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Eloi Cristóvão Bazar

Crenças, valores em saúde na prevenção da Covid-19: Estudo de caso, cidade de Manica


Licenciatura em psicologia educacional com habilitações em intervenção em desenvolvimento
humano e aprendizagem

Universidade Púnguè
Chimoio
2021
Eloi Cristóvão Bazar

Crenças, valores em saúde na prevenção da Covid-19: Estudo de Caso, Cidade de


Manica

Monografia a ser apresentado no Departamento


de Psicologia e Pedagogia, Faculdade de
Educação, como requisito parcial para a
conclusão e obtenção do grau académico de
licenciatura em psicologia educacional,

Supervisor:
Msc. Etelvino Fernando.

Universidade Púnguè
Chimoio
2021
Índice
Lista de abreviatura...................................................................................................................IV

Lista de Gráfico..........................................................................................................................V

Lista de tabela...........................................................................................................................VI

Declaração de Honra...............................................................................................................VII

Dedicatória.............................................................................................................................VIII

Agradecimento..........................................................................................................................IX

Resumo.......................................................................................................................................X

Abstract.....................................................................................................................................XI

Capítulo I – Introdução.............................................................................................................12

1.1. Contextualização............................................................................................................12

1.2. Enquadramento e justificativa da escolha do tema........................................................13

1.3. Problematização.............................................................................................................13

1.4. Objectivos.......................................................................................................................14

1.4.1. Objectivo geral........................................................................................................14

1.4.2. Objectivos específicos.............................................................................................14

1.5. Hipóteses........................................................................................................................15

Capítulo II – Descrição da Metodologia...................................................................................16

2.1. Métodos de estudo..........................................................................................................16

2.2. Tipo de pesquisa.............................................................................................................16

2.2.1. Quanto a abordagem................................................................................................16

2.2.2. Quanto aos procedimentos.......................................................................................16

2.3. Instrumentos de recolha de dados..................................................................................17

2.4. Técnicas de análise de dados..........................................................................................18

2.5. População e amostra.......................................................................................................18

2.5.1. Amostra...................................................................................................................18

2.6. Procedimentos metodológicos........................................................................................19


Capítulo III - Fundamentação teórica.......................................................................................21

3.1. Crenças e Valores...........................................................................................................21

3.1.1. Crenças....................................................................................................................21

3.1.2. Valores.....................................................................................................................21

3.2. Breve caracterização histórica e aspectos socioculturais da Comunidade de Manica...22

3.3. Modelo de Crenças em Saúde........................................................................................23

3.4. Cuidados de saúde e quadro epidémico.........................................................................24

3.5. Covid-19 e Sua Prevenção.............................................................................................25

3.6. Diagnóstico, Tratamento da Covid-19 e Transmissão...................................................27

3.6.1. Diagnóstico..............................................................................................................27

3.6.2. Tratamento...............................................................................................................28

3.6.3. Transmissão.............................................................................................................28

Capítulo IV – Análise e Interpretação de Dados......................................................................29

4.1. Dados sociodemográficos dos participantes da pesquisa...............................................29

4.2. Análise do questionário baseado no modelo de crenças em saúde................................30

4.3. Análise da entrevista......................................................................................................34

4.4. Observação nos locais de pesquisa.................................................................................36

Capítulo V – Conclusões e Sugestões.......................................................................................38

5.1. Conclusão.......................................................................................................................38

5.2. Sugestões........................................................................................................................39

7. Referências............................................................................................................................40

Anexos e apêndices...................................................................................................................42
IV

Lista de abreviatura
DTS – Doença de transmissão sexual
ITS – Infecção de transmissão sexual
SIDA – Síndrome de Imunodeficiência Adquirida
OMS – Organização Mundial da Saúde
MISAU – Ministério da Saúde
PCR – Proteína reactiva
SARS - Síndrome respiratória aguda grave
MERS - Síndrome respiratória do Oriente Médio
OPAS - Organização Pan-americana da Saúde

Lista de Gráfico
V

Gráfico 1: Quadro epidémico....................................................................................................25


Gráfico 2: Sexo.........................................................................................................................29
Gráfico 3: Sexo, grau de instrução e estado civil......................................................................30
Gráfico 4: Acredita que é susceptível a doença causada pelo vírus Sars-CoV-2 (Covid-19)...31
Gráfico 5: Acredita que a doença (Covid-19) gerará/gera impacto negativo, ao menos
moderado, em sua vida.............................................................................................................32
Gráfico 6: Acredita que adoptar determinados comportamentos é, de facto, benéficos para
reduzir sua susceptibilidade ou severidade da doença (covid-19), caso já o tenha..................33
Gráfico 7: Há/existe dificuldade de respeitar as normas e instruções de percepção e evitação
do contágio por covid-19..........................................................................................................34
VI

Lista de tabela
Tabela 1: Valores Universais....................................................................................................22
Tabela 2: Conheces as medidas de prevenção da Covid-19? Se sim, quais são?....................35
VII

Declaração de Honra
Declaro por minha honra que esta monografa científica é resultado da minha
investigação pessoal e das instruções do meu Supervisor e nunca foi apresentado em nenhuma
outra instituição para obtenção de qualquer grau académico.

Chimoio, aos 02 de Dezembro de 2021


______________________________
(Elói Cristóvão Bazar)
VIII

Dedicatória
À minha querida mãe, Saquina Nomeado Fazenda, minha mãe, a minha deusa, rainha
e “pai” deste meu pequeno universo. Desde meu primeiro dia de aula no ensino primário até à
minha formação académica na faculdade, porque desde a morte do pai tem lutado para a
minha formação académica, intelectual e cultural e hoje escrevo nestas folhas que se não fosse
por ti mãe, hoje não estaria em frente a esta mesa.
Lembro que no final de 2016 quando lhe disse mãe pretendo ingressar para o curso de
engenharia informática e tu mãe encorajaste-me a concorrer mais um curso, pois é,
incentivaste-me a concorrer ao curso de Psicologia Educacional naquele me formo hoje!
Lembras quando tiveste de vender seus bens para pagar minha faculdade! Aqui estou
eu terminado de me licenciar em Psicologia Educacional.
Não existe de alguma forma neste mundo algo que eu possa fazer, dizer para
demonstrar o quão és e tem estado a ser para mim. Faltam me palavras para expressar o quão
maravilho tu és e continuas a ser.
Hoje tornei-me o que sou graças a ti. Formei-me graças a ti.
Mãe!

À Saquina, minha mãe


Com força e bravura de uma mãe que luta para o bem-estar do seu filho.
IX

Agradecimento
Desejo agradecer ao meu orientador e docente Msc. Etelvino Fernando pelas sugestões
relativas ao tema em questão e que sem suas orientações este trabalho não seria possível.
À Ana Uqueio, pelo apoio e suporte que dado durante os 5 longos anos de faculdade e
amizade, seu apoio no último ano de faculdade foi indispensável.
Ao CJ, pelo apoio dado apos a perda dos dados da pesquisa no laptop relativo a
primeira versão da monografia.
Aos meus docentes do curso de Psicologia Educacional que ao longo da formação
poderão compartilhar seus conhecimentos e experiências.
Ao meu tio Borne N. Fazenda, mana Ana Calado, tio Ossifo Fazenda pelo frutífero
encorajamento e pelo apoio nas dificuldades que enfrentei durante a minha formação;
Aos colegas Benjamim D. Fopenze, Emerson Monteiro, Ilda Cipriano, Benevides e
àqueles que se um modo não pude mencionar, meu muito obrigado por tudo.
X

Resumo
O estudo, de carácter exploratório-descritivo, buscou analisar as crenças e valores que
estão a comprometer as medidas de prevenção da Sars-CoV-2 na cidade de Manica a recolha
de dados orientou-se por uma observação, entrevistas e um questionário de natureza fechada
baseada no modelo de crenças em saúde. Seleccionou-se 4 variáveis, nomeadamente: a
susceptibilidade, severidade, benefícios e barreiras percebidas. Os dados demonstra que a
maior parte dos participantes da pesquisa possuía idade compreendida entre 17 a 67 anos de
idade, sendo 67% do sexo masculino e 35% do sexo feminino com um grau de instrução para
o nível superior de 10%, 70% nível secundário, 11.7% nível primário e 8.3 % sem nenhuma
formação formal. O estudo constatou que para a variável susceptibilidade e severidade
percebida maior parte dos participantes afirmaram ter maior susceptibilidade e severidade.
Quanto aos benefícios percebidos o estudo constatou haver maior benefícios percebidos pelos
participantes da pesquisa e para as barreiras percebidas constatou-se existir menos percepção
em relação as barreiras percebidas.
Contudo, o estudo demonstrou que as crenças da cidade de Manica estão a
comprometer as medidas de prevenção da sars-cov-2, deste modo, a promoção de em
processo educativo em saúde e estratégias de educação cívica capazes de prevenir e mitigar a
sarvs-cov-2.
Palavras-chave: Sars-Cov-2, crenças, susceptibilidade, barreiras percebidas.
XI

Abstract
The study, of an exploratory-descriptive nature, sought to analyze the beliefs and
values that are compromising the Sars-CoV-2 prevention measures in the city of Manica. Data
collection was guided by observation, interviews and a questionnaire. Closed based on the
health belief model. 4 variables were selected, namely: susceptibility, severity, benefits and
perceived barriers. The data shows that most research participants were aged between 17 and
67 years old, 67% male and 35% female with a 10% higher education level, 70% level
secondary, 11.7% primary level and 8.3% with no formal training. The study found that for
the susceptibility and perceived severity variable, most participants claimed to have greater
susceptibility and severity. As for the perceived benefits, the study found that there are greater
benefits perceived by the research participants and for perceived barriers, it was found that
there is less perception in relation to the perceived barriers.
However, the study demonstrated that beliefs of the city of Manica are compromising
measures to prevent sars-cov-2, thus, the promotion of health education and civic education
strategies capable of preventing and mitigating the sarvs-cov-2.
Keywords: Sars-Cov-2, beliefs, susceptibility, perceived barriers.
12

Capítulo I – Introdução

1.1. Contextualização
O estudo foi realizado no bairro 25 de setembro na cidade de Manica, localizado na
província de Manica, Moçambique. A escolha deste bairro deveu-se ao facto de ser composto
por mercados, terminais de transportes, praças, bancos e lojas e por ser um local muito
frequentado por residentes daquela cidade de Manica.

O presente estudo teve como grupo-alvos indivíduos residentes que, aleatoriamente, se


encontravam em mercados, terminais de transportes, praças e bancos da cidade. Teve duração
de quatro meses, no período normal de expediente, de junho ao setembro de 2021, desde a
apresentação do pesquisador a instituição, recolha e análise e interpretação de dados e a
compilação da monografia.

Em Moçambique, entre junho a julho o número de casos notificados por Covid-19


aumentou em mais de 100%. Observa-se que o índice de positividade em julho aumentou em
cerca de 2 vezes mais, quando comparado com o mês de junho. O número das hospitalizações
no mês de julho aumentou em cerca de 5 vezes mais, tendo-se verificado igualmente um
aumento em 13 vezes mais no número de óbitos quando comparado ao mês anterior. Maior
parte dos doentes (67.8%) que tem sido hospitalizado teve como desfecho a alta. Houve um
aumento da taxa de letalidade entre junho (0.7%) e Julho (1.2%) (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2021).

O presente estudo, encontra-se dividido em 5 capítulos, sendo:

 O capítulo I, introdução na qual faz uma breve apresentação do estudo,


enquadramento e justificava da escolha do tema, problematização, objectivos e hipóteses.
 O capítulo II, descrição metodológica em que são abordadas toda metodologia
usada na recolha e processamento dos dados da pesquisa.
 O capítulo III, fundamentação teórica, faz-se menção aos conceitos
fundamentais para o entendimento da discussão em abordagem.
 O capítulo IV, faz-se a apresentação dos dados sociodemográficos dos
pesquisados, analise e interpretação dos dados, onde são discutidos os resultados do
estudo e a conciliação com outros autores.
13

 O capítulo V, conclusão e sugestões, onde são apresentadas a conclusão e


sugestões do autor.

1.2. Enquadramento e justificativa da escolha do tema


A saúde é uma necessidade humana básica e fundamental para o bom funcionamento
dos indivíduos e, consequentemente, da comunidade geral. Nesta perspectiva, o indivíduo
deixa de ser um agente passivo face ao adoecimento, tal como descrito no modelo biomédico,
e passa a ocupar um papel de destaque, uma vez que os seus comportamentos são relevantes
para a compreensão do seu estado de saúde (Barletta, 2010; Matos, 2004, apud Abreu, 2020).

O processo de saúde-doença é considerado dinâmico e multideterminado, sendo


influenciado por diversas variáveis (Holden & Black, 1999, citado por Abreu, 2020). A
literatura refere que as variáveis que influenciam a saúde encontram-se subdivididas em três
categorias: orgânicas (vírus, lesões), psicológicas/comportamentais (crenças,
comportamentos) e ambientais e sociais (idade, etnia).

O entendimento sobre como os indivíduos lidam com situações novas e tendem a


adoptar medidas de prevenção, tais como: a não lavagem das mãos, o uso incorrecto das
máscaras, a falta de distanciamento social entre outros, levou-nos a criar uma necessidade de
compreender estes comportamentos estão propensos a levar o indivíduo a uma contaminação
por Covid-19, elevando assim os números de infecção por Covid-19.

O estudo vai subsidiar uma percepção de susceptibilidade relativamente a prevenção


da doença da Covid-19, sua gravidade, seus benefícios de certas acções/comportamentos, seus
obstáculos à realização desses comportamentos e reflectir sobre os modelos de educação
cívica capazes de melhorar a prevenção e redução de infecções na comunidade de, além de
fornecer o suporte psicológico e social fundamental para esses indivíduos e contribuir na área
de Psicologia Social e da Saúde, Psicologia de Aprendizagem.

1.3. Problematização
Existe uma grande incerteza acerca do estado actual e futuros desenvolvimentos da
crise da Covid-19 em Moçambique. Como em muitos países da África, medidas como
imposições de confinamento poderão ser particularmente desafiantes e até mesmo
contraprodutivas, perante aos frágeis meios de subsistência.
14

No mês de junho de 2021 na província de Manica foram testados mais de 1.000 casos
suspeitos, dos quais 8% foram positivos e nas últimas 24h do dia 01 de setembro de 2021 na
província de Manica, foram testados um total cumulativo de 66 casos suspeitos, dos quais 6
foram positivos (taxa de positividade= 9,09%). A transmissão da covid-19 é considerada sob
controlo quando o aumento dos novos casos confirmados (variação da média de sete dias) é
inferior a 10% durante um período de duas semanas consecutivas, ou quando se verifica uma
diminuição sustentada ou um pico da curva epidemiológica durante duas semanas
consecutivas. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021)
Na ausência de um tratamento efectivo ou vacina, um elemento essencial na luta
contra a Covid-19 consiste em assegurar o cumprimento dos comportamentos recomendados
pelas autoridades de saúde pública. As crenças e os modelos mentais preexistentes são
passíveis de influenciar a forma como os indivíduos percepcionam estas recomendações.
Uma característica comum da parte da vida dos Shona em Manica está intimamente
relacionada com o animismo e os espíritos ancestrais.

Com base nesta pesquisa, esperamos uma melhor compreensão das formas de integrar
as crenças e os valores em saúde na prevenção da Covid-19 em políticas relacionadas com a
emergência da Covid-19 e fornecer importantes perspectivas para o desenho de políticas que
provavelmente serão cumpridas pela população. Assim, o problema de pesquisa central pode
ser expresso na seguinte forma:
 Será que as crenças e valores da cidade de Manica estão a comprometer as medidas
de prevenção da covid-19?

1.4. Objectivos
1.4.1. Objectivo geral
 Analisar as crenças e valores que estão a comprometer as medidas de prevenção da
covid-19 na cidade de Manica.

1.4.2. Objectivos específicos


 Identificar as crenças e valores que comprometem as medidas de prevenção da covid-
19;
 Descrever as crenças e valores que comprometem as medidas de prevenção da covid-
19.
15

 Apresentar modelos estratégicos de educação cívica capazes de prevenir e mitigar a


covid-19 nesta cidade.

1.5. Hipóteses
 É provável que as crenças e valores da cidade de Manica permita uma prevenção da
covid-19;
 É provável que as crenças e valores da cidade de Manica comprometam as medidas de
prevenção da covid-19;
 É provável que as crenças e valores da cidade de Manica não esteja a interferir na
prevenção da covid-19.
 Crenças dos espíritos ancestrais. Na hierarquia dos espíritos ancestrais Shona, tem se
em primeiro plano o “Mwari”, suprema divindade Shona, o criador da terra e dos
homens. Este espírito controla a fertilidade da terra, e é o suporte das leis e costumes
tradicionais, fornece chuva nos tempos de seca e adverte a nação em tempos de crise.
Em seguida aparece o espírito do chefe já falecido “Mhondoro”, que está intimamente
relacionado com o território que este governa em vida. Por último tem se o
“Mudzimo”, espírito de pessoa ancestral que protege os membros da respectiva
família dos infortúnios, sendo normalmente invocados durante cerimónias familiares e
individuais.
16

Capítulo II – Descrição da Metodologia

2.1. Métodos de estudo


Método é o conjunto das actividades sistemáticas e racionais que, com maior
segurança e economia, permite alcançar o objectivo - conhecimentos válidos e verdadeiros -,
traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista,
(Marconi & Lakatos, 2003).

2.2. Tipo de pesquisa


Quanto a natureza a pesquisa é aplicada, objectiva gerar conhecimentos para
aplicações práticas dirigidas à solução de problemas específicos. E quanto aos objectivos a
pesquisa é exploratória-descritiva, que segundo Tripodi et al. citado por (Marconi &
Lakatos, 2003), “são estudos exploratórios que têm por objectivo descrever completamente
determinado fenómeno, como, por exemplo, o estudo de um caso para o qual são realizadas
análises empíricas e teóricas”.

2.2.1. Quanto a abordagem


Quanto a abordagem a pesquisa é qualitativa. Segundo Gil (2008), “pesquisa
qualitativa é traduzido por aquilo que não pode ser mesurado, pois a realidade e o sujeito
são elementos indispensáveis. Assim sendo, quando se trata do sujeito, levam-se em
consideração seus traços subjectivos e suas particularidades tais pormenores não podem ser
traduzidos em números qualificados”.

2.2.2. Quanto aos procedimentos


Quanto aos procedimentos a pesquisa é: estudo de caso.

Estudo de caso envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objectos de


maneira que permita o seu amplo e detalhado conhecimento, (Prodanov & Freitas, 2013).

Com base no estudo de caso, foram identificados os grupos alvo da pesquisa e com ela
foram estudados os comportamentos do gruo alvo de modo há evidenciar ou adicionar
informações a respeito da situação em que há pouca clareza sobre as crenças e valores da
cidade de Manica se estejam a comprometem as medidas de prevenção da covid-19 e assim
sendo, relacionar com o modelo de crenças em saúde de modo, a investigar e oferecer
contribuições à pesquisa académica sobre crenças e valores em saúde na prevenção da covid-
19.
17

2.3. Instrumentos de recolha de dados


Como técnicas de recolha de dados desta pesquisa foi: questionário, entrevista e
observação.

Segundo Lakatos e Marconi (2003:203), “questionário é um instrumento de colecta de


dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por
escrito e sem a presença do entrevistador”.

O questionário que foi aplicado é de natureza fechada e assistido, onde foram


questionados todos os indivíduos que estejam a circular ou dentro dos locais como nos
mercados, terminais de transportes, praças, bancos e lojas da cidade de Manica sobre crenças
em saúde na prevenção da covid-19, onde a pessoa que irá responder ela deve responder
dentro de um corpo de resposta pré-estabelecidas pelo próprio pesquisador, e as respostas são
valores quantitativos de representações subjectivas, elaborados por meio de uma escala
psicofísica de razão com ancoragem verbal, sendo uma delas relacionadas à susceptibilidade
percebida, uma à severidade percebida, uma aos benefícios percebidos e uma às barreiras
percebidas.

A entrevista é um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha
informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza
profissional (Lakatos & Marconi, 2003, p. 195). É um procedimento utilizado na investigação
social, para a colecta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um
problema social.

Foram entrevistados sobre seus valores e conhecimentos a respeito da infecção por


covid-19 os indivíduos que estejam a circular ou dentro dos locais como nos mercados,
terminais de transportes, praças, bancos e lojas da cidade de Manica e permitindo assim a
obtenção de dados em profundidade.

Segundo Lakatos e Marconi (2003), “a observação é uma técnica de colecta de dados


para conseguir informações e utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da
realidade” (p. 190). A observação ajuda o pesquisador a identificar e a obter provas a respeito
de objectivos sobre os quais os indivíduos não têm consciência, mas que orientam seu
comportamento.

Foram observados todos comportamentos relacionados com as medidas de prevenção


da covid-19 nos indivíduos que estejam a circular ou dentro dos locais como nos mercados,
18

terminais de transportes, praças, bancos e lojas da cidade de Manica e onde o pesquisador ou


observador estabelece uma relação face a face com o observado. Onde o observador terá a
possibilidade de captar situações ou fenómenos que não são obtidos por meio da entrevista.

2.4. Técnicas de análise de dados


A técnica de análise de dados que foi usada é técnica de análise de conteúdo. A técnica
de análise de conteúdo na óptica de Prodanov e Freitas (2013) é um conjunto de instrumentos
metodológicos, em constante aperfeiçoamento, que se presta a analisar diferentes fontes de
conteúdos.

Foi utilizado o programa IBM SPSS Statistics (versão 20.0.0.0, IBM corp) para análise
estatística. Para facilitar a descrição e sumarização dos aspectos mais relevantes da amostra da
pesquisa, como por exemplo descrever quais foram os valores máximos, mínimos, média,
mediana, moda, presentes na escala de classificação do questionário baseado no modelo de
crenças em saúde, tomou-se a seguinte escala: 0 – absolutamente nada; 1 – mínima; 2 – muito
baixa; 3 – baixa; 4 – moderada 5; – um pouco alta; 6 – alta; 7 – muito alta; 8 – extremamente
alta; 9 – máxima; 10 – máximo absoluto.

2.5. População e amostra


Na impossibilidade de aceder à totalidade da população, é necessário proceder à
selecção de elementos pertencentes a esse conjunto. Gil, (2008), “População da pesquisa é um
conjunto definido de elementos que possuem determinadas características” (p.89). A
população da nossa pesquisa, refere-se à Comunidade de Manica.

2.5.1. Amostra
A amostra desta pesquisa foi não-probabilística intencional que englobou (60) sessenta
indivíduos, entrevistados nos seguintes locais: mercados, terminais de transportes, praças,
bancos e lojas. De acordo com Marconi e Lakatos (2003), “a amostra é uma porção ou
parcela, convenientemente seleccionada do universo (população) ” (p.223).

A pesquisa preservou a integridade física e psicológicas dos participantes da pesquisa


de modo, há não fazer com que os participantes não se sentissem estressadas, danificadas
fisicamente e psicologicamente em relação a pesquisa em foram submetidas no estudo.
19

O pesquisador explicou aos participantes da pesquisa que os fins da pesquisa eram


meramente académicos e que seus nomes não seriam colectados e que os dados colectados
seriam de livre e espontânea vontade do participante.

O pesquisador obteve um termo de consentimento livre e de esclarecimento através do


Administrador do distrito de Manica para obtenção de dados na cidade de Manica. A pesquisa
também preservou dados que possam identificar os participantes da pesquisa de modo, a não
invadir a privacidade dos participantes mais sim, trazer dados que contribuíram para a
pesquisa.

2.6. Procedimentos metodológicos


O presente estudo teve os seguintes procedimentos de estudos: para a realização da
pesquisa proposta seguirá seis (6) fases:

A primeira fase fez parte da formalização da pesquisa e submissão de uma carta de


pedido de autorização a direcção da Universidade Púnguè e ao Governo Distrital de Manica
para colecta de dados e selecção dos participantes.

Segunda fase, observação nos locais como nos mercados, terminais de transportes,
praças, bancos e lojas da cidade de Manica para colecta de dados, de modo, a proporcionar a
identificar e a obter provas a respeito de objectivos sobre os quais os indivíduos não têm
consciência, mas que orientam seu comportamento.

Terceira fase, apresentação do pesquisador aos pesquisados e explicação dos


objectivos da pesquisa e sua importância e aplicação dos mesmos. E de seguida entrevista aos
pesquisados e aplicação dos questionários.

Quarta fase, análise e interpretação de todos os dados colectados pelo pesquisador.

Para terminar a quinta fase, culminou com a revisão crítica do trabalho final e entrega
do mesmo.

O inquérito foi entregue aos participantes da pesquisa e explicado preenchimento do


mesmo e caso o participante tivesse dúvida deveria pedir o esclarecimento do mesmo.

A entrevista iniciava apoios a explicação do que se procurava saber e cada pergunta


foi colocada apoios a conclusão da resposta da pergunta anterior. O inquérito e a entrevista foi
dirigida a pessoas residentes da cidade de Manica e que vivem no bairro 25 de setembro e
20

devido ao facto deste grupo alvo residir num local muito frequentado por residentes daquela
cidade de Manica.

A pesquisa buscou participantes que fossem da tribo Shona ou residindo naquele


bairro com vista a trazer fidelidade e transparência dos resultados que vão de acordo com os
objectivos da pesquisa.
21

Capítulo III - Fundamentação teórica

3.1. Crenças e Valores


3.1.1. Crenças
Segundo Breen, Brant & Borges (1985; 2014, citado por Martins, Sales, & Neto,
2019) nenhum comportamento humano ou de uma organização pode ser entendido por
completo sem que suas crenças sejam consideradas. Assim sendo, o conceito de crença deve
ser bem entendido antes de avançarmos no conteúdo proposto.

Segundo Brant e Borges (2014, citado por Martins, Sales, & Neto, 2019) o termo pode
ser utilizado com as mais diferentes definições, de modo que pode ser compreendido como
percepção, fé, expectativa, julgamento e, assim sendo a quantidade de literatura que aborda o
termo crença é imensa e podem ter diferentes finalidades. Conclui-se então que a crença é um
estado mental que tem na sua formação uma proposição que é aceita como verdadeira pelo
indivíduo que a possui, mesmo que este indivíduo reconheça que existam crenças diferentes.

Considera-se que as crenças são diferentes em intensidade e poder. Quanto mais


centrais em sua dimensão, mais resistente serão às mudanças. Existem crenças primitivas e
crenças limitantes, desse modo, as crenças primitivas, que são definidas por sua constância e
possibilitam ao indivíduo à sua formação de identidade, são adquiridas por contacto directo
do sujeito e são alentadas por um consenso, ou seja, em comum acordo com outros
indivíduos, dentro de um grupo social que se tem como referência (Brant & Borges, 2014,
citado por Martins, Sales, & Neto, 2019). Já as crenças limitantes são resultado de um
pensamento imperfeito, ou seja, essa crença limita, faz cm que acomodado no que escutou
durante a vida (Fagundes, 2017).

3.1.2. Valores
Os valores sociais ou morais são as qualidades historicamente singulares que o ser
social atribui, mas que retroagem sobre ele e adquirem função de modelo da alternativa, ou
seja, os valores são qualidades que medeiam escolhas. Sustentamos em outro texto (Mesquita,
2016) que valores são qualidades atribuídas que têm função de motivo.

Conforme pesquisas de Schwartz e Bilsky (1987, p. 551), valores são: “conceitos ou


crenças, sobre fins desejáveis ou sobre comportamentos, que transcendem situações
22

específicas, guiam a selecção ou avaliação de comportamentos e eventos, e são ordenados por


sua importância relativa”.

Em outra vertente, Ravlin (2003, citado por Martins, Sales, & Neto, 2019),
complementa que, “os valores agem como um dispositivo de análise de percepções que
influencia o que vemos em nosso ambiente, e como um canal para influenciar as decisões
comportamentais”.

Schwartz (1992, citado por Martins, Sales, & Neto, 2019) identificou e descreveu em
sua teoria sobre valores, uma lista com 10 valores pessoais principais que derivam da
existência humana: autodeterminação, estimulação, hedonismo, realização, poder,
benevolência, conformidade, tradição, segurança e universalismo. Apesar do valor
espiritualismo não ser classificado como um valor universal, ele também o considera
relevante.

Durante a revisão teórica apresentada neste artigo, observou-se que os 10 valores


universais de Schwartz (1992, citado por Martins, Sales, & Neto, 2019) são citados e
reconhecidos por diversos autores, como sendo capazes de explicar a motivação de valores
através de diferentes culturas e indivíduos.

Tabela 1: Valores Universais

Tipo motivacional Meta dos valores


Universalismo Compreensão e promoção do bem-estar de todos e da natureza
(tolerância).
Benevolência Promoção do bem-estar das pessoas íntimas
Tradição Respeito e aceitação aos costumes e ideais da sociedade.
Conformidade Controle de acções e impulsos que podem violar normas da sociedade
ou prejudicar outros indivíduos.
Segurança Integridade pessoal e estabilidade da sociedade, do relacionamento e
de si mesmo.
Poder Controle sobre as pessoas, recursos e prestígio.
Realização O sucesso pessoal obtido mediante uma demonstração de
competência
Hedonismo Prazer e gratificação sensual para si mesmo.
Estimulação Excitação, novidade, mudança e desafio.
Autodeterminaçã Independência de pensamento, acção e opção.
o
Fonte: adaptado de Maurer (2012, citado por Martins, Sales & Neto, 2019).

3.2. Breve caracterização histórica e aspectos socioculturais da Comunidade de Manica


De acordo com Jopela (2006, citado por Suana, 1999), parte da vida dos falantes de
Shona em Manica está intimamente relacionada com a paisagem natural e com crenças dos
23

espíritos ancestrais. Na hierarquia dos espíritos ancestrais Shona, tem se em primeiro plano o
“Mwari”, suprema divindade Shona, o criador da terra e dos homens. Este espírito controla a
fertilidade da terra, e é o suporte das leis e costumes tradicionais, fornece chuva nos tempos
de seca e adverte a nação em tempos de crise. Em seguida aparece o espírito do chefe já
falecido “Mhondoro”, que está intimamente relacionado com o território que este governa em
vida. Por último tem se o “Mudzimo”, espírito de pessoa ancestral que protege os membros da
respectiva família dos infortúnios, sendo normalmente invocados durante cerimónias
familiares e individuais.

Na crença local, estes espíritos vivem em terra assim como na água. Por isso, alguns
locais do meio natural como é o caso de riachos, lagoas, nascentes, abrigos rochosos no topo
dos montes (alguns com pinturas rupestres), árvores gigantescas, alguns arvoredos e florestas
são entendidos como locais com grande valor espiritual. Alguns destes elementos naturais são
tidos como símbolos da presença dos antepassados na terra, sendo a partir destas que as
comunidades interagem com o mundo dos ancestrais (Suana, 1999).

A cultura, nesta parcela do país é manifestada através de vários símbolos


designadamente, ritos (nascimento, casamento, fúnebres e de preces de chuva), dança
tradicional, artesanato entre outras práticas (Suana, 1999).

3.3. Modelo de Crenças em Saúde


Um dos modelos mais antigos ligado à percepção sobre o processo saúde-doença e
comportamentos promocionais é o Modelo de Crenças em Saúde, construído por Rosenstock
em 1966. Este modelo tenta explicar a acção preventiva com objectivo de prever a opção das
pessoas em emitir acções saudáveis e é composto por quatro dimensões: (a) susceptibilidade
percebida, que se refere à percepção de risco de contrair uma doença, (b) severidade
percebida, que é a avaliação da gravidade da doença, (c) benefícios percebidos, que se refere à
crença na efectividade da acção e suas consequências positivas e (d) barreiras percebidas,
avaliação negativa do custo- benefício em se colocar a acção de saúde em prática (Dela
Coleta, 2004b; Nejad, Wertheim & Greenwood, 2005; Ogden, 2004, citado por Barletta,
2010).

Neste sentido, este modelo propõe dois principais tipos de crenças: as que estão
relacionadas com a prontidão para agir e as que estão relacionadas à alteração de factores que
inibem ou facilitem a acção (Nejad, Wertheim & Greenwood, 2005, citado por Barletta,
2010).
24

Uma pesquisa feita por Leventhal e Cols (1985, citado por Ogden, 2004) apontou seis
factores como preditores da maior possibilidade de emissão dos comportamentos de saúde por
parte dos indivíduos: (a) factores sociais, como aprendizagem, reforço, modelagem e normas
sociais; (b) genética; (c) factores emocionais como ansiedade, estresse, tensão e medo; (d)
sintomas percebidos, como dor, fadiga e falta de ar; (e) crenças do doente e (f) crenças dos
profissionais de saúde. Neste sentido, variáveis como auto-eficácia, lócus de controlo,
optimismo irrealista e fases da mudança do comportamento estão directamente relacionadas
às crenças em saúde. A auto-eficácia conceito da aprendizagem social desenvolvido por
Bandura, é uma variável cognitiva que tem função motivacional, uma vez que assume que os
processos psicológicos criam e fortalecem as expectativas de eficácia pessoal. Assim, o
indivíduo acredita que consegue realizar um comportamento com certa presteza que produz
um resultado positivo (Ribeiro, 2007, citado por Barletta, 2010). Desta forma, a relação da
pessoa com seu ambiente extrapola o saber o que fazer, ela “envolve uma capacidade
generativa na qual habilidades comportamentais, sociais e cognitivas devem ser organizadas
em cursos de acção integrados para servir a inúmeros propósitos” (Silva, 2004, citado por
Barletta, 2010).

No campo da saúde, a auto-eficácia facilita a percepção de capacidade de lidar com o


estresse, com o medo do adoecimento, com o manejo da dor e aumenta a probabilidade do
comportamento de resiliência (Bandura, 2008; Mendonça, 2005; Stallard, 2007; Silva, 2004,
citado por Barletta, 2010).

Algumas pesquisas têm apontado que um dos factores que contribui para os indivíduos
continuarem a emitir comportamentos patogénicos é a percepção distorcida de risco e
susceptibilidade, apontando um optimismo irrealista de que ele tem menos probabilidade de
ser acometido de um problema de saúde que outros. De acordo com Ogden (2004), em 1987
Weinstein apontou quatro factores cognitivos que levam ao optimismo irrealista: “1) a falta de
experiência pessoal do problema, 2) a crença de que o problema é facilmente prevenido pela
acção individual, 3) a crença de que, se o problema ainda não apareceu, não irá aparecer no
futuro e, 4) a crença de que o problema é pouco frequente” (p.36). As explicações para esse
fenómeno psicológico passam pela atenção selectiva e egocentrismo, como desvalorizar
comportamentos promocionais de saúde dos outros.
25

3.4. Cuidados de saúde e quadro epidémico


A rede de saúde do distrito, apesar de estar a evoluir a bom ritmo, é insuficiente,
evidenciando os seguintes índices de cobertura meda:

 Uma unidade sanitária por cada 12 mol pessoas;


 Uma cama por 1.500 habitantes; e
 Um profissional técnico para cada 2.700 residentes no distrito.

O quadro epidémico do distrito é dominado pela malária, e DTS (ITS) e SIDA que, no
seu conjunto, representa quase a totalidade dos casos de doenças notificados no distrito
(Ministério da Administração Estatal, 2005).

Gráfico 1: Quadro epidémico

60000
49694
50000

40000

30000

20000

10000 7943
4143
0 81 65
0

Series1

Fonte: Administrado do Distrito e Direcção Provincial de Saúde (2003, Ministério da


Administração Estatal, 2005).

3.5. Covid-19 e Sua Prevenção


Segundo (MISAU, 2020), Sars-CoV-2 é o nome que a OMS atribuiu ao novo
Coronavírus. Por sua vez a COVID-19 é a doença causada pelo vírus Sars-Cov-2. “CO” vem
da palavra corona, “VI” vem de vírus, “D” significa doença e o 19 representa o ano em que
foi descoberto o novo coronavírus. Esta doença apresenta-se em formas leves, moderadas e
graves, sendo a forma grave manifestada por pneumonia, no qual os pacientes apresentam
dificuldade para respirar e requerem internamento e medidas de suporte respiratória.

Acredita-se que cerca de 80% dos casos a infecção pelo novo Sars-CoV-2 seja
assintomática, contudo, eles poderão mesmo assim transmitir o vírus a outras pessoas. Daí a
importância de diagnosticar a doença e permitir isolar os pacientes e os seus contactos
próximos o mais rápido possível, evitando o surgimento de novos casos na comunidade.
26

E acordo com Sifuentes-Rodríguez e Palacios-Reyes (citado por Pereira, Oliveira,


Costa, Bezerra, Pereira, Santos, & Dantas, 2020), “a doença foi identificada em dezembro de
2019, depois de surto de pneumonia de causa desconhecida, envolvendo casos de pessoas
que tinham em comum o Mercado Atacadista de Frutos do Mar de Wuhan, e definida, até
então, como uma epidemia”.

Em 11 de março de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a


COVID-19 como uma pandemia conforme (Pereira, MD.; Oliveira, LC.; Costa, CFT.;
Bezerra, CMO.; Pereira, MD.; Santos, CKA & Dantas, EHM, 2020). Nesta situação, o status
da doença se modificou, pela alta taxa de transmissão do vírus e sua propagação em nível
mundial. Na África, o primeiro caso foi registrado no dia 14 de fevereiro de 2020 pelo
Ministério da Saúde do Egipto. A nível do continente africano, segundo a CDC-África, até às
09h do dia 01 de abril de 2020, foram notificados para COVID-19 com um total cumulativo
de 6.313 casos, 221 óbitos e 469 recuperados em 49 países. Na República de Moçambique, na
mesma data, foram notificados 10 casos, segundo Boletim informativo sobre o COVID-19
(MISAU, 2020b).

A Covid-19 foi registrada em mais de 180 países ao redor do mundo, e mediante ao


grande avanço da contaminação da doença, várias autoridades governamentais vêm adoptando
diversas estratégias, com a intenção de reduzir o ritmo da progressão da doença (Pereira,
MD.; Oliveira, LC.; Costa, CFT.; Bezerra, CMO.; Pereira, MD.; Santos, CKA & Dantas,
EHM, 2020).

Neste contexto, o novo Sars-CoV-2 se transmite de uma pessoa para outra, de duas
maneiras principais: (1) através de gotículas de aerossóis (gotas de saliva ou secreções das
vias respiratórias contaminadas) eliminadas do tracto respiratório através da boca ou nariz
quando a pessoa fala, tosse ou espirra, (2) pode também ser transmitida através do contacto
directo das mãos com superfícies ou objectos contaminados por essas gotículas e, passadas
para o corpo através da mucosa da boca, nariz ou olhos quando o indivíduo toca a face com as
mãos contaminadas (MISAU, 2020).

Actualmente, pesquisadores e profissionais da área da saúde estão em um constante


desafio conforme o avanço no número de casos de COVID-19, pois a doença ainda não possui
o risco clínico totalmente definido, como também não se conhece com exactidão o padrão de
transmissibilidade, infectabilidade, letalidade e mortalidade, (Pereira, et al., 2020)
27

Entre estas estratégias, a primeira medida adoptada é o distanciamento social, evitando


aglomerações a fim de manter, no mínimo, um metro e meio de distância entre as pessoas,
como também a proibição de eventos que ocasionem um grande número de indivíduos
reunidos (ex.: escolas, universidades, shows, supermercado, academias desportivas, eventos
desportivos, entre outros) (Reis-Filho & Quinto, 2020, citado por Pereira, et al., 2020).

Medidas colectivas de isolamento social foram determinadas por diversos países,


desde o fechamento de escolas e de locais de vendas de produtos e de serviços não essenciais
até o lockdown completo, com interdição de vias de acesso. Essas políticas visam
principalmente a achatar a curva de casos a fim de evitar o colapso dos serviços de saúde e
oferecer protecção especial a indivíduos com maior risco de ter casos graves de Covid-19,
como os mais velhos e os portadores de doenças crónicas (Buss & Fonseca, 2020).

3.6. Diagnóstico, Tratamento da Covid-19 e Transmissão


3.6.1. Diagnóstico
Devido à inexistência de sintomas clínicos capazes de diferenciar a doença provocada
pelo vírus Sars-CoV-2 daquelas provocadas por outros vírus respiratórios, o diagnóstico
laboratorial é a alternativa possível para o diagnóstico conclusivo. O diagnóstico precoce de
indivíduos apresentando ou não sinais e/ou sintomas relacionados a infecção pelo coronavírus
permite rápida intervenção terapêutica e o seguimento de contactos, possibilitando melhor
controle da disseminação do vírus (Buss & Fonseca, 2020).

Recomenda-se a testagem de todos os contactos próximos de um caso positivo.


Devido ao potencial de transmissão de pessoas assintomáticas ou pré-sintomáticas, é
importante que contactos de indivíduos positivos sejam rapidamente identificados e testados.
Embora um resultado negativo nesses indivíduos não exclua a possibilidade de que ele esteja
no período de incubação viral, sem que ainda seja possível detectar o vírus (Buss & Fonseca,
2020).

Os testes sorológicos ainda não são considerados testes de diagnóstico individual e


seus resultados devem ser interpretados cuidadosamente de acordo com as informações
clínicas, os resultados de outros testes e o contexto epidemiológico. No momento, a
implementação destes testes deveria estar direccionada principalmente para pesquisas
epidemiológicas e de soroprevalência (Paho, 2020; CDC, 2020b, citado por Buss & Fonseca,
2020).
28

Entretanto, deve-se observar que a sensibilidade do PCR é reduzida, quando são


utilizadas amostras com baixa carga viral, e que esse possui algumas desvantagens, tais como
o tempo necessário entre a colecta e a disponibilização do resultado, a necessidade de
estrutura física especializada e de equipe técnica qualificada (Ministério da Saúde, 2020).

Segundo, a Índia cancelou a importação de testes de diagnóstico chineses para o


coronavírus, alegando que não eram confiáveis por terem baixa taxa de precisão (Buss &
Fonseca, 2020).

Há informações limitadas disponíveis para caracterizar o espectro da doença clínica.


Muitas das informações são baseadas em evidências precoces, na análise de séries de casos e
relatórios e em dados de infecções anteriores por coronavírus, como a síndrome respiratória
aguda grave (SARS) e síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS) (Ministério da Saúde,
2020).

Recomenda-se a consulta das orientações locais e actualizações periódicas divulgadas


pelas instituições oficiais de saúde, como o Ministério da Saúde e os organismos
internacionais, como a OMS e a Organização Pan-americana da Saúde (OPAS) (Ministério da
Saúde, 2020).

3.6.2. Tratamento
O tratamento da Covid-19 é basicamente sintomático e de suporte, de acordo com as
manifestações clínicas apresentadas. Informações e recomendações detalhadas sobre as linhas
de cuidado com os pacientes com Covid-19 podem ser encontradas no guia de manejo clínico
publicado pela Organização Mundial da Saúde (WHO, 2020c, citado por Buss & Fonseca,
2020)

Centenas de compostos novos e já disponíveis comercialmente foram pesquisados em estudos


pré-clínicos para avaliar actividade antiviral, antitrombótica e/ou imunomoduladora; alguns
poucos chegaram a ensaios clínicos, muitos dos quais ainda em andamento. Até o momento
não há resultados conclusivos provenientes de estudos clínicos (Buss & Fonseca, 2020).

3.6.3. Transmissão
O modo de transmissão do Sars-CoV-2 ainda não foi totalmente elucidado. Acredita-
se que o Sars-CoV-2 seja transmitido por meio de contacto e gotículas que se formam quando
uma pessoa infectada fala, tosse ou espirra ou aerossóis, nos casos de realização de
procedimentos que gerem aerossóis, sejam elas sintomáticas ou não. Sendo assim, os
29

assintomáticos são fonte de infecção em potencial, espalhando o vírus (Ministério da Saúde,


2020).

Contudo, o tempo pelo qual os portadores assintomáticos do Sars-CoV-2 poderiam


transmiti-lo ainda não está elucidado. A transmissão pode ocorrer pessoa a pessoa ou a curtas
distâncias. Entretanto, transmissões por via fecal-oral foram relatadas e evidências recentes
sugerem que esse mecanismo não pode ser descartado (Ministério da Saúde, 2020).

Segundo um estudo, apoiado pela FAPESP, entre os factores que contribuíram para a
maior taxa inicial de crescimento da covid-19 esta hábitos de saudação que envolvem
contacto físico, como beijo, abraço ou aperto de mão (Karina Toledo , 2021). O que significa
quanto maior forem os valores culturas maior probabilidade da evolução do quadro
epidemiológico de uma pandemia, sobretudo, a Sars-cov-2.

Capítulo IV – Análise e Interpretação de Dados

A pesquisa foi aplicada no bairro 25 de Setembro situada na cidade de Manca, a


sessenta munícipes da cidade de Manica. Sabe-se que o objectivo central do trabalho é
analisar as crenças e valores que estão a comprometer as medidas de prevenção da covid-19
na cidade de Manica. Tendo em conta este objectivo foi elaborado um questionar de quatro
questões no qual explora quatro dimensões: percepção individual de susceptibilidade
percebida, severidade percebida, benefícios percebidos e barreiras percebidas; um guião de
entrevista com duas questões que onde buscou-se entender sobre o conhecimento das medidas
de prevenção da covid-19 e sobre sua opinião sobre as medidas de prevenção da covid-19; e
um guião de observação sobre medidas de prevenção da covid-19.

O período de colecta foi de 15 a 17 de Setembro de 2021. Os dados demográficos


colectados consistiram em sexo, idade, nível de escolaridade, estado civil, e sistema de
transporte utilizado para se locomover diariamente. Os participantes foram consultados sobre
suas crenças e conhecimentos a respeito da infecção por covid-19 e foram instruídos a
30

escolher o número que melhor representasse a percepção relacionada à pergunta realizada,


guiados pelos descritores presentes na escala de classificação.

4.1. Dados sociodemográficos dos participantes da pesquisa


Com base nos dados colectados nos 60 participantes, com idade compreendida entre
17 a 67 aos de idade, de ambos os sexos, onde 65% são do sexo masculino e 35% do sexo
feminino. O resumo dos dados demográficos da amostra está apresentado nos gráficos 2 e 3.

Gráfico 2: Sexo

70 65.0
60

50
39.0
40 35.0
30
21.0
20

10

0
Frequência Porcentagem

Fonte: O Autor/2021

Gráfico 3: Sexo, grau de instrução e estado civil

Solteiro(a) 21 17

Divorciado(a) 3 0

Casado(a) 15 4

Sem instrução formal 1 4

Primário 4 3

Secundário 30 12

Superior 4 2

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Sexo Masculino Sexo Feminino

Fonte: O Autor/2021.

No que diz respeito ao nível de escolaridade/grau de instrução, verificou-se que 10%


possuíam o nível superior dos quais 6.67% do sexo masculino e 3.33% do sexo feminino,
70% possuíam o nível secundário dos quais 50% do sexo masculino e 20% feminino, 11.7%
31

possuíam o nível primário dos quais 6.67% do sexo masculino e 5.03% do sexo feminino e
8.3% sem instrução formal dos quais 1.67% masculino e 6.63% do sexo feminino.

Em relação ao estado civil, constatou-se que 31.67% eram casados dos quais 25%
casados e 6.67% casadas, 5% eram divorciados e 63.33% eram solteiros dos quais 35%
solteiros e 28.33% solteiras.

4.2. Análise do questionário baseado no modelo de crenças em saúde


Numa escala de classificação de 0 a 10 descritos por absolutamente nada, mínima,
muito baixa, baixa, moderada, um pouco alta, alta, muito alta, extremamente alta, máxima e
máximo absoluto, os 60 questionados atribuíram os seus valores para cada pergunta analisada
abaixo.
32

Gráfico 4: Acredita que é susceptível a doença causada pelo vírus Sars-CoV-2 (Covid-19)

Acredita que é susceptível a doença causada pelo vírus


Sars-Cov-2 (Covid-19)?
60
60

40
23
20 13
3 5 3 1 3 1 3 5
0
da a
ix
a xa ad
a ta ta ta a to al
a i m i al Al ea
l i m
ol
u
To
t
en ín ba Ba er o t áx
t M to od uc en M bs
en ui M po
a
m M am m
o
ta Um m xi
so
l u tre á
Ex M
Ab

Fonte: O Autor/2021.

Com base nos dados demonstrados no gráfico acima, dos 60 pesquisados 23


classificam com máximo absoluto, 5 classificam como máxima, 3 classificam como
extremamente alta, 1 classifica como alta, 3 classificam como um pouco alta, 13 classificam
como moderada, 1 classifica como baixa, 3 classificam como muito baixa, 5 classificam como
mínima e 3 classificam como absolutamente nada.

Com base nos dados os que classificam como máximo absoluto, máxima e
extremamente alta, acreditam que são mais susceptíveis a doença Sars-CoV-2, o pesquisador
entende que este fenómeno pode estar relacionado com uma doença cronica ou ainda
actividade diária do sujeito, como aquelas actividades que permitem ao sujeito estar
constantemente em contacto com muitas pessoas como por exemplo negociantes, balconistas
entre outros serviços que permitem estar em interacção com pessoas e como tal, o sujeito
entendendo este cenário que é mais susceptível a doença Sars-CoV-2 pode ser influenciado a
aderir ou adoptar as medidas de prevenção da Sars-CoV-2 .

Os que classificam como alta, moderada, e um pouco, no entende do pesquisador estes


acreditam que são razoavelmente menos propensos ou susceptíveis a doença Sars-CoV-2 e
esse entendimento pode estar ligada a uma idealização errada do sujeito.

Para os que classificam como mínima, muito baixa e baixa acreditam que são menos
susceptíveis a contrair a Sars-CoV-2, o que pode levar o sujeito a não adoptar as medidas de
prevenção da covid-19.
33

Tem-se os que classificaram como absolutamente nada, estes não acreditam que são
susceptíveis a doença e este fenómeno parte de uma idealização irrealista na qual o sujeito
acredita que não é susceptível a doença levando-o a não cumprir com as medidas de
prevenção da Sars-CoV-2, que segundo Weinstein (1987, citado por Ogden, 2004), as
explicações para esse fenómeno psicológico passam pela atenção selectiva e egocentrismo,
como desvalorizar comportamentos promocionais de saúde.

Gráfico 5: Acredita que a doença (Covid-19) gerará/gera impacto negativo, ao menos


moderado, em sua vida

Acredita que a doença (Covid-19) gerará/gera impacto


negativo, ao menos moderado, em sua vida?
70
60
60
50
40
30 24
20 16
10 4 6 3
2 2 1 2
0
ad
a
im
a
ix
a
ad
a
alt
a lta alt
a
im
a
ut
o tal
n ín ba er o A to áx s ol To
te M to od u c ui ab
en ui M po M
M
o
tam M m im
lu U áx
b so M
A

Fonte: O Autor/2021.

No gráfico acima, 24 classificam com máximo absoluto, 3 classificam como máxima,


2 classificam como muito alta, 1 classifica como alta, 16 classificam como um pouco alta, 6
classificam como moderada, 2 classificam como muito baixa, 2 classificam como mínima e 4
classificam como absolutamente nada.

O impacto percebido nos pesquisados pode dever-se a suspensão das actividades, ou


seja, antes da pandemia os serviços funcionavam de forma normal para uma alteração brusca
do funcionamento como por exemplo a interrupção de actividades como aulas e adaptação do
funcionamento das escolas entre outros estabelecimentos públicos, despendimento de
trabalhadores. Por outro lado, entende-se que os pesquisados que clássica como
absolutamente nada ou melhor que a doença não gerou impacto em suas vidas deve-se ao
facto de estes não estarem provavelmente a desempenhar actividades que não tenham sido
34

afectadas com o impacto da pandemia ou mesmo que este grupo não tenha percebido o
impacto da pandemia em suas vidas.

Gráfico 6: Acredita que adoptar determinados comportamentos é, de facto, benéficos para


reduzir sua susceptibilidade ou severidade da doença (covid-19), caso já o tenha

Acredita que adotar determinados comportamentos é, de


facto, benéficos para reduzir sua susceptibilidade ou sev-
eridade da doença (covd-19), caso já o tenha?
60
60

40 29
20 13
1 3 4 4 3 3
0
ad
a a
ix
a d a ta lta a
ut
o al
im ra al a i m
ol To
t
n ín ba de o te áx
t e M to o uc en M bs
en ui M po
a
am M am m
o
l ut Um tre
m
á xi
b so Ex M
A

Fonte: O Autor/2021.

Com base no gráfico 6, dos 60 pesquisados 29 classificam com máximo absoluto, 5


classificam como máxima, 3 classificam como extremamente alta, 4 classificam como um
pouco alta, 4 classificam como moderada, 3 classificam como muito baixa, 13 classificam
como mínima e 1 classifica como absolutamente nada. Os que classificam como máximo
absoluto, máximo e extremamente percebem que adoptar determinados comportamentos é, de
facto, benéficos para reduzir sua susceptibilidade ou severidade da doença (covid-19), caso já
o tenha, esta percepção do sujeito ajuda no combate e controle da pandemia e para o bem-
estar de todos, que segundo Rosenstock (1966, citado por Barletta, 2010), que os benefícios
percebidos, referem-se à crença na efectividade da acção e suas consequências positivas.

Já os que classificaram como um pouco alta, esta percepção dos sujeitos de não
valorizar uma acção por sua totalidade pode influencia-lo futuramente a comportamento de
risco.

Os que classificaram como moderada, muito baixa e mínima desvalorizam mais esta
percepção de que adoptar determinados comportamentos é, de facto, benéficos para reduzir
35

sua susceptibilidade ou severidade o que pode influenciar a agravar a situação da saúde


publica caso o sujeito já o tenha.

Tem-se os que classificam como absolutamente nada em que acreditam que adoptar
determinados comportamentos não é de facto benéficos para reduzir sua susceptibilidade ou
severidade da doença Sars-CoV-2 caso o sujeito o tenha, deste modo, influenciado
directamente para a propagação da doença e consequentemente seu quadro evolutivo.

Gráfico 7: Há/existe dificuldade de respeitar as normas e instruções de percepção e evitação


do contágio por covid-19

Há/existe dificuldade de respeitar as normas e instruções de


percepção e evitação do contágio por covd-19?
70
60
60
50
40
30 25
20 12 11
10 2 2 2 3
1 1 1
0
ad
a
im
a
ix
a
ad
a
alt
a lta alt
a
alt
a
im
a
ut
o tal
n ín Ba er o A to te áx s ol To
te M o d u c ui en ab
en M po M am
M
o
tam m m im
ol
u U tre áx
bs Ex M
A

Fonte: O Autor/2021.

No gráfico 7 verificou-se que dos 60 pesquisados 3 classificam com máximo absoluto,


2 classificam como máxima, 2 classificam como extremamente alta, 1 classifica como muito
alta, 1 classifica como alta, 11 classificam como um pouco alta, 2 classifica como moderada,
1 classifica como baixa, 12 classificam como mínima e 25 classificam como absolutamente
nada.

As dificuldades percebidas pelos sujeitos esta relacionada ao desconforto e ao hábito,


visto que cumprir com as normas e instruções de evitação ao contágio por covid-19 implica
adquirir novos hábitos cujos os mesmos podem ser difíceis de implementa-los, como afirma
Hume (1989, citado por Diniz, 2004), que a crença não é um fenómeno estritamente
intelectual, mas mais um fenómeno ideomotor, ligado ao hábito.
36

4.3. Análise da entrevista


Dos entrevistados na pesquisa 95% afirmaram conhecer as medidas de prevenção da
covid-19, dentre as medidas mencionas temos: a lavagem das mãos com água e sabão ou
cinza, distanciamento social e uso de máscaras, e 5% dos pesquisados afirmaram que não
conheciam as medidas de prevenção da covid-19 demonstrado que há necessidade de difundir
informações sobre as 0medidas de prevenção da covid-19, como é apontado por Leventhal e
Cols (1985, citado por Ogden, 2004), que um dos factores preditores da maior possibilidade
de emissão dos comportamentos de saúde por parte dos indivíduos é o factor social, como
aprendizagem.

Tabela 2: Conheces as medidas de prevenção da Covid-19? Se sim, quais são?

Conheces as medidas de prevenção da Covid-19? Se sim, quais são?


Frequência Percentual Percentagem Percentagem
acumulativa
Sim 57 95,0 95,0 95,0
Não 3 5,0 5,0 100,0
Total 60 100,0 100,0
Fonte: O Autor/2021

Percebe-se quando entrevistado um dos participantes da pesquisa sobre “Qual é a sua


opinião sobre a Covid-19 e medidas de prevenção olhando para aquilo que você acredita ou
julga?” que as medidas tomadas pelo governo ou pelos órgãos responsáveis pela saúde
pública, que tornou difícil ou dificultou bastante suas vidas levando a crer que as medidas
impostas terá uma certa dificuldade de serem cumpridas com êxito. Por outro lado, entende-se
que o sujeito vem que haja uma discrepância ou discordância entre aquilo que são as normas e
instruções de evitamento e prevenção da covid-19 com o que tem se observado ao seu redor
tornado deste modo, o comportamento do ser humano também é influenciado pelo seu meio
social, implicado por sua fez uma desvalorização por sua parte em cumprir com as medidas de
prevenção da covid-19.

“Estamos a viver num mundo de fantochada, porque falo assim, devido as


medidas que o governo esta a decretar isso sufocou o cidadão
moçambicano, sobretudo nos que vivemos na rua praticamente criou um
prejuízo, é normal tu fazeres o teste de covid-19, não é? Você acusa positivo
mais o cidadão sai do hospital ate a sua casa sem nenhuma protecção e o
governo preocupa-se que esta a proteger a população e nos também como
população enganamos o governo que a doença existe de uma forma geral,
estamos num mundo de fantochada.”
37

“Essa pandemia devida as restrições nosso governo de Moçambique não


poderia tirar medidas arrojadas para a população, só esta a nos sufocar.
Infelizmente vivemos assim, eu dou exemplo agora aguando da pandemia
nos paramos as aulas, escolas em todo o país, mas nos víamos crianças que
saiam de casa para o mercado onde haviam aglomerações, as escolas
estavam todas fechadas nos também víamos crianças saindo de um bairro
para o outro para brincar com outras crianças. Quer dizer não temos
nenhum impacto. É claro que ouvimos aqueles números que são falados
pela impressa, é discutível porque vamos imaginar assim, todo individuo
que é zero positivo, diabéticos ou todo individuo hipertenso ou todo
individuo que tem doenças cronicas 0quando esses indivíduos são
submetidos ao teste de covid-19 acusa positivo, é logico isso?”

No entender do pesquisador a necessidade de nos proteger e a promoção do bem-estar de


todos, remetendo-nos ao valor de benevolência mencionado por Schwartz (1992, citado por
Martins, Sales, & Neto, 2019), como sendo a promoção do bem-estar das pessoas íntimas.

“Essa doença não tem cura, temos que nos proteger.”

No entender do pesquisador a necessidade de nos proteger e a promoção do bem-estar de


todos, remetendo-nos ao valor de conformidade mencionado por Schwartz (1992, citado por
Martins, Sales, & Neto, 2019), como sendo controle de acções e impulsos que podem violar
normas da sociedade ou prejudicar outros indivíduos.

“Temos de nos proteger, coronavírus é uma realidade, esta a matar muita


gente. é comum ouvir algo como você para nos dizer usar mascara? Quem
você conhece que tem coronavírus? Quando dizemos temos de nos proteger,
temos de nos distanciar, temos de lavar as mãos e usar mascara nos
insultam.”

4.4. Observação nos locais de pesquisa


Nos bancos comerciais observou-se:

 Uso de máscaras e Distanciamento interpessoal, mínimo de 1,5m, o


distanciamento era orientado através de traços presentes no chão onde se
encontrava a fila.
 Uso de álcool gel para as mãos.
 Num outro banco comercial não havia distanciamento interpessoal de 1,5m.

Na praça observou-se:

 Não uso d0e máscaras.


38

No mercado e terminais de transporte observou-se:

 Não cumpr0imento do horário estabelecido pelo decreto presidencial em


relação ao horário, tempo de permanência, número de participantes e
distanciamento, desinfecção das mãos e outros aspectos.
 Não lavagem frequente das mãos com água e sabão ou cinza.
 Não cumprimento de distanciamento interpessoal, mínimo de 1,5m.
 Não medição da temperatura corporal.
 Alguns ocupantes dos transportes públicos não faziam o uso de máscara.

Nas lojas observou-se:

 Não Cumprimento do horário de funcionamento no período compreendido


entre as 6 horas e as 17 horas.
 Não existência de baldes de lavagem das mãos, distanciamento e uso de
máscaras.
39

Capítulo V – Conclusões e Sugestões

5.1. Conclusão
O estudo estabeleceu 4 variáveis que confirma em parte que as crenças da cidade de
Manica estão a comprometer as medidas de prevenção da covid-19, sendo estais as variáveis a
susceptibilidade percebida, severidade percebida, benefícios percebidos e barreiras
percebidos. Com isso, é necessário que acções sejam tomadas como a promoção do bem-estar
e estratégias de educação cívica que tornem o sujeito mais consciente e responsável com vista,
a tornar as pessoas cientes de suas acções e seu papel na prevenção e mitigação da sars-cov-2.

Por outro lado, o estudo apresenta algumas limitações, como o estudo não buscou
compreender se as 4 variáveis não foram influenciadas pelo factor de sobrevivência Vs. luta e
se as analises feitas não foram influenciadas pelo enviesamento do pesquisador.

O problema em questão, não se destaca apenas na Psicologia da Aprendizagem,


Psicologia Cognitiva ou na Psicologia Social e da Saúde é preciso que o sujeito se torne
ciente, responsável e activo no processo de saúde-doença.
40

5.2. Sugestões
Com base analise feita na pesquisa, sugere-se:

 Promover empatia e incentivar criativas e democráticas de engajamento e de


colaboração entre cidadãos e governo.
 Desenvolver conhecimentos, habilidades, valores e atitudes que os cidadãos precisam
para garantir um mundo mais justo, pacifico, tolerante, inclusive, seguro e sustentável.
 Desenvolver sentido de responsabilidade nos cidadãos.
 Equipar os cidadãos com competências para agir de forma colaborativa e responsável
para encontrar soluções comuns para desafios comuns.
 Promover um processo educativo que envolve as relações entre os profissionais da
área de saúde e a população, que necessita construir seus conhecimentos e aumentar
sua autonomia nos cuidados individual e colectivo.
41

7. Referências
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de Abril de 2020). Obtido em 27 de Outubro de 2020, de Ministério da Saúde:
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%3D235:boletim-coronavirus-mocambique-23032020%26start
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43

Suana, E. M. (1999). Introdução a Cultura Teve.

Anexos e apêndices
Universidade Púnguè
Estudo Sobre Crenças, Valores em Saúde na Prevenção da Covid-19: Estudo de
Caso da Comunidade de Manica
Questionário Baseado no Modelo de Crenças Em Saúde na Prevenção da Covid-
19
Por favor, leia as seguintes afirmações e assinale com X no quadrinho que corresponde o
número (0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10) que indica quanto cada afirmação se aplica a si. Não há
respostas correctas ou incorrectas. Não demore demasiado tempo em cada resposta.
A escala de classificação é a seguinte:
0 – Absolutamente nada.
1 – Mínima.
2 – Muito baixa.
3 – Baixa.
4 – Moderada.
5 – Um pouco alta.
6 – Alta.
7 – Muito alta.
8 – Extremamente alta.
9 – Máxima.
10 – Máximo absoluto.

Percepção sobre o processo saúde-doença e comportamentos promocionais:

1. Acredita que é susceptível a doença causada pelo vírus Sars-CoV-2 (Covid-19)?


0⌊ ⌋ 1⌊ ⌋ 2⌊ ⌋ 3⌊ ⌋ 4⌊ ⌋ 5⌊ ⌋ 6⌊ ⌋ 7⌊ ⌋ 8⌊ ⌋ 9⌊ ⌋ 10 ⌊ ⌋

2. Acredita que a doença (Covid-19) gerará/gera impacto negativo, ao menos moderado, em


sua vida?
0⌊ ⌋ 1⌊ ⌋ 2⌊ ⌋ 3⌊ ⌋ 4⌊ ⌋ 5⌊ ⌋ 6⌊ ⌋ 7⌊ ⌋ 8⌊ ⌋ 9⌊ ⌋ 10 ⌊ ⌋

3. Acredita que adoptar determinados comportamentos é, de facto, benéficos para reduzir sua
susceptibilidade ou severidade da doença (covid-19), caso já o tenha?
0⌊ ⌋ 1⌊ ⌋ 2⌊ ⌋ 3⌊ ⌋ 4⌊ ⌋ 5⌊ ⌋ 6⌊ ⌋ 7⌊ ⌋ 8⌊ ⌋ 9⌊ ⌋ 10 ⌊ ⌋

4. Há/existe dificuldade de respeitar as normas e instruções de percepção e evitação do


contágio por covid-19?
0⌊ ⌋ 1⌊ ⌋ 2⌊ ⌋ 3⌊ ⌋ 4⌊ ⌋ 5⌊ ⌋ 6⌊ ⌋ 7⌊ ⌋ 8⌊ ⌋ 9⌊ ⌋ 10 ⌊ ⌋
Universidade Púnguè
Estudo Sobre Crenças, Valores em Saúde na Prevenção da Covid-19: Estudo de
Caso da Comunidade de Manica
Guião de Entrevista Sobre Valores em Saúde na Prevenção da Covid-19
Obs.: As respostas da entrevista servirão apenas para fins académicos, pelo que se pede a
sua compreensão e liberdade em responde-lo.

Idade: ___ Sexo: M[ ] F[ ] Estado Civil: Casado [ ] Divorciado [ ] Solteiro [ ]

Escolaridade: Superior[ ] Secundário[ ] Primário[ ] Sem instrução formal[ ]

Transporte: Privado[ ] Público[ ]

1. Conheces as medidas de prevenção da Covid-19? Se sim, quais são?


2. Qual é a sua opinião sobre a Covid-19 e medidas de prevenção olhando para aquilo que
você acredita ou julga?
Universidade Púnguè

Estudo Sobre Crenças, Valores em Saúde na Prevenção da Covid-19: Estudo de Caso da Comunidade de Manica

Guião de Observação Sobre Medidas de Prevenção da Covid-19

Artigos Locais de Observação Aspectos a Observar


Artigo 4 Mercados Não uso de máscaras e/ou viseiras.
Medidas de prevenção e combate Lojas Não Lavagem frequente das mãos com água e
sabão ou cinza.
Não Cumprimento de Distanciamento
interpessoal, mínimo de 1,5m.
Não uso da etiqueta da tosse.
Artigo 16 Praças Não Cumprimento do horário estabelecido
Eventos públicos, privados, estabelecimentos Mercados pelo decreto presidencial em relação as
comerciais de diversão e equiparados. Bares actividades culturais e recreativas realizadas
em espaços públicos.
Não Cumprimento do horário estabelecido
pelo decreto presidencial em relação ao
horário, tempo de permanência, número de
participantes e distanciamento, desinfecção
das mãos e outros aspectos.
Não medição da temperatura corporal.
Inexistências de Arejamento nas instalações.
Não cumprimento do número máximo de
pessoas 40 (quarenta), quando aplicável,
exceptuando, situações inadiáveis do
funcionamento do Estado e outras do
interesse público.
Artigo 24 Mercados Não Cumprimento do horário de
Mercados funcionamento no período compreendido
entre as 6 horas e as 17 horas.
ARTIGO 26 Terminais de Transporte Não observância da lotação máxima de
Transportes colectivos de passageiros passageiros a bordo transportes colectivos,
públicos ou privados, nos moldes rodoviário.
Não uso de máscara pelo ocupantes dos
transportes públicos.
Não observância da lotação e uso de máscara.

Não existência de baldes de lavagem das


mãos, distanciamento, higienização dos
veículos, e uso de máscaras.

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