codificação e apresentação das


percepções dos entrevistados, seguida de comentários do pesquisador em relação aos
resultados encontrados na entrevista. Pegamos cada entrevista realizada,
transcrevemos num papel para percebermos o que cada professor, pai e encarregado
de educação e aluno pensa sobre os factores ecológicos do ambiente escolar que
influenciam no surgimento da indisciplina. Depois fizemos um cruzamento entre os
resultados, as percepções do pesquisador e a literatura.

Os dados são apresentados de acordo com a ordem dos objectivos, buscando


defrontar às hipóteses de pesquisa inicialmente propostas. A par disso, relacionamos
31

estes resultados com os referenciados em outras pesquisas inicialmente descritas no


capítulo 2 deste estudo. Todas as ideias dos participantes desta pesquisa foram
representadas por trechos das transcrições das entrevistas. Os participantes no estudo
foram identificados com abreviaturas. Assim sendo, os representantes da escola foram
identificados com a abreviatura inicial do cargo desempenhado na escola: E -
Estudante, P - Professor e PEE-Pais e Encarregados de Educação.

CAPÍTULO III:
3. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE DADOS

Nesta parte da monografia passamos a descrever os resultados encontrados


através da entrevista feita aos Professores, aos alunos e aos Pais/Encarregados de
Educação, tendo em conta a ordem dos objectivos propostos para este estudo. Sempre
que possível, fazemos comparação dos resultados deste estudo com os anunciados
em outras pesquisas, além, de comentários que reflectem nosso posicionamento.

3.1. Dados do primeiro objectivo

No primeiro objectivo desta pesquisa nos propusemos a arrolar as opiniões dos


participantes sobre os factores ecológicos do ambiente escolar que influenciam na
emergência de indisciplina, pelo que foram colocadas questões sobre as medidas
tomadas pela escola para prevenir indisciplina, factores de emergência de indisciplina e
os comportamentos classificados como sendo de indisciplina. Todos os grupos dos
envolvidos opinaram que vários são os factores ecológicos que concorrem para a
emergência de indisciplina no ambiente escolar, entre eles 4 alunos, 3 professores e 2
PEE. Obtivemos comentários como:

”…A divulgação do regulamento interno, para indicar qual é o


comportamento que nós queremos que os alunos tenham, alunos assim como
professores…” P1; “…a nível da escola há aquele apelo da direcção…” P2; “…
nós temos tido reuniões semanas (…) ao nível das turmas (…) “DT” que é
Director de Turma (…) sensibiliza os alunos (…), de forma geral, em termos de
indisciplina (…) sensibiliza os alunos em torno do grau de comprimento de
32

pontualidade na escola (…) que é assiduidade não é? (…) o poder cumprir com
a assiduidade dos alunos…” P3

Destacando os factores ecológicos de emergência de indisciplina, os alunos


participantes diziam:

“…Quando o professor dá muita liberdade (…) quando tem muita


liberdade com o aluno e o aluno acaba se acostumando com isso e se esquece
que o professor (…) deve controlar a fala e manter o respeito dentro da sala de
aulas (…) pelo facto do professor (…) dar muita intimidade ao aluno, isso
contribui com que haja falta de respeito…” E1; “…há alunos que posso dizer que
não tem respeito para com alguns professores (…) o professor pode dar um
trabalho e aluno dizer não aquele professor ali não pode me mandar fazer esse
trabalho porque é muito (…) Ele acaba não fazendo o trabalho…” E2;

Por outro lado, alguns PEE e professores da escola ainda em torno das suas
percepções em torno dos factores de emergência de indisciplina respondiam:

“…Alguns alunos quando estão um pouco avançado na matéria eles


distraem os outros (…) praticam indisciplina distraindo os outros, (…) tem a
necessidade de chamar atenção para eles…” P1; “…não temos uma fonte assim
definida (… ) fazem indisciplina porque (…) não querem ter aulas então, alguns
acabam criando mal-estar (…) isto porque é uma questão de não ter feito
“TPC"…” P2; “…o próprio aluno pode se sentir sufocado em algum momento em
cumprir aquelas regras (…) quando são impostas (…) Então ai (…) essa origem
da indisciplina por incumprimento das regras…” PEE1; “…se o professor por
exemplo, veio mal vestido então, é normal que uma criança começar a rir aquele
professor então, na medida em que aquela criança começa a sorrir da maneira
como está o professor então, os alunos também aderem naquilo…” PEE2

Relativamente aos comportamentos considerados como sendo de indisciplina,


os participantes comentaram:
33

“…Falta de respeito (…) entre o professor e aluno (…) e quando o


professor dá uma actividade ao aluno e o aluno não faz…” E1; “…levanta sem
pedir permissão ao professor, sai sem estar a passar mal, quando um aluno não
faz trabalhos de casa, quando um aluno responde com palavras ofensivas o
professor…” E2; “…dentro das regras nós dissemos que os alunos não devem
fazer cortes exagerados, (…) não podem mexas ou cabelos chamativos muito
coloridos e (…) colocam mesmo sabendo isso, (…) bebem (…) você vê que esta
criança está a falar palavras sem nexos (…) de espontânea vontade não usam
uniformes (…) sabendo que não podem fazer…” P1; “…criar um ambiente
turbulento enquanto o professor estiver a leccionar e há quem está por exemplo,
a falar, a quem está a desfazer ou seja está a criar uma outra sessão diferente
da sessão normal (…) palavras obscenas (…) a questão por exemplo, daqueles
que se acham diferentes querem exibir o corporal atlético (…) não abotoam até
o penúltimo botão deixam os dois últimos como forma de chamar atenção…” P2;
“…Vestir-se mal (…) de um modo que não é adequado (…) Aquilo que é a regra
da escola, (…) o desrespeito, provocar barulho…” PEE1; “…não cumprir as
obrigações da escola…” PEE2

A percepção de que a indisciplina no ambiente escolar é a violação de regras


previamente estabelecidas pela instituição (MAGALHÃES, 1992), foi fundamental para
colecta das diferentes opiniões dos participantes, e aliado a esse factor, constatamos
que alguns alunos consideram:

“ …Para prevenir a indisciplina a escola não tem feito como posso dizer
que nada porque muitas vezes esperam acontecer a indisciplina para tentar
punir os alunos, para prevenira escola não tem feito nada…” E3; “…não sei,
dizem algumas palavras (…) que a indisciplina não leva a nenhum futuro os que
querem ouvir ouvem…” E4.

É pertinente destacar que das diferentes opiniões que os participantes


apresentavam sobre as suas percepções em torno dos factores de emergência de
indisciplina, vários são os factores que estão por detrás do surgimento destes, a sua
manifestação e motivos não são lineares. No entanto, muitos são os factores elencados
34

para explicar a indisciplina no âmbito escolar, entre eles, a desestruturação familiar,


diversificação cultural, a inversão de valores, o relacionamento do professor com o
aluno entre outros (JACOBS et all, 2018).

Figura 3. Opiniões dos participantes sobre os factores de emergência de


indisciplina

3.2. Dados do segundo objectivo

No segundo objectivo desta pesquisa, nos propusemos em descrever os factores


ecológicos que propiciam o surgimento de indisciplina no ambiente escolar, pelo que
foram colocadas as questões como formas de manifestação de cada um dos factores.
Dos alunos participantes obtivemos os seguintes comentários:

“…Falta de respeito, quando há muita intimidade entre o professor e


aluno, quando colocam regras, essas regras, nós que somos alunos não
cumprimos, ao sair de casa quando ele é educado a partir de casa ao dizer que
deve ter respeito com os outros e quando dizem para fazer isso e ele faz, é claro
que na escola também ao ouvir uma outra coisa ele vai fazer, através do
comportamento dos amigos, quando andam com pessoas que bebem, fumam
geralmente que o comportamento da tal pessoa muda…” E1; “…os alunos que
se drogam (…) não é ela ali tem um comportamento estranho, pode chegar
enquanto o professor está a dar aulas e vai sentar e não tem maneira e outros
chegam a ser agressivos e a insultar os professores e os colegas…” E3; “…os
35

alunos que não vêem aquelas normas como muito rigorosas então, como
maneira de, eles querem ser livres dentro da escola e ser do jeito deles…” E4

Na mesma perspectiva os PEE e os professores apresentaram opiniões não


obstantes a dos estudantes, e que encontram o seu fundamento nos ideias da teoria
ecológica de Bronfenbrenner, que por sua vez postula que para compreender o
desenvolvimento da criança é necessário observar o meio ambiente natural em qual
está inserida por tempo prolongado, seja na família, na escola, dependendo de cada
cultura, pois são nesses ambientes em que o ser em desenvolvimento manifestará
suas reacções demostrando o que se passa com ela, ou seja, a indisciplina é a
demonstração de algo que vai além da acção tida como indisciplina
(BRONFENBRENNER, 1996).

“…Aluno aqui quer se destacar e faz (…) aquela mania de querer


desfazer o ambiente da aula faz (…), aquela mania de querer testar o professor
faz então, aquela mania de querer ver se melhor em relação as outras…” P2.

No depoimento seguinte, pudemos constatar de que além da influência que o


ambiente natural exerce sobre o comportamento do estudante, bem como o estudante
sobre (BRONFENBRENNER, 1996), os professores realçam o fraco envolvimento dos
pais na emergência de indisciplina.

“…De algum modo eles lá em casa sentem se muito coagidos, os pais


são muito rigorosos, quando chega aqui na escola ele quer se libertar (…), as
vezes não entra na sala de aulas não porque não está aqui na escola está ai no
pátio a conversar, está ai a jogar futebol se for homem, as meninas estão
sentadas no sitio estão a conversar, (…) chamamos encarregado, o
encarregado não aparece para nós percebermos como é que este aluno que em
algum momento, (…) não percebemos o que é que está acontecer com esta
aluna para ter este tipo de comportamento, alguns desafiam os professores
mesmos, (…) há alunos que as vezes por estar muito avançado na matéria
aquilo fica chato. E nós como professores em algum momento não conseguimos
fazer um trabalho de base percebermos e termos indícios de que esta criança
36

está com este problema (…) nós vemos aqui que alguns tem namorados dentro
da escola, namoradas então, querem impressionar essa pessoa…” P1;

Entretanto, no depoimento dos PEE pudemos constatar que em parte, estes


apoiam-se nas convicções de Amado (2001) citado por TEIXEIRA (2013), no que diz
respeito à responsabilidade do professor na emergência da indisciplina, alegando que
as estratégias de ensino-aprendizagem inadequadas, designadamente: abuso de
método expositivo, aula desinteressante, ausência de sentido de matéria leccionada,
postura do professor, administração incorrecta do ritmo e do tempo, podem ser o
motivo pelo qual seus educandos estejam manifestando comportamentos desajustados
porém, não descartam a possibilidade dos outros ambientes dos quais esses fazem
parte serem a fonte do problema (BRONFENBRENNER, 1996 apud LIMA, 2019).

“…Os professores devem cumprir com aquilo que é a norma da instituição


mas eles em algum momento, levam na rigidez. Nós não queremos formar ou
não queremos ter alunos liberais (…) mas também temos que dar
oportunidades, há situações que por exemplo, (…) o aluno se calhar quer se
expressar, ele quer se expressar então, o professor ele não permite que aluno
se expresse…” PEE1; “…aluno foi tomar soldado ou beber soldado na sua volta,
na carteira em que está sentado a maneira de falar, os olhos, se está próximo
também de outro aluno que não tomou aquele aluno começa também a reclamar
o cheiro que aquele ano aluno (…) está a tirar então, ai é fácil descobrir que o
comportamento dessa criança ou desse aluno não é um comportamento bom…”
PEE2

Os depoimentos dos participantes mostram que o ambiente em que o aluno vive


inserido, influencia significativamente na manifestação de diferentes comportamentos
desajustados no ambiente escolar, e como advoga Bronfenbrenner (1996) citado por
LIMA (2019), as relações em casa, na escola, e com amigos da vizinhança; para um
adulto, as relações na família, no trabalho e na vida social, influenciam na forma de ser
e estar das crianças. Pois o meio ambiente natural no qual a criança está inserida por
tempo prolongado, seja na família, na escola, dependendo de cada cultura, pois são
37

nesses ambientes em que o ser em desenvolvimento manifestará suas reacções


demostrando o que se passa com ela (BRONFENBRENNER, 1996).

Figura 4. Percepção dos participantes sobre os factores de emergência de indisciplina


38

3.3. Dados do terceiro objectivo


A compreensão da diversidade de factores ecológicos que influem na
emergência da indisciplina no ambiente é fundamental para o processo de ensino e
aprendizagem pois, na óptica de Oliveira (2009) citado por JACOBS et all (2018), a
transformação histórico-social bem como as mudanças pedagógicas interferiram nas
relações dentro do âmbito escolar e, consequentemente, nas atitudes dos professores,
que de certo modo interferem directamente no comportamento das crianças,
prejudicando assim, a relação professor-aluno e aluno-aluno; o que na maioria das
vezes ocasiona a indisciplina.
Considerando a indisciplina como um fenómeno relacional e interactivo, Amado
(2000) citado por TEIXEIRA (2013) defende que quando referirmos à indisciplina, nem
sempre falamos da mesma coisa, mas de uma diversidade de fenómenos com várias
fontes de origem por detrás de uma mesma denominação, que tem incidência no
ambiente escolar.
Esta concepção justifica-se na teoria ecológica do desenvolvimento humano que
advoga: a capacidade da instituição escolar funcionar como um contexto para o
desenvolvimento educativo dos alunos depende da natureza das interconexões- sociais
entre os diversos ambientes, incluindo a participação conjunta, a comunicação e a
existência de informações em cada ambiente a respeito do outro
(BRONFENBRENNER, 1996).
Nessa perspectiva, das questões feitas aos participantes deste estudo, em torno
da influência que os diferentes factores ecológicos de emergência de indisciplina
exercem indirectamente sobre o processo de ensino e aprendizagem, das quais
pudemos constatar que a inconsistência de métodos, técnicas e competências de
ensino, o disfuncionamento familiar, a incompatibilidade dos valores familiares e da
escola, a postura do professor, as posturas dos alunos envolvendo exibicionismo
perante o professor e os colegas, uso e abuso de conversas enquanto decorre a aula,
não esperar pela sua vez para falar e desviar a atenção dos colegas que ainda não
terminaram a sua tarefa, a permanência sob efeito de substâncias psicoactivas na sala
de aulas, constituem os principais vectores de emergência de indisciplina (TEIXEIRA,
2013).
39

Baseando nos estudos de Carita e Fernandes (2002); Amado e Freire (2009);


Estrela (2002); Amado (2001) e Estanqueiro (2010) citados por RENCA (2008), estes
realçam que no que diz respeito aos factores na explicação da indisciplina, as
estratégias de ensino que os professores adoptam, bem como a atitude destes,
definem o funcionamento da turma e condicionam a natureza das relações
interpessoais. Consequentemente, este condicionamento remetido pela indisciplina tem
sua implicância no processo de ensino e aprendizagem.
O processo de apropriação do conhecimento se dá nas relações reais do sujeito
com o mundo. Vygotsky distingue dois tipos de conceitos: o primeiro é o quotidiano e
prático, desenvolvidos nas práticas das crianças no quotidiano, nas interacções sociais;
o segundo é o científico, adquirido por meio do ensino, pelos processos deliberados de
instrução escolar (MOTTA, s/d apud TEOBALDO, 2013). Segundo o autor, a criança
aprende interagindo com o meio. Ela constrói sua forma de ver o mundo, seus
pensamentos e ideais. Na escola, ela adquire o conhecimento por meio da transmissão
do saber e é influenciada pelo ambiente escolar, onde as regras impostas pela
instituição vão de encontro com suas experiências de vida, e aquilo que ela julga ser
certo ou errado.
Para Vygotsky, a aprendizagem sempre inclui relações entre pessoas. A
interacção é um factor determinante para a aprendizagem, é por meio dela que a
criança aprende e se desenvolve (MOTTA, s/d apud TEOBALDO, 2013). O
desenvolvimento é pensado como um processo, onde estão presentes a maturação do
organismo, o contacto com a cultura produzida pela humanidade e as relações sociais
que permitem a aprendizagem.
Figura 5. Influência indirecta dos factores de emergência de indisciplina no PEA
40

De acordo com Silva (2001) citado por TEOBALDO (2013), a indisciplina nos
remete para a violação de normas estabelecidas o que, em contexto escolar, impede
ou dificulta o decorrer do processo de ensino-aprendizagem. A autora defende que a
disciplina se faz importante para um bom aprendizado dos alunos e para a qualidade
do trabalho docente. Porém, é importante lembrar que apenas estabelecer regras não é
suficiente, pois os alunos também precisam participar desse processo, e ele precisa ser
no mínimo democrático, para realmente funcionar. Reforçando assim, a importância do
diálogo.
Muitos professores pecam em ignorar a “leitura de mundo” dos alunos, que diz respeito
à realidade concreta dos educandos e da experiência de vida deles, ou seja, além de
todo o conflito que a diferença social e cultural causa na relação aluno-professor, ainda
tem o agravante de dificultar o aprendizado (OLIVEIRA, 2011).

CAPÍTULO IV:
CONCLUSÃO E SUGESTÕES

Neste capítulo apresentamos de forma superficial o significado dos resultados


encontrados durante a análise dos dados, bem como as conclusões chegadas. Depois
dessa etapa apresentemos logo as sugestões como forma de solucionar a
problemática em causa.

Conclusão
O presente estudo buscou analisar as percepções dos professores, pais e
encarregados de educação e dos alunos relativamente aos factores ecológicos do
ambiente escolar que influenciam na emergência de indisciplina. Feita a pesquisa
verificou-se que os pais e encarregados de educação, os professores e os alunos da
escola secundária Joaquim Chissano de Boane, têm conhecimento dos diferentes
factores que dão lugar a emergência da indisciplina. Tendo-se percebido que todos os
participantes da pesquisa estão cientes da diversidade de factores que originam esse
fenómeno.
41

Na óptica dos professores e dos pais e encarregados de educação a


emergência desse fenómeno deve-se fundamentalmente ao facto dos alunos serem
pessoas que fazem parte de vários grupos sociais, nos quais o aluno durante a sua
interacção com os diferentes elementos que fazem parte desta, trocam impressões e
apreendem determinadas formas de conduta que quando avaliadas em um outro grupo
podem não ter enquadramento, devido aos princípios e valores que cada grupo social
comporta. No entanto, para alguns os factores de origem de indisciplina podem estar
por detrás da estrutura familiar, dos amigos dos seus educandos, da escola, da
actuação do professor bem como da localização da própria instituição.

Assim, apoiando-se a teoria ecológica de Urie Bronfenbrenner, que defende o


desenvolvimento do indivíduo como resultado da interacção entre os diferentes
microssistemas em que este faz parte, é de referir que a emergência de
comportamentos indisciplinados nem sempre é de carácter propositado, sendo que em
algumas vezes, os indivíduos procuram expressar as suas necessidades porém, nesse
acto acabam extrapolando os parâmetros e praticando comportamentos
indisciplinados.

Feito o estudo e a quando da aplicação dos instrumentos de recolha de dados,


percebemos que todos os intervenientes do PEA, os professores, alunos, pais e
encarregados de educação, da escola secundária Joaquim Chissano de Boane tem
conhecimento e estão cientes do impacto que os factores de emergência de indisciplina
têm sobre a aprendizagem. E com base nos dados obtidos da pesquisa, onde os
participantes assumiram os diversos factores já arrolados neste estudo, importa
salientar que há necessidade dos diferentes intervenientes do PEA envolverem-se,
estabelecerem um processo activo de interacção como forma de prevenir a emergência
de comportamentos indisciplinados no ambiente escolar.

E desta maneira, concluímos que o excesso de autoridade, a postura, as


relações entre pares, a permanência no recinto escolar sob efeito de substâncias
psicoactivas, bem como a inconsistência na aplicação das técnicas, métodos e
planificação de conteúdos a leccionar com o grau de conhecimento que o aluno tem,
42

podem influenciar na emergência de comportamentos indisciplinados, e afectar


negativamente o desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem.

Sugestões
O princípio fundamental da escola como instituição social que recebe vários indivíduos,
com diferentes formas de comportamento, diferentes culturas e valores, é de formar o
homem novo dotado de saberes e conduta socialmente aceite, e apoiado a concepção
de que a educação tem de ter em conta a diversidade dos indivíduos e dos grupos
sociais, para que se torne num factor, por excelência, de coesão social e não de
exclusão (INDE, 2003), é de extrema importância que os diferentes factores ecológicos
que influem sobre o ambiente escolar ofereçam condições harmónicas para o
desenvolvimento da aprendizagem.

Como forma de prevenir a emergência de indisciplina no ambiente escolar, deixamos


as seguintes sugestões:

 Promover a comunicação entre a escola e a família, a família e os educandos


com vista a estabelecer sistemas de comunicação bilateral, procurando
disponibilizar canais de comunicação diversos (reuniões de pais, reuniões
individuais com a família, contactos telefónicos, e-mail) para que, se consiga
alcançar um maior número de famílias;
 Envolver os pais e encarregados de educação em actividades desenvolvidas em
casa com o propósito de ajudar de uma forma mais benéfica os seus
educandos. Para que os pais consigam ajudar os filhos nas actividades
escolares, tais como os trabalhos de casa, é necessário que os professores os
informem acerca da situação dos seus educandos;
 A comunicação deve ir para lá das dificuldades escolares de comportamento e
de avaliação do aluno. As reuniões de pais e encarregados de educação devem
ser clarificadoras do regulamento interno, do projecto curricular de turma e ainda
do projecto educativo de escola;
 As reuniões particulares com os pais devem facultar informações concretas e
objectivas acerca do progresso e dificuldades do aluno e de como os pais
43

podem ajudar os seus educandos a ultrapassar essas todas as contrariedade e


os obstáculos que vão surgindo ao longo do ano lectivo.
44

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TEOBALDO, I. Implicações da Indisciplina no contexto Escolar e as Concepções dos


alunos sobre a Escola. Trabalho de Conclusão de Curso, Brasília, 2013.

VASCONCELLOS, C. S. Indisciplina e disciplina escolar: Fundamentos para o trabalho


docente. 1ª Edição, São Paulo, Editora Cortez, 2009.
46

Anexos
47

Anexos 1: Guião A: Entrevista aos Professores


Guia de entrevista para professores

Saudações

Esta entrevista incide sobre a monografia, intitulada Factores ecológicos do ambiente escolar que influem na emergência de
indisciplina, Para obtenção da Licenciatura em Psicologia Educacional. O seu objectivo é adquirir conhecimentos sobre o tema
acima citado, este questionário é de natureza confidencial. O tratamento das respostas é efectuado de uma forma global, não sendo
sujeito a uma análise individualizada, o que significa o seu anonimato é respeitado.

Dados sócios demográficos

Sexo: M____ F____

Idade: ___________anos

Estado Civil _________casado _________solteiro _________Divorciado

Ano do curso: ___________

Nível de formação: licenciatura ------; mestrado -------- doutoramento; -----

Experiência profissional------------anos

Tema: Factores ecológicos do ambiente escolar que influem na emergência de indisciplina.

 Identificar os factores que concorrem para a emergência de indisciplina no ambiente escolar;


 Descrever os factores ecológicos do ambiente escolar que propiciam a emergência da indisciplina;
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 Explicar a influência que os factores ecológicos de emergência de indisciplina exercem indirectamente sobre o processo de
ensino e aprendizagem.

Blocos Objectivos específicos Procedimentos/Questões


A – Legitimação da entrevista e  Conseguir que a entrevista se torne  Apresentação do investigador e objectivo da
motivação dos entrevistados. necessária, oportuna e pertinente. entrevista.
 Motivar os entrevistados.  Entrevista semi-estruturada.
 Garantir confidencialidade do uso da  Utilização de linguagem acessível e
gravação. apelativa.
 Solicitação de autorização para gravação.

B – Identificação e  Obter dados biográficos sobre cada Solicitação de informações aos inquiridos:
caracterização do entrevistado. entrevistado.  Idade;
 Proporcionar aos entrevistados a  Anos de serviço na profissão e na instituição;
possibilidade de tomar a palavra e
ganhar confiança.
C – concepções dos  Identificar os factores que 1. Que acções a nível da escola têm sido
professores sobre os factores concorrem para a emergência de tomadas na prevenção de comportamentos
que influenciam na emergência indisciplina no ambiente escolar indisciplinados?
da indisciplina no ambiente  Nos casos de indisciplina constatados no
ambiente escolar, qual tem sido a sua fonte
escolar
ou factor de origem? Pode justificar a sua
resposta?
 Na sua óptica, quais os comportamentos
considerados como sendo de indisciplina
dentro e fora da sala de aulas? E qual é a
sua frequência?
D – Factores ecológicos do  Descrever os factores ecológicos do 2. Quais são os factores que propiciam o
ambiente escolar que surgimento de indisciplina no ambiente
ambiente escolar que propiciam a escolar?
favorecem o surgimento da
indisciplina emergência da indisciplina  De que forma apresentam-se os factores que
49

favorecem a existência de comportamentos


indisciplinados no ambiente escolar?
 Que comportamentos favorecem o
surgimento de indisciplina no ambiente
escolar?
E- Influência indirecta dos  Explicar a influência que os factores 3. Percebe o que são factores ecológicos do
factores ecológicos que ambiente escolar?
ecológicos de emergência de
desencadeiam indisciplina no  Como é que estes factores ecológicos
PEA indisciplina exercem indirectamente condicionam o PEA?
sobre o processo de ensino e
aprendizagem

Nome do pesquisador: Venâncio Carlos Zandamela Nome da supervisora: Cecília Xavier

Contactos: 846964723, 849645285. Contactos: 847933409.

Email: venanciozandamela@gmail.com Email: ceciliafrancisca@yahoo.com.br

Nome do co-supervisor: Domingos Bié

Contactos: 848317488.

Email: domingosbiemz@gmail.com
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Anexo 2: Guião B: Entrevista aos Pais e Encarregados de Educação

Guia de entrevista para pais e encarregados de educação

Saudações

Esta entrevista incide sobre a monografia, intitulada Factores ecológicos do ambiente escolar que influem na emergência de
indisciplina, Para obtenção da Licenciatura em Psicologia Educacional. O seu objectivo é adquirir conhecimentos sobre o tema
acima citado, este questionário é de natureza confidencial. O tratamento das respostas é efectuado de uma forma global, não sendo
sujeito a uma análise individualizada, o que significa o seu anonimato é respeitado.

Dados sócios demográficos

Sexo: M____ F____

Idade: ___________anos

Estado Civil _________casado _________solteiro _____________divorciado

Profissão: ___________________

Tema: Factores ecológicos do ambiente escolar que influem na emergência de indisciplina.

 Identificar os factores que concorrem para a emergência de indisciplina no ambiente escolar;


 Descrever os factores ecológicos do ambiente escolar que propiciam a emergência da indisciplina;
51

 Explicar a influência que os factores ecológicos de emergência de indisciplina exercem indirectamente sobre o processo de
ensino e aprendizagem.

Blocos Objectivos específicos Procedimentos/Questões


A – Legitimação da entrevista e  Conseguir que a entrevista se torne  Apresentação do investigador e objectivo da
motivação dos entrevistados. necessária, oportuna e pertinente. entrevista.
 Motivar os entrevistados.  Entrevista semi-estruturada.
 Garantir confidencialidade do uso da  Utilização de linguagem acessível e
gravação. apelativa.
 Solicitação de autorização para gravação.

B – Identificação e  Obter dados biográficos sobre cada Solicitação de informações aos inquiridos:
caracterização do entrevistado. entrevistado.  Idade;
 Proporcionar aos entrevistados a  Profissão;
possibilidade de tomar a palavra e
ganhar confiança.
C – concepções dos  Identificar os factores que I. O que a escola tem feito na prevenção de
professores sobre os factores concorrem para a emergência de comportamentos indisciplinados?
que influenciam na emergência indisciplina no ambiente escolar  Nos casos de indisciplina relatados no
da indisciplina no ambiente ambiente escolar, qual tem sido a sua fonte
ou factor de origem? Pode justificar a sua
escolar
resposta?
 Na sua óptica, quais os comportamentos
considerados como sendo de indisciplina na
escola do seu educando? E qual é a sua
frequência?
D – Factores ecológicos do  Descrever os factores ecológicos do II. Quais são os factores que propiciam o
ambiente escolar que surgimento de indisciplina no ambiente
ambiente escolar que propiciam a
favorecem o surgimento da escolar?
indisciplina emergência da indisciplina  De que forma apresentam-se os factores que
favorecem a existência de comportamentos
indisciplinados na escola do seu educando?
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 Que comportamentos favorecem o


surgimento de indisciplina na escola?
E- Influência indirecta dos  Explicar a influência que os factores III. Percebe o que são factores ecológicos do
factores ecológicos que ambiente escolar?
ecológicos de emergência de
desencadeiam indisciplina no  Como é que estes factores ecológicos
PEA indisciplina exercem indirectamente condicionam a qualidade do PEA?
sobre o processo de ensino e
aprendizagem

Nome do pesquisador: Venâncio Carlos Zandamela Nome da supervisora: Cecília Xavier

Contactos: 846964723, 849645285. Contactos: 847933409.

Email: venanciozandamela@gmail.com Email: ceciliafrancisca@yahoo.com.br

Nome do co-supervisor: Domingos Bié

Contactos: 848317488.

Email: domingosbiemz@gmail.com

Anexo 3: Guião C: Entrevista aos Alunos

Guia de entrevista para alunos

Saudações
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Esta entrevista incide sobre a monografia, intitulada Factores ecológicos do ambiente escolar que influem na emergência de
indisciplina, Para obtenção da Licenciatura em Psicologia Educacional. O seu objectivo é adquirir conhecimentos sobre o tema
acima citado, este questionário é de natureza confidencial. O tratamento das respostas é efectuado de uma forma global, não sendo
sujeito a uma análise individualizada, o que significa o seu anonimato é respeitado.

Dados sócios demográficos

Sexo: M____ F____

Idade: ___________anos

Estado Civil _________casado _________solteiro

Membro da família com quem vive: ___________

Classe que frequenta: _________

Tema: Factores ecológicos do ambiente escolar que influem na emergência de indisciplina.

 Identificar os factores que concorrem para a emergência de indisciplina no ambiente escolar;


 Descrever os factores ecológicos do ambiente escolar que propiciam a emergência da indisciplina;
 Explicar a influência que os factores ecológicos de emergência de indisciplina exercem indirectamente sobre o processo de
ensino e aprendizagem.

Blocos Objectivos específicos Procedimentos/Questões


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A – Legitimação da entrevista e  Conseguir que a entrevista se torne  Apresentação do investigador e objectivo da


motivação dos entrevistados. necessária, oportuna e pertinente. entrevista.
 Motivar os entrevistados.  Entrevista semi-estruturada.
 Garantir confidencialidade do uso da  Utilização de linguagem acessível e
gravação. apelativa.
 Solicitação de autorização para gravação.

B – Identificação e  Obter dados biográficos sobre cada Solicitação de informações aos inquiridos:
caracterização do entrevistado. entrevistado.  Idade;
 Proporcionar aos entrevistados a  Classe que frequenta na escola ou
possibilidade de tomar a palavra e instituição;
ganhar confiança.
C – concepções dos  Identificar os factores que 1. Que acções a nível da escola têm sido
professores sobre os factores concorrem para a emergência de tomadas na prevenção de comportamentos
que influenciam na emergência indisciplina no ambiente escolar indisciplinados?
da indisciplina no ambiente  Nos casos de indisciplina que se verificam no
ambiente escolar, qual tem sido a sua fonte
escolar
ou factor de origem? Pode justificar a sua
resposta?
 Na sua óptica, quais os comportamentos
considerados como sendo de indisciplina
dentro e fora da sala de aulas? E qual é a
sua frequência?
D – Factores ecológicos do  Descrever os factores ecológicos do 2. Quais são os factores que condicionam o
ambiente escolar que surgimento de indisciplina no ambiente
ambiente escolar que propiciam a
favorecem o surgimento da escolar?
indisciplina emergência da indisciplina  De que forma apresentam-se os factores que
favorecem a existência de comportamentos
indisciplinados no ambiente escolar?
 Que comportamentos favorecem o
surgimento de indisciplina no ambiente
escolar?
E- Influência indirecta dos  Explicar a influência que os factores 3. Percebe o que são factores ecológicos do
factores ecológicos que ambiente escolar?
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desencadeiam indisciplina no ecológicos de emergência de  Como é que estes factores ecológicos


PEA condicionam a qualidade do PEA?
indisciplina exercem indirectamente
sobre o processo de ensino e
aprendizagem

Nome do pesquisador: Venâncio Carlos Zandamela Nome da supervisora: Cecília Xavier

Contactos: 846964723, 849645285. Contactos: 847933409.

Email: venanciozandamela@gmail.com Email: ceciliafrancisca@yahoo.com.br

Nome do co-supervisor: Domingos Bié

Contactos: 848317488.

Email: domingosbiemz@gmail.com
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Anexo 4: Declaração de consentimento informado

DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO INFORMADO

Designação do Estudo: “ Factores ecológicos do ambiente escolar que influem na emergência de indisciplina”. Nome do/da
Participante: _________________________________________. Compreendi a explicação que me foi fornecida acerca da minha
participação na investigação, bem como os objectivos do estudo e da confidencialidade da informação. Foi-me possibilitado fazer as
perguntas que considerei necessárias. Foi-me comunicado que tenho direito a recusar a todo o tempo a minha participação no estudo,
sem que isso possa ter como efeito qualquer prejuízo pessoal na assistência que me é prestada. Por isso, aceito participar de livre e
espontânea vontade neste estudo, respondendo às questões que me forem solicitadas.

Maputo, ______________________________ ____ de ________________ de 2021.

Assinatura do/da participante: ____________________________________________________

Assinatura do investigador: ______________________________________________________


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