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PRODUTO I
JULHO/2022
LISTA DE FIGURAS
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 7
2 OBJETIVOS DO PRODUTO .......................................................................................... 9
3 METODOLOGIA ........................................................................................................... 10
3.1 Etapas da organização da pesquisa ............................................................................ 10
3.2 Sobre os instrumentos ................................................................................................. 12
4 ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................................. 15
4.1 Caracterização do AEE ............................................................................................... 15
4.2 Oferta do AEE ............................................................................................................. 25
4.2.1 Espaço onde ocorre o AEE ...................................................................................... 32
4.3 Organização e práticas pedagógicas do AEE ............................................................ 33
4.4 Pandemia da Covid-19: o AEE no ensino remoto e retorno presencial .................. 42
4.4.1 Recursos utilizados durante a pandemia da COVID-19 ...................................... 47
4.4.2 Recursos de acessibilidade usados durante a pandemia da Covid-19................. 56
4.4.3 Singularidades do AEE na: Educação de Jovens e Adultos (EJA), Educação
Infantil, na Escola de Tempo Integral e no Centro de Atendimento Educacional
Especializado (CAEE) e Escola Especial ............................................................................ 59
4.4.3.1 AEE na Educação Infantil ...................................................................................... 59
4.4.3.2 AEE na Escola de Tempo Integral ......................................................................... 62
4.4.4 AEE na EJA ............................................................................................................. 65
4.4.5 Centro de atendimento Especializado (CAEE) ou Escola Especial (EE) ........... 66
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 70
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 75
ANEXO A – Ofício-Circular nº 3/2022/G GAB/SEMESP/SEMESP-MEC ...................... 77
APENDICE A – NOTAS EXPLICATIVAS SOBRE A PESQUISA UNESCO/MEC AEE
.................................................................................................................................................. 79
APENDICE B - NOTAS EXPLICATIVAS SOBRE A PESQUISA UNESCO/MEC AEE
.................................................................................................................................................. 81
APENDICE C - QUESTIONÁRIO ..................................................................................... 83
APENDICE D - Oferta AEE/turno ..................................................................................... 102
APENDICE F – Desafios “outros” da inclusão ................................................................. 112
APENDICE G – Motivos da não ocorrência do AEE na pandemia ................................ 127
7
1 INTRODUÇÃO
2 OBJETIVOS DO PRODUTO
3 METODOLOGIA
aplicativo Zoom. Assim, iniciou-se a busca por três plataformas que pudessem auxiliar na coleta
dos dados, que tivessem acessibilidade e fossem de fácil acesso dos Estados e municípios.
Escolhemos: Survey Monkey, Lime Monkey e Forms da Google. Após muitas
tentativas e pesquisas, optou-se pelo Forms, por ser gratuito e fácil de ser usado. Também foram
criados quatro e-mails: um para uso coletivo das consultoras para agendarmos as reuniões com
os Dirigentes, Undime e MEC1 e mais três individuais2 para cada consultora e sua região.
Optamos por uma abordagem quanti-qualitativa de pesquisa educacional que
buscou articular resultados junto aos docentes do AEE das redes públicas municipais, estaduais
ou distritais com relação aos atendimentos ocorridos no período da pandemia da Covid-19
(2020/2021) na região sudeste, para isso, a pesquisa quantitativa utilizou um questionário do
Google forms, composto por um conjunto de 21 perguntas.
Antes de entrarmos em contato com os Estados e Municípios, o MEC encaminhou
aos Dirigentes Estaduais e Undime Nacional um ofício de apresentação das consultoras e o
objetivo da pesquisa a ser realizada (ANEXO 1).
Com a primeira etapa concluída, iniciamos reuniões com os Dirigentes Estaduais
da Educação Especial e Undime nacional para apresentação das consultoras e dos objetivos da
pesquisa.
1ª) Reuniões com Dirigentes Estaduais: 24/5/2022 com o estado do CE;
1
consultorasmec.aee@gmail.com
2
consultoramec.aeesudeste@gmail.com; consultoramec.aeesul.co@gmail.com;
consultoramec.aeenorte.ne@gmail.co
12
2º) Reuniões com Dirigentes Estaduais: 26/4/2022 com os Estados do Tocantins (TO),
Santa Catarina (SC), Mato Grosso do Sul (MS), Paraná (PR), Minas Gerais (MG), Alagoas
(AL), Para (PA), Paraiba (PB), Rio Grande do Norte (RN), Pernambuco (PE) e Bahia (BA).
3º) Reuniões com Dirigentes Estaduais: 31/5/2022 com os Estados Santa Catarian (SC),
Rio Grande do Sul (RS), Rio Grande do Norte (RN), Pernambuco (PE), Paraná (PR), Rio de
Janeiro (RJ), Piauí (PI), Acre (AC), Minas Gerais (MG), São Paulo (SP), Amazonas (AM),
Maranhão (MA), Mato Grosso do Sul (MS), Sergipe (SE), Paraiba (PB) e Mato Grosso (MT).
4º) Reunião com Undime Nacional: 01/6/2022
Estes encontros foram valiosos, uma vez que foram dadas informações peculiares dos
Estados e seus trabalhos durante a pandemia, orientando melhor a organização das questões a
serem feitas no instrumento 1 para as escolas que tivessem o AEE com foco nos atendimentos
durante e após a pandemia da Covid-19, e o 2º instrumento para Dirigentes ou Coordenadores
da Educação Especial que não possuem o AEE para alunos com deficiências, TEA e altas
habilidades ou superdotação.
Tabela 1 - Ordem Decrescente dos Municípios/matrículas de estudantes com deficiência, TEA e altas
habilidades ou superdotação (CENSO, 2021).
São Paulo, Guarulhos, Campinas, São Bernardo do Campo, São José dos Campos, Diadema, Santo
André, Sorocaba, Praia Grande, Osasco, Mogi das Cruzes, Barueri, Santos, São Vicente, Ribeirão Preto,
Jundiaí, Guarujá, São José do Rio Preto, Mauá, Bauru, Taubaté, Itaquaquecetuba, Carapicuíba,
Piracicaba, Suzano, Limeira, São Carlos, Taboão da Serra, Embu das Artes, Franca, Santa Bárbara
SP d’Oeste, Indaiatuba, Hortolândia, Cotia, Araraquara, Itapecerica da Serra, Atibaia, Jacareí, Barretos,
Itapevi, Cubatão, Francisco Morato, Rio Claro, Presidente Prudente, São Caetano do Sul, Americana,
Caraguatatuba, Araçatuba, Tatuí, Catanduva, Guaratinguetá, Marília, Jaú, Pindamonhangaba,
Itapetininga, Assis, Cosmópolis, Itapeva, Ferraz de Vasconcelos, Itu, Mogi Guaçu, Santana de Parnaíba,
Itanhaém, Bragança Paulista, Poa, Sertãozinho.
Serra, Vila Velha, Cariacica, Vitória, Guarapari, Linhares, Cachoeiro de Itapemirim, Colatina, Viana e
ES
São Mateus.
Rio de Janeiro, Duque de Caxias, São Gonçalo, Nova Iguaçu, Magé, Belford Roxo, Niterói, Campos de
RJ
Goytacazes.
BH, Uberlândia, Montes Claros, Contagem, Juiz de Fora, Governador Valadares, Betim, Ipatinga,
Ribeirão das Neves, Uberaba, Barbacena, Muriaé, Divinópolis, Poços de Caldas, Pouso Alegre, Santa
Luzia, Coronel Fabriciano, Ituiutaba, Sete Lagoas, Paracatu, Patrocínio, Lavras, Ubá, Manhuaçu, São
Francisco, Ibirité, Teófilo Otoni, Vespasiano, Alfenas, Timóteo, Januária, Três Corações, Sabará, Pará
de Minas, Lagoa Santa, Itaúna, Itabira, Passos, Lagoa da Prata, Conselheiro Lafaiete, Boa Esperança,
MG Caratinga, Extrema, Carangola, Machado, Varginha, Janaúba, São João Del Rei, São Sebastião do
Paraíso, Cataguases, Diamantina, Nova Lima, Ponte Nova, Patos de Minas, Tupaciguara, Araguari,
Taiobeiras, Nova Serrana, Pirapora, João Monlevade, Viçosa, Mariana, Bocaiúva, Igarapé, Unaí, Espera
Feliz, Pedro Leopoldo, Santa Rita do Sapucaí, Frutal, Ouro Branco, Virginópolis, João Pinheiro,
Curvelo, Nova Cruzeiro, Iturama, Guaxupé, Formiga, Santana do Paraíso, Mateus Leme, Esmeraldas,
Itabirito, Santa Maria do Suaçuí, Brasília de Minas.
Fonte: Elaboração própria da pesquisadora
Nas reuniões com os Dirigentes Estaduais e Undime Nacional foi decidido que eles
fariam o encaminhamento dos questionários para suas redes, de acordo com as orientações
14
3
Disponível em: https://forms.gle/LgwevhQiNyGZVtPg8
4
Disponível em: https://forms.gle/Toe6ABycKRKeR93f6
15
Rio de Janeiro 75
Construímos também uma outra forma gráfica, em tabela, com os dados coletados.
No estado de MG, 47% dos respondentes são professores do AEE que ingressaram
por processo seletivo e 39% são professoresdo AEE efetivos, a minoria dos respondentes não
são prfessoresdo AEE, 9% dos que responderam ao questionario são gestores e 5%
coordenadores pedagógicos.
Temos um crescente aumento no número de matriculas de alunos com TEA, e uma das
possibilidades deste aumento está relacionada a possibilidade de um diagnóstico precoce, logo
após os 6 meses de idade, por isso, é viável apresentar dados mais concretos do aumento
significativo de pessoas com transtorno do espectro autista no Brasil, em especial, em crianças.
Segundo dados do CDC (Center of Deseases Control and Prevention), órgão ligado
ao governo dos Estados Unidos, existe hoje um caso de autismo a cada 110 pessoas.
Dessa forma, estima-se que o Brasil, com seus 200 milhões de habitantes, possua cerca
de 2 milhões de autistas. São mais de 300 mil ocorrências só no Estado de São
Paulo. (REVISTA ESPAÇO ABERTO , 2022)
Esses alunos incluídos com deficiência, mostrados na tabela 6 têm entre 6 e 12 anos
de idade. Na Constituição de 88, já se enfatizava a importância e obrigatoriedade do
atendimento aos estudantes em todos os segmentos da educação básica, como também a
garantia ao atendimento educacional especializado preferencialmente no ensino regular (inciso
III do art.208 da CF). A educação especial deve atender, portanto, enquanto modalidade de
ensino, todos os níveis de ensino.
Fonte: https://www.guiadoeducadorinclusivo.org.br/capitulos/capitulo-1
24
Podemos citar, ainda, a resolução nº 04/09 do CNE que coloca no projeto político
pedagógico das escolas de educação infantil e creches, os atendimentos às necessidades
específicas das crianças com deficiência.
Em 04 de agosto de 2015, o MEC, em parceria com SECADI/DPEE-SEB/DICEI,
publicou a Nota Técnica Conjunta nº 02/2015, com orientações para a organização e oferta do
Atendimento Educacional Especializado na educação infantil. O documento, que inicialmente
discorre acerca do direito das crianças à educação, trata da institucionalização e da
operacionalização do Atendimento Educacional Especializado nas creches e pré-escolas. Pelos
dados do Censo de 2020, percebemos os aumento das matriculas dos alunos com deficiencias,
TEA e altas habilidades ou superdotação em todos os niveis de escolarização da educação
básica.
Os dados quanto as matrículas crescentes é importante, como também a ampliação
da educação em tempo integral visando sempre uma educação cada vez melhor no país.
O tempo de escolarização apontado nesta pesquisa é de 90,7% em período parcial,
enquanto a de tempo integral é de 28,9% e algumas localidades apontaram ter os 2 tipos de
atendimento. A busca pela escola de tempo integral, que está no Plano Nacional de Educação
(meta 6), continua em crescimento, na região Sudeste (tabela 7).
Tabela 7 - Tempo de atendimento da escolarização dos/as estudantes/as que são atendidos no AEE (pode
marcar mais que uma opção)
Tempo Quantidade
Integral 116
Espírito Santo (ES) 22
Minas Gerais (MG) 71
Rio de Janeiro (RJ) 3
São Paulo (SP) 20
Integral, Parcial 244
Espírito Santo (ES) 28
Minas Gerais (MG) 151
Rio de Janeiro (RJ) 16
São Paulo (SP) 49
Parcial 885
Espírito Santo (ES) 60
Minas Gerais (MG) 619
Rio de Janeiro (RJ) 56
São Paulo (SP) 150
Total Geral 1245
Fonte: Elaboração da própria pesquisadora
Tabela 8 - Escolas públicas da Educação Básica com pelo menos uma matrícula em tempo integral – 2014-
2019
complementar ou suplementar (BRASIL, 2009a), mas o que apareceu na pesquisa foi que
existem outras possibilidades.
Na região sudeste tivemos a grande maioria atendendo como preconiza a legislação,
52,9% no contraturno, 18% atendem no mesmo turno do estudante; 16,5% atendem estudantes
de outras escolas e com 4,5 % estudantes que só frequentam o AEE, sendo esta informação
intrigante e importante, cujas causas devem ser investigadas.
O estado de São Paulo tem como resultados mais relevantes quanto à oferta dos
atendimentos do AEE o seguinte: itinerante (41%), ocorre no mesmo turno (27%) e no
contraturno, (18%).
27
17% contraturno
Aulas EO
Horário diferenciado
5%
Inicio turno ed inf
sala de recurso
contraturno
Não se aplica
No estado do RJ, temos 38% dos AEE no contraturno, porem apareceu com 3% o
AEE atendendo alunos que não estão matriculados no ensino regular. Informação que seria
importante futuramente conhecer os motivos.
Gráfico 11 - Oferta do AEE no estado de RJ
Fazendo-se uma analogia entre as respostas obtidas pelos respondentes dos estados,
temos que São Paulo (27%), Rio de Janeiro (18%) e Espírito Santo (33%) possuem em comum
a oferta do AEE no mesmo turno, aparecendo em segundo lugar. O estado de SP tem como
29
principal oferta mostrada nesta pesquisa o serviço de itinerância (41%) e o AEE no contraturno
aparece somente com 18%, em terceiro lugar. O atendimento domiciliar apareceu em 2 estados
MG (2%) e SP (5%).
Nessa questão sobre a oferta do AEE, foi obtido também como resposta, na opção
“outros” que ocorre em:
• atendimento exclusivo da professora da classe regular;
• é ofertado nos momentos de EO (Estudo Orientado);
• Trabalho “colaborativo”, pois ele acontece como algo positivo para os respondentes. “O
AEE também é ofertado na modalidade de ensino colaborativo, ou seja, quando
o professor AEE estabelece uma parceria com professor da sala regular e juntos planejam e
executam aulas com diversos recursos que beneficiam a todos alunos envolvidos” (Professora
do AEE de SP)
Ter diversidade no formato do trabalho realizado pelo AEE é muito relevante,
principalmente quando analisamos as diferenças que existem no Brasil com relação às escolas
e formas de atendimento oferecidas, na educação infantil, na escola de tempo integral e EJA.
Para Damiani (2008, p.218) “pode-se pensar que o trabalho colaborativo entre
professores apresenta potencial para enriquecer sua maneira de pensar, agir e resolver
problemas, criando possibilidades de sucesso à difícil tarefa pedagógica”. A autora cita
“...baseados em amplo estudo realizado na Inglaterra, apresentam evidências de que escolas em
que predominam culturas colaborativas são mais inclusivas, isto é, apresentam menores taxas
de evasão e formas mais efetivas de resolução de problemas dos estudantes”(CREESE,
NORWICH E DANIELS, 1998 apud DAMIANI, 2008, p. 220).
O trabalho colaborativo na educação inclusiva é fundamental, assim como o
trabalho entre o ensino regular e a educação especial.
Mendes, Virangola e Zerbato (2014, p. 46) descrevem o ensino colaborativo como:
“[...] uma parceria entre professores do ensino regular e especial, desde que os dois se
responsabilizem e compartilhem o planejamento, a execução e a avaliação de um grupo
heterogêneo de estudantes, dos quais alguns possuem necessidades educacionais especiais”.
Enfim, entendemos que para validar o trabalho colaborativo, seria fundamental o
investimento em pesquisas que mostrem como realmente acontece essa parceria, se é para suprir
a ausência de um local específico para o AEE, ou problemas no transporte, ou falta de
investimento ou se realmente a complementação pode ocorrer nesse formato já que foi citado
pelos professores nesta pesquisa.
O serviço de itinerância surgiu como forma de atender aos alunos da EJA e da
30
Na pesquisa, pudemos perceber que o AEE está sendo feito em muitos espaços, isso
foi verificado quando os professores responderam “outros” e elencaram esses locais.
O espaço adequado para os atendimentos faz com que o professor tenha local para
guardar os equipamentos de TA, de braile, dicionários de Libras, fazer suas avaliações, jogos
entre outros. Quando isso não acontece, precariza o trabalho, como percebemos na lista abaixo,
na qual elencamos alguns dos locais onde os professores respondentes fazem o atendimento ao
aluno com deficiência, TEA e altas habilidades ou superdotação:
• “Laboratório de informática”, aparece em muitas respostas;
• “Secretaria da escola”;
• “Sala de equipamentos da parte elétrica geral da escola”
• “Sala dos professores”
• “Sala de xerox”
• “Em pequeno espaço improvisado pela escola embaixo da caixa de água, sem
acessibilidadee ventilação adequada para os alunos e professor”.
• “Na Secretaria Municipal da Educação”.
33
O AEE pode ser realizado em diversos espaços, além da SRM, porém os “outros”
espaços que foram citados na pesquisa não parecem ser adequados, uns por questão de
segurança, outros por não disporem de espaço para guardar os materiais utilizados pelos
estudantes e professor, além da falta de privacidade, sendo esses apenas alguns dos itens que
podemos citar.
recursos multifuncionais;
IV – acompanhar a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos
pedagógicos e de acessibilidade na sala de aula comum do ensino regular, bem como
em outros ambientes da escola;
V – estabelecer parcerias com as áreas intersetoriais na elaboração de
estratégias e nadisponibilização de recursos de acessibilidade;
VI – orientar professores e famílias sobre os recursos pedagógicos e de
acessibilidadeutilizados pelo aluno;
VII – ensinar e usar a tecnologia assistiva de forma a ampliar habilidades
funcionais dosalunos, promovendo autonomia e participação;
VIII – estabelecer articulação com os professores da sala de aula comum,
visando àdisponibilização dos serviços, dos recursos pedagógicos e de acessibilidade
e das estratégias que promovem a participação dos alunos nas atividades escolares.
Na pesquisa, podemos perceber que alguns itens estão sendo desenvolvidos pelo
AEE e somente 19,1% apontaram a dificuldade com relação à interação com os professores do
ensino regular, atribuição importantíssima do AEE para garantir a eficácia no processo de
inclusão. Outra dificuldade apontada foi a falta de comprometimento das famílias, materiais
tecnológicos obsoletos, falta de formação para os profissionais do AEE e pouco investimento
financeiro.
Quanto aos desafios do AEE, tivemos um equilíbrio entre várias respostas, todas
estruturais e fundamentais para a garantia dos atendimentos aos alunos com deficiência, TEA,
altas habilidades ou superdotação:
• Formação para profissionais da escola, 694 respondentes (55,7%)
• Demora na contratação da equipe de apoio, 643 respondentes (51,7%)
• Estudantes não podem retornar no contraturno, 568 respondentes (45,7%)
• Ausência ou pouco investimento financeiro, 549 respondentes (44,2%)
• Elevado número de estudantes para o AEE, 504 respondentes (40,6%)
• Falta de transporte para atender os alunos no contraturno, 512 respondentes (41%)
gráfico 14.
O estado de Minas Gerais apresentou 2 dos seus resultados iguais aos do Rio de
Janeiro, em primeiro lugar, ausência de comprometimento da família (23%) e terceiro, falta de
38
Os desafios são enormes dos profissionais do AEE, mas será que esses dados são
os mesmos obtidos quando perguntamos com relação à inclusão do aluno com deficiência, TEA
e altas habilidades ou superdotação?
39
Para melhor entendimento do que acontece nas escolas com relação aos alunos com
deficiências, TEA e altas habilidades ou superdotação, foi perguntado quanto aos desafios do
processo de inclusão desses educandos, pois este também é um dos trabalhos do AEE, facilitar
e auxiliar a inclusão.
Alguma das respostas são compatíveis com dados já coletados, por exemplo:
• Falta de condições dos estudantes em ir ao AEE no contraturno (556) é confirmada pelas
respostas dos professores quanto a seus desafios que é o aluno retornar para o AEE no
contraturno (568).
• Falta de profissional de apoio e cuidadores para os estudantes que necessitam (384) e
nos desafios dos professores do AEE, a demora na contratação dos profissionais de
apoio e cuidadores para os estudantes (643).
B
C
E
F
I
J
200 400 600
ITEM LEGENDA QTD
A Falta de condições dos estudantes em ir ao AEE no contraturno 556
B Ausência de acessibilidade arquitetônica na escola 265
Ausência de recursos tecnológicos para o AEE (computadores,impressoras braile, recursos
C
de comunicação alternativa e aumentativa...) 547
D Ausência de tecnologias assistivas para o atendimento no AEE 442
E Falta de profissional de apoio e cuidadores para os estudantesque necessitam 384
F Falta de apoio da gestão escolar 50
Ausência projetos de ensino e ações que incentivem e envolvamos estudantes com
G 257
deficiências e sem deficiências
H Ausência de interação professor-estudantes com deficiência 186
I Nenhuma dificuldade 181
J Outros 65
Fonte: Elaboração própria da pesquisadora
40
O aumento de alunos com TEA também foi citado como desafio para o AEE, pela
falta de profissionais de apoio, cuidadores e equipamentos. De acordo, com o INEP (2020) o
Brasil tem registrado 300 mil crianças com diagnóstico de TEA matriculadas nas escolas
(Gráfico 19).
Os impactos causados pela pandemia da Covid-19 vão desde as perdas humanas até
econômicas, educacionais, sociais no mundo. A população precisou ficar em situação de
isolamento em suas residências para evitar o contágio do vírus Sars-COV-2, a partir de março
de 2020. Esse afastamento social fez com que todos os segmentos da sociedade tivessem que
43
O ensino remoto apareceu como uma das mais eficazes alternativas para se manter
o sistema em funcionamento. No entanto, o trabalho remoto depende 100% do uso de recursos
tecnológicos e conectividade, itens que nem todos possuíam à época. A educação, tanto pública
como privada, adotou o ensino remoto e teve que buscar alternativas de modelos de ensino
baseados nas tecnologias.
Citamos Teixeira (2010), que já deixava claro e evidente a necessidade do uso e
conhecimento por parte dos professores quanto às Tecnologias de Informação e Comunicação,
TIC’s, que constituem um diversificado conjunto de recursos tecnológicos, tais como:
computadores, internet e ferramentas que compõem o ambiente virtual como chats e correio
eletrônico; fotografia e vídeo digital; TV e rádio digital; telefonia móvel; Wi-Fi; Voip; websites
e home pages, ambiente virtual de aprendizagem para o ensino a distância, entre outros.
Chegamos ao século XXI ainda com grande defasagem tanto no uso dos recursos
tecnológicos por parte dos educadores como na carência de conectividade por parte dos alunos,
pois nem todas as localidades brasileiras possuem acesso à internet.
A pandemia evidenciou, segundo
O modelo de ensino remoto que foi necessário ser adotado no período da pandemia
da Covid-19, quando as aulas foram suspensas e era necessário manter o processo educacional
em funcionamento, trouxe um grande desafio para os que atuavam na linha de frente da
educação, sobretudo, aos profissionais da educação especial e do AEE.
44
Com a suspensão das aulas em 2020, todo cenário pandêmico a nossa frente e,
consequentemente, o trabalho remoto, foi preciso uma adaptação urgente à realidade
e em busca do enfrentamento, foi inevitável adequar as práticas pedagógicas, de
acordo com o contexto local, de maneira a dar conta da realidade vivida. É interessante
observar que em um país do tamanho do Brasil, quando na realização da atividade de
relato das práticas realizadas ou às quais, de alguma forma, tomaram conhecimento
tantos e tantas educadores e educadoras citaram estratégias e recursos semelhantes[...]
(MARTINS, 2021, p.26)
Os alunos que, até então, podiam ter um atendimento específico para sua
necessidade educacional, agora estavam distantes e muitas vezes em casa, sem acesso aos
recursos para estimular seu desenvolvimento. As famílias estavam despreparadas para ficarem
com seus filhos o dia todo em casa e com a incumbência de orientar e trabalhar o pedagógico
para que o tempo não fosse totalmente perdido.
No universo pesquisado da região sudeste, 1245 respondentes, foi registrado que
durante a pandemia da Covid-19, houve sim atendimento do AEE, de acordo com 1177
respostas. Somente 73 respondentes relataram não ter havido o atendimento educacional
especializado, na pandemia.
Total Geral
Esse dado é importante para podermos avaliar como ocorreu a relação escola/aluno
e o processo ensino-aprendizagem. Com a pesquisa, foi mostrado como foram atingidos os
objetivos, quais recursos os estados e municípios da região sudeste usaram para vencer o
isolamento das crianças da escola e os problemas relacionados com conectividade.
Outro dado que será mostrado nos resultados refere-se à estrutura para os
professores poderem organizar suas estratégias por meio de recursos que, muitas vezes, antes
45
Importante ressaltar que não basta ter internet, é necessário ter os equipamentos,
saber usá-los. Lembramos que a porcentagem de uso das tecnologias e conectividade entre
pessoas com e sem deficiência também é distinta.
De acordo com a pesquisa do Instituto Rodrigo Mendes (2020, p.6) “No ano de
2016, 59,3% da população sem deficiência fazia uso da internet, contra apenas 36,8% da
população com deficiência”. Podemos somar a esses dados que muitos dos alunos atendidos
pela educação especial também moram em locais de difícil acesso ou mesmo na zona rural, o
que dificultou ainda mais a manutenção dos atendimentos.
segurança – 285
K Outros 7 45 7 18 77
Elaboração de jogos educativos,
I 50 484 20 92 646
contação de histórias e App’s
Aulas e/ou comunicação via canais de
F 13 105 4 5 127
televisão
Total Geral 519 4156 296 949 5920
20% domiciliar
40% Ligação telefônica
20%
Presencial agendado
Chamadas de video
20%
11%
domiciliar
Impresso matéria
11% adaptado
whatsapp
Minas Gerais teve como principal estratégia o uso de material impresso adaptado,
diferindo dos três estados já citados. O whatsapp ficou em 2º lugar, e, em 3º, chamada de vídeo.
Esse estado foi o que apresentou maior variedade de estratégias durante a pandemia da Covid-
19, como os vídeos explicativos das atividades, plataformas, presencial agendado e aulas
gravadas, cada um com 6%, telegram, redes sociais, material entregue nas residências, e-mail,
domiciliar e contato restrito (3%).
52
3% 3% 3%
Contato restrito
3%
3%
domiciliar
3%
35% email
6%
6% Material entrega na residência do
aluno
6% Redes socias
12%
11%
6% telegram
Rádio
Nenhum deles
Televisão
Atendimentos individuais na…
Plataformas
Vídeo Aula Gravada
Vídeo Aula Online
Ligações Telefônicas
Material Impresso
Jogos Educativos
Whatsapp
0 200 400 600 800 1000
Cabe destacar que, dos três dos recursos citados para serem mantidos, dois já
tinham ênfase na aprendizagem que seria a elaboração de jogos educativos (67,8%) e os
materiais impressos (67%), na novidade aparece com o uso do whatsapp (72,9%) como mais
53
7%
7% Sem acesso aos alunos
Sem internet e
14% equipamentos/ alunos
50%
Professora processo seletivo
atual
Família não participou do
22% ensino remoto
Escola sem AEE
Os estados de SP e RJ tem 3 motivos iguais para não oferta do AEE: escola sem o
AEE, falta de internet e equipamentos para os alunos e sem acesso aos alunos.
54
O que nos chamou a atenção no Estado de MG foi o relato de que foi decretada por
várias localidades a suspensão dos atendimentos durante a pandemia da Covid-19. Com tantas
possibilidades, desde a mais simples, como impressão, até uso de recursos de alto custo, não ter
atendimento fez com os alunos com deficiência, TEA e altas habilidades ficassem dois anos
sem proximidade com seus professores, estímulos para seu desenvolvimento.
A mudança pedagógica, que foi necessária ocorrer por dois anos em função do
isolamento, fez com que vários desafios viessem à tona na Educação e no AEE. O maior desafio
citado pelos respondentes foi:
1º) manter a rotina pedagógica dos estudantes;
2º) ausência no acompanhamento e mediação das famílias para as atividades
propostas pelo AEE;
3º) ausência de conectividade.
Nas redes de ensino e/ou escolas que trabalharam com material impresso como
estratégia para o ensino remoto, a acessibilidade mais utilizada foi a fonte ampliada, seguido
da descrição de imagens.
experiência ímpar na garantia de direito dos alunos público alvo da inclusão. Depois, com o
retorno presencial podemos constatar a importância destes dois meios como de levar
atendimento, manter o vínculo e não permitir que os alunos fossem excluídos”.
Esta pergunta pudemos perceber a busca dos professores em se reinventar para
poderem ficar próximos dos alunos e buscando estratégias diferenciadas, como canal no
youtube, utilização do googleforms, uso das celas Braille, apostilas adaptadas e quando nada
parecia dar certo a ida a casa dos alunos foi uma realidade mostrada por varios professores.
Sabemos que ser portador do diploma de cursos de pós-graduação não garante a
expertise para o trabalho, é necessária, pois, a formação em serviço e de forma continuada, para
se ter uma prática efetiva e coerente com a realidade das escolas.
Também atribuímos ser relevante termos cursos advindos do MEC para
profissionais de SRM, em nível de aperfeiçoamento e especialização, ministrados por docentes
não só de universidades, mas com práticas em redes de ensino públicas.
Outros
Série2 Série1
infantil.
Os professores do AEE respondentes da região sudeste tem como principais ações
junto a educação infantil:
LEGENDA %
classe regular bem orientado de como auxiliar o aluno incluido em sua sala. O processo
educacional não é estático, ele necessita ser avaliado constantemente para saber se seus
objetivos estão sendo atendidos, caso isto não esteja ocorrendo deve-se pensar outras
alternativas ese necessário fazer propostas de mudanças em documentos legais.
Com relação à EJA, 688 respondentes das escolas não atende alunos dessa
modalidade. Outras respostas obtidas foram o atendimento não ocorre no periodo da noite
(165), 142 respondentes citam varios outras alternativas como o ensino colaborativo e a
itinerância.
O estado de MG tem dados importantes a serem analisados: 117 responderam que
não oferecem o AEE a noite, 70 dizem que os estudantes não tem disponibilidade para irem ao
contraturno e 19 que não transporte para levar o aluno ao AEE, somente 9 relataram que o AEE
acontece no perido da escolarização do aluno.
A principal atividade desenvolvida pelo AEE (os respondentes poderiam marcar
mais que um item) é a orientação aos professores da sala regular 276 respostas obtidas (22,2%),
adaptação de materiais 204 (16,4%) e orientação familiar com 204 (16,4%). Um dado
interessante é que 3,8% (47) responderam que os alunos não desejam sair para atendimento
durante o horário da sala regular. Saliente-se que o número de alunos atendidos na EJA na
região sudeste é muito baixo como mostrado no Censo de 2020.
Quanto ao AEE na Escola Especial ou nos CAEE, na amostra que levantamos para a
pesquisa, tivemos, quanto ao número-tipo-esfera-estado, a seguinte configuração, 28
instituições, sendo:
67
Outros
LEGENDA DESCRIÇÃO
A O AEE realiza atendimentos em grupo
B O AEE realiza atendimentos individuais
C O AEE atende a estudantes que participam de oficinas e cursos profissionalizantes
destinados a jovens e adultos que não estão mais no processo de escolarização
D O AEE mantém contato e trocas de experiências com as escolas comuns em que os
alunos estão matriculados
E O AEE elabora e constrói materiais adaptados
F O AEE oferece alfabetização em Libras e/ou língua portuguesa para surdos
G O AEE oferece alfabetização em braille, orientação e mobilidade
H O AEE trabalha com a proposta de elaboração de Estudo de caso e Plano do AEE
I A proposta pedagógica do AEE é construída em parceria com as escolas comuns onde
os alunos frequentam no contraturno dos atendimentos.
J Não há comunicação ou troca de experiências entre a escola especial e a escola
regular
K O AEE desta instituição é também utilizado para capacitar e formar profissionais das
escolas comuns
L Não atuo no CAEE
(213) como individual (285), como tambem é o que mais forma e capacita profissionais da
escola comum (53).
Tabela 15- Organização das atividades do AEE na Escola especial e/ou CAEE
TOTAL
LEGENDA RESPOSTAS ES MG RJ SP (%)
GERAL
A O AEE realiza atendimentos em grupo 48 213 10 55 326 26,2%
B O AEE realiza atendimentos individuais 50 285 13 56 404 32,4%
O AEE atende a estudantes que participam de
oficinas e cursos profissionalizantes destinados
C 5 14 - 9 28 2,2%
a jovens e adultos que não estão mais no
processo de escolarização
O AEE mantém contato e trocas de experiências
D com as escolas comuns em que os alunos estão 14 123 1 39 177 14,2%
matriculados
E O AEE elabora e constrói materiais adaptados 46 260 11 57 374 30,0%
O AEE oferece alfabetização em Libras e/ou
F língua portuguesa para surdos 12 68 - 18 98 7,9%
O estado do ES teve somente 18 respondentes que não atuam no CAEE e/ou EE,
enquanto MG teve 555 que não atuam neste segmento. Com relação a comunicação entre a
escola especial e a escola regular, 7 do ES, 15 de MG, 2 RJ e SP dizem que não ocorre.
70
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
da inclusão.
A falta de conectividade e equipamentos (notebook, tablet, celulares), tanto por
parte dos alunos como dos professores, também foram problemas apontados. Cada estado e
município utilizou estratégias diversas para tentar alcançar os alunos com deficiências, TEA e
altas habilidades ou superdotação, nos mais diversos lugares e distâncias. Dentre essas
destacam-se os atendimentos presenciais individualizados aos estudantes do AEE na escola, no
domicílio, material impresso que as famílias buscavam nas escolas ou eram entregues nas
residências e ligações telefônicas, todas enquadradas em tecnologias de baixo custo.
É sabido que a internet na educação infantil já está em 66,2% das escolas da rede
municipal, e com banda larga em 52,7% e nas escolas estaduais a realidade é de 74,8% e com
banda larga 59,5% (CENSO,2020). Os dados desta pesquisa com relação ao uso dos recursos
tecnológicos vaão de encontro a realidade nacional que traz como últimos resultados do censo,
que “apesar de possuir o maior número de escolas do ensino fundamental, a rede municipal é a
que menos dispõe de recursos tecnológicos, como lousa digital (9,9%), projetor multimídia
(54,4%), computador de mesa (38,3%) ou portátil (23,8%) para os alunos ou mesmo internet
disponível para uso destes (23,8%)”. Nas escolas estaduais somente 32,9% tem computadores
para os alunos. A pandemia evidenciou estas fragilidades das escolas públicas.
Entendemos que não é somente a compra dos recursos tecnologicos (tablets, lousas
digitais, notebooks...) ou ter a conectividade, mas haver cursos de formação para os professores
tanto do AEE como do ensino regular com relação as práticas pedagógicas com uso das TICs.
Na área da educação especial temos um grande número de Apps gratuitos para serem usados
com os alunos publico alvo do atendimento do AEE, podemos usar os recursos quandos alunos
estão hospitalizados, em domicilio, enfim não deixando jamais desamparados do processo de
aprendizagem.
Os professores que não tinham domínio do uso dos recursos tecnológicos se
empenharam em criar vídeos, atividades, contar histórias tudo para se manterem próximos aos
alunos atendidos.
Outro ponto importante foi a dificuldade em se manter a acessibilidade (Braile,
audiodescrição, Libras, material ampliado e legenda) nos materiais e atividades como: aulas
gravadas, vídeos e material impresso e nas plataformas e aulas síncronas, onde identificamos o
maior percentual de “falta de acessibilidade” (34%).
A dificuldade em manter a rotina dos estudantes foi mencionada como um limitante
na organização do trabalho do professor do AEE, durante a pandemia da Covid-19.
Com relação a participação das familias nas atividades ter sido vista como um
72
dificultador, devemos analisar que muitas familias, como relatado na pesquisa, são analfabetos,
não tinham celulares para todos os filhos e internet de qualidade para as aulas. Porém,
evidência-se tambem como estava a relação dos professores do AEE com as familias. Quanto
de trocas havia com relação as atividades desenvolvidas com os filhos, reuniões, informações
e orientações.
Os dados coletados referente às dificuldades para realização do AEE no contexto
da pandemia que foram mencionados nos questionários, alguns mostram a necessidade urgente
de se discutir políticas públicas para buscar soluções para problemas que dificultam o
desenvolvimento de muitas crianças e escolas, quanto a vencer as barreiras da distância usando
as tecnologias. Citamos a seguir as que nos parecem mais urgentes de encaminhamentos de
órgãos gestores dos sistemas de ensino:
• Formação de professores das classes comuns e do AEE das redes públicas na área da
TIC;
• Compra de equipamentos (tablets, notebook, computadores) para uso dos alunos
e professores do AEE na SRM e sala regular;
• Conectividade para escolas e famílias que moram na zona rural, muitos dos
alunos atendidos pelo AEE como TEA, paralisia cerebral tem na tecnologia
assistiva e softwares o principal recurso de comunicação e para aprendizagem;
• Formação para os professores do ensino regular com relação à inclusão;
• Valorização da educação especial e seus profissionais (professores do AEE,
apoio escolar, cuidadores, intérpretes de Libras) e serviços no âmbito da escolar
regular.
Nesse sentido, cabe destacar, que o AEE, objeto central desta pesquisa, é
reconhecido como um dos meios para se auxiliar o processo de inclusão. Por isso, pontuaremos
na sequência aspectos que foram evidenciados nas respostas ao questionário, como desafios:
• Oferta do AEE no contraturno: estudantes que moram na zona rural, estudantes de
escolasde tempo integral e EJA, apresentam dificuldades para que o AEE aconteça no
contraturno. Consideramos nesse sentido, a partir das falas dos respondentes, um grande
problema, pois existe a falta o transporte escolar, falta de AEE na EJA noturno e mais
serviços de itinerância. Sugerimos reavaliar que o AEE possa ser realizado unicamente,
no contraturno, nos casos específicos da EJA, alunos que moram na zona rural e escola
em tempo integral;
• Contratação de professores para o AEE: concursos para que os profissionais tenham
73
• Criação de mais AEE nas redes municipais e estaduais, onde haja matrícula dos alunos
com deficiência, TEA e altas habilidades ou superdotação;
• Atualização e manutenção dos materiais das SRM;
• Contratação e/ou concurso para os profissionais de apoio, cuidadores, mediares de
aprendizagem, profissionais do Braille e intérpretes de Libras;
• Divulgar os resultados desta pesquisa para subsidiar formações, junto aos estados e
municípios, com base em dados concretos de sua própria realidade.
Acreditamos ter sido importante e necessário verificar, por intermédio de uma
pesquisa, seriamente realizada como essa, as condições existentes para a política de inclusão e
da oferta do AEE na pandemia, diante do compromisso social e educacional assumido,
estabelecido em metas e acordos de agendas internacionais.
Enfim, que possamos refletir, cada segmento, sobre nosso papel para reconduzir
ações que possam melhorar a qualidade do AEE e de nossa ação educadora inclusiva para o
presente e o futuro.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova
o Plano Nacional de Educação - PNE e dá outras providências. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm. Acesso em: 03 out.
2022.
BRASIL. . Presidência da República. Secretaria-Geral. Lei n.º 13.632, de 6 de março de 2018.
Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional), para dispor sobre educação e aprendizagem ao longo da vida. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13632.htm#art1. Acesso
em:19 ago. 2022.
CGI - Comitê Gestor da Internet no Brasil. Resumo executivo: pesquisa TIC educação 2020.
São Paulo: Cetic, 2020. Disponível em
https://cetic.br/media/docs/publicacoes/2/20211124200731/resumo_executivo_tic_educacao_2
76
OCDE. Learning remotely when schools close: How well are students and schools prepared?
Insights from PISA. 2020. Disponível em: https://www.oecd.org/coronavirus/policy-
responses/learning-remotely-when-schools-close-how-well-are-students-and-schools-prepared-nsights-
from-pisa-3bfda1f7/. Acesso em: 17 jun. 2022.
REVISTA ESPAÇO ABERTO. Maringá: USP, v. 15, n. 170, jul. 2015. Disponível em:
http://biton.uspnet.usp.br/espaber/?edicao=170. Acesso em: 03 out. 2022.
SÃO PAULO. Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. Resolução SE nº 68, de 12-12-
2017. Disponível em:
http://www.educacao.sp.gov.br/lise/sislegis/detresol.asp?strAto=201712120068. Acesso em:
19 ago. 2022
SEBASTIAN-HEREDERO, ELADIO; ANACHE, ALEXANDRA AYACH A percepção
docente sobre conceitos, políticas e práticas inclusivas: um estudo de caso no brasil. REVISTA
IBERO-AMERICANA DE ESTUDOS EM EDUCAÇÃO. , v.15, p.1018 - 1037, 2020,
VIEIRA, M. T.. Educação e novas tecnologias: o papel do professor diante desse cenário de
inovações. Revista Espaço Acadêmico, [s.l.], v. 11, n. 129, p. 95-102, 2012. Disponível em:
https://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/14359. Acesso
em: 24 jun. 2022
77
Ministério da Educação
Esplanada dos Ministério, Bloco L, Edifício-Sede - 2º Andar - Bairro Asa Norte, Brasília/DF,
CEP 70047-900
Telefone: 2022-9018/9217 - http://www.mec.gov.br
OFÍCIO-CIRCULAR Nº 3/2022/GAB/SEMESP/SEMESP-MEC
Brasília, 11 de abril de 2022.
Aos(Às) Secretários(as) de Educação dos Estados, dos Municípios e do Distrito
Federal
Secretarias de Estado da Educação, Municipais e do Distrito Federal
Assunto: Apresentação de Consultores - Projeto UNESCO914BRZ1060.
Senhores(as) Secretários(as),
Atenciosamente,
Referência: Caso responda a este Ofício, indicar expressamente o Processo nº 23000.025062/2021-62SEI nº 3243468
79
(Projeto 914BRZ1060)
Essa pesquisa, realizada no âmbito do Projeto de Cooperação Técnica Internacional
MEC/UNESCO (Projeto 914BRZ1060), por meio da Diretoria de Educação Especial, da
Secretaria de Modalidades Especializadas de Educação (SEMESP), procede ao levantamento
nacional de dados sobre o Atendimento Educacional Especializado (AEE) ofertado aos
estudantes com deficiência, transtorno do espectro autista e altas habilidades ou superdotação.
Essa pesquisa visa identificar as alternativas adotadas pelos sistemas de ensino em relação à
oferta do AEE, as boas práticas desenvolvidas, os motivos de não-oferta (quando for o caso),
abrangendo tanto os modelos praticados antes da pandemia, como aqueles implementados
durante a pandemia de Covid-19.
A colaboração de todos é muito importante, no sentido de evidenciar a realidade da oferta desse
serviço no contexto nacional, a fim de aprimorar as políticas executadas na área e implementar
melhorias ao serviço, de forma que possa atender a todos os estudantes que dele necessitam.
Destacamos que a pesquisa respeita a confidencialidade, não tendo informações de dados
pessoais ou identificação dos respondentes.
O questionário é destinado às escolas (Estaduais, Municipais, Distritais), que tenham
matriculado estudantes da educação especial (estudantes com deficiência, transtorno do
espectro autista e altas habilidades ou superdotação), tendo como respondentes:
a) Professor(a) do Atendimento Educacional Especializado da unidade escolar efetivo
ou comingresso por processo seletivo e com atuação durante o período da pandemia da Covid-
19 até 2022.
Caso não haja este profissional, o questionário poderá ser respondido pelo Coordenador/a
pedagógico e/ou Gestor da escola, quando na ausência dos professores do AEE que atuaram
duranteo período da pandemia da Covid-19.
Diante das explicações iniciais, destacaremos a seguir as escolhas metodológicas do
instrumento.
1. Instrumento de pesquisa
2. Descrição do Questionário:
Esperamos que tais informações colaborem no trabalho em parceria a ser realizado e nos
colocamos à disposição para esclarecimento, dúvidas e outras demandas que possam surgir no
processo de realização desse levantamento, no e-mail: consultoramec.aeesudeste@gmail.com
Atenciosamente,
(Projeto 914BRZ1060)
1. Instrumento de pesquisa
• Questionário estruturado (questões fechadas e abertas)
2. Descrição do Questionário:
APENDICE C - QUESTIONÁRIO
84
85
86
87
88
89
90
91
92
93
94
95
96
97
98
99
100
101
102
Sala regular
Alguns realizam AEE em instituições no contra turno São Paulo (SP) contraturno
de recursos no CEMAE.
não conseguiamos chegar aos alunos São Paulo (SP) Sem acesso aos alunos
A escola não possuia PAEE. São Paulo (SP) Escola sem AEE
Escolas fechadas devido a pandemia
atendendo aos protocolos sanitários.
Aulas remotas não atenderam aos
Minas Gerais (MG) Sem internet e equipamentos/ alunos
estudantes em sua maioria, devido a
restrições de internet para as família
dos mesmos.
Não temos AEE na escola São Paulo (SP) Escola sem AEE
Escola fechada devido a pandemia
atendendo aos protocolos sanitarios Escola fechada
Minas Gerais (MG)
Escolas fechadas devido a pandemia e
atendendo aos protocolos sanitarios Escola fechada
Minas Gerais (MG)
ESCOLAS FECHADAS DEVIDO A
PANDEMIA ATENDENDO AOS
PROTOCOLOS SANITÁRIOS.
AULAS REMOTAS NÃO Minas Gerais (MG) Sem internet e equipamentos/ alunos
ATENDERAM AOS ESTUDANTES
EM SUA MAIORIA, DEVIDO A
RESTRIÇÕES DE INTERNET PARA
AS FAMÍLIAS DOS MESMOS.
falta parceria das famílias na inclusão São Paulo (SP) Falta de apoio das
famílias
Ausência de uma sala exclusiva para SRM. Minas Gerais (MG) Falta sala de SRM
Ser reconhecido como aluno do professor Minas Gerais (MG) Difícil aceitação do
regente em sala de aula, mesmo com maior ensino regular
comprometimento cognitivo, percebo que os
professores( com algumas excessões) não
reconhecem e não contemplam o educando
em seus planejamentos e ações em sala de
aula. Incentivar o aluno a participar das
atividades fora de sala. Verem esse aluno
como ser humano, com direitos, deveres e
sentimentos. Conhecer melhor a BNCC e
terem mais Empatia.
Alguns alunos não tinham acesso aos Sem internet e equipamentos/ alunos
recursos utilizados: celular, internet,
um adulto para acompanhá-lo. Minas Gerais (MG)
Algumas famílias não deram o retorno Família não participou do ensino remoto
do ensino remoto São Paulo (SP)
NÃO HOUVE ADESÃO DOS PAIS E Família não participou do ensino remoto
RESPONSÁVEIS Minas Gerais (MG)
não conseguiamos chegar aos alunos São Paulo (SP) Sem acesso aos alunos
A escola não possuia PAEE. São Paulo (SP) Escola sem AEE
Não temos AEE na escola São Paulo (SP) Escola sem AEE
Faltou apoio da família. Minas Gerais (MG) Família não participou do ensino remoto
Pois os pais dos alunos não não Família não participou do ensino remoto
autorizaram que eles retornassem para
a escola durante o período híbrido Minas Gerais (MG)
Não tinha sala de Recursos Minas Gerais (MG) Escola sem AEE
NÃO TEMOS SALA RECURSO Minas Gerais (MG) Escola sem AEE