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Instituto de Letras
Programa de Pós-Graduação em Letras e Lingüística
Rua Barão de Geremoabo, nº147 - CEP: 40170-290 - Campus Universitário Ondina Salvador-BA
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por
SALVADOR
2003
2
O DESENVOLVIMENTO LEXICAL
INICIAL DOS 8 AOS 16 MESES DE
IDADE A PARTIR DO INVENTÁRIO
MACARTHUR DE
DESENVOLVIMENTO
COMUNICATIVO – PROTOCOLO
PALAVRAS E GESTOS
SALVADOR
2003
3
AGRADECIMENTOS
A minha mãe, pela força, pelo incentivo, pela paciência, pelo amor e pela amizade.
A meu pai, pelo amor, pelo carinho e pela paciência.
A meu irmão, por simplesmente ser.
À professora Elizabeth Teixeira, minha orientadora desde a graduação, pela atenção, pelo
apoio.
À professora Iracema Luiza de Souza pela grande amizade.
Aos amigos Ednei, Carla, Nívea, Andréa, Vicky, Luíse, Aldo, Thaty, Margarida, Déa, tia
Vitória, Raphaela, Geralda, Vó, tio Antonio, Dilair, Sandro, Pedro, Jesiel, Wilson, seu
Almiro, seu Eduardo, Eneida, Cristiana, Lais, Dona Augusta, Penha, Bené, Robélia, Glória,
D. Maria, Gil, Marli, Ney, Ricardo, Julia, Socorro, Célia Telles, Rosane, Karine, Erivelton,
Marga, Steve, Noemi, tia Clara, Rita, Michele, Sally e Luciana.
A Solange, pela revisão.
A CAPES pela concessão da bolsa de Mestrado de incentivo a esta pesquisa.
A todas as crianças que foram sujeitos dessa pesquisa.
Aos pais que acreditaram em nossos propósitos e aceitaram participar.
À creche da UFBa e, em particular, à diretora Ironildes.
E a minha Xica, pela alegria cotidiana.
5
Octavio Paz
6
RESUMO
ABSTRACT
The early lexical development of children between 8 to 16 months acquiring the brazilian
portuguese is a poorly explored topic in the avaiable literature. Adopting as a data-gathering
model the “Words and Gestures” protocol of the MacArthur Communicative Development
Inventories – developed for the English language but alredy widely adapted and normalized
for use with various languages – wich aims to measure the comprehension, lexical production
and the use of communicative gestures by children in this age range, and adopting as well the
metodology, based in parental report, this dissertation hopes to achieve the following
objectives: to provide further data regarding the patterns of comprehension and production in
the lexical development, within the limits of the protocol, with the goal of developing a vision
of the lexical development of children fron 8 to 16 months; to adapt the protocol validly and
effectively for use with brazilian portuguese; and to investigate the effectiveness of the
Inventory as an instrument to achieve these goals. The body of data was composed by
interviews with 27 parents of children in this age range, either from socio-educational class A
or B. the data obtained suggest the following conclusions: that the comprehension of lexical
items occurs asymmetrically with regards to production; that at the level of comprehension,
the group “Common Nouns” predominates at all ages, followed by the group of
“Predicatives”; that in production the categories “Sounds of Things and Animals”, “People”,
“Object and Places outside ”, and “Games and Routines” predominate up to one year of age,
but after that other semantic categories such as “Foods and Drinks”, “Action Words”, “Parts
of the Body”, “Animals”, and “Household Items” begin to appear with greater frequency.
Some important and necessary information for an in depth analysis at this initial state, such as
the contexts and frequencies of use and the phonetic forms utilized are not supplied due to the
limitations of the model for data collection employed. Generally, the data from this study
corroborate previous research performed in other languages regarding this initial satge of
language acquisition, although the data obtained with the protocol may be considered high in
comparison with data provided by other studies.
Key Words: Language Acquisition; Lexical Development; First Words; The MacArthur
Inventory
8
SUMÁRIO
RESUMO................................................................................................................ 06
ABSTRACT............................................................................................................ 07
LISTA DE QUADROS.......................................................................................... 10
LISTA DE GRÁFICOS......................................................................................... 11
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 13
2 PRIMEIRAS PALAVRAS.................................................................................... 17
2.1 DE ONDE AS CRIANÇAS RETIRAM SUAS PRIMEIRAS PALAVRAS?......... 26
2.2 USOS INICIAIS DAS PALAVRAS....................................................................... 30
2.2.1 Palavras Presas ao Contexto................................................................................. 32
2.2.2 Palavras Referenciais............................................................................................ 35
2.2.3 Palavras Sociopragmáticas................................................................................... 37
2.2.4 A Descontextualização........................................................................................... 37
2.3 TEORIAS................................................................................................................. 38
2.3.1 Teoria do Traço Semântico................................................................................... 38
2.3.2 Teoria do Contraste Semântico............................................................................ 39
2.3.3 Teoria do Protótipo................................................................................................ 40
2.3.4 Teoria da Representação de Eventos................................................................... 41
2.3.5 Modelo da Rota Múltipla...................................................................................... 43
2.3.6 Das Teorias............................................................................................................. 44
2.4 DO RITMO DA AQUISIÇÃO DE PALAVRAS.................................................... 45
2.5 DOS TIPOS DAS PRIMEIRAS PALAVRAS........................................................ 47
2.5.1 Categorização......................................................................................................... 49
2.6 ALGUNS ESTUDOS QUANTITATIVOS............................................................. 51
2.6.1 Benedict (1979)…………………………………………………………………... 52
2.6.2 Dromi (1987)……………………………………………………………………... 52
2.6.3 Jackson-Maldonado, Thal, Marchman, Bates & Gutierrez-Clellen (1993).… 52
2.6.4 Bates, Marchman, Thal, Fenson, Dale, Reznick, Reilly e Hartung (1994)…… 54
2.6.5 Harris, Yeeles, Chasin & Oakley (1995)……………………………………….. 54
2.7 EM SÍNTESE.......................................................................................................... 55
9
3 INSTRUMENTO E MÉTODO.......................................................................... 57
3.1 DESCRIÇÃO DO INSTRUMENTO DE PESQUISA.......................................... 58
3.1.1 O Inventário MacArthur de Desenvolvimento Comunicativo: Descrição...... 60
3.1.2 A Metodologia dos CDI’s.................................................................................... 62
3.1.3 Limitações e Críticas............................................................................................ 63
3.1.4 Adaptação para o Português Brasileiro............................................................. 65
3.1.5 Representatividade................................................................................................ 74
3.2 METODOLOGIA.................................................................................................... 76
3.2.1 Do Corpus............................................................................................................... 76
3.2.2 Procedimentos de Coleta....................................................................................... 78
3.2.3 Metodologia Analítica........................................................................................... 79
LISTA DE QUADROS
2 PRIMEIRAS PALAVRAS
Quadro 1 Dados Provenientes de Outros Estudos....................................................... 48
Quadro 2 Classificação proposta por Benedict (1979, p. 192-3)................................. 51
3 INSTRUMENTO E MÉTODO
Quadro 3 Quantidade de Itens nos Três Protocolos........................................... ......... 65
Quadro 4 Tabulação dos itens retirados e dos itens inseridos..................................... 74
Quadro 5 Perfil de cada criança, dos seus pais e do seu ambiente.............................. 77
4 DADOS
Quadro 6 Os 50 Itens Lexicais mais atestados na Compreensão e na Produção......... 116
APÊNDICE
Quadro 8 Freqüência de Itens Lexicais nas Três Versões........................................... 138
Quadro 9 Lista de Itens Retirados e Inseridos............................................................. 139
Quadros Quadros com informaçõs de compreensão e produção dos 27 sujeitos....... 140
11
LISTA DE GRÁFICOS
3 INSTRUMENTO E MÉTODO
Gráfico 1 Um balanço das três versões: americana, mexicana e brasileira................. 67
Gráfico 2 Representatividade das Categorias Lexicais............................................... 74
Gráfico 3 Representatividade das Categorias Semânticas........................................... 75
4 DADOS
Gráfico 4 Categorias lexicais – compreensão aos 8 meses......................................... 83
Gráfico 5 Categorias semânticas na compreensão aos 8 meses................................... 84
Gráfico 6 Dados dos sujeitos 01, 02 e 03 em compreensão......................................... 84
Gráfico 7 Dados dos sujeitos 01, 02 e 03 em produção............................................... 85
Gráfico 8 Relação compreensão vs. produção............................................................. 86
Gráfico 9 Categorias lexicais – compreensão aos 9 meses.......................................... 87
Gráfico 10 Categorias semânticas na compreensão aos 9 meses................................... 87
Gráfico 11 Dados dos sujeitos 04, 05 e 06 em compreensão......................................... 88
Gráfico 12 Dados dos sujeitos 04, 05 e 06 em produção.............................................. 89
Gráfico 13 Relação compreensão vs. produção............................................................. 89
Gráfico 14 Relação compreensão vs. produção............................................................. 90
Gráfico 15 Categorias lexicais – compreensão aos 10 meses........................................ 90
Gráfico 16 Categorias semânticas na compreensão aos 10 meses............................... 91
Gráfico 17 Dados dos sujeitos 07, 08 e 09 em compreensão......................................... 91
Gráfico 18 Dados dos sujeitos 07, 08 e 09 na produção................................................ 92
Gráfico 19 Relação compreensão vs. produção............................................................. 93
Gráfico 20 Categorias lexicais – compreensão aos 11 meses........................................ 93
Gráfico 21 Compreensão das categorias semânticas aos 8, 9, 10 e 11 meses............... 94
Gráfico 22 Categorias semânticas na compreensão aos 11 meses................................ 95
Gráfico 23 Dados dos sujeitos 10, 11 e 12 em compreensão......................................... 95
Gráfico 24 Dados dos sujeitos 10, 11 e 12 em produção............................................... 96
Gráfico 25 Categorias Lexicais – compreensão aos 12 meses....................................... 97
Gráfico 26 Categorias Semânticas em compreensão aos 12 meses............................... 98
Gráfico 27 Dados dos sujeitos 13, 14 e 15 em compreensão......................................... 98
12
1 INTRODUÇÃO
[...] E tudo é proibido. Então falamos.
Carlos Drummond de Andrade
14
P
ara falar e compreender uma determinada língua, é de fundamental importância o
conhecimento do seu vocabulário e das palavras que o compõem. Entretanto a
aquisição – ou aprendizagem – de uma determinada palavra não se resume apenas à
aquisição de sua forma; envolve a aquisição de um conjunto de informações (sintáticas,
semânticas, morfológicas) a respeito dessa palavra, além do conhecimento da cultura na qual
palavras e sujeitos (falantes) estão inseridos. Outros aspectos como a existência de uma base
biológica, fisiológica e neuromaturativa, além do desenvolvimento de determinadas
habilidades cognitivas, fazem parte dos pré-requisitos necessários para que esta aquisição se
efetive.
O surgimento das primeiras palavras é um evento que vem sendo reportado e descrito
por pais cientistas, de diversas partes do mundo, há pouco mais de um século. A relação
dessas primeiras palavras mostra que, independentemente do país, elas são quase as mesmas.
Assim, “suco”, “biscoito”, “pão”, “olho”, “nariz”, “boca”, “chapéu”, “sapato”, “fralda”,
“carro”, “caminhão”, “cachorro”, “gato”, “bola”, “boneca”, “copo”, “colher”, “escova”,
“chave”, “luz”, “dada”, “mamãe”, “papai”, “bebê”, “cima”, “fora”, “abre”, “não”, “oi”,
“tchau”, além de alguns sintagmas formulaicos como “que é isso” e “olha isso” são as mais
freqüentemente atestadas (CLARK, 1979; PINKER, 2002). Partindo desse surgimento, muitos
pesquisadores procuram investigar a forma como cada uma dessas palavras é utilizada nos
primeiros anos de vida; como se processa a construção do signo lingüístico e de que forma as
crianças trabalham com os significados deste; a relação existente entre habilidades cognitivas
e a aquisição de determinados vocábulos; a influência do meio e da interação na construção
do vocabulário, o modo como o falante tem acesso à palavra que deseja pronunciar, entre
muitos outros aspectos. Enfim, os estudos voltados para a questão do desenvolvimento lexical
inicial procuram tentar explicar a forma como a criança, sem nenhuma instrução formal,
torna-se capaz de utilizar, de forma adequada e eficaz, as palavras que fazem parte da língua
de sua comunidade. Entretanto, embora existam estudos realizados a respeito dessa fase
inicial em várias línguas, a grande maioria que é publicada e divulgada é referente a crianças
adquirindo a língua inglesa. Praticamente inexistem estudos e listas desse tipo em português,
principalmente tendo como foco crianças tão novas. A necessidade de estudos nesta área se
torna cada vez mais imediata, já que há o interesse em se investigar, através do cruzamento de
dados de diversas línguas, as semelhanças e diferenças no processo aquisicional empreendido
por falantes de línguas estruturalmente distintas – investigação esta que tem contribuído para
15
Para conduzir este estudo e para fornecer subsídios para a análise dos dados, a
avaliação do instrumento, além de fornecer informações que podem contribuir para
elaborações de materiais futuros, o Capítulo 2, Primeiras Palavras, consiste numa breve
revisão da literatura a respeito das descobertas sobre as características e os diversos fatores
envolvidos no processo de desenvolvimento lexical inicial. Conforme será visto no Capítulo
3, muitas das informações ali presentes não serão passíveis de investigação por causa da
metodologia aqui adotada. No entanto, tais informações, além de fornecerem uma visão
bastante ampla dessas descobertas, servirão como um meio para avaliação dos dados e do
próprio protocolo. Este será descrito no Capítulo 3, Instrumento e Método, que se encontra
dividido em duas partes: a primeira apresenta o Inventário, expondo histórico, objetivos,
metodologia, limitações e críticas; a segunda fornece informações a respeito do seu processo
de validação para o português brasileiro e das metodologias, de coleta e de análise,
empregadas para a realização do estudo-piloto.
1
Esta notação “a”, sobrescrita, e as demais presentes no decorrer do texto marcadas com letras minúsculas,
indicam que a citação original encontra-se em língua inglesa e as notas às quais se referem encontram-se no final
da dissertação. Todas as traduções existentes neste trabalho foram realizadas pela autora.
17
2 PRIMEIRAS PALAVRAS
[...] é como se a criança descobrisse que tudo tem nome
Gopnik e Meltzoff , 1986
18
T
entar explicar como se efetiva o processo de construção lexical por crianças tão
novas adquirindo qualquer língua, não parece ser tarefa das mais fáceis. Pequenos-
grandes questionamentos tornam essa atividade um desafio para a maior parte dos
psicolingüistas que tentam revelar a forma como uma criança constrói, palavra por palavra, o
seu vocabulário inicial: de onde as crianças retiram as suas primeiras palavras? qual a relação
existente entre o desenvolvimento lexical e o desenvolvimento cognitivo? como saber se uma
criança compreende uma palavra da mesma forma que os adultos a compreendem? Esses são
alguns dos muitos questionamentos existentes na literatura sobre o tema. É certo que, antes de
começar a falar, o mecanismo de percepção básico para decifrar o código lingüístico já existe.
Crianças com apenas 1 mês já são capazes de discriminar as oclusivas p e b e por volta dos 8
meses já são capazes de responder, de diferentes maneiras, a diferentes entonações (DROMI,
1987; EIMAS et al., 1971; KAPLAN, 1969 apud SLOBIN, 1980; PINKER, 2002). Ademais,
crianças muito novas podem compreender muitas palavras e ordens dos adultos – as suas
respostas são dadas através de participação, apontando, ou através de outras interações
verbalmente dirigidas com os adultos. Os estudos já realizados, em língua inglesa na sua
grande maioria, corroboram esses achados, afirmando que as crianças são capazes de
compreender uma boa quantidade de palavras, embora ainda não sejam capazes de produzi-las
(BARRET, 1986, 1997; BATES, DALE, THAL, 1997; BENEDICT, 1979; NELSON, 1973
apud INGRAM, 1989, entre outros).
Entretanto existe muita variação em relação à idade na qual a criança produz a sua
primeira palavra: enquanto algumas podem produzir por volta dos 9 meses de idade (Cf.
BATES et al., 1979), outras podem produzir apenas por volta dos 16 meses (BARRET et al.,
1986a apud BARRET, 1993). A variação pode existir também, não como conseqüência de
fatores individuais internos, mas em decorrência dos aspectos que são levados em
consideração pelo pesquisador (e.g. produção vs. compreensão, padrão adulto vs. padrão
infantil) ao se definir o que vem a ser adotado como “palavra”. Assim, a primeira palavra
pode ser adquirida aos 8 meses de idade, aproximadamente, ou apenas por volta dos 2 anos de
idade – ou mais. Para evitar problemas de cunho teórico e metodológico, um primeiro passo
de fundamental importância no estudo sobre essa fase inicial é o de se definir o que virá a ser
considerado como “palavra”.
19
No seu trabalho clássico, McCarthy (1954 apud INGRAM, 1989, p. 139) salienta o
quão difícil é se discutir a aquisição das primeiras palavras, visto que uma palavra pode ser
considerada adquirida em qualquer um dos seis casos abaixo:
TEIXEIRA; DAVIS, 2001). Porque ainda não possuem muita prática com o seu sistema
articulatório para a produção de palavras específicas, as suas pronúncias podem variar de uma
situação para outra. Além disso, alguns processos fonológicos ocorrem nesta fase, como a
elisão das sílabas fracas (e.g. [ka]2 para “carro”), a palatalização (e.g. [SatSŒ] para “chata”), a
confusão de laterais (e.g. [buwu] para “burro”), a reduplicação ([lE'lE] para “geléia”), entre
outros. Essas primeiras palavras aparecem isoladas e geralmente ocorrem num contexto
situacional-interativo (TEIXEIRA, 1995). São equivalentes à relação: uma palavra = uma
frase, e são denominadas de “holófrases”.
Estas produções podem não ser apenas rótulos para objetos, mas significar também
comentários acerca desse objeto ou de um determinado evento ou situação (DALE, 1976;
TEIXEIRA, 1995). Parecem ser, conforme aponta Dale (1976, p.13), mais do que palavras
únicas. “Elas parecem querer expressar idéias complexas, idéias que seriam expressas pelo
adulto através de sentenças”c. Ao produzir, por exemplo, a palavra “papai” apontando para o
carro, a criança pode estar querendo dizer: “olha papai no carro”, “o carro é do papai”, etc.
(TEIXEIRA, 1995). Assim, descobrir o que as crianças querem dizer com as suas palavras
iniciais não é uma tarefa fácil já que uma holófrase pode possuir diversos significados e ser
usada em diferentes situações – envolvendo, destarte, a análise do contexto de uso3.
2
Exemplos retirados de Teixeira (1988).
3
Uma maior explanação a respeito dos usos iniciais das primeiras palavras será oferecida na seção 2.2 Usos
iniciais das palavras
21
dessa interação segue uma origem ordenada e elaborada. Reforçando este ponto de vista,
Vygotsky (1998, p.53), que considera o choro e o balbucio como estágios do desenvolvimento
da fala, atesta:
4
Menção do autor ao resultado de pesquisas desenvolvidas (realizadas por Charlotte Buehler e seu grupo) sobre
as primeiras formas de comportamento da criança e das suas reações à voz humana.
5
Para uma maior discussão específica sobre a questão – pré-lingüístico vs. lingüístico – , Cf. o artigo de Kaplan,
G.;Kaplan, E. The prelinguist child. In: ELIOT, J. (Ed.) Human development and cognitive processes. New
York: Holt, Rinehart & Winston, 1971. p. 358-81.
6
Ao que tudo indica, o desenvolvimento semântico infantil é guiado por habilidades cognitivas, como as citadas
acima.
22
Nessa ponte entre cognição e linguagem, o trabalho desenvolvido por Piaget é o mais
expoente, já que, conforme apontado por Barret (1997, p. 318), “[...] quando algumas palavras
iniciais são adquiridas, elas são mapeadas a determinadas estruturas cognitivas que já foram
adquiridas pelas crianças”. Alguns estudiosos (Cf. BATES et al., 1979) descobriram que a
aquisição das primeiras palavras está correlacionada com os estágios de desenvolvimento
sensório-motor propostos por Piaget, mais precisamente com o estágio 5 (12-18 meses),
caracterizado pela “experimentação”, pela “invenção de novos meios”. Para esses
pesquisadores, esta correlação existe já que as primeiras palavras são utilizadas de forma
semelhante como um meio para se atingir um determinado fim, ou seja, o de se comunicar e
interagir com outras pessoas. Desta forma, a fala, como meio de comunicação, aparecerá
quando a criança perceber que, atraindo e dirigindo a atenção do adulto através da fala e dos
gestos, o adulto vai poder ser utilizado como meio para determinados fins. Ou, conforme
propõem Gopnik e Meltzoff (1986, p. 216), “[...] as crianças começam a usar a língua para
ajudá-las a resolver problemas cognitivos durante o período holofrásico”e, sugerindo que o
desenvolvimento lingüístico influencia o desenvolvimento cognitivo desde o início da
linguagem7.
7
Posição esta que, conforme será visto adiante, se assemelha à posição de Vygotsky (2000).
23
Contudo,
A criança só procura e só concebe o objeto quando em uma posição
privilegiada, que é a do primeiro local em que foi escondido e achado. É essa
particularidade que nos permite opor o presente estágio aos seguintes
(PIAGET, 2001, p. 66).
(WADSWORTH, 1997). Daí a associação feita por alguns estudiosos entre o estágio
sensório-motor 5 e a produção das primeiras palavras. Para Piaget, as primeiras palavras
codificam esquemas senrório-motores: as crianças desenvolvem conceitos antes de codificá-
los na linguagem.
A abordagem piagetiana, que deu pouca atenção à linguagem na sua teoria geral do
desenvolvimento, apresenta alguns pontos que entram em descompasso com as atuais
descobertas da linguagem infantil. As principais são: (a) o poder dado à criança enquanto
sujeito do seu desenvolvimento: “[...] a criança piagetiana constrói o saber em interação com
o meio através de um processo conhecido como auto-regulação” (ALBANO, 1990, p. 21) –
“Piaget tenta estudar a substância psicológica da criança, substância essa que assimila as
influências do meio social e as deforma segundo as suas próprias leis” (VYGOTSKY, 2000,
p. 36); e (b) a responsabilidade da criança em estruturar, em contato com o seu meio, “a
enorme plasticidade do seu potencial”, ou seja, Piaget não admite a existência de
predisposições inatas específicas e diferenciadas (ALBANO, 1990). Entretanto, apesar de
todas as críticas e preconceitos que vem sofrendo nos últimos tempos, um dos melhores
trabalhos sobre o primeiro ano de vida do ser humano é, sem dúvida, o oferecido por esse
psicólogo suíço.
BULLOCK, 1986). Através da atividade conjunta entre criança e pais, símbolos socialmente
derivados, assim como habilidades definidas em termos de manipulação simbólica, são
gradualmente internalizados pela criança, ou seja, o significado de uma palavra é construído
socialmente. Desta forma, ao contrário da posição construtivista, para os interacionistas, o
desenvolvimento da linguagem é o principal motor do desenvolvimento cognitivo visto que
proporciona que a criança participe tanto do mundo intelectual quanto do mundo social ao seu
redor. O desenvolvimento cognitivo é, então, dependente da linguagem.
Embora não tenha estudado amplamente os dois primeiros anos de vida, o relato de
Vygotsky a respeito desse período, em linhas gerais, é compatível com os relatos de Piaget.
Os dois pesquisadores irão divergir no que se refere ao desenvolvimento posterior (Cf.
HICKMANN, 1986). Ainda que a teoria interacionista de Vygotsky exerça mais influência
nos trabalhos desenvolvidos atualmente, no campo da lingüística, e, por conseqüência, nos
estudos sobre a linguagem infantil aqui no Brasil, a teoria geral do desenvolvimento proposta
por Piaget está muito presente e é bastante influente na literatura inglesa e norte-americana a
respeito do período inicial do desenvolvimento lexical, bem como no processo de construção
de significado pela criança. Piaget foi um dos estudiosos que investigou mais a fundo esse
período inicial, desenvolvendo, conforme afirma Vygotsky (1998, p. 11), um método clínico
de investigação que é amplamente utilizado, sendo “ [...] o primeiro pesquisador a estudar
sistematicamente a percepção e a lógica infantis”, trazendo “para o seu objeto de estudo uma
nova abordagem, de amplitude e ousadia incomuns”.
8
Cf. Seção 2.1 De onde as crianças retiram as suas primeiras palavras? que se segue
9
Cf. Seção 2.1 De onde as crianças retiram as suas primeiras palavras? que se segue
10
Vale a pena ressaltar que, embora a postura assumida ao longo desta dissertação possua uma característica
sociointeracionista, a crença na existência de predisposições inatas, i.e., de uma capacidade biológica,
geneticamente determinada para a aquisição de língua(s), além da crença numa base fisiológica e
neuromaturativa, se faz presente.
27
brincadeiras (e.g, “piuiií”), e palavras para os parentes, como “mamãe” e “papai” (CLARK,
1979; STOEL-GAMMON, 1976); é “[...] mais lenta e mais exagerada em intensidades, mais
dirigidas para o aqui e agora e mais gramatical” (PINKER, 2002, p. 354-355).
Clark (1979) acredita que é do baby-talk que as crianças retiram as suas primeiras
palavras. Entretanto, segundo Brown (1977, p.12), este não é utilizado pelos pais para ensinar
o seu filho a falar, mas sim como uma maneira “[...] de se comunicar, de entender e de se
fazer entender, de manter duas mentes direcionadas no mesmo tópico”g. Brown (1958 apud
CLARK, 1979) também observa que o adulto seleciona as palavras que usa para as crianças,
escolhendo os nomes que acredita que serão mais úteis para elas. Além disso, uma série de
outros comportamentos realizados pelo adulto como mover-se, olhar e apontar para o objeto
e/ou situação contribuem para que as crianças tenham uma indicação do que ele está falando.
28
Muitas vezes, o adulto até indicará com gestos a resposta ou ação que eles esperam da criança
(e.g, apontando para o objeto e depois para a caixa na qual o objeto deverá ser colocado).
No que se refere ao primeiro fator, pode-se citar aqui o estudo realizado por Harris et
al. (1988) que teve como um dos objetivos verificar a existência de alguma relação entre o uso
da palavra pela mãe e seu uso inicial pela criança (de forma presa ao contexto ou referencial).
A partir dos dados, pôde-se concluir que o uso materno mais freqüente era o que servia de
modelo para a criança, sendo também observada a existência de três tipos de relações entre o
uso da criança e o uso materno: (a) todas as palavras que foram utilizadas pelas mães de
forma presa ao contexto foram adquiridas pelas crianças da mesma maneira – embora uma
11
Embora o instrumento de coleta utilizado por esta pesquisa não forneça informações desse tipo – entre outras
que serão abordadas posteriormente –, uma breve revisão dos achados da literatura a respeito desses usos iniciais
torna-se de fundamental importância para um melhor entendimento do processo de desenvolvimento lexical.
31
parte das palavras que eram utilizadas pela criança dessa forma fosse utilizada de formas
variadas pelas mães; (b) ao menos em alguns casos, um uso da palavra torna-se freqüente
simplesmente porque estava inserido num contexto no qual a criança era particularmente
responsiva; e (c) a alta freqüência e a consistência comportamental da palavra no input
lingüístico para a criança são os únicos fatores que afetam o desenvolvimento lexical.
Quanto ao segundo fator, o trabalho realizado por Halliday (1975 apud INGRAM
1989), com base no desenvolvimento do seu filho Nigel, aponta seis funções comunicativas
sendo que apenas quatro estarão presentes na fase inicial do desenvolvimento: a função
instrumental – usada para satisfazer as necessidades da criança para obter bens ou serviços: a
função “eu quero”; a função regulatória – usada para controlar o comportamento dos outros:
a função “faça como eu disse”; a função interacional – usada para interagir com aqueles que
estão ao redor da criança: a função “eu e você”; e a função pessoal – usada para expressar a si
próprio: a função “aqui estou”. As outras duas funções – heurística e imaginativa –
emergiriam posteriormente.
Essas quatro funções foram resumidas em duas mais gerais que são atribuídas a essas
primeiras palavras – também atribuídas aos gestos no período que precede a fala (Cf.
BARRET, 1993): a função expressiva – na qual a criança expressa estados internos, como
estados afetivos e reações a ações e objetos (e.g. prazer, angústia, surpresa, rejeição, etc.); e a
função diretiva – na qual a criança faz uso da língua como meio para dirigir ações e
comportamentos de outras pessoas (e.g. ordens, pedidos, obter e/ou dirigir a atenção de
outros).
Kuczaj e Barret (1986) apontam três fases gerais de aquisição lexical. A primeira
começa por volta dos 10-12 meses de idade e vai até aproximadamente os 16-18 meses. Nesta
fase, sons idiossincráticos e palavras que não parecem ser usadas de maneira referencial
“verdadeira” são usadas num contexto muito específico. Além disso, o crescimento do
vocabulário é relativamente lento, com a adição de 1 a 3 palavras por mês no seu léxico
produtivo. As primeiras palavras que surgem são presas ao contexto e/ou sociais pessoais. A
segunda fase é caracterizada pelo início de uso da palavra de forma referencial. Os nomes
convencionais são aprendidos rapidamente – entre 20 e 50 palavras novas por mês – com
erros no uso inicial dessas palavras. E a terceira fase, que se inicia por volta dos 3 anos de
32
Algumas palavras produzidas podem ter o seu uso inicial limitado a um número de
situações. Acontece que esse número não é mais limitado por eventos externos, mas eventos
que parecem refletir um estado particular interno sentimental da criança. Dore et al. (1986
apud BARRET, 1993) fornecem o exemplo do enunciado “[ae::]”, produzido enquanto a
criança olhava para um fantoche, brincava com chapéus, brincava num cavalo, andava ao
redor da sala com um copo na mão – em todas essas ocasiões o sentimento prazeroso era
aparente. Bates et al. (1979) dão o exemplo de uma outra criança que produzia “[dada]”
sempre que estava alegre e outra que produzia “[mama]” enquanto chorava de raiva.
Entretanto os estudos realizados por Barret (1986) e por Bates et al. (1979) não apóiam a
afirmação de que tais palavras sejam adquiridas antes das palavras presas ao contexto. Os
dados sugerem que, se essas palavras são adquiridas no período inicial pelas crianças, são
adquiridas ao mesmo tempo que as presas ao contexto.
Muitas vezes, existe uma modificação do uso de palavras presas ao contexto, i.e., a
palavra permanece presa ao contexto mas há uma extensão na variedade de agentes que
podem realizar a ação ou na variedade de objetos que podem aparecer no contexto da
eliciação. Por exemplo, Adam só pronunciava a palavra “cachorro” enquanto outra pessoa
apontava para uma determinada figura. Depois, ele passou a eliciar a palavra quando ele
próprio apontava, ou uma outra pessoa, para a mesma figura (BARRET, 1986, 1997).
Para Nelson (1985), as primeiras palavras não têm uma “base conceptual”, já que
elas referem, mas ainda não denotam, não simbolizam. Na sua concepção (NELSON, 1985, p.
83), “[...] as primeiras viagens da criança em direção à língua são amparadas pelo seu
entendimento e por participações em rotinas. Durante esta fase, as palavras não têm
significados fora desses eventos”i. Como conseqüência, os usos são presos ao contexto12. A
passagem para o uso da palavra como símbolo, como uso de forma livre, referencial, é
explicada a partir da idéia do insight da nomeação.
Alguns autores (Cf. BARRET, 1993; HARRIS et al., 1988, 1995) propõem a
existência de uma severa descontinuidade no desenvolvimento lexical durante o período
holofrásico, visto que, conforme dito acima, a criança ainda não tem o entendimento de que a
palavra pode ser usada em diferentes situações. Esse entendimento surge a partir de um
insight fundamental das propriedades simbólicas das palavras, ou seja, a noção repentina de
que as palavras podem ser usadas para nomear objetos e ações. As conseqüências desse
insight da nomeação são: a descontextualização de palavras presas ao contexto e a aquisição
de palavras referenciais.
Existem dúvidas acerca dessa idéia de que todas as crianças adquirem o insight da
nomeação durante a metade do período holofrásico já que (a) algumas crianças o adquirem
antes de começar a produzir suas primeiras palavras e (b) a noção de que surgem
repetinamente é descartada pelo fato de que algumas crianças podem começar a
descontextualizar as palavras presas ao contexto muito cedo, logo após a aquisição das
primeiras palavras, e que esse processo de descontextualização pode continuar gradualmente,
i.e., palavra por palavra, por muitos meses. Entretanto, conforme salientam Harris et al.
(1988), é prematuro concluir que o insight da nomeação nunca ocorre.
12
Cf. Seção 2.3.4 Teoria da Representação de Eventos
35
Muitas vezes, essas palavras referenciais não são usadas pela criança da mesma
forma que o padrão adulto. A literatura atesta casos de crianças que utilizam a palavra
“cachorro”, por exemplo, para se referir a uma série de animais de quatro patas, como
“gatos”, “cavalos”, “bois”, “vacas”; ou que utilizam a palavra “bola” para uma série de
objetos redondos ou circulares – “maçã”, “laranja”, “pratos”, etc. Esse fenômeno é
36
O fenômeno oposto também pode ocorrer. Por exemplo: a criança utiliza a palavra
“mamadeira” apenas para se referir a mamadeiras de plástico, não utilizando o termo para
nenhum outro tipo de mamadeira (um desenho de uma mamadeira, uma mamadeira de
madeira, etc.) Este fenômeno foi denominado de “subextensões”, ou seja, o uso de uma
palavra referencial para se referir apenas a um subconjunto de toda a gama de objetos, ações,
estados ou propriedades. Tais fenômenos recebem muita atenção da literatura a respeito do
desenvolvimento lexical inicial. Estima-se que entre 12 a 29% dos nomes de objetos sejam
subestendidos e que entre 7 a 33% sejam superestendidos durante o período inicial14. O final
da superextensão ocorre em conjunto com a aquisição de novos nomes para objetos
(RESCORLA, 1981). Esses fenômenos são mais incidentes na produção. Fremgen e Fay
(1980 apud KUCZAJ, 1986) descobriram que palavras superestendidas na produção não são
na compreensão.
13
Uma abordagem mais ampla a respeito de protótipos será oferecida no tópico 2.3.3 Teoria do Protótipo, a
respeito das teorias sobre o desenvolvimento fonológico.
14
Para uma maior discussão, Cf. os trabalhos desenvolvidos por Barret (1986, 1993, 1997); Dromi (1987);
Ingram (1989); Kuczaj (1986), entre outros.
37
2.2.4 A Descontextualização
palavra presa ao contexto ou sociopragmática pode continuar sendo utilizada da mesma forma
durante o primeiro e o segundo ano de vida.
2.3 TEORIAS
A Teoria do Traço Semântico, proposta por Clark (1973, 1975 apud BARRET, 1997;
NELSON, 1985), tem como postulado principal a idéia de que o significado das palavras é
composto por unidades menores e primitivas denominadas “traços semânticos” , i.e., [+objeto,
+animado, +bípede, +penas, etc.], que são utilizados como critérios na aplicação da palavra.
Esses traços são adquiridos um a um, durante um certo período de tempo, da ordem do mais
geral para o mais específico. Ao adquirir pares antônimos ou semanticamente contrastantes, o
termo positivo é o que é adquirido primeiro (e.g, mais e alto são adquiridos primeiro do que
menos e baixo) (DROMI, 1987). Para Clark, os traços mais salientes para a criança são forma
e movimento e, a partir desses traços, a criança os vincula a um determinado referente
(NELSON, 1985). Por exemplo, o traço [+quatro patas] será ligado à palavra “cachorro” e o
39
termo “cachorro” a uma série de outros animais de quatro patas como “gatos”, “cavalos” e
“vacas” – o que explicaria a ocorrência da superextensão na fala infantil. A superextensão
também é justificada pelo fato de a definição da palavra ser incompleta (DROMI, 1987).
Dessa forma, todas as palavras seriam inicialmente superestendidas, desaparecendo este
fenômeno após a adição de traços cada vez mais específicos.
Esta teoria apresenta uma série de contratempos, sendo duramente criticada por
Nelson, Bowerman, Schlesinger, entre outros. (Cf. DROMI, 1987). Ficou evidenciado,
através de outros estudos desenvolvidos, que nem todas as palavras são superestendidas e,
quando esse fenômeno acontece, não ocorre num período inicial na aquisição. Além disso, é
impossível determinar os conjuntos de traços semânticos que compõem os significados de boa
parte das palavras. A teoria não aborda outros aspectos do DLI, centrando-se apenas na
explicação da superextensão. Esta teoria foi abandonada pela autora e, na década de 80, uma
nova hipótese foi formulada.
Abandonando a idéia de traços semânticos, Clark (1993; 1987; 1990 apud BARRET,
1997) passa a adotar a idéia de “contrastes lexicais”, que são “[...] representações dos
contrastes que existem entre os significados das diferentes palavras” (BARRET, 1997, p.
311), e é um dos princípios de operação, juntamente com o princípio da convencionalidade,
dominante no processo de desenvolvimento lexical. O princípio do contraste significa que
“[...] a criança presume que qualquer palavra nova deve contrastar, em seu significado, com
outras palavras já conhecidas pelas crianças” (BARRET, 1997, p. 311), o que a leva a
procurar possíveis contrastes entre as palavras. Já o princípio da convencionalidade leva a
criança a buscar meios convencionais para se referir às entidades. Significa, portanto, que a
criança presume que sempre existem formas lingüísticas convencionais que se podem referir a
determinadas entidades e, uma vez reconhecidas, permitem que a criança adquira as palavras
que elas ouvem do input ao seu redor, i.e., “[...] para certos significados, existe uma forma
que os falantes esperam que seja usada na sua comunidade lingüística” (CLARK, 1993, p.67).
40
A visão defendida por Clark em suas teorias é a de que os significados da criança são
versões incompletas dos significados adultos (DROMI, 1987; GOPNIK; MELTZOFF, 1986),
visão esta que não encontra o respaldo da grande parte dos pesquisadores de linguagem
infantil.
Os eventos que se repetem com freqüência no cotidiano das crianças permitem que
elas acumulem um conhecimento destes e, desta forma, de acordo com esta teoria, as
primeiras palavras produzidas pelas crianças estão encaixadas numa determinada
“[...]representação de evento ou produzidas pela criança em resposta à instanciação global de
uma representação de evento” (BARRET, 1997), ou seja, as primeiras palavras produzidas
pelas crianças estão ligadas a situações que ocorrem regularmente em suas brincadeiras e/ou
rotinas e intercâmbios sociointerativos. São, pois, presas ao contexto ou sociopragmáticas por
natureza. No tocante à compreensão, tal teoria postula que existe um acúmulo de
conhecimento dos eventos que se repetem com freqüência no seu cotidiano, o que permite que
a criança adquira
nos usos iniciais. Embora explique de forma bastante pertinente a aquisição de palavras
referenciais e de palavras presas ao contexto, a presente teoria não acomoda grande parte dos
dados empíricos em relação a estes fenômenos.
Proposto por Barret (1983, 1986, 1993, 1997), tal modelo tem como meta explicar o
desenvolvimento dos significados das palavras referenciais, sociopragmáticas e presas ao
contexto. Aproveitando algumas das afirmações das teorias anteriores, a do protótipo e a da
representação de eventos, esta teoria postula a existência de dois tipos de representações
internas, a partir da adoção de duas rotas principais no desenvolvimento lexical: uma para
palavras referenciais e outra para as sociopragmáticas e para as palavras presas ao contexto.
Desta forma, as primeiras seriam mapeadas, inicialmente, junto às representações mentais de
referentes prototípicos, ao passo que as segundas se ligariam às representações de evento. Este
modelo se justifica pelas evidências apontadas por Nelson (1985) quanto à existência de
representações de evento já no momento em que as crianças começam a adquirir suas
primeiras palavras, e, também pela evidência de que “[...] as crianças já adquiriram conceitos
prototipicamente estruturados antes de adquirir qualquer palavra” (BARRET, 1997, p. 314).
assertiva, ainda não é certo se todas as palavras referenciais se enquadram nos mesmos
padrões evolutivos previsto pelo presente modelo.
Dessa forma, a análise dos dados foi feita à luz de descobertas mais gerais a respeito
da aquisição de determinadas classes de palavras, comparando-os com os dados de outras
línguas e aproximando-os, na medida do possível, das descobertas lingüísticas a respeito da
ponte que une o desenvolvimento cognitivo e o aparecimento de determinada classe de
palavra. Quanto ao desenvolvimento cognitivo, foram levadas em consideração não apenas as
15
Cf. O Capítulo 3 Instrumento e Método
45
(iv) a compreensão inicia cedo, por volta dos 0;9 meses e atingir a média de 50
palavras compreendidas ocorre por volta de 1;1;
16
É comum na literatura sobre a linguagem infantil marcar a idade dessa forma, indicando, respectivamente, ano,
mês e, eventualmente, após um ponto, o dia. Tal marcação também será adotada no presente trabalho.
17
Estudo longitudinal de 8 crianças entre 9 e 18 meses de idade.
46
Com a aquisição de 50 palavras produtivas, o que, em geral, acontece entre 1;5 e 1;7,
a aquisição de palavras começa a acelerar. Esta aceleração foi denominada pela literatura de
“explosão do vocabulário”, ou seja, um fenômeno que envolve o rápido aumento no número
de palavras produzidas (GOLDFIELD; REZNICK, 1990), geralmente numa categoria
particular que é a dos nomes comuns – ou gerais (POLIN-DUBOIS; GRAHAN; SIPPOLA,
1995). Gopnik e Meltzoff (1987 apud GOLDFIELD; REZNICK, 1990) acreditam que as
crianças começam a expandir o seu vocabulário rapidamente pois adquirem o entendimento
de que todas as coisas podem ser categorizadas. Entretanto, Goldfield e Reznick (1990)
acrescentam que essa explosão – melhor definida em termos de uma “explosão de
nomeação”18 já que, segundo eles, a maior incidência neste período é a de palavras para
objetos (3/4 das palavras) – depende do entendimento de que as coisas podem ser nomeadas.
As conseqüências dessa explosão são: (a) tendência das palavras a serem superestendidas; e
(b) mais do que apenas nomear objetos salientes, as crianças começam a nomear todos os
objetos que passam pelo seu campo de visão (GOPNIK; MELTZOFF, 1986).
18
A “explosão da nomeação” é diferente do “insight da nomeação”, embora aquela possa ser considerada
conseqüência desta. A primeira se refere ao crescimento rápido do vocabulário ao passo que a segunda refere-se
à noção repentina de que as coisas têm um nome, i.e., a aquisição de palavras referenciais e a
descontextualização de presas ao contexto.
47
estilo, outras são atestadas pela literatura. Conforme ressaltam Bates, Dale e Thal (1997, p.
88), as diferenças individuais, decorrentes, possivelmente, de fatores genéticos, ambientais e,
principalmente interacionais são enormes, tanto “[...] no tempo de início e no ritmo de
crescimento de cada um destes componentes, variações estas que são tão grandes a ponto de
desafiar e limitar a noção de uma programação biológica ou de um cronograma maturacional
universal para o desenvolvimento inicial da linguagem”.
Para Kuczaj (1986), as crianças começam a construir o que eventualmente será o seu
léxico aprendendo a comentar sobre aspectos salientes em seu meio. Clark (1979) afirma que
as primeiras 50 palavras que as crianças adquirem hoje pertencem às mesmas categorias de 50
anos atrás e que as palavras que ocorrem mais freqüentemente em cada categoria são
basicamente as mesmas19. Desta forma, palavras para comida, partes do corpo, roupas,
animais, veículos, utensílios da casa envolvidos em rotinas diárias e pessoas são as categorias
mais comuns (Cf. BENEDICT, 1979; CLARK, 1979; FENSON et al., 1993 apud BARRET,
1997). O que leva muitos autores a acreditarem que essas palavras referem-se ao “aqui e
agora”. Destas palavras, todas incluem-se na categoria que é denominada de nomes gerais. Os
dados dispostos na Quadro 120, a seguir, confirmam isso:
19
Vale ressaltar que essas informações são provenientes da língua inglesa, quer dos Estados Unidos, quer do
Reino Unido.
20
Devido a uma dificuldade bibliográfica, muitos dos artigos não foram conseguidos. Os dados aqui dispostos
são, em sua grande maioria, encontrados dispersos em artigos de outros autores que têm objetivos específicos.
Assim, os dados mais completos aos quais se teve acesso foram os de Benedict (1970).
48
Palavras de outras categorias como “não”, “mais”, “(em)bora” também são atestadas
como freqüentes nos usos iniciais das crianças – embora a maioria dos estudos aponte apenas
as palavras para objetos (GOPNIK; MELTZOFF, 1986). Geralmente, esses tipos de palavras
21
Os 4% restantes foram inseridos na categoria “outros”.
49
correspondem a palavras que ocorrem como uma oração ou na posição final de uma oração na
fala adulta sendo, portanto, mais perceptualmente salientes (CHAPMAN, 1981 apud
BRIDGES, 1986).
Bridges (1986) salienta o quão ingênuo é admitir que todas as produções iniciais das
crianças são tentativas de nomear objetos e que, assumir que a criança, ao produzir um nome,
o esteja utilizando para nomear objetos é um perigo. Por isso, a investigação do contexto de
uso torna-se de fundamental importância.
2.5.1 Categorização
Não se sabe ao certo de que maneira uma criança compreende uma palavra da língua
adulta, visto que tanto o entendimento do significado quanto o uso de uma palavra pelo
infante pode diferir do significado adulto atribuído à palavra. Então, de que forma categorizá-
50
la? Muitos estudos a classificam tendo como base as categorias sintáticas – nome, verbo,
adjetivo, etc. – da língua adulta. Sobre as implicações dessa rotulação, McShane, Whittaker e
Dockreel (1986, p. 277-278) afirmam:
22
Uma melhor explanação será oferecida no Capítulo 3 Instrumento e Método.
52
desenvolvimento lexical. São muitos dados, muitas informações, e, como o “objeto” de estudo
são seres humanos, os achados de uma pesquisa muitas vezes divergem dos de outras.
Entretanto, conforme demonstrado acima, em linhas gerais, as crianças parecem seguir um
processo similar de aquisição lexical. Esta seção tem como objetivo expor os dados de mais
algumas pesquisas.
O estudo realizado por Benedict (1979)23 teve como objetivos verificar qual a
relação, quantitativa, existente entre as primeiras palavras compreendidas e as produzidas;
quais tipos de palavras eram apreendidas e como se caracterizava a distribuição dessas
palavras nos domínios da compreensão e da produção. Além dos achados que se encontram na
seção 2.4 Do ritmo de aquisição das primeiras palavras, a autora conclui que, nas 50 primeiras
palavras, duas categorias semânticas predominam: a dos nomes gerais (39%) e a das palavras
de ação (36%), que, juntas, perfazem um total de 75%24. Além disso, ela verificou que, com
10 palavras produzidas, as crianças eram capazes de compreender aproximadamente 60,22
palavras, com uma variação de 30 a 182 palavras.
23
Estudo longitudinal de 8 crianças entre 9 e 18 meses de idade.
24
Achados que se aproximam do de Nelson (1973 apud BRIDGES, 1986). Nomes gerais: 50%; Nomes
específicos: 15%; Palavras de ação: 33% e Palavras não-nominais: 2%.
53
25
Este trabalho foi o único presente nesta bibliografia que verificou a variável socioeconômica. Geralmente, a
maior parte dos dados provenientes são de crianças filhas de pais escolarizados, ou provenientes de estudos de
diários realizados pelos pesquisadores a respeito dos próprios filhos.
54
2.6.4 Bates, Marchman, Thal, Fenson, Dale, Reznick, Reilly e Hartung (1994)
No estudo realizado por Harris et al. (1995), em 6 crianças a partir de 0;6, houve uma
variação na idade na qual os seus sujeitos começaram a compreender as palavras embora, de
uma forma bastante similar, todos tenham começado mais ou menos no mesmo período. A
55
criança mais precoce mostrou o seu entendimento da palavra clock aos 0;7.7 e o seu próprio
nome aos 0;7.21, enquanto que a criança menos precoce só demonstrou compreender o seu
nome as 0;8.16. A maior variação ocorreu na velocidade na aquisição de palavras – em
compreensão: ao passo que algumas crianças apresentavam 68 palavras compreendidas a 1
ano de idade, outras apresentavam apenas 10. Houve também variação na quantidade de
palavras compreendidas e o início da produção: nem todas as crianças começaram a produzir
depois de adquirir 20 palavras ou mais na compreensão, indo de encontro à afirmação de
Nelson de que a primeira palavra só é produzida após a compreensão de aproximadamente 20.
2.7 EM SÍNTESE
Esta breve revisão da literatura teve como objetivo discorrer um pouco a respeito das
descobertas sobre esta fase inicial de construção do vocabulário. Muitas são as descobertas e
maior ainda a quantidade de dados provenientes de diversos estudos interessados nesta
construção. A descrição e uma tentativa de explicação desse processo envolvem a análise de
uma série de fatores, como a habilidade cognitiva, a entrada lingüística, os processos
sociointeracionais, o(s) contexto(s) (de uso), entre outros. Entretanto o objetivo maior é
mostrar a crença de que a aquisição das primeiras palavras, um ponto num contínuo no
desenvolvimento comunicativo, não é autônoma em relação ao desenvolvimento cognitivo
nem em relação ao meio social da criança. É, ao contrário, dependente desses e vice-versa,
fazendo-se necessário ter sempre em mente as diferenças individuais no ritmo, na velocidade,
no estilo de aquisição. Esses pontos devem ficar bem marcados já que o instrumento de coleta
aqui utilizado não permite a investigação desses fatores, conforme descrito no capítulo
seguinte, caracterizando-se por ser quantitativo.
denominadas de holófrases, não são utilizadas de forma referencial, mas sim de forma presa
ao contexto, a situações que se repetem com freqüência no cotidiano infantil, sendo
necessário, portanto, a análise do contexto de uso para a atribuição de um significado. Tudo
indica que o tipo de fala que é dirigida à criança, i.e., uma fala mais referencial, centrada na
nomeação de objetos e eventos ou uma fala mais expressiva, centrada em acontecimentos
sociais, influencia nos tipos das primeiras palavras que são adquiridos, sendo que, a partir de
um certo momento, por volta dos 18 meses, esta influência não possui mais tanta força. Ao
contrário do que se acreditava, muitos diferentes tipos de palavras são adquiridas nesta fase
inicial e a distribuição de palavras no nível da compreensão e da produção é diferente no nível
de 10 a 50 palavras, estabilizando-se após a aquisição de aproximadamente 60 palavras. A
maior parte das informações disponíveis é proveniente de crianças adquirindo o inglês.
Poucos estudos foram realizados tendo como corpora crianças tão novas. Haverá diferenças
com relação a itens lexicais individuais no processo de desenvolvimento lexical em crianças
adquirindo o português? As categorias predominantes no nível da compreensão e da produção
serão as mesmas que aquelas do inglês? As diferenças culturais serão bem marcadas nesta
fase tão inicial da aquisição?
57
3 INSTRUMENTO E MÉTODO
[...] podemos fornecer uma visão
excepcionalmente clara das mudanças evolutivas dos 8
aos 30 meses de idade e podemos estabelecer os limites
de variação
BATES et al., 1997
58
P
ara a composição do corpus deste trabalho, o protocolo Palavras e Gestos dos
Inventários MacArthur de Desenvolvimento Comunicativo (MacArthur
Communicative Development Inventories – Words and Gestures) foi adotado como
instrumento de pesquisa. Tais inventários (CDI’s26) foram desenvolvidos após,
aproximadamente, 15 anos de pesquisa por estudiosos interessados em desenvolver um
instrumento que fosse capaz de fornecer informações sobre o curso do desenvolvimento
lingüístico, desde os primeiros sinais gestuais não-verbais até a expansão do vocabulário
inicial e o início da gramática, sendo a princípio elaborado para fins de pesquisa e,
posteriormente utilizado para fins clínicos (FENSON et al., 1993). Inicialmente composto por
quatro protocolos (ou formulários), após o estudo normativo realizado em 1993 por Fenson et
al. (EUA), tal instrumento passou a ser composto por apenas dois formulários: um para
crianças de 8 a 16 meses de idade, denominado Palavras e Gestos, e outro para crianças de 16
a 30 meses, denominado Palavras e Sentenças. O estudo normativo final da versão americana
contou com a participação de 1 803 pais de crianças entre 8 e 30 meses: 673 crianças na faixa
etária do primeiro protocolo; 1 130 crianças na faixa etária do segundo – um mínimo de 30
crianças de cada sexo estava representado em cada uma das faixas etárias.
26
Communicative Development Inventories.
27
Uma cópia do protocolo, nas versões americana, mexicana e brasileira, encontra-se no Anexo.
59
4) a quarta Seção D, a maior do formulário, é composta por uma lista de 396 itens
organizados em 19 categorias semânticas. Dez destas categorias incluem substantivos (1.
“nomes de animais”; 2. “veículos”; 3. “brinquedos”; 4. “comida e bebida”; 5. “roupas”; 6.
“partes do corpo”; 7. “móveis e aposentos”; 8. “utensílios da casa”; 9. “objetos e lugares fora
61
de casa” e 10. “pessoas”). As outras categorias incluem 11. “efeitos sonoros e sons de
animais”, 12. “jogos e rotinas”; 13. “verbos”; 14. “qualidades e atributos”; 15. “pronomes”;
16. “palavras interrogativas”; 17. “preposições e locativos”; 18. “quantificadores” e 19.
“palavras de tempo”. Esta seção foi planejada para que os pais indiquem as palavras que seus
filhos apenas compreendem e aquelas que eles compreendem e produzem (Cf. os formulários
em anexo). Uma tentativa de realizar uma investigação do tipo: produz mas não compreende
foi realizada, porém sem grandes sucessos, pois os pais não conseguiam fazer tal distinção
(FENSON et al., 1993; BATES; DALE; THAL, 1997).
4) na Seção D, Fingindo ser pai ou mãe, criada a partir dos postulados de Piaget a
respeito do simbólico, são listados os primeiros tipos verdadeiros de gestos dessa natureza,
precedidos apenas por alguns gestos similares direcionados para o corpo;
62
Esta última parte não se constitui em objeto de análise do presente estudo. Porém
alguns dados dela provenientes são utilizados, quando necessário, a fim de fornecer
informações adicionais, qualitativas, na análise dos dados da primeira parte.
protocolos via correio; e um outro, utilizado apenas para o segundo protocolo, de entrevistar
os pais pessoalmente, procedimento este denominado método da sala de espera porque os
pais entrevistados encontravam-se na sala de espera de uma clínica.
de 01 gesto na seção A: “Chama alguém com as mãos fazendo o gesto de vem”. A seção B foi
a que apresentou maiores modificações já que brincadeiras como patty cake, so big e chasing
games não são culturalmente pertinentes. Em contrapartida, os jogos “pega-pega”, “cantar
nana neném”, “parabéns para você” e “atirei o pau no gato” foram inseridos. Na seção D, o
gesto wipe its face or hands foi retirado. Na seção E, o gesto vacuum foi substituído por
“rezar”. Ademais, na última página do protocolo, foi acrescentada uma ficha de anamnese,
tendo como base a ficha elaborada para a versão mexicana.
O foco de atenção deste estudo é o terceiro grupo de itens. Para o processo de sua
adaptação, além das duas versões (a americana e a mexicana), informações provenientes de
diários parentais de duas crianças brasileiras (TEIXEIRA, 1995) e de testes de eliciação
desenvolvidos pela equipe do PROAEP (SANTOS, 2001), além de sugestões de duas
pesquisadoras foram levadas em consideração. Como este é um estudo piloto para a
elaboração da versão final do Inventário, constituindo-se, portanto, num processo de caráter
dinâmico, ao envolver uma série de testagens, sugestões foram aceitas e alguns itens foram
deixados justamente para se verificar a sua eficiência ou não na fala das crianças. Todos os
itens da versão em inglês passaram por um processo de triagem para assegurar a relevância
lingüística e cultural na versão brasileira. Para tanto, algumas modificações foram realizadas,
como a expansão da categoria “Pessoas”, a fim de acrescentar os itens “madrinha” e
“padrinho”; a exclusão de alguns itens das categorias “Animais”, “Comidas e Bebidas”,
“Utensílios da Casa” por razões culturais, entre outras modificações apresentadas a seguir.
Visto que o português, assim como o espanhol, é uma língua morfologicamente rica
em termos de flexão, algumas categorias foram expandidas para poder refletir, no caso do
primeiro protocolo, o gênero dos artigos e dos pronomes. Em português, os artigos variam de
acordo com o gênero e o número do nome que acompanha (i.e., o, a, os, as, um, uma, uns,
umas), ao contrário do inglês em que apenas uma única forma é usada para o artigo definido
(i.e., the) ou duas (i.e., a, an) para o indefinido. O mesmo acontece com a categoria dos
“Pronomes”. No inglês, os dois pronomes demonstrativos “this” e “that” se expandem em seis
formas no português, i.e., “este”, “esta”,“isso”; “aquele”, “aquela”, “aquilo” (sem falar na
distinção “este/esse” e a flexão de plural).
67
U
m
t
o
t
a
l
jogos e rotinas
brinquedos
utensílios da
partes do corpo
quantificadores
locativos
aposentos
pronomes
perguntas
roupas
artigos
veículos
qualidades e
estados
sons de coisas e
lugares fora
animais
palavras de
palavras de
comidas e
preposições
pessoas
móveis e
bebidas
objetos e
atributos
de animais
tempo
ação
casa
d
e
Um total de 56 itens foi retirado da versão americana ao passo que outros 81 itens
foram acrescidos. O aumento no número de itens lexicais, um acréscimo total de 25 itens,
deve-se a razões culturais, i.e., itens lexicais considerados recorrentes na fala de crianças
brasileiras. Contudo a razão maior do aumento no número de itens deve-se à inclusão dos
artigos e dos pronomes, em maior número na língua portuguesa.
28
Cf. Quadro com os dados deste gráfico, no Apêndice A.
68
Após uma adaptação prévia, a versão em português foi lida juntamente com a versão
americana por duas outras pesquisadoras: uma inglesa, mãe de dois filhos, falante fluente de
português e estudante do curso de Mestrado do Programa do Instituto de Letras da UFBA,
área Aquisição e Ensino de Língua Materna; e uma pesquisadora, com o título de Mestre das
mesmas Instituição e área.
Todos os itens desta categoria, 100% composta por onomatopéias, foram adaptados
para o nosso idioma. Desta forma, para meow tem-se “miau”; para woof woof, “au-au!”; para
moo, “muu”; para quack quack, “quá quá/ qüen qüen”, para vroom, “bibi!”, para
cockadoodledoo, “cocorocococó”. Os itens baa baa, choo choo, ouch, oh uh e yum yum
foram substituídos por outros itens considerados mais recorrentes em nossa realidade: “ai!”,
“bibi!”, “mééé”, “piu-piu”, “toc toc” e “ui!”, encontrando o respaldo em livros infantis (O
COELHINHO..., 2003; TREEHOUSE, 2001) e estando também presentes no segundo
protocolo, Palavras e Sentenças, que já passou por 3 fases no processo de validação.
Dos 36 itens presentes na versão americana, 8 foram retirados por não fazerem parte
do universo infantil das crianças brasileiras (e, em alguns casos, até mesmo do universo
adulto). São eles: deer (veado), goose (ganso), lamb (cordeiro), owl (coruja), penguin
(pingüim), pony (pônei), squirrel (esquilo) e turkey (peru). Os itens kitty (gatinho), puppy
29
Cf. Apêndice B, para uma melhor visualização.
69
(cachorrinho) e teddy bear (ursinho) foram retirados por expressarem a idéia de diminutivo
que, no português, é expressa através de sufixação. Em compensação, 9 itens foram
acrescentados: “aranha”, “barata”, “cobra”, “formiga”, “lagartixa”, “jacaré”, “lobo”, “mosca”
e “onça”, totalizando 34 itens.
Dos 9 itens presentes nesta categoria, apenas 1, fire truck (caminhão de bombeiro),
foi retirado já que tal item não se mostrou produtivo em testes de eliciação realizados pelo
PROAEP (Cf. SANTOS, 2001). Em contrapartida, por apresentarem-se recorrentes em testes
de eliciação, 4 itens foram acrescentados: “ambulância”, “barco”, “carro de polícia” e
“trator”, perfazendo um total de 12 itens na versão brasileira.
3.1.4.d Brinquedos
Nesta categoria, apenas 1 item, bubbles (bolinha de sabão) foi retirado por se
apresentar, em linhas gerais, redundante com a forma “bola” em português. Apenas 3 itens
foram inseridos: “lápis”, “pião” e “tambor”, totalizando 10 itens.
3.1.4.e Roupas
Nesta categoria, 4 itens da versão americana foram retirados por não se apresentarem
recorrentes no universo infantil: beads (colar de contas), coat (casacão, jaqueta), jeans e boots
(bota). Outros 5 itens foram inseridos, totalizando 20 itens: “camisa”, “chinelo”, “calcinha”,
“cueca” e “saia”.
70
Apenas 5 itens desta categoria não foram aproveitados: cracker (biscoito), cheerios
(tipo de cereal) e noodles (macarrão), por se apresentarem redundantes, em português, com as
formas inglesas: cookie <biscoito>, cereal <cereal> e spaghetti <macarrão>; peas (ervilha) e
raisin (passas) foram retiradas por serem consideradas pouco freqüentes. Outros 7 itens foram
acrescentados: “melancia”, “mingau”, “sopa”, “papinha”, “mamão”, “bolacha” e “uva”,
considerados recorrentes no universo infantil.
Apenas 1 item foi retirado, toe (dedos do pé), por se apresentar ‘redundante’ em
português, com as formas já presentes no protocolo, “dedo” e “pé”, perfazendo um total de 19
itens lexicais nesta categoria.
Dos 24 itens presentes nesta categoria, 2 foram retirados oven (forno) e high chair
(cadeira). O primeiro por ser considerado muito específico, sendo mais utilizado o termo
“fogão”. E o segundo por ter como forma equivalente a palavra “cadeira”. Não houve
acréscimos.
Dos 36 itens presentes na versão americana, 6 foram retirados. bowl (tigela), hammer
(martelo), vaccum (aspirador de pó) e penny (moeda) foram retirados por serem considerados
pouco recorrentes no universo infantil; lamp (lâmpada) foi considerado juntamente com “luz”
71
e watch (relógio) por se apresentar redundante em português, já que não existem duas formas
distintas em português, como em inglês (watch relógio de pulso ou de bolso e clock = “relógio
de mesa ou de parede”). Apenas 2 itens foram acrescidos: “faca” e “computador”.
Apenas home (lar) e snow (neve) foram retirados. O primeiro por ser redundante
(home, house = “casa”) e o segundo por não fazer parte do universo infantil de boa parte do
país. Apenas 01 item foi acrescentado: “nuvem”.
Os itens don’t (não) e hello (olá) foram retirados por se apresentarem redundantes
(não e oi/olá, respectivamente); e paty cake (tipo de brincadeira) por razões culturais. Em
contrapartida, “saúde!”, “beijinho”, “bom dia” e “um, dos, três, já!” foram acrescentados,
perfazendo um total de 20 itens.
3.1.4.m Pessoas
Os itens people (pessoas) e person (pessoa) foram retirados por serem considerados
muito específicos para crianças tão novas. uncle (tio) e grandpa (vovô) foram redistribuídos e
colocados, na versão em português, juntamente com “tia” e “vovó”, por apresentarem, em
linhas gerais, a mesma forma, diferenciando-se apenas quanto à flexão de gênero.
72
Nesta categoria, apenas 1 termo, bump (bater, esbarrar) não foi considerado por se
apresentar redundante com a forma hit. Dois outros itens “ficar” e “passear” foram
acrescentados.
Nesta categoria, composta por 41 itens na versão brasileira e não por 39, conforme
consta no formulário, 6 itens lexicais foram retirados: muitos por se apresentarem redundantes
no português, como é o caso de pretty (lindo), nice (bonito, amável, lindo), fine (bonito,
ótimo, delicado), sendo apenas um deles considerado e yucky, dirty = “sujo”; all gone, melhor
expresso na forma verbal “(a)cabou”; careful (cuidadoso) (delicado) por exprimirem uma
idéia muito abstrata; 10 itens lexicais foram acrescentados: “azul”, “amarelo”, “verde”,
“cheio”, “cheiroso”, “esperto”, “mole”, “sapeca/levado”, “novo” e “pesado”.
Nesta categoria, apenas a palavra tonight foi retirada, já que a tradução do termo
implica dois itens lexicais já presentes nesta categoria: “hoje” e “noite”. Duas outras palavras:
“cedo” e “ontem” foram acrescentadas, perfazendo um total de 9 itens nesta categoria.
3.1.4.q Perguntas
Nenhum item lexical foi acrescido ou retirado. Apenas o termo “onde” registrado
como “cadê”.
73
3.1.4.r Pronomes
Composta por 8 itens na versão americana, tal categoria teve um acréscimo de 4 itens
na versão brasileira, a saber: “de novo”, “já”, “muito”, e “todo(a)”. Os itens another (outro) e
no (não) não foram considerados, por se apresentarem redundantes. O item none foi dividido
em dois: “nada” e “nenhum”. O item same (mesmo) não foi considerado por se apresentar
muito abstrato para crianças tão novas.
3.1.5 Representatividade
que as categorias “efeitos sonoros”, “jogos e rotinas”, “pessoas” e “objetos e lugares fora de
casa” foram excluídas. Isso porque, estudos previamente realizados, aos quais não se teve
acesso, sugeriram que tais categorias seguem um curso diferente dos considerados “nominais
verdadeiros” (BATES et al., 1994). O Gráfico 02 ilustra a representatividade dessas três
categorias no CDI.”
60
50
40
30
20
10
3.2 METODOLOGIA
O
presente trabalho adotou como instrumento de coleta o protocolo Palavras e
Gestos dos Inventários MacArthur de Desenvolvimento Comunicativo, descrito na
parte anterior. Por estar vinculado a um projeto mais amplo, a mesma metodologia
de coleta foi adotada: o relato parental. Para a constituição do corpus do presente trabalho, 27
pais de crianças entre 8 e 16 meses de idade foram contactados.
3.2.1 Do Corpus
São, ao todo, 27 crianças entre 8 e 16 meses (um ano e quatro meses), três em cada
faixa etária, dos dois sexos, residentes em Salvador – BA, sem nenhum tipo de
comprometimento central ou periférico. Para a composição do corpus, um outro fator foi
levado em consideração: o nível de escolaridade dos pais. Desta forma, ao menos um dos pais
deveria ter ou o nível médio completo (2º grau) ou o nível superior (completo ou não). O
quadro 5 mostra o perfil de cada uma das 27 crianças, o perfil dos pais e do ambiente onde
77
vivem. As 27 crianças encontram-se intituladas no quadro abaixo como “sujeitos” (s) e foram
enumeradas de 1 a 27.
30
Isso se deve ao fato de a criança 18 ser um dos sujeitos da tese de doutorado dessa pesquisadora.
31
Devido à grande dificuldade de encontrar um horário disponível para a entrevista, tanto por parte do pai,
quanto da mãe, o formulário foi deixado na portaria do prédio após uma conversa ao telefone sobre os propósitos
da pesquisa.
79
A
pesar de se ter o conhecimento de qu e palavras e orações já são compreendidas,
verificar esta compreensão não é tarefa das mais fáceis. Geralmente, uma palavra é
considerada adquirida quando a criança é capaz de apontar, de segurar, de trazer,
de oferecer ou de executar qualquer ação com o objeto solicitado, assim como quando olha ou
se volta para ele mais de uma vez, estando este objeto entre outros de um mesmo grupo. A
questão levantada e discutida na literatura sobre o real entendimento de um enunciado – como
saber se um infante compreende a palavra “carro” da mesma forma que os adultos a
compreendem – ainda é uma incógnita. Contudo testar a compreensão de palavras como
carro, gato, cachorro, vamos, venha é mais fácil do que testar a compreensão de palavras
como bonito, quente, mau, sujo, etc. Essa dificuldade é reforçada por Edwards (1978 apud
GRIEVE; HOOGENRAAD, 1979, p.103) ao levantar a hipótese de que uma “criança pode
supor que “hot” seja uma proibição e que significa algo como ‘não pegue nisso’” o. Um
exemplo interessante dessa dificuldade foi fornecido pela mãe de um dos sujeitos desta
pesquisa: “De tanto a gente falar para ele não mexer naquele botão (o de ligar e desligar o
aparelho de som), eu acho que ele pensa que ele (o botão) se chama ‘não’, porque agora ele
chega lá, aponta, olha para a gente e fala ‘não’”32. Desse depoimento, pode-se chegar a três
conclusões: (a) ou a criança fala “não” por saber que ali não se pode mexer – “não” =
proibição; (b) ou ela fala utilizando referencialmente a palavra “não” para nomear aquele
botão; (c) ou ela está produzindo esta palavra de forma presa a uma situação específica e
constante no seu dia-a-dia, já prevendo a reação dos pais, sem deixar claro o real
entendimento que tem da palavra “não”.
Para tentar verificar a compreensão de palavras e/ou enunciados, muitos testes foram
elaborados – em língua inglesa, na grande maioria –, e voltados para a análise de palavras
“mais fáceis”, como as citadas acima. Geralmente, esses testes são acompanhados, em grande
parte dos casos das pesquisas das últimas décadas, de um relato parental, em forma de diário,
produzido com a instrução do pesquisador, como se pode observar, por exemplo, nos
trabalhos de Barret, Harris e Chasin, 1991; Harris et al.,1995; Goldfield e Reznick, 1990;
entre outros33. Esses estudos procuram fornecer uma descrição detalhada do contexto e das
atividades solicitadas, para que se tenha uma certeza de que a palavra foi realmente aprendida.
32
Depoimento colhido através de conversa informal durante a coleta de dados, com a mãe de uma criança de
1;01. S17.
33
Cf. cap. 6 de Ingram (1989), no qual descreve uma série de procedimentos metodológicos utilizados para
acessar os dados da compreensão infantil.
82
Ainda assim, atestar a compreensão de determinadas palavras por crianças tão novinhas não é
uma tarefa fácil.
Como se tem por objetivo tentar traçar um perfil de desenvolvimento lexical a partir
do que o Protocolo “Palavras e Gestos” nos pôde oferecer nesta fase inicial de validação, os
dados foram organizados por faixa etária, em ordem crescente. São, também, fornecidas as
informações que foram coletadas a partir das outras seções (“Gestos e Ações”, “Começando a
falar”, etc.) além da “Lista de Palavras”. Vale ressaltar que as conclusões se restringem aos
dados que foram obtidos na amostra desta dissertação34.
Não existem muitos estudos a respeito desta fase tão inicial de aquisição.
Geralmente, crianças a partir de 10 meses de idade são o ponto de partida das pesquisas que
visam traçar um perfil do desenvolvimento lexical inicial. Entretanto é a partir dos 8 meses de
idade que os estudos indicam o início da compreensão das palavras, embora a produção de
fala significativa, em geral, ainda não seja efetuada. Nesta fase, a literatura atesta que as
crianças já compreendem a repreensão e o próprio nome e já identificam os pais. A partir dos
dados do Protocolo, as crianças desta faixa compreendem também frases como “Olhe, olhe
34
Encontram-se, no Apêndice, as informações disponíveis em formas de quadro de cada um dos 27 sujeitos.
83
aqui” (3/3)35, “Mamãe/Papai chegou” (3/3), “Me dá um beijo” (3/3), “Bata palmas” (2/3),
“Não faça isso” (2/3) e “Venha cá” (2/3), apresentando uma média de 11 frases
compreendidas36. Embora ainda não seja uma ação freqüente, já começam a mandar beijinhos
à distância (2/3: “às vezes”), a dizer “tchau” com as mãos quando alguém vai embora (3/3:
“às vezes”) e estão começando a produzir algum tipo de gemido ou som quando querem algo
(3/3)37. A brincadeira de esconde-esconde começa a se tornar freqüente (2/3), assim como
cantarolar e dançar (2/3). O telefone parece ser um dos objetos mais interessantes, sendo
freqüentemente colocado no ouvido (3/3). Começam a tentar comer com colher ou garfo
(2/3). A única menina desta faixa etária já brinca de bonecas, sendo suas ações mais
freqüentes, colocá-las na cama, balançá-las (ninar) e “conversar” com elas. Raras são as
atividades presentes na seção F – Imitação de outros tipos de atividades dos adultos – que
são executadas: apenas “varrer com uma vassoura” (1/3), “escrever com lápis, caneta” (1/3),
“ler” (1/3) e “tocar algum instrumento musical” (1/3) foram assinaladas. Ainda não brincam
de fingir que um objeto é outro.
35
Leia-se: (3/3) “três das três crianças da amostra”; (2/3) “duas das três crianças”, etc.
36
Estimativa a partir da Parte I, Seção B – Frases. Cf. Cap. 3, seção 3.1.1 O Inventário MacArthur de
Desenvolvimento Comunicativo: Descrição.
37
Informações provenientes da segunda parte do Protocolo. Cf. versão em Anexo
84
Dentro dessas categorias, os itens lexicais mais freqüentes foram: “beijar” (3/3), “ir”
(3/3), “olhar” (3/3); “acabar” (2/3), “bater” (2/3) e “passear” (2/3) – na categoria “Palavras de
Ação”; “água” (2/3), “comida” (2/3) e “sopa” (2/3) – na categoria “Comidas e Bebidas”; e
“telefone” (3/3), “mamadeira” (2/3), “planta” (2/3) – na categoria “Utensílios da Casa”.
0;8
Qnt. de Palavras 0 5 10 15 20 25 30 35
Existe uma variação individual muito grande entre o S02 e os S01 e S03. Embora
haja uma variação também entre os sujeitos 01 e 03, a distribuição dos seus dados se efetua de
forma bem mais equilibrada, conforme ilustrado no Gráfico 6.
20
18
16
14
12
10
Qnt. de Palavras
8
6
4
2
Categorias
0
quantificadores
locativos
jogos e rotinas
utensílios da
animais
veículos
objetos e
qualidades e
brinquedos
pronomes
sons de coisas
móveis e
comidas e
partes do
perguntas
ação
tempo
roupas
pessoas
s 01 s 02 s 03
2,5
1,5
Qnt. de Palavras
0,5
0
animais
utensílios da
qualidades e
veículos
quantificadores
móveis e
comidas e
locativos
brinquedos
sons de coisas
pronomes
objetos e
pessoas
tempo
jogos e rotinas
perguntas
ação
roupas
partes do
Categorias
s 01 s 02 s 03
140 123
120
100
80
60 40 37
40
20 0 4 2
0
S01 S02 S03
C P
C = Compreensão; P = Produção
0;9
Qnt. de palavras 0 10 20 30 40 50
35
30
25
20
15
Qnt. de Palavras
10
5
0
animais
pessoas
ação
móveis e
perguntas
comidas e
roupas
pronomes
veículos
corpo
qualidades e
quantificadores
locativos
jogos e rotinas
sons de coisas
tempo
utensílios da
objetos e
brinquedos
Categorias
s 04 s 05 s 06
As palavras atestadas como mais freqüentes, nesta idade, foram: “água” (3/3), “rua”
(3/3), “não” (3/3), “tchau” (3/3), “mamãe” (3/3), “o próprio nome” (3/3), “papai” (3/3), “au
au” (2/3), “avião” (2/3), “carro” (2/3), “bola” (2/3), “chapéu” (2/3), “sapato” (2/3), “biscoito”
(2/3), “comida” (2/3), “mingau” (2/3), “sopa” (2/3), “sorvete” (2/3), “pé” (2/3), “berço” (2/3),
“banho” (2/3), “beijinhos” (2/3), “oi” (2/3), “abraçar” (2/3), “beber” (2/3), “beijar” (2/3),
“chutar” (2/3), “comer” (2/3), “dar” (2/3), “ir” (2/3), “jogar” (2/3)”olhar” (2/3), “parar” (2/3),
“com fome” (2/3), “com sede” (2/3), “malcriado” (2/3) e “molhado” (2/3). A grande maioria
dos itens atestados por apenas 1 sujeito é atribuída ao sujeito S04. Ao contrário da faixa etária
anterior, a categoria “Perguntas” diminui, com apenas 1 ocorrência.
6
5
4
3
Qnt. de Palavras
2
1
0
animais
roupas
ação
pessoas
perguntas
comidas e
locativos
móveis e
jogos e rotinas
veículos
tempo
pronomes
corpo
qualidades e
quantificadores
sons de coisas
utensílios da
objetos e
brinquedos
Categorias
s 04 s 05 s 06
Existe uma discrepância muito acentuada entre os dados dos três sujeitos. Enquanto
S04 compreende 173 itens, S05 compreende 21 e S06, 53 (Cf. Gráfico 13). Os dados
provenientes do S04 foram coletados a partir de entrevista com a mãe, lendo, palavra por
palavra todos os itens presentes no Protocolo. Quando afirmava a compreensão, e,
principalmente, a produção de algum item, um exemplo era fornecido espontaneamente ou
após solicitação. Ainda assim, os dados provenientes desse sujeito merecem cautela. O
Gráfico 13 abaixo ilustra a relação existente entre os níveis da compreensão e da produção.
Os dados provenientes dessa faixa negam a assertiva de que a produção se inicia após a
compreensão de aproximadamente 20 palavras. Os dados também vão de encontro aos
estudos já realizados a respeito do início da produção, atestado apenas a partir dos 12 meses.
200 178
150
100
53
50
13 21
8 3
0
S04 S05 S06
C P
Por volta dos 10 meses de idade, as crianças desta amostra demonstram compreender
uma média de 17 frases. Nesta faixa etária, surge pela primeira vez o entendimento do
enunciado “Traga X”, que passa a ser freqüente nos meses seguintes, assim como do
enunciado “Pare com isso”. No que se refere aos gestos, as crianças dessa idade não
apresentaram nenhuma mudança significativa em relação às crianças da faixa etária anterior.
Entretanto já passa a ser mais freqüente acompanhar a música “Parabéns pra você” (2/3),
“Empurrar um carrinho” (3/3), e “Colocar o telefone no ouvido” (2/3). Apenas uma das
crianças, S07, conversa com bonecos e a tentativa de colocar a chave na porta ou na fechadura
é, na seção E, a mais comum (2/3). O S09 ainda não executa nenhum dos gestos das seções D,
E e F.
Quanto ao desenvolvimento lexical, as crianças desta faixa apresentam uma variação
muito grande. Enquanto S07 compreende 74 itens, S08 compreende 137 e S09 apenas 28 (Cf.
Gráfico 14). O grupo dos “Nomes Comuns” continua sendo o mais numeroso na
compreensão, com 49% das ocorrências. Assim como aos 8 meses, a categoria dos itens
excluídos aparece em seguida, com 24% e a categoria dos “Predicados” com 23% (Cf.
Gráfico 15).
160 57
137
140
120 117
100
74
80
60 10
40 28
20 6 10 55
2
0
S07 S08 S09
“pegar” (2/3), “sorrir” (2/3); “telefone” (3/3), “retrato” (2/3), “remédio” (2/3), “rádio” (2/3),
“papel” (2/3), “mamadeira” (2/3), “chave” (2/3); “água” (3/3), “biscoito” (3/3), “suco” (2/3)
“comida” (2/3), “leite” (2/3) e “pão” (2/3).
0;10
Qnt. de palavras
0 10 20 30 40 50 60
Embora exista uma variação muito grande entre os sujeitos, o Gráfico 17 abaixo
mostra que os dados se distribuem harmoniosamente entre as categorias semânticas.
35
30
25
20
Qnt. de Palavras
15
10
5
0
locativos
jogos e rotinas
utensílios da
veículos
pronomes
sons de coisas
corpo
ação
tempo
roupas
Categorias
Conforme ilustrado no Gráfico 14, os sujeitos desta faixa também já produzem fala
significativa. O S08 é o mais produtivo, com 10 palavras, igualmente distribuídas em 3
categorias principais (Cf. Gráfico 18): “Veículos”: “bicicleta”, “carro” e “carrinho de bebê”
(esta última provavelmente com a mesma forma da segunda), “Comidas e Bebidas”: “água”,
“banana” e “biscoito” e “Pessoas”: “mamãe”, “papai” e “tio/tia”. A sua décima palavra
pertence a outra categoria, “Jogos e Rotinas Sociais”, e é também atestada pelo S07: “quero”.
As demais palavras atestadas na produção foram: “”ai!”, “grrr”, “au au!”, “mamãe” (2/3),
“papai” (3/3) e “dar” (1/3).
3,5
3
2,5
2
Qnt. de Palavras
1,5
1
0,5
0
quantificadores
locativos
jogos e rotinas
utensílios da
animais
veículos
objetos e
qualidades e
brinquedos
pronomes
sons de coisas
móveis e
comidas e
corpo
perguntas
ação
tempo
roupas
pessoas
Categorias
s 07 s 08 s 09
quando alguém vai embora” (3/3), “levantar os braços para que a carreguem” (3/3), “chamar
alguém com o gesto de vem” (3/3), “levantar e dar algum brinquedo que ela esteja segurando”
(2/3) e “balançar a cabeça ao dizer ‘não’” foram assinaladas como freqüentes. Começam a
tentar comer com colher ou garfo, beber de um copo contendo líquido e tentam pentear o
próprio cabelo (3/3 para cada um desses gestos). Algumas (2/3) tentam escovar os dentes,
tentam colocar um chapéu e tentam calçar sapato ou meia. Algumas vezes executam ações
como “estender o braço para mostrar coisas que têm nas mãos” (3/3) e “fazer o gesto ‘shh’
com o dedo em frente da boca” (2/3). É a partir dos 11 meses, segundo os dados coletados,
que as crianças (2/3) começam a fingir que um objeto é outro, i.e., que um controle remoto é
um telefone.
O grupo dos “Nomes Comuns” continua sendo a categoria mais representativa, com
47% das ocorrências, seguido do grupo
dos “Predicados”, com 24,5% e do
95
grupo das categorias excluídas, com
38 222
20% (Cf. Gráfico 20). Nesta faixa,
houve um aumento representativo na
115
freqüência de todos as categorias
semânticas. Há um aumento
nomes comuns predicados classes fechadas outras representativo nas categorias “Partes do
100
90
80
70
60
50
Qnt. de Palavras
40
30
20
10
0
quantificadores
jogos e rotinas
locativos
utensílios da
objetos fora
animais
veículos
brinquedos
qualidades e
pronomes
móveis
corpo
tempo
perguntas
ação
sons
roupas
pessoas
Categorias
comidas
0;11
0 20 40 60 80 100
50
45
40
35
30
25
Qnt. de Palavras
20
15
10
5
0
animais
roupas
ação
pessoas
perguntas
comidas e
locativos
móveis e
jogos e rotinas
veículos
tempo
pronomes
corpo
qualidades e
quantificadores
sons de coisas
utensílios da
objetos e
brinquedos
Categorias
s 10 s 11 s 12
8
7
6
5
4
Qnt. de Palavras
3
2
1
0
animais
roupas
ação
pessoas
perguntas
comidas e
locativos
móveis e
jogos e rotinas
veículos
tempo
pronomes
corpo
qualidades e
quantificadores
sons de coisas
utensílios da
objetos e
brinquedos
Categorias
s 10 s 11 s 12
Por volta dos 12 meses, as ações de imitação das coisas que escutam (1 “às vezes”; 1
“sempre”) e a nomeação (2 “às vezes; 1 “sempre”) tornam-se mais freqüentes, assim como
“balançar a cabeça ao dizer ‘não’” (3/3 “sempre”), “mandar beijinhos à distância” (3/3
“sempre”) e a “levantar os ombros ou estender as mãos para os lados como dizendo ‘cadê?’
ou ‘acabou’” (1 “às vezes”, 1 “sempre”). Nesta idade, brincam de “esconde-esconde” (3/3),
pega-pega (2/3), e acompanham o “parabéns pra você” (3/3). Tentam “escovar os dentes”
(2/3), “colocam o telefone no ouvido” (3/3), “empurram carrinhos” (3/3) e “jogam uma bola”
(3/3). As ações com bonecos passam a ser mais rotineiras, sendo “beijar e abraçar” o gesto
97
mais assinalado (3/3). Além disso, conversam com eles (2/3), os empurram no carrinho de
bebê (2/3) e os balançam (2/3). A única menina da amostra coloca a boneca na cama, a cobre
com uma coberta e a alimenta, segundo os pais, no peito. A “Imitação de outros tipos de
atividades dos adultos”, seção E, passa a ser mais assinalada, com gestos como “ler” (3/3),
“limpar com pano ou espanador” (3/3), “colocar uma chave na fechadura” (2/3), “bater com
um martelo” (2/3), “tocar um instrumento musical” (2/3) e digitar (2/3). Duas, das três
crianças, brincam de fingir que um objeto é outro.
“Qualidades e Atributos”, na
categoria dos “Pronomes”, na dos “Quantificadores” e na categoria das “Perguntas”.
1;0
Qnt. de palavras
0 20 40 60 80 100 120 140
sons de coisas e de animais animais veículos
brinquedos roupas comidas e bebidas
partes do corpo móveis e aposentos utensílios da casa
objetos e lugares fora jogos e rotinas pessoas
palavras de ação qualidades e atributos palavras de tempo
perguntas pronomes quantificadores
locativos
Assim como nas demais faixas anteriores, a existência de um sujeito que se destaca
entre os demais também se faz presente nesta idade. É o que ilustra o Gráfico 27 abaixo.
Observe-se que os S13 e S15 possuem uma disposição dos dados quase que semelhantes, ao
passo que o S14, a partir da categoria “Comidas e Bebidas”, passa a apresentar uma certa
discrepância em relação aos demais.
50
45
40
35
30
Qnt. de Palavras
25
20
15
10
5
0
animais
roupas
Categorias
ação
pessoas
perguntas
comidas e
locativos
móveis e
jogos e rotinas
veículos
tempo
pronomes
corpo
qualidades e
quantificadores
sons de coisas
utensílios da
objetos e
brinquedos
s 13 s 14 s 15
350
300
300
250
183
200 155
150
100
50 17 19 24
0
S13 S14 S15
C P
6
5
4
Qnt. de Palavras
3
2
1
0
pronomes
jogos e rotinas
sons de coisas
comidas e
tempo
móveis e
utensílios da
veículos
quantificadores
brinquedos
perguntas
objetos e
locativos
qualidades e
corpo
animais
pessoas
roupas
ação
Categorias
s 13 s 14 s 15
A partir dos dados coletados, a única diferença com relação à faixa anterior, no que
se refere ao desenvolvimento cognitivo, é o início da atividade de “fingir mexer um líquido
num copo ou panela com uma colher” (3/3); “ler”, “tocar algum instrumento musical”,
“digitar” e “escrever” são ações que também foram assinaladas apenas por duas das três
crianças. A seção “Fingindo ser os pais” não é muito assinalada, talvez pelo fato de todos os
sujeitos dessa amostra serem do sexo masculino. Entretanto foram marcados gestos como
“beijar e abraçar os bonecos” (3/3), “colocá-los na cama”, “empurrá-los no carrinho de bebê”,
e “balançá-los” – essas últimas num único e mesmo sujeito.
aqui, ocupa o terceiro lugar. É o que Gráfico 30 – Categorias lexicais - compreensão aos 13
ilustra o Gráfico 31. meses
1;01
40
35
30
25
20
Qnt. de Palavras
15
10
5
0
animais
roupas
ação
pessoas
perguntas
comidas e
locativos
móveis e
jogos e rotinas
veículos
tempo
pronomes
corpo
qualidades e
quantificadores
sons de coisas
utensílios da
objetos e
brinquedos
Categorias
s 16 s 17 s 18
São poucas as palavras que passaram a ser reconhecidas por todos os sujeitos desta
faixa que não foram atestadas na faixa anterior. Assim, “assistir”, “colocar”, “fechar”,
“pegar”, “trazer”; “escova de dente”, “papel”, “rádio” e “retrato” são os itens das categorias
“Palavras de Ação” e “Utensílios da Casa” que, ao contrário da faixa anterior, são
reconhecidas pelos sujeitos. Na categoria “Móveis e Aposentos”, “banheiro”, “cadeira”,
“cama”, cozinha”, “escada”, “fogão”, “gaveta”, “porta”, “quarto”, “sala” e “tv” são os itens
reconhecidos por todos.
102
7
6
5
4
3
Qnt. de Palavras
2
1
0
animais
roupas
Categorias
ação
pessoas
perguntas
comidas e
locativos
móveis e
jogos e rotinas
veículos
tempo
pronomes
corpo
qualidades e
quantificadores
sons de coisas
utensílios da
objetos e
brinquedos
s 16 s 17 s 18
Assim como nas faixas anteriores, nesta há um sujeito que se destaca em relação aos
demais, no nível da compreensão. Observe-se, mais uma vez, a existência de um equilíbrio no
nível da produção (Cf. Gráfico 34).
300
246
250
200
127 138
150
100
50
11 9 5
0
S13 S14 S15
C P
Aos 14 meses, as crianças executam a grande maioria dos gestos que compõem a
seção A – “Primeiros Gestos Comunicativos”, sendo, de uma forma geral, realizados ao
menos por uma criança, como é o caso de “levanta os ombros ou estende as mãos para os
lados como dizendo “cadê?” ou “acabou” (1/3) e “aperta os lábios como querendo dizer
mmmm quando algo está saboroso” (1/3). Os demais são realizados por todos ou por apenas
dois sujeitos (4 ocorrências para “às vezes” e 25 para “sempre”). As bricadeiras e ações das
seções B – “Jogos e Rotinas” – e C – “Ações com objetos” – tornam-se freqüentes para todos
os sujeitos, sendo que o S21 só executa 7 das 17 ações. Embora a amostra desta faixa seja
composta apenas por uma menina, um dos meninos, o S19, assim como a menina, brinca de
boneca, colocando-a na cama, cobrindo-a com uma coberta, alimentando-a com uma
mamadeira e com uma colher, penteando-lhe o cabelo, empurrando-a no carrinho de bebê,
balançando-a, beijando-a e abraçando-a e tentando colocar-lhe sapato ou meia – segundo a tia
que toma conta da criança e preencheu o formulário. Duas das crianças fingem “dirigir um
carro”, “escrever com lápis e caneta” e “colocar um óculos”. Surge, pela primeira vez, a
tentativa de “cavar com uma pá” (2/3).
1;02
60
50
40
30
Qnt. de Palavras
20
10
0
animais
roupas
ação
pessoas
perguntas
comidas e
locativos
móveis e
jogos e rotinas
veículos
tempo
pronomes
corpo
qualidades e
quantificadores
sons de coisas
utensílios da
objetos e
brinquedos
Categorias
s 19 s 20 s 21
14
12
10
8
Qnt. de palavras
6
4
2
0
comidas e
jogos e rotinas
móveis e
qualidades e
veículos
quantificadores
utensílios da
locativos
objetos e
sons de coisas
tempo
pronomes
animais
brinquedos
corpo
ação
perguntas
roupas
pessoas
Categorias
s 19 s 20 s 21
Em linhas gerais, pode-se dizer que não há muita diferença entre esta faixa e a
anterior, com relação aos dados obtidos a partir da segunda parte do Protocolo. O interessante
é que algumas ações que compõem a seção A – Primeiros Gestos Comunicativos – raramente
são marcados na coluna “às vezes”, passando a ser ou “ainda não” ou “sempre”. Ao contrário
das categorias anteriores nas quais a maioria dos sujeitos já brincava de fingir que um objeto é
outro, nesta faixa, apenas uma criança, o S23, realiza esta ação.
107
A média de frases
98
compreendidas aumentou de 23 para 25 50
280
itens. A frase “jogue a bola” foi a única
assinalada para um único sujeito.
144
Entretanto, a quantidade de palavras, na
compreensão, caiu de 728, atestada aos
nomes comuns predicados classes fechadas outras
14 meses, para 572 nesta faixa. Apesar
Gráfico 40 – Categorias lexicais – compreensão
disso, o grupo dos “Nomes Comuns”
continua prevalecendo, com 49% das
ocorrências, seguido do grupo dos “Predicados”, com 25% (Cf. Gráfico 40). Ao contrário dos
14 meses, em que se verificou um aumento no grupo das “Classes Fechadas”, nesta faixa,
houve uma redução significativa desse grupo, já que as “Palavras de Tempo” praticamente
desapareceram, além de ter ocorrido uma queda na quantidade de “Pronomes” e
“Quantificadores”. Contudo a distribuição dos itens do grupo das classes excluídas continua
sendo basicamente a mesma entre as duas faixas (1;02 e 1;03), com exceção da categoria
“Objetos e Lugares fora de Casa”, conforme ilustra o Gráfico 41.
40
35
30
Qnt. de Palavras
25
20
15
10
5
0
quantificadores
locativos
jogos e rotinas
pronomes
tempo
fora da casa
sons de coisas
pessoas
perguntas
Categorias
e de animais
um equilíbrio entre a distribuição dos dados de cada um dos três sujeitos, conforme mostra o
Gráfico 43.
1;03
Qnt. de palavras
0 20 40 60 80 100 120 140
sons de coisas e de animais animais veículos
brinquedos roupas comidas e bebidas
partes do corpo móveis e aposentos utensílios da casa
objetos e lugares fora jogos e rotinas pessoas
palavras de ação qualidades e atributos palavras de tempo
perguntas pronomes quantificadores
locativos
45
40
35
30
25
20
Qnt. de Palavras
15
10
5
0
animais
roupas
ação
pessoas
perguntas
comidas e
locativos
móveis e
jogos e rotinas
veículos
tempo
pronomes
corpo
qualidades e
quantificadores
sons de coisas
utensílios da
objetos e
brinquedos
Categorias
s 22 s 23 s 24
14
12
10
8
6
Qnt. de Palavras
4
2
0
animais
roupas
ação
pessoas
perguntas
comidas e
locativos
móveis e
jogos e rotinas
veículos
tempo
pronomes
corpo
qualidades e
quantificadores
sons de coisas
utensílios da
objetos e
brinquedos
Categorias
s 22 s 23 s 24
Compreendem uma média de 23 frases, sendo “Você está cansado/com sono”, “Você
está com fome” e “Muito bem” as menos assinaladas: apenas 1 ocorrência. O grupo dos
“Nomes Comuns” continua
prevalecendo, com 52% das
95
ocorrências, seguido do grupo dos 45
130
um aumento no primeiro grupo, de 280
atestados aos 15 meses, para 301 itens; e
uma diminuição de 14 itens no grupo nomes comuns predicados classes fechadas outras
1;04
Qnt. de palavras
0 20 40 60 80 100 120
40
35
30
25
20
Qnt. de Palavras
15
10
5
0
animais
roupas
ação
pessoas
perguntas
comidas e
locativos
móveis e
jogos e rotinas
veículos
tempo
pronomes
corpo
qualidades e
quantificadores
sons de coisas
utensílios da
objetos e
brinquedos
Categorias
s 25 s 26 s 27
250
194 196
200 181
150 116
100
43 51
50
0
S25 S26 S27
C P
40
34
35
29
30 26
24
25
20 18
14 15 14
15 11 10 11
Qnt. de Palavras
10 8
6
4 3
5 2 1
0 0
0
1;04
sons de coisas e de animais animais veículos
brinquedos roupas comidas e bebidas
corpo móveis e aposentos utensílios da casa
fora da casa jogos e rotinas pessoas
ação qualidades e atributos tempo
perguntas pronomes quantificadores
locativos
A partir do Gráfico 51, pode-se perceber, contudo, que a alta incidência de palavras
da categoria “Utensílios da Casa” deve-se, em boa parte, à amostra de um único sujeito, o
S25.
113
18
16
14
12
10
Qnt. de Palavras 8
6
4
2
0
tempo
móveis e
locativos
animais
veículos
pronomes
comidas e
ação
roupas
corpo
objetos e
pessoas
jogos e rotinas
perguntas
qualidades e
utensílios da
quantificadores
sons de coisas
brinquedos
Categorias
s 25 s 26 s 27
Foram palavras atestadas em todos os sujeitos: “ai!”, “au au”, “cachorro”, “avião”,
“carro”, “bola”, “água”, “biscoito”, “comida”, “mingau”, “pão”, “mão”, “não”, “quero”,
“bebê/neném”, “mamãe”, “papai”, “comer” e “dar”. As palavras para “Móveis e Aposentos”
que apareceram foram: “cama” (2/3), “porta” (2/3), “banheiro” (1/3), “cadeira” (1/3),
“cozinha” (1/3), “gaveta” (1/3), “geladeira” (1/3), “mesa” (1/3), “penico” (1/3), “porta” (1/3),
“quarto” (1/3), “sala” (1/3), “sofá” (1/3) e “tv” (1/3), todas atestadas na amostra do S25.
4.10 EM RESUMO
De um modo geral, os dados desta dissertação mostraram que, a partir dos 8 meses
de idade, as crianças já compreendem o próprio nome, deixam de fazer o que estão fazendo
quando ouvem um “não” e procuram pelos pais quando ouve alguém chamá-los,
corroborando informações a respeito desta fase inicial de aquisição. A imitação das coisas que
escutam inicia-se por volta dos 10 meses de idade, não sendo atestada como regular (“às
vezes) e começam a nomear as coisas que vêem ao passear pela casa por volta de 1 ano de
idade, tendo sido atestado em alguns sujeitos e noutros não.
114
A análise das informações provenientes da segunda parte, que tem como foco as
ações e os gestos comunicativos, mostra que não há, em linhas gerais, uma seqüência
ordenada para o início de brincadeiras, i.e., são poucas as atividades que serão atestadas em
todos os sujeitos de uma determinada fase que continuarão pelas fases seguintes,
evidenciando a existência de diferenças individuais, quer no nível lingüístico, quer no nível
cognitivo.
9%
19%
48%
24%
freqüente, seguida das categorias “Comidas e Bebidas”, “Sons de Coisas e de Animais” e das
“Palavras de Ação” (Cf. Gráfico 54).
39%
47%
3% 11%
900
778
800
700
600
500 416
400 346
316
300 240 256 251 232
179 196 202
Qnt. de Palavras
móveis
jogos e rotinas
qualidades e atributos
brinquedos
quantificadores
pronomes
tempo
utensílios da casa
locativos
animais
objetos fora
sons
perguntas
corpo
pessoas
roupas
ação
comidas
Categorias
C P
Compreensão x Produção
800
728
700
638 572 571
600
511
500
470 P
400
C
300 242 239
200 230
200 123
60 66
100 37 25
6 24 18
0
0;8 0;9 0;10 0;11 1;0 1;01 1;02 1;03 1;04
Quanto aos itens lexicais, o Quadro 6, a seguir, lista as 50 palavras mais freqüentes
na compreensão, as quais, na maior parte das vezes, coincidem com as mais freqüentes na
produção. A seta vermelha refere-se à compreenão e a seta verde à produção. A seta traçada
indica que o item, apesar de ser atestado como o mais freqüente dentro daquela categoria, não
foi atestado na amostra de todos os sujeitos, ao passo que a seta contínua indica que, embora
não atestada na produção de todos os sujeitos, foi atestada numa freqüência maior e em, ao
menos, um sujeito de cada faixa etária.
de animais au au!
Animais cachorro
passarinho
Veículos carro
Brinquedos bola
brinquedo
117
CATEGORIAS ITENS 0;8 0;9 0;10 0;11 1;0 1;01 1;02 1;03 1;04
SEMÂNTICAS LEXICAIS
Roupas fralda
sapato
Comidas e água
Bebidas biscoito
comida
suco
mão
pé
Móveis e banheiro
Aposentos
cama
tv
Utensílios da chave
Casa
mamadeira
remédio
telefone
não
tchau
Pessoas bebê
mamãe
papai
vovô/vovó
118
CATEGORIAS ITENS 0;8 0;9 0;10 0;11 1;0 1;01 1;02 1;03 1;04
SEMÂNTICAS LEXICAIS
Palavras de Ação abraçar
beijar
dançar
dar
ir
olhar
Qualidades e cheiroso
Atributos
com sede
molhado
Palavras de agora
Tempo
Perguntas cadê
quem
Pronomes eu
Quantificadores mais
Locativos ali/aí
aqui
à compreensão à produção
119
A
partir dos dados coletados, algumas observações podem ser realizadas no que se
refere à eficácia das novas categorias propostas e dos itens lexicais utilizados.
Existe uma dificuldade muito grande em se verificar a compreensão, e mesmo o
sentido das produções de crianças tão novas, conforme já apontado no capítulo anterior. Essa
dificuldade se tornou ainda mais acentuada nos itens das “Classes Fechadas” e na categoria
“Estados”. Foi praticamente impossível, para os pais, afirmarem se a sua criança compreende
ou não os itens inseridos na categoria dos “Estados”, dos “Artigos”, das “Preposições” e dos
“Pronomes”. A versão mexicana propõe que os pais assinalem os artigos, os pronomes e as
preposições que os seus filhos entendem e/ou produzem inseridas ou não em qualquer
enunciado. Estudos longitudinais realizados em português atestam o aparecimento do artigo e
das preposições nesta língua, na produção, apenas a partir dos 16 meses de idade (Cf.
TEIXEIRA, 1995). Solicitar que os pais verifiquem a compreensão de determinado item
dessas categorias, ainda que inseridas num enunciado qualquer, não ilustra a compreensão
desse item particular.
Quanto aos itens lexicais individuais, apenas alguns não foram atestados como
compreendidos pelas crianças da amostra. São eles: “cereal”, “manteiga”, “bebida”,
“zoológico”, “homem”, “mulher”, “pró”, “amarelo”, “azul”, “verde”, “vermelho”, “esperto”,
“velho”, “mau”, “mole”, “hoje” e “ontem”. Observe-se que todos esses itens referem-se a
elementos, ou muito específico, como é o caso de “manteiga” e “cereal”, ou muito abstratos
para crianças tão novas, como é o caso das demais palavras. Itens para objetos ainda não estão
aqui presentes pois muitos não são reconhecidos por não fazerem parte do ambiente da
criança. Desta forma, por se tratar de um estudo piloto com uma quantidade relativamente
pequena de sujeitos – se comparada com o objetivo normativo –, tais itens podem ser
deixados para um outro estudo de validação ou para o estudo de normatização, e, após a
realização de tal estudo, com uma quantidade maior de sujeitos, os itens que não apresentarem
eficácia poderão ser retirados.
De uma forma geral, poucas palavras foram sugeridas pelos pais: “sandália” e “alô”
foram as mais recorrentes; “devagar”, “ventilador” e “velotrol” também foram sugeridas.
Algumas palavras são substituídas por outras, como são os casos de “boné” para “chapéu”,
“foto” para “retrato”, ”comer” para “almoço”, e “rua” para “quer dar um passeio” e “passear”.
As demais seções, Primeiros sinais de compreensão, Começando a falar, Frases e a segunda
parte Ações e Gestos não apresentaram quaisquer problemas. A única observação realizada
foi em relação à frase “Quer dar um passeio”, que é comumente substituída pela palavra
“Rua” ou, simplesmente, “Passear”.
Ademais, uma nova seção, E Primeiras Palavras, foi criada com o objetivo de tentar
diminuir a carência de informações mais “reais” em torno das produções das primeiras
palavras. Nesta, os pais são solicitados a fornecer exemplos de palavras e do(s) contexto(s)
em que tais palavras são produzidas (Cf. a nova versão, em Anexo).
123
T
endo em vista as limitações desse instrumento enquanto ferramenta utilizada para
traçar um perfil de desenvolvimento lingüístico, além das limitações decorrentes da
sua metodologia de coleta, o tratamento dos dados dele provenientes merece,
conforme assinalado anteriormente, bastante cautela. Desta forma, as considerações que aqui
são apresentadas não devem ser tomadas como normas e/ou padrões de desenvolvimento
lexical durante o processo de aquisição do português brasileiro, e, sim, como resultado de um
esboço de um perfil, traçado a partir de estudo preliminar que, apesar de uma quantidade
razoável de sujeitos – se comparado com alguns estudos que tomam como referência o
desenvolvimento de uma única criança –, necessita, devido, em muito, ao instrumento e à
metodologia de coleta adotados, de um estudo mais amplo para que se possa fornecer, de
forma mais confiável, informações normativas.
Embora este instrumento não forneça informações a respeito das relações interativas
da criança com os adultos que fazem parte do seu dia-a-dia, os itens mais atestados como
freqüentes, tanto na compreensão quanto na produção, parecem ser realmente aqueles aos
quais elas são mais expostas, fazendo parte das suas rotinas diárias. Além disso, tais itens,
recorrentes na fase inicial do desenvolvimento lexical em crianças adquirindo o português
brasileiro, são semelhantes aos itens de crianças adquirindo o inglês, confirmando
especulações de estudiosos que acreditam que nesta fase inicial as crianças adquirem,
basicamente, as mesmas palavras (cf. CLARK, 1979; PINKER, 2000). Assim, “suco”,
“biscoito”, “pão”, “olho”, “nariz”, “boca”, “chapéu”, “sapato”, “fralda”, “carro”, “caminhão”,
“cachorro”, “gato”, “bola”, “boneca”, “copo”, “colher”, “escova”, “chave”, “luz”, “dá”,
“mamãe”, “papai”, “bebê”, “cima”, “fora”, “abre”, “não”, “oi”, “tchau”, comumente
registradas em diários parentais a respeito de crianças adquirindo a língua inglesa (CLARK,
1979; PINKER, 2002), também o foram neste estudo, com algumas poucas exclusões e
acréscimos.
38
Observe-se que, para uma afirmação desta natureza, torna-se de fundamental importância a análise do contexto
de uso.
125
Além disso, a análise das primeiras palavras aqui atestadas como mais freqüentes sugerem
também que, em muitas situações, tais itens sejam utilizados apenas de forma performativa.
Interessante verificar como a produção de itens outros que não aqueles que parecem
estar relacionados com as necessidades e/ou interesses imediatos da criança aparecem, com
maior freqüência, apenas após os 12 ou 13 meses de idade, como é o caso de palavras das
categorias “Animais”, “Brinquedos”, “Roupas”, “Partes do Corpo”, “Móveis e Aposentos”,
“Objetos e Lugares fora de Casa”, “Palavras de Ação”, “Qualidades e Atributos”,
“Perguntas”, “Quantificadores” e “Locativos”, coincidindo com o início da atividade de
nomeação de objetos, de forma espontânea, ao passear pela casa, por exemplo. Entretanto vale
a pena recordar o fato de não se ter informações a respeito da natureza dessas primeiras
palavras, i.e., se são usadas de forma presa ao contexto ou de forma referencial.
Esta é uma das grandes críticas feitas com relação ao Inventário. Estes sujeitos com
altos indices de produção, evidenciando uma superestimação por parte dos pais, não foram
retirados da amostra justamente pelo motivo de se ter a oportunidade de verificar até que
ponto a metodologia adotada por este instrumento, que no presente estudo foi utilizado tendo
como procedimento a leitura do pesquisador, juntamente com o(s) pais(s), palavra por
palavra, pode ser confiável, já que um dos grandes objetivos da adaptação dos protocolos para
127
informações provenientes apenas deste instrumento, sendo, em grande parte dos casos,
utilizados como um dentre outros métodos avaliativos39.
39
Um exemplo é fornecido na tese de PADOVANI (2003), na qual o primeiro protocolo, Palavras e Sentenças,
foi utilizado como um dos instrumentos de avaliação.
129
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135
APENDICE
136
C) COMEÇANDO A FALAR
08 09 10 11 12 13 14 15 16
meses meses meses meses meses meses meses meses meses
SUJEITO 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27
Imitar coisas que escutam N N N N A N A A S A N A A N S N S A S A A A A S S S S
Nomear coisas N N N N A N N N N N S N A A S N N A N A N N A A A N S
N – Nunca; A – Às vezes; S - Sempre
2
B) FRASES (28)
08 meses 09 meses 10 meses 11 meses 12 meses 13 meses 14 meses 15 meses 16 meses
SUJEITO 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 total
Abra a boca x x x x x x x x x x x x x x x x x x 18
Bata palmas x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 22
Cuidado x x x x x x x x x x x x x x 14
Cuspa x x x x x x x x x x x 11
Dá para a mamãe x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 22
Fique quieto x x x x x x x x x x x x x x 14
Hora de dormir x x x x x x x x x x x x 12
Jogue a bola x x x x x x x x x x x x x x x x x x 18
Levante(-se) x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 22
Mamãe/papai chegou x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 27
Me dá um abraço x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 23
Me dá um beijo x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 24
Mudar a fralda x x x x x x x x x x x x x x x x x x 18
Muito bem x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 19
Não faça isso x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 23
Não pegue ____ x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 23
Olhe/olhe aqui x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 26
Pare com isso x x x x x x x x x x x x x x x x x 17
Pegue _____ x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 23
Quer dar um passeio? x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 23
Quer mais? x x x x x x x x x x x x x x x x x x 18
Segure a/o_____ x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 22
Sente(-se) x x x x x x x x x x x x x x x x x 17
Traga ____ x x x x x x x x x x x x x x x x 16
Vamos embora x x x x x x x x x x x x x x x x x x 18
Venha cá x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 26
Você está com fome? x x x x x x x 7
3
Você está cansado/ com sono? x x x x x x x x x 9
subtotal 7 21 6 20 9 14 10 24 17 20 25 19 22 25 17 17 19 22 25 23 22 27 22 28 23 22 26
532
TOTAL 34 43 51 64 64 58 70 77 71
D) LISTA DE VOCABULÁRIO
SONS DE COISAS E DE 08 meses 09 meses 10 meses 11 meses 12 meses 13 meses 14 meses 15 meses 16 meses TOTAL
ANIMAIS
SUJEITOS 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 c P
ai! c P P P c P c c P P c P P c P P P P P P P P P 23 17
au au! c c c c c c c P c P c c P P c P P P P P P P P P P 25 14
bibi! c c c c c P P 7 2
cocorocococó P c P c P 5 3
grrrrr P P P c P P P P P P c c c 13 9
mééé P P c c P 5 3
miau c c c c P c P P c P P P c 13 6
muu c P P 3 2
piu-piu c c P c c P c c P P 10 4
quá quá/ qüen qüen P c c c c P 6 2
toc toc c P c c c P c c P c P 10 4
ui! c c c c P P P P P 9 5
COMPREENSÃO (c) 4 4 1 2 2 3 5 2 1 2 12 4 4 4 4 7 6 4 7 11 4 7 4 12 2 4 7
TOTAL 9 7 8 18 12 17 22 23 13 129 71
PRODUÇÃO (P) 0 2 0 1 2 0 2 0 1 0 7 1 0 3 4 1 2 0 7 6 2 5 3 10 2 4 5
TOTAL 2 3 3 8 7 3 15 18 11
c – Apenas compreende
P – Compreende e fala
______________________
Obs.: na contagem dos dados da compreensão,
os itens marcados com “P” também são
computados
4
ANIMAIS (REAIS OU DE 08 meses 09 meses 10 meses 11 meses 12 meses 13 meses 14 meses 15 meses 16 meses TOTAL
BRINQU.)
SUJEITOS 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 c P
abelha c c 2 0
animal c c c 3 0
aranha c c P 3 1
barata c c c c 4 0
bicho c c c c c c P c c c P c c c P c P P 18 5
borboleta c c P c 4 1
burro c c c 3 0
cachorro c c c c c c c c P c c P P c P c c c P P P c P P P 25 10
carneiro c c 2 0
cavalo c c c c c c 6 0
cobra c 1 0
coelho c c c c c c c P 8 1
elefante c c c c c c P c P 9 2
formiga c c c c c c c c P c c c c 13 1
galinha c P c c c c c c 8 1
gato c c c P c c P c c c c c P P P c 16 5
girafa c c c c c 5 0
lagartixa c P c 3 1
jacaré c c c c 4 0
leão c c c c c 5 0
lobo 0 0
macaco c c c c c c c P P c c 11 2
mosca c c c c 4 0
onça c c 2 0
passarinho c c c c c c c c c P c c c c c c P c c c c 21 2
pato c c c c c P c 7 1
peixe c c c c c P P c c 9 2
porco c c c c P P 6 2
rato P 1 1
sapo c P c c c c c P c 9 2
tartaruga c P c c c P c 7 2
tigre c c c 3 0
urso c c c c c c P P c P 10 3
5
vaca c c c c c c P c 8 1
COMPREENSÃO (c) 7 3 1 0 1 2 8 8 2 3 24 7 4 7 5 25 6 4 18 22 11 12 5 20 10 8 17
TOTAL 11 3 18 34 16 35 51 37 35 240 46
PRODUÇÃO (P) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0 0 2 5 0 1 0 3 0 1 4 3 10 6 3 5
TOTAL 0 0 0 3 7 1 4 17 14
VEÍCULOS 08 meses 09 meses 10 meses 11 meses 12 meses 13 meses 14 meses 15 meses 16 meses TOTAL
SUJEITOS 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 c P
ambulância c c 2 0
avião c c c c c c c c c c c c P c P P P 17 4
bicicleta P c c c c c c c c c c 11 1
barco c c c c 4 0
caminhão c c c c c c c c c 9 0
carro c c c c c P c P c c c c c c c c c c c c P P P 23 5
carrinho de bebê c P c c c c c c c c c c c c 14 1
carro de polícia c c 2 0
moto c c c c c c P c c c c c 12 1
ônibus c c c c c c c c c c c c c c c c 16 0
trator c 1 0
trem c c c 3 0
COMPREENSÃO (c) 0 2 3 2 1 2 3 6 2 2 4 6 6 8 6 10 2 5 8 7 4 3 3 7 3 4 5
TOTAL 5 5 11 12 20 17 19 13 12 114 12
PRODUÇÃO (P) 0 0 0 0 0 0 0 3 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 2 2 2
TOTAL 0 0 3 1 1 0 0 1 6
6
BRINQUEDOS 08 meses 09 meses 10 meses 11 meses 12 meses 13 meses 14 meses 15 meses 16 meses TOTAL
SUJEITOS 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 c P
balão/ bexiga c c c c c c c c c P c c c c c c P P 18 3
bloco/ lego c c c 3 0
bola c c c c c c c c c c P c P P c c c P c c c c P P P P 26 8
boneca c P c P c c c P c c P c c P P P c P 18 8
brinquedo c c c c c c c c c c c c P c c c c c c c c P P c c 25 3
caneta c c c c c c c c c c c P 12 1
lápis c c c c c c c 7 0
livro c c c c c c c c c c c P c 13 1
pião c c c 3 0
tambor c c c c c c c 7 0
COMPREENSÃO (c) 2 6 2 3 1 1 2 4 3 6 5 5 5 8 5 9 2 7 6 7 4 8 4 7 6 7 7
TOTAL 10 5 9 16 18 18 17 19 20 132 24
PRODUÇÃO (P) 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 1 0 1 3 0 0 0 3 0 0 0 1 3 4 2 4
TOTAL 0 1 0 2 4 0 3 4 10
7
ROUPAS 08 meses 09 meses 10 meses 11 meses 12 meses 13 meses 14 meses 15 meses 16 meses TOTAL
SUJEITOS 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 c P
babador c c c c 4 0
blusa c c c c c c c c c c c c c c c c 16 0
botão c c c 3 0
calça c c c c c c c c 8 0
calcinha c c c c c c c P c 9 1
camisa c c c c c c c c c c 10 0
casaco c c c c 4 0
chapéu c c c c c c c c c c c c c P c 15 1
chinelo c c c c c c c c c P c c c c c P c c 18 2
colar c c c c c P 6 1
cueca c c c c c 5 0
fralda c c c c c c c c c c c c c P c c c c P P c c 22 3
meia c c c c c c c c c c c c P P P 15 3
pijama 0 0
saia c 1 0
sapato c c c c c c c c c c c c c c P P P P c 19 4
short c c c c c c c c c c c c c 13 0
suéter 0 0
vestido c c c c c c c c 8 0
zíper c c c 3 0
COMPREENSÃO (c) 0 12 3 14 0 2 2 5 0 6 8 6 9 9 13 9 4 2 11 8 7 10 5 11 10 8 5
TOTAL 15 16 7 20 31 15 26 26 23 179 15
PRODUÇÃO (P) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 1 0 4 6 2 0
TOTAL 0 0 0 0 0 0 2 5 8
8
COMIDAS E BEBIDAS 08 meses 09 meses 10 meses 11 meses 12 meses 13 meses 14 meses 15 meses 16 meses TOTAL
SUJEITOS 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 c P
água c c P P c c P c P P P P P P P P P P P c P P P P P P 26 20
banana c c P c c c c c c P P c c c P c P P 18 6
bebida c 1 0
biscoito c c c c P c c c c c c P c P c c c P P P P P 22 8
bolacha c c c c c c c c c P c c P 13 2
bolo c c c c c c c c c c c c c P 14 1
café c c c c P c P P 8 3
carne c P c c c c c c c P P 11 3
cenoura c c c c c 5 0
cereal c 1 0
comida c c c c c c c c c c c c c c c P c c c c P P P P 24 5
doce c c c c c P c c c P 10 2
galinha c c c c P 5 1
laranja c c c c c c c c 8 0
leite c c c c c c P c c c c c P P c P 16 4
maçã c c c P c c c c c c P 11 2
macarrão c c c P c c c c P c 10 2
mamão c P c c c c c P c P 10 3
manteiga c 1 0
melancia c c c c c c 6 0
mingau P c c c P P P c c P c P c P P P P P P 19 12
ovo c c P c c 5 1
pão c c c c P c c c c c P c c P c c c P P P P 21 7
papinha c c c c P c c 7 1
pizza c c P P 4 2
peixe c c c P c c 6 1
queijo c c c c P c 6 1
sopa c c c c c c c P c c c P c c c c 16 2
sorvete c c c c c c c c P c 10 1
suco c P c c c c c c c c c c c c c c c P P P c P 22 5
torrada c c c 3 0
uva c c c c c c c c 8 0
9
COMPREENSÃO (c) 1 17 4 18 2 9 5 14 3 8 15 11 9 25 17 12 7 9 20 21 18 11 13 23 19 15 21
TOTAL 22 29 22 34 51 28 59 47 55 347 95
PRODUÇÃO (P) 0 0 0 5 1 0 0 3 0 3 1 2 3 3 1 4 1 1 12 2 0 4 3 12 13 6 15
TOTAL 0 6 3 6 7 6 14 19 34
PARTES DO CORPO 08 meses 09 meses 10 meses 11 meses 12 meses 13 meses 14 meses 15 meses 16 meses TOTAL
SUJEITOS 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 c P
barriga c c c c c c c c c c c c c P P c P 17 3
boca c c c c c c c c c c c c c c P P c P 18 3
bochecha c c c c P c 6 1
braço c c c c c c P c 8 1
bumbum c c c c c c c c c c P c c 13 1
cabeça c c c c c c c c c c c c c c c P P c c 19 2
cabelo c c c c c c c c c c c c c c P P c P 18 3
dedo c c c c c c c c c c c P c c 14 1
dente c c c c c c c c c c c c c c c P P c P 19 3
joelho c c c 3 0
língua c c c c c c c c c c c c 12 0
mão c c c c c cc c c c c P c c c P P P P 19 5
nariz c c c c c c c c c P P c P 13 3
olho c c c c c c c c c c c P P c P 15 3
orelha/ouvido c c c c c c c c c P P P 12 3
pé c c c c c c c c c c c c P c c c c P P P c 21 4
perna c c c c c c P c 8 1
rosto c c c c P c 6 1
umbigo c c c c c c c c c c c c c c P 15 1
COMPREENSÃO (c) 1 3 0 10 0 1 1 6 0 1 16 12 12 17 13 14 8 8 19 14 13 13 11 15 17 12 19
TOTAL 4 11 7 29 42 30 46 39 48 256 39
PRODUÇÃO (P) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 11 15 2 9
TOTAL 0 0 0 0 0 0 2 11 26
10
MÓVEIS E APOSENTOS 08 meses 09 meses 10 meses 11 meses 12 meses 13 meses 14 meses 15 meses 16 meses TOTAL
SUJEITOS 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 c P
banheira c c c c c c c c c c c c c c c c c 17 0
banheiro c c c c c c c c c c c c c c c c c c P c c 21 1
berço c c c c c c c c c c c c c c c c c c c 19 0
cadeira c c c c c c c c c c c c c c c c c P c c 20 1
cadeira de balanço c c 2 0
cama c c c c c c c c c c c c c c c c c c c P c P 22 2
cercadinho c c c 3 0
cozinha c c c c c c c c c c c c c c c c P c c 19 1
escada c c c c c c c c c c c c c c c 15 0
fogão c c c c c c c c c c c c c c c 15 0
garagem c c 2 0
gaveta c c c c c c c c c c c c c c c P c 17 1
geladeira c c c c c c c c c c c c c P c 15 1
janela c c c c c c c c c c c c c 13 0
mesa c c c c c c c c c c P c 12 1
pia c c c c c c c c c 9 0
penico c c c P 4 1
porta c c c c c c c c c c c c c c c c c P c P 20 2
quarto c c c c c c c c c c c c c c c c c P c c 20 1
sala c c c c c c c c c c c c c P c 15 1
sofá c c c c c c c c c c c c P c 14 1
tv c c c c c c c c c c c c c c c c c c c P c c 22 1
COMPREENSÃO (c) 0 13 1 15 0 3 3 13 0 5 15 11 11 21 14 16 14 15 19 14 18 19 13 16 17 14 16
TOTAL 14 18 16 31 46 45 51 48 47 316 15
PRODUÇÃO (P) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 13 0 2
TOTAL 0 0 0 0 0 0 0 0 15
11
UTENSÍLIOS DA CASA 08 meses 09 meses 10 meses 11 meses 12 meses 13 meses 14 meses 15 meses 16 meses TOTAL
SUJEITOS 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 c P
bolsa c c c c c c c c c c c c c P c c 16 1
caixa c c c c c c 6 0
chave c c c c c c c c c c c c c c c c c c P c c 21 1
cobertor c c c c c c 6 0
colher c c c c c c c c c c c c c c c c c P c P 20 2
computador c c c c c c c 7 0
copo c c c c c c c c c c c P c c c c P c P 19 3
dinheiro c c c P c c 6 1
escova c c c c c c c c c c c c c P 14 1
escova de dente c c c c c c c c c c c P P c 14 2
faca c c c c 4 0
garfo c c c c c c 6 0
lixo c c c c c c c c c c c c c 13 0
luz /lâmpada c c c P c c c c c c c c P c c 15 2
mamadeira c c P c c c c c c P c c c c P c c c c P c c 22 4
óculos c c c c c c c c c P c c 12 1
papel c c c c c c c c c c c c c c c c P P c 19 2
planta c c c c c c c c c P 10 1
prato c c c c c c c c c c c c c c c P c c 18 1
pente c c c c c c c c c c c c P P c 15 2
quadro c c c c 4 0
rádio c c c c c c c c c c c c c c c c c P 18 1
relógio c c c c c c c 7 0
remédio c c c c c c c c c c c c c c c c c P c c 20 1
retrato c c c c c c c c c c c c c c c P c 17 1
sabão c c c c c c c c c P P 11 2
telefone c c c c c c c c c c c c c c c P c c c c c P c P 24 3
tesoura c c c c P 5 1
toalha c c c c c c c c c c c c c 13 0
travesseiro c c c c c c c c c c c c c c c 15 0
vassoura c c c c c c c c c c c c c c P c 17 1
xícara c c 2 0
12
COMPREENSÃO (c) 1 16 4 23 0 2 8 18 1 8 23 15 15 32 14 23 13 16 24 25 22 17 16 19 25 18 18
TOTAL 21 25 27 46 61 52 71 52 61 415 34
PRODUÇÃO (P) 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 4 0 0 0 0 3 17 1 6
TOTAL 0 1 0 0 2 0 4 3 24
FORA DE CASA 08 meses 09 meses 10 meses 11 meses 12 meses 13 meses 14 meses 15 meses 16 meses TOTAL
SUJEITOS 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 c P
árvore c c c c c c c 7 0
balanço c c c 3 0
casa c c c c c c c c c c c c c c c P c P 18 2
céu c c c c c c c c c c c c c c 14 0
chuva c c c c c c c c c c c c c c P c P 17 2
escola c 1 0
escorregador(eira) c c c c c 5 0
estrela c c c c c c c 7 0
festa c c c c c 5 0
flor c c c c c c c c c 10 0
igreja* 0 0
jardim c c c 3 0
lago/rio c c c 3 0
lua c c c c P c c c c c P 11 2
loja c c 2 0
nuvem c c c c c c 6 0
pá c c c c c c c c 8 0
parque c c c c c c c c 8 0
praia c c c c c c c P 8 1
pedra c c c c c c c 7 0
piscina c c c c c c c c c 9 0
quintal c c c P 4 1
rua c c c c c c c c c c c c P c c c c c c c c c c P P c P 27 4
sol c c c c c c c 7 0
13
trabalho c c c P P 5 2
zoológico c 1 0
COMPREENSÃO (c) 1 6 1 9 1 1 5 10 1 7 10 6 5 18 4 16 6 9 12 15 8 5 5 7 6 14 8
TOTAL 8 11 16 23 27 31 35 17 28 196 14
PRODUÇÃO (P) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 5 1 5
TOTAL 0 0 0 0 2 0 0 1 11
JOGOS E ROTINAS SOCIAIS 08 meses 09 meses 10 meses 11 meses 12 meses 13 meses 14 meses 15 meses 16 meses TOTAL
SUJEITOS 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 c P
almoço c c c c c c c c c c P P 12 2
banho c c c c c c c c c P c c c c c c c c c c c P c c 24 2
beijinhos c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c P c c 26 1
bom-dia c c c c c c c c c c c P 12 1
boa-noite c c c c c P 6 1
café da manhã c c P c c 5 1
esconde-esconde c c c c c c c c c c c c c c 14 0
espere c c c c c c c c c c c c c c c 15 0
jantar c c c c 4 0
não c c P c c c c c c c c P c P P c P c c c c P P P P P P 27 11
obrigado P c c c c P c 7 2
oi/ olá c c c c c P c c c c c c c P P P c 17 4
por favor c c 2 0
quero c P P P c c c c c P c P P P 14 7
saúde! c c c c c c 6 0
shh/ silêncio c c c c c c c c P c c c 12 1
sim c c c P c c c c c c c c c 13 1
soneca c c 2 0
tchau c c c c c c c c c c P P P P c P c P P c P P P c P P 26 12
um,dois,três, já! c c c P c c P 7 2
14
COMPREENSÃO (c) 5 7 4 13 5 5 8 8 3 7 17 8 8 15 12 9 12 8 8 13 16 11 8 13 11 8 9
TOTAL 16 23 19 32 35 29 37 32 28 251 48
PRODUÇÃO (P) 0 0 1 1 0 0 1 1 0 1 0 3 2 4 2 0 2 0 2 2 0 3 4 5 7 4 3
TOTAL 1 1 2 4 8 2 4 12 14
PESSOAS 08 meses 09 meses 10 meses 11 meses 12 meses 13 meses 14 meses 15 meses 16 meses TOTAL
SUJEITOS 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 c P
babá c c c 3 0
bebê/ neném c c c P c P c c P c P P c P P P c c P P P P P 23 13
criança c c c c c c c c 8 0
garota/menina c c c c c P 6 1
garoto/menino c c c c P 5 1
homem c c 2 0
irmã c c c 3 0
irmão c 1 0
madrinha/ dinda c c c P c c P P P c 10 4
mamãe c P P P P P P P c P P P P P P P P P P P P P P P P P P 27 25
mulher c 1 0
nome da babá c c c c P P c P P P 10 5
o próprio nome c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c P P P P c 27 4
padrinho/ dindo c c c c c c P P c c 10 2
papai c P c P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P 27 25
pró 0 0
tia/tio c c P P c P P c P P c P P c c P P c c 19 10
vovó/ vovô c c P P c c P c c c c P P c P P c P P c c 21 9
COMPREENSÃO (c) 8 5 3 6 6 6 4 6 4 8 8 6 8 15 6 9 6 7 9 11 10 11 7 8 11 8 7
TOTAL 16 18 14 22 29 22 30 26 26 203 99
PRODUÇÃO (P) 0 2 1 2 4 3 2 3 1 5 2 3 4 2 5 6 2 4 5 5 3 3 6 8 10 4 4
TOTAL 3 9 6 10 11 12 13 17 18
15
PALAVRAS DE AÇÃO 08 meses 09 meses 10 meses 11 meses 12 meses 13 meses 14 meses 15 meses 16 meses TOTAL
SUJEITOS 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 c P
abraçar c c c c c c c c c c c c c c c c c c c P c P 22 2
abrir c c c c c P c c c c c c c c P P P c 18 4
acabar c c c c c c c P P c c c c c c c P P P 19 5
ajudar c c c c c c 6 0
alimentar c c c 3 0
andar c c c c c c P c c c c c c c c c P c c c P 21 3
apressar c 1 0
assistir c c c c c c c c c c c c c c c 15 0
balançar c c c c c c c 7 0
bater c c c c c c c c c c c c c c c c c c P c c 21 1
beber c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c 20 0
beijar c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c P c c 26 1
brincar c c c c c c c c c c c c c c c c P c P c 20 2
cair c c c P c c c c c c c c c P c P 16 3
cantar c c c c c c c c c 9 0
chorar c c c c c c c c c c c c c P c c 16 1
chutar c c c c c c c c c c c c c c c c 16 0
coçar c c c c c c c c c c c c 12 0
comer c c c c c c c c c c c c c c c c P P P P P 21 5
colocar c c c c c c c c c c c c c 13 0
correr c c c c c c c c c c c c c c c 15 0
dançar c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c P 25 1
dar P P P c c P c P P P P c P c c P P P P P P P P 23 17
desenhar c c c c c c c c 8 0
dirigir c c c c c 5 0
dizer c c c c c c 6 0
dormir c c c c c c c c c c c c c c c c c P 18 1
empurrar c c c c c c c c c c c c 12 0
enxugar c c c c c c c c c c c 11 0
escrever c c c 3 0
espirrar c c c c c c c c c c c c 12 0
fechar c c c c c c c c c c c P c c c P P c P 19 4
ficar c c c c c c c c c c c c 12 0
gostar c c c c c c c c 8 0
16
Ir c c c c c c c c c c c c c c c c c c c P c c C P 24 2
jogar c c c c c c c c c c c c c c c c c c c 19 0
lavar c c c c c c c c c c c c c 13 0
ler c c c c 4 0
levar c c c c c c c c 8 0
limpar c c c c c c c c c c c c 12 0
montar c c c c c 5 0
morder c c c c c c c c c c c c c c c c c c P P 20 2
mostrar c c c c c c c c c c c c c c c 15 0
nadar c c c 3 0
olhar c c c c c c c c c c c cc cc c c c c c c
c c c c 25 0
parar c c c c cc cc c c c c c c c c c 17 0
passear c c c c c cc cc cc c c c c c c P c c 20 1
pegar c c c c cc c c
c c c c c c c c c
c c c c 21 0
pintar c c 2 0
pular c c c c c c c c c c c c c c 14 0
puxar c c c c c c c c c c c c c 13 0
quebrar c c c c c c c c P P 10 2
soprar c c c c c c c c c 9 0
sorrir c c c
c c c c c c c c c c c c c c c c 19 0
trazer c c c c c c c c c c c c c c c c 16 0
ver c c c c c c c c c c 10 0
COMPREENSÃO (c) 8 19 6 31 2 13 14 29 6 20 44 29 35 47 33 35 25 33 45 49 38 42 37 36 35 30 37
TOTAL 33 46 49 93 115 93 132 115 102 778 55
PRODUÇÃO (P) 0 0 0 1 1 0 1 0 0 1 0 1 3 2 3 0 1 0 0 2 1 1 3 5 12 7 10
TOTAL 0 2 1 2 8 1 3 9 29
17
QUALIDADES E ATRIBUTOS 08 meses 09 meses 10 meses 11 meses 12 meses 13 meses 14 meses 15 meses 16 meses TOTAL
SUJEITOS 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 c P
acordado c c c c c c c c c c c c 12 0
amarelo 0 0
azul 0 0
bom c c c c c c 6 0
bonito c c c c c c c c c 9 0
cansado c c c c c c 6 0
cheiroso c c c c c c c c c c c c c c c 15 0
cheio c 1 0
com fome c c c c c c c c c c c c c 13 0
com medo c c c c c 5 0
com sede c c c c c c c c c c c c c c c c 16 0
com sono c c c c c c c c c c c c 12 0
doente/ dodói c c c c c c P P P c c 11 3
duro c 1 0
escuro c c c c c c c c c c c 11 0
esperto 0 0
feliz c c c c c 5 0
frio c c c 3 0
grande c c 2 0
limpo c c 2 0
lindo c c c c c c c c P 9 1
macio c c 2 0
machucado c c c c c 5 0
malcriado c c c c c c c c c 9 0
mau 0 0
mole 0 0
molhado c c c c c c c c c c c c c c c 15 0
novo c 1 0
pequeno c c 2 0
pesado c c c c c c c c 8 0
quebrado c c c c P c c 7 1
quente c c c c c c c c c c c P P c 14 2
rápido c c c c 4 0
sapeca/ levado c c c 3 0
seco c c 2 0
18
sujo c c c c c c c c c c c c c 13 0
triste c c c c c 5 0
vazio c c c 3 0
velho 0 0
verde 0 0
vermelho 0 0
COMPREENSÃO (c) 0 6 1 13 0 4 3 3 0 2 16 4 13 29 9 17 3 4 12 22 14 16 4 9 10 10 8
TOTAL 7 17 6 22 51 24 48 29 28 232 07
PRODUÇÃO (P) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 2 2 2 0
TOTAL 0 0 0 0 0 0 0 3 4
PALAVRAS DE TEMPO 08 meses 09 meses 10 meses 11 meses 12 meses 13 meses 14 meses 15 meses 16 meses TOTAL
SUJEITOS 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 c P
agora c c c c c c c c 8 0
amanhã c c 2 0
cedo c 1 0
depois c c c c 4 0
dia c c c c 4 0
hoje 0 0
manhã c 1 0
noite c c c c 4 0
ontem 0 0
COMPREENSÃO (c) 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 2 0 1 2 2 5 0 0 0 4 5 1 0 0 0 1 0
TOTAL 0 1 0 2 5 5 9 1 1 24 0
PRODUÇÃO (P) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
TOTAL 0 0 0 0 0 0 0 0 0
19
PERGUNTAS 08 meses 09 meses 10 meses 11 meses 12 meses 13 meses 14 meses 15 meses 16 meses TOTAL
SUJEITOS 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 c P
como c 1 0
por que c c c 3 0
cadê c c c c c c c c c P P P c c c c P c c c c P P c P 25 7
quem c c c c c c c c c c 10 0
quando c 1 0
o que c c c c 4 0
COMPREENSÃO (c) 1 1 1 1 0 0 1 1 1 1 1 2 2 5 4 3 2 2 2 1 3 2 1 1 2 2 1
TOTAL 3 1 3 4 11 7 6 4 5 44 07
PRODUÇÃO (P) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 1 0 1
TOTAL 0 0 0 1 2 0 1 1 2
QUANTIFICADORES 08 meses 09 meses 10 meses 11 meses 12 meses 13 meses 14 meses 15 meses 16 meses TOTAL
SUJEITOS 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 c P
de novo c c c c c c c c c c c c c c 14 0
já c c c c c c 6 0
mais c c c c c P c c c c c c P c P c 16 3
muito c c 2 0
nada c c c 3 0
nenhum c 1 0
outro(a) c c c c c c c P c 9 1
pouco(a) c c c 3 0
todo(a) c c c 3 0
tudo c c c c P P c 7 2
COMPREENSÃO (c) 0 0 0 3 0 0 0 1 0 3 1 0 2 10 4 5 4 0 3 9 4 3 0 4 2 4 2
TOTAL 0 3 1 4 16 9 16 7 8 64 06
PRODUÇÃO (P) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 2 1 2 0
TOTAL 0 0 0 0 1 0 0 2 3
20
PRONOMES 08 meses 09 meses 10 meses 11 meses 12 meses 13 meses 14 meses 15 meses 16 meses TOTAL
SUJEITOS 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 c P
a gente c c c 3 0
aquela c c c c c c c c c 9 0
aquele c c c c c c c c c 9 0
aquilo c c c c c c c c c c c 11 0
ela c c c c c c c 7 0
ele c c c c c c c c c c 10 0
essa c c c c c c c c c 9 0
esse c c c c c c c c c c 10 0
eu c c c c c c c c c c c c 12 0
isso/ isto c c c c c c c c c c c P c 13 1
me c c 2 0
meu c c c c c c c c c c c 11 0
mim c c c c 4 0
minha c c c c 4 0
nós c c c 3 0
nossa c c 2 0
nosso c c c 3 0
seu c c c c c c 6 0
sua c c c c c 5 0
você P c c c c c c c c c 10 1
COMPREENSÃO (c) 0 0 0 11 0 0 0 0 1 0 12 2 0 19 10 14 2 1 9 17 5 11 3 7 6 7 6
TOTAL 0 11 1 14 29 17 31 21 19 143 02
PRODUÇÃO (P) 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0
TOTAL 0 1 0 0 0 0 0 0 1
21
LOCATIVOS 08 meses 09 meses 10 meses 11 meses 12 meses 13 meses 14 meses 15 meses 16 meses TOTAL
SUJEITOS 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 c P
ali/ aí c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c 20 0
aqui c c c c c c c c c c c c c c P c c c P c c 21 2
atrás c c c c c c c c 8 0
dentro c c c c c c c c c c c c c c c 15 0
embaixo c c c c c c c c c c c c c 13 0
em cima c c c c c c c c c c c c c 13 0
fora c c c c c c c c c 9 0
lá c c c c c c c c c c c c c c c c 16 0
longe c c c c c c 6 0
COMPREENSÃO (c) 1 3 2 4 0 0 2 3 0 2 8 4 6 9 7 9 5 5 7 9 6 8 6 3 2 7 3
TOTAL 6 4 5 14 22 19 22 17 12 121 02
PRODUÇÃO (P) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0
TOTAL 0 0 0 0 0 0 1 1 0
NOTAS
2
a
the language addressed to infants may be influenced greatly by the culture in which the infant lives.
b
“(i) a word of the adult language that is understood with some meaning, however variable, by the child;
(ii) a word of the adult language that is understood in approximately its adult meaning;
(iii) any vocalization of the child that is used in a consistent context;
(iv) a word of the adult language that is produced in a consistent context;
(v) a word of the adult language that is understood and used in an adult-like manner;
(vi) a word of the adult language that is understood and used in an adult-like manner, and is pronounced
correctly”
c
“They appear to be attempts to express complex ideas, ideas that would be expressed in sentences by an adult”.
d
“This first understanding of speech has at first nothing to do with an intellectual grasp of the logical
significance of words”
e
“children begin to use language to help them to solve cognitive problems during the one-word stage”.
f
“However, although linguistic signs are described as having particular properties, their uses are but one type
among many sign-uses in the symbolic function and they do not play a central hole for development within this
theoretical framework”.
g
“What I think adults are chiefly trying to do, when they use BT [baby-talk] with children, is to communicate, to
understand and be understood, to keep two minds focused on the same topic”
h
“many of these words do not seem to serve as a communicative purpose as such. Instead, they appear to
function as pure “performatives” (in the sense that their utterance is more like the performance of a ritualized
action rather than the expression of a lexical meaning to an addresse)”
i
“children’s first excursions into language are supported by their understanding of and participation in routine
events. During this phase words have no meaning outside these events”
j
“His most sophisticated understanding was of the word ‘car’. When asked to point out a car on a number of
different occasions, he selected real cars on the road, a variety of different pictures of cars (including formula
one racing cars), cars on television and an extensive range of model cars. As might be expected, Matthew’s use
of the words panda, clown and car, was highly contextually flexible and genuinely referential”.
k
“The first referent of the name serves as a prototype for future referents”
l
“before learing words, children had constructed concepts about the familiar things in their world, and that their
early words were attached to these concepts rather than to perceptual features abstracted from examples named
by adults”
m
“Children may produce a word that they do not accurately comprehend […]. Rice (in press) suggested that
production before comprehension occurs when the word is easier to recall than is the concept. Thus, children are
able to produce the word, but are not able to recall the meaning of the word. […] e.g. they are able to produce a
string of numbers, but evidence no understanding of what the numbers mean”
n
“The terms denote grammatical categories but the developmentalist frequently wants to draw attention to the
lexical word-object relation – not a grammatical word-form-class relation. Understanding that dog denotes a
certain class of entities is not the same as understanding that dog is a member of a grammatical category with all
the privileges and restrictions of that category. It would be convenient to have one categorical label to signify a
word-object relation and another to signify a word-form-class relation”.
o
he (a criança) may suppose hot to be a prohibition, and to mean something like ‘don’t touch that thing’
p
“It is very important to keep in mind from the outset the need for multiple interations in the development
process. The CDIs represent the culmination of nearly 20 years of research, beginning with interviews. Even as
questionnaires, they have evolved through more than half a dozen forms in the past decade. In each cycle of
revision, previously collected data have been used to modify, add, or omit selected items in order to improve
clarity, internal consistency, and validity”.