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MATERIAL

COMPLEMENTAR

PSICOLOGIA DA
SAÚDE

RESUMOS
SUMÁRIO

AULA 01 – INTRODUÇÃO..................................................................................................6

O que é Psicologia da Saúde?...................................................................................................6

Objetivos:....................................................................................................................................6

Abordagens atuais:....................................................................................................................7

Histórico.....................................................................................................................................7

Formação para atuação.............................................................................................................9

AULA 02 – PROCESSO SAÚDE X DOENÇA.......................................................................10

Histórico.................................................................................................................................. 10

Conceitos de Saúde x Doença................................................................................................ 12

AULA 03 – MODELOS DE SAÚDE....................................................................................13

O que são modelos de saúde?............................................................................................... 13

Modelo Assistencial e Conjuntura Social.............................................................................. 13

Comparação entre os Modelos.............................................................................................. 14

Consequência para o Trabalho em Saúde............................................................................. 15

AULA 04 – PROMOÇÃO X PREVENÇÃO...........................................................................16

Promoção de saúde e modelo biopsicossocial..................................................................... 16

Promoção x prevenção de doenças e como aplicar:............................................................. 17

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SUMÁRIO 3

Níveis de prevenção................................................................................................................ 18

Atuação do psicólogo............................................................................................................. 19

AULA 05 – COMPORTAMENTO E RELAÇÃO COM A SAÚDE..............................................20

Definição de comportamento de saúde e de risco................................................................ 20

Teorias do Comportamento e Saúde..................................................................................... 20

Fatores que influenciam o comportamento em saúde......................................................... 22

AULA 06 – ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO DA SAÚDE............................................................23

Aspectos específicos do trabalho em saúde........................................................................ 23

Adaptações ao trabalho clínico.............................................................................................. 23

O que faz o Psicólogo da Saúde?........................................................................................... 24

Público-Alvo............................................................................................................................ 24

Críticas..................................................................................................................................... 24

AULA 07 - BIOÉTICA.......................................................................................................25

Definição.................................................................................................................................. 25

Princípios................................................................................................................................. 25

Temas mais estudados.......................................................................................................... 27

Considerações......................................................................................................................... 27

AULA 08 – TENDÊNCIAS EM PSICOLOGIA DA SAÚDE.....................................................28

O que aprendemos com a Psicologia da Saúde.................................................................... 28

Desafios Enfrentados.............................................................................................................. 28

O que se espera obter para o futuro?..................................................................................... 29

O pós-pandemia..................................................................................................................... 29

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SUMÁRIO 4

AULA 09 – INSERÇÃO DO PSICÓLOGO NA SAÚDE PÚBLICA...........................................30

Como a Psicologia entrou na Saúde Pública?....................................................................... 30

Funções do psicólogo............................................................................................................. 30

Críticas..................................................................................................................................... 31

Principais interfaces entre a Psicologia e o SUS.................................................................. 32

Atividades do psicólogo na Atenção Básica......................................................................... 32

AULA 10 – PSICOLOGIA E SAÚDE PÚBLICA....................................................................33

A Psicologia antes do SUS..................................................................................................... 33

AVANÇOS NA SAÚDE DURANTE DO SÉC. XX........................................................................ 34

Contexto sócio-político brasileiro no sec. XX....................................................................... 34

Consequências históricas...................................................................................................... 35

O que mudou para a Psicologia a partir do SUS?................................................................. 35

AULA 11 – FERRAMENTAS PARA A ATUAÇÃO NA SAÚDE PÚBLICA: PARTE I...................38

Ferramentas para organização do processo de trabalho – a agenda................................. 38

Características da agenda do NASF...................................................................................... 38

Elementos constituintes da agenda ...................................................................................... 38

Sugestão de configuração da agenda................................................................................... 41

AULA 12 - FERRAMENTAS PARA A ATUAÇÃO NA SAÚDE PÚBLICA: PARTE II...................42

Ferramentas para planejamento e intervenção: O Projeto Terapêutico Singular (PTS) e o

Projeto de Saúde no Território (PST)..................................................................................... 42

Projeto terapêutico singular (PTS) ........................................................................................ 42

Projeto de saúde no território (PST)...................................................................................... 44

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SUMÁRIO 5

AULA 13 – FERRAMENTAS PARA ATUAÇÃO NA SAÚDE PÚBLICA: PARTE III....................46

Ferramentas para avaliação familiar: Genograma e Ecomapa............................................. 46

Genograma.............................................................................................................................. 46

Ecomapa.................................................................................................................................. 48

AULA 14 - A PSICOLOGIA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: PARTE I...........................................50

Compreendendo a Atenção Básica........................................................................................ 50

Características da Atenção Básica........................................................................................ 51

Princípios e diretrizes da Atenção Básica............................................................................. 52

O que é essa tal ESF – Estratégia de Saúde da Família?...................................................... 53

Organização da ESF................................................................................................................ 54

AULA 15 – PSICOLOGIA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE: PARTE II...........................55

Entendendo o lugar da Psicologia no Núcleo Ampliado de Saúde da Família (NASF-AB) ������ 55

Modalidades e características do NASF................................................................................ 56

Dois conceitos-chave para a compreensão do NASF.......................................................... 56

Como se dá o apoio matricial?............................................................................................... 58

Áreas estratégicas do NASF................................................................................................... 58

AULA 16 - PSICOLOGIA NA ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE: PARTE III................................59

Entendendo a Atuação da Psicologia no NASF-AB.............................................................. 59

Frentes de Atuação................................................................................................................. 59

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PSICOLOGIA DA SAÚDE 6

AULA 01 – INTRODUÇÃO

O QUE É PSICOLOGIA DA SAÚDE?

É o conjunto de contribuições educacionais, científicas e profissionais específicas da


Psicologia para (MATARAZZO, 1980, 1982):

dd Promoção e manutenção da saúde;

dd Prevenção e tratamento de doenças;

dd Identificação de etiologia (causas da doença) e diagnósticos relacionados à saúde,


à doença e às disfunções;

dd Aperfeiçoamento do sistema de políticas de saúde.

OBJETIVOS

Os objetivos da Psicologia da Saúde têm estreita relação com o seu conceito, e estão
relacionados a seguir:

1) Estudar a etiologia das doenças (como as pessoas adoecem, o que causa o


adoecimento, lembrando que, numa perspectiva integral a origem do sofrimento
psíquico pode ser biológica e vice versa);

2) Promover a saúde;

3) Prevenir e tratar as doenças;

4) Promover políticas de Saúde Pública e aprimorar o sistema de saúde pública. Vale


ressaltar que clínica é política, é pensar o coletivo, por isso o compromisso social
de aprimoramento da Saúde Pública.

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PSICOLOGIA DA SAÚDE 7

ABORDAGENS ATUAIS

É necessário compreender a Psicologia da Saúde como local de prática, sendo que


para atuar na área da saúde, o profissional utiliza-se de conhecimento de diversas áreas.
Portanto, existe uma íntima relação da Psicologia da Saúde com outras áreas da Psi-
cologia, a depender do tipo de intervenção que se pretende realizar. São elas:

dd Psicologia da Saúde Clínica: englobam ações no âmbito do sistema de saúde,


contextos hospitalares, clínicas e Centros de Saúde.
dd Psicologia da Saúde Pública: envolvem ações no contexto de grupos vulneráveis
e população de risco;
dd Psicologia da Saúde Comunitária: promoção da saúde mental e física das famílias
e comunidades junto a parceiros e lideranças territoriais.

Essas três abordagens precisam estar articuladas com saberes e práticas originados
de muitas disciplinas, como: epidemiologia, antropologia, sociologia, medicina compor-
tamental e outras. Isso porque a área da saúde é intersetorial, dada a complexidade dos
fatores determinantes e condicionantes da saúde.

HISTÓRICO

O campo da saúde se organizou a partir de três importantes revoluções:

1ª Revolução da Saúde

dd Revolução industrial: extensa migração e aglomeração nas cidades, trabalho nas


fábricas com poucas condições de salubridade, promovendo a manifestação de
grandes epidemias.
dd Doenças definidas como desvio da norma – no sentido orgânico, biomédico, algo
que acontecia fora do andamento normal da vida e não como um processo natural.
Portanto, a doença deveria ser combatida, evitada.
dd Início da aplicação do modelo biomédico à prevenção das doenças, na área que
hoje é a Saúde Pública.

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PSICOLOGIA DA SAÚDE 8

2ª Revolução da Saúde

d d Acontece por volta da década de 70, após as duas guerras mundiais.


d d Três características fundamentais são o foco na saúde ao invés da doença
(manter a saúde e a qualidade de vida, a doença deve ser evitada, mas em
algum momento da vida ela vai ocorrer e precisamos manter, ainda assim,
a qualidade de vida); o reconhecimento do comportamento humano como a
principal causa de morbidade e mortalidade, preconizou o retorno para uma
perspectiva ecológica.
d d Surgimento da Psicologia da Saúde.
d d Transição epidemiológica decorrente da redução das epidemias e aumento
das doenças crônicas relacionadas ao estilo de vida, portanto as intervenções
passam a ser voltadas ao comportamento das pessoas;

3ª Revolução da Saúde

d d Relacionada ao envelhecimento da população.


d d Diversificação da família, mobilidade social dos indivíduos e as migrações.
d d Revolução tecnológica que aumentou as possibilidades de intervenção nas
doenças.
d d Aproximação dos serviços de saúde à comunidade, permitindo maior
autonomia dos serviços e aproximação com o contexto cultural do território.
Além disso, promove o aumento da acessibilidade.
d d Deslocamento das preocupações e dos problemas de saúde para as doenças
crônicas.
d d Repensar o furor curandis e os limites da intervenção tecnológica no
prolongamento da vida, o que prejudica a qualidade de morte das pessoas.

A emergência da Psicologia da Saúde despontou como uma “oportunidade


para ajudar a reduzir a aceleração dos custos de saúde” (MATARAZZO, 1980, P.808
apud RIBEIRO, 2011). A Psicologia serviu a objetivos financeiros, porque se os psi-
cólogos ajudam a melhorar a qualidade de vida das pessoas, vão ser necessárias
menos intervenções tecnológicas mais caras (alta complexidade).

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FORMAÇÃO PARA ATUAÇÃO

Alguns requisitos são necessários ao psicólogo que deseja atuar no campo da saúde:

dd O psicólogo deve funcionar como cientista prático: construir e aplicar o


conhecimento científico no seu campo de trabalho;
dd Conhecimento interdisciplinar (disposição e comprometimento para o trabalho em
equipe), do vocabulário médico e do sistema de saúde são essenciais (lembrando
que o SUS regula a saúde pública e privada);
dd Habilidades interpessoais básicas são fundamentais para a intervenção, quer com
pacientes, quer com outros profissionais;
dd Deve dominar os aspectos éticos e legais inerentes a esses contextos frequentados
por populações mais vulneráveis - postura ética, compromisso político,
fortalecimento da categoria e promoção da dignidade humana;
dd A formação deve ser feita com programas flexíveis que facilitem a promoção da
criatividade e o desenvolvimento do conhecimento;
dd Manter relação estreita com a Psicologia Clínica;

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AULA 02 – PROCESSO SAÚDE X DOENÇA

HISTÓRICO

Antiguidade

Explicações espirituais para o surgimento da saúde e doença. Início dos rituais reli-
giosos para cura da doença.

dd Religiões politeístas: saúde como dádiva e doença como castigo dos deuses.
dd Religiões monoteístas: responsabilidade de um único Deus.
dd Culturas tribais: expulsar, mediante rituais os maus espíritos que tinham se
apoderado das pessoas, causando as doenças.
dd Hipócrates (400 A.C.): visão racional da saúde e doença.
dd “A doença chamada sagrada não é, em minha opinião, mais divina ou mais sagrada
que qualquer outra doença, tem uma causa natural e sua origem supostamente
divina reflete a ignorância humana”.
dd Doença não tem componente espiritual e sim uma causa natural. O ser humano
está sujeito aos quatro humores do corpo: bile amarela, bile negra, sangue e
fleuma.
dd O desequilíbrio desses quatro humores está na causa das doenças. Cada doença
estaria ligada ao desequilíbrio de um humor específico.
dd Fatores ambientais ligados à doença: Hipócrates prescrevia mudanças ambientais
como forma de intervenção nos problemas de saúde.

Idade Média

Retorno de concepções religiosas na Europa.

dd Medicina oriental: harmonia de forças vitais. Yoga, Acupuntura (prana, chi);


dd Convivência entre concepções religiosas católicas e conhecimento científico que
estava em desenvolvimento (primeiros hospitais, medicações);

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PSICOLOGIA DA SAÚDE 11

dd Crescimento dos estudos sobre anatomia, fisiologia, química, baseados em


observação clínica e epidemiológica (por conta de grandes epidemias, como
a da Peste Negra). Nessa época a epidemiologia passa a ser utilizada para
ajudar a planejar a assistência.
dd Com Descartes temos o dualismo mente-corpo, defendendo que o corpo
funcionaria tal qual uma máquina, sendo dissociado da mente. Essa divisão
foi utilizada para justificar os estudos de anatomia com cadáveres, proibido
pela Igreja Católica na época.
dd O dualismo mente-corpo permitiu o avanço nos estudos de anatomia, mas
ao mesmo tempo houve um retrocesso em relação aos aspectos subjetivos,
psicológicos e ambientais ligados ao adoecimento.
dd Descartes é responsável pela ideia de que os problemas de saúde são individuais
e as intervenções devem ser feitas no corpo do indivíduo, que influenciou o
modelo biomédico.

Modernidade

Advento do microscópio, importante para a detecção de agentes causadores de


doença, dando origem à teoria bacteriológica.

dd Bacteriologia: busca descobrir o agente etiológico para cada doença.


dd Tecnologização da medicina: uso de instrumentos para diagnóstico e
intervenção.
dd Prática médica individual passa gradativamente a ocupar importância central
nas práticas de saúde – influência de Descartes e da tecnologização da
medicina.
dd Fatores psíquicos começam a ser compreendidos como causadores de doenças
e o ser humano começa a ser visto como ser biopsicossocial, por influência da
segunda guerra e dos transtornos mentais decorrentes dela – estresse pós-
traumático.
dd II Guerra Mundial – Primeiros sistemas de saúde públicos. Inglaterra foi
pioneira.
dd É preciso cuidar da saúde da população como um tudo, porque se a população
adoece há uma perda na força produtiva do país. Saúde, portanto, é algo de
interesse estatal e mercadológico.

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PSICOLOGIA DA SAÚDE 12

Contemporaneidade

Sec. XVIII até os dias atuais.

dd Pluralidade de conceitos de saúde e doença.


dd A saúde e a doença envolvem aspectos subjetivos e não apenas biologicamente
científicas e objetivas.
dd As doenças variam historicamente em relação ao seu aparecimento e desapa-
recimento, aumento ou diminuição da frequência – transição epidemiológica.

CONCEITOS DE SAÚDE X DOENÇA


De acordo com Canguilhem, saúde implica poder adoecer e sair do estado patoló-
gico. Trata-se da capacidade de tolerância que cada um tem para enfrentar e superar as
dificuldades do meio. Para o autor, “a doença não é uma variação da dimensão da saúde,
ela é uma nova dimensão da vida”.
Portanto, adoecer e morrer fazem parte da vida, não havendo uma contraposição
entre saúde e doença.
Conceito de saúde da OMS (1948) “um estado completo de bem-estar físico, mental
e social e não somente a ausência de afecções e enfermidades”. Sendo esta uma definição
positiva de saúde, uma vez que define o que é saúde ao invés de definir saúde pela ausên-
cia de doença (definição negativa);
Em 1986 a Conferência Internacional sobre Promoção de Saúde, que ocorreu em
Ottawa, apresentou a noção de saúde como “qualidade de vida condicionada por vários
fatores, paz, abrigo, alimentação, renda, educação, recursos econômicos, ecossistema es-
tável, recursos sustentáveis, equidade e justiça social”.
O Conceito de saúde foi ampliado para incluir a promoção de saúde. Essa noção am-
pliada de saúde orienta diversos sistemas de saúde pública no mundo, inclusive o SUS.
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 196, evita discutir o conceito de saúde,
mas traz o seguinte: “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante po-
líticas econômicas e sociais que visem à redução do risco de doença e de outros agravos
e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e re-
cuperação” – o que remonta aos conceitos de prevenção primária, secundária e terciária,
que serão abordados nas próximas aulas.
A compreensão de uma determinada sociedade sobre o processo saúde e doença
implica na sua organização para a assistência de sua população.

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AULA 03 – MODELOS DE SAÚDE

O QUE SÃO MODELOS DE SAÚDE?

O conceito de modelo de saúde refere-se ao cuidado, à assistência, às interven-


ções, às ações e às práticas de saúde – identificação dos seus traços principais e sua
lógica.
Existem várias outras denominações para modelos assistenciais, como: modelo
tecnoassistencial, modos de produzir saúde, modos de cuidado, etc. Todas elas se
referem a como uma sociedade se organiza para prover saúde.
O termo modelo aqui não significa algo exemplar, norma ou padrão a ser seguido
por todos. Como afirma Jairnilson Paim:
“Modelo não é padrão, não é exemplo, não é burocracia. Modelo é uma razão de
ser – uma racionalidade. É uma espécie de lógica que orienta a ação. Modelo de aten-
ção é uma dada forma de combinar técnicas e tecnologias para resolver problemas de
saúde e atender necessidades de saúde individuais e coletivas”.

MODELO ASSISTENCIAL E CONJUNTURA SOCIAL

O modelo assistencial está fortemente associado ao cenário histórico-social de


interesses de classes e à evolução dos sistemas de saúde e das políticas de saúde.
Um modelo de saúde envolve:

dd Conceito de saúde;
dd Conhecimento disponível sobre os processos saúde e doença;
dd Necessidades de saúde da população;
dd Valorização social das categorias de trabalho;
dd Visão sobre direitos humanos;
dd Arcabouço legislativo – poder do Estado.

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COMPARAÇÃO ENTRE OS MODELOS

No quadro abaixo é possível visualizar a comparação entre dois modelos muito in-
fluentes nos sistemas de saúde atuais:

Modelo biomédico Modelo biopsicossocial

Causa da doença Agentes externos Multiplicidade de fatores

Quem é responsável Indivíduos fazem par-


Indivíduos são vítimas
pela doença te dos fatores

Visa alterar o funcio- Inclui intervenções so-


Tratamento
namento do corpo ciais e coletivas

Além da equipe de saúde,


Responsável pelo
Médico indivíduo e sistema familiar
tratamento
são convocados a fazer parte

Qualitativamente diferen-
Relação
te, não há continuidade Continuum entre os polos
saúde x doença
Pólos opostos

Relação dualista men-


Relação Interagem entre si, sen-
te e corpo – funcionam
mente x corpo do indissociáveis
de forma independente

Aspectos psicológicos fazem


Doenças podem ter con-
Papel da parte da etiologia, do proces-
sequências psicológi-
Psicologia so de adoecimento e podem
cas, mas não causas
fazer parte das sequelas

Fonte: elaboração própria.

No que tange a Psicologia, os aspectos subjetivos e emocionais, estão envolvidos


nos momentos antes, durante e depois do adoecimento. Desse modo, a intervenção do
psicólogo pode acontecer independente do momento de adoecimento do sujeito.

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dd Antes: para aumentar qualidade de vida, desenvolvimento de comportamentos


mais saudáveis.
dd Durante: para o manejo de estresse, enfrentamento do adoecimento.
dd No final: em relação a sequelas e reabilitação, manejo da vida após o adoecimento.

CONSEQUÊNCIA PARA O TRABALHO EM SAÚDE

De acordo com o modelo adotado, teremos consequências na maneira como o cui-


dado em saúde é feito:

dd Comunicação com o usuário: no modelo biomédico o usuário é visto como paciente,


sempre passivo e alvo da intervenção do médico. No modelo biopsicossocial a
comunicação entre profissional e usuário é horizontal e este é considerado como
parte importante do cuidado em saúde;
dd Escuta qualificada: no modelo biomédico não é dada importância para a escuta
do paciente. Já no modelo biopsicossocial ele precisa ser escutado, uma vez que
o foco está no sujeito, seu comportamento e qualidade de vida;
dd Comunicação verbal e não verbal são consideradas;
dd Compartilhamento de informações com equipe e com o paciente;
dd Decisões sobre o tratamento: no modelo biomédico o médico toma as decisões
e só comunica ao paciente. No modelo biopsicossocial, o usuário participa das
decisões.

É importante lembrar que o modelo biomédico e o biopsicossocial não são hegemô-


nicos. Ambos coexistem.
O modelo biomédico está centrado no médico e na fisiologia orgânica; já o biopsi-
cossocial está focado no trabalho em equipe e no empoderamento dos usuários.

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AULA 04 – PROMOÇÃO X PREVENÇÃO

PROMOÇÃO DE SAÚDE E MODELO BIOPSICOSSOCIAL

Como já explicitado anteriormente, a saúde não é só biológica, está atravessa-


da por questões políticas, econômicas e sociais. Portanto, as intervenções devem ter
como objeto também o coletivo, o ambiente. Por exemplo, quando o país oferta educa-
ção, saneamento básico, renda, segurança alimentar, consequentemente os níveis de
saúde melhoram.
Considerando que a saúde é determinada por questões sociais, as intervenções
em saúde devem ser mais amplas que simplesmente o tratamento fisiológico.
O conceito de saúde como biopsicossocial precisou englobar a promoção de saúde.
O conceito de promoção saúde buscou superar a noção de prevenção ao ampliar
o espectro do modelo biomédico.
Promoção de saúde é o conjunto de atuações dirigidas à proteção, manutenção e
aumento da saúde; e em nível operativo ao conjunto de atuações (centrada no indivíduo
e/ou na comunidade) relacionadas com o desenho, elaboração, aplicação e avaliação de
programas e atividades direcionadas à educação, proteção, manutenção e acréscimo de
saúde (dos indivíduos, grupos ou comunidades) (GODOY, 1999, p. 61-62).
Os objetivos são promover qualidade de vida e aumentar a saúde. A promoção é
mais voltada para a melhoria da qualidade de vida das comunidades.
É importante lembrar que a preocupação com a qualidade de vida deve estar
presente mesmo que o sujeito esteja doente ou até mesmo em estágio terminal. Já
que o conceito de saúde é biopsicossocial, mesmo que não haja nada para fazer em
termos biológicos, ainda há o que se fazer em termos psicológicos e sociais (cuidados
paliativos).
A promoção de saúde tem a ver com o fortalecimento dos indivíduos e das co-
munidades para o enfrentamento dos determinantes sociais da saúde. Esse fortaleci-
mento serve para que os usuários tornem-se sujeitos autônomos e responsáveis pelo
próprio tratamento.

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PROMOÇÃO X PREVENÇÃO DE DOENÇAS E COMO APLICAR

São necessários três passos para a aplicação da promoção de saúde e prevenção


de doenças:

1) Identificar o perfil epidemiológico da comunidade: doenças infecciosas e


crônicas, comportamento, cultura, conhecer melhor a população também;
2) Propor as assistências antes das enfermidades: não é só resolver o problema
depois que este apareceu, é ter uma assistência delineada antes do problema;
3) Melhorar o potencial socioecológico das comunidades: promover intervenções
de saúde para benefício da coletividade.

Em relação às distinções entre os conceitos de promoção e prevenção, temos


que:

Promover saúde significa educar, o que permite que a população desenvolva


comportamentos que sejam realmente eficazes para a construção de uma saúde óti-
ma. Empoderar a partir das informações sobre saúde, isto porque uma população mais
instruída consegue cuidar melhor da própria saúde.
Prevenção de doenças: Intervenções orientadas a evitar o surgimento de doenças
específicas reduzindo sua incidência e prevalência nas populações, mediante o encur-
tamento do período de duração da doença ou a diminuição das sequelas. Ou seja:

dd Evitar o surgimento da doença.


dd Diminuir o tempo e o numero de pessoas doentes, caso não seja possível evitar
as doenças
dd Diminuir sequelas.

Como aplicar a prevenção de doenças?


1) Proteção específica: evitar o aparecimento de uma doença específica. São
exemplos: vacinação, exame pré-natal, eliminação de foco de vetores de
doenças, fluoretação da água, distribuição de preservativos, etc.
2) Diagnóstico e tratamento precoce: Uma vez que o sujeito adoeça, é necessário
que o diagnóstico e o tratamento sejam feitos nos estágio iniciais da doença.
Alguns exemplos são: exames periódicos de saúde (checkups), rastreamento
(screenings) para doenças infectocontagiosas, autoexame.

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3) Redução do dano e reabilitação: Quando não é possível essa detecção precoce


e a doença já avançou é necessário o acesso ao tratamento adequado, órteses,
próteses, dentre outros.

A base do discurso preventivo é o conhecimento epidemiológico moderno; seu obje-


tivo é o controle da transmissão de doenças infecciosas e a redução dos riscos de doen-
ças degenerativas ou outros agravos específicos.
No quadro abaixo, é possível visualizar as distinções entre os conceitos de promoção
de saúde e prevenção de doenças.

PROMOÇÃO DE SAÚDE PREVENÇÃO DE DOENÇAS

A promoção de saúde é uma interven- A prevenção da enfermidade é uma inter-


ção anterior à prevenção de doenças. venção posterior à promoção de saúde.

Contribui na transformação das condi- Contribui para a diminuição da incidên-


ções de vida e de trabalho cia e prevalência das enfermidades.

Foco nas doenças e nos riscos de ado-


Foco na saúde, o alvo é o indivíduo e ecer, o alvo são os indivíduos, o objetivo
o coletivo, o objetivo é atuar sobre os é reduzir os fatores de risco de doenças,
múltiplos determinantes da saúde proteger indivíduos e grupos contra ris-
cos específicos.

Fonte: elaboração própria.

NÍVEIS DE PREVENÇÃO

1) Prevenção primária: ações que visam à diminuição da incidência das enfermidades.


A intervenção foca na construção de estilos de vida saudáveis.
2) Prevenção secundária: ações que visam à diminuição dos danos das enfermidades.
As intervenções consistem no acompanhamento do paciente, ajudando no
seguimento do tratamento, seja físico ou psicológico.
3) Prevenção terciária: Diminuição das sequelas e complicações do tratamento. As
intervenções envolvem a assistência a problemas de alta complexidade, derivados
dos outros níveis de atenção.

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ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO

O Psicólogo trabalha nos três níveis de prevenção. O psicólogo hospitalar atua nos
níveis secundário e terciário, mas o psicólogo da saúde vai atuar nos três níveis de pre-
venção.

Prevenção primária: trabalho em equipe multidisciplinar, grupos educativos, elabora-


ção de programas educativos para a saúde. Atuação intersetorial com educação e assis-
tência social, atuação de fortalecimento comunitário.

Prevenção secundária: atuação psicoterápica, psicodiagnóstico, pareceres, progra-


mas de adesão aos tratamentos médicos.

Prevenção terciária: apoio aos pacientes hospitalizados. Cuidados paliativos, cuida-


dos com os cuidadores, intervenções pré e pós-cirúrgica.

É importante ressaltar que a atuação do psicólogo pautada pelo nível de complexida-


de da situação e não pelo local onde ele está atuando.

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AULA 05 – COMPORTAMENTO E
RELAÇÃO COM A SAÚDE

DEFINIÇÃO DE COMPORTAMENTO DE SAÚDE E DE RISCO

Na medicina comportamental, o comportamento pode ser definido como qualquer


movimento do organismo humano envolvendo uma faceta motora, cognitiva, emocional
e fisiológica.
A maioria dos comportamentos afeta a saúde de forma positiva (comportamento de
saúde) ou negativa (comportamento de risco).Alguns exemplos de comportamentos de
risco são: não usar preservativo na relação sexual, não usa máscara de proteção durante
a pandemia de COVID-19, comer alimentos gordurosos e pobres em fibra, abusar de álcool
e outras drogas, participar de comportamentos violentos, etc.

TEORIAS DO COMPORTAMENTO E SAÚDE

O que faz com que uma pessoa decida por um comportamento de saúde ou de risco?
Para essa questões foram propostas respostas a partir das teorias de comportamento e
saúde, listadas abaixo.
Modelos de crenças em saúde: as decisões relacionadas ao comportamento de saú-
de baseiam-se em fatores que interagem e influenciam nossas percepções à respeito de
ameaças à saúde. As decisões dependem do que as pessoas acreditam que irá beneficiar
a elas em termos de saúde. As percepções em relação à saúde e à doença vão ser a base
do comportamento. Este modelo leva em conta os seguintes fatores:

1) Suscetibilidade percebida: percepção subjetiva do risco de contrair alguma


doença. Quanto maior a suscetibilidade percebida, maior a motivação para adotar
comportamentos de saúde.
2) Gravidade percebida: grau de perturbação emocional ou o fato do indivíduo
associar o problema de saúde à gravidade de suas consequências.
3) Benefícios percebidos: crença na efetividade daquele comportamento e percepção
de suas consequências positivas.

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4) Barreiras percebidas: os benefícios da ação são avaliados em função das barreiras


para realiza-los, em uma análise de custo x benefícios.

Teoria do comportamento planejado: prevê que a decisão de um indivíduo de realizar


determinado comportamento saudável baseia-se na sua intenção e disposição compor-
tamental. Enfatiza o que faz com que você se sinta motivado para adotar um comporta-
mento de saúde.

1) Intenção/atitude comportamental: a decisão de adotar ou não um comportamento


de saúde é determinada pela crença de que este comportamento levará a certos
resultados.

2) Norma subjetiva: reflete a nossa motivação de aderir à visão das outras pessoas
em relação ao comportamento de saúde. Daí a importância da construção do
vínculo com o profissional para a adesão às informações transmitidas por ele.

3) Percepção de controle do comportamento: refere-se à nossa expectativa de


sucesso em adotar um comportamento de saúde. Quanto mais recursos e
oportunidades acreditamos ter para realizar uma mudança comportamental,
maior nossa crença de que podemos mudar nosso comportamento.

Modelo Transteórico: passagem das pessoas por cinco estágios quando tentam mu-
dar comportamentos relacionados com a saúde.

Estágio 1 Estágio 2 Estágio 3 Estágio 4 Estágio 5

Pré- Contempla- Prepara- Ação: já hou- Manutenção:


contempla- ção: o indiví- ção: envole ve a mudança o indivíduo
ção: ainda duo começa pensamentos de compor- manteve o
não há inten- a considerar e ações. tamento e ha comporta-
ção em mu- a mudança. tentativa de mento por
dar o com- manter os seis meses.
portamento. esforços. O foco é pre-
venir recaídas
e consolidar
os ganhos

Fonte: elaboração própria.

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PSICOLOGIA DA SAÚDE 22

Os estágios não acontecem necessariamente nessa ordem, as pessoas variam em


relação à maneira como executam uma mudança. Questões emocionais e situacionais
podem dificultar a mudança de comportamento e o balanço decisório. A partir de cada
estágio, a intervenção vai ser diferenciada.

FATORES QUE INFLUENCIAM O COMPORTAMENTO EM SAÚDE

1) Foco atencional: estilo característico de monitorar os sintomas corporais, emoções


e bem-estar geral.

2) Representação da doença: a maneira como se vê uma determinada doença afeta a


saúde, influenciando o comportamento preventivo e a forma como o sujeito reage
ao surgimento de sintomas.

3) Comportamento de demora na busca do tratamento: sintomas não são percebidos,


há negação da doença e não aceitação de ajuda profissional, procrastinação para
procurar atendimento médico ou custos percebidos no tratamento superam os
benefícios.

4) Comorbidade entre transtornos físicos e psicológicos: por exemplo, depressão.

5) Estresse: tipo de relação do indivíduo com o meio que, ao proceder à avaliação da


situação, a percebe como ameaçadora ao seu bem-estar.

6) Insensibilidade ao risco ou otimismo exagerado.

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AULA 06 – ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO


DA SAÚDE

ASPECTOS ESPECÍFICOS DO TRABALHO EM SAÚDE

São objetivos do trabalho do psicólogo da saúde:

1) Estudar de forma científica a etiologia das doenças;


2) Promover a saúde;
3) Prevenir e tratar doenças;
4) Promover políticas de saúde pública e aprimoramento do sistema de saúde
pública.

A depender do objetivo, o psicólogo fará um tipo diferente de intervenção.


Locais de atuação: Além dos serviços de saúde (atenção básica e de média comple-
xidade, unidades de internação – alta complexidade), pesquisa, ensino, gestão, ONG’s,
dentre outros.

ADAPTAÇÕES AO TRABALHO CLÍNICO

O psicólogo deve evitar a transposição do modelo clínico, vigente nos atendimentos


individuais em consultório, para a atuação na área de saúde. Na atuação em saúde, algu-
mas adaptações são necessárias:

1) Definição de quem é o seu cliente: atuação frente à equipe, à família e ao paciente.


Essa definição está relacionada à demanda feita.
2) Relação do psicólogo com o cliente: nem sempre é o paciente que faz a demanda.
Fazemos muita busca ativa e criamos a demanda.
3) Tempo de intervenção: pode ser uma psicoterapia mais longa (média complexidade,
CAPS, etc.), mas podem ser mais breves e focais.

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4) Pesquisa: a pesquisa é carente no exercício da Psicologia da Saúde. É considerada


uma ação fundamental para o aprimoramento da prática, capacitação e ampliação
do conhecimento no campo de atuação. Portanto, é necessário incorporar a prática
acadêmica no ambiente profissional, uma vez que a prática ajuda a construir
também o conhecimento científico.

O QUE FAZ O PSICÓLOGO DA SAÚDE?

A principal crítica feita ao trabalho do psicólogo na saúde é a transposição do mode-


lo clínico para a saúde. Portanto, o profissional deve adotar outra perspectiva no trabalho
em saúde, pois deve pensar em criar uma cultura de saúde naquela coletividade.
O psicólogo deve proporcionar com que as pessoas incluam no seu projeto de vida
comportamentos de promoção de saúde e prevenção de doenças.
Além disso, deve aperfeiçoar técnicas de enfrentamento no processo de ajustamento
ao adoecer, à doença e às suas eventuais consequências.

PÚBLICO-ALVO

1) Relação entre paciente e equipe: mediar a comunicação, trabalhar o vinculo e a


adesão ao tratamento.
2) Relação entre paciente e família: promover a rede de apoio, qualificando ou
formando essa rede quando o paciente não a possui. Conceito ampliado de família:
comunidade, vizinhos, amigos.
3) Relação entre família e equipe: facilitar a comunicação, fortalecimento de vínculo.

CRÍTICAS

1) Transposição da clínica tradicional para a saúde;


2) Submissão ao modelo biomédico – a relação entre os profissionais da equipe
devem ser horizontais;
3) Distanciamento da realidade institucional.

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AULA 07 - BIOÉTICA

DEFINIÇÃO

Junção do grego bios (vida) com éthiké, significando literalmente a ética da vida.
Parte da Ética, ramo da Filosofia, que estuda as questões referentes à vida humana.
O termo bioética foi utilizado pela primeira vez em 1970 por Van Rensselaer Potter,
para falar especificamente sobre o impacto do conhecimento científico na dignidade da
vida humana. A principal questão norteadora é: qual seria o limite da ciência?
Dentro dessa perspectiva, o progresso científico não é um mal, mas a verdade cien-
tífica não pode se sobrepor à ética. É preciso discutir os limites da ciência e seus riscos
para a vida humana, incluindo as questões ambientais.
A bioética é, portanto, a ciência que tem como objetivo indicar os limites e as fina-
lidades da intervenção do ser humano sobre a vida, identificar os valores de referência
racionalmente proponíveis, denunciar os riscos das possíveis aplicações.

PRINCÍPIOS

Os princípios da bioética são:

Benevolência

Fazer o bem. Oferecer o melhor tratamento disponível, referente ao ponto de vista


técnico e às necessidades físicas, psicológicas e sociais do paciente.
Juramento de Hipócrates: analisar cada caso de modo cuidadoso, a fim de que a
pretensão de fazer o bem não se transforme numa obsessão em intervir (furor curandis).
“A verdadeira beneficência envolve fazer o bem não apenas do ponto de vista do
médico, mas também segundo o que o próprio paciente considera bom para si mesmo”
(LIGIERA, 2005, p.5).

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Não-maleficência

Determina a obrigação de não causar dano intencionalmente. Se a intervenção


provoca mais dano do que benefícios, o profissional deve reavaliar a sua conduta. Está
acima do princípio da beneficência, é mais vinculativo do que a exigência de fazer o
bem.

Justiça

Igualdade de tratamento e a justa distribuição da verba do Estado para os custos


da saúde, incluindo as pesquisas.

Como vivemos em uma sociedade desigual, a igualdade se alcança através da


equidade: distribuição de recursos de acordo com a necessidade das pessoas, que são
diferentes.

É importante ressaltar que preciso respeitar com imparcialidade o direito de cada


um. Por exemplo, objeção de consciência no caso do médico: você não precisa aten-
der uma pessoa caso isso viole o seu código moral, mas a objeção de consciência não
sobrepõe o direito do paciente, então você só nega o atendimento quando existe outro
profissional que o faça. Diferente do código de ética do psicólogo que diz que você
deve recusar o atendimento caso não tenha capacidade teórico-técnica para realizá-
-lo, mas não fala de moral.

Autonomia

As pessoas tem liberdade para decidir sobre sua vida. Para que o respeito à auto-
nomia seja possível, duas condições são necessárias: liberdade e informação.

E quem não pode decidir por si mesmo? A cada situação é preciso adequar para
que o consentimento livre e esclarecido seja possível. “Reconhecer os indivíduos vul-
neráveis (que tem limitação de autonomia) e incorporá-los ao processo de tomada de
decisão de maneira legítima”.

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TEMAS MAIS ESTUDADOS

1) Morte cerebral;

2) Transplante de órgãos;

3) Interrupção de gestação;

4) Pesquisa e formação em saúde.

CONSIDERAÇÕES

Os dilemas bioéticos ainda não estão bem resolvidos do ponto de vista social e
do senso comum. Nem sempre é fácil resolver conflitos surgidos na relação médico-
-paciente.

Portanto, não podemos criar regras fixas, inflexíveis, a fim de estabelecer uma
conduta a ser seguida, e sim negociar condutas que sejam do interesse de todas as
pessoas envolvidas. Desse modo, as circunstâncias precisam ser analisadas caso a
caso.

“Os princípios da bioética devem funcionar como meio, não como fim. Não se
deve preconceber o que significa fazer o bem. O que pode ser feito, isto sim, é a promo-
ção do diálogo, do respeito, da compreensão, como meios de humanizar a medicina, a
fim de que os maiores bens do paciente possam ser mais facilmente preservados,não
apenas sua vida e sua saúde, mas também sua dignidade humana” (LIGIERA apud RO-
SIN, 2015, p. 16).

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AULA 08 – TENDÊNCIAS EM PSICOLOGIA


DA SAÚDE

O QUE APRENDEMOS COM A PSICOLOGIA DA SAÚDE

dd Os fatores psicológicos e sociais interagem com a biologia na saúde: subjetividade


e organicidade não podem ser separados. Os fatores psicológicos podem estar
presentes na etiologia de patologias orgânicas, durante o processo de adoecimento
e como consequência do adoecimento.

dd A Promoção de saúde é responsabilidade de todos e é um dos grandes objetivos


da Psicologia da Saúde e dos Serviços de Saúde.

dd Estilos de vida insalubres são mais difíceis de mudar do que de prevenir. É preciso
investir em qualidade de vida e em comportamento saudáveis.

dd A lógica da assistência à saúde impacta no processo de trabalho nos serviços.

DESAFIOS ENFRENTADOS

dd Aumento na expectativa de vida: cada vez mais idosos a serem tratados, o que
traz um impacto para os serviços de saúde;

dd Aumento nos custos de saúde: maior o impacto na promoção;

dd Surgimento dos transtornos relacionados ao estilo de vida;

dd Reformulação do modelo biomédico, apesar do crescimento do modelo


biopsicossocial. Quanto maior o nível de especialização, maior o peso do modelo
biomédico.

dd Construir uma práxis que seja adequada à realidade dos serviços, o que envolve
formação também.

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O QUE SE ESPERA OBTER PARA O FUTURO?

dd Aumentar o tempo de vida saudável das pessoas: envelhecimento ativo e


saúdável;
dd Reduzir as discrepâncias de acesso aos serviços de saúde e a outros
determinantes sociais da saúde, além de aumentar a compreensão acerca dos
efeitos do gênero, raça e status socioeconômico sobre a saúde;
dd Atingir o mesmo nível de acesso à saúde preventiva para todas as pessoas;
dd Maximizar a promoção de saúde: pesquisa e prática. Como impactar de fato a
qualidade de vida as pessoas.
dd Mudança de ênfase da prevenção secundária para a prevenção primária.

O PÓS-PANDEMIA

Durante a pandemia, as pessoas estavam expostas a consequências sociais de-


correntes da pandemia:

dd Medo de infecção, medo da morte;


dd Isolamento: impacto na saúde mental;
dd Perdas financeiras, escassez de suprimentos.

Em relação ao trabalho da Psicologia, isso levou à:

dd Intervenções online, formação online;


dd Qualificação das estratégias de psicoeducação;
dd Primeiros cuidados psicológicos;
dd Cuidados aos profissionais de saúde.

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AULA 09 – INSERÇÃO DO PSICÓLOGO


NA SAÚDE PÚBLICA

COMO A PSICOLOGIA ENTROU NA SAÚDE PÚBLICA?

As primeiras intervenções na saúde pública se deram no final da década de 70, para


construir modelos alternativos no hospital psiquiátrico, redução de custos, maior eficácia
de atendimentos com grupos multiprofissionais.

Os objetivos, portanto, eram: aumentar a eficácia das intervenções, diminuir o tempo


de internações e reduzir os custos.

De acordo com Dimenstein (1998), alguns eventos propiciaram essa inserção do psi-
cólogo no campo da saúde:

dd A crise econômica da década de 80 e a retração do mercado privado – aumento da


oferta de espaços públicos para atendimento em saúde;

dd Os movimentos de categoria na tentativa de redefinição da função do psicólogo


na sociedade, dando maior significado social;

dd O contexto de políticas públicas de saúde no final dos anos 70 e década de 80 no


que diz respeito à política de recursos humanos – possibilidades de concursos
públicos;

dd Difusão de psicanálise e psicologização da sociedade – a psicanálise é


popularizada, fica mais acessível ao grande público e a linguagem da psicologia
começa a penetrar no senso comum;

FUNÇÕES DO PSICÓLOGO

1) Psicossocial: desenvolver diagnósticos de características psicossociais,


procurando relacionar tais características aos principais problemas de saúde,
desenvolver trabalho preventivo de doenças, proporcionar apoio psicológico a
populações em risco.

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2) Pedagógica: desenvolver programas educativos relacionados a problemas de


saúde junto às comunidades. Educação em saúde, grupos psicoeducativos.

3) Investigativa: constante avaliação dos resultados do seu trabalho, produção de


pesquisas. Com o objetivo de qualificar nossa assistência e contribuir para o
conhecimento científico.

4) Administrativa: atividades de gestão, identificar suas tarefas e a dos outros


componentes da equipe, delegando responsabilidades e procurando maior
integração do trabalho.

CRÍTICAS

dd Inadequação da formação acadêmica para o trabalho no setor.

dd Aportes teóricos e práticos que fundamentam seu modelo de atuação na


defasagem entre os modelos de subjetividade e os valores de pacientes e
profissionais. As abordagens são individuais e eurocêntricas, tornando difícil
uma leitura adaptada ao público atendido.

dd Transposição pura e simples do modelo hegemônico da atuação clínica tradicional


do psicólogo para o setor público seja em postos, centros ou ambulatórios, o
que acarreta:

a) Conflito com as representações de saúde, pessoa, doença e corpo próprias da


população atendida nos serviços públicos de saúde;

b) Baixa eficácia das terapêuticas e alto índice de abandono dos tratamentos;

c) Seleção e hierarquização da clientela: poucas pessoas tem acesso ou podem


alcançar as discussões dessa clínica.

d) Psicologização dos problemas sociais: saber diferenciar o que é do subjetivo, o


que é do psicológico e o que é do social.

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PRINCIPAIS INTERFACES ENTRE A PSICOLOGIA E O SUS

Conforme Benevides (2005):

1) Inseparabilidade: é impossível separar a clínica da política, o individual do social,


o singular do coletivo, bem como os modos de gerir e de cuidar.

2) Autonomia e co-responsabilidade: é impossível pensar em práticas de psicólogos


que não estejam comprometidos com a realidade local, constituindo sujeitos
autônomos, protagonistas e co-responsáveis pelas suas vidas.

3) Transversalidade: necessidade de intercessão da psicologia com outros saberes,


contribuindo assim para outra saúde possível. É impossível fazer uma psicologia
que seja desconectada de outros saberes.

ATIVIDADES DO PSICÓLOGO NA ATENÇÃO BÁSICA:

1) Psicoeducação: grupos informativos e de suporte mútuo.

2) Formulação de estratégias multiprofissionais e intersetoriais.

3) Acolhimento individual e familiar.

4) Identificação de pessoas com sofrimento psíquico.

5) Fortalecimento de vínculos comunitários.

6) Visitas domiciliares.

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AULA 10 – PSICOLOGIA E SAÚDE PÚBLICA

A PSICOLOGIA ANTES DO SUS

Historicamente, a Psicologia surge ligada a experimentos em laboratório, a exem-


plo de Wundt, considerado pai da Psicologia, que realizava o estudo da experiência
consciente.
A partir da investigação das doenças psiquiátricas, começa a surgir o interesse em
aplicar a Psicologia no campo da clínica.

Clínica

dd Estudo dos aspectos psicológicos do sujeito, na sua dimensão intrasubjetiva;


dd Prática individual realizada em consultórios privados, voltadas para pessoas que
podiam pagar pelo tratamento psicoterápico.

Saúde

A prática dos psicólogos no campo da saúde é marcada pela entrada desses profis-
sionais nos hospitais.

dd Hospitais gerais: ainda não existia um campo teórico consolidado, então visava
mais um auxílio da medicina – modelo biomédico
dd Hospitais psiquiátricos – paradigma da psiquiatria, prática mais classificatória
das patologias e medicalizante.
dd Ambulatórios da previdência social – clientela restrita, trabalhadores de carteira
assinada que contribuíam com a previdência social.

A prática dos psicólogos na saúde antes do SUS tinha duas características prin-
cipais:
1) Transposição do conhecimento da clínica para o campo da saúde: sem uma crítica
sobre o conhecimento e a forma de atuação. Atuação da clínica é intraindividual,
associal e a-histórica (recorte de um momento de vida do indivíduo).

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2) Submissão à medicina: como ainda não existia um campo teórico consolidado


da Psicologia da Saúde, esse campo ainda estava em construção, a prática era
voltada para apoiar os médicos nos hospitais. Modelo biomédico, visão cartesiana
do sujeito. Não havia uma autonomia.

AVANÇOS NA SAÚDE DURANTE DO SÉC. XX

1) Mudanças no conceito da saúde: saúde era considerada como ausência de


doenças e apenas em seu aspecto físico, até que em 1946 a OMS estabelece que a
saúde seria “um completo estado de bem-estar físico, mental e social”. Na década
de 80 foi introduzido na definição o aspecto espiritual.
2) Inclusão da dimensão social: doença como fenômeno psicossocial construído
historicamente (HUPSEL, T, SCHINTMAN, L., 2017). Importância dos aspectos
relacionais e históricos daquele sujeito, que está inserido em uma família e em
uma comunidade.
3) Reconhecimento dos fatores psicológicos como intervenientes no processo
saúde-doença. Tanto para iniciar uma doença, como para manter.

CONTEXTO SÓCIO-POLÍTICO BRASILEIRO NO SEC. XX

Três grandes crises no país, especialmente na segunda metade do século XX:

1) Crise política contra a ditadura: na década de 70 a sociedade começou a se rebelar


contra as práticas autoritárias da ditadura. Na saúde, as práticas também eram
privatizantes.
2) Crise econômico-financeira: a forma de lidar com a saúde contribuiu com a crise,
pois adotava um modelo hospitalocêntrico, voltado para quem já estava adoecido.
Não havia políticas de prevenção e se investia muito nos hospitais, e os serviços
eram ofertados para uma parcela muito pequena da população. Grande maioria
da população não tinha acesso à saúde. Pouca eficácia e elevado custo e baixa
cobertura dos serviços. Surgimento de hospitais filantrópicos. Surgimento do
movimento social da Reforma Sanitária: professores, estudantes, profissionais,
pessoas das comunidades se uniram para questionar a assistência à saúde
ofertada, e reivindicar uma saúde universal.

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3) Crise na Psiquiatria – Reforma psiquiátrica: crise internacional do modelo


hospitalocêntrico na psiquiatria. Os hospitais psiquiátricos isolavam o paciente,
segregavam da sociedade e o tratamento era violento por muitas vezes.

CONSEQUÊNCIAS HISTÓRICAS

dd Constituição Federal de 1988: saúde como direito de todos e dever do estado,


saúde passou a ser universal.
dd Criação do SUS EM 1990: O SUS é um conjunto de serviços e ações que visa, a
promoção, proteção e recuperação da saúde. Ampliação do conceito de saúde.

O QUE MUDOU PARA A PSICOLOGIA A PARTIR DO SUS?

Mercado de trabalho

dd Novos cargos na areia de saúde, atrações de concursos públicos. Incremento no


mercado de trabalho
dd Perfil dos profissionais e dos clientes: em relação aos profissionais, há uma
mudança de profissionais liberais para profissionais contratados ou concursados
(funcionários públicos). Do ponto de vista de clientela há uma mudança de um
publico mais restrito, que poderia custear um tratamento psicoterápico privado ou
pessoas que contribuíam para a previdência social, para um publico mais amplo,
atendendo uma demanda socialmente reprimida. Psicologia passa a ser também
um direito de todos.
dd Olhar do psicólogo: O olhar do psicólogo precisa mudar também, pois há uma
mudança no público. Esse profissional sai do atendimento de uma classe mais
abastada para o atendimento de toda a população, sendo necessário, portanto,
uma mudança  do olhar sobre o indivíduo, entender o sujeito dentro da sua realidade
sociocultural, histórica, familiar, comunitária, em todos os seus aspectos. Olhar
para um sujeito integral, visto em todos os seus aspectos.
dd “A comunidade e a família passam a ser vistos como importantes níveis de análise
para a compreensão do modo de vida dos indivíduos, de sua constituição enquanto
sujeitos, do seu sofrimento e, assim, da sua produção de sintomas e adoecimento”
(HUPSEL, T., SCHINITMAN, L, 2017).

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Atuação do psicólogo

dd Descentralizada: saída dos ambulatórios e clinica privada para perto dos


indivíduos;
dd Base comunitária:
dd Principios da atenção primária à saúde. O psicólogo vai ao indivíduo e não mais 
o indivíduo indo ao psicólogo.
dd Perfil mais generalista, não é mais um psicólogo voltado para uma patologia
específica ou uma especialidade, se ele vai atuar em uma comunidade, ele vai
atuar a partir do que pode surgir na comunidade, qualquer sofrimento humano,
psíquico. Pode ser um paciente com transtorno mental, mas também engloba
outras formas de sofrimento, para si mesmo ou sua família.
dd Atuação em equipes multiprofissionais, visto o conceito ampliado de saúde. É
um grande desafio porque nossa formação não nos prepara pra isso, ainda há
um predomínio da formação para a atuação clinica.
dd Atuação do psicólogo acaba sendo de suporte a pessoas com sofrimento leve
ou moderado, mas também com transtornos mentais e com necessidades
decorrentes do abuso de substâncias psicoativas.
dd Questionar a cultura de medicalização: resquícios do modelo biomédico e ofertar
outras formas de cuidado além da medicação.
dd Identificação dos fatores que influenciam o processo saúde-doença:
aspectos sociais e culturais interferem na construção do processo saúde-doença
dos indivíduos. A psicologia precisa enxergar os determinantes que interferem
na saúde dos indivíduos.
dd Promoção de saúde e prevenção de doenças: minimização dos fatores de risco
para doenças e agravos à saúde e fortalecer os fatores de proteção.
dd Identificação das potencialidades das pessoas, famílias e comunidades: deixar de
olhar apenas para a doença a patologia. O sujeito tem potência de transformação
e de produção de saúde. Cabe ao psicólogo estimular essa potência.
dd Papel político-social: transformação social, respeito aos direitos humanos,
autonomia e liberdade das pessoas, combater os estigmas e preconceitos
(estigma de transtornos mentais por exemplo), promover a inclusão social,
dos pacientes com transtorno mental mas também da comunidade como um
todo. Fortalecimento dos laços sociais, que são potentes para a promoção da
saúde. A inserção social pode ser feita de uma forma que traga doença ou que
potencialize a saúde e o psicólogo vai intervir sobre isso.

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Ações possíveis do psicólogo

dd Atendimento individual.
dd Visita domiciliar.
dd Avaliação psicológica.
dd Psicoeducação.
dd Oficinas terapêuticas.
dd Psicoterapia breve.
dd Psicoterapia de grupo.
dd Atendimento familiar.
dd Atenção às crises.
dd Articulação intersetorial.

Locais de atuação

Diminuição do numero de psicólogos em consultórios privados e aumento da sua


participação em instituições públicas.
Atualmente a área da saúde é considerada como a área que mais tem absorvido pro-
fissionais de psicologia no Brasil, sendo mais de 50 mil profissionais psicólogos atuando
na saúde pública.

dd Na atenção primária:
yy UBS (Unidades Básicas de Saúde).
yy NASF (Núcleo Ampliado de Saúde da Família).

dd Atenção secundária:
yy CAPS (Centro de Atenção Psicossocial).

dd Atenção terciária:
yy Hospitais.

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AULA 11 – FERRAMENTAS PARA A


ATUAÇÃO NA SAÚDE PÚBLICA: PARTE I

FERRAMENTAS PARA ORGANIZAÇÃO DO


PROCESSO DE TRABALHO – A AGENDA

Diferentemente das equipes mínimas, o NASF não possui uma agenda padrão.

CARACTERÍSTICAS DA AGENDA DO NASF

A agenda do NASF deve ser flexível. O NASF apoia varias equipes, portanto sua
agenda deve dialogar com as necessidades dessas equipes, podendo se configurar
de diversas formas de acordo com a realidade de cada equipe e de cada território. A
agenda organiza-se a partir da pactuação conjunta das equipes mínimas às quais o
NASF está vinculado. Deve manter a coordenação do cuidado com as equipes de saúde
da família.
Necessita contemplar as diferentes atuações e complexidades de realidades.
Lembrando que as ações do NASF podem ser de dois tipos: clínico-assistenciais (vol-
tadas para os usuários) ou técnico-pedagógicas (voltadas para as equipes de saúde
da família). Esses são os dois eixos de atuação do NASF, sendo que essas ações de-
vem ser realizadas sempre no espaço da atenção básica (unidades de saúde, equipa-
mentos sociais e território).

ELEMENTOS CONSTITUINTES DA AGENDA

dd Reuniões de matriciamento: grande ferramenta do matriciamento, pois é onde há a


discussão dos casos que as equipes mínimas acham que precisam da intervenção
do NASF.
yy Reuniões com as equipes mínimas, de saúde da família.
yy Frequência regular, periódica.
yy Cada equipe do NASF deve analisar qual a periodicidade mais adequada.

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PSICOLOGIA DA SAÚDE 39

yy Espaço para problematização: discutir a situação de saúde da população, a


realidade e a responsabilidade sanitária das equipes perante o território, bem
como os casos específicos.
yy Planejamento e programação de ações colaborativas entre as duas equipes.
yy Discussão de casos.
yy Educação permanente: eixo técnico-pedagógico. Reuniões horizontais e que
privilegiam o diálogo, abordagem interdisciplinar.
yy Máximo de profissionais do NASF possível torna a reunião mais potente.

dd Reuniões NASF: reuniões da equipe do NASF, para planejar e avaliar as ações,


relações com as equipes mínimas e com o território. Discussão e planejamento
do processo de trabalho. Frequencia regular, periódica, de preferência semanal.
Espaço para:
yy Planejamento de ações a partir da necessidade das equipes.
yy Avaliação e monitoramento de trabalho.
yy Educação permanente do NASF.
yy Reuniões com a rede: Reunião com a rede de cuidados em saúde ou com intersetorial
(CRAS, CREAS, educação, etc). Importante para conseguir a integralidade,
articulação com outro níveis de saúde ou com outras áreas. Objetivo de fortalecer
a rede de cuidados com a saúde.

dd Atendimentos individuais (específicos e compartilhados): atendimento específico


de um núcleo de saber ou atendimento junto com a equipe (no mínimo 01
profissional da equipe mínima).
yy Regulados pela equipe mínima. NASF não é porta de entrada, por isso quem regula
é a equipe de saúde da família, que atende todos os casos do território adscrito e
a partir daí analisar quais os casos que precisam do suporte do NASF.
yy Pactuação prévia com a equipe em reunião.
yy O atendimento é sempre vinculado com o Projeto Terapêutico.

dd Grupos e atividades coletivas (específicos e compartilhados):


yy Específico: coordenado pelo profissional do NASF e específico de um núcleo de
saber. Ex. grupo de psicoterapia.
yy Compartilhado: realizado conjuntamente entre o NASF e a equipe mínima.
Diferentes núcleos de saber realizam o planejamento, a programação e execução

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PSICOLOGIA DA SAÚDE 40

de grupos de educação em saúde e ações de sensibilização. Pode ocorrer na


unidade de saúde ou em espaços compartilhados.
yy Transferência de recursos tecnológicos: educação permanente durante o processo
de trabalho.
yy São reuniões potentes para o planejamento.

dd Atendimentos domiciliares (específicos e compartilhados):


yy Visa promover o acesso dos usuários com restrição.
yy Específico quando realizado pelo profissional do NASF.
yy Compartilhado quando realizado conjuntamente entre profissional do NASF e pelo
menos um profissional da equipe mínima. Um atendimento muito rico, pois cada
profissional vai ter um olhar sobre aquela casa, sobre aquela família e depois
poder interagir e compartilhar as percepções na reunião de matriciamento.
yy Possibilita enxergar o sujeito no seu habitat, as relações familiares, como o sujeito
vive e se relaciona com seu ambiente.
yy Normalmente é compartilhada
yy Mantém o vínculo com usuários e equipe
yy É ferramenta de educação permanente, porque alguém da equipe pode observar
sua atuação e aprender com você, e vice-versa.

dd Elaboração de materiais e ações de EP (educação permanente):


yy Planejamento e elaboração de materiais.
yy Promover ações que dialoguem com a comunidade, não apenas de prescrição.
yy Espaço na agenda para elaboração de materiais de apoio, rotinas, protocolos e
outras ferramentas de educação permanente.

dd É importante lembrar que:


yy Atividades coletivas como principal elemento na agenda do NASF.
yy As demandas precisam ser identificadas e serem ações planejadas coletivamente
para a mudança das realidades encontradas.
yy NASF não é ambulatório!
yy Amplia-se a resolutividade e qualifica-se o cuidado.

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PSICOLOGIA DA SAÚDE 41

SUGESTÃO DE CONFIGURAÇÃO DA AGENDA

dd Nasf 1 - 5 a 9 equipes de AB vinculadas:


yy Reunião NASF: 2 a 4 horas por semana.
yy Reunião de matriciamento: 1 reunião/ mês / equipe de AB vinculada com duração
mínima de 2 horas.
yy Ações compartilhadas (individuais ou coletivas): pelo menos 2 a 3 turnos /
semana.
yy Ações específicas do profissional do NASF (individuais ou coletivas): conforme
disponibilidade de agenda.

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AULA 12 – FERRAMENTAS PARA A


ATUAÇÃO NA SAÚDE PÚBLICA: PARTE II

FERRAMENTAS PARA PLANEJAMENTO E INTERVENÇÃO:


O PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR (PTS) E O
PROJETO DE SAÚDE NO TERRITÓRIO (PST)

Projeto Terapêutico Singular (PTS) e Projeto de Saúde no Território (PST) são


coisas diferentes. No entanto, um Projeto Terapêutico Singular (PTS) pode ser um
PST – Projeto de Saúde no Território. Vamos ver então do que tratam esses dois pro-
jetos!

PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR (PTS)

Definição: É uma ferramenta de organização e sistematização do cuidado em


saúde que contêm um conjunto de propostas de intervenções articuladas, compondo
um plano de ação.
É resultado da discussão coletiva de uma equipe multidisciplinar junto com o
usuário, que pode ter ou não o apoio matricial. É um plano compartilhado entre os di-
ferentes atores, que podem ser os componentes das equipes do ESF e NASF e o próprio
usuário.
Leva em consideração a singularidade do sujeito, suas necessidades (biopsicos-
socioespirituais), fragilidades, potencialidades. Enfim, sua complexidade.
Busca uma clínica ampliada para além da doença, na perspectiva do cuidado in-
tegral.
Pode ser direcionado a um indivíduo, uma família ou um coletivo. Quando direcio-
nado a um coletivo, uma comunidade, o Projeto Terapêutico Singular (PTS) aproxima-
-se da proposta do PST (Projeto de Saúde do Território).

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PSICOLOGIA DA SAÚDE 43

Momentos do PTS

1) Diagnóstico: é uma avaliação ampla e conjunta, entre todos os profissionais


envolvidos, que considera a integralidade do sujeito em seus aspectos físicos,
psíquicos e sociais. Vai além do olhar sobre a doença, lançando um olhar sobre
o sujeito integral. Avaliação das demandas, necessidades, desejos, riscos e
vulnerabilidades. Sendo que as vulnerabilidades englobam os fatores de risco
e proteção aos quais os sujeitos estão submetidos. Além disso, são avaliados
a rede de apoio disponível e o contexto sócio-histórico-cultural do indivíduo.
O PTS, portanto, é amplo e complexo, tem como base a clínica ampliada e
diferencia-se da forma anterior de atuação, pautada no modelo biomédico;

2) Definição de metas e ações: Definição das questões sobre as quais se


pretende intervir. As propostas devem ser de curto, médio e longo prazo.
Tais propostas, como mencionado anteriormente, devem ser discutidas com
o usuário e compartilhadas entre os profissionais da equipe para que haja a
corresponsabilização entre todos os atores envolvidos.

3) Divisão de responsabilidades: Definição das tarefas de cada ator envolvido


(usuário e profissionais) e dos prazos de cada uma delas. É definido também
quem será o coordenador do PTS, que será o técnico de referência daquele
usuário e família. Geralmente é escolhido o profissional que tenha maior vínculo
com o usuário/família. E esse técnico de referência fará a ponte entre o usuário
e a equipe.

4) Reavaliação: envolve a discussão sistemática da evolução do caso e novas


pactuações. Esta etapa tem como objetivo discutir o que foi feito e quais foram
os resultados obtidos. Portanto são revisadas as tarefas, prazos e metas. Além
disso, são avaliados os resultados e estratégias e repactuar o que não deu certo.
A reavaliação é conduzida também pelo técnico de referência e não se pode
esquecer de envolver o usuário.

Dada a complexidade do PTS, ele é utilizado para os casos mais complexos. Não é
aplicado para todos os pacientes da Atenção Básica, até porque em alguns casos, resul-
tados são obtidos com ações mais simples.
Vale ressaltar também que o PTS não é uma ferramenta exclusiva da Atenção Básica,
podendo ser utilizada também em outros níveis de atenção em saúde como, por exemplo,
os CAPS.

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PROJETO DE SAÚDE NO TERRITÓRIO (PST)

Definição: É uma estratégia das equipes de referência – podendo ter apoio do NASF
– que visa desenvolver ações para produção de saúde em um território, a partir da ideia
da promoção da saúde. Caso seja detectado que em um território há fragilidades em um
aspecto específico, pode ser pensada uma intervenção mais global. Intervir antes que as
pessoas adoeçam e procurem o serviço de saúde.
Para tal, articula os serviços de saúde com os demais serviços e políticas no territó-
rio, dentro da lógica da intersetorialidade.
Busca investir na qualidade de vida e na autonomia das comunidades, para que as
pessoas tornem-se autônomas em relação ao seu cuidado em saúde. Por isso é tão im-
portante fomentar a participação social.
É fundamental compreender que a produção de saúde se dá para além da clínica
individual. No espaço da Atenção Básica, fazer clínica individual implica em baixa resolu-
tividade, altas filas de espera e muitos encaminhamentos para outros pontos da rede de
saúde, inflando o SUS e resultando na falta de assistência da população.

Momentos do PST:

1) Preparação:
a) Identificação e análise da situação-problema.
b) Mapeamento da população / áreas vulneráveis.
c) Priorização da população / áreas.
d) Compartilhamento de saberes e práticas.
e) Definição de objetivos e ações.
f) Identificação parceiros.
1)
2) Planejamento e implementação:
a) Criação de espaço coletivo de discussão.
b) Buscar sinergia com outras políticas e/ou serviços públicos.
c) Construção compartilhada do PST.
d) Implementar o plano de ação.
1)
2)

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3) Avaliação:
a) Reflexão sobre o processo de implementação.
b) Análise dos resultados em relação aos objetivos.
c) Novas pactuações.

Tanto o PTS quanto o PST vêm auxiliar na organização do cuidado à saúde, porém
devem ser encarados como ferramentas, e não engessamento de uma prática.
Nada substitui o olhar, o acolhimento, a empatia, o vínculo! É no contato com o outro
que a produção do cuidado se dá.
Apenas se abrindo para escutar e compreender o Outro é que se torna possível e ver-
dadeiro o cuidado em saúde.

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PSICOLOGIA DA SAÚDE 46

AULA 13 – FERRAMENTAS PARA A


ATUAÇÃO NA SAÚDE PÚBLICA: PARTE III

FERRAMENTAS PARA AVALIAÇÃO FAMILIAR:


GENOGRAMA E ECOMAPA

Existem inúmeros instrumentos de avaliação familiar, porém nenhum substitui a


abertura para ouvir e acolher o outro em sua singularidade e complexidade sem pre-
conceitos e julgamentos. Foram escolhidas, dentre muitas, duas ferramentas conside-
radas relevantes: o Genograma e o Ecomapa.
O olhar para a família na saúde tem que ser direcionado a três eixos:

1) Relacional: foco nas relações estabelecidas na família.


2) Processual: pensar na construção dos vínculos familiares como algo histórico.
3) Contextual: o contexto em que a família se insere.

Para quem trabalha na área da saúde entende que o sintoma é expressão de pro-
blemas familiares. Os psicólogos, especialmente da abordagem sistêmica, precisam
estar sempre atentos a isso. É necessário ampliar o olhar e o cuidado com o sujeito,

GENOGRAMA

Definição: É a representação gráfica de uma família por meio de símbolos, que


permite organizar diversas informações do sistema familiar. Símbolos padronizados
internacionalmente para facilitar a comunicação dessas informações.
Auxilia na compreensão da família em relação à:
dd Estrutura da família;
dd Relações interpessoais;
dd História da família;
dd Padrões de comportamento;

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dd Rupturas (separações, quebra nas relações);


dd Segredos familiares;
dd Repetições;

Potência do Genograma

dd Percepção do funcionamento físico, social e emocional dos membros da


família.
dd Ampliação do olhar sobre a família, dando conta de como funciona sua família
na sua complexidade e singularidade.
dd Transmissões familiares:
yy Vertical: história familiar, padrões de relações e funcionamento das relações,
de uma geração para a outra.
yy Horizontal: desenvolvimento, mudanças e transições no ciclo de vida, de
indivíduos na mesma linha do genograma.
dd O genograma torna possível levantar hipóteses e possibilidades daquele grupo
familiar e a partir daí delinear a intervenção.

Criação do Genograma

dd Entrevistas com um ou mais membros familiares: quando a entrevista é feita


com mais de um membro, conseguimos coletar informações mais completas.
dd Pode ser modificada a cada contato com a família: família como sistema
dinâmico.
dd Insere-se ao menos três gerações: é o mínimo para entender o funcionamento
da família, para avaliar a transmissão transgeracional.
dd Rastreamento dos eventos críticos e mudanças significativas: importante para
conhecer os recursos utilizados pela família no enfrentamento de crises.
yy Relação com o padrão de saúde e doença.
yy Recursos e vulnerabilidades.
dd Momento Atual X Momento Passado.
dd Paciente identificado / índice (PI): paciente que é o porta-voz da família, que
geralmente é aquele que apresenta o sintoma e que recorre ou é levado ao
serviço de saúde.

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Informações importantes

dd Foco do genograma no centro do genograma.


dd Inserção na ordem de nascimento / acontecimento.
dd Marido à esquerda e esposa à direita.
dd Data de nascimento em cima do símbolo à esquerda.
dd Data de morte em cima do símbolo à direita.
dd Acima da linha do casamento colocar “c- XXXX” (ano do casamento) ou outro
dado da relação (“d-XXXX”).
dd Círculo ao redor dos membros que residem na mesma residência.

O Genograma pode ser temático, compreendendo mais profundamente aquele


aspecto na família em análise:

dd Estrutura familiar;
dd Informações demográficas;
dd Aspectos culturais;
dd Padrões de funcionamento;
dd Espiritualidade e religião;
dd Status socioeconômico, etc.

ECOMAPA

Definição: é a representação gráfica que identifica as relações da família com o


meio onde ela vive, com outros sujeitos fora da família. É como um genograma am-
pliado.

Auxilia na compreensão:

dd Da rede social de apoio daquela família;


dd Tamanho da rede de apoio;

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dd Qual a natureza da rede de apoio, das relações: quanto mais diversificadas as


relações em rede, melhor a saúde da família, pois ela tem vários grupos de
quem recebe apoio;
dd Recursos da família;
dd Necessidades;
dd Acesso aos equipamentos sociais;
dd Funções da rede para a família:
yy Companhia social.
yy Apoio social/emocional.
yy Guia cognitivo e conselhos.
yy Regulação Social.
yy Ajuda material e de serviços.
yy Acessos a novos contatos.

A rede social de apoio é um elemento essencial para a saúde mental de um indivíduo,


pois contribui para a constituição de sua identidade, autoimagem e bem-estar, influen-
ciando nos hábitos de cuidado da saúde e na adaptação em uma situação de crise.

Utiliza símbolos parecidos com o genograma.

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AULA 14 – A PSICOLOGIA NA
ATENÇÃO PRIMÁRIA: PARTE I

COMPREENDENDO A ATENÇÃO BÁSICA

A Atenção Primária é conhecida no Brasil como Atenção Básica, inclusive estes ter-
mos são reconhecidos como equivalentes na Política Nacional de Atenção Básica (PNAB).
Internacionalmente, utiliza-se a terminologia Cuidados Primários em Saúde como equiva-
lente à Atenção Básica em Saúde.
Precisamos primeiro compreender esta Atenção Básica, como ela se organiza, para
entender onde e como a Psicologia se insere.

Definição de Atenção Básica

“Conjunto de ações de saúde individuais, familiares e coletivas que envolvem promo-


ção, prevenção, proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos, cuidados
paliativos e vigilância em saúde, desenvolvida por meio de práticas de cuidado integrado e
gestão qualificada, realizada com equipe multiprofissional e dirigida à população em territó-
rio definido, sobre as quais as equipes assumem responsabilidade sanitária” (PNAB, 2017).
Pela definição acima é possível perceber que a Atenção Básica envolve uma ampla
gama de ações em saúde, e a pretensão é que os cuidados da Atenção Básica sejam de alta
resolutividade, ou seja, boa parte das doenças e problemas de saúde devem ser resolvidos
no nível da Atenção Básica, através dos cuidados primários em saúde, desafogando assim
os outros níveis.
Quando não é possível resolver a questão de saúde do sujeito na Atenção Básica é rea-
lizado o encaminhamento para os outros níveis especializados, no entanto, a coordenação
desse cuidado ainda é feita pela Atenção Básica.
Além disso, a Atenção Básica é responsável pela integralidade do cuidado em saúde
do sujeito, enxergando-o em toda a sua complexidade, sendo que as ações em saúde devem
cobrir todas as etapas do processo saúde-doença. O trabalho em equipe é essencial, para
ampliar o potencial de cuidado da Atenção Básica.
Na Atenção Básica trabalha-se com a noção de território adscrito, que seria um ter-
ritório definido, no qual a equipe vai atuar analisando a problemática de saúde, levantar os
dados epidemiológicos, para o planejamento das ações conforme as necessidades. A popu-

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PSICOLOGIA DA SAÚDE 51

lação do território é também chamada de população adscrita, por estar vinculada às equipes
de saúde, responsável pelos seus cuidados. O vínculo e a corresponsabilização existente
entre equipes e famílias levam à longitudinalidade do cuidado, ou seja, um acompanhamen-
to de saúde contínuo, ao longo do tempo.
Os cuidados da Atenção Básica trazem um resgate do papel do médico de família, no
qual o profissional de saúde acompanha a família ao longo do seu ciclo vital.

CARACTERÍSTICAS DA ATENÇÃO BÁSICA

dd Principal “porta de entrada” do SUS: é por onde a população normalmente ingressa


no sistema público de saúde, salvo em casos de emergências.
dd Acesso universal, não excludente e contínuo: é para toda a população brasileira,
sem discriminação.
dd Maior grau de descentralização e capilaridade: o cuidado não é oferecido próximo
à comunidade, perto de onde as pessoas moram, para facilitar o acesso.
dd Orientação familiar e comunitário: problemas e potencialidades das famílias e
comunidade.
dd Mudança de olhar: abordagem integral: enxergar o sujeito de modo integral, dentro
do seu contexto.
dd Estímulo à participação dos usuários: entender como a comunidade se organiza,
quais as práticas de cuidado já existentes, para daí propor ações e integrá-las aos
saberes da comunidade.

Podemos dizer que a Atenção Básica:

dd Propõe-se à reversão da lógica anterior de cuidado, cuja assistência era curativa,


hospitalocêntrica e especializada. Uma prática com alto custo, baixa resolutividade
e com baixa cobertura. A lógica da Atenção Básica é cuidar dos indivíduos antes
da doença, ou, uma veze stando doentes, reduzir complicações e agravos.
dd Na lógica anterior o cuidado do sujeito era fragmentado, além de pautado em um
excesso de procedimentos tecnológicos e medicamentos.
dd Na Atenção Básica, consideramos que existe uma tecnologia de :
yy Elevada complexidade: devido à grande complexidade das demandas do território,
a Atenção Básica exige amplo conhecimento e integração de saberes oriundos de
diferentes disciplinas, através do trabalho em equipe.

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yy Baixa densidade: Não requer equipamentos de elevada tecnologia, é mais pautada


na relação e no conhecimento técnico dos profissionais do que em recursos
tecnológicos propriamente ditos. Isso implica em um baixo custo das ações de
Atenção Básica.

E como a Atenção Básica se insere na Rede de Atenção à Saúde (RAS)?

Atenção Básica se comunica com todos os pontos da Rede de Atenção à Saúde, já


que é a principal porta de entrada, ela coordena a movimentação dos usuários pelos ou-
tros pontos da Rede a partir da necessidade destes (ou seja, pelos outros níveis de aten-
ção). Portanto, a Atenção Básica é:

dd O centro de comunicação da RAS;


dd A coordenadora do cuidado em saúde;
dd Ordenadora das ações de saúde.

PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DA ATENÇÃO BÁSICA

Os princípios da Atenção Básica são os mesmos do SUS:

1) Universalidade: o acesso a saúde como direito de todos, sem discriminação;


2) Equidade: ofertar as ações de cuidado de acordo com as necessidades de saúde,
reduzindo as iniquidades;
3) Integralidade: ofertar o cuidado em todas as etapas do processo saúde-doença,
da promoção em saúde à reabilitação, observando todos os aspectos do sujeito,
como ser integral.

As diretrizes da Atenção Básica são:

1) Regionalização / Hierarquização: organização dos níveis de atenção conforme a


lógica das microrregiões e regiões de saúde.
2) Territorialização: a Atenção Básica vai lidar com territórios definidos, adscritos,
sendo que as equipes vão ser responsáveis pela população daquele território.
3) População adscrita: população também é definida.
4) Cuidado centrado na pessoa: na inserção sociocultural das pessoas.

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5) Resolutividade: acredita-se que de 70 a 80% das necessidades de saúde podem


ser atendidas e resolvidas na Atenção Básica.

6) Longitudinalidade do cuidado: cuidado continuado ao longo do tempo, de acordo


com suas necessidades de saúde.

7) Coordenação do cuidado: coordenação do cuidado que o sujeito precisa na RAS.

8) Ordenação da rede: encaminhamentos para outros pontos especializados da rede,


com o retorno dos usuários para o acompanhamento da Atenção Básica.

9) Participação da comunidade: a Atenção Básica está inserida na comunidade, é


preciso, portanto, entender as práticas de saúde já existentes na comunidade e
envolver essa comunidade nas ações a serem propostas.

O QUE É ESSA TAL ESF –


ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA?

É a principal estratégia para a consolidação da Atenção Básica no Brasil.

dd Definição: É um arranjo organizacional para expansão, qualificação e consolidação


da Atenção Básica. Efetiva os princípios e as diretrizes da Atenção Básica.

dd Objetivo: Busca ampliar a resolutividade a partir da atenção às necessidades de


saúde da população de um território definido.

dd Diferencial: Modelo de Atenção Primária à Saúde (APS) focado na família e


comunidade.

A ESF nada mais é que a efetivação das propostas de saúde da Reforma Sanitária
Brasileira. Possibilita a ampliação e o fortalecimento da Saúde Pública no Brasil.
Representa uma mudança do paradigma do modelo de atenção à saúde: o cuidado
em saúde que era antes curativo, especializado e hospitalocêntrico agora passa a ser cen-
trado nos cuidados primários.
A Estratégia Saúde da Família teve início em 1994 como um programa, em caráter
experimental, mas devido à sua efetividade, depois foi instituída como estratégia, tornan-
do-se uma estratégia permanente no SUS.

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ORGANIZAÇÃO DA ESF

dd Equipes multiprofissionais:
yy Equipe mínima: Médicos, enfermeiros, técnicos, Agente Comunitário de Saúde
(ACS), que é um profissional da comunidade que faz o elo entre a comunidade e os
outros profissionais da equipe.
yy A equipe ampliada pode ter na composição: Cirurgião-dentista, Técnico ou Auxiliar
de Saúde Bucal (TSB/ASB), Agente de Controle de Endemias (ACE).
yy Todos os profissionais devem ser generalistas;
yy Todos devem trabalhar 40 horas semanais.
dd Responsabilidade territorial: 2000 a 3500 pessoas.
dd Agente Comunitário de Saúde: cadastra e acompanha as famílias, sendo
responsável por no máximo 750 pessoas.
dd Local de atuação: Unidade de Saúde da Família, residências e outros espaços
comunitários.

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AULA 15 – A PSICOLOGIA NA
ATENÇÃO PRIMÁRIA: PARTE II

ENTENDENDO O LUGAR DA PSICOLOGIA NO NÚCLEO


AMPLIADO DE SAÚDE DA FAMÍLIA (NASF-AB)

O NASF foi, inicialmente, nomeado como Núcleo de APOIO à Saúde da Família na


PNAB (Port. nº 2488/11), sendo modificado para Núcleo AMPLIADO de Saúde da Família
e Atenção Básica na nova PNAB (Port. nº 2436/17).

O que é o NASF?

Equipe multiprofissional e interdisciplinar composta por diferentes categorias de


profissionais da saúde. O psicólogo entra na composição da equipe do NASF.
A equipe do NASF oferece apoio especializado às ESF e da Atenção Básica, dando
suporte clínico, sanitário e pedagógico.
Foi criado em 2008 pela Portaria de nº 154/2008, com o objetivo de ampliar a abran-
gência e o escopo das ações da Atenção Básica, bem como a sua resolubilidade, através
da inserção de outros profissionais que não fazem parte da equipe mínima de saúde da
família.
Além disso, o NASF visa apoiar a inserção da ESF na rede de serviços e o processo
de territorialização e regionalização na AB. O usuário passa a ter acesso ao trabalho de
especialistas, sem precisar sair do seu território.
Estratégia inovadora, pois não está atrelada a uma lógica de ambulatório de espe-
cialidades.

Diretrizes orientadoras

“Desde a sua criação, está posto que o trabalho do NASF é regido pelas diretrizes da
Atenção Básica. Ou seja, deve produzir ou apoiar as equipes na produção de um cuidado
continuado e longitudinal, próximo da população e na perspectiva da integralidade” (CA-
DERNOS DA ATENÇÃO BÁSICA nº 39).

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MODALIDADES E CARACTERÍSTICAS DO NASF

As modalidades e características no NASF estão descritas na tabela abaixo:

Nº de Equipes de Carga horária


Carga horária
Modalidades Saúde da Família Semanal por
semanal total*
vinculadas ao NASF categoria

Mínimo de 200h Mínimo de 20h e


NASF 1 5 a 9 eSF
semanais máximo de 80h

Mínimo de 120h Mínimo de 20h e


NASF 2 3 a 4 eSF
semanais máximo de 40h

Mínimo de 80h Mínimo de 20h e


NASF 3 1 a 2 eSF
semanais máximo de 40h

*soma da carga horária semanal dos profissionais de nível superior da equipe (Port. Nº 3124/12)

DOIS CONCEITOS-CHAVE PARA A COMPREENSÃO DO NASF

1) Apoio Matricial: existem dois arranjos organizacionais característicos para o


exercício do apoio matricial, que são as equipes de referência e os núcleos de
apoio.

dd Equipes de referência ou equipe mínima (equipe de saúde da família) profissionais


interdependentes, que trabalham de forma interdisciplinar e exercem o cuidado de
pessoa para pessoa. Cuidam da população.
dd Núcleo de Apoio: retaguarda especializada. Quando a equipe necessita ela aciona
o NASF e solicita uma consulta, uma discussão de caso, uma visita compartilhada,
etc. A equipe do NASF vai ser responsável tanto pelas equipes que ela apoia, como
pela população atendida pelas equipes de referência.
dd Existe uma responsabilidade compartilhada em relação à população. Não existe
encaminhamento da equipe mínima para o NASF. Elas irão atuar juntas naquele
território.

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dd O apoio matricial tem duas dimensões:


yy Clínico-assistencial: atendimento clínico direto com os usuários;
yy Técnico-pedagógica: ação educativa para as equipes, para que a equipe possa
entender as necessidades do sujeito, além das questões orgânicos.

2) Clínica Ampliada:

Ampliar o olhar sobre o sujeito, na integração dos saberes de diversos profissio-


nais. Observar a singularidade do sujeito, o contexto onde ele vive e o que ele pensa
sobre ele mesmo (valorizar o que o sujeito pensa sobre ele e sobre sua própria saúde).

Todo núcleo profissional é limitado e não consegue dar conta da complexidade


do indivíduo. Cada profissional faz um recorte para entender a realidade do indivíduo
de acordo com sua especialidade, o que leva a uma limitação da compreensão do pro-
cesso saúde-doença e a uma diminuição da eficácia terapêutica.

O indivíduo é mais complexo que a sua doença! Sujeito como biopsicossocial e


espiritual. Todas as categorias profissionais são importantes nesse processo. Desse
modo, na Clínica Ampliada podemos dizer que ampliamos o nosso “objeto” de trabalho
ao deslocar o foco da doença para o sujeito.

Transformação dos “meios” e instrumentos de trabalho: prioriza-se as relações e


a escuta, ao invés de recursos tecnológicos mais tradicionais.

Construção compartilhada dos diagnósticos e terapêuticas com a implicação do


sujeito.

Suporte aos profissionais de saúde.

“Os NASF devem buscar contribuir para a integralidade do cuidado aos usuários
do SUS principalmente por intermédio da ampliação da clínica, auxiliando no aumento
da capacidade de análise e de intervenção sobre problemas e necessidades de saúde,
tanto em termos clínicos quanto sanitários” (PNAB, 2011).

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COMO SE DÁ O APOIO MATRICIAL?

dd Reuniões de matriciamento;
dd Atendimentos compartilhados;
dd Atendimentos no domicílio;
dd Discussão interdisciplinar de casos clínicos;
dd Gestão compartilhada de grupos, feita junto com os profissionais da equipe
mínima;
dd Construção do Projeto Terapêutico Singular.
dd Construir o Projeto de Saúde no Território.
dd Educação permanente aos profissionais.
dd Ações intersetoriais.
dd Atuação no PSE – Programa de Saúde na Escola.

ÁREAS ESTRATÉGICAS DO NASF

1) Saúde Mental.
2) Reabilitação e saúde integral da pessoa idosa.
3) Alimentação e nutrição.
4) Assistência farmacêutica.
5) Intersetorialidade, redes sociais e participação cidadã.
6) Atenção integral da criança e do adolescente.
7) Atenção integral à saúde da mulher.
8) Práticas integrativas e complementares.
9) Práticas corporais e atividade física.

O NASF não é uma unidade independente, ela faz parte da Atenção Básica, porém
não é porta de entrada do SUS. Constitui-se como apoio especializado na própria Atenção
Básica, mas não é ambulatório de especialidades ou serviço hospitalar.

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AULA 16 – PSICOLOGIA NA
ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE: PARTE III

ENTENDENDO A ATUAÇÃO DA PSICOLOGIA NO NASF-AB

Pela Portaria 154/08 que cria o NASF, recomenda-se que cada núcleo tenha ao
menos um profissional da área de saúde mental, a saber, psicólogo, terapeuta ocupa-
cional ou psiquiatra. Isto se dá devido à magnitude epidemiológica dos transtornos
mentais.

dd Cerca de 1 a cada 4 pessoas que procuram a AB tem algum transtorno mental


presente no CID-10;

dd A cada 2 pessoas, 1 tem alguma forma de expressão de sofrimento mental,


mas que não se enquadra em critérios de doença

dd Muitas vezes o paciente chega na AB com problemas de ordem psicológica


mas não é identificado

dd Queixas de tristeza, desânimo, desesperança, perda de prazer, falta de


interesse, ausência de perspectiva, irritabilidade, fadiga, insônia, esquecimento,
ansiedade, medos, fobias, etc. podem ser indícios de transtorno mental que
passam despercebidos.

dd O psicólogo na Atenção Básica precisa estar atento para educar os outros


profissionais em relação à identificação destes sintomas.

FRENTES DE ATUAÇÃO

Com os profissionais: ajudar os profissionais a trabalharem a dimensão do so-


frimento psíquico. Na prática, existe por parte dos profissionais uma limitação na for-
mação em relação ao conceito ampliado de saúde e também em alguns casos uma
inabilidade pessoal.

Portanto, junto aos profissionais o psicólogo pode:

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dd Ampliar a clínica para questões subjetivas e emocionais.


dd Apoiar as equipes para o manejo.
dd Auxiliar para uma abordagem psicossocial.

Amparar no enfrentamento dos desafios de olhar para as questões subjetivas e emo-


cionais do sujeito.

dd Aumentar as possibilidades de intervenção e resolutividade em saúde mental, de


preferência antes que os problemas se cronifiquem.
dd Contribuir na formação de profissionais.

A principal estratégia de trabalho junto aos profissionais é o Matriciamento.

Com os usuários

O objetivo principal é promover o acesso ao cuidado em saúde mental.


Não é um espaço para a clínica individual tradicional, com o foco nos fenômenos
intrapsíquicos. O psicólogo deve pensar em novas formas de cuidado em saúde mental.
Na Atenção Básica o psicólogo deve atuar em rede, pensando na família e na comu-
nidade. O enfoque passa a ser interpessoal, quais os aspectos da família e da comunidade
intervém para o processo saúde-doença do paciente.
Compreender o indivíduo a partir da sua história de vida, eventos significativos e po-
tencialmente traumáticos, significados atribuídos a esses eventos, causas do sofrimento,
situação atual, contexto, relações sociais, rede de apoio, recursos para lidar com as situa-
ções difíceis e potencialidades.
Tentar diminuir os aspectos que causam o sofrimento e fortalecer aspectos que pro-
piciam o equilíbrio e o enfrentamento da situação.
Alguns aspectos influenciam a vulnerabilidade do indivíduo ao sofrimento mental,
como os determinantes sociais da saúde e fatores biológicos.
Papel do psicólogo frente aos usuários:

dd Realizar acolhimento e escuta qualificada das demandas.

dd Fortalecer vínculo.

dd Ofertar uma atenção ampla e contínua.

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dd Proporcionar espaços terapêuticos (individuais e coletivos).

dd Potencializar momentos de fortalecimento de laços sociais para troca de


experiências e suporte grupal.

dd Atuar JUNTO e COM a comunidade.

dd Articular com a Rede de Atenção Psicossocial.

Responsabilidades do profissional psicólogo

dd Realizar atividades clínicas pertinentes à sua responsabilidade profissional.

dd Discutir com as EqSFs os casos identificados que necessitam de ampliação da


clínica em relação a questões subjetivas.

dd Realizar detecção precoce de situações de sofrimento mental, desenvolvendo


ações de promoção e prevenção.

dd Auxiliar as EqSFs no enfrentamento do uso abusivo de álcool, tabaco e outras


drogas, visando à redução de danos

dd Criar, junto com as EqSFs, estratégias para abordar problemas vinculados à


violência.

dd Atuar, junto às EqSFs, no manejo da crise nos casos de tentativas de suicídio.

dd Evitar práticas que levam à psiquiatrização e medicalização de situações comuns


da vida cotidiana.

dd Apoiar as EqSF na abordagem e no processo de trabalho nos casos de transtornos


mentais comuns, severos e persistentes.

dd Fomentar ações para a difusão de uma cultura não-manicomial e inclusiva,


diminuindo preconceito e segregação com a loucura.

dd Estimular a mobilização de recursos comunitários, buscando constituir espaços


de reabilitação psicossocial na comunidade.

dd Priorizar abordagens coletivas, identificando os grupos estratégicos para o


desenvolvimento da atenção em saúde mental.

dd Ampliar vínculo com famílias e comunidade, tomando-as parceiras no tratamento


e buscando constituir redes de apoio e integração.

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PSICOLOGIA DA SAÚDE 62

Dicas: A atuação do psicólogo deve pautar-se nos princípios e características da


Atenção Básica:

dd Enfoque comunitário;

dd Próximo à vida das pessoas;

dd Abordagem familiar;

dd Cuidado longitudinal;

dd Integralidade;

dd Coordenação do cuidado;

dd Intersetorialidade;

“Pode-se dizer que todo problema de saúde e também – e sempre – mental, e que
toda saúde mental é também – e sempre – produção de saúde” (BRASIL, 2003).

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