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PROGRAMA ASSOCIADO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

FONOAUDIOLOGIA UFPB/UFRN

ALEXANDRE LUCAS DE ARAÚJO BARBOSA

EVIDÊNCIAS DE VALIDADE DE CONTEÚDO DE UM INSTRUMENTO DE TRIAGEM


DO VOCABULÁRIO

NATAL
2019
ALEXANDRE LUCAS DE ARAÚJO BARBOSA

EVIDÊNCIAS DE VALIDADE DE CONTEÚDO DE UM INSTRUMENTO DE TRIAGEM


DO VOCABULÁRIO

Dissertação apresentada ao Programa


Associado de Pós-Graduação em
Fonoaudiologia da Universidade Federal
da Paraíba – UFPB e Universidade
Federal do Rio Grande do Norte –
UFRN, como requisito obrigatório para a
obtenção do diploma em grau de
Mestrado, sob orientação da Prof.ª Dr.ª
Cíntia Alves Salgado Azoni.

NATAL
2019
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS

Barbosa, Alexandre Lucas de Araújo.


Evidências de validade de conteúdo de um instrumento de
triagem do vocabulário / Alexandre Lucas de Araújo Barbosa. -
2019.
95f.: il.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do


Norte, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em
Fonoaudiologia. Natal, RN, 2019.
Orientadora: Cíntia Alves Salgado Azoni.

1. Linguagem infantil - Dissertação. 2. Triagem - Dissertação.


3. Vocabulário - Dissertação. 4. Fonoaudiologia - Criança -
Dissertação. I. Azoni, Cíntia Alves Salgado. II. Título.

RN/UF/BS-CCS CDU 81-053.2

Elaborado por ANA CRISTINA DA SILVA LOPES - CRB-15/263


Dedico este trabalho à minha avó, Ana Rosa.
AGRADECIMENTOS

À minha orientadora, Cíntia, por ser uma professora incrível. Agradeço por me
ensinar o valor da pesquisa científica e a importância da ética e responsabilidade.
Muito obrigado por todos os ensinamentos pacientemente oferecidos e,
principalmente, pelo respeito em todas as situações.

À minha mãe, Socorro, por me ensinar com todo amor o valor da educação e
me incentivar a alcançar objetivos maiores.

A Leonardo, por estar comigo durante esta jornada, por compreender meus
momentos de ansiedade e me oferecer apoio para superar as dificuldades.

Aos meus amigos Igor, Penélope, Mariana, Thalinny, Renata, Thyago e Ana
Luiza, pelos momentos que me fizeram crescer pessoalmente e profissionalmente.

Aos colegas de turma Jéssika, Luana Aprígio, Luana Gabriele, Milena, Patrícia,
Inara, Helimara e Eliza pela parceria. Parabéns por serem profissionais de excelência.

À minha banca de qualificação e defesa, Dr. Rauni Roama Alves e Dr.ª Ana
Manhani Cáceres Assenço e Dra. Patrícia Abreu Pinheiro Crenitte, por todas as
contribuições.

À Penha, pelo suporte psicológico, sem o qual eu não seria capaz de finalizar
este mestrado com saúde.

A todos os professores do Programa de Pós-graduação em Fonoaudiologia,


por todos os conhecimentos transmitidos durante o mestrado.

Aos colegas do Projeto TRILHAR, professora Heliana Soares, professora


Beatriz Stransky, Jéssica e Marcelo, pelo suporte na realização desta pesquisa.

Aos colegas do Laboratório de Linguagem Escrita, Interdisciplinaridade e


Aprendizagem, pela amizade e momentos de conhecimento compartilhado.

Ao Núcleo de Educação Infantil, por apoiar nossa pesquisa.


A todos os pais e crianças que participaram deste estudo, muito obrigado.

A todos os profissionais fonoaudiólogos, psicólogos e pedagogos que


participaram desta pesquisa.

À Capes, pelo financiamento desta pesquisa.


RESUMO

OBJETIVOS: verificar as evidências de validade de conteúdo de um instrumento de


triagem do vocabulário para crianças entre 3 e 7 anos. MÉTODOS: Estudo dividido em
três etapas: 1ª) Revisão da literatura integrativa nas bases de dados nacionais e
internacionais Scielo, Lilacs, Eric e Pubmed para verificar os testes de triagem do
vocabulário utilizados recentemente (Artigo 1); 2ª) Análise de conteúdo: o instrumento
construído foi enviado para quinze juízes, visando analisar o conteúdo de acordo com o
Racional Teórico, Princípios da Triagem e Materiais, considerando o Índice de Validade
de Conteúdo (IVC) e Índice de Validade de Conteúdo Item (IVC-I) (Artigo 2). 3ª)
Aplicabilidade do instrumento: triagem em uma amostra de 133 crianças entre 3 e 7
anos, estudantes de quatro escolas públicas (Artigo 3). RESULTADOS: a partir da
revisão, foi possível construir o instrumento de triagem de vocabulário receptivo e
expressivo, nomeado TRILHAR. Na análise de validade de conteúdo, verificou-se que
o IVC do instrumento esteve adequado. Entretanto, o IVC-I dos subcritérios de aspectos
gráficos e descrição do caderno de aplicação apresentaram-se baixos, indicando
necessidade de revisão nestes itens. No estudo piloto, verificou-se diferença do
desempenho entre as idades e correlação entre estas variáveis, o que sugere melhora
de acordo com o avanço faixa etária. Além disso, foi verificada correlação positiva entre
o vocabulário receptivo e expressivo. CONCLUSÃO: o TRILHAR é um instrumento
adequado para realizar a triagem do vocabulário infantil, porém são necessários mais
estudos de validação para verificar sua capacidade de identificar crianças com
alterações no vocabulário.

PALAVRAS-CHAVE: Triagem; Linguagem infantil; Vocabulário; Criança


ABSTRACT

OBJETIVOS: to verify the evidences based on content validity of a vocabulary screening


instrument for children aged from 3 to 7 years old. MÉTODOS: This study was divided
into three steps: 1º) Integrative literature review on nacional and international database
Scielo, Lilacs, Eric and Pubmed, to verify the vocabulary screening instruments used
recently (Article 1); 2º) Content analysis: the instrument was sent to fifteen judges, who
analyzed the content validity based on the criterias of Theory, Screening Principles and
Materials, considering the Content Validity Index (CVI) and Content Validity Index Item
(Article 2); 3º) Aplicability of the instrument: screening of 133 children from 3 to 7 years
old, students of four public schools (Article 3). RESULTADOS: from the theorical review,
it was possible to construct the receptive and expressive vocabulary screening
instrument, named TRILHAR. On the content validity analysis, the CVI has proven itself
adequate. However, the CVI-I for the subcriterias of graphic aspects and description of
the application sheet was inadequate, indicading the necessity of revision for those
items. On the pilot study, there was differences on the performance between the groups
and correlation between these variables, showing that the result on the screening
improves according to the advencement of age. Besides that, there was a positive
correlation between receptive and expressive vocabulary. CONCLUSÃO: the results of
this research showed that TRILHAR is an adequate instrument for infant vocabulary
screening. However, more validity studies are necessary to verify it's capability to identify
children with vocabulary delays.

PALAVRAS-CHAVE: Mass screening; Child language; Vocabulary; Child


LISTA DE ABREVIATURAS

ADL – Avaliação do Desenvolvimento da Linguagem

CCI – Coeficiente de correlação intraclasse

CELF – Clinical Evaluation of Language Functions

CEP – Comitê de Ética em Pesquisa

DEL – Distúrbio específico de linguagem

ERIC – Education Resources Information Center

IVC – Índice de validade de conteúdo

IVC-I – Índice de validade de conteúdo item

LILACS – Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde

NEI – Núcleo de Educação Infantil

PHP – Hypertext preprocessor

PODCLE – Protocolo para Observação do Desenvolvimento Cognitivo e de Linguagem

Expressiva

PROC – Protocolo de Observação Comportamental

QI – Quociente intelectual

SciELO – Scientific Electronic Library Online

TALE – Termo de Assentimento Livre e Esclarecido

TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TEA – Transtorno do Espectro Autista

TELD – Test of Early Language Development

TNL – Test of Narrative Language

TVfUSP – Teste de Vocabulário por Figuras USP


LISTA DE TABELAS E QUADROS

Tabela 1 – Instrumentos de avaliação em linguagem disponíveis no Brasil.................17

Tabela 2 – Instrumentos de triagem em linguagem disponíveis na literatura...............19

Quadro 1 – Marcos do desenvolvimento da linguagem...............................................11

Quadro 2 – Descritores utilizados para a pesquisa nas bases de dados.....................24

Quadro 3 – Quadro para análise dos instrumentos......................................................26


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO............................................................................................................7
2. OBJETIVO..................................................................................................................8
2.1. OBJETIVO GERAL..................................................................................................8
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS....................................................................................8
2.3. HIPÓTESES.............................................................................................................8
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..................................................................................9
3.1. DESENVOLVIMENTO DO VOCABULÁRIO............................................................9
3.1.1. Semântica.............................................................................................................9
3.1.2. Marcos do desenvolvimento do vocabulário.........................................................9
3.1.3. Aprendizagem de novas palavras.......................................................................12
3.2. ALTERAÇÕES DE LINGUAGEM E VOCABULÁRIO............................................13
3.3. DIFERENÇAS ENTRE TRIAGEM E AVALIAÇÃO.................................................16
3.3.1. Instrumentos de avaliação em linguagem...........................................................17
3.3.2. Instrumentos de triagem em linguagem..............................................................18
3.4. VALIDADE DE CONTEÚDO: QUAL SUA IMPORTÂNCIA?..................................20
3.5. JUSTIFICATIVA.....................................................................................................23
4. METODOLOGIA: ESTUDO 1...................................................................................24
4.1. DESENHO DO ESTUDO.......................................................................................24
4.2. ETAPAS DA PESQUISA........................................................................................24
4.3. REVISÃO DA LITERATURA..................................................................................24
4.3.1.Estratégias de pesquisa.......................................................................................24
4.3.2. Critérios de seleção.............................................................................................25
4.3.3. Análise dos dados...............................................................................................25
4.4. FORMULAÇÃO DOS ITENS..................................................................................25
4.4.1. Implementação, criação do manual e da folha de marcação..............................25
5. METODOLOGIA: ESTUDO 2...................................................................................26
5.1. DESENHO DO ESTUDO.......................................................................................26
5.2. PERÍODO DA PESQUISA E LOCAL DE REFERÊNCIA.......................................26
5.3. ASPECTOS ÉTICOS..............................................................................................26
5.4. POPULAÇÃO.........................................................................................................26
5.5. PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS.....................26
5.5.1. Material................................................................................................................27
5.5.2. Coleta de dados..................................................................................................27
5.6. ANÁLISE DOS DADOS..........................................................................................28
6. METODOLOGIA: ESTUDO 3...................................................................................30
6.1. DESENHO DO ESTUDO.......................................................................................30
6.2. LOCAL DA PESQUISA E PERÍODO DE REFERÊNCIA.......................................30
6.3. ASPECTOS ÉTICOS..............................................................................................30
6.4. POPULAÇÃO.........................................................................................................30
6.5. PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS.....................31
6.5.1. Material................................................................................................................31
6.5.2. Coleta de dados..................................................................................................31
6.6. ANÁLISE DE DADOS.............................................................................................31
7. RESULTADOS..........................................................................................................32
7.1. ARTIGO 1...............................................................................................................32
7.2. ARTIGO 2...............................................................................................................43
7.3. ARTIGO 3...............................................................................................................54
8. DISCUSSÃO.............................................................................................................64
9. CONCLUSÃO...........................................................................................................67
REFERÊNCIAS.............................................................................................................68
ANEXOS.......................................................................................................................77
1. INTRODUÇÃO

A aquisição do vocabulário é um dos grandes marcos do desenvolvimento da


linguagem oral infantil e se relaciona com aspectos biológicos, psicológicos e
ambientais. Alterações nesse processo podem acarretar prejuízos importantes nas
interações comunicativas, no desenvolvimento sintático e semântico da linguagem oral
e influenciar demais aspectos relacionados à aprendizagem da linguagem escrita
posteriormente.
Atualmente, sabe-se que a detecção precoce de sinais de dificuldades no
desenvolvimento infantil gera efeitos positivos, na medida em que permite a orientação
familiar e a intervenção para estimulação de habilidades ainda nos anos iniciais,
conhecida como intervenção precoce. Os resultados positivos deste processo ocorrem,
principalmente, devido à plasticidade neuronal, que decorre com maior facilidade em
crianças pequenas.
Uma das alternativas para a identificação de indivíduos em risco para doenças
e transtornos é a triagem, procedimento vantajoso por ser de rápida aplicação e baixo
custo que permite identificar sinais e sintomas específicos para determinado tipo de
condição/patologia. Pode ser realizada em formato de questionários, checklists e
avaliações diretas de determinadas medidas.
Com isso, tendo em vista a importância do vocabulário infantil, a escassez de
instrumentos de triagem nesta área e a necessidade de identificação precoce das
alterações em seu desenvolvimento, foi criado o Teste de triagem de habilidades
linguísticas – TRILHAR, entre os anos de 2015 e 2017, resultado de uma parceria entre
pesquisadores da Fonoaudiologia e da Engenharia Biomédica da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte - UFRN. A nomenclatura se deu pelo fato de representar o
continuum que é o desenvolvimento da linguagem. Trata-se de um instrumento que
objetiva triar o vocabulário de crianças entre três e sete anos de idade, construído em
formato manual e computadorizado, levando em consideração o aumento de demanda
de procedimentos informatizados em saúde nos dias atuais.
Sendo assim, neste estudo, será abordado o processo inicial de validação do
TRILHAR formato manual, por meio da validação do conteúdo que julga se a construção
teórica do instrumento condiz com seu objetivo avaliativo. A medida adotada para esta
pesquisa é calculada por meio do Índice de Validade de Conteúdo (IVC), que resulta da
avaliação do TRILHAR por juízes com experiência na área da linguagem oral infantil,
como fonoaudiólogos, neuropsicólogos e psicopedagogos.

7
2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL


Construir um instrumento de triagem do vocabulário receptivo e expressivo para
crianças entre 3 e 7 anos de idade.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS


a) Elaborar o constructo de imagens do vocabulário receptivo e expressivo para
crianças entre 3 e 7 anos (Artigo 1);
b) Analisar a validade de conteúdo do TRILHAR a partir da avaliação de juízes
experientes na área e verificar a concordância interavaliadores (Artigo 2);
c) Verificar o desempenho de crianças entre 3 e 7 anos de idade no instrumento,
por meio de um estudo piloto (Artigo 3).

3. HIPÓTESES
Espera-se que, a partir da revisão de literatura e construção do instrumento, seja
possível obter sua validade de conteúdo, observando a adequação entre os itens do
instrumento e seu objetivo avaliativo, atendendo as expectativas de aplicabilidade.
Ainda, após a realização do estudo piloto, serão obtidos os valores iniciais de referência
de desempenho para crianças com desenvolvimento típico.

8
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1. DESENVOLVIMENTO DO VOCABULÁRIO


3.1.1. Semântica
A semântica diz respeito ao significado das palavras (Acosta et al., 2003;
Lyons, 1977). Trata-se do significado linguístico das línguas naturais. O armazenamento
da forma das palavras e seus significados caracterizam o sistema léxico-semântico
(Chow et al., 2018). É por meio deste sistema que os seres humanos externalizam seus
pensamentos, demonstrando as relações do seu desenvolvimento cognitivo com o
mundo (Carvalho, 2008).
Vygotsky (1962), em seu livro Pensamento e Linguagem, relata que o
significado abrange partes da linguagem e do pensamento. A aquisição de conceitos
inicia-se logo na infância, resultante de um processo envolvendo todas as funções
mentais, além de questões intrínsecas e extrínsecas ao indivíduo, como a função social,
por exemplo.
O autor dividiu em três fases a aquisição de conceitos, sendo elas: fase de
amontoados, de pensamento por complexos e de conceito propriamente dito. A primeira
demonstra-se como um conjunto desorganizado entre significado e significante, no qual
as palavras são organizadas sem critério algum e suas imagens mentais são vagas.
Este estágio é influenciado pelo egocentrismo da criança que a faz confundir as reais
relações com suas impressões das coisas.
A renúncia do egocentrismo é importante para o abandono do sincretismo e
formação do pensamento concreto, estabelecido na segunda fase, na qual a ligação
entre os significados é determinada de acordo com experiências reais. A partir deste
momento, a criança se torna capaz de relacionar os objetos entre si de diversas
maneiras.
Por fim, na terceira fase, são formados conceitos reais, inclusos como parte
de um sistema. Em suma, a criança parte de amontoados de significantes
desorganizados à formação de categorias semânticas complexas que se interligam por
diversas características.

3.1.2. Marcos do desenvolvimento do vocabulário


O desenvolvimento do vocabulário inicia-se antes da produção da primeira
palavra. Ainda na fase pré-linguística, os gestos são empregados como forma de
comunicação e sua utilização está relacionada à aquisição de diversas categorias

9
semânticas, como os termos sociais e substantivos (Caselli et al., 2012; Kraljevic,
Cepanec, Simlesa, 2014).
Mais especificamente, os gestos dêiticos são preditores para a extensão do
vocabulário em crianças típicas (Ozçaliskan, Adamson, Dimitrova, 2016), pois
estabelecem referencial para objetos ou eventos (Bates et al., 1989). O ato de apontar,
por exemplo, permite o estabelecimento de referencial, pois a relação entre o significado
e o significante torna-se clara e imediata (Ozçaliskan, Adamson, Dimitrova, 2016).
Em ambientes linguisticamente estimulantes, o gesto de apontar é seguido
pelo complemento do adulto que, geralmente, é a nomeação do objeto. Este ciclo facilita
o aprendizado da palavra e, futuramente, a produção de frases (Goldin-Meadow et al.,
2007; Olson, Masur, 2015), possibilitando o desenvolvimento de habilidades de
representação simbólica (Kuhn et al., 2014).
A produção de gestos se relaciona com a compreensão e produção de
linguagem porque envolvem habilidades simbólicas e representacionais (Hsu, Suneeti,
2016). Ambas as formas de comunicação são processadas em regiões temporais
superiores e inferiores e ativam cadeias de processamento similares no hemisfério
esquerdo (Xu et al., 2009).
Ao redor dos 12 meses ocorre a primeira produção de vocabulário. Entre os
8 e 12 meses de vida da criança, cerca de 86% dos responsáveis indicam que seus
filhos falam ao menos uma palavra, geralmente relacionada às atividades de vida diária
(Kraljevic, Cepanec, Simlesa, 2014), como mamãe, papai, gato, cachorro, leite, quente,
livro, oi, sim e não, e suas respectivas traduções para diversas línguas (Rescola et al.,
2013). O padrão semelhante entre os idiomas ocorre devido a homogeneidade de
termos relacionados à vida diária de uma criança nas culturas ao redor do mundo
(Rescola, Nyame & Dias, 2016). Entretanto, a ordem desta aquisição varia de acordo
com a região, pois existem termos mais utilizados em certas localidades (Rescola et al.,
2013).
A partir dos 18 meses, o desenvolvimento semântico passa a ocorrer
rapidamente, caracterizando um período conhecido como explosão de vocabulário
(Nazzi, Bertoncini, 2003) que reflete também a evolução cognitiva infantil subjacente à
aquisição da linguagem (Ganger, Brent, 2004). O número de palavras conhecidas, em
especial substantivos, quadruplica e passa a crescer em um número de 8 a 32 por
semana. Até os 18 meses, o léxico formava-se por cerca de 50 palavras. São utilizadas
três vezes mais palavras do que no período anterior a estef (Goldfield, Reznick, 1990).
A explosão de vocabulário gera, além do rápido crescimento do léxico, a
diminuição na produção de outros comportamentos comunicativos como gestos e
vocalizações. Após este período, no qual os esforços dedicam-se a aprendizagem de

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novas palavras, esses comportamentos passam novamente a fazer parte do repertório
comunicativo, formando uma curva em tipo U. Outra característica é que inicialmente,
as palavras tendem a ser utilizadas de forma isolada e, após a experiência, são incluídas
em sentenças e coordenadas com gestos (Gershkoff-Stowe, Thelen, 2004).
Entre os 22 e 36 meses, o número médio de palavras produzidas é de 195
e, mais comumente, fazem parte das categorias semânticas de partes do corpo, ações,
casa e objetos. Nesta idade, também é notada a produção de frases e verbos
(Pedromônico, Affonso, Sañudo, 2002).
Durante a pré-escola, o vocabulário vai se desenvolver de acordo com a
interação de fatores familiares, como nível de educação materno; e escolares. Após a
inserção na escola, nota-se que o crescimento do vocabulário ocorre de maneira mais
rápida (Song et al., 2015) devido a aprendizagem da leitura. O aprendizado da leitura
desempenha papel importante na aquisição incidental de palavras, sobretudo tratando-
se da leitura de textos narrativos (Duff, Tomblin, Catts, 2015). A leitura expõe crianças
e adultos a novas palavras, em especial de baixa frequência, pouco utilizadas na língua
oral (Duff, Tomblin, Catts, 2015).
De acordo com a American Speech-Language-Hearing Association (2018),
o desenvolvimento do vocabulário ocorre de acordo com os seguintes marcos:

Quadro 1 – Marcos do desenvolvimento da linguagem.


Idade Manifestações
0 – 3 meses Vocalizações

4 – 6 meses Produz balbucios

Compreende palavras de alta frequência


7 meses – 1 ano Responde a frases simples como “venha aqui”
Fala uma ou duas palavras

Segue instruções (joga a bola, beija o bebê)


1 – 2 anos Aponta figuras nomeadas pelo adulto
Utiliza muitas novas palavras
Pergunta “o que é isso?”
Constrói enunciados de duas palavras

Adquire novas palavras de forma rápida


2 – 3 anos Alta habilidade de nomeação
Utiliza palavras como em cima, embaixo, dentro, fora
Pergunta “porque?”

Compreende o nome de algumas cores, formatos e palavras


3 – 4 anos relacionadas à família (irmão, tio, avó)
Utiliza pronomes e palavras no plural
Pergunta “quando?” e “como?”

Compreende palavras de ordem (antes, depois, primeiro, último) e


4 – 5 anos de tempo (ontem, hoje)

11
Segue instruções complexas
Utiliza mais de um verbo na mesma frase
Conta uma breve história
Fonte: American Speech-Language-Hearing Association (2018).

3.1.3. Aprendizagem de novas palavras


A capacidade de aprender novas palavras depende da habilidade de criar
representações semânticas (Kapalkova, Polisenska, Sussova, 2015). Para que isso
ocorra, são utilizados processos estatísticos que se baseiam na frequência com a qual
as sílabas da língua aparecem na mesma sequência, para delimitar o início e o final de
cada palavra (Xiaoxue, Arunachalam, 2017; Saffran, Aslin, Newport, 1996). Em seguida,
esta deve ser referenciada ao seu significado, por meio de pistas contextuais, ou seja,
o que está disponível para ser visto no ambiente; sociais, seguindo a intenção do falante
e; linguísticas, por meio da estrutura sintática e similaridade com outras palavras
(Xiaoxue, Arunachalam, 2017).
A identificação do conceito ocorre à medida que o significante está
disponível para o mesmo referente em diferentes momentos (cross-situational word
learning) (Yu, Smith, 2007). O cross-situational word learning ocorre quando um objeto
está presente em diversos contextos, dos quais o indivíduo é capaz de captar a
característica invariante destas situações. A quantidade de co-ocorrências entre
palavra-referente influencia diretamente no mapeamento do significado, especialmente
importante na aquisição de substantivos (Wang, Mintz, 2018). Durante este processo de
inferência, são excluídas as palavras já conhecidas, principalmente entre os 2 e 4 anos
de idade (Grassmann, Schulze, Tomasello, 2015).
Esse processo sofre a influência de tendências de aquisição que se tratam
de semelhanças observadas no desenvolvimento do vocabulário de diversas línguas. A
primeira delas descreve que as habilidades compreensivas são desenvolvidas
anteriormente às expressivas, especialmente na produção de verbos (Benedict, 1979).
Entretanto, com o passar do tempo, esta lacuna diminui e a quantidade de palavras
compreendidas e produzidas tornam-se mais proporcionais (Goldin-Meadow, Seligman,
Gelman, 1976).
A aquisição lexical também sofre influência da classe, na qual palavras de
classe aberta, ou seja, um conjunto de palavras potencialmente ilimitados (substantivos,
verbos, dentre outros), são adquiridas anteriormente as de classe fechada (artigos,
pronomes, numerais, dentre outros).
Outro aspecto importante é que crianças apresentam mais facilidade em
compreender e produzir palavras formadas por fonemas já adquiridos e durante tarefas
de produção, e selecionam vocábulos baseando-se neste princípio (Schwartz, Leonard,

12
1972; Jaegar, Furth, Hilliard, 2002; Reed, 1992, Wiethan, Mota, Moraes, 2016). Por fim,
palavras de alta frequência são mais precocemente adquiridas, pois são mais facilmente
reconhecidas, estando menos sujeitas a erros de produção (Gândara, Befi-Lopes, 2010;
German, Newman, 2004; Metsala, 1997).
O desenvolvimento semântico é multifatorial e depende de uma série de
condições, levando em consideração a inclusive características pré-natais. Estudos
anteriores evidenciaram que crianças pré-termo e de baixo peso ao nascimento
apresentaram pior desempenho em provas de vocabulário expressivo e compreensivo
(Zerbeto, Cortelo, Filho, 2015; Leijon et al., 2016).
Após o nascimento, uma das primeiras influências ambientais é o estímulo
oferecido pelos pais que frequentemente utilizam da fala direcionada para comunicar-
se com suas crianças. Esta fala é caracterizada por uso de palavras de alta frequência,
frases curtas e alta carga emocional (Foursha-Steverson et al., 2016). A exposição a
este tipo de comunicação afeta positivamente a aquisição do vocabulário, pois haverão
maiores oportunidades de treino de habilidades de processamento da fala, resultando
em maior velocidade e acurácia na detecção e aprendizagem de novas palavras
(Weisleder, Fernald, 2013).
Um, segundo indicador ambiental é a condição socioeconômica na qual o
indivíduo se encontra. Crianças com baixas condições socioeconômicas apresentam
desenvolvimento mais restrito do vocabulário (Moretti, Kuroish, Mandrá, 2017), o que
pode estar relacionado à exposição a um ambiente menos favorável em estímulos
linguísticos, cognitivos e materiais (Song et al., 2015).
O desenvolvimento sensoriomotor também se relaciona à aquisição do
vocabulário, pois permite a exploração do ambiente. Durante a criação de
representações semânticas, são levadas em consideração as informações sensoriais
envolvidas com cada palavra (Oudgenoeg-Paz, Volman e Leseman, 2016).

3.2. ALTERAÇÕES DA LINGUAGEM E VOCABULÁRIO


Visto o papel do vocabulário no desenvolvimento da linguagem oral e
escrita, é importante observar as diferentes manifestações do nível semântico em
condições que afetam a linguagem.

a) Atraso de linguagem
O atraso de linguagem é definido como um desenvolvimento da linguagem
em ritmo lentificado, de origem ambiental (Amorim, 2011). É uma das principais
condições no consultório fonoaudiológico infantil. Cerca de 15% das crianças que

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frequentam a clínica fonoaudiológica possuem esta hipótese diagnóstica (Longo et al.,
2017).
Crianças com atraso de linguagem possuem menor vocabulário no início do
desenvolvimento (Rescorla, Mirak & Singh, 2000), igualando-se aos seus pares por volta
dos cinco anos de idade (Paul, 1996), a depender do estímulo recebido. Entretanto,
estudos longitudinais atuais têm concluído que estas crianças persistem em
desempenhos inferiores a seus pares típicos, ainda aos dez anos de idade (Armstrong
et al., 2017).
O vocabulário restrito em crianças com atraso de linguagem ocorre devido
a menor taxa de aprendizagem de palavras, tanto em tarefas de compreensão, quanto
em produção (MacRoy-Higgins et al., 2013).

b) Distúrbio Específico de Linguagem


O Distúrbio Específico de Linguagem (DEL) ou Transtorno do
Desenvolvimento da Linguagem (TDL) é uma alteração persistente no desenvolvimento
da linguagem, não explicada por déficits sensoriais, deficiência intelectual ou lesões
neurológicas. O déficit semântico faz parte da sintomatologia desta condição (Gray,
2003).
Em tarefas de nomeação, comumente utilizadas para avaliar o vocabulário,
estas crianças demonstram número elevado de erros, resultado de um conhecimento
semântico limitado observado em tarefas de definição de palavras (McGregor et al.,
2002).
De acordo com estudos, crianças com DEL possuem um perfil menos
maduro de processamento léxico-semântico (Haegib et al., 2017). Apesar disso, a
organização lexical, ou seja, a forma de categorização das palavras no léxico, ocorre de
forma similar aos seus pares típicos (Haebig, Kaushanskaya & Weismer, 2015).
São observados também déficits na compreensão de pronomes (Girbau,
2017) e, consequentemente, no enunciado geral, pois o pronome facilita a identificação
dos sujeitos na frase (Sato & Bergen, 2013). Segundo Girbau (2017), este perfil se
relaciona a alterações em memória operacional fonológica, conhecimento fonológico e
vocabulário expressivo.
Estas dificuldades se mantêm na adolescência e vida adulta, resultado da
característica persistente do transtorno. Em uma pesquisa sobre o conhecimento de
terminologias do trânsito em adolescentes com DEL, foi observado baixo índice de
aprendizagem de novos termos, o que dificultou a retirada da carteira de habilitação
(Pandolfe, Wittke, Spaulding, 2016). A pequena taxa de aprendizado de palavras pode
estar relacionada a déficits na memória fonológica (Moav-Scheff, Yifat, Banai, 2015).

14
c) Dislexia
A dislexia é um transtorno específico no desenvolvimento na leitura, com
alterações na decodificação e compreensão leitora. É caracterizado por alterações em
habilidades de caráter fonológico (Peterson & Pennington, 2015).
Uma pesquisa aponta que uma semana após a exposição a uma nova
palavra, crianças com dislexia possuem dificuldade em acessá-la, o que pode estar
relacionado ao déficit fonológico, trazendo impactos na consolidação da informação a
longo prazo (Smith et al., 2016). Entretanto, as dificuldades na aprendizagem de novas
palavras podem ser justificadas pelos déficits fonológicos e visuais. Em adultos com
dislexia, alterações semelhantes foram observadas (Betta & Romani, 2006). Ainda,
crianças nas quais haviam riscos familiais para a dislexia, demonstraram atrasos no
desenvolvimento lexical, com menores curvas de crescimento na aquisição de palavras
(Viersen et al., 2017).

d) Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)


O TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento com déficits persistentes
na comunicação social (DSM-V, 2014), na qual a alteração no vocabulário expressivo já
foi documentada. Esta dificuldade independe do tipo de estimulação, visto que em
comparação com seus pares típicos, estão expostas a ambientes linguísticos
semelhantes quanto ao número de palavras, tamanho das sentenças e densidade
lexical (Bang & Nadig, 2015).
Durante o processo inicial de aquisição de vocabulário, existe similaridade
entre os casos de TEA e crianças típicas que forma uma lacuna de acordo com o
desenvolvimento, pois a atribuição de significados ocorre de forma diferente no TEA
(Iverson et al., 2018), havendo persistência na produção de palavras menores e de
maior frequência (Kover & Weisman, 2014).
O desenvolvimento semântico se relaciona às capacidades de empatia no
TEA. Vocabulários mais extensos permitem a interpretação da fala do interlocutor e
identificação de emoções (Cascia & Barr, 2016).
Ainda, existe associação entre o vocabulário e o QI verbal. O desempenho
de crianças com TEA no Teste de Vocabulário por Figuras Peabody foi utilizado como
preditor das habilidades intelectuais verbais (Krasileva, Sanders, Bal, 2017).
Por outro lado, pesquisas indicam que o tamanho do vocabulário de crianças
e adolescentes com autismo será semelhante aos indivíduos com desenvolvimento
típico (Golendziner, 2011). Isto por que a principal dificuldade neste diagnóstico não está
em representar o significado da palavra, mas em utilizá-lo em situações do cotidiano,

15
principalmente devido a um mecanismo diferenciado do acesso lexical, em especial
quando este acesso possui função comunicativa e social (Golendziner, 2011; Wang,
2006).

e) Deficiência Intelectual
De acordo com o DSM-V (2014), a Deficiência Intelectual é um transtorno
com alterações funcionais em domínios adaptativos, conceitual, social e prático.
Ocorrem dificuldades para alcançar os marcos do desenvolvimento, inclusive no
desenvolvimento da linguagem.
A Deficiência Intelectual acarreta menor aprendizado de palavras e
consequentemente, vocabulário restrito (Wilkinson, 2007). A curva de crescimento
lexical de uma criança com deficiência intelectual é significativamente menor que a
curva de desenvolvimento típico, com influência direta da idade cronológica e
habilidades intelectuais (Vandereet et al., 2010).
Em provas de QI não verbal, tipicamente, o vocabulário é utilizado como
apoio. Entretanto, crianças com deficiência intelectual utilizam habilidades de memória
visual para compensar a dificuldade relacionada ao vocabulário (Mungkhetklang et al.,
2016).

Desta forma, é evidenciada a importância da investigação do vocabulário


durante o desenvolvimento infantil, devido a presença de dificuldades no nível
semântico da linguagem em diversos grupos diagnósticos.

3.3. DIFERENÇAS ENTRE TRIAGEM E AVALIAÇÃO


A triagem e a avaliação são procedimentos aplicados com objetivos e
contextos distintos, o que torna essencial o estabelecimento de suas diferenças.
A triagem é um procedimento no qual um grande número de indivíduos é
testado, visando detectar precocemente uma pequena porcentagem destes que já
apresentam uma patologia ou fatores de risco (Steele, 2018). Para os instrumentos de
triagem, considera-se os valores de sensibilidade, ou seja, a capacidade de detectar
indivíduos que possuem determinada doença (Gilbert et al., 2011).
Entretanto, para que seja eficiente, o procedimento de triagem deve seguir
diversos princípios. Primeiramente, é necessário que seja validado, com alto nível de
confiabilidade. Segundo, precisa ser simples e de fácil compreensão, para que seja
aceito por parte da população que se submeterá ao processo. Além disso, é necessário
que hajam oportunidades de tratamento para a alteração em questão (Wilson & Jugner,
1968).

16
Por outro lado, a avaliação diagnóstica leva em consideração o histórico do
paciente, a observação clínica e a aplicação de testes, que pode ser benéfica para
determinar a conduta e prover informações importantes para determinar o diagnóstico.
A aplicação de um teste de avaliação concerne a comparação do
desempenho do paciente com o padrão de referência estabelecido na literatura. Em
relação a suas características, é importante que apresente alta especificidade, isto é, a
classificação correta dos indivíduos que não estão doentes (Gilbert et al., 2011).

3.3.1. Instrumentos de avaliação do vocabulário


A realidade de utilização de instrumentos de avaliação em vocabulário no
Brasil ainda é incipiente, sendo alguns disponibilizados para a prática clínica e outros
somente em pesquisas. A tabela abaixo exibe alguns protocolos brasileiros de avaliação
em vocabulário e suas principais características.

Tabela 1 – Instrumentos de avaliação em linguagem disponíveis no Brasil


INSTRUMENTO HABILIDADES FAIXA AVALIAÇÃO DO ESTUDOS DE DISPONIBILIDADE
AVALIADAS ETÁRIA VOCABULÁRIO VALIDAÇÃO PARA USO
NO BRASIL CLÍNICO
Teste de Vocabulário 1º ao 4º Direta Sim Sim
Vocabulário por receptivo ano do
Figuras USP – ensino
TVfusp (Capovilla, fundame
2011) ntal
Test of Early Vocabulário 2 a 7:11 Indireta Não Não
Language receptivo e anos
Development – expressivo
TELD (Hresko,
Reid, Hammill,
1981)
Avaliação do Vocabulário 1 a 6:11 Direta Sim Sim
Desenvolvimento receptivo e anos
da Linguagem – expressivo
ADL (Menezes,
2003)
Clinical Evaluation Vocabulário 5 a 21 Direta Sim Não
of Language expressivo anos
Functions – CELF
(Bento-Faz, Befi-
Lopes, 2014)
Preschool Vocabulário 3a5 Direta Não Não
Language receptivo e anos
Assessment expressivo
Instrument
(Lindau, Rossi,
Giacheti, 2014)
ABFW – Teste de Vocabulário 2a6 Direta Não Sim
Linguagem Infantil expressivo anos
(Andrade et al.,
2004)

3.3.2. Instrumentos de triagem em linguagem


A triagem de linguagem é de grande importância na detecção de alterações.
O resultado positivo na triagem de linguagem frequentemente indica riscos às alterações

17
do desenvolvimento. Cerca de 20% das crianças identificadas são diagnosticadas com
transtornos do neurodesenvolvimento cinco anos depois (Miniscalco et al., 2018).
Na literatura internacional (Nelson et al., 2006), diversos instrumentos
validados para a triagem da linguagem oral infantil são utilizados diretamente com a
criança ou com os pais, este último por meio da aplicação de questionários. Também
variam quanto ao uso restrito de determinada habilidade linguística ou mais ampla
quanto ao neurodesenvolvimento. Abaixo serão descritos estudos relacionados a estes
instrumentos:

Tabela 2 – Instrumentos de triagem em linguagem infantil disponíveis na literatura


INSTRUMENTO FORMAT FAIXA HABILIDADES ESTUDOS DE DISPONIBILI
O ETÁRIA VALIDAÇÃO DADE NO
NO BRASIL MERCADO
BRASILEIRO
MacArthur Checklist 9 meses a Vocabulário Não Sim
Communicative 2 anos Sintaxe
Developmental Gestos
Inventories (Fenson
et al., 2006)
Ages & Stages Checklist 2 a 66 Desenvolvimento social Não Não
Questionnaire meses Desenvolvimento motor grosso
(Squires et al., 2009) e fino
Resolução de problemas
Comunicação (audição e
linguagens expressiva e
receptiva)
Parents Evaluation of Checklist 21 meses Comportamento Não Não
Developmental Status a 8 anos Social-emocional
(Gascoe, 2003) Saúde mental
Linguagem expressiva e
articulação
Bayley Infant Escala 3 a 24 Funções neurológicas básicas Não Não
Neurodevelopmental meses (postura, tônus musculares,
Screener (Aylward, movimentos, assimetrias),
1995) funções expressivas (motor
grosso, motor fino, motor
oral/verbal), funções receptivas
(visual, auditiva e verbal) e
processos cognitivos (resolução
de problemas, planejamento e
fixação em objetos)
Denver II – Teste de Triagem 0a6 Linguagem, desenvolvimento Não Sim
Triagem do direta anos motor fino, desenvolvimento
Desenvolvimento motor amplo, pessoal-social
(Frankenburg, 1992)
Early Language Escala 0 a 36 Linguagem verbal e visual Não Não
Milestones Scale meses
(Coplan, 1993)
LANGUAGE4 (Klem Escala 4 anos Repetição de sentenças, Não Não
et al., 2016) vocabulário e conhecimento
gramatical
VTO Language Questionári 24 meses Linguagem compreensiva e Não Não
Screening Instrument o expressiva
(Agt, 2007) Interação
Diagnostic Evaluation Triagem 4 a 12 Linguagem compreensiva Não Não
of Language direta anos
Variation-Screening
Test (Petscher,
Connor, Al’Otaiba,
2012)
Bilingual English Triagem 4a5 Vocabulário Não Não
Spanish Oral direta anos Morfossintaxe
Screener (Peña et al.,
2011)

18
Tamiz de Problemas Triagem 3a6 Gramática Não Não
del Lenguaje direta anos
(Benavides,
Kapantzoglou,
Murata, 2018)
Rastreio de Triagem 3a5 Linguagem receptiva e Não Não
Linguagem e Fala direta anos expressiva
(Lousada, Valente, Articulação
Mendes, 2016) Fonologia
Metalinguagem
Language Checklist 2 anos Vocabulário Não Não
Developmental Survey
(Rescola, 1989)
Dynamic Indicators of Triagem 4 anos Vocabulário Não Não
Vocabulary Skills direta
(Marcotte, 2014)

3.4. VALIDADE DE CONTEÚDO: QUAL SUA IMPORTÂNCIA?


A Fonoaudiologia faz frequentemente o uso de testes durante a avaliação
de um paciente, assim como estabelecido e recomendado na Resolução 414, de 12 de
maio de 2012, do Conselho Federal de Fonoaudiologia (CFFa, 2012). O uso de
instrumentos torna objetivo o processo de avaliação, padronizando a coleta e análise
das informações importantes para o processo diagnóstico.
A fim de que os resultados obtidos sejam confiáveis, é necessário que o
teste tenha sido submetido a um processo de validação rigoroso (Pernambuco et al.
2017). O processo de validação fornece informações quanto à qualidade do instrumento
(Polit & Beck, 2006). Entretanto, no contexto fonoaudiológico brasileiro, o número de
testes validados ainda é escasso (Gurgel, Kaiser, Reppold, 2015).
A etapas necessárias a serem seguidas para a validação de instrumentos
na Fonoaudiologia seguem abaixo (Pernambuco et al., 2017):

1ª Evidência de validade baseada no conteúdo do teste – verifica se a


construção teórica do teste (tema, redação, formato, tarefas ou questões) estão
relacionados ao seu objetivo final. É obtido pelo cálculo do Índice de Validade de
Conteúdo (IVC) e do IVC-Item (IVC-I), os quais são resultado de uma análise de juízes
especialistas na área.
2ª Evidência de validade baseada nos processos de resposta – observa
o comportamento de diferentes estratos da população durante a aplicação do teste,
buscando compreender processos psicológicos, sociais e cognitivos envolvidos em sua
aplicação.
3ª Evidência de validade baseada na consistência interna – aplica-se o
teste para verificar a relação entre o desfecho e os itens do teste. É obtida por meio da
análise fatorial confirmatória, análise de componentes principais ou análise fatorial
exploratória.

19
4ª Evidência de validade baseada na relação com outras variáveis – é
verificado o desfecho do teste e o quanto este é influenciado por variáveis externas,
inclui as medidas de validade convergente, validade discriminante e validade de critério.
5ª Confiabilidade/precisão – mede a capacidade do teste em manter seus
resultados durante um período de tempo, geralmente entre 7 a 14 dias.
6ª Equidade do teste – especialistas devem julgar o teste para que os seus
resultados não sejam influenciados por variáveis individuais.
7ª Acurácia – etapa na qual são obtidos os valores de sensibilidade,
especificidade, valor preditivo positivo e negativo, razão de verossimilhança positiva e
negativa. É obtida comparando-se os resultados do teste com os resultados de um outro
padrão-ouro na área.
8ª Evidência de validade baseada nas consequências do teste –
resolução de todas as evidências de validade do teste, são incluídas análises de
responsividade e considera os estudos subsequentes de aplicação e reprodução.

Muitos profissionais têm seguido diretrizes estabelecidas pela Psicologia


através do Standarts for Educational and Psychological Testing. De acordo com a APA
(2014), as pesquisas em validação devem focar em quatro tipos de validade: baseadas
no conteúdo, baseadas em variáveis externas, aquelas baseadas na estrutura interna e
no processo de resposta e nas consequências da testagem.
A validade baseada no conteúdo estima se os itens do teste estão de acordo
com o propósito do construto (Cronbach, Meehl, 1955) e frequentemente envolve o
refinamento do instrumento (Smith, McCarthy, 1995). Estes dados darão informações
sobre a representatividade de cada item do teste para com seu objetivo (Rubio et al.,
2003).
A validade de conteúdo interfere diretamente nas inferências a serem feitas
pelo avaliador, de acordo com os resultados obtidos na aplicação do teste (Cronbach,
Meehl, 1995), tendo assim importância clínica. Dados obtidos por testes não validados
podem representar informações errôneas, pois a validade de conteúdo influencia o
conteúdo dos itens, apresentação do estímulo, instruções e pontuação (Cronbach,
Meehl, 1995).
Apesar de ser mais utilizado em questionários, a validade de conteúdo é
importante para todos os tipos de instrumentos, estando relacionada com o grau de
especificidade do teste (Cronbach, Meehl, 1995).
Sem um estudo de validade de conteúdo, os pesquisadores podem perceber
tardiamente a necessidade de revisão do instrumento, o que seria mais dispendioso.

20
Para pesquisar a validade de conteúdo de um teste, os seguintes passos são
recomendados (Rubio et al., 2003):

1º Seleção de especialistas – selecionam-se especialistas na temática


para a função de juízes, os quais devem compor de dois grupos. O primeiro,
representando pesquisadores que publicaram na área e o segundo constituído por
profissionais atuantes na prática. O número de especialistas é controverso, porém
indica-se que estejam entre 6 e 20, com no mínimo três em cada grupo.
2º Solicitação de participação dos especialistas – o convite à
participação na pesquisa poderá ser realizado via e-mail, telefone ou carta.
3º Envio de formulários de análise – após a aceitação, são enviados uma
carta de apresentação e o formulário de análise, contendo a descrição da pesquisa e os
critérios de avaliação a serem seguidos.
4º Análise dos dados – duas formas de análise são possíveis. A
Concordância Interavaliadores, que determina a confiabilidade das avaliações e, o
Índice de Validade de Conteúdo para todo o instrumento e para cada item isoladamente.
5º Revisão do instrumento – a revisão dos itens é realizada de acordo com
o feedback dos especialistas. Caso as revisões sejam em grande número, a reavaliação
do instrumento deve ocorrer.

Dentre as formas de medir-se a validade de conteúdo, destaca-se o Índice


de Validade de Conteúdo (IVC), o qual possibilita tanto a avaliação dos itens do
instrumento individualmente, quanto como um todo (Alexandre, Colucci, 2011). O IVC
permite medir o grau de proporção que os especialistas estão em concordância sobre
os itens (Damásio & Borsa, 2017). Para isso, deverão classificar cada item do
instrumento em uma escala de 1 a 4, na qual 1 corresponde à pior avaliação e 4 à
melhor. É calculado de acordo com a seguinte fórmula.

𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑠𝑝𝑜𝑠𝑡𝑎𝑠 3 𝑜𝑢 4
𝐼𝑉𝐶 =
𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑠𝑝𝑜𝑠𝑡𝑎𝑠

O IVC é considerado relevante para novos instrumentos quando seu valor é


igual ou superior a 0,72 (Polit, Beck, 2006). Entretanto, outros pesquisadores sugerem
um valor mínimo de 0,80 (Grant, Davis, 1997). Os itens que obtiverem resultado menor
devem ser revisados ou excluídos do instrumento. Além do valor do IVC, outro resultado
advindo desta medida são as sugestões qualitativas dos juízes especialistas quanto a
aprimoramentos no instrumento (Rubio et al., 2003).

21
Entretanto, a validade de conteúdo possui suas limitações. De acordo com
Rauch (2003), o julgamento dos juízes é subjetivo e pode ser influenciado por outras
variáveis. Por isso, a existência da validade de conteúdo não elimina a necessidade de
outras medidas psicométricas para o teste.
Outra medida que pode ser utilizada, especialmente na área da saúde, é o
Coeficiente de Correlação Intraclasse (CCI), para observar o grau de concordância entre
os especialistas por meio da determinação da homogeneidade das respostas (Damásio,
Borsa, 2017).

3.5. JUSTIFICATIVA
Levando em consideração todos os dados colhidos na fundamentação
teórica deste trabalho, a validação do TRILHAR justifica-se pela escassez de
instrumentos com o objetivo de triagem no panorama nacional, no que concerne aos
benefícios da identificação e intervenção precoce nos atrasos e transtornos de
linguagem.
Ainda, há necessidade de interseção entre as áreas da saúde e da
educação, por meio da Fonoaudiologia Educacional que ainda carece de
instrumentalização de suas práticas no âmbito escolar.
Acredita-se que a triagem do vocabulário trará benefícios não só ao
profissional, mas principalmente à população infantil, que terá a possibilidade de realizar
a checagem de um aspecto importante, inclusive para o seu desempenho acadêmico,
o vocabulário, possibilitando encaminhamentos mais precisos e precoces para a
avaliação fonoaudiológica clínica.

22
4. METODOLOGIA: ESTUDO 1

4.1. DESENHO DO ESTUDO


O presente estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura.

4.2. REVISÃO DA LITERATURA


4.2.1. Estratégias de pesquisa
Foi realizada revisão integrativa da literatura nacional e internacional, nas
bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO), Literatura Latino-
Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Education Resources
Information Center (ERIC) e PubMed. O quadro 2 exibe os descritores e combinações
utilizadas para a pesquisa em cada base de dados.

Quadro 2 – Descritores utilizados para a pesquisa nas bases de dados


Base de Descritores Origem
dados
Triagem AND linguagem infantil, triagem AND vocabulário,
triagem AND testes de vocabulário, programas de
rastreamento AND linguagem infantil, programas de Descritores em
SciELO rastreamento AND vocabulário, programas de rastreamento Ciências da Saúde
AND testes de vocabulário, linguagem infantil AND (DeCS)
vocabulário, linguagem infantil AND teste de vocabulário,
vocabulário AND teste de vocabulário
Triagem AND linguagem infantil, triagem AND vocabulário,
triagem AND testes de vocabulário, programas de
rastreamento AND linguagem infantil, programas de Descritores em
LILACS rastreamento AND vocabulário, programas de rastreamento Ciências da Saúde
AND testes de vocabulário, linguagem infantil AND (DeCS)
vocabulário, linguagem infantil AND teste de vocabulário,
vocabulário AND teste de vocabulário
Screening tests AND vocabulary, screening tests AND child
ERIC language, screening tests AND vocabulary AND child ERIC
language
Mass screening AND child language, mass screening AND
PubMed vocabulary, mass screening AND language tests, language Medical Subject
tests AND vocabulary Headings (MeSH)
Fonte: própria.

4.2.2. Critérios de seleção


Foram incluídos no estudo os artigos que utilizaram instrumentos de triagem do
vocabulário, disponíveis na íntegra, publicados em português ou inglês, de janeiro de

23
2014 a dezembro de 2018. Foram excluídos artigos que não abordaram o assunto no
título ou resumo, que não indicaram o nome do instrumento, estudos repetidos entre as
plataformas e revisões de literatura.
A seleção dos estudos foi realizada a partir da leitura do título e resumo. Todos
os artigos que atenderam aos critérios foram lidos na íntegra para a coleta de
informações.

4.2.3. Análise dos dados


Todos os dados extraídos dos artigos foram analisados de acordo com o nome
do instrumento, nacionalidade, faixa etária avaliada, formato e artigos.

4.3. FORMULAÇÃO DOS ITENS


A formulação dos itens se deu a partir da análise de dois instrumentos de
avaliação do vocabulário brasileiros, o ABFW – Teste de Linguagem Infantil (Andrade
et al., 2004) e o Teste de Vocabulário por Figuras USP – TVfUSP (Capovilla, 2011). Foi
construído um banco de palavras para as habilidades receptivas e expressivas, levando
em consideração os seguintes critérios de inclusão: sofrer o mínimo de variação
linguística cultural; ser de fácil representação gráfica e pertencer às categorias
semânticas de substantivos, verbos e adjetivos. A seleção ocorreu de acordo com a
experiência dos autores do instrumento, levando em consideração quais palavras
seriam mais adequadas para cada faixa etária.

4.4. IMPLEMENTAÇÃO, CRIAÇÃO DO MANUAL E DA FOLHA DE MARCAÇÃO


A etapa de implementação consistiu na construção das figuras
representativas de cada palavra, por meio da contratação de um designer com
experiência em figuras infantis. Em seguida, foram organizadas as fichas de atividades
de vocabulário receptivo e expressivo, utilizando o software Adobe® Photoshop CC.
O manual de uso e a folha de marcação foram construídos para orientar o
aplicador da triagem quanto às indicações, habilidades avaliadas, materiais,
procedimento de aplicação, análise dos resultados e condutas.

24
5. METODOLOGIA: ESTUDO 2

5.1. DESENHO DO ESTUDO


Trata-se de um estudo metodológico. Este tipo de pesquisa organiza o
processo de criação de um instrumento (Nascimento, 2012), dedicando-se ao
desenvolvimento e validação de técnicas ou ferramentas de avaliação (Polit, Beck,
2011). Os procedimentos metodológicos deste estudo foram baseados nas
recomendações de Rubio et al. (2003) e Damásio e Borsa (2017) para a obtenção das
evidências de validade de conteúdo de um instrumento.

5.2. ASPECTOS ÉTICOS


Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), sob
número de parecer 2.548.341, seguindo a resolução do Conselho Nacional de Saúde –
CNS 466/12 sobre Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo
Seres Humanos [ANEXO I]. Todos os participantes assinaram o Termo de
Consentimento Livre (TCLE) [ANEXO II].

5.3. POPULAÇÃO
Os participantes desta pesquisa foram selecionados por conveniência a
partir do contato profissional da orientadora deste trabalho, de acordo com o critério de
inclusão de, no mínimo, dois anos de experiência na área infantil. Participaram 15
profissionais, dos quais 10 eram da Fonoaudiologia, 3 da Pedagogia e 2 da Psicologia,
formados nas seguintes Universidades e respectivos estados: Universidade Federal do
Rio Grande do Norte (Rio Grande do Norte), Universidade Estadual de Campinas (São
Paulo), Universidade Estadual Paulista (São Paulo), Pontifícia Universidade Católica de
Campinas (São Paulo), Universidade de São Paulo (São Paulo), Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (Rio Grande do Sul), Universidade de Fortaleza (Ceará),
Universidade Federal da Paraíba (Paraíba) e Universidade Estadual de Londrina
(Paraná).

5.4. PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS


5.4.1. Material
Este estudo dedica-se à validação do instrumento de triagem TRILHAR,
construído em parceria entre o Departamento de Fonoaudiologia e Departamento de
Engenharia Biomédica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. Seu
objetivo é realizar a triagem do vocabulário em crianças entre três e sete anos de idade,
visto que nesta faixa etária, ocorre expansão significativa do vocabulário infantil (Song

25
et al., 2015) e que este pode influenciar o desenvolvimento da linguagem oral como um
todo e futuramente, da linguagem escrita.
O TRILHAR conta dez com atividades semânticas receptivas e expressivas.
No vocabulário receptivo ou compreensivo, a criança deve ouvir dez palavras e apontar
as imagens correspondentes [ANEXO III]. Já no vocabulário expressivo, deve nomear
dez imagens a ela apresentadas pelo aplicador, um por vez [ANEXO IV]. Possui
palavras nos seguintes campos semânticos: roupas, animais, alimentos, móveis,
utensílios, meios de transporte, brinquedos, instrumentos, profissões, lugares, partes do
corpo, adjetivos e verbos. Durante sua construção, evitou-se a escolha de vocábulos
que sofressem variação cultural. As atividades aumentam o grau de dificuldade à
medida em que são registradas as respostas corretas. Inicialmente, as palavras eram
apresentadas sem nenhum item distrator, mas de acordo com a aplicação, itens
distratores foram adicionados.
Possui versões manual e computadorizada. As imagens da versão manual
foram construídas por uma designer contratada por meio do Adobe® Photoshop CC. Já
a versão computadorizada foi construída em linguagem PHP – Hypertext Preprocessor
e framework Yii2. Para este estudo utilizou-se a versão manual.
Nesta versão manual, utiliza-se um fantoche para que seja facilitada a
interação entre o avaliador e a criança, tal como aumentar a motivação da criança
durante o processo. O material também conta com um manual de uso para o aplicador
do teste e folhas para registro das respostas. Ao final da aplicação, é gerado um relatório
final com a pontuação total e os tipos de erros cometidos. É indicada a necessidade de
observação do comportamento da criança durante a aplicação do teste, tais como a
presença de sinais comportamentais importantes, alterações fonológicas ou fonéticas
na oralidade, desatenção e lentificação.

5.4.2. Coleta de dados


Inicialmente, os juízes foram convidados via e-mail a participar da pesquisa
[ANEXO V], no qual foi apresentado o Projeto TRILHAR e anexado o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Posteriormente à assinatura do TCLE, todos os juízes receberam via e-mail
o instrumento (manual, protocolo de triagem e folhas de resposta), o protocolo de
avaliação de validade de conteúdo, um questionário para avaliação das imagens e
palavras e as instruções necessárias para seu preenchimento. O prazo estabelecido
para retorno via e-mail foi de vinte dias.
O protocolo de avaliação de validade de conteúdo foi construído levando em
consideração os aspectos de Racional Teórico, Princípios da Triagem e Materiais. Estes

26
itens foram avaliados em uma escala de 0 a 2, com as seguintes correspondências: 0 –
inadequado; 1 – parcialmente adequado; 2 – adequado.
O primeiro item, Racional Teórico buscou o julgamento da fundamentação
teórica na qual a construção do Trilhar foi baseada, observando seus critérios de
qualidade, atualidade e coerência da literatura com a faixa etária a qual o instrumento
abrange e os materiais produzidos.
O item de Princípios da Triagem visou focar em seus aspectos práticos,
como aplicabilidade em campo clínico e educacional, adequação à identificação de
populações específicas (transtornos ou atrasos de linguagem) e validade ecológica.
Por fim, no item de Materiais, foi julgada a adequação dos materiais
produzidos, isto é, figuras, telas de aplicação e palavras selecionadas, quanto ao seu
público alvo, faixa etária, aspectos gráficos, clareza no caderno de aplicação e coerência
entre a demanda da tarefa e o objetivo da triagem.

5.5. ANÁLISE DOS DADOS


A análise quantitativa da validade de conteúdo ocorreu por meio do Índice
de Validade de Conteúdo - IVC (Polit, Beck, 2006), tanto para os itens individualmente
(IVC-I), quanto para a ferramenta como um todo (IVC). Os índices foram calculados por
meio da fórmula abaixo, onde x1 corresponde ao número total de respostas “adequado”
e x2 ao número total de respostas.

𝑥1
𝐼𝑉𝐶 =
𝑥2

Adotou-se como referência o valor igual ou maior que 0,78 (Polit, Beck,
2006). Itens que obtiveram valor menor que este foram reformulados para nova
avaliação. Para a avaliação das imagens, foi definido o valor de 75%; figuras com
resultados abaixo desta porcentagem deveriam ser excluídas ou reformuladas.
Ainda, foi avaliado o índice de concordância interavaliadores, por meio do
Coeficiente de Correlação Intraclasse, no qual foi utilizado o intervalo de confiança de
95%. Para sua análise, utilizou-se a seguinte classificação, de acordo com Fleiss (1981):
< 0,40 – pobre; 0,40-0,74 – satisfatória; > 74 - excelente.
Todos os dados foram tabulados e analisados por meio do IBM SPSS
Statistics, versão 23.

27
6. METODOLOGIA: ESTUDO 3

6.1. DESENHO DO ESTUDO


Trata-se de um estudo transversal, descritivo e quantitativo.

6.2. LOCAL DA PESQUISA


Foram consideradas quatro escoladas da rede pública municipal das
cidades de Natal e Caicó, Rio Grande do Norte.

6.3. ASPECTOS ÉTICOS


Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), sob
número de parecer 2.548.341, seguindo a resolução do Conselho Nacional de Saúde –
CNS 466/12 sobre Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo
Seres Humanos [ANEXO I].
Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre (TCLE)
[ANEXO VI] e Esclarecido e Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE), a partir
dos sete anos de idade [ANEXO VII].

6.4. POPULAÇÃO
Foram selecionadas, por conveniência, crianças das escolas citadas acima.
Tratam-se de crianças do Ensino Infantil e do primeiro ano do ensino fundamental,
selecionadas de acordo com os seguintes critérios: idade entre três e sete anos;
matrícula regular no ensino público das cidades de Natal (Rio Grande do Norte) e Caicó
(Rio Grande do Norte). É importante citar que, para a inclusão de ambos os grupos, foi
observada a homogeneidade da amostra, verificando que não houveram diferenças no
vocabulário dessas duas populações. Foram excluídos indivíduos diagnosticados com
transtornos do neurodesenvolvimento ou deficiências, informados pelo relatório escolar
ou pela professora. Após o procedimento, caso o pesquisador observasse algum sinal
de alteração, a criança era encaminhada para avaliação fonoaudiológica e, se houvesse
diagnóstico de alteração de linguagem, a criança era excluída do estudo.
Inicialmente, foram selecionadas 136 crianças. Entretanto, três delas tinham
diagnóstico prévio de Síndrome de Down ou Transtorno do Espectro Autista. A amostra
final foi composta por 133 indivíduos, sendo 45,9% (n=61) foi do sexo masculino e
54,1% (n=72) do sexo feminino, com média de idade de 4,99 anos (dp=1,384). Os
indivíduos foram divididos nos seguintes grupos, de acordo com a faixa etária:
 Grupo 1: 28 crianças com três anos de idade;
 Grupo 2: 21 crianças com quatro anos de idade;

28
 Grupo 3: 30 com cinco anos de idade;
 Grupo 4: 32 crianças com seis anos de idade;
 Grupo 5: 22 crianças com sete anos de idade.

6.5. PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS


6.5.1. Material
Foi utilizado o instrumento TRILHAR, descrito nas etapas acima, que visa a
triagem do vocabulário receptivo e expressivo de crianças entre 3 e 7 anos de idade.

6.5.2. Coleta de dados


Inicialmente o pesquisador e orientadora entraram em contato com a escola
e, após anuência da instituição e assinatura do TCLE pelos pais, iniciou-se a aplicação.
As triagens foram realizadas individualmente, em sala com o mínimo de interferências
acústicas e de iluminação para a aplicação do teste. Foi utilizado o material impresso,
com o apoio de um mascote como auxílio para a motivação da criança na atividade. A
aplicação foi iniciada por meio do vocabulário receptivo, seguido pelo expressivo,
seguindo as regras do manual do instrumento.

6.6. ANÁLISE DOS DADOS


Foi utilizada estatística descritiva para obtenção das médias, medianas e
desvio-padrão. Além disso, utilizou-se o teste Kruskal-Wallis para verificar a diferença
entre as idades; Mann-Whitney para a diferença entre os gêneros e Correlação de
Spearman para verificar se há correlação entre as variáveis de idade e gênero e o
desempenho na prova. Foi considerado intervalo de confiança de 95% e nível de
significância de 0,05. Todos os dados foram tabulados e analisados por meio do IBM
SPSS Statistics, versão 23.

29
7. RESULTADOS

7.1. ARTIGO 1 (SUBMETIDO – AUDIOLOGY COMMUNICATION RESEARCH)

Construção de um instrumento de triagem do vocabulário para crianças entre 3 e 7


anos

Alexandre Lucas de Araújo Barbosa¹, Heliana Bezerra Soares¹, Cíntia Alves Salgado
Azoni¹

¹Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil

RESUMO
Objetivo: construir um instrumento de triagem do vocabulário para crianças entre 3 e 7
anos de idade. Método: a etapa um, de construção do instrumento, consistiu em revisão
da literatura nacional e internacional para verificar os instrumentos utilizados para
triagem do vocabulário, por meio de pesquisa nas bases de dados SciELO, LILACS,
ERIC e PubMed. Na etapa dois, denominada formulação de itens e manual de uso, foi
elaborado um instrumento direcionado para o vocabulário, com a criação de um banco
de dados de palavras para crianças de 3 a 7 anos, de acordo com 11 categorias
semânticas, em habilidades expressivas e receptivas. Por fim, a etapa três consistiu na
implementação do instrumento. Resultados: Na primeira etapa do estudo, foram
identificados três instrumentos internacionais para triagem do vocabulário. Nenhum
instrumento nacional foi encontrado. Quanto à segunda etapa, o banco de dados
consistiu em um total de 210 palavras, dentre os quais substantivos, adjetivos e verbos
e; na terceira etapa foram criadas as imagens, manual e folhas de resposta. Conclusão:
verificou-se escassez de instrumentos de triagem do vocabulário na literatura
internacional e nacional. Com isso, foi construído um instrumento de triagem do
vocabulário infantil para crianças entre 3 e 7 anos de idade.

PALAVRAS-CHAVE: Programas de rastreamento; Protocolos; Linguagem infantil;


Testes de vocabulário; Vocabulário

INTRODUÇÃO
Atrasos no desenvolvimento de linguagem são frequentemente negligenciados.
A abordagem do “esperar para ver”(1) supõe que falantes tardios irão se aproximar de
seus pares típicos. Entretanto, os resultados têm sido insatisfatórios, pois muitas

30
crianças apresentam problemas persistentes. Ainda, aquelas que superam o atraso
continuam apresentando desempenho linguístico inferior, quando comparadas às
crianças sem este histórico(2).
A dificuldade na aquisição do vocabulário é um dos principais indicadores de
alterações na linguagem oral(3), podendo acarretar prejuízos no processo de
aprendizagem da leitura(4), na compreensão leitora(5), problemas emocionais e
comportamentais(6).
Um dos meios mais adotados mundialmente na área da saúde para a detecção
precoce de agravos é a triagem. Por definição, é um procedimento adotado para
identificar indivíduos em risco para determinada condição (7). Levando em consideração
a importância do vocabulário, a triagem desta habilidade possibilita a identificação de
crianças com dificuldades ou possíveis atrasos(8).
A detecção e intervenção precoce garantem melhor prognóstico infantil e
aprimoramento de habilidades requeridas ao processo escolar (9). Todavia, ainda é
escasso o número de pesquisas envolvendo a triagem do vocabulário (8), gerando como
consequência a identificação tardia de crianças com possíveis alterações neste nível da
linguagem.
Tendo em vista a importância do vocabulário e da detecção de dificuldades em
seu desenvolvimento, o objetivo desta pesquisa foi construir um instrumento de triagem
do vocabulário para crianças entre três e sete anos de idade, em sua versão manual.

MÉTODO
Etapas da pesquisa
Trata-se de um estudo descritivo e qualitativo. A construção do instrumento em
questão, nomeado de TRILHAR, ocorreu em três etapas: 1) revisão da literatura; 2)
formulação dos itens e do manual de uso; 3) implementação do instrumento.

Etapa um: revisão da literatura


Pergunta da pesquisa
Esta revisão foi baseada na seguinte pergunta: quais instrumentos são
utilizados atualmente na literatura nacional e internacional para a triagem do
vocabulário?

Estratégia de pesquisa
Inicialmente, foi realizada uma revisão integrativa da literatura para verificar os
instrumentos de triagem do vocabulário disponíveis nacional e internacionalmente, por
meio das bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO), Literatura Latino-

31
Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Education Resources
Information Center (ERIC) e PubMed.
As buscas nas bases de dados nacionais SciELO e LILACS foram realizadas a
partir dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), utilizando as seguintes
combinações: triagem AND linguagem infantil, triagem AND vocabulário, triagem AND
testes de vocabulário, programas de rastreamento AND linguagem infantil, programas
de rastreamento AND vocabulário, programas de rastreamento AND testes de
vocabulário, linguagem infantil AND vocabulário, linguagem infantil AND teste de
vocabulário, vocabulário AND teste de vocabulário.
Para a pesquisa na ERIC, as seguintes combinações de descritores da própria
base foram utilizadas: screening tests AND vocabulary, screening tests AND child
language, screening tests AND vocabulary AND child language. Por fim, para a PubMed,
foram utilizados descritores da Medical Subject Headings (MeSH): mass screening AND
child language, mass screening AND vocabulary, mass screening AND language tests,
language tests AND vocabulary.

Critérios de seleção
Foram considerados artigos de acordo com os seguintes critérios de inclusão:
artigos que utilizaram instrumentos de triagem do vocabulário, disponíveis na íntegra,
publicados em português ou inglês entre janeiro de 2014 e dezembro de 2018. Foram
excluídos os artigos que não abordaram o assunto no título ou resumo, que não
indicaram o nome do instrumento, estudos repetidos entre as plataformas e de revisão
de literatura.
A seleção dos estudos foi realizada de acordo com a leitura do título e resumo.
Posteriormente, os artigos que atenderam aos critérios foram lidos na íntegra para a
coleta das informações. A Figura 1 um ilustra o processo de seleção. A redução no
número dos artigos se deu, principalmente, por se tratarem de artigos inespecíficos que
não abordaram o assunto no título ou resumo.

Análise dos dados


A análise dos dados coletados nos artigos foi realizada de acordo com o
protocolo exposto no Quadro 1, incluindo as seguintes informações: nome do
instrumento, nacionalidade, faixa etária, formato e estudos relacionados, ou seja, os
estudos encontrados que utilizaram o mesmo instrumento. Por fim, estas informações
foram incluídas em tabela, analisadas e discutidas de acordo com literatura atual.

Resultado das buscas e leitura


dos títulos: 1199
32
Selecionados para leitura do
resumo: 29

Selecionados para leitura na


íntegra: 13

Excluídos por repetição: 5

Excluídos por não encaixarem


nos critérios: 4

Revisados: 4

Figura 1 – FLUXOGRAMA DE SELEÇÃO DOS ARTIGOS

Quadro 1 – QUADRO PARA ANÁLISE DOS INSTRUMENTOS


Nome do instrumento:
Nacionalidade:
Faixa etária avaliada:
Formato:
Artigos:

Etapa dois: formulação dos itens


A formulação dos itens para cada faixa etária ocorreu baseado em dois
instrumentos nacionais que tem como objetivo a avaliação do vocabulário expressivo e
receptivo, o ABFW – Teste de Linguagem Infantil(10) e o Teste de Vocabulário por
Figuras USP - TVfUSP(11), respectivamente. Assim, a construção do banco de palavras,
quanto às habilidades receptivas e expressivas, foi realizada levando em consideração
os seguintes critérios de inclusão: ter o mínimo possível de variação cultural; ser de fácil
representação gráfica e pertencer às categorias semânticas substantivos, verbos e
adjetivos. A seleção foi realizada de acordo com a experiência dos autores, levando em
consideração qual palavra foi mais adequada para cada faixa etária.

Etapa três: implementação, criação do manual de uso e da folha de marcação

33
No primeiro momento, a etapa de implementação do instrumento em sua versão
manual foi realizada a partir da construção de imagens correspondentes às palavras
selecionadas, por meio da contratação de um designer com experiência em figuras
infantis. Após isto, as figuras foram inseridas nas fichas de atividades de vocabulário
receptivo e expressivo, utilizando o Adobe® Photoshop CC.
O manual de uso e a folha de marcação foram produzidos com o objetivo de
orientar o aplicador da triagem, contendo tópicos como indicações, habilidades
avaliadas, material, procedimento de aplicação, análise dos resultados e conduta.

RESULTADOS
Etapa um
Dos quatro artigos analisados, foi observada a utilização de três instrumentos
internacionais de triagem do vocabulário, dos quais um foi utilizado em dois artigos,
listados na tabela 1. Não foram encontrados instrumentos nacionais com este objetivo.

Tabela 1 – DESCRIÇÃO DOS PROTOCOLOS UTILIZADOS NA LITERATURA ESTUDADA


INSTRUMENTO NACIONALIDAD FAIXA ETÁRIA FORMA DE ESTUDOS
E APLICAÇÃO RELACIONADOS
Dynamic Estados Unidos 4 anos de idade Triagem direta Marcotte, Parker,
Indicators of Furey, Hands(8)
Vocabulary Skills
(DIVS) Marcotte, Clemens,
Parker, Whitcomb12)
Language Estados Unidos 2 anos de idadeFi Questionário para os Rescola, Nyame,
Development pais Dias14)
Survey
Receptive Reino Unido 3;6 a 6 anos de idade Triagem direta via Schaefer, Bowyer-
Vocabulary aplicativo eletrônico Crane, Herrmann,
Screener Fricke15)
Aplication

Dynamic Indicators of Vocabulary Skills (DIVS)


O DIVS realiza triagem do vocabulário receptivo e expressivo de crianças pré-
escolares. Seu primeiro subteste, picture naming fluency (PNF), é composto por 44
figuras que devem ser nomeadas em um tempo de um minuto. No segundo subteste,
reverse definition fluency (RDF), o aplicador irá descrever 30 palavras, as quais a
criança deve nomear. A pontuação final do instrumento é composta pelo número de
palavras nomeadas corretamente em ambos os subtestes(8,12).

Language Development Survey

34
A Language Development Survey é uma escala a ser preenchida pelo
responsável, composta por 300 palavras para caracterizar o vocabulário espontâneo de
crianças aos 24 meses de idade (13). No estudo em questão a versão em português
europeudo instrumento foi utilizada(14).

Receptive Vocabulary Screener Application


Este instrumento é um aplicativo para tablet, que visa a triagem do vocabulário
receptivo de crianças monolíngues e bilíngues. Inicialmente, um cadastro com os dados
do paciente deve ser preenchido, incluindo nome, data de nascimento e línguas faladas.
Em cada tela, a criança ouve uma palavra e deve escolher a figura correspondente entre
quatro opções. O instrumento ainda possui um mascote digital chamado Meemo, que
orienta o processo de aplicação em sua língua materna. A pontuação é calculada
automaticamente e transferida para uma planilha em Excel(15).

A partir da análise destes instrumentos, verificou-se a importância do vocabulário


receptivo e expressivo na triagem, além de uma aplicação direta de tarefas com a
criança, utilizando recursos dinâmicos e lúdicas para a faixa etária infantil. A utilização
destes instrumentos pode auxiliar na identificação precoce de alterações de linguagem.

Etapa dois
O banco de palavras construído obteve um total de 210 itens, distribuídos entre
as idades, como exposto na tabela 2.

Tabela 2 – PALAVRAS SELECIONADAS PARA A COMPOSIÇÃO DO BANCO DE PALAVRAS


CATEGORIAS 3 ANOS 4 ANOS 5 ANOS 6 ANOS 7 ANOS
Móveis Colher, janela, Cama, mesa, Xícara, relógio, Espelho, toalha, Sofá, vela, roda
torneira, cadeira, pia, pente, prato, ventilador, escova (de carro), ferro
geladeira, televisão, faca panela dental, de passar,
fogão, copo computador telefone,
vassoura,
frigideira, garfo
Brinquedos Gangorra Boneca, bola, avião Robô, tambor Balanço, roda- Flecha, apito,
gigante, piano, dominó
patins
Partes do Boca, olho, pé Perna, nariz, Joelho, dedo, Coração, cérebro
corpo barriga, dente, ombro, umbigo
orelha
Roupas e Camisa, sapato Calça, chinelo, Chapéu, vestido, Meia
calçados vestido, casaco bolsa

35
Animais Cachorro, Gato, peixe, sapo, Macaco, leão, Tubarão, elefante, Baleia, abelha,
vaca, galinha, pássaro, formiga, urso, baleia cobra, coruja, porco, coelho,
pato rato, cavalo girafa aranha, jacaré
Meios de Carro, bicicleta Moto, avião, trem, Caminhão, Ambulância,
transporte ônibus foguete, balão helicóptero
Comidas Abacaxi, Banana, pão, Refrigerante, Melancia, Queijo,
cenoura, sorvete, ovo morango, pipoca sanduíche, pastel macarrão,
laranja, maçã, cebola, uva
bolo
Locais Casa, escola Quarto, sala, igreja Banheiro, Sala de aula, loja, Castelo, rio,
montanha, parque praia cachoeira
Profissões Professora, Médico, dentista, Fazendeiro, Carteiro,
palhaço lixeiro bombeiro, pedreiro cozinheiro,
astronauta
Verbos Pular, andar, Comer, correr, Pentear, Bater, apagar, Molhar, cavar,
morder, rir quebrar, dormir, amassar, balançar, pescar, telefonar,
chorar queimar, lamber, desenhar, beber, escrever, voar,
sentar, cortar cheirar, latir cantar, dirigir,
dançar
Adjetivos Triste, feliz, Velho, quente, pequeno, doente, fechado, zangado, Forte, moreno,
alto, grande triste, magro, bravo gelado, rosa, redondo, barbudo, preso,
quebrado, ensolarado, sujo, florido, curto,
sentado, aberto grávida, Cacheado vazio, fundo

Etapa três
No total, a partir do banco de palavras foram elaboradas 210 fichas, sendo duas
atividades de teste, dez fichas de vocabulário receptivo e dez de vocabulário expressivo
para cada idade (Tabela 3). Quanto à aplicação do instrumento, na habilidade de
vocabulário receptivo, a criança irá ouvir uma palavra e deverá apontar entre quatro
opções a figura correspondente. Já no vocabulário expressivo, o objetivo é a nomeação
de uma figura por ficha. O tempo estimado para a aplicação do instrumento é
aproximadamente de 10 minutos.

Tabela 3 – PALAVRAS SELECIONADAS DO BANCO DE PALAVRAS PARA A COMPOSIÇÃO DAS ATIVIDADES DO


INSTRUMENTO

3 ANOS 4 ANOS 5 ANOS 6 ANOS 7 ANOS

Vocabulário Morder, Correr, igreja, Cortar, tambor, Beber, Dominó,


receptivo andar, dormir, avião, amassar, sanduíche, telefonar, meia,
geladeira, formiga, lixeiro, vestido, bater, escova porco, pescar,
abacaxi, bicicleta, baleia, xícara, de dentes, cantar, cérebro,
laranja, casa, sapato, chorar, chinelo, pentear, ambulância,
maçã, janela, pão, televisão lamber, coruja, girafa, cozinheiro, garfo
pular, vaca montanha latir, bombeiro,
balanço

Vocabulário Pato, bolo, Camisa, Casaco, Bolsa, Jacaré, queijo,


expressivo fogão, colher, cavalo, macaco, elefante, vassoura,
gangorra, banana, mesa, pipoca, relógio, pastel, toalha, helicóptero,

36
escola, rir, carro, boneca, ônibus, robô, foguete, roda- apito,
cenoura, palhaço, médico, gigante, astronauta,
galinha, quarto, boca, banheiro, fazendeiro, castelo, aranha,
torneira quebrar nariz, sentar praia, umbigo, cavar, dirigir
balançar

O manual foi produzido com o objetivo de instruir o avaliador acerca do


funcionamento do instrumento. Neste, encontra-se o texto de fundamentação teórica
sobre o desenvolvimento típico e atípico do vocabulário e a importância da detecção
precoce destas alterações. Além disso, são listados os materiais que compõem o
instrumento (fichas de triagem do vocabulário expressivo e receptivo, um fantoche e
folhas de resposta), os procedimentos de aplicação, a forma de preenchimento da folha
de resposta e análise dos dados.
A triagem deve ser aplicada pelo Fonoaudiólogo, em um local com condições
acústicas e de iluminação adequadas com crianças entre 3 e 7 anos de idade. O material
inclui um fantoche de um cachorro como mascote para facilitar a interação entre
aplicador e criança e deixá-la mais à vontade para o procedimento, criando um ambiente
lúdico e interativo para a observação de aspectos qualitativos.
A folha de respostas permitirá a análise e registro do desempenho da criança.
Cada item deve ser pontuado em (1) em casos de acerto e (0) em casos de erros, com
um total máximo de 20 pontos. Embora o objetivo seja o vocabulário, sugere-se também
a observação de outros aspectos qualitativos da linguagem como a presença de
alterações fonológicas na oralidade, dificuldades na compreensão das ordens; e
comportamento, como desatenção, agitação.
Por fim, após a aplicação, será gerado um relatório para entrega aos professores
e pais para encaminhamento, caso necessário. O profissional Fonoaudiólogo deverá
tomar as medidas de acordo com cada paciente.

DISCUSSÃO
O objetivo deste trabalho foi construir um instrumento de triagem do vocabulário
receptivo e expressivo para crianças entre 3 e 7 anos de idade. A primeira etapa,
constituída da revisão integrativa de literatura, resultou em três instrumentos de triagem
do vocabulário disponíveis em outros países. O primeiro, o Dynamic Indicators of
Vocabulary Skills foi submetido ao processo de validação, apresentando valores de
confiabilidade, validade de construto e validade preditiva adequados(12). O desempenho
nesta triagem prediz o desenvolvimento do vocabulário receptivo e expressivo,
importantes para a aquisição da leitura e sucesso acadêmico(16). O segundo artigo
descreveu o Language Development Survey, instrumento elaborado como um checklist

37
traduzido para diversos idiomas. Suas evidências de validade confirmam a capacidade
de diferenciação de crianças com atrasos no desenvolvimento da linguagem (17). Por fim,
apesar da ausência de dados de validação, o Receptive Vocabulary Screener
Application, descrito no quarto artigo, apresentou adequada usabilidade para a triagem
de crianças monolíngues e bilíngues. Este aplicativo pode ser utilizado por profissionais
da área da saúde e educação(15). Sua utilização em tablet acompanha os avanços
tecnológicos, visto que grande parte das crianças são familiarizadas com este tipo de
aparelho(18).
Em relação ao cenário nacional, não foram encontrados instrumentos de triagem
do vocabulário. Este dado reforça a necessidade da criação e validação de instrumentos
nacionais na área da Fonoaudiologia, visto que o número de estudos dedicados a este
aspecto ainda são reduzidos(19).
Desta forma, a revisão evidenciou a importância de monitorar o desenvolvimento
do vocabulário, inclusive pela importante relação para o desenvolvimento de habilidades
posteriores, como a decodificação e compreensão leitora (16,21). Com isso, as habilidades
de vocabulário receptivo e expressivo foram escolhidas para compor o instrumento, pois
a produção de poucas palavras pode ser um dos principais indicadores de atrasos no
desenvolvimento da linguagem (16), característica que pode ser observada em
diagnósticos como no transtorno do desenvolvimento da linguagem (TDL) (22), transtorno
do espectro do autismo(23) e atraso de linguagem(24).
Espera-se que este instrumento seja capaz de diferenciar o vocabulário de
crianças que possuam alterações no desenvolvimento da linguagem, especificamente
no vocabulário, possibilitando a identificação e intervenção precoces, as quais
acarretarão benefícios importantes no prognóstico infantil.
Entretanto, para verificar se os resultados do instrumento são confiáveis, são
necessárias pesquisas de validação, que incluem processos como: (a) validade
baseada no conteúdo do teste; (b) validade baseada nos processos de resposta; (c)
evidência de validade baseada na consistência interna; (d) confiabilidade; (e) equidade
e (f) acurácia(25). Assim, os próximos passos desta pesquisa devem verificar as
evidências de validade baseadas no conteúdo do teste. Este dado estima se os itens do
instrumento estão de acordo com o propósito do construto, isto é, se os itens
selecionados são representativos para a identificação de crianças com alterações no
vocabulário(26).
Um instrumento de triagem do vocabulárioa a ser aplicado pelo Fonoaudiólogo
pode contribuir nos aspectos clínicos e científicos, em especial no ambiente escolar, na
identificação de alterações de linguagem.

38
CONCLUSÃO
Verificou-se a ausência de instrumentos nacionais de triagem do vocabulário.
Baseado na revisão da literatura, foi construído um instrumento de triagem de
vocabulário expressivo e receptivo para crianças entre 3 e 7 anos de idade.
Este estudo pode contribuir ao cenário científico, especialmente no campo da
Fonoaudiologia Educacional e da Linguagem, visto a escassez de instrumentos de
triagem e a necessidade prática do uso deste tipo de ferramenta em unidades de saúde,
escolas e consultórios. A utilização de instrumentos de triagem do vocabulário no
ambiente escolar pode trazer benefícios por meio da identificação de crianças de risco
para as alterações de linguagem.

AGRADECIMENTOS
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) pelo
apoio para a realização desta pesquisa, sob processo número 1728008.

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Intervention. 2016;41(4):230-42.

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40
25. Pernambuco L, Espelt A, Junior H, Lima K. Recomendações para elaboração,
tradução, adaptação transcultural e processo de validação de testes em Fonoaudiologia.
CoDAS. 2017;29(3):e20160217.
26. Cronbach LJ, Meehl PE. Construct validity in psychological tests. Psychological
Bulletin. 1955;52(4):281-302.

41
7.2. ARTIGO 2 (A SUBMETER – FOLIA PHONIATRICA ET LOGOPAEDICA)

Evidências de validade de conteúdo de um instrumento de triagem do vocabulário

Alexandre Lucas de Araújo Barbosa¹, Cíntia Alves Salgado Azoni¹

¹ Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil

Resumo
Objetivo: obter evidências de validade de conteúdo de um instrumento de triagem do
vocabulário infantil. Metodologia: trata-se de um estudo transversal e quantitativo, que
utilizou como material o instrumento TRILHAR, que visa a triagem do vocabulário
receptivo e expressivo de crianças entre 3 e 7 anos. A amostra foi composta por quinze
juízes (profissionais com experiência na área infantil) que avaliaram o instrumento em
seu Racional Teórico, Princípios da Triagem e Materiais, além de um formulário para a
avaliação das figuras contidas no instrumento. Para a análise dos dados, foi calculado
o Índice de Validade de Conteúdo (IVC) e Índice de Validade de Conteúdo-Item (IVC-I),
adotando-se como referência o valor maior ou igual a 0,78 e, para as figuras,
considerou-se 75% de avaliações adequadas. Resultados: Todos os critérios
apresentaram IVC adequado. Contudo, quanto ao IVC-I, os subcritérios de “aspectos
gráficos” e “clareza na descrição do caderno de aplicação” obtiveram valores abaixo do
esperado. Quanto à análise das figuras, em um total de cem, dezessete apresentaram
indicações de reformulações. Conclusão: O instrumento de triagem do vocabulário
TRILHAR apresentou características pertinentes para ser utilizado como rastreamento
ao desenvolvimento semântico. Entretanto, o IVC-I dos itens “aspectos gráficos” e
“clareza na descrição do caderno de aplicação” devem ser revistos para de melhoria e
aplicabilidade do instrumento, conforme o feedback dos juízes.

Introdução
A semântica se refere ao significado das palavras de uma língua, com um
sistema léxico-semântico que organiza seus itens baseando-se nas relações de
significado [1]. O desenvolvimento deste nível da linguagem é influenciado por
características emocionais [2], socioeconômicas [3] e neurológicas [4]. Sabe-se que há
dois períodos de expansão significativa do vocabulário, o primeiro, entre os 18 e 24
meses de idade que se refere à explosão do vocabulário [5], de rápido crescimento
lexical e diminuição de comportamentos comunicativos, como gestos e vocalizações [6]

42
e; o segundo, após a inserção escolar, no qual o vocabulário passa a se desenvolver
mais rapidamente [7], especialmente após a aprendizagem da leitura [8].
As queixas iniciais dos transtornos de linguagem estão frequentemente
relacionadas às habilidades de produção verbal, incluindo a expressão semântica [9],
comum nos quadros de atraso de linguagem [10,11], distúrbio específico de linguagem
[12,13], transtorno do espectro do autismo [14] e deficiência intelectual [15].
A fim de identificar as possíveis dificuldades no desenvolvimento do
vocabulário de crianças, instrumentos de triagem de baixo custo, de rápida e fácil
administração têm sido comumente utilizados, como por exemplo o Dynamic Indicators
of Vocabulary Skills (DIVS) [16,17], o Language Development Survey [18,19] e o
Receptive Vocabulary Screener Application [20]. Estes três instrumentos podem ser
aplicados sob a perspectiva da triagem direta da criança [16,17,20] ou checklists
aplicados com os pais [18,19].
No Brasil, a escassez de instrumento de triagem do vocabulário infantil
evidencia a necessidade de elaboração do mesmo, visto que a utilização de testes não
fidedignos é um obstáculo na obtenção do prognóstico correto [21], o que torna
imprescindível estudos que interpretem os resultados de forma confiável, considerando
o processo de validação [22]. Assim, embora instrumentos de triagem sejam descritos
na literatura mundial, seria necessária a tradução e adaptação transcultural, devido à
variação linguística existente no país [23].
Desta forma, na construção de um instrumento de triagem, o primeiro passo
é a obtenção da validade baseada no conteúdo que verifica a coerência entre sua
construção teórica e o objetivo final [24]. Este aspecto da validação influencia no
conteúdo dos itens, apresentação do estímulo, instruções ao paciente e pontuação [25].
A validade de conteúdo pode ser medida por meio de diversas técnicas, porém uma das
mais utilizadas é o Índice de Validade de Conteúdo (IVC), que pode ser calculado para
o instrumento todo ou cada item especificamente. O IVC é calculado após julgamento
de juízes especialistas na área que pontuam cada critério definido pelos autores do
estudo [26].
Diante da escassez de instrumentos de triagem do vocabulário infantil
validados no Brasil e a importância deste procedimento para a interpretação dos
resultados do teste, o objetivo deste estudo baseou-se na obtenção de evidências de
validade de conteúdo de um instrumento de triagem do vocabulário elaborado para
crianças entre 3 e 7 anos de idade.

Materiais e Método
Tipo de estudo

43
Trata-se de um estudo transversal e quantitativo, aprovado pelo Comitê de
Ética, parecer número 2.548.341. Todos os participantes assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Para a realização deste estudo, os critérios para validade de conteúdo foram
obtidos a partir do julgamento por um comitê de especialistas [27].

Participantes
A amostra foi composta por quinze juízes, profissionais com, no mínimo, dois
anos de experiência na área infantil. Todos os participantes foram convidados a partir
do contato profissional dos autores, tal como indicações de colegas.
Como critério de inclusão foi considerada atuação na área infantil há, no
mínimo dois anos, e assinatura do TCLE. Como critério de exclusão, os profissionais
que não responderam, não preencheram o TCLE ou não entregaram seu parecer
completo.
Dentre os especialistas, optou-se por profissionais de diferentes áreas que
atuam na infância, visto a necessidade de conhecimento a respeito do desenvolvimento
da linguagem. Sendo assim, dez eram da Fonoaudiologia, três da Pedagogia e dois da
Psicologia, dos quais dois eram graduados, cinco especialistas, dois mestres e seis
doutores. Quanto à região do país de de atuação profissional, priorizou-se aqueles
advindos de diferentes estados brasileiros, visto a diversidade cultural que poderia
influenciar na escolha dos itens do instrumento. Devido a variação inter-regional do
vocabulário no Brasil, a inclusão de juízes de diferentes culturas e regiões se faz
essencial para a eliminação de palavras com alta variação. Assim, seis provinham da
região Nordeste dos estados do Rio Grande do Norte – 4, Ceará – 1, Paraíba – 1; sete
do Sudeste, estado de São Paulo – 6 e Rio de Janeiro – 1; e dois do Sul, estado do
Paraná – 1, e Rio Grande do Sul - 1.

Material
O instrumento em questão denominado TRILHAR tem como objetivo realizar
a triagem do vocabulário em crianças entre três e sete anos de idade, visto que nesta
faixa etária, ocorre expansão significativa do vocabulário infantil [5,7].
O TRILHAR conta com dez atividades semânticas sob os aspectos da
recepção e expressão. No vocabulário receptivo, a criança deve apontar imagens
correspondentes às palavras faladas pelo avaliador. No vocabulário expressivo, deve
nomear dez imagens apresentadas. É composto por palavras dos seguintes campos
semânticos: roupas, animais, alimentos, móveis, utensílios, meios de transporte,
brinquedos, instrumentos, profissões, lugares, partes do corpo, adjetivos e verbos.

44
Durante sua construção, optou-se pelo uso de vocábulos que sofressem a menor
variação cultural possível. As palavras que compõem o instrumento encontram-se
expostas no Quadro 1.
Na aplicação, é indicada a utilização de um fantoche para facilitar a interação
entre avaliador e criança, bem como estimular a motivação para a realização das
atividades. O material também conta com um manual de uso para o aplicador do teste
e folhas para registro das respostas.
A observação de aspectos qualitativos comportamentais também se faz
necessária, sendo importante o registro da presença de sinais comportamentais
importantes, alterações fonológicas ou fonéticas na oralidade, desatenção, lentificação
e não compreensão do teste.

Quadro 1 – Palavras que compõem o instrumento de triagem do vocabulário TRILHAR


3 ANOS 4 ANOS 5 ANOS 6 ANOS 7 ANOS

Vocabulário Morder, Correr, igreja, Cortar, tambor, Beber, Dominó,


receptivo andar, dormir, avião, amassar, sanduíche, telefonar, meia,
geladeira, formiga, lixeiro, vestido, bater, escova porco, pescar,
abacaxi, bicicleta, baleia, xícara, de dentes, cantar, cérebro,
laranja, casa, sapato, chorar, chinelo, pentear, ambulância,
maçã, janela, pão, televisão lamber, coruja, girafa, cozinheiro, garfo
pular, vaca montanha latir, bombeiro,
balanço

Vocabulário Pato, bolo, Camisa, Casaco, Bolsa, Jacaré, queijo,


expressivo fogão, colher, cavalo, macaco, elefante, vassoura,
gangorra, banana, mesa, pipoca, relógio, pastel, toalha, helicóptero,
escola, rir, carro, boneca, ônibus, robô, foguete, roda- apito,
cenoura, palhaço, médico, gigante, astronauta,
galinha, quarto, boca, banheiro, fazendeiro, castelo, aranha,
torneira quebrar nariz, sentar praia, umbigo, cavar, dirigir
balançar

Procedimentos
Inicialmente, vinte profissionais foram convidados via e-mail para
participação na pesquisa, porém destes, quinze seguiram os critérios de inclusão e
receberam os seguintes materiais para análise: o instrumento TRILHAR (manual, telas
do instrumento e folha de resposta), um protocolo de avaliação de validade de conteúdo
construído para este estudo e um formulário de avaliação das figuras. O prazo para
envio dos materiais analisados foi de vinte dias.
O protocolo de avaliação de validade de conteúdo foi criado levando em
consideração uma escala de 0 a 2, na qual: 0 – inadequado, 1 – adequado parcialmente
e 2 – adequado. Os critérios avaliados foram o Racional Teórico, os Princípios da
Triagem e os Materiais. Além disso, poderiam ser realizados comentários qualitativos.
Na tabela 1 encontram-se os critérios estabelecidos para análise.

45
Tabela 1 – Descrição dos critérios utilizados para análise de validade de conteúdo.
CRITÉRIO SUBCRITÉRIOS
Racional Teórico 1. Visão geral da fundamentação teórica
2. Coerência entre fundamentação teórica e faixa etária a ser aplicada
3. Descrição da relevância do modelo educacional de triagem no âmbito
da Fonoaudiologia Educacional
4. Articulações entre modelo clínico de avaliação e modelo de triagem
educacional
5. Relações entre materiais elaborados e modelos teóricos
Princípios da Triagem 1. Aplicabilidade no campo clínico
2. Aplicabilidade no campo educacional
3. Adequado para identificar populações específicas, isto é, com
transtornos ou atrasos
4. Validade ecológica, isto é, os itens possuem relações com atividades
desenvolvidas no cotidiano
Materiais 1. Público alvo
2. Faixa etária
3. Aspectos gráficos
4. Clareza na descrição do caderno de aplicação
5. Coerência entre a demanda da tarefa e o objetivo da triagem

Para complementar a avaliação do subitem “aspectos gráficos” no critério


Materiais, criou-se um formulário de avaliação das figuras, enviado via Google
Formulários, no qual os juízes deveriam avaliar a imagem em “adequado” ou
“inadequado”, considerando a representação da palavra correspondente.

Análise dos dados


Todos os dados foram analisados por meio do Índice de Validade de
Conteúdo (IVC) para todos os critérios, e Índice de Validade de Conteúdo – Item (IVC-
I) [28] para análise individual dos subcritérios. Ambos foram calculados por meio da
fórmula IVC = x¹/x² em que x¹ corresponde ao número de respostas “2 – adequado” e x²
ao número total de respostas. Todos os dados foram tabulados e analisados por meio
do IBM SPSS Statistics, versão 23.
Para o IVC e IVC-I, adotou-se como referência o valor igual ou maior que
0,78 [29]. Para a análise das figuras, foi considerado o critério de 75% de avaliações
“adequadas”. Aquelas que obtivessem valor menor que este deveriam ser reformuladas.

Resultados
Os resultados finais do IVC e IVC-I de cada critério encontram-se na tabela
2. As avaliações individuais de cada juiz estão expostas na tabela 3.
Os critérios de Racional Teórico e Princípios da Triagem apresentaram IVC
e IVC-I acima do esperado. Entretanto, o critério Materiais, apesar do IVC adequado,
apresentou IVC-I abaixo do esperado em dois itens: “aspectos gráficos” e “clareza na
descrição do caderno de aplicação”.

46
Tabela 2 – Índice de Validade de Conteúdo e Índice de Validade de Conteúdo – Item do instrumento.
Item Índice de Validade de Conteúdo – Item
RT1 1.00
RT2 1.00
RT3 1.00
RT4 1.00
RT5 0.93
Índice de Validade de Conteúdo 0.98
PT1 1.00
PT2 1.00
PT3 0.93
PT4 0.93
Índice de Validade de Conteúdo 0.96
M1 1.00
M2 1.00
M3 0.66
M4 0.60
M5 0.93
Índice de Validade de Conteúdo 0.84
Legenda: RT – racional teórico; PT – princípios da triagem; M – materiais.

Em relação ao subcritério “aspectos gráficos”, as seguintes palavras/figuras


obtiveram resultado menor que 75%: a) verbos: andar, quebrar, amassar, lamber,
queimar, bater, apagar, latir; b) substantivos: bolo, gangorra, escola, montanha, umbigo,
pastel, foguete, colher e coração.
No subcritério “clareza na descrição do caderno de aplicação”, as seguintes
alterações foram sugeridas qualitativamente: na prova de vocabulário receptivo o
avaliador deve falar os verbos no gerúndio, pois facilita a identificação pela criança;
mudanças na escrita do texto do manual em relação a forma de pontuação do
instrumento e; indicar quais os sinônimos aceitos para as provas de aplicação.

Discussão
A validade de conteúdo é um aspecto importante da validação de um
instrumento, pois analisa se os itens que o compõem são adequados e operacionais
para o construto [29]. Seus valores interferem diretamente nas inferências a serem
realizadas pelo aplicador, após a análise dos resultados [25].
Os achados desta pesquisa demonstram que, de modo geral, os critérios de
Racional Teórico, Princípios da Triagem e Materiais encontram-se adequados para a
triagem do vocabulário infantil aqui proposto. No entanto, no item Materiais, os
subcritérios de “aspectos gráficos” e “clareza na descrição do caderno de aplicação”
obtiveram avaliação abaixo do esperado, necessitando de melhorias.
A avaliação inadequada dos aspectos gráficos demonstra a importância do
cuidado metodológico a ser tomado durante a criação das figuras de um teste. O uso de
imagens pode ser utilizado para acessar a capacidade do processamento cognitivo
infantil [30] e, quando em tarefas de nomeação, envolve as seguintes etapas: a)

47
identificação visual, que acontece rapidamente após a busca na memória de longo
prazo; b) ativação da palavra, na qual ocorre a busca pelo nome do objeto e seu
significado; e c) geração da resposta, por meio da ativação de representações auditivo-
motoras para a produção verbal da palavra [31]. Para que este processo ocorra de forma
fluída, deve haver relação entre a figura e o objeto real conhecido pela criança. Quando
não há concordância, o tempo necessário para a nomeação será maior e como
resultado há dificuldade de identificação do objeto representado [32].
Quanto às indicações qualitativas apresentadas pelos juízes no subcritério
“clareza na descrição do caderno de aplicação”, notou-se grande preocupação quanto
às instruções a serem oferecidas para a criança. O tipo de instrução parece afetar o
desempenho em um teste [33]. Dessa forma, uma das etapas futuras de validação,
baseada nos processos de resposta, deve verificar os processos psicológicos,
cognitivos e sociais que interferem na aplicação, observando se a população-alvo
compreende as instruções e os itens do instrumento [22].
Outras indicações dos juízes foram mudanças na escrita do manual, visando
maior clareza na descrição de informações necessárias para a triagem, o que corrobora
estudos anteriores que demonstraram que os itens de maior interesse na leitura de
manuais são os conteúdos referentes a aplicação, correção e interpretação dos
resultados, visto ser essencial para a aquisição de conhecimentos importantes para a
aplicação e interpretação confiável dos resultados de um teste. É importante que esse
material seja claro, para diminuição das críticas que podem levar o instrumento ao
desuso [34].
Em relação a forma de análise do instrumento, a inclusão de sinônimos
considerados corretos no vocabulário expressivo foi sugerida. Este aspecto é
extremamente relevante, visto a variabilidade em tarefas de nomeação quando são
comparadas diferentes línguas [30] e variações culturais que abrangem diferentes
regiões, o que pode diminuir a possibilidade de falso-positivo para os transtornos de
linguagem [35].
Conforme os critérios para a validade de conteúdo de um instrumentos,
todos os itens que receberam avaliações abaixo do esperado devem ser reformulados,
de acordo com as indicações dos juízes especialistas [24]. Caso necessário, itens
podem ser retirados ou acrescentados ao mesmo [26].
As evidências de validade de conteúdo do TRILHAR, demonstradas nesta
pesquisa, indicam a representatividade deste instrumento para a triagem do vocabulário
em crianças entre 3 e 7 anos de idade. Este procedimento pode beneficiar crianças com
dificuldades no desenvolvimento semântico, as quais poderão ser submetidas
futuramente a intervenção precoce, caso seja detectada qualquer alteração [16].

48
Para certificar-se de que este instrumento é capaz de diferenciar crianças
com e sem sinais de risco para atrasos no desenvolvimento do vocabulário, são
necessárias pesquisas futuras sobre outros aspectos de validação e obtenção de dados
como confiabilidade, sensibilidade e especificidade. A validade de conteúdo é o primeiro
passo, essencial para determinar a qualidade do instrumento a ser utilizado [26].
Destaca-se a importância desta pesquisa, visto a escassez de instrumentos
de triagem do vocabulário disponíveis no Brasil atualmente. O Fonoaudiólogo
Educacional poderá utilizá-lo em sua prática, visando a identificação de crianças com
sinais de risco para as alterações de linguagem, que por sua vez podem influenciar no
desenvolvimento da leitura e escrita em idades posteriores [36].

Conclusão
O instrumento de triagem do vocabulário TRILHAR apresentou IVC
adequado em todos os critérios avaliados. Entretanto, o IVC-I dos itens “aspectos
gráficos” e “clareza na descrição do caderno de aplicação” obtiveram avaliação abaixo
do esperado, o que indica a necessidade de revisões de acordo com o feedback dos
juízes.

AGRADECIMENTOS
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes)
pelo apoio para a realização desta pesquisa, sob processo número 1728008.

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52
7.3. ARTIGO 3 (A SER SUBMETIDO - CODAS)

Aplicação de um instrumento de triagem do vocabulário para crianças entre 3 e 7


anos: estudo piloto

Alexandre Lucas de Araújo Barbosa¹, Flávia Ferreira Lemos¹, Cíntia Alves Salgado
Azoni¹

¹ Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil

RESUMO
Objetivo: descrever o desempenho em vocabulário expressivo e receptivo de crianças
entre três e sete anos de idade em um instrumento de triagem. Método: a amostra foi
composta por 133 crianças entre três e sete anos de idade, sem diagnósticos de
deficiências ou transtornos do neurodesenvolvimento. Para a triagem, foi utilizado o
instrumento TRILHAR, que inclui as habilidades de vocabulário receptivo e expressivo.
Os dados foram analisados pelos testes Kruskal-Wallis, Mann-Whitney e Correlação de
Spearman. Resultado: houve diferença no desempenho dos grupos, além de
correlação positiva entre a faixa etária e a pontuação na triagem. Ainda, verificou-se
diferença nos desempenhos das provas de vocabulário receptivo e expressivo.
Conclusão: Foi verificada diferença no desempenho dos grupos nas tarefas de
vocabulário receptivo, expressivo e no resultado final, com melhores resultados para o
grupo de sete anos. Além disso, observou-se correlação positiva entre a idade e o
desempenho na triagem, ou seja, quanto maior a idade, melhor o desempenho.

INTRODUÇÃO
O vocabulário é formado por habilidades receptivas e expressivas, que
correspondem a compreensão e produção das palavras, respectivamente (1). A forma
e significado destas palavras são armazenadas no sistema léxico-semântico (2).
Durante o desenvolvimento, a aprendizagem de novo vocabulário permite a
comunicação entre a criança e o ambiente no qual está inserida (3).
Um dos primeiros marcos do desenvolvimento do vocabulário é a produção
da primeira palavra aproximadamente aos 12 meses de idade. Nesta faixa etária, cerca
de 86% dos responsáveis notam mudanças significativas na expressão de seus filhos
(4). Comumente, as primeiras nomeações fazem relação a objetos, alimentos,
animais, partes do corpo e atividades de rotina (5). Após os 18 meses, geralmente
quando o léxico é formado por 50 palavras, a aquisição de vocabulário passa a ocorrer

53
de forma rápida (6), caracterizando a explosão de vocabulário (7). Neste período, as
palavras passam a ser utilizadas em sentenças e coordenadas com o uso de gestos
(8). Outro crescimento semântico importante será notado após a inserção escolar (9).
Por meio da leitura, haverá contato com palavras de baixa frequência na língua oral, o
que permite o aprendizado incidental, sobretudo tratando-se de textos narrativos (10).
O vocabulário restrito é considerado um sinal de risco para os transtornos
de linguagem (11), por isso a importância deste aspecto da linguagem. Indivíduos com
esta característica podem apresentar atrasos no nível morfossintático (12),
dificuldades em socialização (13), em decodificação (14) e compreensão leitora (15),
comportamentos agressivos, depressão e ansiedade (16). Longitudinalmente, muitas
dessas crianças persistem com dificuldades, em especial aquelas identificadas
tardiamente (13).
Na literatura internacional, estão disponíveis instrumentos validados
capazes de detectar precocemente crianças com sinais de risco em relação ao nível
semântico da linguagem (17-19), o que possibilita a promoção de práticas de
intervenção precoce. Entretanto, há escassez de estudos nacionais dedicados a
triagem do vocabulário e sua aplicação em crianças falantes do português brasileiro.
Diante do exposto, nota-se a necessidade de pesquisas dedicadas a
criação, validação e aplicação de triagens na área da linguagem infantil. O objetivo
deste estudo foi descrever o desempenho em vocabulário expressivo e receptivo de
crianças entre 3 e 7 anos de idade em um instrumento de triagem. A hipótese do
estudo é de que haverá diferença no desempenho entre as faixas etárias, com
aumento no número de acertos na triagem de acordo com o avanço da idade.

MÉTODO
Tipo de estudo e aspectos éticos
Trata-se de um estudo descritivo, transversal e quantitativo, aprovado pelo
Comitê de Ética, parecer número 2.548.341. Todos os responsáveis pelos participantes
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e os participantes o
Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE).

Participantes
Participaram deste estudo 133 crianças do ensino infantil ao primeiro ano do
ensino fundamental de escolas públicas da cidade de Natal e Caicó, subdivididas nos
seguintes grupos, dos quais 45,9% (n=61) eram do sexo masculino e 54,1% (n=72) do
sexo feminino, com média de idade de 4,99 anos (dp=1,384). Os indivíduos foram
divididos nos seguintes grupos, de acordo com a faixa etária:

54
: G1 – 38 crianças com três anos de idade; G2 – 21 crianças com quatro
anos de idade; G3 – 30 crianças com cinco anos de idade; G4 – 32 crianças com seis
anos de idade; G5 – 22 crianças com sete anos de idade.
Para a seleção da amostra, foram levados em consideração os seguintes
critérios de inclusão: crianças entre três e sete anos de idade regularmente matriculadas
no ensino público, sem queixas de alterações no desenvolvimento da linguagem ou
diagnóstico de síndromes e deficiências, de acordo com relato da professora.

Material
O instrumento de triagem TRILHAR tem como objetivo realizar a triagem do
vocabulário receptivo e expressivo de crianças entre três e sete anos de idade,
considerando-se que nesta faixa etária o desenvolvimento do vocabulário é essencial
para aquisição de outras habilidades linguísticas e para o desenvolvimento da leitura.
O TRILHAR conta com dez atividades semânticas para a recepção e dez
para a expressão. No vocabulário receptivo, a criança deve apontar imagens
correspondentes às palavras faladas pelo avaliador. No vocabulário expressivo, deve
nomear dez imagens apresentadas. É composto por vocábulos dos seguintes campos
semânticos: roupas, animais, alimentos, móveis, utensílios, meios de transporte,
brinquedos, instrumentos, profissões, lugares, partes do corpo, adjetivos e verbos
(Tabela 1). Durante sua construção, evitou-se o uso de vocábulos que sofressem
variação cultural e na análise, é considerado acerto a produção de sinônimos.
Para a aplicação, há um fantoche que facilita a interação entre a criança e o
avaliador, bem como estimula a motivação para a conclusão das atividades. O material
também conta com um manual de uso para o aplicador do teste e folhas para registro
das respostas. É indicada a observação de aspectos qualitativos, sendo importante o
registro da presença de sinais comportamentais importantes, alterações fonológicas ou
fonéticas na oralidade, desatenção, lentificação e não compreensão do teste. O
instrumento deve ser utilizado por fonoaudiólogo.
O resultado é calculado de acordo com o número de acertos nas provas de
vocabulário expressivo e receptivo, nas quais a pontuação máxima é de dez pontos. O
resultado final, de no máximo vinte, é obtido a partir da soma dos pontos das provas
citadas anteriormente.

Tabela 1 – Itens de vocabulário receptivo e expressivo do instrumento de triagem.


G1 G2 G3 G4 G5

VR1 Morder Correr Cortar Beber Dominó


VR2 Andar Igreja Tambor Sanduíche Telefonar

55
VR3 Geladeira Dormir Amassar Bater Meia
VR4 Abacaxi Avião Lixeiro Escola de Porco
dentes
VR5 Laranja Formiga Vestido Pentear Pescar
VR6 Casa Bicicleta Baleia Coruja Cantar
VR7 Maçã Sapato Xicara Girafa Cérebro
VR8 Janela Chorar Chinelo Latir Ambulância
VR9 Pular Pão Lamber Bombeiro Cozinheiro
VR10 Vaca Televisão Montanha Balanço Garfo
VE1 Pato Camisa Casaco Bolsa Jacaré
VE2 Bolo Cavalo Macaco Elefante Queijo
VE3 Fogão Banana Pipoca Pastel Vassoura
VE4 Colher Mesa Relógio Toalha Helicóptero
VE5 Gangorra Carro Ônibus Foguete Apito
VE6 Escola Boneca Robô Roda- Astronauta
gigante
VE7 Rir Palhaço Médico Fazendeiro Castelo
VE8 Cenoura Quarto Banheiro Praia Aranha
VE9 Galinha Boca Nariz Umbigo Cavar
VE10 Torneira Quebrar Sentar Balançar Dirigir
Legenda: VR - vocabulário receptivo; VE - vocabulário expressivo; G - grupo

Procedimento
Primeiramente, foram contatadas duas escolas públicas do ensino infantil e
fundamental para a obtenção da anuência. Após isso, foram enviadas cartas de
apresentação da pesquisa aos pais e realizadas reuniões para a descrição do
instrumento, sua forma de aplicação e assinatura do TCLE e TALE, a partir dos sete
anos de idade.
Todas as triagens foram realizadas individualmente, em sala com condições
acústicas e de iluminação adequadas, no horário combinado com as professoras de
cada turma. Foi utilizado o material impresso do instrumento, com apoio do fantoche
para motivação da criança na atividade. A aplicação foi iniciada pelo vocabulário
receptivo, seguido pelo vocabulário expressivo, com média de tempo total de aplicação
de 04 minutos e 03 segundos (dp=01m39s).

Análise dos dados


Os dados foram analisados de forma descritiva e inferencial, por meio dos
testes Kruskal-Wallis para verificar a diferença entre as idades; Mann-Whitney para a
diferença entre os sexos e Correlação de Spearman para verificar a correlação entre as
variáveis de idade, sexo e desempenho na prova. Considerou-se o intervalo de
confiança de 95% e nível de significância de 0,05. Foi utilizado o IBM SPSS Statistics,
versão 23.

56
RESULTADOS
Os valores descritivos do desempenho em pontuação dos grupos na triagem
encontram-se apresentados na Tabela 2, seguidos pelos valores descritivos de acordo
com o sexo na Tabela 3. Além disso, é possível verificar a porcentagem de acertos de
cada item da triagem (Tabela 4).

Tabela 2 – Desempenho na triagem de acordo com a faixa etária.


G1 G2 G3 G4 G5 p
P (dP) P (dP) P (dP) P (dP) P (dP)

VR 9,64 10,00 9,77 9,88 9,95 0,01*


(±0,559) (±0,000) (±0,504) (±0,336) (±0,213)
0,03**
(r=0,18)
VE 7,63 9,10 9,10 7,91 9,55 < 0,01*
(±0,690) (±0,995) (±1,125) (±1,201) (±0,566)
< 0,01**
(r=0,31)
RF 17,07 19,05 18,80 17,81 19,55 < 0,01*
(±0,813) (±0,999) (±1,324) (±1,306) (±0,59)
< 0,01**
(r=0,36)
Legenda: P – pontuação; dP = desvio padrão; VR – vocabulário receptivo; VE – vocabulário expressivo;
RF – resultado final; * valor estatisticamente significante no teste Kruskal-Wallis; **valor estatisticamente
significante no teste Correlação de Spearman

Tabela 3 – Desempenho na triagem de acordo com o sexo.


Feminino Masculino p
P (dP) P (dP)

VR 9,83 (±0,05) 9,84 (±0,04) 0,74

0,74 (r=0,29)
VE 7,63 (±0,69) 9,10 (±0,99) 0,61

0,61 (r=-0,04)
RF 17,07 (±0,81) 19,05 (±0,99) 0,35

0,35 (r=0,08)
Legenda: P – pontuação; dP = desvio padrão; VR – vocabulário receptivo; VE – vocabulário expressivo;
RF – resultado final.

57
Tabela 4 – Porcentagem de acertos por item para cada faixa etária para verificar o nível de dificuldade.
G1 G2 G3 G4 G5

VR1 100% 100% 100% 100% 95,5%


VR2 100% 100% 100% 100% 100%
VR3 100% 100% 90% 96,9% 100%
VR4 100% 100% 100% 100% 100%
VR5 92,9% 100% 100% 96,9% 100%
VR6 82,1% 100% 100% 100% 100%
VR7 100% 100% 100% 100% 100%
VR8 100% 100% 100% 96,9% 100%
VR9 92,9% 100% 90% 100% 100%
VR10 96,4% 100% 96,7% 96,9% 100%
VE1 92,9% 90,5% 80% 100% 100%
VE2 100% 100% 96,7% 100% 100%
VE3 89,3% 100% 100% 25% 100%
VE4 96,4% 100% 100% 96,9% 90,9%
VE5 42,9% 100% 93,3% 93,8% 100%
VE6 46,4% 100% 93,3% 56,3% 90,9%
VE7 28,6% 100% 73,3% 56,3% 100%
VE8 82,1% 57,1% 93,3% 93,8% 95,5%
VE9 92,9% 90,5% 93,3% 90,6% 86,4%
VE10 67,9% 71,4% 86,7% 81,3% 90,9
Legenda: VR – vocabulário receptivo; VE – vocabulário expressivo

Por fim, foi observada e correlação positiva entre o desempenho em


vocabulário receptivo e vocabulário expressivo (p=0,01, r=0,22).

DISCUSSÃO
A partir dos resultados deste estudo, observou-se a diferença da média entre
os grupos e a correlação entre a idade e o desempenho no vocabulário receptivo,
expressivo e no resultado final. Isto confirma a hipótese de aumento gradual do
vocabulário de acordo com a faixa etária (20). Conforme a progressão da idade, ocorre
a ampliação de habilidades cognitivas que proporcionam a aprendizagem de novas
palavras durante as experiências cotidianas e situações de comunicação (21).
Embora neste estudo não tenha havido diferença de desempenho nas
tarefas quanto ao sexo, em geral, observa-se que meninas obtém melhores resultados
em tarefas que envolvem a linguagem, pois podem utilizar mais estratégias de
aprendizagem (22,23). Entretanto, no aspecto vocabulário, os achados corroboram
outros estudos na população brasileira (20,24).

58
No que diz respeito ao tipo de tarefa, as crianças obtiveram melhores
resultados no vocabulário receptivo, visto que o desenvolvimento das habilidades
compreensivas ocorre anteriormente à produção (25). Além disso, o vocabulário
receptivo é base para o desenvolvimento da produção e quanto melhor as habilidades
compreensivas, também o será na expressão em linguagem (26).
Nove palavras obtiveram baixo percentual de acerto. Um dos motivos que
pode ter influenciado este resultado foi a construção gráfica das figuras. Para que o
reconhecimento ocorra plenamente, deve haver relação entre a figura e o objeto
conhecido pela criança (27). É possível que os itens indicados acima não tenham
representado as palavras de forma adequada, o que sugere a necessidade de revisões.
Um aspecto importante a ser pontuado é que o português do Brasil sofre
variações culturais referentes ao léxico (28) e crianças brasileiras apresentam alto nível
de variabilidade em tarefas de nomeação (29). Por este motivo, o TRILHAR foi
construído visando minimizar este viés e considera correta a produção de sinônimos,
visto que quando esta variável é ignorada, a criança pode apresentar desempenho
compatível com uma alteração de linguagem devido a incompatibilidade entre seu
dialeto e o dialeto do instrumento, levando a uma situação de um falso diagnóstico para
alteração da linguagem (30).
Os dados iniciais desse estudo piloto visaram observar o desempenho
preliminar de crianças com desenvolvimento típico na triagem do vocabulário e
auxiliarão na composição da versão final do instrumento. Futuramente, é importante que
seja aplicado em diferentes grupos diagnósticos, com foco na investigação dos sinais
de risco referentes ao nível semântico da linguagem.
Uma possível limitação a ser pontuada foi a ausência de análise do tipo de
troca semântica realizada pela criança, visto que inicialmente os autores consideraram
este tipo de observação mais adequada para situações de avaliação.
Esta pesquisa pode contribuir para os aspectos educacionais e científicos
na área de linguagem infantil e Fonoaudiologia Educacional, visto a existência de um
instrumento de triagem do vocabulário que permite a identificação de crianças com
sinais de risco para as alterações de linguagem, possibilitando a intervenção precoce e
prevenção das dificuldades de aprendizagem da leitura posteriormente.

CONCLUSÃO
Foi verificada diferença no desempenho dos grupos nas tarefas de
vocabulário receptivo, seguido do expressivo e no resultado final, com melhores
resultados para o grupo de sete anos. Além disso, observou-se correlação positiva

59
entre a idade e o desempenho na triagem, ou seja, quanto maior a idade, melhor o
desempenho.

AGRADECIMENTOS
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes)
pelo apoio para a realização desta pesquisa, sob processo número 1728008.

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62
8. DISCUSSÃO

O presente trabalho objetivou iniciar o processo de validação de um


instrumento de triagem do vocabulário para crianças entre 3 e 7 anos de idade. Devido
à escassez de instrumentos de triagem do vocabulário infantil, é ressaltada a
importância desta pesquisa.
No primeiro artigo desta pesquisa, o objetivo foi realizar uma revisão integrativa
da literatura e construir um instrumento de triagem do vocabulário receptivo e expressivo
para crianças na faixa etária de 3 a 7 anos.
O vocabulário está relacionado ao desenvolvimento de habilidades como a
consciência fonológica (Vihman, Croft, 2007), a decodificação e a compreensão leitora
(Duff et al., 2015). Devido a isso, é essencial que dificuldades semânticas sejam
identificadas precocemente para que seja possível a realização da intervenção precoce.
Os programas de intervenção em vocabulário apresentam bons resultados (Haley,
2017) para crianças com baixo desempenho em habilidades linguísticas, o que é
especialmente importante para o início do processo escolar.
A partir da revisão integrativa da literatura, observou-se a utilização de três
instrumentos de triagem do vocabulário internacionais: Dynamic Indicators of
Vocabulary Skills (Marcotte et al., 2016), Language Development Survey (Rescola,
1989) e Receptive Vocabulary Screener Application (Schaefer et al., 2015). A ausência
de instrumentos nacionais validados corrobora o estudo anterior, o qual verificou a
escassez de pesquisas dedicadas ao processo de validação de testes no país (Gurgel,
Kaiser, Reppold, 2015).
Para a composição do TRILHAR, foram escolhidos os vocabulários receptivo e
expressivo. Esta decisão foi baseada no fato de que o vocabulário restrito pode ser uma
característica de importantes alterações como o Distúrbio Específico de Linguagem
(Rice, Hoffman, 2015), Transtorno do Espectro do Autismo (Kover, Ellis, 2014),
Deficiência Intelectual (Vandereet, 2011), Atraso de Linguagem (Kuhn, Sachse,
Suchodoletz, 2015) e Dislexia (Viersen et al., 2017).
A construção deste instrumento consiste na primeira etapa, sendo necessárias
mais pesquisas de validação para verificar sua eficácia. Para isso, são indicados os
seguintes tipos de estudos: validade baseada no conteúdo do teste; validade baseada
nos processos de resposta; evidência de validade baseada na consistência interna;
confiabilidade; equidade e acurácia (Pernambuco et al., 2017).
Após a construção do TRILHAR, foram obtidas as evidências de validade
baseadas no conteúdo do teste, que verificam se a construção teórica do instrumento
corresponde ao seu objetivo (Almanasreh, Moles, Chen, 2018). É especialmente

63
importante, pois é uma etapa de refinamento do instrumento e permite a observação de
melhorias a serem realizadas (Smith, McCarthy, 1995).
De acordo com o obtido, o Índice de Validade de Conteúdo de todos os
critérios estavam adequados. Assim, conclui-se que o TRILHAR possui
representatividade suficiente para a triagem do vocabulário infantil. Entretanto, no
critério de Materiais, os subitens “aspectos gráficos” e “clareza na descrição do caderno
de aplicação” obtiveram resultados insatisfatórios no IVC-I, de acordo com os valores
de referência. É necessário que estes itens sejam revisados, de acordo com o feedback
dos avaliadores (Rubio et al., 2003).
Durante a construção das imagens de um instrumento, devem ser levados
em consideração quatro aspectos: a consistência na qual a palavra é utilizada para
designar aquela figura; familiaridade com os conceitos; complexidade visual dos
desenhos e correspondência da imagem (Cycowicz et al., 1997). A maior parte das
observações qualitativas dos juízes fez relação ao último aspecto, que é essencial para
a tarefas de nomeação, pois a partir da visualização do objeto, é possível acessar o
léxico corretamente.
Outras indicações dos juízes foram mudanças na escrita do manual, visando
maior clareza na descrição de informações necessárias para a triagem, demonstrando
que os itens de maior interesse na leitura de manuais são os conteúdos referentes a
aplicação, correção e interpretação dos resultados. A leitura do manual é essencial para
a aquisição de conhecimentos importantes para a aplicação e interpretação confiável
dos resultados de um teste. É essencial esse material seja claro, para diminuição das
críticas que podem levar o instrumento a desuso (Vendramini, Lopes, 2008).
Em relação a forma de análise do instrumento, a inclusão de sinônimos
considerados corretos foi sugerida, levando em conta que crianças brasileiras
apresentam maior variabilidade em tarefas de nomeação (Miranda, Pompéia, Bueno,
2004) e frequente utilizam de sinônimos (Medeiros et al., 2013). Quando este aspecto é
desconsiderado, o desempenho da criança pode ser considerado inadequado para sua
faixa etária devido a incompatibilidade entre seu dialeto e o dialeto do instrumento,
levando a uma situação de diagnóstico errôneo (Laing, Kamhi, 2003).
Após a obtenção dos dados de validade de conteúdo, o TRILHAR foi
aplicado em crianças pré-escolares e estudantes do primeiro ano do ensino
fundamental, por meio de um estudo piloto que pretendeu descrever o desempenho
inicial dos grupos com desenvolvimento típico na triagem.
Os resultados demonstraram correlação positiva entre idade e desempenho
na triagem, o que vai de encontro com estudos anteriores que observaram o aumento
do vocabulário com o avanço da idade (Cáceres-Assenço et al., 2017). Consequências

64
desta associação podem ser notadas também no sistema nervoso central, pois
indivíduos com maiores vocabulários apresentam mais densidade cortical no giro
supramarginal esquerdo (Asaridou et al., 2017). Este fato é justificado pelo
desenvolvimento de habilidades cognitivas que possibilitam a aprendizagem de novas
palavras através de atividades cotidianas e obtenção de informações durante as
situações comunicativas (Moretti, Kuroishi, Mandrá, 2017).
Não foi verificada diferença entre os gêneros em nenhuma das habilidades
da triagem. Este resultado já foi registrado em pesquisa anterior (Stolarova et al., 2016),
a qual notou que apesar da quantidade de palavras serem similares entre meninos e
meninas, as composições de seus vocabulários e a probabilidade de falarem certas
palavras são diferentes.
Em todos os grupos, o melhor desempenho ocorreu na triagem do
vocabulário receptivo, indicando que habilidades de compreensão são essenciais para
a aquisição do vocabulário expressivo (Capovilla, Prudêncio, 2006; Armonia et al.,
2015). Porém, discrepâncias entre a compreensão e a expressão tendem a ocorrer
apenas durante a infância (Benedict, 1979).
Por fim, é importante ressaltar a importância desta pesquisa para os
cenários científico e prático da Fonoaudiologia. A criação e validação de um instrumento
que leve em consideração os aspectos específicos do desenvolvimento de vocabulário
de crianças brasileiras possibilita seu uso, especialmente pelo Fonoaudiólogo
Educacional. A identificação precoce de indivíduos com alterações de linguagem é de
grande valia para o prognóstico, pois a intervenção em idades precoces possui melhores
resultados devido a maior plasticidade do sistema nervoso central.

65
9. CONCLUSÃO

Os resultados desta pesquisa demonstram a criação de um instrumento de


triagem do vocabulário receptivo e expressivo, o qual apresentou valores adequados de
validade de conteúdo nos itens avaliados, necessitando de ajustes nos subitens
específicos de “aspectos gráficos” e “descrição do caderno de aplicação”. Verificou-se
o desempenho preliminar de crianças entre 3 e 7 anos na triagem, havendo correlação
positiva entre a idade e a pontuação nas provas, ou seja, quando maior a idade, melhor
o desempenho.

66
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ANEXOS

ANEXO I – PARECER CONSUBSTANCIADO DO COMITÊ DE ÉTICA EM


PESQUISA

PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

DADOS DO PROJETO DE PESQUISA

Título da Pesquisa: TRIAGEM DE VOCABULÁRIO INFANTIL - TRILHAR NO CONTEXTO DA


FONOAUDIOLOGIA EDUCACIONAL.

Pesquisador: Cíntia Alves Salgado Azoni Área Temática:


Versão: 1
CAAE: 84505318.9.0000.5292

Instituição Proponente: Departamento de Fonoaudiologia

Patrocinador Principal: Financiamento Próprio

DADOS DO PARECER

Número do Parecer: 2.548.341

Apresentação do Projeto:
Trata-se de um projeto de pesquisa intitulado"TRIAGEM DE VOCABULÁRIO INFANTIL - TRILHAR
NO CONTEXTO DA FONOAUDIOLOGIA EDUCACIONAL" que pretende investigar se é possível
identificar crianças com alterações no desenvolvimento da linguagem por meio da triagem do
vocabulário

Objetivo da Pesquisa:
Objetivo Primário:

Elaborar e validar uma ferramenta de triagem da linguagem oral infantil para crianças entre 03
e 07 anos de idade.
Objetivo Secundário:

Construir as atividades de semântica da ferramenta de triagem Trilhar;Realizar a validação do


instrumento Trilhar;Obter suas medidas de acurácia

Avaliação dos Riscos e Benefícios:


Riscos:

Durante o procedimento, a criança pode sentir-se constrangida e desconfortável com a presença


do aplicador ou pela realização da atividade.

77
Nestas situações, o aplicador utilizará o fantoche e outras estratégias, como conversar com a
criança, para que esta sinta-se mais segura e
confiante. Caso a criança se recuse a responder, o examinador não irá força-la. Não existem
riscos Página 01 de Continuação do Parecer: 2.548.341

biológicos.

Benefícios:

Como benefício, as crianças identificadas com possíveis sinais de dificuldades na área da


linguagem oral serão encaminhadas ao serviço da Clínica
Escola de Fonoaudiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Comentários e Considerações sobre a Pesquisa:
A pesquisa é relevante na sua área de estudo
Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória:
Os termos foram apresentados
Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações:
Opino pela aprovação ad Referendum
Considerações Finais a critério do CEP:

Este parecer foi elaborado baseado nos documentos abaixo relacionados:


Tipo Documento Arquivo Postagem Autor Situação
Informações PB_INFORMAÇÕES_BÁSICAS_DO_P 06/03/2018 Aceito
Básicas do ROJETO_1086341.pdf 16:38:09
Projeto
Outros termo_confidencialidade.pdf 06/03/2018 Alexandre Lucas Aceito
16:37:05 de Araújo
Barbosa
Folha de Rosto folha_de_rosto.pdf 06/03/2018 Alexandre Lucas Aceito
16:36:34 de Araújo
Barbosa
Outros termo_imagens.pdf 04/03/2018 Alexandre Lucas Aceito
22:06:50 de Araújo
Barbosa
Outros folha_de_identificacao.pdf 04/03/2018 Alexandre Lucas Aceito
22:06:08 de Araújo
Barbosa

78
Outros anuencia.pdf 04/03/2018 Alexandre Lucas Aceito
22:05:08 de Araújo
Barbosa
TCLE / Termos tcle_responsaveis.pdf 04/03/2018 Alexandre Lucas Aceito
de 22:04:35 de Araújo
Assentimento / Barbosa
Justificativa de
Ausência
TCLE / Termos tcle_especialistas.pdf 04/03/2018 Alexandre Lucas Aceito
de 22:04:27 de Araújo
Assentimento / Barbosa
Justificativa de
Ausência
TCLE / Termos tale.pdf 04/03/2018 Alexandre Lucas Aceito
de 22:04:19 de Araújo
Assentimento / Barbosa
Justificativa de
Página 02 de

Continuação do Parecer: 2.548.341

Ausência tale.pdf 04/03/2018 Alexandre Lucas Aceito


22:04:19 de Araújo
Barbosa
Projeto projeto_de_pesquisa.pdf 04/03/2018 Alexandre Lucas Aceito
Detalhado / 22:03:59 de Araújo
Brochura Barbosa
Investigador
Situação do Parecer:
Aprovado
Necessita Apreciação da CONEP:
Não

NATAL, 17 de Março de 2018

Assinado por:
SERGIO ALBUQUERQUE
(Coordenador)

79
ANEXO II – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (JUÍZES)

Esclarecimentos
Este é um convite para você participar da pesquisa: Triagem de habilidades linguísticas
com auxílio de ferramentas computacionais auxiliares, que tem como pesquisador
responsável Cíntia Alves Salgado Azoni.

Esta pesquisa pretende aplicar um teste de triagem de habilidades da linguagem em crianças


entre 3 e 7 anos de idade, focando em aspectos importantes para o desenvolvimento da fala,
leitura e escrita.

O motivo que nos leva a fazer este estudo é a inexistência de um teste de triagem, no Brasil,
capaz de identificar precocemente as alterações de linguagem.

Caso aceite o convite, o(a) senhor(a) participará como avaliador do instrumento, observando
sua adequação ao objetivo da pesquisa, preenchendo um questionário a ser enviado
posteriormente à assinatura deste termo. O procedimento de avaliação poderá ser reaplicado,
no máximo, três vezes, de acordo com as reformulações realizadas, com um intervalo de um
mês entre cada avaliação.

O(A) senhor(a) correrá risco mínimo de cansaço ao responder o questionário e embaraço caso
desconheça algum termo. Para minimizar estes riscos, você terá um tempo prolongado para
responder, tal como os pesquisadores estarão à disposição para retirar quaisquer dúvidas sobre
termos. Como benefício, estará participando da validação de um instrumento nacional, que
futuramente poderá ser utilizado em sua prática clínica, na identificação de crianças em risco.

Sua participação é voluntária, o que significa que o(a) senhor(a) poderá desistir a qualquer
momento, retirando seu consentimento sem que isso lhe traga prejuízo ou penalidade de
nenhuma natureza. Salientamos que todas as informações obtidas serão sigilosas e o seu nome
não será identificado em nenhum momento. Os dados poderão ser divulgados em meios
científicos, como periódicos e eventos, sempre resguardando a identidade dos voluntários.

Ao assinar este termo, o(a) senhor(a) se compromete a manter sigilo sobre as informações
avaliadas. O instrumento TRILHAR está registrado no NID (Núcleo de Inovação Tecnológica –
UFRN) sob código NID1705-2017.
1/3

Dúvidas a respeito de questões éticas dessa pesquisa poderão ser encaminhadas ao


Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes, situado na Avenida Nilo
Peçanha, nº 620. CEP: 59012-300. Fone: 3342-5003, e-mail: cep_huol@yahoo.com.br. Os
responsáveis pela pesquisa poderão ser contatados a qualquer momento: Cíntia Alves Salgado
Azoni (professora do Departamento de Fonoaudiologia) através do e-mail:
cintiasalgadoazoni@gmail.com.

Ficamos à disposição para o esclarecimento de quaisquer dúvidas e esclarecimentos que se


façam necessários.

80
Em caso de algum problema que você possa ter, relacionado com a pesquisa, você terá direito
a assistência gratuita que será prestada na Clínica Escola de Fonoaudiologia da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, por responsabilidade da pesquisa Cíntia Alves Salgado Azoni.

Durante todo o período da pesquisa você poderá tirar suas dúvidas ligando para Dra. Cíntia Alves
Salgado Azoni, fone (55-84) 3342-9738 ou pelo e-mail: cintiasalgadoazoni@gmail.com.

Você tem o direito de se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em qualquer fase da
pesquisa, sem nenhum prejuízo para você.

Os dados que você irá nos fornecer serão confidenciais e serão divulgados apenas em
congressos ou publicações científicas, não havendo divulgação de nenhum dado que possa lhe
identificar.

Esses dados serão guardados pelo pesquisador responsável por essa pesquisa em local seguro e
por um período de 5 anos.

Se você tiver algum gasto pela sua participação nessa pesquisa, ele será
assumido pelo pesquisador e reembolsado para você.

Se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa, você será indenizado.

Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra com o pesquisador
responsável, Cíntia Alves Salgado Azoni.

Consentimento Livre e Esclarecido


Eu, ____________________________________________, especialista responsável pela
avaliação deste instrumento, aceito a participação na pesquisa Triagem de
2
/3 habilidades linguísticas com auxílio de ferramentas computacionais auxiliares.

Esta autorização foi concedida após os esclarecimentos que recebi sobre os objetivos,
importância e o modo como os dados serão coletados, por ter entendido os riscos, desconfortos
e benefícios que essa pesquisa pode me trazer e também por ter compreendido todos os
direitos que terei como participante desta pesquisa.

Autorizo, ainda, a publicação das informações fornecidas por mim em congressos e/ou
publicações científicas, desde que os dados apresentados não possam me identificar.

Natal, ______ de 201__.

_______________________________________________ Impressão
datiloscópica do
Assinatura do especialista representante legal

Declaração do pesquisador responsável


Como pesquisador responsável pelo estudo Triagem de habilidades linguísticas com o auxílio de
ferramentas computacionais auxiliares, declaro que assumo a inteira responsabilidade de
cumprir fielmente os procedimentos metodologicamente e direitos que foram esclarecidos e

81
assegurados ao participante desse estudo, assim como manter sigilo e confidencialidade sobre
a identidade do mesmo.

Declaro ainda estar ciente que na inobservância do compromisso ora assumido estarei
infringindo as normas e diretrizes propostas pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional
de Saúde – CNS, que regulamenta as pesquisas envolvendo o ser humano.

Natal, ________ de 201__.

_______________________________________________
Prof.ª Dr.ª Cíntia Alves Salgado Azoni

82
ANEXO III - MODELO DE ATIVIDADE DE TRIAGEM DO VOCABULÁRIO
RECEPTIVO

83
ANEXO IV – MODELO DE ATIVIDADE DE TRIAGEM DO VOCABULÁRIO
EXPRESSIVO

84
ANEXO V – E-MAIL CONVITE PARA OS JUÍZES

Querido (nome do profissional),

Venho por meio deste e-mail convidá-la a participar da pesquisa de mestrado "Triagem de
vocabulário infantil - Trilhar no contexto da Fonoaudiologia Educacional", que tem como objetivo
a construção e validação de uma ferramenta de triagem, baseada nos aspectos semânticos da
linguagem, para crianças entre 3 e 7 anos de idade. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de
Ética da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, parecer número 2.548.341 e é orientada
pela professora Dra Cíntia Alves Salgado Azoni.

Sua participação se dará no papel de juiz voluntário, na etapa de validação de conteúdo. O


objetivo principal será avaliar os fundamentos teóricos e construção do teste, de acordo com as
instruções que lhe serão enviadas, após o recebimento de sua resposta.

Caso aceite o convite, peço que leia e assine o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE) em anexo neste e-mail. Após o envio do termo assinado, você receberá o protocolo e os
arquivos para preenchimento, tais como todas as instruções e procedimentos.

Aguardo retorno,

Att,

Lucas Barbosa
Mestrando em Fonoaudiologia | UFRN
Fonoaudiólogo

85
ANEXO VI – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
(RESPONSÁVEIS)

Esclarecimentos
Estamos solicitando a você a autorização para que o menor pelo qual você é responsável
participe da pesquisa: Triagem de habilidades linguísticas com auxílio de
ferramentas computacionais auxiliares, que tem como pesquisador responsável a
Prof.ª Dr.ª Cíntia Alves Salgado Azoni.

Esta pesquisa pretende aplicar dois testes de habilidades da linguagem em crianças de 3 a 7


anos, focando
em informações importantes para o desenvolvimento da fala e da leitura. O primeiro trata de
um teste rápido (TRILHAR) e o segundo de um mais longo (Teste de Linguagem Infantil - ABFW),
que são testes onde a criança deve falar o nome de algumas figuras ou apontar para aquelas
que o fonoaudiólogo falar. O motivo que nos leva a fazer este estudo é a falta de exames que
permitam conferir se as crianças estão desenvolvendo de forma normal habilidades importantes
para a fala e leitura.

Caso você decida autorizar, ele deverá realizar atividades parecidas com uma brincadeira,
durante trinta minutos, fora do horário de aula, em um horário em que o(a) senhor(a) esteja
disponível. Os exames serão aplicados por um(a) Fonoaudiólogo. Serão mostrados desenhos no
computador ou no papel, para que ele fale seus nomes ou aponte para uma figura solicitada.
Caso necessário, ele poderá passar mais uma vez pela aplicação.

Os testes serão realizados em uma sala vazia a ser escolhida pela diretora da escola, apenas na
presenta do aplicador e da criança. O(A) senhor(a) não poderá estar presente, pois os
responsáveis podem influenciar nos resultados dos exames, pois podem ajudar ou atrapalhar a
criança. As aplicações dos exames serão filmadas para fins de análises posteriores, podendo ser
divulgados em eventos científicos, sem a identificação do menor. Você poderá solicitar as
imagens a qualquer momento.

Durante a realização dos exames, a previsão de riscos é mínima, ou seja, o risco que ele(a) corre
é semelhante àquele sentido num exame físico ou psicológico de rotina.

Pode acontecer um desconforto caso não saiba responder ou se sinta cansado, que será
minimizado pelo aplicador parando o exame no momento que o menor solicitar. Ele(a) terá
como benefício a checagem de suas habilidades de linguagem, que poderão influenciar no seu
desempenho escolar. Você terá acesso a todos os resultados dos testes. Caso seja detectado
algum problema em relação à linguagem, a criança será encaminhada para avaliação e terapia
gratuitos na Clínica Escola de Fonoaudiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Em caso de algum problema que ele(a) possa ter, relacionado com a pesquisa, ele(a) terá direito
a assistência gratuita que será prestada na Clínica Escola de Fonoaudiologia, na Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, com direito a avaliação e tratamento gratuito, caso necessário.

Durante todo o período da pesquisa você poderá tirar suas dúvidas ligando para a Dra. Cíntia
Alves Salgado Azoni, fone (55-84) 3342-9738 ou pelo e-mail: cintiasalgadoazoni@gmail.com.

Você tem o direito de recusar sua autorização, em qualquer fase da pesquisa, sem nenhum
prejuízo para

86
você e para ele(a).
Os dados que ele(a) irá nos fornecer serão confidenciais e serão divulgados apenas em
congressos ou publicações científicas, não havendo divulgação de nenhum dado que possa
identificá-lo(a). Esses dados serão guardados pelo pesquisador responsável por essa pesquisa
em local seguro e por um período de 5 anos.

Se você tiver algum gasto pela participação dele(a) nessa pesquisa, ele será assumido pelo
pesquisador e reembolsado para você. Se ele(a) sofrer algum dano comprovadamente
decorrente desta pesquisa, ele(a) será indenizado.

Qualquer dúvida sobre a ética dessa pesquisa você deverá entrar em contato com o Comitê de
Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes, telefone: 3342-5003, endereço: Av.
Nilo Peçanha, 620 – Petrópolis – Espaço João Machado – 1° Andar – Prédio Administrativo - CEP
59.012-300 Nata/Rn, e-mail: cep_huol@yahoo.com.br.

Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra com o pesquisador
responsável Cíntia Alves Salgado Azoni.

Consentimento Livre e Esclarecido

Eu, ____________________________________________, representante legal


do menor
____________________________________________, autorizo sua participação na pesquisa
Triagem de habilidades linguísticas com auxílio de ferramentas computacionais auxiliares.

Esta autorização foi concedida após os esclarecimentos que recebi sobre os objetivos,
importância e o modo como os dados serão coletados, por ter entendido os riscos, desconfortos
e benefícios que essa pesquisa pode trazer para ele(a) e também por ter compreendido todos
os direitos que ele(a) terá como participante e eu como seu representante legal.

Autorizo, ainda, a publicação das informações fornecidas por ele(a) em congressos e/ou
publicações científicas, desde que os dados apresentados não possam identificá-lo(a).

Natal, ______ de 201__.

_______________________________________________ Impressão
Assinatura do representante legal datiloscópica do
representante legal

Declaração do pesquisador responsável


Como pesquisador responsável pelo estudo Triagem de habilidades linguísticas com o auxílio de
ferramentas computacionais auxiliares, declaro que assumo a inteira responsabilidade de
cumprir fielmente os procedimentos metodologicamente e direitos que foram esclarecidos e
assegurados ao participante desse estudo, assim como manter sigilo e confidencialidade sobre
a identidade do mesmo.

87
Declaro ainda estar ciente que na inobservância do compromisso ora assumido estarei
infringindo as normas e diretrizes propostas pela Resolução 466/12 do

Conselho Nacional de Saúde – CNS, que regulamenta as pesquisas envolvendo o ser humano.

Natal, ________ de 201__.

88
ANEXO VII – TERMO DE ASSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Esclarecimentos
Você está convidado a entrar em uma pesquisa muito legal, com o nome “Triagem de
habilidades linguísticas com auxílio de ferramentas computacionais auxiliares”, com a
Professora Cíntia Alves Salgado Azoni.

Você vai brincar com algumas palavras e nós vamos ver se você fala muitas ou poucas. Ele será
feito por um(a) fonoaudiólogo(a), que é uma pessoa que ajuda crianças a falar melhor. A
brincadeira vai ser em uma sala da sua escola e você vai ficar sozinho com o fonoaudiólogo, no
horário que a escola achar melhor pra você poder aprender com seus colegas. Os seus pais não
vão ficar na sala porque você precisa prestar bastante atenção na brincadeira. Talvez iremos
brincar desta brincadeira mais de uma vez.
Nesta brincadeira, você vai ver uns desenhos e vai falar o nome delas, na outra brincadeira você
vai ver outros desenhos e vai mostrar com o dedo o desenho que você escutou.
Se na brincadeira você ficar cansado ou com vergonha de responder, não tem problema, você
pode tomar uma água, ir ao banheiro ou descansar para começar de novo ou em outro dia. Esta
brincadeira é divertida e nós vamos descobrir se você já aprendeu poucas ou muitas palavras
para poder conversar com seus amigos.

Também poderemos filmar com a câmera e, se você achar legal, poderá ver depois o seu vídeo
e o fonoaudiólogo também poderá ver várias vezes para saber como você foi na brincadeira.
Pode acontecer de ter que repetir a brincadeira em outro dia, se você não achar ruim.

Se você não conseguir falar muitas palavras, o fonoaudiólogo vai conversar com os seus pais
para levar você na Clínica Escola de Fonoaudiologia, na Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, para te ajudar a falar melhor.

Se você tiver perguntas, seus pais podem ligar para a professora Dra. Cíntia Alves Salgado Azoni,
fone (55-84) 3342-9738 ou mandar e-mail: cintiasalgadoazoni@gmail.com.

1/3

Esta brincadeira poderá ser mostrada em congressos, onde tem muita gente que estuda igual
a professora Cíntia. Não se preocupe, ninguém saberá que você participou.

Esta cartinha tem duas cópias e uma ficará com você e a outra com a professora Cíntia Alves
Salgado Azoni.

Consentimento Livre e Esclarecido

Se você quiser brincar na pesquisa com este nome grande “Triagem de habilidades linguísticas
com auxílio de ferramentas computacionais auxiliares”, marque o dedinho pra cima, mas se você
não quiser fazer a brincadeira marque o dedinho pra baixo.

89
Natal, ______ de 201__.

Impressão
datiloscópica do
_______________________________________________
menor
Assinatura do menor

Declaração do pesquisador responsável

Como pesquisador responsável pelo estudo Triagem de habilidades linguísticas com o auxílio de
ferramentas computacionais auxiliares, declaro que assumo a inteira responsabilidade de
cumprir fielmente os procedimentos metodologicamente e direitos que foram esclarecidos e
assegurados ao participante desse estudo, assim como manter sigilo e confidencialidade sobre
a identidade do mesmo.

Declaro ainda estar ciente que na inobservância do compromisso ora assumido

2/3

estarei infringindo as normas e diretrizes propostas pela Resolução 466/12 do Conselho


Nacional de Saúde – CNS, que regulamenta as pesquisas envolvendo o ser humano.

Natal, ________ de 201__.

_______________________________________________
Prof.ª Dr.ª Cíntia Alves Salgado Azoni

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