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NATAL – RN
2019
CORINA FURTADO BRAÚNA BRAGA
NATAL/RN
2019
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes - CCHLA
Aprovado em __/__/____.
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________
Profª Drª Jennifer Sarah Cooper - UFRN
Orientadora
__________________________________
Profª Drª Janaína Weissheimer
Presidente
___________________________________________
Prof. Dr. Paulo Henrique Duque - UFRN
Examinador Interno
_______________________________________
Prof. Dr. Orlando Vian JR
Examinador Externo
_______________________________________
Profª. Drª Rosanne Araújo Bezerra
Suplente
AGRADECIMENTOS
Este trabalho caracteriza-se como uma pesquisa-ação (TRIPP, 2005) e visa investigar o
efeito da implementação do Ciclo de Ensino/ aprendizagem desenvolvido por Rose e
Martin (2012) e Rose (2015), nesse caso aplicado no ensino/aprendizagem da
compreensão e produção escrita de aprendizes da língua inglesa como língua estrangeira
(ILE). A pesquisa foi realizada em um programa bilíngue de uma escola particular em
Natal, RN. O foco da pesquisa está em atividades de produção escrita, em categorias
específicas – contextuais, discursivas e gramaticais. O arcabouço teórico se baseia
primeiramente nos conceitos da Linguística Sistêmico Funcional (LSF) de Halliday e
Matthiessen (2004, 2014) e seguidores da Escola de Sydney, e da Teoria de Gênero e
Registro (TGR) (MARTIN; ROSE, 2008; 2012) oriunda da LSF, além da Pedagogia de
Gênero (PG) elaborada nos conceitos da TGR. Foram considerados também trabalhos
implementados internacionalmente pela perspectiva da Escola de Sydney de Rose e
Martin (2012). Estas práticas pedagógicas se baseiam também no ensino explícito
teorizado por Bernstein (1975). Seguindo os métodos de pesquisa-ação, perante os
desafios do ensino/aprendizagem da produção escrita em ILE no contexto desta escola
particular, elaboramos uma intervenção pedagógica sistematizada pelo Ciclo de Ensino/
aprendizagem, (ROSE, 2015), da produção escrita de um gênero factual, do tipo
‘descrição’, da pintura Christina's world, de Andrew Wyeth (1948). Analisamos as
produções escritas a partir das categorias de avaliação incluídos no Ciclo de Ensino/
aprendizagem (ROSE, 2015). Dados gerados das produções escritas dos 19 alunos,
participantes da intervenção pedagógica com o CEA, de duração de um mês, mostram um
aumento nos escores em geral, e particularmente nas categorias contextuais – estágios,
fases, além da categoria gráfica de apresentação. Além disso, este instrumento de
avaliação da escrita, com um conjunto de categorias que salienta aspectos específicos de
cunho contextual e discursivo, além dos gramaticais, fomentou uma ampla visão e
desenvolvimento nestes aspectos. Resultados mostram que a intervenção prática
pedagógica representa uma melhoria na prática pedagógica da professora-pesquisadora e
no contexto escolar da pesquisa. Trabalhos futuros podem incluir um estudo longitudinal
e o uso de outros gêneros discursivos e tipos de textos.
Palavras chaves: Ciclo de Ensino/ Aprendizagem; Pedagogia de Gênero; Escola de
Sydney; Descrição.
ABSTRACT
This study is characterized as an action research (TRIPP, 2005), and aims to investigate
the effect of the implementation of the Teaching/ Learning Cycle developed by Rose and
Martin (2012) and Rose (2015), in this case applied to the teaching/learning of reading
and writing of English as a Foreign Language (EFL). The research was carried out in a
bilingual program at a private school in Natal, RN. The focus of the research is on the
development of elements of student writing within specific contextual, discursive and
grammatical categories. The theoretical framework is mainly based on the concepts of
the Systemic Functional Linguistics (SFL) of Halliday e Matthiessen (2004, 2014) and
followers from the Sydney School. It is also based on Theory of Genre and Register (TGR)
(MARTIN; ROSE, 2008; 2012) derived from LSF, as well as Genre Pedagogy (PG)
developed from the concepts of TGR. International studies from the perspective of the
Sydney School of Rose and Martin (2012) were also considered. These pedagogical
practices are based also on the theory of explicit teaching developed by Bernstein (1975).
Following the methods of action research, faced with the challenges of teaching/learning
writing in EFL in the context of this private school, we developed a pedagogical
intervention systematized by the Teaching/ Learning Cycle, (ROSE, 2015), for writing
the factual genre, ‘description’, about the painting Christina's world, by Andrew Wyeth
(1948). We analyzed the writing production based on the assessment categories included
in the Teaching/ Learning Cycle (ROSE, 2015). Data generated from the writing of the
19 students who participated in the pedagogical intervention with the Teaching/ Learning
Cycle, which was carried out over a period of one month, showed an increase in the
writing scores in general, and particularly in the contextual categories of genre stages and
phases, as well as in the graphic category of presentation. In addition, this writing
assessment instrument, with its set of categories that highlights specific contextual and
discursive categories, rather than merely grammatical, fostering a broad awareness and
targeted development of these aspects through explicit teaching. Results indicate that this
practice contributed to an improvement in the teaching practice of the teacher researcher
and in the scholastic environment of the research context. Future work includes a
longitudinal study and the use of other discursive genres and types of texts.
.
Keywords: Teaching/ Learning cycle; Genre Pedagogy; Sydney School; Description.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 …...……………………………………………………………...…… 24
Figura 2 …..……………………………………………………………………… 25
Figura 3 …..……………………………………………………………………… 30
Figura 4 …..……………………………………………………………………… 36
Figura 5 …..……………………………………………………………………… 37
Figura 6 …..…………………………………………………………………… 47
Figura 7 …..……………………………………………………………………… 59
Figura 8…..……………………………………………………………………… 61
Figura 9…..……………………………………………………………………… 76
Figura 10…..…………………………………………………………………… 76
Figura 11…………………………………………………………………………. 78
Figura 12…………………………………………………………………………. 79
Figura 13…………………………………………………………………………. 81
Figura 14…………………………………………………………………………. 82
Figura 15…………………………………………………………………………. 83
Figura 16…………………………………………………………………………. 83
Figura 17…………………………………………………………………………. 84
Figura 18…………………………………………………………………………. 86
Figura 19…………………………………………………………………………. 87
Figura 20…………………………………………………………………………. 88
Figura 21…………………………………………………………………………. 89
Figura 22…………………………………………………………………………. 90
Figura 23…………………………………………………………………………. 90
Figura 24…………………………………………………………………………. 92
Figura 25…………………………………………………………………………. 93
Figura 26…………………………………………………………………………. 93
Figura 27…………………………………………………………………………. 98
Figura 28…………………………………………………………………………. 98
Figura 29…………………………………………………………………………. 100
Figura 30…………………………………………………………………………. 101
Figura 31…………………………………………………………………………. 101
Figura 32…………………………………………………………………………. 102
Figura 33…………………………………………………………………………. 102
Figura 34…………………………………………………………………………. 103
Figura 35…………………………………………………………………………. 104
Figura 36…………………………………………………………………………. 105
Figura 37…………………………………………………………………………. 106
Figura 38…………………………………………………………………………. 107
Figura 39…………………………………………………………………………. 107
Figura 40…………………………………………………………………………. 108
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 …..…………………………………………………………………… 28
Gráfico 2 …..…………………………………………………………………… 29
Gráfico 3 …..…………………………………………………………………… 72
Gráfico 4 …..…………………………………………………………………… 95
Gráfico 5 …..…………………………………………………………………… 99
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 …..…..….………………………………………………………… 35
Quadro 2 ……..…..………………………………………………………… 38
Quadro 3 …..…..….………………………………………………………… 41
Quadro 4 …..…..….………………………………………………………… 43
Quadro 5 …..…..….………………………………………………………… 48
Quadro 6 …..…..….………………………………………………………… 49
Quadro 7 …..…..….………………………………………………………… 50
Quadro 8 …..…..….………………………………………………………… 60
Quadro 9 …..…..….………………………………………………………… 64
Quadro 10 …..…..….………………………………………………………… 68
Quadro 11…..…..….………………………………………………………… 91
SUMÁRIO
CONSIDERAÇÕES INICIAIS 9
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 21
1.1 LINGUÍSTICA SISTÊMICO FUNCIONAL 21
1.2 TEORIA DE GÊNERO E REGISTRO 26
1.2.1 Gênero 31
1.2.1.1 Gênero Descrição: Relatório Descritivo 34
1.2.2 Registro 36
1.2.2.1 Campo 38
1.2.2.2 Relações 39
1.2.2.3 Modo 40
1.2.3 Pedagogia do Gênero 40
1.3 ESTADO DA ARTE 52
2 METODOLOGIA DA PESQUISA 56
2.1 PARTICIPANTES DA PESQUISA E CONTEXTO 56
2.2 PESQUISA-AÇÃO 57
2.2.1 Planejamento e execução da intervenção pedagógica 60
2.2.2 Agir-execução da intervenção pedagógica 63
2.2.3 Monitoramento e Descrição da ação 64
2.2.4 R2L – rubrica 65
3 ANÁLISE, INTERPRETAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS 70
3.1 MUDANÇAS DOS NÍVEIS DO DESEMPENHO DOS
PARTICIPANTES DA PESQUISA 71
3.1.1. Aumentos expressivos de scores 74
3.1.2. Diminuição dos scores 80
3.1.3. Conhecimento metalinguístico e discursivo 85
3.2 CATEGORIAS DE AVALIAÇÃO 94
3.2.1 Síntese das Categorias 97
3.2.1.1 Gramática 103
3.3 REFLEXÕES DA PROFESSORA PESQUISADORA 109
3.3.1 Novo Modelo da Língua 109
3.3.2 Andaimagem e seus efeitos 110
3.3.3 Instrumento de Avaliação 111
3.4 SUGESTÕES DE ADAPTAÇÃO 112
CONSIDERAÇÕES FINAIS 114
REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS 119
APÊNDICES 124
ANEXOS 134
9
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1
As palavras língua e linguagem expressam duas facetas da palavra language, em Inglês. Nesse trabalho
língua se refere ao sistema como um todo e linguagem como uma instância de uso quando o sentido fosse
os dois representamos como língua(gem).
2
ILA se define como “[...] L3 ou língua estrangeira adicional, é, na verdade, uma terceira língua aprendida
pelo indivíduo.” (SOUTO; ALÉM; GONZALES, 2014, pg. 890) ILE se define como: “[...] aprendida
depois e tendo como referência uma primeira língua, aquela da primeira infância”. (REVUZ, 1998, p. 215).
Conforme Ellis (1997, p.3) L2 se refere a “[...] qualquer língua que é aprendida subsequentemente à língua
mãe. Assim, ela pode se referir ao aprendizado de uma terceira língua, ou quarta língua. Também não
significa que segunda língua contrasta com língua estrangeira. Se o aprendizado da língua vem
naturalmente como resultado de morar em um país onde essa língua é falada, ou se aprende essa língua em
sala de aula através de instruções, é costumeiro se referir a esse processo como aquisição de ‘segunda’
língua”. Entendemos que a definição de inglês como língua estrangeira se identifica melhor com o nosso
contexto de pesquisa, que é o da escola em que a professora pesquisadora trabalha e onde ela coletou seus
dados de pesquisa; o de uma escola com um programa bilíngue em Natal, RN, onde os alunos em sua
maioria são falantes do português como língua materna, e a tem como referência para seu aprendizado de
inglês – que vem depois do aprendizado do português.
10
de alunos em cada sala de aula”3, no sentido de que o que Rose almeja – e nós também
– é que todos os alunos consigam alcançar o sucesso acadêmico em sua produção escrita
e as benesses que ele acarreta.
No nosso contexto escolar, a compreensão e produção escrita na língua inglesa
fornece ao aluno maior chance de acesso às universidades federais pelo ENEM, maiores
chances de participar em programas de intercâmbio para estudar em países anglófonos
por provas como TOEFL e IELTS, além de participação em práticas e trabalhos sociais
de cunho internacional. Em geral, o aluno que sabe escrever dentro da escola possui altas
chances de sucesso acadêmico e de um futuro profissional confortável, o que amplia suas
escolhas para que ele ou ela possa se realizar plenamente em sua vida adulta na sociedade
letrada.
Apesar da sua inegável importância, dentro do contexto do ensino/aprendizagem
de ILA, ILE, e inglês como L2, o ensino da escrita é frequentemente negligenciado.
Estudos de vários pesquisadores reportam os desafios que os professores têm em engajar
os alunos em atividades que sejam direcionadas para a produção escrita. Villas Boas
(2016), brasileira educadora e formadora de professores de ILE, no seu blog, nota que ela
percebeu que poucos professores compareciam às suas palestras quando o assunto era a
produção escrita. Ela explica essa ausência pelo fato de que “é muito difícil ensinar escrita
na aula de ILE porque os alunos não gostam.” (VILLAS BOAS, 2016).4 Ela raciocina
que uma possível razão para os alunos não gostarem de escrever é que os alunos acham
o processo “assustador”, pois eles não sabem sobre o que escrever nem como escrever.5
A educadora remete a explicação de Brown (1974), nesta mesmo postagem, citando que
o autor “afirma que a escrita é uma habilidade difícil de ensinar porque ela é culturalmente
adquirida [...] há uma grande variedade em sua extensão até ser totalmente adquirida”
(VILLAS BOAS, 2016)6. No contexto de ILE no ensino fundamental, na região sudeste
do Brasil, Bambirra (UFMG, 2004), pesquisadora na área de ensino e aprendizagem de
inglês como língua estrangeira, e professora do CEFET–MG, produziu uma dissertação
3
Todas as traduções são nossas. No original “The aim of Reading to Learn is to close the achievement gap
between students in each class” (ROSE, 2015, p.2).
4
No original: “It’s very difficult to teach writing in the EFL classroom because students don’t like it”
(VILLAS BOAS, Isabela; Why Don’t We Talk About Writing? [Richmond Share Blog] Disponível em:
https://www.richmondshare.com.br/why-dont-we-talk-about-writing/)
5
No original: “the main reason why students don’t like writing is because they find the task daunting. They
don’t know what to write and how to do it.” (VILLAS BOAS, Isabela; Why Don’t We Talk About Writing?
[Richmond Share Blog] Disponível em: https://www.richmondshare.com.br/why-dont-we-talk-about-
writing/)
6
No original: “Douglas Brown (1994) states that writing is a difficult skill to teach because it is
culturally-acquired (…) there is great variability in the extent to which it is fully acquired.”
11
sobre a aplicação de uma abordagem via gêneros textuais para ensino de inscrita, e que
se apoiou fortemente na escola de Sydney para desenvolvimento do seu trabalho; em sua
dissertação, ela analisa o problema do ensino/aprendizagem da produção escrita, como
uma lacuna na habilidade dos professores de trabalhar a partir do uso de vários gêneros
textuais no ensino de língua estrangeira:
Os alunos geralmente acham as atividades propostas monótonas e
difíceis, e os professores tendem a negligenciar a sua importância no
aprendizado de uma língua, deixando de percebê-la como um dos
instrumentos decisivos que possibilita ao aluno interagir com as
comunidades discursivas com as quais ele decida dialogar,
expressando-se de forma livre e completa. (BAMBIRRA, 2004. p.
18)
7
Traduzido diretamente do original em inglês, recount.
12
sozinhas” (MARTIN; ROSE, 2008, p.7).8 O programa R2L gerou o que se chama da
Pedagogia de Gênero (doravante PG) e um conjunto de estratégias para o
ensino/aprendizagem da compreensão e produção escrita denominado o Ciclo de
Ensino/Aprendizagem (doravante CEA).
É possível encontrar estudos variados que dialoguem com a implementação do
CEA desenvolvida dentro do programa R2L e a PG internacionalmente. Dentre eles
podemos citar os diversos trabalhos de Schleppegrell (2010), oriundo dos Estados
Unidos, assim como a tese de doutorado de Abdel - Malek (2017).
Na Indonésia, destacam-se Emilia (2005), com sua tese de doutorado, e Christie
e Emilia (2013), com publicação de livro sobre gêneros factuais que foi utilizado para
esta pesquisa. Originários da Suécia, onde há vasta pesquisa nesse campo, podemos citar
os estudos de autores como Acevedo (2010), que hoje está sediada em Londres. Ela é
uma professora de línguas, treinadora de professores na metodologia R2L e pesquisadora
da área. Claire Acevedo é parte, ainda, de um projeto chamado Stockholm Project, em
que ela utiliza o CEA para ensinar inglês a crianças imigrantes. Em língua espanhola,
pesquisas foram conduzidas por Ramirez (2010), que é professora da Universidade
Autônoma de Tlaxcala, do México, assim como de Mirallas (2016), professora
universitária do departamento de inglês da universidade Nacional de San Luís, Argentina.
No Brasil, o assunto também se expande por meio da presença de pesquisas como
a feita por Bambirra (2004) em sua dissertação de mestrado. Ainda no Brasil, mais
especificamente no Distrito Federal, há estudos recentes e completos conduzidos por
pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) como os de Paiva (2017), E. Silva
(2015, 2018)9. De São Paulo, podemos citar trabalho da UNIFESP, de autoria de Vian Jr
(2016), que é professor adjunto de inglês no curso de Letras da Escola de Filosofia, Letras
e Ciências Humanas e no Programa de Pós-Graduação em Letras, área de Estudos
Linguísticos, da Universidade Federal de São Paulo.
Na região sul do país, podemos citar as pesquisas de Fuzer (2015), professora e
vice-diretora do centro de artes e letras da UFSM; temos também a pesquisa de
Campaiolo e Bortoluzzi (2017), da UFN. Bortoluzzi é professora adjunta da UFN,
especialista em análise crítica do discurso, e Campaiolo, aluna da UFN. Da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), podemos citar a dissertação de mestrado de Pires
8
No original: “Basically, one in which writing was not taught. For models, kids had to depend on texts
they’d bumped into on their own.” (MARTIN; ROSE, 2008, p.7)
9
Professora, pesquisadora, e coordenadora do curso de letras da UnB.
13
(2017); contamos ainda também com os estudos recentes de Oliveira (2017), professora
do IFFar. Paula e Pinton (2017), da UFSM também têm trabalhos sobre o assunto; Pinton
é professora adjunta da UFSM, e Paula foi aluna daquela instituição. Como se percebe, a
pesquisa em âmbito internacional e nacional se expandem. Em nosso Estado, várias
pesquisas em Linguística Sistêmico Funcional (doravante LSF) e Teoria de Gênero e
Registro (doravante TGR) foram realizadas sob a orientação de Vian Jr. especificamente
no que diz respeito ao ensino/aprendizagem de ILE utilizando o CEA como a tese de
doutorado de Cavalcanti (2016). Na mesma instituição, há pesquisas no
ensino/aprendizagem de ILE realizados sob a orientação de Cooper que tratam do uso da
PG e/ou CEA, além do presente estudo, nas dissertações do mestrado de Ramalho (2016)
e Silva (2019).
No contexto internacional, podemos citar o estudo de Myriam Abdel – Malek
(2017). Em sua tese de doutorado, a autora, da universidade de Pittsburgh, nos EUA,
expressa uma procura crescente por árabe como uma segunda língua nos EUA, mas com
professores pouco preparados à disposição. Ela aplica o método do CEA proposto por
Rose em R2L baseada em gêneros textuais em uma de suas turmas de árabe como segunda
língua. A autora justifica a necessidade do seu estudo pelo fato de a pesquisa sobre a
aplicação do CEA para ensino de línguas estrangeiras - especialmente línguas pouco
estudadas nessa modalidade, como é o caso da língua árabe – ser ainda muito incipiente.
Sua pesquisa durou três semanas e desenvolveu a análise com um grupo de 15 alunos.
Os objetivos de sua pesquisa foram: 1) conduzir uma análise gramática funcional
do gênero reconto em árabe, 2) documentar as mudanças qualitativas e quantitativas das
produções escritas dos alunos que estudaram escrita em árabe através da implementação
do Ciclo de ensino e aprendizagem (CEA) baseada em gêneros discursivos em relação
aos escritos iniciais, antes dessa abordagem, 3) examinar a relação entre aprender a
escrever um reconto e ler um reconto de um mesmo gênero textual e 4) observar a
metalinguagem que os alunos usam durante a escrita conjunta de um reconto com o seu
professor.
Seus métodos envolveram um pré-teste e um pós-teste com escrita de um reconto
e scores para comparação, teste de compreensão textual de reconto em árabe, uma
pesquisa pós-estudo, transcrições de aulas baseadas em gênero que foram filmadas, e
análises de pré-testes e pós-testes baseadas em LSF para um grupo específico.
Resultados mostraram que a escrita do gênero reconto entre os alunos melhorou
consideravelmente depois da abordagem baseada em gêneros textuais, assim como os
14
bilíngue, visando o ensino de Inglês como língua estrangeira. Pelo motivo da existência
dessa lacuna, justificamos a necessidade deste estudo e da sua contribuição para o meio
acadêmico.
Como observado, apesar de existir múltiplas diferenças entre o contexto das
escolas públicas e o contexto das escolas particulares, elas possuem alguns problemas em
comum que levam a fragmentação do processo de ensino/aprendizagem, e
consequentemente a danos. Os alunos também são resistentes a atividades de produção
escrita e não as valorizam. Mesmo com o constante esforço por parte da instituição e de
sua equipe docente em desenvolver solo fértil para a produção de textos de qualidade e a
despeito das várias estratégias que vêm sendo aplicadas dentro desse contexto.
Um dos problemas existentes em nosso cenário nacional é a ausência de
parâmetros claros referentes às expectativas do nível de proficiência de Inglês dos nossos
alunos de uma forma geral, porque os parâmetros determinados no contexto escolar são
amplos e vagos. Um estudo do British Council (2015, p.8) aponta que: 10
10
De acordo com o estudo do British Council (2015).
11
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
12
Sistema de Avaliação da Educação Básica
13
Do site: < http://portal.inep.gov.br/artigo/-/asset_publisher/B4AQV9zFY7Bv/content/inep-apresenta-
resultados-do-saeb-prova-brasil-2015/21206 > Acesso em 21/05/19.
17
Em 2017, ano da prova mais recente realizada pelo SAEB14, não houveram muitas
mudanças nos resultados. No site do SAEB é possível encontrar que “É baixíssimo o
percentual de brasileiros às vésperas de concorrer a uma vaga no ensino superior com
conhecimento adequado em Língua Portuguesa.”15 Segundo os resultados expostos na
página online do SAEB, “As evidências demonstram um Ensino Médio praticamente
estagnado desde 2009, e que tem agregado muito pouco ao desenvolvimento cognitivo
dos estudantes brasileiros.” O ensino do inglês não é diretamente avaliado pelo SAEB,
mas é possível imaginar o quadro a partir da situação crítica atual. Dado esse cenário do
ensino de escrita em nosso país, e com o intuito de que conceitos e práticas da produção
escrita em uma língua estrangeira possam ter repercussões positivas na língua materna
também, tomamos como válida a nossa pesquisa, pois pode vir a contribuir diretamente
para a melhoria da minha prática pedagógica do ensino-aprendizagem da ILE, assim
como para a práticas de professores que enfrentem o mesmo problema, sendo essa a razão
para minha escolha sobre o assunto a ser investigado.
O que se percebe, em meu meio acadêmico, é que à medida que a escrita é uma
ferramenta que se espera ser dominada pelos alunos com autonomia, seu ensino não é
explícito, nem padronizado, focando-se apenas na correção das produções escritas como
ensino de escrita.
Há a preocupação com o desenvolvimento do conhecimento do aluno acerca da
escrita coerente e coesa – mas o maior percentual da nota do aluno definitivamente vai
para a acurácia gramatical.
Além destes desafios, há por parte do ensino atual, uma pressão por melhores
resultados de maneira que os alunos alcancem bons resultados no Exame Nacional do
Ensino Médio (ENEM). Mesmo que essa não seja a preocupação primordial do
ensino/aprendizagem, essa pressão é subjacente todo ambiente escolar.
E o que acontece quando o aluno em questão não vem de um ambiente em que as
pessoas têm acesso a leitura frequente? Como devemos tratar o aluno que,
14
Do site: <http://portal.inep.gov.br/artigo/-/asset_publisher/B4AQV9zFY7Bv/content/saeb-2017-revela-
que-apenas-1-6-dos-estudantes-brasileiros-do-ensino-medio-demonstraram-niveis-de-aprendizagem-
considerados-adequados-em-lingua-portug/21206> acesso em 21/05/2019.
15
“Apenas 1,62 % dos estudantes da última série do Ensino Médio que fizeram os testes desse componente
curricular no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2017 alcançaram níveis de aprendizagem
classificados como adequados pelo Ministério da Educação (MEC). O percentual equivale a cerca de 20
mil estudantes do total de 1,4 milhão que fez a prova nessa etapa. Em Matemática a situação não é muito
diferente: somente 4,52% dos estudantes do ensino médio avaliados pelo Saeb 2017, cerca de 60 mil,
superaram o nível 7 da Escala de Proficiência da maior avaliação já realizada na Educação Básica
brasileira.”
18
corriqueiramente, tira as piores notas em suas redações, e não sabe como “consertar” sua
escrita?
Buscando responder esses questionamentos, essa pesquisa-ação foi desenvolvida,
então, a partir da busca de resolver estes problemas:
1) A necessidade de novas estratégias pedagógicas para engajar os alunos na
produção escrita e fornecer estratégias claras de ensino e avaliação da escrita para
o ensino/aprendizagem de ILE no seu contexto escolar de uma escola particular
em Natal, RN.
16
Metodologia desenvolvida dentro do programa Reading to Learn, de Rose (2015). Usamos aqui a
tradução de E. SILVA (2015) para o nome da técnica Teaching Cycle cunhada por Rose.
19
17
Neste caso, a autora deste trabalho.
20
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A LSF é uma teoria da língua(gem) que foi desenvolvida a partir de linguistas sob
a influência das pesquisas do antropólogo polonês Bronislaw Malinowski nos anos 1920
e 1930, baseado em seu trabalho extensivo nas ilhas Trobriand nos anos 1910. Seus
estudos foram analisados por J.R. Firth, professor de Halliday. Estes trabalhos serviram
22
No modelo da língua proposta por LSF, a língua é concebida como “um conjunto
de recursos para fazer sentidos” (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2014, p.3). Outro
conceito central desta perspectiva é a concepção de que “a língua opera em um contexto”
(HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2014, p. 32) e é funcional – serve funções dentro de um
contexto. Para visualizar a relação entre os contextos e linguagem, este modelo é
representado em estratos (HALLIDAY;MATTHIESSEN, 2014, p. 24) – do contexto da
cultura (gênero discursivo) e do contexto da situação (registro), que estão em uma relação
dialética um com um e o outro, e com o lexicogramática, e da fonologia e fonética no
nível da expressão da língua (Figura 2, p.25).
Nas palavras de Halliday e Matthiessen (2014), estratos são várias camadas de um
sistema semiótico complexo. Para maior compreensão, citamos Halliday e Matthiessen
(2014):
[...] um idioma é um sistema semiótico complexo, com vários níveis ou
estratos. Nós fizemos a mesmo suposição aqui, nos referindo ao sistema
de som, o sistema de escrita e o sistema de texto, isto é, fonologia,
ortografia (ou grafologia) e gramática. (Nós também notamos, por outro
lado, que gramática e vocabulário não são estratos diferentes; eles são
os dois polos de um único continuum, apropriadamente chamado de
lexicogramática (cf. Hasan, 1987). Da mesma forma, sintaxe e
morfologia não são estratos diferentes; ambos fazem parte da gramática
- a distinção evoluiu porque nas línguas indo-europeias a estrutura das
palavras (morfologia) tende ser surpreendentemente diferente da
estrutura das cláusulas (sintaxe); mas isso não é uma característica de
línguas em geral. (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2014, p.24)19
18
Halliday e Matthiessen, 2014, p.32.
19
No original: This acknowledged the fact that a language is a complex semiotic system, having various
levels, or strata. We have made the same assumption here, referring to the sound system, the writing system
and the wording system, i.e. phonology, orthography (or graphology) and grammar. (We also noted, on the
other hand, that grammar and vocabulary are not different strata; they are the two poles of a single
continuum, properly called lexicogrammar (cf. Hasan, 1987). Likewise, syntax and morphology are not
different strata; they are both part of grammar – the distinction evolved because in Indo-European languages
the structure of words (morphology) tends to be strikingly different from the structure of clauses (syntax);
but this is not a feature of languages in general. (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2014, P.24)
23
Assim, entendemos que por LSF se considere uma teoria de linguística funcional
que trata da língua em uso no contexto social e cultural em que emerge, as quais estão
situadas em uma relação dialética. Da mesma forma, compreendemos também que o
processo de uso da língua é sociossemiótico, visto que acontece por meio da realização
de escolhas em um determinado contexto.
A língua é funcional porque ela é analisada em uso, servindo a funções
comunicativas. Dessa maneira, a língua deve ser, idealmente, analisada a partir de
amostras autênticas, inseridas em um contexto social ao invés dos exemplos criados em
livros textos de gramática que não se comunicam com a realidade, e como consequência,
sem autenticidade. As escolhas que realizamos quanto à linguagem em dada situação
social não acontecem aleatoriamente; elas servem a um propósito, que naturalmente
precisa ser incluído dentro de um contexto para que a língua usada (escolhida) seja
também apropriada. Por isso que a língua é, na verdade, um sistema de escolhas, e que
sua organização em estratos é sistêmica. Dessa maneira, compreendemos que o contexto
é fundamental para a produção linguística, uma vez que a linguagem é a realização do
contexto. Por realização21, acolhemos o entendimento de Halliday, que ensina ser esse
uma das terminologias fundamentais para a compreensão da LSF e que exploramos a
seguir.
20
No original: “SFL is called systemic because compared with other theories it foregrounds the
organisation of language as options for meaning. In this view, the key relations between the elements of
language are relationships of choice – basically between what you say and what you could have said instead
if you hadn’t decided on what you did say.”
21
De acordo com Halliday e Matthiessen, “A relação entre extratos - o processo de ligação e de
comunicação desses estratos uns com os outros - é chamado realização. No original: “The relationship
among the strata – the process of linking one level of organization with another – is called realization”
(HALLIDAY; MATHIESSEN, 2014, p. 25)
24
(HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2014, p.25). É através desse processo que a língua nasce
e se expande. É a partir dele que escolhas linguísticas são realizadas.
Figura 1 - Estratificação
22
Como explicam Souza e Vian Jr: “O contexto abrange um contexto de cultura (gênero) e um contexto de
situação (registro)” (SOUZA; VIAN JR., 2017, P.188)
25
O registro, por sua vez, contexto situacional que é, pode ser definido como uma
variedade funcional em particular23 (HALLIDAY e MATTHIESSEN, 2014, p. 29). É o
caso, como Halliday e Matthiessen bem explica, da variedade inglês jurídico, que é um
padrão de linguagem que pode surgir dentro de vários contextos (2014, p.4)24.
23
No original: “Here the term ‘register’ thus refers to a functional variety of language” (see e.g. Halliday,
1978; Hasan, 1973; Matthiessen, 1993b; Ghadessy, 1993; Lukin et al., 2008)” (HALLIDAY;
MATTHIESSEN, 2014, p. 29)
24
No original: “[...] a particular functional variety, or register, such as ‘legal English[...]” (HALLIDAY;
MATTHIESSEN, 2014, p. 4)
26
Ainda de acordo com Martin e Rose (2008, p. 5), nós criamos uma expectativa da
sequência de eventos que caracteriza um gênero, uma vez que a presença ou ausência de
certos eventos é o que os delimita: “[...] a distinção que delimitamos entre observação/
comentários é baseada na presença ou na ausência de uma sequência de eventos que se
desdobra.”27 Quando não atingimos a finitude de estágios esperados, experimentamos
frustração - faltando assim, sentido ao texto produzido.
Ikeda e Vian Jr. explicam que “Os gêneros são categorizados de acordo com os
modos pelos quais os textos começam, desenvolvem-se e concluem, para cumprir sua meta
social.” (IKEDA; VIAN JR., 2006, p.52); assim, podemos afirmar que gêneros nos
informam o que esperar através dos estágios e fases que os compõem.
25
No original: Stratifying register and genre in this way allowed us to develop an integrated multi-
functional perspective on genre, cutting across register variables. We can think of field, tenor and mode as
resources for generalising across genres, from the differentiated perspectives of ideational, interpersonal
and textual meaning. (Martin; Rose, 2008, pg. 16)
26
No original, os autores explicam que: “Taken together the tenor, field and mode of a situation constitute
the register of a text. That is, from the perspective of language, we will now refer to the context of situation
of a text as its register.” (MARTIN; ROSE, 2008, P. 11)
27
No original “[...] the distinction we drew between observation/comments and recounts was based on the
presence or absence of an unfolding sequence of events [...]”
27
A TGR foi concebida como uma solução para as necessidades teóricas e práticas
da Sydney School, e se baseia nos conceitos da LSF. A Sydney School28, mencionada
anteriormente, se formou na Austrália, e dos trabalhos deste grupo foi desenvolvido um
programa de letramento do qual surgiu, como resultado, o programa Reading to Learn:
accelerating learning and closing the gap, de David Rose (2015). A seguir uma breve
história do desenvolvimento da teoria e seus conceitos básicos que embasam esta
pesquisa-ação.
Martin e Rose (2008, p. 5) explicam que “Padrões globais recorrentes foram
reconhecidas como gêneros, e foram nomeadas”, que os identificam, de maneira a
caracterizá-los e que os distingue de outros tipos de texto. Em meados da década de 80,
James Martin, Joan Rotherty e David Rose, juntamente com outros professores
pesquisadores de seu meio acadêmico, perceberam que certo número de alunos não
conseguia atender às demandas do currículo de ensino de escrita australiano, estando
sempre com rendimento aquém da produção dos alunos bem inseridos dentro do currículo
de ensino vigente à época e houve uma tendência então para muita evasão escolar no nível
de ensino médio destes alunos.
Havia por parte dos professores envolvidos uma preocupação a respeito de como
democratizar os resultados da educação através da utilização de recursos possuídos pelas
escolas. Assim se formou o que foi posteriormente cunhado o Sydney School. Sua
primeira fase foi desenvolvida por Joan Rothery e James Martin, e buscava realizar uma
pedagogia explícita para ensino de escrita em escolas primárias. Esse movimento deu
início a um sem número de pesquisas ação. A segunda fase focou no ensino explícito de
escrita em um ambiente de ensino secundário e em ambientes de trabalho, e foi chamada
de Write it right. Finalmente, a terceira fase se tornou no formato mais conhecido, que é
28
O termo foi criado por outros fora deste grupo em 1994 para identificar a consolidação das pesquisas da
Universidade de Sydney por linguistas de LSF. De acordo com Rose (2015, p. 1), Sydney School [...]
emergiu de uma série de projetos de pesquisas - ação em larga escala, que incluíam pelo menos três fases
em seu desenvolvimento durante os anos 1980 e 1990, e se diversificando nos anos 2000. Durante todas
essas fases, a questão fundamental foi como escolas redistribuir recursos semióticos da cultura
contemporânea de mais eficientemente, para assim democratizar os resultados educacionais. O design de
modelos teóricos e métodos de pesquisa têm brotado dessa pergunta de pesquisa, moldados pelos resultados
à medida que o projeto se desdobra”. No original: “[...] has emerged from a series of large scale action
research projects including at least three phases in its development, through the 1980s and 90s, and
diversifying in the 2000s. Throughout all these phases, a fundamental question has been how schools can
more effectively redistribute the semiotic resources of contemporary culture, to democratize the outcomes
of education. The design of theoretical models and research methods have flowed from this research
question, shaped by the findings as the project has unfolded.” (Rose, 2015, p.1)
28
o do Reading to learn (R2L), que explora as relações entre escrita, leitura e pedagogia
dentro do contexto escolar.
Rose (2015a, p. 4) relata que, no início da pedagogia de gênero, as produções
escritas dos alunos eram em sua maioria identificadas como histórias ou redação29, e
eram também avaliadas a partir dessa caracterização. Todavia, pela sistematização da
TGR, os textos eram em sua maioria, comentários pessoais, observações ou relatos. Foi
percebido, a partir daí a importância de um ensino explícito que partiria do mapeamento
de tipologias e topologias. Como resultado, o programa R2L foi desenvolvido e alcançou
uma taxa de sucesso que, dentro de um período de um ano, os alunos com o pior
rendimento conseguiram elevá-lo de maneira a alcançar os melhores da turma (que não
estacionaram o seu desempenho, pelo contrário: continuaram se aprimorando, dados
apresentados em Gráficos 1 e 2)30.
29
No original: “When genre pedagogy began, the only such terms available to many teachers were ‘story’
and ‘essay’.” (ROSE, 2015, p. 4)
30
No original “Reports show that the “approach was highly successful in accelerating the literacy
performance of over 95% of the target students underachieving in literacy” (ROSE, 2015, p. 10).
31
No original: “[...] explicit knowledge about the language in which the curriculum is written and negotiated
in the classroom.”
29
Gráfico 2 - Resultado Pós – intervenção entre alunos após a implementação do CEA do programa R2L na
Austrália
32
O gênero do tipo just-so-stories refere das histórias do tipo de Rudyard Kipling, que oferecem explicações
de como as coisas do mundo sugiram. São adaptações de narrativas oriundas de tradições orais, que visam
transmitir informação e orientar comunidades. Segundo Martin e Rose (2008, p.5): [...] Just so stories’, that
explain how the world came to be the way it is [...] – Nossa tradução: [...] Just so stories, que explicam
como o mundo se tornou o que é [...]”
30
33
No original: The horizontal arrows in the network lead to systems of choices in which you can choose
one feature or another; and these choices lead on to other systems, in which you can choose another feature,
until you get to the end of the feature path. So, to get to the recount genre you have to choose informing
(not instructing), and then events (not things) and then expectant (not complicating). The final choice for
the recount genre inherits meaning from each choice taken up along the path. (MARTIN. ROSE, 2008,
P.22)
34
No original: “the total environment in which a text unfolds”
35
No original: “[we can characterize] text as language functioning in context” (HALLIDAY;
MATTHIESSEN, 2014, p. 3).
31
1.2.1 Gênero
36
No original: “As a working definition we characterized genres as staged, goal oriented social processes.
Staged, because it usually takes us more than one step to reach our goals; goal oriented because we feel
frustrated if we don’t accomplish the final steps (as with the aborted narrative [1:9] above); social because
writers shape their texts for readers of particular kinds. In functional linguistics terms what this means is
that genres are defined as a recurrent configuration of meanings and that these recurrent configurations of
meaning enact the social practices of a given culture. This means we have to think about more than
individual genres; we need to consider how they relate to one another.” (MARTIN; ROSE, 2008, p. 6)
37
A definição dos autores diz que: “As a working definition we characterized genres as staged, goal oriented
social processes. Staged, because it usually takes us more than one step to reach our goals; goal oriented
because we feel frustrated if we don’t accomplish the final steps (as with the aborted narrative [1:9] above);
social because writers shape their texts for readers of particular kinds. In functional linguistics terms what
this means is that genres are defined as a recurrent configuration of meanings and that these recurrent
configurations of meaning enact the social practices of a given culture. This means we have to think about
more than individual genres; we need to consider how they relate to one another.” (MARTIN; ROSE, 2008,
P.6)
32
conhecimento dos estágios e fases de cada gênero proporciona uma escolha linguística
mais consciente por parte do interlocutor:
[...] Operações estruturais - inserir elementos, ordenar elementos e assim por
diante - são explicadas como a realização de escolhas sistêmicas. Então,
quando analisamos um texto, mostramos a organização funcional de sua
estrutura; e mostramos que escolhas significativas foram feitas, cada uma vista
no contexto do que poderia ter sido significado, mas não foi. Quando falamos
de características estruturais como "perceber" escolhas sistêmicas, essa é uma
manifestação de uma relação geral que permeia cada quarto da linguagem. A
realização deriva do fato de que linguagem é um sistema estratificado.
(HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2014, p.24)
38
No original: “At this point, we begin to need a map: some overview of language that will enable us to
locate exactly where we are at any point along the route. A characteristic of the approach we are adopting
here, that of systemic theory, is that it is comprehensive: it is concerned with language in its entirety, so
that whatever is said about one aspect is to be understood always with reference to the total picture.”
(HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2014, p. 20).
33
Para Martin e Rose (2012), estágios e fases são características particulares de cada
gênero e os caracterizam; acontecem em sequência e são essenciais para a composição
genérico-textual. Os estágios são inflexíveis, no sentido que não variam de texto para
texto e contribuem para o sequenciamento lógico do gênero. Já as fases são flexíveis e
34
existem dentro dos estágios, e podem variar de interlocutor para interlocutor. É o caso de
uma explicação factorial que possui como estágios Fenômeno ^ Explicação. Suas fases,
previsão de resultado, fator, 1, fator 2, podem variar de interlocutor para interlocutor.
Porém ambos, estágios e fases, trabalham juntos para o alcance do objetivo em comum.
Cada estágio e fase de um gênero age e contribui ativamente para o propósito social do
gênero em sua totalidade (MARTIN; ROSE, 2008). Como estágios e fases são a estrutura
esquemática de um gênero, são organizados de maneira sistematizada para realização do
seu propósito social.
O gênero trabalhado nesta pesquisa ação foi o relatório descritivo, que faz parte
de uma família de três tipos de relatório: descritivo, classificador e composicional (ROSE,
2015).
Para Rose (2015), há ainda muitos textos que podem ser relatórios, mas os
relatórios descritivo, classificador e composicional todos classificam e descrevem coisas
e por isso o autor os agrupa no que ele chama de ‘relatórios informativos’. Em todos os
tipos de relatórios, duas etapas os compõem: classificação e descrição. O gênero relatório
descritivo descreve um tipo de coisa (outro ser vivo, um evento, um objeto, qualquer
coisa), enquanto o classificatório descreve tipos de coisas, não apenas um. Já o
composicional descreve partes que compõem uma única coisa.
Para Christie e Emilia (2015), um relatório descritivo possui como objetivo
informar ao interlocutor uma lista de itens que descrevem a aparência de outro ser vivo,
ou objetos e até eventos. Em sua definição, Christie e Emilia (2015) realizam algumas
35
Dentro das etapas, há as fases do gênero, que não são tão previsíveis como as
etapas. As fases podem variar de texto para texto, mas podemos imaginar fases que
geralmente compõem as etapas que por sua vez compõem os gêneros. Para Rose (2015),
exemplos de fases que aparecem no gênero relatório descritivo são comportamento e
aparência, quando o relatório descritivo é sobre seres vivos, por exemplo.
Para nossa investigação, os objetos alvo da descrição foram duas pinturas –
Garota do Brinco de Pérola (Vermeer, 1665) e o Mundo de Cristina (Wyeth, 1948). Mais
detalhes serão dados na seção sobre a metodologia da pesquisa. Dentro de nossa
intervenção pedagógica, usamos um corpus composto por textos descritivos autênticos,
oriundos de sites sobre arte, de maneira que os alunos percebessem as nuances,
características, estágios e fases do gênero descrição. O texto abaixo compõe o nosso
corpus e está na seção de anexos desta dissertação.
36
1.2.2 Registro
39
HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2014, p.33. No original: Thus, any situation type can be characterized
in terms of field, tenor and mode.
37
diretamente40. Enquanto o Campo trata do que está acontecendo no texto, do que o texto
trata, Relações trata de quem está participando da situação e de seus papéis sociais, e
finalmente, modo trata do meio pelo que está sendo veiculado o texto (escrito, falado).
Dessa maneira, sempre que essas variáveis mudam, influenciam o texto e seus
estágios e fases. É o caso, por exemplo, das escolhas linguísticas realizadas por alguém
que envia uma mensagem pelo WhatsApp (modo) a seu filho (relações) cobrando o dever
de casa (campo) serem diferentes das escolhas linguísticas realizadas pela mesma pessoa
por e-mail (modo), a um subordinado seu (relações) cobrando algum trabalho a ser
realizado (campo). As variáveis de registro influenciaram as escolhas linguísticas dos
eventos.
Figura 5 – Gênero como um estrato adicional para análise além do registro relações, campo e modo
40
For Hasan, these stages, additional optional stages and the linguistic realisation of stages were
conditioned by Halliday’s three social context variables field, tenor and mode; social context in this sense
determined the genre. (MARTIN; ROSE, 2008, p. 8)
38
1.2.2.1 Campo
41
Do original: There are systematic correspondences between the contextual values and the meanings that
are at risk in the contexts defined by these values. As Halliday (1978) suggested, field values resonate with
ideational meanings, tenor values resonate with interpersonal meanings, and mode values resonate with
textual meanings (see also Halliday & Hasan, 1985: 26)9. In other words, the correspondences between
context and language are based on the functional organization of both orders of meaning. (HALLIDAY;
MATTHIESSEN, 2014, p.34)
42
Halliday links contexts of situation to three social functions of language – enacting speakers’
relationships, construing their experience of social activity, and weaving these enactments and construals
together as meaningful discourse. (MARTIN; ROSE, 2008, P.11)
39
Enquanto a língua realiza seus contextos sociais, cada dimensão de contexto social
também é realizada por uma dimensão de linguagem em particular. Em Campo, os
recursos semânticos ideacionais são realizados através dos padrões de linguagem do
texto. Em nosso caso, léxico adequadamente técnico para um texto factual e para a faixa
etária e estágio escolar em questão, assim como as conjunções que constroem os
significados (dentro do esperado para sua faixa etária e estágio escolar, como dito
anteriormente, e como foi modalizado em sala de aula através da intervenção pedagógica
nos moldes do CEA do R2L) e seguindo os padrões formais da regra culta, como exige
um texto acadêmico.
1.2.2.2. Relações
É o caso do trecho do texto em que o aluno escreve (Anexo AA): “This picure
is named Christina’s world, was made by Andrew Wyeth, in 1948. This painting shows a
girl sitting on the grass and looking forward. In the background has four houses, that
looks a little old.” Mais adiante, ele diz: “For me, the girl is a little sad, [...]”,
expressando afetividade. O estudante continua, ao dizer que [...] the painting is
wonderful, has very beautiful details [...]”, e expressa apreciação.
para o campo, assim como identificou Andrew Wyeth como autor, realizando bem a
variável Campo.
1.2.2.3. Modo
43
No original: [...] at the time genre-based literacy pedagogy (hereafter 'genre pedagogy') was first
developing in the early 1980s [...]” (MARTIN; ROSE, 2013, p.241)
44
Um dos expoentes dessa corrente, Donald Graves, diz que “a coisa mais importante que a criança pode
aprender é o que ela sabe e como ela sabe disso”. Assim, um tema comum é o fim de semana passado das
crianças, por exemplo. Assim as crianças organizam seus textos em pré-escrita, onde se pede à criança que
pense sobre o que ela deseja escrever, e consequentemente produzir um texto, momento este chamado de
drafting. Após esse momento, se passa à edição, onde o seu rascunho é mostrado a outros para sugestões e
mudanças. Ao professor cabe conferir o texto. (GRAVES, 1985, 1991, 1994).
45
No original: “‘process writing' was being widely adopted in anglophone primary schools as an
appropriate approach for children learning to write. The progressivist/constructivist principle behind this
now endemic approach is that learning emerges from within each individual, and should not be constrained
41
Dentro dessa perspectiva, o professor apenas confere a escrita do aluno para enfim
contribuir com sugestões. Nas palavras de Graves, “O objetivo da conferência da escrita
é ajudar crianças a nos ensinar sobre o que elas sabem para que assim, o professor possa
ajudá-las de maneira mais efetiva com a sua escrita” (GRAVES, 1994, p. 59)46.
Martin e Rose (2015) reforçam que essa abordagem se mostrou ineficiente no que
tange aos muitos históricos de alunos australianos da época; enquanto algumas crianças
“tinham sido expostas à uma média de 1000 horas de leitura juntamente de seus pais,
algumas crianças foram expostas a poucas ou nenhuma leitura em casa” (MARTIN;
ROSE, 2013, p. 242). Dessa maneira, a fase da preparação para escrita que se pede a
crianças que planejem sobre qual assunto escrever pode ser suficiente para engajar
algumas crianças no processo de escrita, mas pode ser insuficiente para outras. Para
Martin e Rose, “a enorme disparidade da qualidade dos textos que as crianças são capazes
de produzir em atividades de process writing, expõe a falácia de que a língua meramente
emerge de dentro da criança.” (MARTIN; ROSE, 2013, p. 242)47
A conferência do texto consiste no professor avaliar o esforço que o aluno fez para
produzir o texto, assim como elaborar sobre a escrita do aluno, para, por fim, reinterpretar
o que foi escrito em inglês padrão. No quadro 3, expomos uma transcrição de conferência
de produção escrita realizada em sala de aula através da abordagem de process writing
como ensinada por Graves:
Elaboração Você cava, tira as pedras, e aí você tem de ter cuidado com a profundidade que
você planta as coisas.
by 'teacher interventions'. Its leading exponent, Donald Graves, considered that ''The most important thing
children can learn is what they know and how they know it.” (MARTIN; ROSE, 2013, p.24)
46
No original: “'the purpose of the writing conference is to help children teach you about what they know
so that you can help them more effectively with their writing.''(GRAVES, 1994, p. 59)
47
No original: “The huge disparity in the quality of texts that children are able to produce in process writing
activities exposes the fallacy that language merely emerges from within the child.” (MARTIN; ROSE,
2013, p. 242)
42
Billy Isso.
Fonte: Adaptado de Graves, 1985, p. 120, apud Martin e Rose, 2013, p. 244.
Professor Foco Bem, eu estava pensando, Billy. Você disse que a alface tem de ser plantada fundo o
suficiente para que ela cresça. Você poderia me falar mais disso? Faz tempo que eu
não planto nada.
Billy Proposta Bem, se você plantar muito fundo ela não nasce. Tem que plantar perto do chão.
Billy Proposta Aham, cenoura, feijão, nabo (odeio), espinafre (odeio também), beterraba, e tomate;
eu gosto de tomate.
Professor Avaliação Então você já sabe o que tem que escrever, não sabe?
Fonte: Adaptado de Graves, 1985, p. 120, apud Martin e Rose, 2013, p. 244.
48
No original: “[However] the only criteria the teacher provides are to 'do what you already know'. No
other criteria for evaluation are revealed to the child.”
44
podemos dizer que à medida que vamos do primeiro ao quarto lavabo, nós
mudamos de um lugar fortemente classificado para um lugar classificado
fracamente: de um espaço regulado por regras fortes de exclusão para um
espaço regulado por regras fracas de exclusão. Agora, se as regras de exclusão
são fortes, então o espaço é fortemente diferenciado de outros espaços na casa
ou apartamento. As fronteiras entre os espaços ou compartimentos é claro. Se
as regras de exclusão são fortes, as fronteiras bem marcadas, então se conclui
que deve haver mantenedores das fronteiras rígidos (autoridades). Se as coisas
devem ser separadas, então deve haver alguma hierarquia forte para garantir a
separação das coisas.49 (BERNSTEIN, 1975, p. 132)
49
No original: “We can say that as we move from the first to the fourth lavatory, we are moving from a
strongly classified to a weakly classified space: from a space regulated by strong rules of exclusion to a
space regulated by weak rules of exclusion. Now if the rules of exclusion are strong, then the space is
strongly marked off from other spaces in the house or flat. The boundary between. the spaces or rooms is
sharp. If the rules of exclusion are strong, the boundaries well-marked, then it follows that there must be
strong boundary maintainers (authority). If things are to be kept apart, then there must be some strong
hierarchy to ensure the apartness of things.”
50
No original: “[...] the criteria for competent usage of the space are both explicit and specific”
51
No original: “framing tells us about the structure of relationships in time. Framing refers us to inter-
action, to the power relationships of interaction; that is, framing refers us to communication. [...] framing
here would refer to the communication between the occupants of the space and those outside of the space”
45
até nem possua tranca. Enquanto no primeiro ambiente, o que é dito lá nem é ouvido do
lado de fora, e, portanto, não é apropriado tecer comentários da porta para fora, no último
ambiente não há problemas em haver comunicação entre cômodos. O usuário do último
banheiro desenvolverá competências comunicativas, sem dúvidas, mas em relação às
competências do usuário do primeiro banheiro, “elas serão diferentes daquelas
necessárias para o uso correto no banheiro que é fortemente caracterizado”
(BERNSTEIN, 1975; p. 133)
Bernstein conclui então que no primeiro lavabo, a regra é “as coisas devem ser
separadas’, sejam elas pessoas, atos, objetos, comunicação; e quanto maior a classificação
e o enquadramento, maior o isolamento, mais fortes as fronteiras entre classes de pessoas,
atos, objetos, comunicação.”52 (BERNSTEIN, 1975, P. 134). No último banheiro a regra
é o oposto: “as coisas devem ser juntas.”53 (BERNSTEIN, 1975, P. 134) Por isso é possível
encontrar objetos de fora do banheiro lá, assim como é possível se comunicar entre
cômodos, assim como a caracterização do ambiente é menos distinta. Nas palavras do
autor, ainda não é possível saber “quais são os princípios fundamentais de violação”54
(BERNSTEIN, 1975, P. 134) daquele espaço.
Enquanto no primeiro banheiro, a regra é “deixe o banheiro do jeito que estava”55
(BERNSTEIN, 1975, P. 134), no último banheiro o usuário pode até se sentir tentado a
alterar o ambiente. A lição principal dessa análise é que, ao passo que não se fazem
explícitas os princípios de uso dos lavatórios, o usuário pode desrespeitá-los sem nunca
nem sequer ter tomado conhecimento deles. Assim, “de fato, pode demorar muito tempo
até que nosso usuário venha a inferir o princípio tácito, e gerar escolhas em acordo com
ele.”56 (BERNSTEIN, 1975, p. 134)
Assim, “dentro desta visão, a pedagogia de gênero é explícita e intervencionista -
com foco na transmissão explícita de conhecimento sobre linguagem com o objetivo de
empoderar grupos privados de direitos.”57 (ROSEa, 2015, p. 3) E visível e
intervencionista que é, ensina que uma pedagogia implícita implica em: 1) uma
52
No original: “things must be kept apart’, be they persons, acts, objects, communication; and the stronger
the classification and frames the greater the insulation, the stronger the boundaries between classes of
persons, acts, objects, communications.” (BERNSTEIN, 1975, P. 134)
53
No original: “things must be kept together.” (BERNSTEIN, 1975, P. 134)
54
No original: “the fundamental principles of violation.” (BERNSTEIN, 1975, P. 134)
55
No original: “‘Leave the space as you found it” (BERNSTEIN, 1975, P. 134)
56
No original: “Indeed, it might take our user a very long time to infer the tacit principle, and generate
choices in accordance with it” (BERNSTEIN, 1975, P. 134)
57
No original: “In these terms, genre pedagogy has always been both visible and interventionist - with a
strong focus on the explicit transmission of knowledge about language with the aim of empowering
otherwise disenfranchised groups.”
46
Traduzido por Gouveia, 2013, a partir de Rose, 2010. Retirado de PAULA; PINTON, 2017.
Professora Preparação Então, o que vamos fazer agora é escrever nossa própria explicação,
seguindo os passos que aprendemos. Então, vamos seguir o mesmo padrão
do texto que acabamos de ler na escrita do texto que vamos fazer.
Precisamos ter a mesma introdução, identificar sobre o que vamos falar,
seguir os passos e terminar com uma conclusão.
Direciona Que tal Peter? você poderia vir aqui e começar a primeira frase por favor?
Foco Vamos começar com água.
Professora Avaliação Podemos dizer “continua se movendo”. Então, sim para “continua”.
Direciona Então, Peter, se você puder escrever no quadro, lembre-se que em começo
de frases as palavras recebem letra maiúscula. “água continua” [aluno
escreve]
Foco O que ela continua fazendo?
Professora Avaliação OK, ótima ideia, Trent. “Ela muda constantemente” [aluno escreve]
Direciona [soletra “constantemente”, “muda estado”]
Foco E se a gente dissesse, aqui nas nossas notas, que está mudando a partir de…
Após esse momento, um aluno foi convidado ao quadro e, baseado nas notas que
eles tomaram do texto, juntamente da identificação de estágios e fases que foi realizada
guiada pelo professor, ele começou a escrever o texto que seus colegas vão criar
juntamente com ele. Esse é um momento que o professor sai de cena e deixa que os alunos
trabalhem juntos para reproduzir os estágios e fases do gênero desconstruído em aula.
Nesta troca, alunos e professor negociam as palavras para formar as frases e o
conceito científico do que é o ciclo da água, que se move dentro de um ambiente e muda
de estado simultaneamente. Eles criaram o seguinte parágrafo:
O ciclo da água
Água se move para lugares diferentes dentro do ciclo da água. Ela
constantemente muda do estado líquido para o gasoso, e talvez para o
sólido, e de volta ao líquido. (MARTIN; ROSE, 2013, p.249)58
A partir desse momento os alunos usam suas notas da aula para concluir o próximo
parágrafo. A professora chamou a atenção dos alunos para o tema do próximo passo, além
de pedir que repetissem os termos técnicos do processo. O Quadro 7 ilustra o processo.
58
No original: “The Water Cycle/ Water keeps on moving to different places in the water cycle. It constantly
changes state from liquid to gas, maybe to a solid, and back to a liquid” (MARTIN; ROSE, 2013, p.249)
51
59
No original: “Teachers consistently report that students who would previously produce only a few lines
in writing tasks now write extended coherent texts. They also consistently report that students who rarely
participate in class discussion now actively respond.”
60
No original: “such as sequential explanation, Phenomenon, Steps, sequence of steps, text, section,
paragraph, introduction, conclusion, process, technical term, main idea, notes, dot points, sentence, capital.”
52
61
do original: “The goal of this type of pedagogy is to address the inequalities in participation and outcomes
that continue to plague education systems. Curriculum genres such as Graves advocates for 'process writing'
above, have served to maintain these inequalities, by individuating learning tasks, and leaving evaluation
criteria and sequencing rules implicit. As a result, students progress at different rates, successful students
tacitly acquire the knowledge about language (KAL) they need to read and write the knowledge genres of
the curriculum, while weaker students acquire only low level knowledge about language and curriculum
fields.”
53
meses de ensino através dessa abordagem, avaliaram os textos umas das outras através de
peer review. De acordo com a autora, elas foram capazes de identificar os estágios e fases
- assim como a ausência deles nos textos. O mesmo processo se deu através do ensino do
gênero Discussion.
Como conclusão, não apenas se verificou que os alunos foram capazes de
reconhecer os estágios e fases dos gêneros estudados, como também reconhecem as
características linguísticas dos textos dos gêneros estudados e usam metalinguagem para
“nomear as características gramaticais e estágios dos gêneros que eles escrevem”. Os
professores da escola onde Schleppegrell conduziu a pesquisa reportaram que os alunos
melhoraram sua produção através dessa abordagem.
O aprendiz da língua, através da metalinguagem da GSF, consegue conectar as
formas que a linguagem assume aos seus múltiplos significados. Como resultado, e o
suporte que um educando do processo de escrita precisa para desenvolver a sua linguagem
ao mesmo tempo que precisa desenvolver as outras áreas de estudo dentro da escola.
Schleppegrell (2010) demonstrou, através de seu trabalho, que é possível melhorar o
material já existente em sala de aula ao passo em que se especifica os estágios do gênero,
e se chama a atenção para as caracterizações linguísticas deles, tornando o ensino, enfim,
explícito.
Os trabalhos apresentados nesta seção abordam a Pedagogia de Gênero, mas no
caso dos estudos no Brasil especialmente no RN, se realizam no contexto de escolas
públicas. Por isso, é relevante testar essas estratégias em um contexto de uma escola
particular, em que, mesmo sem a existência de problemas como os que assolam a rede
pública de ensino (falta de recursos e de material, por exemplo), há uma grande pressão
por excelência e resultados sempre concretos – entravados por uma certa resistência à
produção escrita por parte dos alunos. Dentro desse escopo, confiamos que esse trabalho
venha a servir a outros pesquisadores que desejem desenvolver trabalhos similares dentro
do nosso contexto.
Encerrando assim, o capítulo 1 deste trabalho apresentamos os conceitos básicos
da LSF e algumas da GSF, também do TGR e da Pedagogia de Gênero. Fizemos,
adicionalmente, uma breve reflexão sobre pesquisa-ações em PG, formando o arcabouço
teórica para a pesquisa desenvolvida por nós. No capítulo 2, apresentamos a metodologia
da pesquisa que rege esse trabalho: Suas características, objetivos, qual o nosso contexto,
e como os dados foram coletados e analisados.
56
2 METODOLOGIA DA PESQUISA
O corpus foi construído por produções escritas, coletadas em uma escola particular
de Natal/RN que possui um programa bilíngue em inglês cuja coleta ocorreu no segundo
semestre de 2017. Esse gênero foi escolhido pela sua primazia e importância em gêneros
acadêmicos de várias disciplinas assim como a sua funcionalidade junto ao tema da
unidade estudada pelos oitavos anos àquela época: Artes. A mensalidade da escola gira
em torno de R$1,500 reais mensais, e apesar da oferta de bolsas para alunos que atendam
requisitos estabelecidos em edital, nas turmas participantes não havia nenhum bolsista. A
escola se situa no grupo 1 (nível Alto) no Índice de Qualidade de Vida (IQV) segundo
um estudo pelo Chefe do Setor de Estatística e Informações da Prefeitura de Natal, sendo
o quinto bairro com IQV mais alto dos 9 nessa categoria e dos 36 bairros de Natal
(BARROSO, 2003, p.15).
Os critérios para a escolha dos participantes foram estabelecidos para manter o
máximo de fidedignidade. Na primeira instância duas turmas (AM e EM) de alunos do
oitavo ano (um com 27 alunos e o outro com 24) foram escolhidas para participar.
Conforme a prática tradicional da escola, há dois professores que dividem as turmas, de
modo a intensificar a oralidade com um número reduzido de alunos em sala. A professora
pesquisadora encontrava os grupos duas vezes por semana para trabalhar com os alunos.
Para fins de pesquisa, a professora pesquisadora ficou com um grupo de 13 e outro
de 12 somando 25 alunos. A divisão dos grupos foi feita de forma randomizada, através
57
do uso do site RANDOM.org. Isso significa que os alunos foram divididos em grupos,
um que ficaria com a professora pesquisadora, e a outra metade com outra professora.
É importante ressaltar que as turmas não foram randomizadas de maneira que
alunos do 8ºAM e do 8ºEM se misturaram para vivenciar a intervenção pedagógica; as
turmas foram randomizadas, e aí divididas em quatro: duas metades da turma do 8ºAM,
e duas metades da turma do 8ºEM.
Outros critérios da participação na pesquisa incluíam alunos 1) que faziam parte
das turmas regulares da professora pesquisadora; 2) cujos horários permitiam a sua
participação; 3) que cumpriram todos requisitos de participação - preenchimento do
termo de consentimento (Apêndice G), pelos pais, realização das atividades pré e pós
programa (Apêndices A, B), 100% frequência nas intervenções, produção escrita
(Apêndice C) no pré e pós programa.
O corpus foi formado de produções escritas do gênero factual relatório descritivo
feito por estes participantes. Desses 25 alunos, seis foram excluídos por não cumprir todos
os requisitos da pesquisa. Dessa forma, 19 alunos participaram da pesquisa, isto é, 19
alunos que cumpriram todos requisitos da participação e então cujas produções escritas
foram consideradas para análise. O grupo recebeu a intervenção pedagógica nos moldes
do CEA proposto por Rose (2015). Na próxima seção, falamos sobre a pesquisa-ação e
suas características.
2.2 PESQUISA-AÇÃO
1981 não é mais suficiente, uma vez que não abarca o sentido do que é pesquisa-ação; na
verdade a definição da época diz que
62
No original: “Educational action research is a term used to describe a family of activities in curriculum
development, professional development, school improvement programs, and systems planning and policy
development. These activities have in common the identification of strategies of planned action which are
implemented, and then systematically submitted to observation, reflection and change. (National
Invitational Conference on Action Research, 1981) (TRIPP, 1995, P.3)”
59
Após essa fase, o texto é analisado pelos alunos de maneira que eles entendam o
que é a 1) o propósito do gênero, sua 2) estrutura esquemática (identificação ^ descrição
^ comentário pessoal) e 3) as categorias semânticas que aparecem com mais frequência
nesses gêneros (verbos de estado, adjetivos, datas, substantivos comuns e próprios). Esse
momento, assim como os outros que compõem o ciclo de ensino/aprendizagem estão
ilustrados na figura 8.
Figura 8 – ciclo de Ensino/Aprendizagem
Para tal, foram planejados quatro momentos. O planejamento de aula como visto
na figura 7, ocorreu porque àquela época os alunos estavam estudando, em seu livro-
texto, uma unidade sobre arte, decidimos abordar a descrição de obras de arte, de maneira
a não prejudicar o calendário escolar dos alunos. O tema sobre arte também é envolvente,
e isso influenciou na escolha do corpus.
Em um primeiro momento, planejamos o início da intervenção através da
aplicação da atividade do pré-programa e dos pós programa, que consistiu na produção
de um texto sobre a obra O mundo de Cristina, de Andrew Wyeth, 1948 (Apêndice A),
com o objetivo de descrevê-lo.
Na segunda etapa, planejamos ocorrer a intervenção pedagógica, em que os alunos
receberiam duas aulas nos moldes do Ciclo de Ensino/ aprendizagem de Rose (2015).
Inicialmente, de acordo com o CEA, aconteceria a momento da leitura detalhada, em que
os alunos leriam um texto autêntico retirado de um blog mantido pelo crítico de arte Tom
Kwei. O artigo retirado do site descreve a pintura Abaporu, de Tarsila do Amaral
(Apêndice D).
Durante a leitura detalhada, 1) a professora pesquisadora introduz aos alunos o
propósito do gênero relatório descritivo, assim como seus estágios e fases; e depois 2) lê,
para os alunos o resumo desenvolvido pela professora sobre o artigo, de maneira que os
alunos não se sintam receio de não entender o texto enquanto ele é analisado. Apenas
então eles 3) procederiam para a leitura do artigo, onde 4) identificaram, junto à
professora os estágios, fases e linguagem padrão do gênero descrição (como voz passiva,
uso da preposição by, o uso de adjetivos, e dos verbos to be, look, there is). Enquanto
isso, a professora toma nota das informações mais importantes do artigo, ditadas pelos
alunos, e as escreve no quadro. Essas informações permanecem lá para o próximo
momento.
Após esse momento, prosseguimos para a construção conjunta, onde um aluno
voluntário vai até o quadro para reescrever um texto, obedecendo os estágios e fases do
gênero relatório descritivo, sobre o quadro Abaporu. O aluno não estará sozinho; todos
os seus colegas de sala contribuem com a confecção do texto – seja sugerindo frases,
palavras, ou corrigindo erros. A professora só participa desse momento para tirar dúvidas
e corrigir o texto ao final. Esse é o fim da intervenção naquele dia.
Na semana seguinte, partimos para o momento da construção individual. A obra
escolhida para a atividade foi o quadro A Moça do Brinco de Pérola, de Johannes
Vermeer (Apêndice C). Primeiro os alunos assistiriam um promo vídeo sobre a exibição
63
Abaporu is a paiting made by Tarsila do Amaral in 1928, that gave to her husband. It is the
most valuable brazilian painting, it is worth 1.4 million dollars. In the painting there is a
sexless, ageless, undressed giant with big foot and a small arm. There is a cacti whose position
looks familiar compared to the giant. The Abaporu gives the impression that it was about to
stand up and it was observing something.
“ABAPORU”
“Abaporu” is a painting made by Tarsila do Amaral in 1928, to her husband. It was sold in
an auction for $1.4 million. This is the most famous brazillian painting.
It has a sexless, ageless creature with big members, without the chest or knees and joints. In
65
my opinion, looks like a person with elephantyasis. The cactos looks more human than the
creature itself.
Fonte: dados da pesquisa, 2017
63
No original: Assessment of your students reading, and writing serves three functions:
It enables you to see the progress they’re making, and how far they need to grow to achieve their
grade standard.
It provides a record of achievement for students, their family and the state.
It shows what language resources and skills your students have, so that you can plan your
teaching program, and explicitly discuss language and skills with them. (ROSE, 2015, p.1, livro
3)
66
A rubrica do programa R2L é dividido em estágios de dois anos (quadro 10, p.68).
Em nosso caso, eles seriam parte do grupo que começa no 7º ano e termina no 8º. A
rubrica do programa R2L (ROSE, 2015, p.3, livro 3) se baseia nas funções
metalinguísticas que a GSF ensina, e por isso, dentre outras categorias, ela conta com
relações, modo e campo.
O sistema de pontuação do programa R2L gradua os alunos da seguinte maneira:
a cada dois anos, a média sobe gradativamente, a cada semestre. No começo de um biênio,
a média é 20, e terminará 25; no ano seguinte, a média começa como 30, e deve terminar
como 35, para que um novo ciclo seja reiniciado no ano seguinte (ROSE, 2015). Em
nosso contexto, nossos alunos estavam no segundo semestre daquele ano letivo, ou seja,
no fim de um biênio, e por isso sua média de pontuação 3 foi considerada 35, como
sugerido pelo programa. Dessa forma, 40 é acima da média e alunos com score abaixo
de 15 estão aquém do esperado para a sua faixa etária e série.
Houve uma preocupação por nossa parte, todavia, de adaptar essas expectativas à
nossa realidade, uma vez que o contexto em que Rose (2015) atua e onde ele aplica o seu
quadro de score é diferente da nossa. Em sua realidade, os alunos são falantes de Inglês
como primeira língua; em nossa, os alunos são ensinados Inglês como língua estrangeira,
e por isso é de se esperar resultados diferentes dos alcançados pelos alunos de Rose.
Para isso, consultamos três fontes, em colaboração com Medeiros, (a publicar,
2019). São elas: os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) e o Quadro Europeu Comum de Referência para Línguas (QECR),
nos moldes propostos por L. Silva (2019). A razão para a escolha dessas fontes é a de que
os “[...] três documentos [...] são referência para a comunidade de ensino de língua
estrangeira dentro e fora do país” (L. SILVA, 2019, p.65). Entendemos assim, que
enquanto o PCN e a BNCC ilustram a expectativa nacional de aquisição de escrita em
língua inglesa de acordo com a faixa escolar dos alunos, a QECR nos informa a mesma
expectativa, mas do ponto de vista internacional. O projeto Político Pedagógico da escola
onde a intervenção foi conduzida não contempla expectativas quanto à produção escrita
dos alunos dentro do seu programa bilíngue, e por isso não foi consultada como fonte
para a elaboração desse quadro de descrição (quadro 10).
64
Disponível em: <
https://rm.coe.int/CoERMPublicCommonSearchServices/DisplayDCTMContent?documentId=09000016
8045bb52> acesso em Julho/18.
68
Por último, entendemos que as expectativas do QECR também são atendidas pelo
programa R2L dentro da nossa pesquisa, 3) uma vez que menciona a descrição de
relatórios como uma habilidade dominada por alunos do nível B2 - um nível razoável
para a faixa etária dos alunos envolvidos na pesquisa, e com o tempo de exposição à
língua inglesa que a maioria deles possui dentro do programa bilíngue da escola em
questão. Assim, encaramos a média 26 a 30 como um aluno B1, enquanto um aluno com
pontuação 21 a 25 equivalente a A2; um aluno com pontuação entre 16 e 20 seria o
equivalente a um aluno A1.
Dentro desse contexto, L. SILVA (2019) elaborou um quadro em seu trabalho que
mescla as expectativas de Rose (2015) e de todas as fontes mencionadas anteriormente.
Ao analisá-la, concluímos que o quadro atende nossas expectativas dentro da nossa
pesquisa, e decidimos usá-lo como referência. Assim, comparamos as notas obtidas
através da produção textual obtida no pré-programa (antes da intervenção) e pós-
programa (após a intervenção), para, por fim, comparar também as médias atingidas.
69
Neste capítulo, a análise dos dados gerados pelos instrumentos de pesquisa visa,
como o objetivo geral da pesquisa, investigar os possíveis efeitos quanto à produção
escrita em Inglês em uma escola particular de Natal a partir da abordagem de ensino, o
Ciclo de Ensino/ Aprendizagem (CEA), sugerida pelo programa Reading to Learn (R2L),
baseada na Pedagogia de Gênero (PG). Relembrando, nossa análise se orienta pelos
objetivos gerais e específicos em responder às seguintes perguntas de pesquisa:
em que os participantes obtiveram mais êxito a partir da diferença de score entre os dois
momentos; o objetivo dessa seção é avaliar o efeito da implementação do CEA na
produção escrita dos participantes. A terceira seção responde o objetivo específico da
pesquisa que é voltada para a reflexão da professora pesquisadora sobre sua própria
prática. A quarta e última seção responde à última questão da pesquisa e elenca as
sugestões de adaptação para melhor implementação do CEA em um ambiente de escola
bilíngue e particular.
terem iniciado o programa dentro ou acima da média, todos os seus scores aumentaram
como um grupo, e que alguns scores individuais dos participantes com as menores
pontuações foram modificados de maneira significante. Todos conseguiram scores acima
de 30 pontos, indicando assim ganhos nos seus níveis de desempenho.
20 19
18 17
16
14
12
10
4
2
2
0 0 0
0
abaixo da média dentro da média Acima da média
pré-programa 0 2 17
pós-programa 0 0 19
que os alunos obtiveram ganhos em sua escrita além da média prevista para essa faixa
etária, que é de 26 a 29. A maior variação de notas ocorre entre os scores acima de 35 –
com uma variação percentual de 66%.
P1 32 34
P2 33 35
P3 36 35
P4 37 34
P5 36 34
P6 31 40
P7 37 38
P8 36 40
P9 35 40
P10 36 36
P11 37 37
P12 38 36
P13 34 40
P14 28 40
P15 32 35
P16 29 32
P17 37 36
P18 36 37
P19 34 35
Figura 9 – Pré-programa P6
da teoria que propõem que o CEA de fato alavanca as notas mais baixas em sala de uma
forma acelerada (como em nosso caso, em que nossa intervenção durou quatro semanas)
– mas que não apenas esses alunos se beneficiam do programa, como também os alunos
com os melhores scores podem manter ou aumentar seus scores, mesmo que não de uma
forma acelerada.
CEA possivelmente tem um grande potencial de servir para turmas heterogêneas, e que
precisam sofisticar o seu inglês de maneira que ele assuma um padrão escrito e técnico,
não apenas coloquial.
Todavia, apesar de na maioria dos casos ter ocorrido um aumento dos scores,
quatro casos apresentaram uma queda nos seus scores em relação ao score alcançado no
pré-programa. A seguir, discutimos na seção 3.1.2 os resultados dos 4 participantes que
abaixaram seus scores em mais de 2 pontos.
Activity 3
PESSOAL) e fases (informações técnicas) do que o fez quando da sua produção escrita
durante o pós-programa (onde só realizou o ESTÁGIO DESCRIÇÃO) sem a inclusão de
fases como as informações técnicas a respeito da obra de arte, como se observa na Figura
15, que mostraremos posteriormente. A seguir, figura 14.
Figura 14 – Pré-programa P4
O participante P12 perdeu três pontos em seu score em relação ao pré e ao pós-
programa. É interessante ressaltar que o participante P12 até mudou sua grafia quando do
pós-programa, sugerindo uma possível falta de engajamento entre o pré e o pós-programa
que pode ter afetando a queda no seu score.
Na sua produção escrita do pós-programa (figura 17), P12 mostrou uma mudança
marcante na caligrafia em relação ao pré-programa. Há também uma omissão de
estrangeirismos, além de o número de palavras ter aumentado (de 53 para 82 palavras, ao
todo, no pós programa.). O participante também indica uma preocupação com o léxico,
indicando um nível mais acadêmico (com o uso de expressões como The colors give a
hot sensation, por exemplo). A avaliatividade foi enriquecida de maneira que as estâncias
de avaliatividade praticamente dobraram. Como se vê, apesar de o score ter reduzido no
pós-programa, é notório que o participante prestou mais atenção a elementos discursivos
como avaliatividade, campo e fases, sugerindo uma mudança para uma escrita mais
acadêmica e técnica, apontando para um pensamento mais abstrato e corroborando que
os participantes realizaram mais erros porque escreveram mais após a intervenção
pedagógica.
Por fim, os outros dois participantes (P15 e P17) que perderam um ponto entre
sua produção textual realizada no pré-programa e no pós-programa o fizeram na categoria
gramática, porque ambos participantes não usaram os tempos verbais envolvidos de
forma correta. É interessante ressaltar a funcionalidade da rubrica, que indicou que muitos
participantes da pesquisa não detêm um domínio satisfatório do uso dos tempos verbais
na habilidade escrita, sugerindo assim que essa área do aprendizado carece de reforços.
férias escolares e o cansaço natural em face da realização de uma atividade longa que
precedeu a produção textual65, e que não implicava em nenhuma pontuação, como foi
mencionada anteriormente, pode ter influenciado seus resultados. Os participantes P15 e
P17, apesar da queda nos scores (-1) não foram afetados pela intervenção pedagógica. É
interessante perceber que, apesar de quedas nos scores terem ocorrido, os dados indicam
ganho de conhecimento sobre a língua e sobre o gênero discursivo trabalhado. Trataremos
sobre os ganhos metalinguísticos e discursivos dos participantes na seção 3.1.3, a seguir.
Abdel-Malek (2017) relata dados similares em seu grupo, que estuda o gênero
reconto, que mostram que a intervenção baseada na abordagem do CEA “expandiu o
repertório linguístico dos participantes” (ABDEL-MALEK, 2017, p.154). Um dos
participantes comentou que “agora nós sabemos o que estamos fazendo” (ABDEL-
MALEK, 2017, p.155), reação parecida com a encontrada entre nossos participantes de
pesquisa também, que teceram comentários como “Teacher, eu estou terminando o
comentário pessoal”, indicando que o participante sabia exatamente o estágio pessoal
onde se encontrava. Durante a aplicação da peer review, em que os participantes
avaliaram as produções textuais uns dos outros, é possível ler comentários que dizem:
“[this description] is not really [good], because the description and the personal
comment are incomplete, so it is not a good description” (Figura 18 desta dissertação).
Nessa fala, o participante nos informa que ele consegue se orientar pelos estágios e fases
através do qual o gênero relatório descritivo se desdobra. E esse não foi o único caso,
como é possível observar em ainda mais dois exemplos de peer reviews produzidos como
parte da intervenção pedagógica, como a seguir no qual se observa em Figura 18.
65
Relembramos que essa atividade longa foi um questionário idealizado primeiramente para medir os níveis
de ansiedade da turma; todavia os resultados não foram incluídos na pesquisa porque os resultados foram
inconclusivos e pelo fato de que o instrumento utilizado (o questionário) foi destinado para uma faixa etária
outra que a dos alunos.
86
Figura 18 – Peer review da produção escrita de um relatório descritivo do quadro Girl with a pearl
earring (Johanes Vermeer)
Figura 19 - Peer review da produção escrita de um relatório descritivo do quadro Girl with a pearl
earring (Johanes Vermeer)
Figura 20 - Peer review da produção escrita de um relatório descritivo do quadro Girl with a pearl
earring (Johanes Vermeer)
pode vir a ser parte do repertório de um aluno com o qual ele possa construir
outros gêneros. Por exemplo, no gênero Exposição, cujo propósito é
argumentar um ponto de vista e que consiste de três estágios (TESE ^
ARGUMENTAÇÃO ^ REITERAÇÃO (Rose & Martin, 2012)), um Reconto
89
Deduzimos que o gênero relatório descritivo também pode servir como gênero
antecedente de outros gêneros, sobre os quais é possível construir estruturas esquemáticas
mais intricadas, em que o relatório descritivo atue como um estágio.
66
Traduzido do original: “the Recount can become part of a student’s repertoire that can then be built upon
and used to learn new genres (Devitt, 2004; Schleppegrell et al., 2014). For example, in the Exposition
genre, the purpose of which is to argue for a point of view and that consists of three stages (Thesis
^Argumentation ^ Reiteration (Rose & Martin, 2012)), a Recount might be part of the Argumentation stage.
Additionally, a Recount can be part of a macro-genre, such as a web page, which is a combination of
different genres, sometimes of different modalities (Martin & Rose, 2012). Thus, it would be interesting to
explore whether students could transfer the linguistic features of the Recount genre to other genres in which
the Recount functions as a part.” (ABDEL-MALEK, 2017, P.155)
90
FIGURA 23 – Pré-programa P7
Abaporu is a paiting made by Tarsila do Amaral in 1928, that gave to her husband. It is the
most valuable brazilian painting, it is worth 1.4 million dollars. In the painting there is a
sexless, ageless, undressed giant with big foot and a small arm. There is a cacti whose position
looks familiar compared to the giant. The Abaporu gives the impression that it was about to
stand up and it was observing something.
“ABAPORU”
“Abaporu” is a painting made by Tarsila do Amaral in 1928, to her husband. It was sold in
an auction for $1.4 million. This is the most famous brazillian painting.
It has a sexless, ageless creature with big members, without the chest or knees and joints. In
my opinion, looks like a person with elephantyasis. The cactos looks more human than the
creature itself.
Fonte: Dados da pesquisa, 2017
variou 37,93%, e que a categoria estágios variou seus scores entre os pré e o pós-
programa em 32,25%. Deduzimos assim que os participantes despertaram uma
consciência a respeito de gêneros textuais, seu propósito, estágios e fases. Esta impressão
é corroborada pelos dados a respeito das notas de cada categoria da rubrica nas suas
produções individuais. Os participantes demonstraram mais conhecimento nas categorias
contextuais (gênero e registro) - todavia, com frequência esqueceram de incluir a fase
identificação na sua produção. Esse assunto é abordado com mais detalhes na seção 3.2.
Uma das possíveis razões para esse efeito é que os participantes, ao receber sua
tarefa, já sabiam que o seu público, seu interlocutor – a professora – já sabia qual era a
identificação do quadro em questão, e por isso esse estágio perdeu sua relevância.
É possível que uma das variáveis da pesquisa que podem ter afetado seus
resultados foi o objeto da produção textual ser a descrição do mesmo quadro do pré-
94
programa. Por tanto, a identificação do mesmo quadro não parece necessário aos olhos
do participante. Independente dessas variáveis, fica claro que o participante não
internalizou a importância da função social do ESTÁGIO IDENTIFICAÇÃO para atingir
a meta o gênero relatório descritivo. Isso aponta para adaptações que tratamos nas
considerações finais, para que futuramente os alunos reconheçam a importância desse
ESTÁGIO para atingir a meta do gênero.
67
Categorias de Contexto: propósito, estágios, fases, campo, relações e modo; Categorias de discurso:
léxico, avaliatividade, conjunção, referência e gramática; Categorias de características gráficas;
ortografia, pontuação e apresentação.
95
de gênero nessa abordagem é facilmente assimilada por ser coerente com um objetivo
social e por ser apresentada através da discussão da finalidade social e modelagem forte.
É a maior estrutura na construção de um texto – a moldura-, e, portanto, faz sentido
que eles vejam e reproduzam o quadro com sucesso de pronto. Como resultado,
produzimos o gráfico 4, que ilustra a variação porcentual de melhoria no desempenho dos
participantes durante o pré e o pós-programa.
37,93%
34,61%
32,25%
8,69%
6,38%
4,34%
1,80%
os números indicam. Por fim, a categoria Modo obteve uma melhoria em performance de
quase 5% por parte dos participantes, significando que eles reduziram suas marcas de
oralidade durante a redação do texto. A categoria relações alcançou um ganho de quase
2%. Esse ganho é expressivo porque os participantes não demonstraram deficiência em
demonstrar objetividade (que é no que a categoria Relações consiste) durante o pré-
programa - e mesmo assim, eles ainda melhoraram a objetividade dos seus textos. Na
próxima seção, apresentamos os resultados das demais categorias em geral, e discutimos
as implicações desses resultados.
Figura 27 – Pré-programa P1
0,00%
LÉXICO CAMPO CONJUNÇÃO GRAMÁTICA REFERÊNCIA
-50,00%
-100,00%
-150,00%
-200,00%
-250,00%
-300,00%
scores do pós-programa
-350,00%
Figura 29 – Pós-programa P7
Figura 30 – Pré-programa P1
Figura 32 – Pós-programa P2
Figura 34 – Pós-programa P5
Na sua produção do pós-programa, o aluno P5 não usou o conector and para unir
as frases, e como resultado afetou a fluidez do texto; também elaborou a frase “[...]she is
like sadness”, que afeta o seu score final. A produção descreve o quadro, mas não alcança
o objetivo adequadamente; não há identificação assim como não há comentário pessoal,
e o léxico não é adequada para o gênero discursivo.
Ao analisarmos os scores obtidos em gramática, há possíveis explicações para os
scores, que apresentaram a variação percentual de -2,5%, indicando que os participantes
erraram mais durante a coleta de amostras do pós-programa, variando de 2 a 3 pontos,
para 2 a 1 ponto em suas produções textuais durante o pós-programa.
3.2.1.1. Gramática
atingido os resultados que obtivemos é a de que os alunos escreveram mais, e por isso
cometeram mais erros. Observemos a figura 35, abaixo.
Figura 35 – Pós-programa P9
É possível perceber, na frase “[...] has a woman seated in a camp [...]”, que o
participante quis indicar a palavra field. Todavia, ele usou de uma estratégia em que
buscou um cognato na palavra camp – agindo essa como um falso cognato para o
português campo.
Outra razão para o maior índice de não realizações gramáticas ter ocorrido por
parte dos participantes, foi o fato de, além de terem testado mais hipóteses, terem
também se arriscado mais. Dos 19 participantes, 10 aumentaram suas produções
textuais no pós-programa, inserindo novas informações e tentando seguir o mapa
estrutural do gênero textual relatório descritivo (IDENTIFICAÇÃO ^ DESCRIÇÃO ^
COMENTÁRIO PESSOAL).
68
Process writing é um método em que a escrita é ensinada através do direcionamento do foco do aluno
no processo de criação de um texto através dos vários estágios de geração de ideias, rascunhos, revisão e
edição. (White; Arndt, 1991)
105
Figura 36 – Pré-programa P6
Figura 37 – Pós-programa P6
ser uma pesquisa interessante para medir em que ponto a consciência do gênero discursivo
e suas características lexicogramaticais começam a se encontrar dentro da pontuação dos
aprendizes.
A pesquisa de Emilia nos foi útil ao passo em que ela chama a atenção para as
características linguísticas – gramática – para se adequar às características contextuais –
ESTÁGIOS e fases – como utilizados nos formulários usados durante os peer reviews.
Figura 38 – Pré-programa P9
Figura 39 – Pós-programa P9
aluno P12 cometeu erros como realizar o uso errôneo das preposições to, with e do uso
errôneo do verbo using – quando na verdade, o ideal seria wearing. Esse fenômeno indica
o uso de estratégias de interlíngua, uma vez que em português se usa o verbo usar para
roupas (usando uma roupa), diferente de inglês – o que é compreensível dentro do
contexto de língua estrangeira a que eles estão submetidos, e da perspectiva do continuum
de aprendizado de língua.
A realização do CEA como intervenção pedagógica foi muito rica e reflexiva para
mim, enquanto professora pesquisadora e me forneceu vários benefícios profissionais e
pessoais, enquanto evidenciou uma melhora no ambiente escolar. Além de mudar a
maneira como realizo minha prática, influenciou outros colegas em meu ambiente de
trabalho que também adotaram alguns momentos do CEA nas práticas docentes com suas
turmas, e relataram melhorias na prática. Todos em meu ambiente se interessam por novas
maneiras de ensinar a escrita, e isso se realiza através da regularidade da troca de
vivências que todos temos de forma única em sala de aula.
Constatei três mudanças que esta intervenção pedagógica proveu para a minha
prática docente: um modelo de língua coerente com a prática; uma forte andaimagem
para a sistematização do ensino/aprendizagem da escrita; um instrumento de
avaliação claro e que ampliou a minha visão do que é uma boa escrita. Segue,
primeiramente reflexões nos ganhos de um modelo estratificado da língua.
69
Como sou a professora pesquisadora, esta seção será na primeira pessoa.
110
exatamente o que o meu aluno precisa reforçar em seu processo de ensino. É o caso,
por exemplo, do reforço na completude da estrutura esquemática do gênero relatório
descritivo; grande parte dos participantes esqueceram o estágio identificação. Ou ainda,
a oportunidade de trabalhar o code mixing, que esteve presente em muitas das produções
escritas (o uso de camp ao invés de field, por exemplo).
Entendemos o code mixing, apesar de um estrangeirismo dentro desse sistema de
língua, não como um erro, mas como uma estratégia do aluno que ainda não possui os
meios de se comunicar somente na L2 efetivamente – desde que o faça entre aspas, uma
vez que ele identifica a inadequação daquela expressão dentro do seu texto, como
podemos perceber na produção textual do participante P4, figura 14, p 81.
Uma das coisas interessantes referente à avaliação dos participantes é que eu sinto,
através do CEA, que eles já foram corrigidos/orientados muitas vezes antes de
executarem a atividade escrita. Como resultado, não parece que eles precisam de
correção em demasiado, e o feedback é muito mais natural, pois eles também entendem
onde precisam melhorar – inclusive no que se refere à gramática, ao uso da norma culta
e da adequação desses padrões linguísticos de acordo com cada gênero discursivo. Eles
utilizam a metalinguagem do programa para discutir seus trabalhos, seguros do
desdobramento dos ESTÁGIOS e fases dentro do texto, primariamente, e muitas vezes
de outros recursos discursivos e lexicogramáticais nas categorias da rubrica da avaliação.
É um sentimento revigorante: o de que o ensino é explícito.
Na próxima seção, introduzimos sugestões de adaptações ao CEA que podem ser
realizadas para atender necessidades de participantes inseridos em nosso contexto
brasileiro, e não nativo da língua inglesa, como é o contexto australiano onde o programa
surgiu.
Uma outra adaptação seria a inserção do peer review, que já aplicamos nessa
pesquisa. A atividade de peer review nos mostrou que eles se interessam grandemente
pelo uso e identificação da metalinguagem. Talvez incluir esse momento no instrumento
de pesquisa também tornasse o processo mais rico e interessante. O maior benefício dessa
ferramenta foi o uso e desenvolvimento da metalinguagem. Esse resultado é similar ao de
Whittaker e Acevedo (2016, p.44), onde as autoras constataram que
Os estágios do gênero [...] são nomeados e suas funções explicadas, dando aos
participantes uma compreensão do propósito e da maior estrutura de nível do
texto na qual organizar o novo conteúdo enquanto eles são lidos. Essa
metalinguagem é usada por participantes e professor, tornando possível falar
sobre o que escolhas diferentes como de maior ou menor sucesso nos níveis
mais baixos das fases e da lexicogramática”.70
70
Traduzido do inglês “The stages of the genre, however, are named, and their functions explained, giving
the students an understanding of the purpose and the higher-level structure of the text into which to organize
the new content as they read. This metalanguage is used by students and teacher, making it possible to talk
about what makes different choices more or less successful at the lower levels of phases and lexico-
grammar. (WHITTAKER; ACEVEDO, 2016, p.44).
114
CONSIDERAÇÕES FINAIS
com as piores notas no quesito escrita em sala de aula. É interessante reforçar que esse
hiato inicialmente ocorre dentro da sala de aula, mas futuramente se reflete também nas
vidas profissionais desses estudantes, que poderão ou não, a partir das práticas
pedagógicas a que são expostos durante sua vida escolar, alcançar sucesso profissional
no futuro.
Para observar os efeitos do uso das estratégias realizadas durante a implementação
do CEA, aplicamos um pré e pós programa aos participantes, que receberam uma
intervenção pedagógica nos moldes da pedagogia de gênero e do Ciclo de Ensino/
Aprendizagem de Rose (2015), para comparar suas produções escritas antes e depois da
intervenção. Essa intervenção pedagógica durou quatro semanas no último trimestre de
2017. Os dados do estudo nos permitiram responder as perguntas da pesquisa.
Buscamos responder a primeira pergunta a partir da análise dos textos escritos
pelos participantes nos questionários pré e pós programa (Apêndice A) que formaram
nosso corpus. Neles, os participantes tinham de descrever uma pintura de Andrew Wyeth
(Christina’s world, 1948). A partir deste corpus, usamos a rubrica sugerida por Rose
(2015) para avaliar as produções escritas – todos os textos foram relatórios descritivos, o
gênero analisado nesse trabalho, e que é de grande importância pela sua recorrência
dentro do currículo acadêmico dos participantes envolvidos. Estabelecemos uma nova
média coerente com nosso contexto, baseado em L.Silva (2019) - que é uma adaptação
das médias usadas por Rose (2015) - para a realidade brasileira, uma vez que Rose
desenvolveu sua rubrica e tabela de scores para participantes residentes da Austrália, onde
o Inglês é a primeira língua, e por isso, língua materna da maioria dos participantes do
estudo conduzido por Rose (2015).
Nosso contexto de ensino é o de Inglês como língua estrangeira, que apesar de ser
praticada cinco horas semanalmente na escola palco da pesquisa, não é exigida fora de
sala de aula. Além disso, os professores são brasileiros, e os alunos sabem que podem se
comunicar em português se assim desejarem, uma vez que serão entendidos pelos
professores da escola onde estudam – diferente do contexto de Acevedo (2010), por
exemplo, em que os estudantes são imigrantes em um país onde o inglês é língua nativa,
e que por isso precisam se comunicar em inglês com os professores para fins de alcançar
a resolução de suas necessidades.
A partir da análise das produções textuais, constatamos que os participantes, em
sua maioria, aumentaram a produção de notas acima da média. Enquanto no pré-programa
não ocorreu nenhuma incidência de scores abaixo da média, indicando um bom nível de
116
ser descrita no pré e no pós programa – como o leitor já sabia do que se tratava, talvez
não tenham julgado necessário identificar de novo. Mais uma limitação do nosso estudo
foi a investigação dos efeitos da implementação de apenas um gênero discursivo, quando
inicialmente, dois seriam trabalhados por bimestre – idealmente três, um a cada bimestre.
Assim, teria sido mais fácil estabelecer padrões de comportamento entre os participantes
de forma clara, de maneira a avaliar os recursos que funcionam melhor entre o alunado.
Futuros trabalhos incluem um estudo longitudinal de um ano inteiro – três
bimestres – utilizando vários gêneros para identificar outros padrões de comportamento
perante o uso do CEA. Finalmente, outro estudo a ser realizado seria o mapeamento dos
gêneros curriculares nesse contexto e em outros contextos – o do ensino público, por
exemplo, além do contexto de ensino privado.
Contudo, esperamos que essa pesquisa possa ajudar outros professores a
promoverem um ambiente de ensino/aprendizagem eficiente em contextos de salas
heterogêneas (em termos de níveis de proficiência). Em meu contexto de ensino, uma
escola particular com um programa bilíngue, os participantes que entram para a escola
depois do início do Fundamental II e que tiveram pouco contato com a língua inglesa
sofrem em demasiado para alcançar os outros participantes que estudam inglês desde o
ensino infantil, e geralmente se sentem frustrados por não alcançarem resultados
encorajadores de forma fácil. É fortalecedor para professores que se preocupam
genuinamente com seus alunos e seu futuro saber que há uma alternativa para ensinar
escrita efetivamente.
Ao permitir um nivelamento acelerado, é possível criar um espaço mais
democrático em sala de aula através do ensino explícito, além de contribuir para a
pesquisa sobre o ensino através da perspectiva da pedagogia de gênero no Brasil. Através
do nosso trabalho, buscamos contribuir com pesquisas na área da linguística aplicada
voltada ao ensino da língua estrangeira de maneira a enriquecer o ensino-aprendizagem
de uma língua estrangeira em nosso contexto brasileiro sob a ótica da pedagogia de
gênero, juntamente do ensino explícito e seus princípios.
119
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Santa Cruz - RN. Letra Magna. Revista de Divulgação Científica em Língua Portuguesa,
Linguística e Literatura Ano 09 - n.17 – 2º Semestre de 2013.
HALLIDAY, Michael AK; HASAN, Ruqaiya. Language, text and context: Aspects of
Language in a Social – Semiotic Perspective. Victoria: Deakin University Press, 1985.
HYLAND, K. Second language writing. New York: Cambridge University Press, 2003
IKEDA, Sumiko Nishitani; VIAN JR, Orlando. A análise do discurso pela perspectiva
sistêmico funcional. Pesquisa em Lingüística Aplicada-Temas e Métodos. 1a ed. Pelotas:
Educat, p. 37-75, 2006.
MARTIN, James R.; ROSE, David. Genre relations: Mapping culture. London:
Equinox, 2008.
REZAEI, Maliheh; JAFARI, Mohammad. Investigating the levels, types, and causes of
writing anxiety among Iranian EFL students: A mixed method design. Procedia-
Social and Behavioral Sciences, v. 98, p. 1545-1554, 2014.
ROSE, D. Reading to Learn: accelerating learning and closing the gap. Teacher training
books and DVD. Sydney: UTS, 2015.
ROSE, D; MARTIN, JR. Learning to write, reading to learn: Genre, knowledge and
pedagogy in the Sydney School. Sheffield: Equinox, 2012.
TRIPP, David. Action inquiry. In: European Conference on Research on Education. 17,
1995, University of Barth, 1995.,
1995.
____________. Action research: a methodological introduction. Educação e
pesquisa, v. 31, n. 3, p. 443-466, 2005.
VILLAS BOAS, Isabela; Why Don’t We Talk About Writing? [Richmond Share
Blog] acessado em 21 de maio de 2019. < https://www.richmondshare.com.br/why-dont-
we-talk-about-writing/>
124
APÊNDICE A
QUESTIONÁRIOS SLWAI/ CLWAI
Activity 1
Nome:
Número:
Instruções:
CF - Concorda fortemente
C - Concorda
NS - Não sabe
D - Discorda
DF - Discorda Fortemente
Enunciados CF C NS D DF
APÊNDICE B
Activity 2
Instruções:
Leia os enunciados abaixo e expresse o seu grau de contentamento ao marcar:
CF - Concorda fortemente
C - Concorda
NS - Não sabe
D - Discorda
DF - Discorda Fortemente
Enunciados CF C NS D DF
APÊNDICE C
INSTRUMENTO DE COLETA DA PRODUÇÃO ESCRITA
Activity 3
APÊNDICE D
O quadro Girl with a pearl earring foi usado para a descrição pedida aos alunos quando
do individual writing, um dos momentos do Ciclo de Ensino/ Aprendizagem introduzidos
a eles durante a intervenção pedagógica.
129
APÊNDICE E
‘Abaporu’ – 1928
Originally a birthday gift to her then poet husband, Oswald de Andrade, this piece, whose
title translates as, ‘The Man That Eats People’, eventually became the most valuable
painting ever by a Brazilian artist, reaching the value of $1.4 million in a 1995 auction.
Whilst attempting to correlate the value of art with its financial estimation is redundant,
it is perhaps worth focusing on why the image is so affecting, and, conceivably, why then
it could be worth so much. For me it is that inspite of the fantastical imagery of this
sexless, ageless, undressed giant, there is an exquisite sense of contemplation and
humanity. Albeit one in which the soul of the sitter’s face is outshined by the very sole of
the sitter.
The pose is classic. The image, of course, is anything but. Yet the stoic wondering is
relatable to all. If it errs at all to the viewer, it is perhaps because ‘Abaporu’ perches itself
upon a level of familiarity that disintegrates upon closer inspection. The limbs of the
figure for example lack any connecting joints, with the pondering wrist a detached form,
and the long leg up against the chest suggesting an uneasy stick torso if the eponymous
people eater was to rise up. The cacti even appear more human than the man, its own arms
suggesting a more recognizable pose, one in which a sense of division between composite
parts is evoked with clarity.
APÊNDICE F
Individual Writing (Christie; Emilia, 2015)
Linguistic
Text Features
APÊNDICE G
Prezado(a) Senhor(a):
Caso o adolescente seja maior de 12 anos, deverá constar o espaço abaixo para
assinatura do menor.
APÊNDICE H
Termo de consentimento da instituição
Termo de Consentimento
_____________________________________________________________________
Profª. Dr. ª Jennifer Sarah Cooper/ UFRN
Matrícula SIAPE 3654056
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
Corina Furtado Braúna Braga
Mestranda em Estudo da Linguagem pela UFRN
ANEXO A
DISCURSO Critérios discursivos devem ser marcados no texto, para dar uma
imagem explícita
CONJUNÇÃO São as relações lógicas entre cada etapa claras, por exemplo: tempo, 0-3
comparações, causas? (Nota: conjunção é geralmente implícita,
particularmente em relatórios.)
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
ORTOGRAFIA Quão bem escritas estão as palavras-chave (frequentes) e as que não 0-3
são chave (menos frequentes)?
ANEXO B
PRÉ PROGRAMA - P1
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
TOTAL 29
137
ANEXO C
PRÉ PROGRAMA - P2
DISCURSO Critérios discursivos devem ser marcados no texto, para dar uma
imagem explícita
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
TOTAL 36
139
ANEXO D
PRÉ PROGRAMA - P3
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
TOTAL 39
141
ANEXO E
PRÉ PROGRAMA - P4
DISCURSO Critérios discursivos devem ser marcados no texto, para dar uma
imagem explícita
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
142
TOTAL 37
111
ANEXO F
PRÉ PROGRAMA - P5
DISCURSO Critérios discursivos devem ser marcados no texto, para dar uma
imagem explícita
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
TOTAL 36
112
ANEXO G
PRÉ PROGRAMA - P6
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
TOTAL 31
114
ANEXO H
PRÉ PROGRAMA - P7
DISCURSO Critérios discursivos devem ser marcados no texto, para dar uma
imagem explícita
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
115
TOTAL 37
116
ANEXO I
PRÉ PROGRAMA - P8
DISCURSO Critérios discursivos devem ser marcados no texto, para dar uma
imagem explícita
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
TOTAL 36
118
ANEXO J
PRÉ PROGRAMA - P9
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
TOTAL 35
120
ANEXO K
PRÉ PROGRAMA - P10
DISCURSO Critérios discursivos devem ser marcados no texto, para dar uma
imagem explícita
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
TOTAL 36
122
ANEXO L
PRÉ PROGRAMA - P11
DISCURSO Critérios discursivos devem ser marcados no texto, para dar uma
imagem explícita
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
TOTAL 37
124
ANEXO M
DISCURSO Critérios discursivos devem ser marcados no texto, para dar uma
imagem explícita
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
TOTAL 39
DISCURSO Critérios discursivos devem ser marcados no texto, para dar uma
imagem explícita
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
TOTAL 38
127
ANEXO N
PRÉ PROGRAMA - P13
DISCURSO Critérios discursivos devem ser marcados no texto, para dar uma
imagem explícita
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
TOTAL 31
129
ANEXO O
RELAÇÕES O texto não é objetivo o suficiente, e o autor não informa o que está 1
na pintura o suficiente para atingir o objetivo de informar.
DISCURSO Critérios discursivos devem ser marcados no texto, para dar uma
imagem explícita
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
TOTAL 33
131
ANEXO P
PRÉ PROGRAMA - P15
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
132
TOTAL 29
133
ANEXO Q
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
TOTAL 28
135
ANEXO R
PRÉ PROGRAMA - P17
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
TOTAL 35
136
ANEXO S
PRÉ PROGRAMA - P18
DISCURSO Critérios discursivos devem ser marcados no texto, para dar uma
imagem explícita
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
137
TOTAL 37
138
ANEXO T
PRÉ PROGRAMA - P19
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
TOTAL 35
140
ANEXO U
PÓS PROGRAMA - P1
DISCURSO Critérios discursivos devem ser marcados no texto, para dar uma
imagem explícita
GRAMÁTICA Há alguns erros, mas poucos e que não afetam a compreensão geral 2
do texto. (repetição: trying and trying)
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
TOTAL 31
142
ANEXO V
PÓS PROGRAMA - P2
DISCURSO Critérios discursivos devem ser marcados no texto, para dar uma
imagem explícita
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
TOTAL 38
144
ANEXO W
PÓS PROGRAMA - P3
DISCURSO Critérios discursivos devem ser marcados no texto, para dar uma
imagem explícita
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
TOTAL 31
146
ANEXO X
PÓS PROGRAMA - P4
DISCURSO Critérios discursivos devem ser marcados no texto, para dar uma
imagem explícita
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
TOTAL 31
148
ANEXO Y
PÓS PROGRAMA - P5
DISCURSO Critérios discursivos devem ser marcados no texto, para dar uma
imagem explícita
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
TOTAL 30
150
ANEXO Z
PÓS PROGRAMA - P6
DISCURSO Critérios discursivos devem ser marcados no texto, para dar uma
imagem explícita
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
TOTAL 40
152
ANEXO AA
PÓS PROGRAMA - P7
DISCURSO Critérios discursivos devem ser marcados no texto, para dar uma
imagem explícita
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
TOTAL 38
154
ANEXO BB
PÓS PROGRAMA - P8
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
155
TOTAL 41
156
ANEXO CC
PÓS PROGRAMA - P9
DISCURSO Critérios discursivos devem ser marcados no texto, para dar uma
imagem explícita
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
157
TOTAL 41
158
ANEXO DD
DISCURSO Critérios discursivos devem ser marcados no texto, para dar uma
imagem explícita
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
159
TOTAL 34
160
ANEXO EE
PÓS PROGRAMA - P11
DISCURSO Critérios discursivos devem ser marcados no texto, para dar uma
imagem explícita
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
TOTAL 37
162
ANEXO FF
DISCURSO Critérios discursivos devem ser marcados no texto, para dar uma
imagem explícita
AVALIATIVIDADE Bem elaborada, com bom uso de recursos semânticos para avaliação 3
do objeto de arte, como adjetivos, para expressar sentimentos,
julgamento e apreciação.
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
TOTAL 32
164
ANEXO GG
PÓS PROGRAMA - P13
DISCURSO Critérios discursivos devem ser marcados no texto, para dar uma
imagem explícita
GRAMÁTICA poucos erros, que podem vir a afetar a compreensão geral do texto. 2
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
TOTAL 40
166
ANEXO HH
PÓS PROGRAMA - P14
DISCURSO Critérios discursivos devem ser marcados no texto, para dar uma
imagem explícita
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
TOTAL 37
167
ANEXO II
PÓS PROGRAMA - P15
FASES A aparência do objeto está presente, mas outras fases como nome 1
do autor, data da pintura e impressão pessoal estão ausentes.
DISCURSO Critérios discursivos devem ser marcados no texto, para dar uma
imagem explícita
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
TOTAL 36
168
FASES A aparência do objeto está presente, mas outras fases como nome 1
do autor, data da pintura e impressão pessoal estão ausentes.
DISCURSO Critérios discursivos devem ser marcados no texto, para dar uma
imagem explícita
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
TOTAL 36
169
ANEXO JJ
PÓS PROGRAMA - P16
FASES A aparência do objeto está presente, mas outras fases como nome 1
do autor, data da pintura e impressão pessoal estão ausentes.
DISCURSO Critérios discursivos devem ser marcados no texto, para dar uma
imagem explícita
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
TOTAL 32
171
ANEXO KK
PÓS PROGRAMA - P17
FASES A aparência do objeto está presente, mas outras fases como nome 1
do autor, data da pintura e impressão pessoal estão ausentes.
DISCURSO Critérios discursivos devem ser marcados no texto, para dar uma
imagem explícita
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
TOTAL 36
FASES A aparência do objeto está presente, mas outras fases como nome 1
do autor, data da pintura e impressão pessoal estão ausentes.
DISCURSO Critérios discursivos devem ser marcados no texto, para dar uma
imagem explícita
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
TOTAL 36
173
ANEXO LL
PÓS PROGRAMA - P18
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
TOTAL 35
175
ANEXO MM
PÓS PROGRAMA - P19
DISCURSO Critérios discursivos devem ser marcados no texto, para dar uma
imagem explícita
CARACTERÍSTICAS
GRÁFICAS
TOTAL 35
177
ANEXO NN
178
ANEXO OO
179
ANEXO PP
180
ANEXO PP
181
ANEXO QQ
182
ANEXO RR
183
ANEXO SS
184
ANEXO TT
185
ANEXO UU
186
ANEXO VV
187
ANEXO WW
188
ANEXO XX
189
ANEXO YY
190
ANEXO ZZ
191
ANEXO AAA
192
ANEXO BBB
193
ANEXO CCC