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NATAL
2021
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NATAL
2021
3
AGRADECIMENTOS
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais, que sonham e me inspiram a ir atrás dos nossos sonhos.
6
APRESENTAÇÃO
Esta dissertação foi elaborada de acordo com as normas estabelecidas pelo Programa
Associado de Pós-graduação em Fonoaudiologia UFRN/UFPB/UNCISAL. O estudo aqui
apresentado foi orientado pela Profa. Dra. Ana Manhani Cáceres Assenço e conduzido pelas
fonoaudiólogas Alessandra Pinheiro da Silva e Lidia Silva de Souza. O projeto de pesquisa ao
qual ele se vincula é “Telemonitoramento de crianças pequenas com indicadores clínicos de
risco para o Transtorno do Espectro Autista: uma abordagem integrada no contexto da
pandemia de COVID-19”.
Os dados da dissertação estão de acordo com as normas da ABNT e os artigos que a
integram serão submetidos à Revista CoDAS (Communication Disorders, Audiology and
Swallowing), e Audiology - Communication Research (ACR), portanto formatados no
“Vancouver Style”.
7
SUMÁRIO
RESUMO 9
ABSTRACT 10
INTRODUÇÃO 11
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 13
OBJETIVOS 21
ARTIGO I 22
ARTIGO II 38
CONSIDERAÇÕES FINAIS 53
IMPACTO SOCIAL 54
REFERÊNCIAS 55
ANEXOS 60
8
LISTA DE ANEXOS
RESUMO
ABSTRACT
Introduction: The identification of clinical signs of risk for Autism Spectrum Disorder
(ASD) by the family itself is essential in the search for professional help, either for the
diagnosis process or for intervention. With the context of social distancing imposed by the
COVID-19 pandemic, families began to spend more time with their children, which led to an
increase in the perception of difficulties related to communication. Objectives: To
characterize the perception of caregivers of children at risk for ASD regarding their children's
communicative difficulties, in addition to investigating whether this perception is compatible
with the speech therapy assessment. Method: This research was carried out through an
observational study, whose sample consisted of eight mothers whose children had clinical
indicators of risk for ASD and who were followed up in a brief telemonitoring project. The
results were divided into two manuscripts, the first using the Questionnaire on
Communicative Difficulties (QDC); and in the second, the Functional Communication Profile
(PFC) and the pragmatics protocol of the ABFW child test were used. Results: From the
results obtained, it was possible to characterize the main difficulties perceived by the mothers
and verify that the participation in the telemonitoring program did not cause substantial
changes in this perception. Furthermore, the communicative profile of these children was
characterized and compared with the perception of their mothers. Conclusion: The
instruments used demonstrated the ability to characterize the perception of mothers regarding
their children's communication difficulties, contributing to the diagnosis and intervention
process.
INTRODUÇÃO
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Pesquisas realizadas com famílias de crianças com indicadores clínicos de risco para o
TEA apontam que nessa população há indicativos de alterações mais graves, o que leva os
pais a reconhecerem os sintomas mais cedo do que nos casos de crianças com características
sutis. Além disso, o aumento do interesse pela intervenção precoce contribui para essa
percepção. Os estudos mostram que o conhecimento que a família possui acerca da alteração
pode contribuir para esse diagnóstico na primeira infância, como nos casos da criança que
possui um irmão mais velho com TEA, ou quando a família passou por uma triagem
aprofundada com profissional especialista (KOZLOWSKI et al., 2011; ADELMAN E
KUBISZYN, 2017).
A identificação das primeiras dificuldades que os pais observam em seus filhos tem
apresentado relação tanto com o grau de severidade das sintomatologias, quanto com o tipo de
dificuldade dentro das características do TEA. Crianças que apresentam como sintomas
iniciais o atraso na fala e na linguagem e não nas habilidades de interação social, são levadas
mais cedo para avaliação profissional (ADELMAN e KUBISZYN, 2017).
As preocupações com o desenvolvimento social ou comportamento são frequentes no
que tange às observações dos pais, contudo não são exclusivas. Um estudo realizado com pais
de crianças com TEA na França, em que o objetivo era entender se as dificuldades observadas
pelos pais diziam respeito às características que configuram um diagnóstico de TEA ou se iam
além destas, apresentou como resultado que a maioria dos pais referiu pelo menos um sinal
geral não relacionado às características típicas (GUINCHAT et al., 2012).
A consideração a respeito da perspectiva que os pais possuem no que se refere às
habilidades e dificuldades no desenvolvimento dos seus filhos, tem sido apontada em diversos
estudos na área como algo positivo para o levantamento das informações necessárias para o
fechamento de um diagnóstico infantil (AGUIAR e PONDÉ, 2020).
Entre as primeiras preocupações que os pais apresentam a respeito do
desenvolvimento dos seus filhos e o diagnóstico formal do TEA existem fatores que podem
ocasionar um desfecho. A maioria das famílias começam a perceber que há algo atípico no
desenvolvimento dos seus filhos antes das crianças completarem o segundo ano de vida, mas
a idade média do diagnóstico formal aproxima-se dos 5 anos de idade, o que pode prejudicar
evidentemente o prognóstico dessas crianças (RIBEIRO et al., 2017).
O conhecimento materno a respeito das características que aproximam-se de um
quadro de TEA e a experiência e expertise do profissional que recebe a família e a criança,
pode tornar esse diagnóstico preciso e evitar seu adiamento (MACHADO et al., 2016). A
17
Covid-19 e telemonitoramento
A seguir serão apresentados alguns instrumentos que visam avaliar crianças com
suspeita de TEA no Brasil.
Sendo a linguagem uma das habilidades que se apresenta alterada no indivíduo com
TEA, esta vem sendo estudada e investigada por inúmeros pesquisadores da área. Estudos
apontam que entre as habilidades linguísticas prejudicadas em crianças com Transtorno do
20
OBJETIVOS
Objetivo Geral
Específicos
● Investigar a percepção materna a respeito das funções comunicativas dos seus filhos e
ARTIGO I
RESUMO
Objetivo: Caracterizar a percepção das mães de crianças com risco para Transtorno do
Espectro Autista a respeito das dificuldades comunicativas dos seus filhos, e investigar se essa
obtenção dos dados foi utilizado o Questionário sobre Dificuldades Comunicativas (QDC). A
aplicação deste questionário ocorreu em dois momentos, antes e após intervenção baseada em
momentos não indicou presença de diferença estatística. Porém, a análise qualitativa indicou
que no domínio 1 duas questões tiveram uma mudança referente à moda. No domínio 2 houve
evitarem ou zombarem os seus filhos antes da intervenção (37,5% para 50% / 25% para 50%).
No domínio 3 a questão “Eu pego todos os objetos que meu filho aponta” passou de concordo
para discordo (62,5% para 25%). Já a questão “Eu não consigo ensinar coisas novas para meu
filho” não teve mudança na moda, apenas redução da concordância (50% para 25%). No
Foi possível observar modificações sutis sobre a maneira como estas mães percebem as
Spectrum Disorder
Abstract
Objective: To characterize the perception of mothers of children at risk for Autism Spectrum
Disorder regarding their children's communicative difficulties, and to investigate whether this
Methodology: The study included 8 mothers of children aged between 32 and 45 months who
were suspected of having ASD and were in the process of diagnostic investigation. To obtain
the data, the Communicative Difficulties Questionnaire (QDC) was used. The application of
this questionnaire occurred in two moments, before and after intervention based on
telemonitoring guidance. Results: The comparison of scores between the two moments did
not indicate the presence of statistical difference. However, the qualitative analysis indicated
that in domain 1, two questions had a change regarding fashion. In domain 2, there was a
higher frequency of disagreement in the questions related to the feeling of other people
avoiding or mocking their children before the intervention (37.5% to 50% / 25% to 50%). In
domain 3, the question “I take all the objects that my child points out” changed from agree to
disagree (62.5% to 25%). The question “I can't teach my son new things” had no change in
fashion, only a reduction in agreement (50% to 25%). In domain 4, the question regarding
inadequacy had a reduction in agreement, without changing the mode. Conclusions: Mothers
had more concordant than discordant answers. It was possible to observe subtle changes in the
Introdução
crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), sendo manifestadas através da ausência
de contato visual ou sorriso social, escassez de respostas interacionais (1). De acordo com os
atividades (2).
crianças e impactam na dinâmica familiar (4). A busca pelo diagnóstico na maioria das vezes
TEA. As pesquisas evidenciam ainda que a participação das mães nos processos de
27
consciência dos pais sobre sua função no desenvolvimento dos seus filhos (7).
as famílias, o fonoaudiólogo pode fornecer aos pais condições de assumirem papéis mais
dinâmica familiar de muitos lares foi alterada. Alguns familiares precisaram exercer suas
atividades laborais em casa, outros tiveram redução de salário ou perderam seus empregos.
Além disso, a privação de experiências sociais, surge como um fator de risco que pode ter
harmônica (9).
fonoaudiológica ambulatorial foram suspensos. Com isso, muitas crianças e famílias que
crianças com risco para Transtorno do Espectro Autista a respeito das dificuldades
28
comunicativas dos seus filhos, além de investigar se essa percepção se modifica após uma
Métodos
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário
Esclarecido – TCLE.
Todas estas crianças apresentavam sinais clínicos sugestivos de TEA e estavam em processo
compreendiam ter filhos com pelo menos 2 anos e meio, além de ter acesso à smartphone ou
Critério Brasil (11), as categorias B1, B2 e C1 foram as mais frequentes com 25% de
ocorrência cada, a variação foi de B1 a D-E. Quanto ao grau de instrução, 75% das mães
possuem ensino médio completo, 12,5% ensino fundamental e 12,5% ensino superior
completo.
Comunicativas (QDC) (12), cuja finalidade é elencar as dificuldades percebidas por pais e/ou
cuidadores de crianças com TEA na comunicação com seus filhos. O foco deste instrumento
O QDC é composto por 24 questões fechadas, cujas respostas podem variar entre
dominante. Para cada resposta é atribuída uma pontuação, variando de 3 pontos (concordo
Suas questões estão divididas em quatro domínios: (1) percepção das mães sobre elas
mesmas em relação aos seus filhos; (2) sensação das mães em relação a aceitação das pessoas
para com seus filhos; (3) ação das mães com seus filhos; e (4) percepção das mães em relação
entrevista inicial com a equipe e avaliação das crianças em formato presencial. Nesse
momento as mães já estavam cientes de todas as etapas do estudo e sua aplicação foi
conduzida em formato de entrevista por ligação telefônica. A segunda aplicação ocorreu com
intervalo de três meses, pois neste período as mães haviam participado de uma intervenção
baseada em orientação por telemonitoramento com equipe composta por uma fonoaudióloga e
uma neuropsicóloga. Vale destacar que as responsáveis pela intervenção não tiveram contato
prévio com as respostas do QDC e, portanto, o conteúdo abordado não foi baseado no
As respostas das mães nos dois momentos foram tabuladas e classificadas de acordo
com a proposta do QDC (12). A pontuação final poderia variar entre 0 (todas as respostas
de 5%. A análise descritiva das respostas considerou tanto a moda (resposta mais frequente)
30
em cada questão, quanto a porcentagem de concordância total (soma apenas das respostas
teste não paramétrico de postos de Wilcoxon para comparar a pontuação em cada domínio e
Resultados
A análise qualitativa indicou que a maior parte das questões teve respostas
concordantes. No domínio 1 duas questões tiveram uma mudança referente à moda, sendo que
naquela referente às dificuldades para se comunicar com o filho quando há outras pessoas no
mesmo ambiente a moda era concordo e passou a ser discordo, além de ter havido redução na
concordância total (62,5% para 50%); já na questão “Eu não me sinto à vontade em lugares
públicos com meu filho” a moda passou de concordo completamente para concordo, com
Apesar de não ter havido mudança na moda, as questões “Eu tenho dificuldade em
brincar com meu filho” e “Eu não sei como agir quando meu filho não me entende ou quando
eu não o entendo” tiveram redução da concordância total. Enquanto a questão “Eu fico
incomodada com a apatia/agitação do meu filho” teve aumento nesse parâmetro (Tabela 1).
mudança apenas na moda, que era concordo e passou a concordo completamente (Tabela 1).
No domínio 3 a questão “Eu pego todos os objetos que meu filho aponta” passou de
concordo a discordo, com redução da concordância total de 62,5% para 25%. Já a questão “Eu
não consigo ensinar coisas novas para meu filho” não teve mudança na moda, mas também
reduziu a concordância de 50% para 25%. Por fim, no domínio 4 apenas a questão referente à
31
diferença estatística em nenhum dos quatro domínios ou na pontuação geral (Tabela 2).
Tabela 1. Moda da resposta mais frequente e porcentagem de concordância total nos dois
momentos de aplicação do QDC (continua)
Concordância Concordância
Moda 1º Moda 2º
Domínio Questão total 1º total 2º
momento momento
momento (%) momento (%)
Concordância Concordância
Moda 1º Moda 2º
Domínio Questão total 1º total 2º
momento momento
momento (%) momento (%)
Concordo Concordo
Eu tenho a impressão de que as pessoas não
completament completam 87,5 87,5
entendem o que meu filho deseja comunicar
e ente
Eu tenho a impressão de que as pessoas
zombam do meu filho quando ele deseja Discordo Concordo 37,5 50
comunicar algo
2
Eu tenho a impressão de que as pessoas
Discordo Concordo 25 50
evitam meu filho
Concordo
Eu percebo que os outros estranham meu
Concordo completam 62,5 62,5
filho
ente
Concordo Concordo
Eu não sei como agir com alguns
completament completam 87,5 87,5
comportamentos do meu filho
e ente
Eu pego todos os objetos que meu filho
Concordo Discordo 62,5 25
aponta
3 Concordo Concordo
Eu sempre converso com meu filho, mesmo
completament completam 87,5 87,5
que ele não converse comigo
e ente
Intervalo
Variável Momento Mínimo Máximo Mediana interquartil p
1 19 28 22,5 19,3 26,5
Domínio 1 0,260
2 18 28 24,0 20,5 26,5
1 2 11 6,0 5,3 7,0
Domínio 2 0,131
2 2 10 7,0 6,0 10,0
1 6 9 8,0 6,3 8,8
Domínio 3 0,705
2 6 10 8,0 6,3 8,8
1 6 10 8,0 7,0 9,8
Domínio 4 0,854
2 3 11 8,5 7,3 9,0
1 38 56 43,5 38,8 50,8
QDC geral 0,258
2 36 54 46,5 40,0 53,8
* diferença estatística (p<0,05) – teste não paramétrico de postos de Wilcoxon
Discussão
crianças com risco para Transtorno do Espectro Autista possuem a respeito das dificuldades
comunicativas dos seus filhos, além de comparar se essa percepção se modificou após uma
observar que as respostas das mães foram mais concordantes do que discordantes, sobretudo
após a intervenção. Não houve diferença estatística na pontuação geral e nos domínios entre
percepção das cuidadoras. Vale ressaltar que não encontramos na literatura estudos que
mães percebem da relação comunicativa com seus filhos(12), apontou que antes da
intervenção a maioria das mães concordou que sentiam dificuldades para se comunicar com
seus filhos na frente de outras pessoas, já após a intervenção houve redução na concordância.
Do mesmo modo, a frequência de respostas com concordância plena referente a ação de não
se sentirem à vontade em lugares públicos com seus filhos, também foi reduzida.
para estas mães nessas situações torna-se ainda mais difícil conduzir a comunicação com seus
filhos, todavia com a orientação breve sentimos leve modificação nesta percepção.
mães em relação à presença de dificuldade para conduzir brincadeiras com os seus filhos e
que não sabem como agir com a criança quando ela não compreende ou não é compreendida.
telemonitoramento, foi possível observar pequenas modificações nas respostas das mães,
através da redução na concordância das afirmativas. A orientação específica aos pais pode
fornecer estratégias para o desenvolvimento de seus filhos e oferecer ajuda para lidar com as
dificuldades(14).
mães percebem que as outras pessoas observam os seus filhos. Antes da intervenção houve
evitarem ou zombarem os seus filhos, após a intervenção as respostas passaram a ter maior
do questionário, a maioria das mães relatou não ter observado anteriormente o estranhamento
35
das pessoas. Já no segundo momento, houve relato de maior percepção. Vale salientar que nas
Esta informação nos mostra que após serem questionadas, as mães podem ter passado
O terceiro domínio, está relacionado à ação das mães a respeito das dificuldades
comunicativas que seus filhos apresentam, ou seja, como elas atuam frente a maneira como
seus filhos se comunicam(12). Antes da intervenção, a maioria das mães concordaram que o
ato da criança apontar para algo era suficiente para entregar algum objeto, após a intervenção
apenas um quarto delas mantiveram essa resposta. Além disso, antes da intervenção, metade
das mães relataram apresentar dificuldade para ensinar coisas novas para os seus filhos, após a
Neste domínio, identificou-se modificações relevantes nas respostas das mães, pois foi
possível observar que estas passaram a compreender sobre como suas ações podem
concordância após a intervenção a respeito da percepção das mães sobre ações ou falas dos
modificações nas respostas das mães, já os domínios 2 e 4 tiveram modificações mais sutis
em suas respostas.
36
Essas informações nos trazem respostas que apontam para o fato das orientações terem
comunicativas com seus filhos, e as suas atitudes a respeito das dificuldades comunicativas
que seus filhos apresentam do que na maneira como percebem que as outras pessoas
observam os seus filhos e/ou sobre suas próprias impressões em relação a eles.
A literatura da área revela que estudos semelhantes são escassos, sobretudo na esfera
regional, sendo esta pesquisa neste formato pioneira no Nordeste. Algumas de suas limitações
verificar pontos críticos para intervenção direcionada a mães de crianças com dificuldades
ganhos, especialmente quando as mães ainda aguardam diagnóstico ou intervenção com seus
filhos.
A execução desse estudo também traz contribuições para a prática clínica, pois para o
Conclusão
As mães de crianças com risco para Transtorno do Espectro Autista apresentaram mais
respostas concordantes a respeito das dificuldades comunicativas dos seus filhos do que
discordantes, o que evidencia que estas mães percebem as dificuldades que seus filhos
possuem para se comunicar, suas atitudes frente a estas dificuldades, sobre como percebem
que as outras pessoas observam os seus filhos, e sobre suas próprias impressões sobre eles.
Além disso, foi possível observar modificações sutis sobre a maneira como estas mães
37
percebem e lidam com estas dificuldades após uma intervenção baseada em orientação breve
via telemonitoramento.
Referências
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MENTAIS: DSM-V. 5th ed. Artmed, editor. Porto Alegre; 2014. 848 p.
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2020;27(6):957–62.
Cilleros-Martín MV, Sánchez-Gómez MC, et al. Early Detection, Diagnosis and Intervention
Services for Young Children with Autism Spectrum Disorder in the European Union
pelos pais e empoderamento parental no Transtorno do Espectro Autista. Psicol Esc e Educ.
2020;1–10.
for children with Autism Spectrum Disorders (ASD): parents ’ feedback regarding structured
10. Dreux F, Fernandes M, Lopes-herrera SA, Paula A, Souza R De, Machado FP, et al.
11. ABEP. Criteria Brazil 2015 and update of the distribution of classes for 2016. Assoc
percebidas por pais de crianças do espectro do autismo. Rev da Soc Bras Fonoaudiol.
2012;17(3):279–86.
13. Rocha CC, Mariane S, Souza V De, Costa AF. O perfil da população infantil com
ARTIGO II
Percepção das mães sobre o perfil comunicativos dos seus filhos com suspeita de
Resumo
Introdução: Crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) apresentam prejuízos nas
de risco para este transtorno se concentra em duas dimensões principais: social e não social. A
Participaram do estudo oito mães de crianças na faixa etária entre 32 e 45 meses que
obtenção dos dados foram utilizados o checklist baseado no Perfil Funcional da Comunicação
(AR) e Narrativa (N) são majoritariamente percebidas como ausentes nos dois momentos. Já
as funções Performativo (P), Reativo (R) e Expressão de Protesto (EP) estão entre aquelas
mais apontadas como frequentes. Não houve significância entre a confiabilidade da percepção
As mães pontuaram que os seus filhos apresentam maior frequência de atos comunicativos
Abstract
Introduction: Children with Autistic Spectrum Disorder (ASD) have impairments in skills
that refer to the functional use of language. The severity of clinical risk indicators for this
disorder is concentrated in two main dimensions: social and non-social. The early
the attentive and qualified look of the family has potential in this process. Objective: To
investigate the maternal perception of their children's communicative functions and compare
it with the speech-language assessment. Method: Eight mothers of children aged between 32
and 45 months who were suspected of having ASD and who were in the process of diagnostic
investigation participated in the study. To obtain the data, a checklist based on the Functional
Communication Profile (PFC) and the profile itself from the pragmatic assessment were used.
The evaluations took place in two moments, before and after a brief intervention based on
Self-Regulatory (AR) and Narrative (N) functions are mostly perceived as absent in both
moments. The functions Performative (P), Reactive (R) and Expression of Protest (EP) are
among those most frequently mentioned. There was no significance between the reliability of
the mother's perception and the speech-language assessment in any of the considered
moments. Conclusion: Mothers pointed out that their children have a higher frequency of
communicative acts considered less interpersonal and that functions that represent
Introdução
diagnosticados com TEA (2). A gravidade dos indicadores clínicos de risco se concentra em
duas dimensões principais: social (comunicação e interação) e não social (padrões restritos e
considerando seus aspectos verbais, não-verbais e ambientais, tendo como fator principal a
interação (4). Os primeiros atos comunicativos são representados por meio de gestos, contato
primeiras preocupações das famílias que buscam por auxílio profissional. Contudo, no
possuem a respeito das funções comunicativas dos seus filhos, bem como verificar se essa
Métodos
A amostra é composta por oito mães de crianças com sinais clínicos sugestivos de
estudo as mães precisavam ter acesso à smartphone ou computador com internet, e seus filhos
Apesar da faixa etária das crianças ser superior ao estipulado para sua aplicação, o
Parent's Observations of Social Interactions (POSI) (7) foi utilizado para confirmar a
presença de sinais indicativos de TEA, visto que há evidência de boa confiabilidade interna e
característico de TEA.
No que se refere ao grau de escolaridade, 75% das mães possuem ensino médio completo,
socioeconômico, classificado segundo o Critério Brasil (8), a variação das categorias foi de
consideram que a criança utiliza a linguagem como ferramenta para a comunicação. Neste
estudo, o checklist foi aplicado com as mães e em dois momentos em formato de entrevista
por ligação telefônica. O primeiro ocorreu após as mães passarem por entrevista inicial e os
seus filhos serem avaliados presencialmente. Após um intervalo de três meses, foi realizado
novo contato para o segundo momento de aplicação. Durante este intervalo, as mães foram
forma de gesto ou som compreendido pelo interlocutor como uma função de linguagem (10).
interação das crianças com as mães no centro de referência, e o segundo momento ocorreu em
casa por meio da gravação de um vídeo em que as mães interagiam com os seus filhos.
Pedido de objeto (PO), Pedido de ação (PA), Pedido de Rotina Social (PS), Pedido de
(RO), Exibição (E), Comentário (C), Nomeação (N), Exclamativo (EX), Narrativa (NA),
Após análise dos instrumentos, foi necessário padronizar as respostas de forma que
que variou de 1 a 4, sendo atribuído 1 para “nunca”, 2 para “raramente”, 3 para “na maioria
das vezes” e quatro para “sempre”. No caso do PFC, foi calculada a porcentagem de
47
ocorrência de cada função para cada sujeito e os valores foram transformados de acordo com
Para análise estatística foi utilizado o software SPSS versão 24. A análise descritiva
(fonoaudióloga) por meio do teste Kappa ponderado com peso linear. O nível de significância
Resultados
Ao analisar a frequência de resposta das mães sobre cada função foi possível notar que
reativo e expressão de protesto estão entre aquelas mais apontadas como frequentes (Tabela
1).
48
Tabela 1. Distribuição de frequência de cada possível resposta para cada uma das 20 funções
comunicativas do checklist.
pré pós
Função muitas
nunca raramente vezes frequentemente nunca raramente muitas vezes frequentemente
PO 0,0 25,0 25,0 50,0 0,0 25,0 37,5 37,5
PA 12,5 12,5 50,0 25,0 12,5 25,0 50,0 12,5
PS 12,5 12,5 37,5 37,5 12,5 0,0 50,0 37,5
PC 100,0 0,0 0,0 0,0 87,5 12,5 0,0 0,0
PI 75,0 25,0 0,0 0,0 75,0 25,0 0,0 0,0
PR 0,0 0,0 50,0 50,0 12,5 12,5 50,0 25,0
RO 25,0 25,0 25,0 25,0 25,0 37,5 0,0 37,5
E 25,0 12,5 25,0 37,5 25,0 25,0 37,5 12,5
C 62,5 12,5 12,5 12,5 50,0 25,0 12,5 12,5
AR 87,5 0,0 12,5 0,0 75,0 12,5 12,5 0,0
N 25,0 12,5 25,0 37,5 12,5 12,5 50,0 25,0
PE 12,5 0,0 25,0 62,5 0,0 12,5 37,5 50,0
EX 37,5 12,5 12,5 37,5 37,5 37,5 0,0 25,0
RE 0,0 12,5 12,5 75,0 12,5 12,5 0,0 75,0
NF 12,5 25,0 37,5 25,0 12,5 37,5 25,0 25,0
J 12,5 25,0 25,0 37,5 0,0 25,0 37,5 37,5
XP 50,0 25,0 0,0 25,0 37,5 12,5 25,0 25,0
NA 75,0 25,0 0,0 0,0 62,5 25,0 0,0 12,5
EP 12,5 0,0 12,5 75,0 0,0 12,5 37,5 50,0
JC 0,0 37,5 50,0 12,5 0,0 62,5 25,0 12,5
significância estatística nas comparações, exceto para exploratório no momento pré (p=0,027)
e jogo no momento pós (p=0,008). Entretanto, em ambos os casos a interpretação seria fraca
(Tabela 2).
49
PO - -
PA 0,04 0,00
PS - 0,10
PC - -
PI 0,60 0,30
PR 0,00 0,14
RO 0,05 -
E 0,04 -
C 0,11 0,13
AR 0,43 0,17
N 0,06 0,00
PE 0,03 0,00
EX - 0,08
RE 0,00 0,00
NF 0,02 0,05
J 0,10 0,35*
XP 0,43* 0,00
NA - -
EP 0,04 0,00
JC 0,00 0,36
Legenda: Pedido de objeto (PO), Pedido de ação (PA), Pedido de Rotina Social (PS), Pedido de Consentimento
(PC), Pedido de Informação (PI), Protesto (PR), Reconhecimento do Outro (RO), Exibição (E), Comentário (C),
Nomeação (N), Exclamativo (EX), Narrativa (NA), Expressão do Protesto (EP), Jogo Compartilhado (JC),
Auto-Regulatório (AR), Performativo (PE), Reativo (RE), Não-Focalizado (NF), Jogo (J), Exploratória (XP).
Discussão
comunicação de crianças com risco para Transtorno do Espectro Autista, por meio da
Analisando as respostas das mães, observou-se que não houve menção quanto as
funções comunicativas de Comentário, que ocorre quando a criança mostra ou fala coisas
sobre elas, e de Pedido de Informação, que ocorre quando a criança faz perguntas.
(9, 11).
como no caso da função Performativo, que acontece quando a criança brinca e imita gestos ou
Foi possível observar que as mães participantes deste estudo apresentaram percepção
compatível com o que já foi identificado na literatura, que aponta que indivíduos com TEA
fonoaudiológica com as respostas das mães, este estudo corrobora com a literatura e evidencia
que o uso do checklist não é indicado como meio de substituir a avaliação da pragmática (9).
Apesar das mães pontuarem características que se aproximam dos sinais clínicos identificados
Esses dados apontam para a possibilidade do uso do checklist com as mães servir
como um meio de entender o quanto estas mães compreendem sobre a comunicação dos seus
51
nacionalmente, sobretudo na esfera regional. Por ser um estudo inicial e pioneiro no Nordeste
controle que não fosse submetido à intervenção e acesso às informações referentes ao meio
Entretanto, os resultados desta pesquisa podem contribuir para a prática clínica no que
se refere à relevância do acolhimento das informações trazidas pelas mães sobre a maneira
como observam as funções comunicativas dos seus filhos, este conhecimento pode fornecer
Conclusão
As mães de crianças com risco para Transtorno do Espectro Autista pontuaram que os
interpessoais e que as funções que representam habilidades interacionais estão em sua maioria
ausentes. O uso do checklist com as mães pode fornecer informações relevantes aos
Referências
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essa dissertação estudou como as mães de crianças com risco para o Transtorno do
Espectro Autista percebem as dificuldades comunicativas dos seus filhos e comparou essa
percepção antes e após a mães passarem por intervenção baseada em orientação por meio de
telemonitoramento, aplicando-se um questionário sobre dificuldades comunicativas. Além
disso, foi observado se a maneira como as mães percebem a comunicação dos seus filhos foi
compatível com as informações encontradas na avaliação fonoaudiológica das crianças.
IMPACTO SOCIAL
Além disso, evidencia-se ainda a prática clínica associada à pesquisa, pois apresenta a
eficácia de instrumentos de baixo custo para realizar monitoramento de orientação aos pais de
crianças com dificuldades comunicativas. No que se refere ao contexto da pandemia, esse
estudo proporcionou acompanhamento de crianças que estavam em processo de avaliação
diagnóstica e o mesmo foi interrompido devido ao distanciamento social, logo o estudo
proporcionou o acolhimento e orientação a estas famílias.
56
REFERÊNCIAS
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ANEXOS